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FACULDADE FAVOO - CURSO DE DIREITO

SEXTO PERÍODO Direito Civil VI (Responsabilidade Civil)


Professor - Eli Júnior
Aula IV – 10 de agosto de 2023

5 – Responsabilidade Penal e Responsabilidade Civil

RESPONSABILIDADE PENAL RESPONSABILIDADE CIVIL


Pressupõe uma turbação social, Predomínio do dano privado, embora
determinada também haja perturbação de ordem
pela violação de norma penal. social.
Do ilícito penal decorre a pena. Do ilícito civil decorre o dever de
indenizar
A sanção tem por fim predominante A reparação tem por fim
restabelecer a ordem social. preponderantemente reintegrar o
prejudicado na situação patrimonial
anterior,tanto quanto possível.
O ilícito penal acarreta a coação O ilícito civil acarreta a coação
pessoal. patrimonial
O ilícito penal deve estar tipificado O ilícito civil é aberto, a depender do
para que seja apto a gerar caso concreto.
responsabilidade do agente

Independência das esferas:

A responsabilidade civil, penal e administrativas são autônomas.

Por um mesmo ato, posso ser responsabilizado criminal, civil e


administrativamente.
No Brasil adota-se o sistema da independência ou separação relativa da
ação civil da penal oriundas do mesmo fato delineia-se a separação da
jurisdição em penal e civil atribuindo-se competência própria a cada uma
delas para os julgamentos das respectivas lides, vinculando-se, no entanto, o
julgamento civil ao reconhecimento de questões de fato e de direito do
julgado criminal, com maior ou menor intensidade, no pressuposto de
possível contradição de julgados.

CC, art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se


podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o
seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.

CPP, art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter
sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em
estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

CPP, art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória:

IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração,
considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido;

As decisões criminais condenatórias transitadas em julgado, além de


produzirem seu efeito principal, qual seja, o reconhecimento da prática de um
delito e a imposição da respectiva pena, possuem como efeito secundário a
reparação do dano causado pelo crime. Por esse motivo, podem constituir
título executivo judicial no âmbito cível.

No âmbito criminal, ao proferir sentença condenatória, o juiz fixará valor


mínimo para reparação dos danos causados pela infração considerando os
prejuízos sofridos pela vítima. Tal decisão passa a ter caráter de título
executivo.

Na primeira hipótese, estando de acordo com o valor estipulado, deverá ser


proposta de imediato a execução do título perante o juízo cível, dispensando-
se, para tanto, processo de conhecimento.

Em contrapartida, havendo interesse em comprovar maior extensão do dano


fixado, deverá ser intentada ação de conhecimento no âmbito cível. Em se
tratando de parcial liquidez ou de iliquidez, necessária será a liquidação da
sentença para estipulação do dano.

Importa destacar a inviabilidade de rediscussão na seara cível acerca da


existência do fato ou de sua autoria quando tais questões tiverem sido
objeto da decisão condenatória criminal.

Embora a esfera cível possua vinculação com a sentença criminal


condenatória, é possível que a vítima de um crime ajuíze ação para ser
ressarcida do dano oriundo da esfera criminal, através da denominada ação
civil ex delicto. Referida ação pode ser movida seja em desfavor do autor do
crime, seja contra o responsável civil, isto é, contra aquele que possui a
obrigação de reparar o dano. Nesse sentido, estando em trâmite
simultaneamente ação cível e penal, pode o juízo cível suspender a ação
cível durante a tramitação do processo criminal.

A absolvição no processo criminal não necessariamente gerará imposição de


ausência de responsabilidade na seara cível.

Não fazem coisa julgada no cível:

a) absolvição por insuficiência probatória não impede o processamento


de ação cível ex delicto pois não versa sobre autoria ou materialidade do
delito.
b) sentenças absolutórias que reconhecem não haver prova da existência do
fato,

c) sentenças absolutórias que o fato imputado não constitui infração penal;

d) sentenças absolutórias com fundamento de não existir prova de ter o réu


concorrido para a infração penal;

e) Sentenças que são os efeitos das decisões que determinam a extinção da


punibilidade do agente ou que arquivam o inquérito policial.

Há, contudo, necessária vinculação entre os juízos cível e criminal quando


este último reconhecer a inexistência do fato imputado ou a negativa de
autoria. Assim, a superveniência de decisão nesse sentido impede o
ajuizamento de ação cível ex delicto.

Exceções à regra geral, destaca-se que faz coisa julgada em âmbito cível a
sentença absolutória criminal que reconhecer alguma excludente de ilicitude,
quais sejam: legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento de
dever legal e exercício regular de direito.

6 - ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL

a) Conduta humana:

A conduta que gera responsabilidade civil é a conduta voluntária, livre e


consciente, bastando um grau moderado de consciência na atuação
humana, podendo ser omissiva ou comissiva.
Comissiva: é aquela conduta que envolverá um agir, uma ação do sujeito.
Porém, essa ação acaba por violar um dever jurídico imposto pela lei ou pelo
contrato, gerando danos que devem ser indenizados.
Omissiva: para que possa haver a imputação de responsabilidade a um
sujeito pela sua omissão, é fundamental que antes exista um dever de agir
imposto pela norma. Sem dever de agir não há que se falar em conduta
omissiva.
Esse dever de agir pode ser oriundo:
Conduta omissiva oriunda da lei: por exemplo, policial diante de um crime
no qual tenha a possibilidade de agir; bombeiro em uma situação de perigo;
pai em relação aos filhos etc.;

Conduta omissiva oriunda do contrato: o guia da montanha é obrigado a


agir em razão de sua custódia; instrutor de mergulho; babá etc.;

Conduta omissiva oriunda do dever de ingerência: quando uma conduta


anterior expõe a perigo bens de outrem (bem patrimonial ou da
personalidade). Por exemplo, jogar amigo na piscina: quem jogou tem o
dever de agir no sentido de salvar o amigo do afogamento.
Deve haver um grau de consciência no que se faz para que se enquadre
como conduta humana. Estado de sonambulismo, por não ser voluntária as
condutas praticadas, não gera responsabilidade civil.

A responsabilidade civil normalmente é gerada por conduta ilícita, mas, por


exceção, também pode decorrer de ato lícito (previsto em lei).

Exemplos de ato lícito que geram responsabilidade civil:


Desapropriação (poder público tem o direito de requerer o seu imóvel para
instalar uma atividade que ele queria)
Passagem forçada (um imóvel fica "encravado" para a saída para as ruas e
avenidas)
Abuso de direito
Além de responder por ato próprio (regra), o agente pode responder por ato
de terceiro (art. 932 do CC), por fato de animal(art. 936 do CC), por fato de
coisa inanimada (arts. 937 e 938 do CC)

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