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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - DEPARTAMENTO DE DIREITO PÚBLICO


CURSO DE DIREITO - SEMESTRE 2022.2 – DIREITO PENAL II - MATUTINO
PROFESSOR MS. ANDREO ALEKSANDRO NOBRE MARQUES

Discente: ________________________________________________________________________ Data: 19/12/2022

Terceira avaliação

1. Quais as consequências da adoção do sistema da separação ou independência entre as


responsabilidades civil e criminal pelo ordenamento jurídico pátrio? (2,0)

R: A independência entre as responsabilidades civil e criminal foi feita com o intuito


de impedir que ocorram conflitos jurisdicionais devido a sentenças contraditórias. Isso
ocorre pois a existência de uma atitude ilícita no campo penal normalmente se configura
como uma atitude ilícita no campo civil. Logo, ambos os processos começam a correr. No
entanto, como afirma o doutrinador Carlos Roberto Gonçalves, “Corre-se o risco de se ter
duas decisões conflitantes: uma afirmando a existência do fato ou da autoria e a outra
negando; uma reconhecendo a ilicitude da conduta do réu e a outra a licitude.
(GONÇALVES, 2012, p.237).
A lei traz consigo, no Código Civil, o artigo 935, que determina que “A
responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a
existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem
decididas no juízo criminal.” Em contrapartida, o artigo 91, inciso I, afirma que um dos
efeitos da condenação é “tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime”.
Isso significa que, mesmo que o condenado tenha sua sentença penal condenatória transitada
em julgado e até mesmo possua um título executivo judicial, é possível exigir que haja
reparação civil na jurisdição civil, algo que pode ou não ocorrer na sentença criminal
absoluta. Isso também está presente no artigo 63 do Código de Processo Penal, que afirma
que “Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no
juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus
herdeiros.”. O jurista Rui Stoco afirma que, como consequência disso, a única coisa que as
partes podem discutir é o valor que será pago.
A seguir vemos uma situação interessante. Após uma sentença criminal transitar em
julgado, ela se torna um título executivo judicial. Caso haja a incidência de responsabilidade
objetiva, haverá um processo de conhecimento da responsabilidade do terceiro sobre o
condenado, não de execução. Isso ocorre pois a sentença só incidirá sobre o condenado.
Caso seja necessária a reparação deste ato ilícito, surgirá uma ação de conhecimento
denominada de actio civilis e que incidirá sobre aquele que possui a responsabilidade
objetiva. Curiosamente, a eficácia civil na responsabilidade penal só atingirá aquele que for
condenado na justiça crimina, não alcançando aqueles que possuem responsabilidade
objetiva para com esse sendo necessária a comprovação de corresponsabilidade para que a
sentença os alcance. Nesse caso, a ação de conhecimento tem o nome de actio civilis ex
delito, já que além da ação de conhecimento, é fundamental uma ação para pleitear que o
condenado pague pelos danos morais ou pensão. Os ascendentes e descendentes podem
ajuizar demanda em desfavor ao condenado.
É válido destacar que, quando a responsabilidade civil é oriunda da esfera penal,
diferentes métodos são utilizados. Por exemplo, têm-se a confusão, que é quando as duas
pretensão são realizadas de uma única forma, a “solidariedade, que ocorre quanda se tem
uma única ação, mas com pedidos diferentes, a livre escolha, em que a reparação civil é
requisitada junto com a penal, e a independência, em que a pretensão civil é impetrada na
esfera civil, assim como a pretensão penal é impetrada na esfera penal. O Brasil adota a
última, de forma mitigada. Caso ambos os pedidos tenham sido impetrados e correndo ao
mesmo tempo, dá-se prioridade ao primeiro.
Em seguida, temos a sentença absolutória. Essa decisão não acolhe o pedido de
condenação, sendo assim, o réu é absolvido na esfera penal. No entanto, isso não significa
que o réu não será condenado na esfera civil e ser obrigado a ressarcir os danos. Isso está
previsto no artigo 66 do Código de Processo Penal que afirma: “Não obstante a sentença
absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido,
categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato.” No artigo 386, temos os
dispositivos que configuram o decreto absoluto do juiz. Esses são: O juiz absolverá o réu,
mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
I – estar provada a inexistência do fato;
II – não haver prova da existência do fato;
III – não constituir o fato infração penal;
IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal;
V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal;
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts.
20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada
dúvida sobre sua existência;
VII – não existir prova suficiente para a condenação.
Nos casos dos incisos II, IV e VI, a sentença absoluta não haverá efeito na esfera
civil, pois as provas não apresentadas na esfera penal são apresentadas na esfera civil. No
caso do inciso I, no entanto, isso não ocorre. Existem outros casos que não ocorrem como o
artigo 65 do CPP e o artigo 188, que são excludentes de ilicitude, ou seja, não respondem na
esfera penal, e sim na esfera civil. Essas excludentes são o Estado de necessidade, estrito
cumprimento do dever legal, legítima defesa ou exercício regular do direito. Caso tenha
ocorrido estado de necessidade, se aplica os artigos 929 e 930 do Código Penal, que dizem:
“Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem
culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.” e “Art.
930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este
terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao
lesado.”
Em regra, a coisa julgada na esfera civil não influencia na esfera penal, mas isso não
significa que a coisa julgada na esfera civil influenciará na esfera penal. Dependerá do caso.
Por exemplo, nos casos que envolvem a bigamia, será necessário se tomar conhecimento da
ação na esfera civil para, em seguida, se julgar na esfera penal. Nos casos de esbulho
possessório, é necessário uma decisão da esfera civil, para depois haver uma decisão na
esfera penal. Tanto que, caso a ação na esfera civil tenha sua existência negada, ela também
não existirá na esfera penal.
Uma outra possibilidade é a suspensão de uma das ações. Por exemplo, caso um
indivíduo seja roubado, e ele decida entrar com uma ação nas duas esferas, o juiz pode
suspender a ação na esfera civil até que seja julgado na esfera penal. Vários artigos
corroboram está ideia, como o artigo 64 do CPP, o 110 e o 313 do CPC, §4,A, e o artigo
235. Essa suspensão não poderá passar de 1 ano, e o inquérito policial não influencia na
suspensão.
Por fim, é válido observar as jurisprudências referentes ao assunto. Por exemplo,
temos uma, que aborda a questão da responsabilidade objetiva, que afirma que “Reconhece-
se a legitimidade ativa dos pais de vítima direta para, conjuntamente com essa, pleitear a
compensação por dano moral por ricochete, porquanto experimentaram, comprovadamente,
os efeitos lesivos de forma indireta ou reflexa. (REsp. n.º 1.208.949– MG, Terceira Turma,
Relatora MINISTRA NANCY ANDRIGHI, julgado em 07.12.2010). Outra jurisprudência,
dessa vez sobre a influência da sentença na esfera civil na esfera penal, defendia pelo STF e
pelo STJ, afirma que “A sentença civil não tem influência nem procedência lógica sobre o
juízo criminal, ainda quando negue a existência do fato e da autoria constitutivos da
responsabilidade penal, salvo no caso das prejudiciais heterogêneas contempladas nos
arts.92 e 93 do CPP.” (STF -RHC nº 59716/PR- 1ªT. – Rel. Min. Rafael Mayer – DJU de
11.06.82 – RTJ 102/127).

