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3) A norma subsidiária age como “soldado de reserva”, devendo ser aplicada quando não
estiverem presentes todas as elementares da norma principal.
5m
4) Ao contrário do princípio da especialidade, a aplicação do princípio da subsidiariedade se dará
mediante análise do caso concreto.
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Obs.: no princípio da subsidiariedade, analisa-se o caso concreto para ver se a conduta pra- ticada
pelo agente poderia se aplicar a norma mais grave.
Subsidiariedade expressa
• A lei declara explicitamente a subsidiariedade da norma.
Art. 132. Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: Pena - detenção, de três meses a um
ano, se o fato não constitui crime mais grave.
Outro crime que vai trazer perigo para a vida ou saúde de outrem é o do art. 251 do Código Penal,
o crime de explosão. O crime de explosão tem a pena de reclusão de três a seis anos. Se alguém gera
perigo para a vida ou saúde de outra pessoa por meio de uma explosão,
não responde pelo artigo 132, o agente vai responder pelo artigo 251 do CP.
Logo, nesse caso, analisando o caso concreto, é possível dizer que o art. 251 é a norma principal e o
art. 132 é a norma subsidiária e, nesse caso, expressamente subsidiária.
Falsa identidade
Art. 307. Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou
alheio, ou para causar dano a outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não
constitui elemento de crime mais grave.
Em relação ao crime de falsa identidade, a norma que poderia ser mais grave é o uso de documento
falso (art. 304 do CP).
Ao se falar em falsa identidade, não está se referindo à apresentação de um documento falso. Ao
apresentar um documento falso, não se incorre no art. 307 do CP, incorre-se no art. 304 do CP: uso de
10m documento falso.
E como se trata de um documento público, a pena será a mesma pena da falsificação de
documento público, art. 297 do CP – pena de reclusão de dois a seis anos.
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O art. 304 do CP é a norma principal; art. 307 do CP é a norma subsidiária e, nesse caso,
expressamente subsidiária.
Subsidiariedade tácita
• O fato típico mais grave é aplicado em detrimento do fato típico menos grave, o qual integra
a descrição típica do primeiro.
• Na subsidiariedade tácita não está expressamente previsto em lei que aquela norma é uma
norma subsidiária.
Constrangimento ilegal
Art. 146. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzi- do, por
qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não
manda: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Extorsão
Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para
outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa: Pena -
reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
São dois tipos penais muito semelhantes. A diferença é que no constrangimento ilegal, este
constrangimento mediante violência ou grave ameaça, não tem intuito de obtenção de uma vantagem
econômica ilícita. Já na extorsão há a intenção de obter essa indevida vanta- gem econômica.
Tenta-se aplicar a extorsão, que é mais grave. Quando se está diante de um caso em que o agente
constrangeu alguém mediante violência ou grave ameaça, a não fazer o que a lei manda, ou a fazer o
que a lei não manda, porém sem intuito financeiro, intuito econômico, não é possível aplicar a extorsão
a esse agente.
Se não se consegue aplicar a extorsão – a norma principal – é preciso aplicar a norma subsidiária.
Portanto o constrangimento ilegal é uma norma subsidiária em relação à extorsão.
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É também uma norma subsidiária a outro crime, o crime de estupro, que também tem
constrangimento mediante violência ou grave ameaça – a diferença é que no estupro o agente vai ter a
intenção de obtenção de conjunção carnal ou prática de outro ato libidinoso. Está-se diante de uma
subsidiariedade tácita.
Alternatividade
RELEMBRANDO
Muitos doutrinadores entendem que não se trata de um conflito aparente de normas penais. É
simplesmente uma característica de um tipo penal, que são os tipos mistos alternativos, mas que não
seriam um princípio de solução desse conflito aparente das normas penais.
Tipos penais que possuem várias condutas (verbos), conhecidos como tipos mistos alter- nativos, de
ação múltipla ou de conteúdo variado.
Ex. 1:
CP, Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que
sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte. Ex. 2:
Lei 11.343. Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda,
oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou
fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar.
15m
Esses artigos possuem diversos verbos. O princípio da alternatividade dispõe que se o agente
importou, ocultou, fabricou, produziu, alterou, exportou e vendeu drogas, ele praticou diversos verbos.
Poder-se-ia pensar que deveria aplicar um crime para cada verbo praticado. O princípio da
alternatividade dispõe que ele não vai responder dez vezes por tráfico de drogas, por ter praticado dez
verbos distintos no mesmo contexto fático.
Esses verbos, em que pese estarem previstos nos tipos penais e serem verbos que deno- tam
condutas distintas, praticou-se apenas um crime. E é por isso que há os chamados tipos mistos
alternativos, crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado.
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São crimes que possuem vários verbos, mas a prática de vários verbos no mesmo con- texto fático
vai representar somente um crime.
Obs.: parte da doutrina discorda que o crime complexo seja uma hipótese de princípio da
consunção, uma vez que não há conflito se a própria lei criou um tipo penal específico,
resultante da fusão de dois ou mais tipos penais.
