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DIREITO PENAL – PARTE GERAL

Conflito Aparente de Normas Penais


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CONFLITO APARENTE DE NORMAS PENAIS

1. Conflito Aparente de Normas Penais


Ocorre o conflito aparente de normas penais quando a uma única conduta
(fato) vislumbra-se a possibilidade de aplicação de dois ou mais tipos penais.
Para a ocorrência do conflito aparente deve haver, portanto:
a) Unidade de fato;
b) Pluralidade de leis ou normas penais de mesma hierarquia e vigentes à
época do fato.
As finalidades da solução do conflito aparente são:
a) Evitar o bis in idem;
b) Manter a coerência do Direito Penal, evitando a insegurança jurídica.
Os princípios para solução do conflito aparente de normas penais são:
a) Consunção;
b) Alternatividade;
c) Subsidiariedade;
d) Especialidade.

Direto do concurso
1. (FUNCAB/DELEGADO/PC-RO/2014) São princípios que solucionam o con-
flito aparente de normas penais:
a. insignificância, consunção, subsidiariedade e alteridade.
b. insignificância, alteridade, consunção e alternatividade.
c. especialidade, alteridade, consunção e subsidiariedade.
d. especialidade, alternatividade, subsidiariedade e insignificância.
e. especialidade, consunção, subsidiariedade e alternatividade.

1.1. Especialidade (Lex Specialis Derogat Legi Generali)


Afasta-se a aplicação da lei penal geral para que se aplique a lei penal espe-
cial, a qual possui elementos especializantes.
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O tipo especial possui todos os elementos do tipo geral, além, obviamente,


dos elementos que o tornam específico. Como decorrência lógica, o inverso não
ocorre, ou seja, o tipo geral não possui todos os elementos do tipo especial.
Não se leva em consideração a gravidade da lei penal. O tipo especial pode
ser punido de maneira mais branda ou mais grave que a norma geral. A gravi-
dade da norma não será relevante para aplicação do princípio da especialidade.
A análise de qual norma é especial é feita em caráter abstrato. Não se faz
necessária à análise do caso concreto para determinar qual será a norma espe-
cial e a norma geral.
Exemplo 1: homicídio simples (norma geral) e infanticídio (norma especial).

Decreto-Lei n. 2.848 de 1940


Código Penal
Homicídio Simples
Art. 121. Matar alguém:
Pena – Reclusão, de seis a vinte anos.
(...)
Infanticídio
Art. 123. Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto
ou logo após:
Pena – Detenção, de dois a seis anos.

Atenção!
Para fins de aplicação do princípio da especialidade, não importa qual crime é
o mais grave.

Exemplo 2: contrabando (norma geral) e tráfico de drogas (norma especial).

Decreto-Lei n. 2.848 de 1940


Código Penal
Contrabando
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida:
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos.
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Lei n. 11.343 de 2006


Tráfico de Drogas
Art. 33. Importar, exportar, (...) drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - reclusão de 5
(cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhen-
tos) dias-multa.
(...)
Art. 40. Aplica-se aumento de pena de 1/6 a 2/3 se a natureza, a procedência da
substância ou do produto apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem a
transnacionalidade do delito.

Exemplo 3: difamação (norma geral) e calúnia (norma especial).

Decreto-Lei n. 2.848 de 1940


Código Penal
Calúnia
Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena – Detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
(...)
Difamação
Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena – Detenção, de três meses a um ano, e multa.

Exemplo 4: normas privilegiadas.

Decreto-Lei n. 2.848 de 1940


Código Penal
Homicídio Simples
Art. 121. Matar alguém:
(...)
Homicídio Privilegiado
Caso de Diminuição de Pena
§1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou
moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação
da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
(...)
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Furto Simples
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
(...)
Furto Privilegiado
§2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode
substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou
aplicar somente a pena de multa.

Em face do artigo 12, pode-se dizer que o princípio da especialidade


tem previsão expressa no Código Penal? Uma parte da doutrina reconhece
que não há previsão legal (assim como os outros princípios), todavia outra parte
acredita que há previsão legal, em face do Artigo 12 do Código Penal.

Decreto-Lei n. 2.848 de 1940


Código Penal
Legislação Especial
Art.  12. As  regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei
especial, se esta não dispuser de modo diverso.

Direto do concurso
2. (ACAFE/DELEGADO/PC-SC/2008) Ocorre conflito aparente de normas pe-
nais quando ao mesmo fato parecem ser aplicáveis duas ou mais normas
(ou tipos). A solução do conflito aparente de normas dá-se pelo emprego de
alguns princípios (ou critérios), os quais, ao tempo em que afastam a incidên-
cia de certas normas, indicam aquela que deverá regulamentar o caso con-
creto. Os princípios que solucionam o conflito aparente de normas, segundo
a doutrina penal são: o da especialidade, o da subsidiariedade, o da consun-
ção e o da alternatividade. Acerca do princípio da especialidade, todas as
alternativas estão corretas, exceto a:
a. O princípio da especialidade determina que o tipo penal especial prevalece
sobre o tipo penal de caráter geral afastando, desta forma, o bis in idem,
pois a conduta do agente só é enquadrada na norma incriminadora espe-
cial, embora também estivesse descrita na geral.
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b. Para se saber qual norma é geral e qual é especial é preciso analisar o


fato concreto praticado, não bastando que se comparem abstratamente as
descrições contidas nos tipos penais.
c. A comparação entre as leis não se faz da mais grave para a menos grave,
nem da mais completa para a menos completa. A  norma especial pode
descrever tanto um crime mais leve quanto um mais grave.
d. O princípio da especialidade é o único previsto expressamente no Código
Penal.

Comentário
b. Para se saber qual norma é geral e qual é especial é preciso analisar abs-
tratamente as normas.

GABARITO
1. e
2. b

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a
aula preparada e ministrada pelo professor Érico Palazzo.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do con-
teúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela
leitura exclusiva deste material.

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