2. Dentre os efeitos da condenação específicos, temos a perda de cargo, função pública ou


mandato eletivo. O que é necessário para que ocorra essa perda? O que a distingue da pena restritiva
de direitos denominada interdição temporária de direitos? O que é necessário para a perda do
mandato dos parlamentares? (2,0)

R: Para entendermos a questão da perda de cargo, função pública ou mandato


eletivo, é necessário entender o que são as efeitos específicos da condenação. Os efeitos da
condenação se referem os resultados penais ou extrapenais decorridos da sentença penal. Ou
seja, mesmo que a pena são seja aplicada, seus efeitos ainda podem ser concretizados. Nesse
caso, os efeitos da condenação são tidos como “especiais” pois além de incidir em outras
esferas além da penal, como a civil, a trabalhista, a administrativa e política, esses efeitos
devem ser justificados de forma fundamentada pelo juiz encarregado do caso. Esse efeitos
estão presentes no artigo 92 do Código Penal. Ele contém os seguintes dispositivos:
“São também efeitos da condenação:
I – a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:
a) Quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um
ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a
Administração Pública;
b) Quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro)
anos nos demais casos.
II – a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela nos
crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do
mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado ou
curatelado; ()
III – a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de
crime doloso.
Parágrafo único – Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo
ser motivadamente declarados na sentença.”
Como vimos, para que um cidadão perca sua função pública, mandato eletivo ou
cargo é necessário que tenha utilizado de seu cargo para abuso de poder ou violação de
poder e sendo condenado a uma pena privativa de liberdade que possua tempo maior ou
igual a um ano, ou se for condenado a uma pena privativa de liberdade por tempo superior
ou igual a 4 anos nos demais casos. Para exemplificar melhor, consideremos um homem que
é guarda de trânsito e cobrar propina para não dar multa. Ele está cometendo a hipótese da
inciso I, alínea a. Já uma pessoa que trabalha na polícia e cobra dinheiro de presos irá ser
punido pelo inciso I, alínea b.
No entanto, é válido lembrar que, embora o juiz tenha fundamentado a sua decisão,
isso não significa que pena será aplicada, pois além da fundamentação do juiz, ela também
precisa cumprir com outra condição. Um exemplo disso é o que ocorre com o crime de
corrupção passiva pois, para que a perda de mandato efetivo, cargo ou função pública venha
ocorrer, é necessário que a sentença tenha transitado em julgado.
Uma outra questão pertinente a este artigo surge quando se leva em consideração a
questão da pena restritiva de direitos, também chamada de pena acessória. Essa questão é
sobre qual é a diferença entre os efeitos especiais da condenação do inciso I e alguns dos
efeitos da pena restritiva de direitos. Essa dúvida surge pois uma das penas restritivas de
direito, presentes no artigo 47 do CP, é a interdição de direitos, nos quais os incisos I e II
proíbem, respectivamente, “exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de
mandato eletivo.” e “exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de
habilitação especial, de licença ou autorização do poder público.”.
Isso é uma questão que divide alguns doutrinadores. Lopes afirma que “os efeitos
específicos são penas acessórias mascaradas de efeitos de condenação”, pois não produzem
efeitos automáticos na sentença condenatória, mas necessitam de declaração do juiz, como
notamos pela leitura do parágrafo único do artigo 92. (1999, p. 241). Nucci no entanto
assevera que “é mais apropriado falar em ‘efeitos da condenação’ do que em ‘penas
acessórias’, além de se evitar sempre a impressão de estar o Estado conferindo ao
condenado duas penalidades pelo mesmo fato, a principal e a acessória, num abrigo ilógico
para o malfadado bis in idem” (2015, p. 623). As diferenças entre esses efeitos específicos e
a interdição de direitos é mais técnica. Os efeitos do artigo 92 não proíbem o réu de
desempenhar nova função pública, como faz a interdição de direito. Mas o réu que foi
condena do e perdeu cargo, função pública ou mandato efetivo não pode voltar para o cargo.
Para ilustra essa diferença, é importante analisar uma jurisprudência sobre o assunto.
O Decreto-lei n. 201/1967 estabelece a imposição, aliada uma pena principal, da inabilitação
pelo prazo de cinco anos ao exercício de cargo ou função pública, eletivo ou nomeação, nos
crimes de responsabilidade dos prefeitos e vereadores. O STJ entendeu que a extinção da
pretensão punitiva com relação à pena privativa de liberdade impede a aplicação da pena
acessória.
Já para a perda do mandato do parlamentar, além de descumprir com o artigo 54 da
Constituição Federal, ou faltar com decoro parlamentar, ou possuir sentença transitada em
julgado. O curioso é que a perda do mandato parlamentar segue o dispositivo do art.92, §1.
Isso foi defendido pelo ministro Gilmar Mendes, que argumentou: “Reforça a minha
convicção de que a interpretação ora proposta é a que melhor concilia e harmoniza os
dispositivos e valores constitucionais em conflito, o fato de o Congresso Nacional ter
aprovado nova redação do art.92, do Código Penal, por meio da promulgação da Lei
9.268/96, que assim dispõe:“Art. 92. São também efeitos da condenação: I – a perda de
cargo, função pública ou mandato eletivo: a) quando aplicada pena privativa de liberdade
por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou
violação de dever para com a Administração Pública; b) quando for aplicada pena privativa
de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos”. O ministro defendeu
isso nos casos que envolvem sentença transitada em julgado por improbidade
administrativa, culminando na suspensão dos direitos políticos.
Como resultado, a perda do mandato parlamentar segue o inciso §2,que diz: “Nos
casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou
pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de
partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.” É válido
destacar que os Estados e o Distrito Federal seguem esta regra.

3.Diferencie a ação penal pública da ação penal privada. (2,0)

