Você está na página 1de 4

INSTITUTO MASTER DE ENSINO PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS

MARA NÚBIA FERREIRA

CAUSAS EXTINTIVAS DE PUNIBILIDADE (ART. 107, DO CP), EXCETO


PRESCRIÇÃO PENAL

Atividade Avaliativa apresentado à disciplina de


Direito Penal-Teoria da Pena do Instituto Master
de Ensino Presidente Antônio Carlos – IMEPAC
Araguari, como quesito parcial para a conclusão
da segunda e etapa avaliativa.

Professor: FERNANDO DE ALMEIDA SANTOS

ARAGUARI - MG
2020
A extinção da punibilidade acontece ao ser verificada alguma das
hipóteses extintivas de punibilidade previstas na legislação brasileira, não
há mais como se impor ao réu ou condenado a sanção cominada ou
aplicada, ou seja, não há mais interesse punitivo estatal e não pode mais ser
imposta qualquer sanção sobre o indivíduo. O artigo 107 do Código Penal
elenca as hipóteses de extinção da punibilidade:
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
I - Pela morte do agente;
II - pela anistia, graça ou indulto;
III - pela retroatividade de lei que não mais considera
o fato como criminoso;
IV - Pela prescrição, decadência ou perempção;
V - Pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão
aceito, nos crimes de ação privada;
VI - Pela retratação do agente, nos casos em que a lei
a admite;
IX - Pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
No raciocínio geral, podemos afirmar que ela se constitui na perda do ius
puniendi, o direito de punir, pelo Estado. Se da prática do fato criminoso
nasce o direito de punir, em paralelo, existem hipóteses legais que, se
preenchidas, conforme o artigo supracitado, impedem a imposição da
punição ou a sua continuidade. Todavia, é importante frisar que estes
efeitos não serão uniformes e nem sempre se verificação no mesmo
momento processual ou trarão as mesmas consequências. Nesse sentido, as
causas extintivas da punibilidade põem “ponto final” ao dever de responder
penal pela prática de um ato ilícito. No entanto, verificada alguma das
hipóteses extintivas de punibilidade previstas na legislação do Brasil, não
há mais como se impor ao investigado, ao réu ou ao condenado a sanção
cominada ou aplicada. Dentre as hipóteses de extinção de punibilidade
podemos citar a prescrição, como morte do agente, a anistia, graça ou
indulto, a abolitio criminis, a prescrição, a decadência ou a perempção, a
renúncia ao direito de queixa ou o perdão aceito, a retratação do agente e o
perdão judicial. Da mesma forma, outras causas espalhadas pelo
ordenamento jurídico igualmente extinguem a pretensão estatal, como o
transcurso temporal dos prazos de suspensão condicional do processo, de
suspensão condicional da pena (art. 82 do CP), e do livramento
condicional; o pagamento do débito tributário dos crimes previstos na Lei
8.137/90; a satisfação do parcelamento requerido antes do recebimento da
denúncia em crimes tributários e previdenciários; e a reparação do dano no
caso da prática do crime de peculato culposo. Ao observarmos as hipóteses,
percebemos que a perda do direito de punir poderá ter como causa
situações que dependam ou não de uma conduta patrocinada pelo
investigado, em momentos específicos ou não da relação processual,
inclusive antes e depois de sua existência.
Ao esmiuçarmos o artigo 107 do CP, o inciso I fala sobre a morte
do agente, ou seja, pouco importa o momento. Nas fases pré-processual,
processual ou executória, a consequência jurídico-penal é a mesma: “ a
impossibilidade de imposição de sanção penal”. Nenhuma pena pecuniária
de natureza criminal – multa ou prestação pecuniária – persiste à morte do
agente. Contudo, caso a morte se dê após ao trânsito em julgado da
sentença condenatória, já nasceu o dever de indenizar consequente da
condenação criminal. Portanto, este será transmitido aos eventuais
herdeiros no limite de suas respectivas heranças. Por outro lado, caso a
morte do agente ocorra antes do trânsito em julgado da sentença penal
condenatória, o dever de indenizar não será certo. É possível o seu
reconhecimento, mas a partir de ação indenizatória própria na esfera cível a
discutir a responsabilidade pela prática do ato ilícito e o dever de indenizar
dos sucessores.
O inciso II, Anistia, Indulto Coletivo e Indulto Individual (Graça
com exceção dos crimes hediondos (art. 5º, XLIII), todos os crimes podem
ser anistiados. A anistia se refere a fatos, o indulto se dirige a indivíduos
determinados ou não com condenação transitada em julgado, podendo ser