DIRETO DO CONCURSO
1. (CESPE/DEPEN/AGENTE PENITENCIÁRIO/2013) Considere que Alberto, querendo apo-
derar-se dos bens de Cícero, tenha apontado uma arma de fogo em direção a ele, cons- trangendo-o
a entregar-lhe a carteira e o aparelho celular. Nessa situação hipotética, da mera comparação entre
os tipos descritos como crime de constrangimento ilegal e crime de roubo, aplica-se o princípio da
especialidade a fim de se tipificar a conduta de Alberto.
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COMENTÁRIO
Não se aplica o princípio da especialidade, simplesmente se aplica o crime de roubo, porque o crime
de roubo é um crime complexo. E o crime complexo é uma das hipóteses de aplicação do princípio
25m da consunção, porque ele vai absorver os crimes que o formam.
"A" responderá apenas pelo crime de homicídio, não responde pelas lesões corporais.
Ambos foram praticados no mesmo contexto fático, e houve uma progressão criminosa.
O crime-fim, o crime mais grave, absorve o crime-meio, o crime menos grave.
30m
O dolo do agente é voltado para um crime menor. Todavia, após consumá-lo, substitui seu dolo
para alcançar um resultado mais grave.
Princípio da consunção: o crime menos grave vai passar a ser um crime-meio (que é a lesão
corporal) e será absorvido pelo crime-fim, o agente vai responder somente pelo seu intento final, o
crime de homicídio.
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ATENÇÃO
Súmula 17 do STJ – Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por
este absorvido.
Esse falso á a falsidade documental, são os crimes contra a fé pública. Se alguém pratica uma
35m falsidade documental com a finalidade de praticar o estelionato, o estelionato vai absorver essa
falsidade documental. O agente vai responder somente pelo estelionato.
Essa súmula tem uma falha. O crime-fim é o estelionato; o crime-meio é o falso. O falso é mais
grave, o estelionato tem pena mais branda. A súmula dispõe que o estelionato, que é um crime
menos grave, está absorvendo um crime mais grave, que é o falso. Isso é uma impropriedade
jurídica.
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DIRETO DO CONCURSO
2. (VUNESP/DPE–MS/DEFENSOR PÚBLICO/2012) “Um fato definido por uma norma in-
criminadora é meio necessário ou normal fase de preparação ou execução de outro cri- me, bem
como quando constitui conduta anterior ou posterior do agente, cometida com a mesma
finalidade prática atinente àquele crime”. No conflito aparente de normas, esta afirmação explica o
princípio da
a. especialidade.
b. subsidiariedade.
c. alternatividade.
d. consunção.
COMENTÁRIO
Se há um crime-fim e outro crime-meio necessário para a prática desse crime-fim, aplica-se
o princípio da consunção.
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c. Na progressão criminosa, o agente inicialmente pretender praticar um crime menos gra- ve, e,
depois, resolve progredir para o mais grave.
d. No crime progressivo, o sujeito, para alcançar o crime querido, passa necessariamente por outro
menos grave que aquele desejado.
e. A pluralidade de fatos e a pluralidade de normas são pressupostos do conflito, que apa-
rentemente com eles se identificam.
COMENTÁRIO
e) Para que haja o conflito aparente de normas penais, há que haver pluralidade de normas
que são aplicáveis a um único fato.
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COMENTÁRIO
Norberto praticou o crime de roubo com emprego de arma de fogo. Art. 157, § 2º – A, I, CP.
a) Se for aplicado algum princípio que venha a solucionar o conflito aparente de normas
penais ao roubo, que é um crime complexo, seria o princípio da consunção.
b) O porte de arma de fogo vai ser absorvido pelo crime de roubo. O agente não vai responder pelo
porte de arma de fogo porque ele usou essa arma somente para a prática desse crime, mas ele vai
responder pelo emprego de arma de fogo no roubo – mas não vai responder pelo art. 14 ou pelo art.
16 da Lei 10.826. O erro está na substituição do dolo, queria roubar e roubou, não houve
substituição do dolo ou progressão criminosa.
c) Se fosse aplicado algum princípio, seria o da consunção.
d) Tanto que se aplica o aumento de 2/3 de pena do art. 157, § 2º – A, I, CP.
e) Não se aplica o cúmulo material, o crime de posse de arma de fogo será absorvido pelo crime de
roubo com emprego de arma de fogo.
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COMENTÁRIO
a) A norma especial prevalece sobre a norma geral, é o princípio da especialidade, em que não se
olha a pena. Às vezes, a norma específica será mais branda e às vezes será mais grave. É no
princípio da subsidiariedade que a norma subsidiária tem que ser mais branda.
b) Tudo aquilo que já foi falado.
c) A norma subsidiária vai descrever um tipo penal mais brando, apenado de maneira mais branda,
grau menor de lesividade ao bem jurídico.
d) Na progressão criminosa não há unidade de desígnios do sujeito ativo, desde o primeiro ato. Ele
quer praticar um crime, mas durante a execução ou após consumar esse primeiro crime ele eleva o
seu dolo, aumenta a sua torpeza e acaba vindo a praticar um crime mais grave porque há a intenção
de praticar um crime mais grave posteriormente.
e) Pelo princípio da subsidiariedade é necessário analisar o caso concreto para saber qual vai ser a
norma aplicável.
GABARITO
1. E
2. d
3. e
4. d
5. b
Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Érico Palazzo.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura
exclusiva deste material.
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