R: Ação penal seria o direito de pedir a tutela jurisdicional do Estado para que se resolva a
situação concreta. Esse direito está ligado ao artigo 5° da Constituição Federal, que prevê que “a lei
não excluirá da apreciação do poder judiciário lesão ou ameaça a direito.” A ação penal é subjetiva,
abstrata e pública. De acordo com o doutrinador Grecco Filho, a ação penal irá será classificada
pela natureza do provimento pretendido, pelo procedimento e pela legitimação para agir.
A ação penal possui três formas de natureza. Temos a declaratória, que pode ser positiva ou
negativa, se o pedido é referente apenas a definição de uma situação jurídica ligada ao direito penal.
Em seguida nós temos a constitutiva, que visa alterar situação jurídicas. E, por fim, temos a
condenatória, caso o objetiva seja a aplicação de uma pena, ou sanção, ou medida de segurança. Já
o procedimento pode ser realizado de forma comum, que podem ser feitas pelo juiz comum, pela
competência do júri ou pelo procedimento sumário. Já as especiais estão prevista pra na lei comum,
ora na lei especial. Por fim, a legitimidade significa que a ação penal possui caráter público ou
caráter particular.
A ação penal pública pode ser in condicionada ou condicionada à representação do ofendido
ou do ministério público. A incondicionada é de competência exclusiva do ministério público, além
de ser genérica e versar sobre todos os casos as quais a lei não especifica. Se a lei especificar, ela
poderá ser condicionada à representação do ofendido ou do Ministro da Justiça. Além disso, tanto
nos casos de representação quanto de requisição, o ministério público não é obrigado a promover a
ação penal, e sim autorizado. Como afirma o doutrinador Fernando Capez (2012, pp. 159/160) ,
“Adotando declaradamente o sistema acusatório de persecução penal, cuja principal característica é
a nítida separação das funções de acusar, julgar e defender, colocando-se, assim, em franca oposição
à concepção que informou as legislações processuais anteriores, a nova Constituição da República
atribui ao Ministério Público, com exclusividade, a propositura da ação penal pública, seja ela
incondicionada ou condicionada (CF, art. 129, I).”
É importante mencionar que há uma exceção para as ações públicas, que é quando o prazo
para o ministério público se esgota. Isso se encontra no artigo 29 do Código de Processo Penal, que
afirma “Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo
legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva,
intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo
tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.”
A ação penal publica incondicionada, além de não depender de requisitos ou manifestação
prévias de quaisquer indivíduos nem de tempo limite, algo que ocorre na condicionada e dura 6
meses, também possui princípios. Temos o princípio da obrigatoriedade, que determina que o
ministério público não pode se recusar a dar início à ação penal, sob pena de prevaricação , embora
o artigo 98, incisivo I, da CF tenha permitido uma exceção, já que se trata de crimes com menor
potencial ofensivo; princípio da indisponibilidade, que veda ao ministério publica a possibilidade de
desistir da ação, previsto no artigo 42 do CPP. No entanto, com a lei 9.099/95, o artigo 89 permite
que o ministério público ofereça ao acusado a suspensão condicional do processo.
Além desses, temos também o princípio da oficialidade, que determina que apenas órgãos
oficiais dão procedimento a persecução, princípio da autoridade, que afirma que a ação penal será
iniciada e continuada por autoridades públicas, princípio da ofícios idade, que prevê que os
encarregados trabalhem de ofício, menos no casos previstos no artigo 100, início I, do CP e 24 do
CPP, o princípio da indivisibilidade, que defende que a ação penal abrangerá todos os envolvidos na
realização da infração, embora alguns doutrinadores e o STF já tenham aceito que o princípio da
divisibilidade pode ser aplicado na ação penal pública. Por fim, temos o princípio da