coletivo ou individual. Diferentemente da anistia que pode alcançar tanto
os processos em andamento como situações já consolidadas, o indulto não
rescinde a sentença condenatória e tem efeito apenas sobre a execução da
pena.
No inciso III, Abolitio Criminis, pela retroatividade de lei que não
mais considera o fato como criminoso, onde dá efetividade ao disposto no
parágrafo único do art. 2º do Código Penal, sempre que uma lei penal nova
descriminalizar uma conduta até então definida como crime, ela produzirá
efeitos em relação aos que respondem a inquéritos, processos judiciais ou
cumprem pena pela sua prática, decretando-se a extinção da punibilidade.
No inciso IV, retrata sobre a prescrição, decadência ou perempção.
Dividimos em prescrição da pretensão punitiva e a prescrição da pretensão
executória. Na primeira, o Estado perde a possibilidade de impor uma
sanção penal. O órgão acusador, em decorrência dela, perde o interesse de
agir. Pode se dar antes do oferecimento da denúncia/queixa ou durante o
processo, até o trânsito em julgado da sentença penal. Uma vez verificada,
traz como consequência a ausência de qualquer efeito em relação ao
acusado. A decisão que decreta a extinção da punibilidade em decorrência
da prescrição da pretensão punitiva não produz qualquer efeito negativo ao
acusado. á na prescrição da pretensão executória, ela se dá em relação ao
cumprimento da pena imposta. Já existe a condenação transitada em
julgada, contudo, pela demora no início da execução da pena, ocorre a
prescrição. Nesse caso, o Estado perde a possibilidade de executar a
sanção, mas persistem os demais efeitos da condenação. A decadência,
aplicável exclusivamente em relação a direitos exercíveis por particulares
nas ações penais privada e pública, respectivamente, aos de oferecer queixa
e de representar contra quem se atribui a autoria do fato criminoso (“autor
do fato”). A perempção ocorre nas ações penais privadas que já foram
propostas. O art. 60 do Código de Processo Penal traz as hipóteses de
reconhecimento da perempção, traduzindo a todas elas a presunção de que
o querelante (titular da ação penal privada) não possui mais o real interesse
em ver o querelado condenado, evidenciado pela inércia ou pela
negligência. Ocorre no curso do processo
No tocante a renúncia ao direito de queixa ou perdão do ofendido,
no inciso V, inferimos que a renúncia é um ato unilateral do ofendido e que
se dá antes da propositura da queixa. Ela ocorre fora do processo, podendo
ser expressa (mediante declaração do ofendido) ou tácita (mediante a
prática de um ato incompatível com o exercício do direito de queixa). Nos
casos de violência doméstica, a renúncia deve, na forma do art. 16 da Lei
11.340/2006, ser realizada em audiência. Com a renúncia, não haverá
pretensão punitiva contra o querelado. Já o perdão do ofendido, também
verificado apenas nas ações penais privadas, é um obstáculo à continuidade
da ação penal já proposta, podendo se dar até o trânsito em julgado. O
perdão concedido antes da queixa não é perdão, mas renúncia. Ao contrário
da renúncia, ele é bilateral, ou seja, depende da proposta pelo querelante e
do aceite pelo querelado. Se o querelado recusar o perdão, segue a ação
penal.
A retratação do agente, elencado no inciso VI, que se constitui em
desfazer o ato ilícito praticado, produz efeito nos crimes de calúnia,
difamação e falso testemunho. O querelado desfaz a calúnia ou a
difamação, ou refaz o seu depoimento a restabelecer a verdade. Apresenta
limitação temporal para a sua ocorrência – antes da sentença.
E por fim, o inciso IX, retrata o Perdão judicial, onde existe a
possibilidade de a autoridade judiciária deixar de aplicar a pena cominada
em hipóteses específicas previstas no ordenamento jurídico. A sentença
reconhece a tipicidade, antijuridicidade e culpabilidade, mas julga extinta a
punibilidade em virtude do perdão. Ela não produz efeitos condenatórios.
Ou seja, não constituem maus antecedentes, reincidência ou possibilidade
indenizatória. Anteriormente era restrito na práxis às hipóteses de
homicídio culposo, lesão culposa e injúria provocada pela vítima.

BIBLIOGRAFIA
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal; parte geral. Saraiva, 23ª
edição,2019. P. 718 a 753.
VADE MECUM. Acadêmico de direito. Saraiva, 27ª ed.(2019).
Disponível em:
https://jus.com.br/artigos/76012/como-conseguir-a-liberdade-via-
extincao-da-punibilidade

Você também pode gostar