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TEORIA DO CRIME
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1 INTRODUÇÃO
1.1 CONCEITO
O conceito de crime varia de acordo com o critério adotado para defini-lo. Não existe um único
conceito de crime. Critérios:
1.1.1 CRITÉRIO MATERIAL OU SUBSTANCIAL:
Crime é a ação ou omissão humana, isto é, a conduta humana, e também da pessoa jurídica nos
crimes ambientais, que lesa ou expõe a perigo de lesão a bens jurídicos penalmente protegidos.
Esse conceito material funciona como um reforço/complemento ao princípio da reserva legal, pois não
é porque o legislador tem a lei que ele pode incriminar qualquer conduta.
A conduta deve ser apta a lesar ou colocar em perigo bem jurídico. Esse critério, portanto,
desempenha um papel seletivo no direito penal.
Princípios da ofensividade, intervenção mínima .
Hoje a única hipótese é no caso de crimes ambientais – regulamentação na Lei 9605/98 em seu art.
3º:
Fala da existência de um gênero (infração penal), que se divide em duas espécies, crime e contravenção
penal.
A diferença entre crime e contravenção é fornecida pela lei e leva em conta a pena cominada.
CRIME
Seria a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou detenção, cumulativa ou
alternativamente com pena de multa.
Ação penal pública ou ação penal privada
Pune-se tentativa
Admite-se extraterritorialidade
Compete à JE e JF
Limite de 40 anos de pena
Período de sursis varia de 02 a 04 anos (podendo variar excecionalmente de 04 a 06 nos sursis
etário ou humanitário)
Cabe prisão preventiva, art. 313 e art. 1º, III, da Lei 7.960/89 (prisão temporária)
Admite-se o confisco dos instrumentos do crime
O desconhecimento da lei é inescusável, servindo (no máximo) como atenuante da pena
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CONTRAVENÇÃO
Também conhecida por crime anão, crime vagabundo ou crime liliputiano (As Aventuras de Gulliver. A
primeira ilha em que o personagem chega, chamada de Lilliput, tinha pessoas de até 15 cm ), é espécie de
Pouco importa o nome dado pelo legislador. Se o legislador coloca na lei de contravenções um tipo a que
atribui pena de reclusão, será crime. Não há diferença ontológica/de essência entre crime e contravenção
penal. A diferença é meramente qualitativa (espécie de pena) e quantitativa (quantidade da pena. Os crimes
têm uma quantidade de pena maior).
Existem países que adotam o sistema tricotômico - crimes seriam as infrações mais graves, delitos as
intermediárias e contravenções as mais suaves, como a França e a Itália.
Fala em flagrante delito. Não seria apenas no caso de crime, mas obviamente abarca também as
contravenções.
Art. 301, CPP. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes
deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.
ART. 28 DA LEI DE DROGAS – não tem reclusão, nem detenção, nem prisão simples, nem multa.
Houve o entendimento de que esse tipo não seria nem crime nem contravenção, e sim uma infração penal
sui generis.
Para o STF (pacífico), esse art. 28 é crime. Não houve descriminalização da conduta pela nova lei de drogas,
ocorrendo apenas a despenalização no tocante à pena privativa de liberdade.
Quem pratica esse crime não pode, em hipótese alguma, ser privado de liberdade em nenhuma das formas de
prisão. O art. 28 não criou um novo conceito, mas sim um conceito específico, aplicável exclusivamente à
conduta descrita em seu artigo. Para todos os crimes da lei aplica-se o conceito geral.
TEORIA QUADRIPARTIDA
o Defendida por Basileu Garcia e Giulio Battaglin
o Para esta Teoria o crime é composto de quatro elementos:
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Fato Típico
Ilicitude
Culpabilidade
Punibilidade
o A grande crítica é feita à punibilidade, que não seria elemento do crime e sim consequência
do crime. A prática do crime autoriza o direito de punir do Estado.