intranscendência, que garante que a ação penal só atingirá aqueles que cometeram o delito e o
princípio da suficiência da ação penal.
Já a ação pública privada é realizada pelo ofendido ou pelo seu representante legal, seguindo
o que dispõe o artigo 100 do Código Penal, §2, e o artigo 30 do CPP, que denominam o
representante de querelante e o representante de querelado. O doutrinador Fernando Capez define
como “aquela em que o Estado, titular exclusivo do direito de punir, transfere a legitimidade para a
propositura da ação penal à vítima ou a seu representante legal. A distinção básica que se faz entre
ação penal privada e ação penal pública reside na legitimidade ativa. Nesta, o tem o órgão do
Ministério Público, com exclusividade (CF, art. 129, I); naquela, o ofendido ou quem por ele de
direito. Mesmo na ação privada, o Estado continua sendo o único titular do direito de punir e,
portanto, da pretensão punitiva. Apenas por razões de política criminal é que ele outorga ao
particular o direito de ação. Trata-se, portanto, de legitimação extraordinária, ou substituição
processual, pois o ofendido, ao exercer a queixa, defende um interesse alheio (do Estado na
repressão dos delitos) em nome próprio.” (CAPEZ, 2012, p.181)
A ação penal privada segue alguns dos princípios da ação penal pública, como a
indivisibilidade, a instranscendência, mas ele tem princípios próprios, como a oportunidade da
conveniência, pelo qual permite que o ofendido entre com ação ou não é o princípio da
disponibilidade, que garante que a vítima tenha o direito de querer prosseguir até o fim ou não. A
ação penal também se divide em três tipos. Eles são a ação penal de iniciativa privada propriamente
dita; a ação penal de iniciativa privada subsidiária da pública; e a ação penal de iniciativa
personalíssima. O primeiro tipo ocorre quando a ação penal é iniciado pelo próprio interessado ou
por aquele que ocupa a função de representante, como um tutor, por exemplo, sendo necessário
seguir o dispositivo presente no artigo 31 do CPP
Já a ação penal de iniciativa privada subsidiária da pública ocorre quando o ministério
público não intenta a ação pública, sendo esta realizada por outrem. O Ministério Público poderá
aditar ou repudiar a ação, oferecendo denúncia substitutiva, acompanhando a nova denúncia, sendo
capaz de apresentar provas, recorrer e até mesmo assumir a denúncia em caso de negligência.
Destaque-se que o direito de oferecer queixa subsidiária decai no prazo de 6 meses contados do dia
em que se esgotar o prazo para o Ministério Público. Nessa hipótese, a decadência do direito de
queixa não extingue a chance de punibilidade , pois que a ação ainda poderá ser proposta pelo
ministério público caso a prescrição não tenha se encerrado.
Para finalizar, temos também a ação privada personalíssima. Nessa situação a ação penal só
poderá ser feita por aquele que foi ofendido. Caso o ofendido venha a perder a vida, o processo se
encerrará, e caso ele fique incapaz, o processo será suspenso pelo tempo da prescrição. Um exemplo
de previsão na lei se encontra no artigo 236 do Código Penal, que trata sobre induzimento ao erro
essencial quanto à pessoa, no caso, cônjuge.
Por fim, veremos algumas jurisprudências referentes ao assunto. O STJ já abordou a questão
da ação penal em muitos momentos. Em uma jurisprudência, a ministra Laurita Vaz afirmou que “O
inquérito policial, ou outro procedimento investigatório, constitui peça meramente informativa, sem
valor probatório, apenas servindo de suporte para a propositura da ação penal. Eventual vício
ocorrido nessa fase não tem o condão de contaminar a ação penal, sendo que a plena defesa é o
contraditório são reservados para o processo, quando há acusação formalizada por meio da
denúncia.”. Em outra jurisprudência, foi determinado que o trancamento de ação penal em sede de
habeas corpus é uma medida excepcional, somente ocorrendo quando se tem ausência de autoria ou
materialidade, a atipicidade da conduta, falta de provas, ocorrência de causa extintiva da
punibilidade e violação dos requisitos legais exigidos para a exordial acusatória.

