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DIREITO PENAL II

Conflito Aparente De Normas


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1. CONCEITO E DEFINIÇÃO
Um conflito aparente de normas penais ocorre quando eu tenho um único
fato, e a este fato lhe são aplicadas duas ou mais penas. Se diz conflito pois temos
duas normas para um único ilícito penal, ficando a interpretação qual norma
ser-lhe-á aplicada.
É um concurso/conflito aparente, porque basicamente, basta que eu
interprete a lei penal para chegar a uma conclusão.

2. SOLUÇÃO DE CONFLITO APARENTE DE NORMAS


Buscamos solucionar este conflito penal, a fim de manter o sistema coerente,
evitando o BIS IN IDEM, impedindo que um agente que praticou um crime seja
punido 2x.

3. CONFLITO APARENTE DE NORMAS X CONCURSO DE CRIMES


No conflito aparente de normas, não há dispositivo legal que nos diga a forma
pela qual iremos resolver a lide, quem faz isso é a doutrina.
Já no concurso de crimes, eu tenho mais de um fato/crime, estando
expressamente explícito no código penal, como o poder judiciário deve lidar com os
mesmos.

4. PRINCÍPIOS PARA SOLUÇÃO DO CONFLITO

4.1 ESPECIALIDADE
Este princípio afirma que a lei especial prevalece sempre perante a lei geral.
A lei especial possui todos os elementos que a lei geral + alguns complementos,
logo temos uma lei especial quando: LEI GERAL + COMPLEMENTO = LEI
ESPECIAL.
Um exemplo claro no nosso código penal é a relação entre o artigo 123 e 121
do CP. O artigo 121 é uma lei geral (homicídio), ja o artigo 123 (infanticídio) é uma
lei especial por ser um complemento do artigo 121.
4.2 SUBSIDIARIEDADE
Nos diz que a lei primária prevalece sobre a lei subsidiária. Vamos aos
conceitos:
4.2.1 LEI PRIMÁRIA
Aquela que é mais ampla e mais grave.

4.2.2 LEI SUBSIDIÁRIA


Aquela que é menos ampla e menos grave.O princípio da subsidiariedade
apresenta-se quando, do cometimento de uma conduta inicial faz surgir uma
incriminadora que, pela gravidade da atuação do agente, passa a configurar um
outro crime.
Na utilização deste princípio, devemos observar o grau de violação cometido
pelo agente contra o bem jurídico tutelado pela norma.
Imagine que A, sabendo estar contaminado por uma doença venérea,
mantém relações sexuais com B. A princípio, A responderá pelo crime do art. 130
do CP - perigo de contágio venéreo, já que o agente expôs a vítima a contágio da
moléstia. Entretanto, se dessa ação sobreviver à morte de B, é totalmente possível
que A responda por homicídio, ou até mesmo lesão corporal seguida de morte. O
juiz deverá analisar no caso concreto a intenção do agente no momento do crime e
se o mesmo assumiu o risco de produzir o resultado. Daí, mostra-se a
subsidiariedade do art. 130 em relação aos arts. 121 e 129.
Em suma, houve uma ação ou omissão que caracterizou dois ou mais tipos
penais. A norma mais ampla, mais gravosa, denominada norma principal, afastará a
aplicação da norma subsidiária.

4.3 CONSUNÇÃO
Conforme o princípio da consunção, denominado também princípio da
absorção, a norma definidora de um crime constitui meio necessário para
preparação ou execução de um outro delito. Em outras palavras, o agente, para
satisfazer sua intenção criminosa, pratica dois ou mais crimes, estabelecendo entre
os mesmo uma relação de meio e fim, isto é, para alcançar aquele intento, ele utiliza
um outro tipo penal.

Ex.: A matou B, mas para realização da ação o agente teve que violar o domicílio da
vítima.

A responderá por homicídio consumado em concurso com o crime de violação de


domicílio, ou responderá apenas por homicídio?

Resposta: A responderá tão somente pelo crime do art. 121, visto que pelo princípio
em questão, o crime fim (homicídio) absorve o crime meio (violação de domicílio).
4.4 ALTERNATIVIDADE
Princípio da Alternatividade; não se trata de um princípio que resolva o
conflito aparente de normas. Aplica-se aos crimes de conteúdo múltiplo ou variado
ou plurinuclear ou tipo plurinuclear (tipo no qual integra se várias condutas). Nos
crimes plurinucleares se o sujeito realiza vários verbos no mesmo contexto fático
responderá por apenas um crime, isto porque, as condutas ou verbos são
alternativos.

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