TEORIA TRIPARTIDA
o Entende que o crime é formado por três elementos:
Fato Típico
Ilicitude
Culpabilidade - não seria do fato, mas sim do agente. O fato é típico e ilícito e o agente é
culpável
o Os defensores da Teoria Tripartida podem ser clássicos ou finalista
Clássicos:
Nelson Hungria, Magalhães Noronha, Aníbal Bruno – obrigatoriamente, é tripartido
Finalistas:
Hans Welzel, Luís Regis Prado, Rogério Grego – ou bipartido
TEORIA BIPARTIDA
o Está ligada ao finalismo penal
o Sustenta que o crime é formado por:
Fato Típico
Ilicitude
o Já a culpabilidade não seria um elemento do crime, é um pressuposto para aplicação da pena
o Criação puramente brasileira, foi desenvolvida por Rene Ariel Dotti, sendo difundida por
Damásio de Jesus e Mirabete
o O CP, em razão da reforme da parte geral de 1984, É FINALISTA. Contudo, não é possível
afirmar se adota um finalismo tripartido ou bipartido. O STJ já adotou as duas.
Sugestão: Não adotar nenhuma posição. Saber explicar as duas. Já Roxin adota uma teoria bipartida
diferente = injusto penal (fato típico + ilicitude) + responsabilidade penal (entra no lugar da
culpabilidade. É o grau de reprovabilidade + necessidade de pena).
2 FATO TÍPICO
a) Conduta
b) Resultado
o O resultado que funciona como elemento do fato típico é o chamado resultado naturalístico
d) Tipicidade
Esses quatro elementos só estarão todos presentes simultaneamente nos crimes materiais ou causais
consumados. O STF os chama de crimes de resultado. São aqueles em que o tipo penal contém conduta e
resultado naturalístico, e exige a produção deste último para a consumação (ex.: homicídio que se consuma
com a morte encefálica. Art. 3º da Lei 9434/97.
(Não falar em aborto do anencéfalo, pois esse termo pressupõe vida. Falar em antecipação do parto). Em todos
os demais crimes, isto é, formais, de mera conduta e tentados, o fato típico só tem dois elementos –conduta e
tipicidade.
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem,
como condição ou preço do resgate.
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Já o crime de mera conduta ou de simples atividade, o tipo penal se limita a prever uma conduta, não
havendo resultado naturalístico – exemplo: ato obsceno.
Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público.
Qual a diferença?
Nos crimes formais o resultado naturalístico, embora desnecessário para a consumação, PODE ocorrer.
Nos crimes de mera conduta o resultado naturalístico JAMAIS ocorrerá, pois ele não existe; o tipo não o
prevê.
Aqui, estuda-se a forma como o Direito Penal foi elaborado, a evolução histórica, como o crime foi
tratado ao longo da história.
Seus percursores foram Von Liszt, Beling e Radbruch (os três mosqueteiros do DP).
Os percursores nunca deram esse nome ao sistema, o nome sistema clássico foi dado pelo finalismo, como
uma forma de determinar que estava ultrapassado, superado.
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TEORIAS ADOTADAS
o Críticas:
Não abrange os crimes omissivos; falta relação de causalidade omissão/resultado
Dolo e culpa na culpabilidade (espécies). E os crimes culposos? E a tentativa? (Bitencourt: o
dolo pertence ao injusto na tentativa, não pode ser somente elemento da culpabilidade na
consumação)
O tipo penal não pode ser constituído somente de elementos objetivos
Dolo normativo é aquele que tem a consciência atual ou real da ilicitude. Não basta querer o
resultado, é preciso querer sabendo que aquilo é contrário ao direito.
Dessa forma, o fato é típico e ilícito, mas não é culpável, pois ausente a culpa.
Quem é clássico, obrigatoriamente, é tripartido, pois dolo e culpa estão na culpabilidade, ou seja, tem
que haver culpabilidade, para não haver a responsabilidade penal objetiva. Se fosse clássico e bipartido
consagraria a responsabilidade penal objetiva. Aqui o dolo abarca a ideia também de consciência da ilicitude
do fato, chamado de dolo normativo.