4. Discorra sobre anistia, graça e indulto, explicando em que consistem e os efeitos resultantes da
ocorrência desses institutos. (2,0)

R: A graça, o indulto e a anistia são formas de extinguir a punibilidade que se encontra no


artigo 107, II, do Código Penal. O indulto é uma forma de perdão concedida pelo Presidente da
República àqueles que cumprem com uma prisão restritiva de liberdade e que tenham preenchido os
requisitos presentes no decreto presidencial para tal, como um bom comportamento carcerário e o
lapso temporal necessário. De acordo com o doutrinador Cezar Roberto Bitencourt, ao passo que
cita um outro doutrinador, “anistia, graça e indulto constituem uma das formas mais antigas de
extinção da punibilidade, conhecidas como clemência soberana -indulgência principis- e
justificavam-se pela necessidade, não raro, de atenuar, os rigores exagerados das sanções penais,
muitas vezes desproporcionais ao crime praticado”.
Já a graça é um caso interessante. Ela seria um perdão de um condenado, podendo ser
perdoados mais de um condenado, de forma individual. Pode ser realizada por vários motivos,
como um ato humanitário, por exemplo. Guilherme de Souza Nucci afirma que a graça é uma
“clemência destinada a uma pessoa determinada, não dizendo respeito a fatos criminosos. No
entanto, a graça tem sido mais e mais “esquecida” pela doutrina e pela própria lei. A Lei de
Execuções Penais não traz, em seu artigos, que vão do 188 ao 192, a graça, mas somente o indulto.
O artigo 84, inciso XII, da Constituição Federal se refere apenas ao indulto. No entanto, a própria
Constituição Federal ainda diferencia os dois, sendo que a graça é individual, ao passo que o indulto
seria coletivo. A graça deve pode ser solicitada pelo interessado, pelo Conselho Penitenciário, pelo
Ministério Público, ou pelo Autoridade Administrativa, o que não significa que o Presidente não
possa concedê-la. A graça não necessita de argumentos fundamentados no direito, podendo ser, por
exemplo, uma súplica.
Vale citar que, tanto na graça quanto no indulto, as classificações e os efeitos da condenação
são os mesmo. A graça e o indulto podem ser plenos, extinguem totalmente a pena, ou parciais. Eles
também podem ser incondicionais, ou sejam, não necessitam de uma condição para serem
concedidos ou condicionados, além de poderem ser restritos, sendo necessárias as condições
pessoais do agente, ou irrestrita. Já os efeitos da condenação, sejam civis ou penais continuam a
vigorar. O que se extingue são as sanções mencionadas nos decretos.
Por fim temos a anistia. A anistia pode ser concedida antes do trânsito em julgado, chamado
de anistia própria , ou depois do trânsito em julgado, chamado de anistia imprópria, e atinge todos
os efeitos do crime, menos os civis. Ela é um benefício concedido pelo Congresso Nacional, através
de lei federal ordinária, em que ocorre o perdão da prática do fato criminoso, incidindo, geralmente
sobre crimes políticos, mas pode incidir em outros tipos de crime. Ela pode impor restrições ou não,
não pode ser revogada, é aplicada no caso concreto pelo Judiciário e não incide sobre crimes
hediondos, tráfico ilícito de entorpecentes, tortura e terrorismo, sendo essa não incidência prevista
no artigo 5° da Constituição Federal, inciso XLIII.
Por fim, o doutrinador Damásio de Jesus faz um bom comparativo para diferenciar a graça, a
anistia e o indulto. “A anistia exclui o crime, rescinde a condenação e extingue totalmente a
punibilidade; a graça e o indulto apenas extingue a punibilidade, podendo ser parciais; b) A anistia,
em regra, atinge crimes políticos; a graça e o indulto, crimes comuns; c) A anistia pode ser
concedida pelo poder legislativo; a graça e o indulto são de competência exclusiva do Presidente da
República; d) A anistia pode ser concedida antes da sentença final ou depois da condenação
irrecorrível; a graça e o indulto pressupõem o trânsito em julgado da sentença condenatória”.

5. Discorra sobre o conceito e espécies de prescrição. (2,0)

R: A prescrição é uma das formas de extinção da punibilidade. Ela se encontra no artigo 107
do Código Penal, §IV, e possui um conteúdo vasto devido a sua importância. Para iniciar, devemos
conceituar tanto o conceito de prescrição quanto os conceitos de pretensão e decadência. A
prescrição seria a perda da capacidade de usufruir de um determinado direito, devido a passagem de
tempo a qual deveria ser usado para utilizar tal direito. A decadência também é uma forma de se
extinguir a punibilidade, no entanto, ela é bem diferente da prescrição. A prescrição possui um
prazo de 3 a 20 anos, ela alcança ações públicas, sejam condicionadas ou não, assim a como ações
privadas, pode ocorrer antes ou depois do trânsito em julgado. Além de tudo isso, a prescrição se
sujeita a causas suspensivas e interruptivas e o objeto que a prescrição atinge é o direito material de
punir do Estado. Já a decadência possui um prazo de apenas seis meses, é aplicada apenas para
crimes que envolvam ação penal pública condicionada à representação ou crimes de ação privada,
ela ocorrerá somente antes da ação penal. Além disso, ele é fatal, peremptório e ela atinge o direito
de ação, ou seja, a punibilidade. É importante destacar que os crimes de racismo, e a ação de grupo
armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático de Direito,
presentes no artigo 5°, não possuem prazo prescricional.
Já a pretensão é uma exigência. Caso duas pretensões entrem em conflito, teremos uma lide.
A pretensão se divide em dois tipos, em que ambos estão conectados. A primeira seria a pretensão
punitiva, que seria a aplicação de sanções penais contra aqueles que cometeram delitos. Para isso, é
necessário que haja uma sentença criminal condenatória que tenha transitado em julgado. Com isso,
o Estado agora busca efetivar essas sanções penais, o que configura a pretensão executória. Caso
essas pretensões não tenham sido realizadas no prazo, ocorre a perda de aplicação desses direitos
por causa da prescrição. Caso ocorra na pretensão punitiva, ela é conhecida como Prescrição da
Pretensão Punitiva (PPP), cujo termo inicial, em regra, é a consumação do crime. Se a prescrição
incidir na pretensão executória, terá o nome de Prescrição da Pretensão Executória (PPE), cujo o
termo inicial é o trânsito em julgado para a acusação. Um importante detalhe é que a prescrição
segue o dispositivo presente no artigo 10 do CP.
A prescrição também conta com um tempo específico que é baseado no tempo da pena. A
divisão seria:
Pena. Prescrição
Maior de 12 anos = 20 anos
Maior de 08 e menor ou igual a 12 anos = 16 anos
Maior de 04 e menor ou igual a 08 anos = 12 anos
Maior de 02 e menor ou igual a 04 anos = 8 anos
Igual ou maior que 01 ou menor ou igual a 02 anos = 4 anos
Menor de 01 ano = 3 anos
Algumas coisas devem ser observadas. Esses períodos de tempos incidem em todos os casos
as quais a lei não especifica. As causas especiais de aumento e diminuição, assim como as
qualificadoras, contam para o cálculo da pena. No entanto as agravantes e atenuantes, com exceção
da menoridade e da reincidência, já que essas são mencionadas pela lei nos artigos 110 e 115 do CP,
não incidem sobre o cálculo da pena. Caso haja concurso de crimes, considera-se os crimes como
delitos isolados, seguindo o artigo 119 do Código Penal.
Caso a prescrição punitiva seja reconhecida, caso não tenha inquérito policial, ele não pode
ser instaurado. Caso contrário, ele será encerrado e submetido ao fórum. Se o promotor oferecer a
denúncia, o juiz de direito está apto a rejeitá-la. Caso a ação penal esteja correndo, o ministério
público deve fazer um requerimento para encerra-la, ou um juiz poderá fazer de ofício. Se o
processo for concluído e o juiz tomar conhecimento da prescrição na hora da sentença, ele não
poderá ingressar no mérito do caso, apenas reconhecê-la. E se reconhecida em grau de recurso, o
processo será extinto.
Em seguida, veremos os tipos de PPP. Temos a PPP propriamente dita, que é a prescrição
calculada com base na maior pena prevista de forma legal. Temos também a PPP retroativa, que se
configura como uma prescrição retroativa que consiste na verificação posterior dos intervalos
processuais anteriores, a PPP intercorrente, que consiste na pretensão calculada com base na pena
estabelecida pelo juiz de primeiro grau, sendo que a sentença já deve ter sido transitada em julgado
e, caso o MP entre com recurso, este não pode pedir por um aumento da pena. Por fim, temos a PPP
virtual, que se baseia na pena hipotética e que envolve o pedido de reconhecimento da prescrição
retroativa. No entanto, com a inserção do §1 no artigo 110 do CP, através da Lei 12.234/2010, que
afirma “A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou
depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese,
ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa”, essa forma de prescrição teve sua
utilização reduzida e, para a jurisprudência e a doutrina, essa forma de prescrição não entra no
primeiro período prescricional.
Agora abordaremos a questão dos termos iniciais da Prescrição da Pretensão Punitiva (PPP).
Esses termos se encontram no artigo 111, incisos I, II, III, IV e V, do Código Penal. Em regra, a
prescrição se inicia a partir da consumação do delito. No caso da tentativa, a contagem se inicia no
dia final do ato da execução. Nos crimes permanentes é no dia em que a permanência de encerrou.
Caso o crime seja habitual, conta-se a partir do fim das últimas ações que constituem o fato típico.
Nos crimes de bigamia e falsificação ou adulteração de assentamento ou registro civil, a contagem
se inicia após a descoberta do crime. Já nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e
adolescentes, nesse caso, o tempo da prescrição seguirá o inciso §5. Isso significa que o prazo
começa a correr quando a vítima atinge a maioridade, exceto quando a ação penal já está em
andamento. Além disso, se a vítima não atinge a maioridade, a prescrição corre a partir da
consumação do crime, e se atingir a maioridade, mas vier a falecer, a prescrição se inicia com a
maioridade. Por fim, quando ocorre algum crime previsto na Lei de Falências, o prazo da prescrição
corre a partir do dia em que a falência é decretada, a recuperação judicial é concedida ou com a
homologação do plano de recuperação extrajudicial.
Em seguidas, veremos as causas interruptivas da prescrição da pretensão Punitiva, bem
como a extensão dos efeito interruptivas e as causas suspensivas. As causas interruptivas são
recebimento, como o próprio nome declara, interrompem o tempo prescricional, ou seja, ele não
corre, retornando ao zero. As causas interruptivas são o recebimento da queixa ou da denúncia,
publicação de sentença de pronúncia, apenas para crimes dolosos contra a vida e conexos, acordão
confirmatório de pronúncia e publicação da sentença condenatória recorrível. Já a extensão dos
efeitos interruptivos, podem ser objetivos, quando se tem concurso de crimes, já que a interrupção
da prescrição de um dos crimes incide também sobre os outros, ou ela pode ser subjetiva, que
ocorre quando há pluralidade de agentes e interrupção da prescrição de um agente incide sobre
todos.
Já sobre as condições suspensivas, ela não retorna o a prescrição ao zero. Elas simplesmente
fazem a contagem parar e, quando essas condições se encerram, a prescrição volta a correr. Essas
condições podem se dar de diversas formas. Por exemplo, enquanto não resolvida, em outro
processo, questão de que dependa o conhecimento da existência do crime, caso o agente cumpra
pena no exterior, acusado não aparecer e nem o advogado, suspensão condicional do processo,
quando este se refere a um delito com uma pena que é igual ou menor a um ano. Além dessas
situações, temos também quando ocorre acordo de leniência nos crimes contra a ordem econômica,
nos crimes contra a ordem tributária, acusado no estrangeiro, em lugar sabido, citado por carte
rogatória, suspendendo-se o prazo prescricional até que seja cumprido e, por fim, quando do
reconhecimento de repercussão geral em recurso extraordinário.
Agora falaremos da Prescrição da Pretensão Executória. Essa prescrição resultado na perda
do direito de se aplicar a sanção penal àquele que cometeu o delito. No entanto, os efeitos
secundários, penais e extrapenais ainda vigoram. Já sobre os termos iniciais, nos temos três.
Trânsito em julgado para a acusação, sendo este previsto expressamente na lei, a data em que é
proferida a decisão que revoga o livramento condicional ou o sursis e, por fim, o dia em que a
execução da pena é interrompida por algum motivo, como a fuga, por exemplo.
Já sobre as causas de interrupção, temos o início ou a continuação do cumprimento da pena
e a reincidência subsequente ou futura. Sobre esse último, Guilherme de Souza Nucci afirma que
“trata-se de marco interruptivo da pretensão executória. A reincidência verifica-se pela prática do
segundo delito, embora fique o seu reconhecimento pelo juiz condicionado à condenação. Há quem
sustente que, pelo princípio da presunção de inocência, somente a data da condenação com trânsito
em julgado pode fazer o juiz reconhecer a existência da reincidência. Esta última posição não é a
correta, pois a lei é clara ao mencionar apenas reincidência, que é o cometimento de outro crime
depois de já ter sido condenado. Ora, ainda que se dependa da condenação definitiva para se ter
certeza do marco interruptivo, este se dá muito antes do trânsito em julgado da segunda
condenação.” (NUCCI, 2008, p.572).
É válido abordar questões específicas relativas ao assunto. O prazo prescricional da
pretensão executória pode ser aumentada em 1/3 caso o réu seja reincidente em sentença
condenatória. Além disso, caso o agente possua menos de 21 anos ou mais de 70 na época do fato,
tanto a prescrição da pretensão punitiva quanto a prescrição da pretensão executória têm seus prazos
prescricionais reduzidos pela metade. Já a prescrição da pena restritiva de direitos é parecida com a
da pena restritiva de liberdade. No entanto, o cálculo da prescrição da pretensão executória, no caso
da pena restritiva de direitos não ser realizada, é feito com base no tempo restante da pena
alternativa aplicada. Há algumas exceções, como a Lei de Drogas, já que o prazo prescricional é de
2 anos.
No caso das medidas de segurança, há uma certa discussão entre doutrinadores sobre o caso
dos inimputáveis. A doutrina concorda que para os semi-imputaveis, a prescrição é baseada na pena
restritiva de liberdade que foi decidida. Já sobre os inimputáveis, há duas correntes. Uma defende
que apenas a prescrição da pretensão executória deve ocorre. Já a outra corrente afirma que a
prescrição das duas prescrições deve correr. Outra questão complexo envolve a multa. O art. 114 do
Código Penal estabelece que a prescrição da pretensão punitiva é de 2 anos, quando for a única
culminado em in abstracto ou se for isolada. Mas se a multa for alternada ou cumulativamente ou
culminado com aquela prevista no tipo penal, ela segue o prazo da pena restritiva de liberdade. No
entanto, uma outra corrente defendia que esse prazo ficava a cargo do ministério da Fazenda. Hoje,
o que vigora é a primeira corrente.
Por fim, falaremos dos crimes complexos, crimes conexos e crimes continuados, assim
como a legislação especial. Nos crimes conexos, a prescrição é calculada de forma separada para
cada crime. Nos crimes complexos, a existência de um outro crime, que configura a variação de um
tipo penal inicial, não interfere na prescrição deste último. Já no caso dos crimes continuados, a
prescrição é feita com base na pena presente na sentença. Por fim, a legislativa especial, que é a
legislação militar, traz que a prescrição está presente nos crimes militares próprios ou impróprios,
assim como nos crimes referentes à Lei de Segurança Nacional. No entanto, a Lei de Falências,
mudou alguns elementos presente nos crimes falimentares. A prescrição para esses crime segue o
art. 182 da Lei de Falências, além de que a prescrição segue as regras estabelecidas por esta e que
fora mencionadas anteriormente.
Por fim, é de fundamental importância abordar algumas jurisprudências. Um exemplo é a
sumi 191 do STJ, que define que a pronúncia é causa interruptivas da prescrição, ainda que o
Tribunal do Júri venha a desclassificar o crime. Outra súmula importa do STJ sobre o assunto é a
Súmula 438, que afirma “[é] inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão
punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do
processo penal”. Para finalizar, o Ministro Celso de Melo afirmou que a prescrição penal relativa à
crimes eleitores segue, caso o código eleitoral não fale, os dispositivos da legislação comum do
Código Penal, valendo tanto para a pretensão punitiva quanto a executória.
Boa sorte

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