TEORIAS ADOTADAS
Obediência hierárquica
Nesse caso a Teoria Psicológico-Normativa consegue explica a coação moral e a
obediência hierárquica porque não tem como ser exigido da pessoa uma conduta
diversa. Não tem como exigir do agente uma conduta diferente. Inexigibilidade de
conduta diversa.
A culpabilidade deixa de ser meramente psicológica e passa a ter elemento normativo (exigibilidade
de conduta diversa).
Só é culpado quem praticou o fato quando lhe era exigida conduta diversa.
O dolo ainda é normativo, pois abarcava a consciência da ilicitude.
AULA 7 DO G7
SISTEMA FINALISTA
O finalismo surge na Alemanha em 1930, sendo inaugurado por Hans Wetzel, no livro “o novo sistema
jurídico penal”.
Hans demonstrou, pelo conceito de conduta, que qualquer pessoa, ao agir, tem uma finalidade. Ninguém
age por agir. Daí se tem o nome finalista > finalidade > final.
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Ele transfere o dolo e culpa que estavam na culpabilidade e leva para a conduta.
Afora isso, a consciência da ilicitude ficou na culpabilidade e deixou de ser atual para se transformar
em potencial.
O fato típico continua com os mesmos elementos. Estruturalmente não muda nada.
Na culpabilidade teremos a teoria normativa pura.
o No exemplo anterior, não há conduta penalmente relevante, pois, o agente não agiu com
dolo ou culpa. O fato será atípico (acidente, atropelamento da criança).
Quem adota a teoria finalista pode ser bipartido ou tripartido porque no finalismo o dolo e a culpa estão
na conduta e não na culpabilidade. Então, a culpabilidade pode ser tanto elemento do crime, como
pressuposto de aplicação da pena. No finalismo, a culpabilidade é vazia, pois foi esvaziada em relação aos
elementos psicológicos.
O dolo deixou de ser normativo, para ser natural (independe da consciência da ilicitude).
o Até então, os causalistas somente conheciam o denominado dolo mau, vale dizer, quem
agisse com dolo, automaticamente, estaria atuando com consciência da ilicitude, com o
conhecimento de fazer algo errado > dolo normativo.
o Welzel procurou demonstrar a existência do dolo natural > o agente tem a vontade de
preencher os elementos do tipo penal, mas não possui necessariamente a consciência de que
age ilicitamente.
#SELIGANATABELA:
Fato típico Ilicitude Culpabilidade
Relação de contrariedade entre o
Conduta (dolo e culpa) NATURAL Imputabilidade
fato e o Direito
Resultado naturalístico Potencial consciência da ilicitude
Relação de causalidade Exigibilidade de conduta diversa
Tipicidade
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CONDUTA
Crimes praticados por ação são chamados de crimes comissivos. E crimes praticados por omissão são
chamados de crimes omissivos.
Nos crimes comissivos o agente viola uma norma proibitiva. Nos crimes omissivos (próprios) o agente
viola uma norma preceptiva.
o Norma penal preceptiva é aquela que impõe a realização de um comportamento (exemplo:
art. 135, CP). Essa é a denominada Teoria das Normas, desenvolvida por um alemão Karl
Binding.
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco
pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida,
ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o
socorro da autoridade pública:
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta
lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
O finalismo deslocou o dolo e a culpa da culpabilidade > para a conduta (consciente e voluntária).
A conduta objetiva um fim que é a prática do crime ou contravenção penal.
Não há crime sem conduta. Todo crime pressupõe uma conduta dolosa ou culposa.
O Direito Penal não tolera os crimes de mera suspeita, ao contrário do que acredita Vincenzo . Essa
expressão foi criada pelo italiano Vicenzo Manzini e sustenta que no crime de mera suspeita o agente não é
punido pela sua conduta, e sim pela mera suspeita despertada pelo seu estilo de vida. Um exemplo é o art. 25
da Lei de Contravenções Penais (DL nº 3.688/1941) – gazua é todo e qualquer instrumento com ou sem forma
de chave utilizado para abrir uma fechadura, sem destruí-la. Muitos alegam que esse artigo é inconstitucional
porque pune o ser humano, independente da prática de uma conduta penal.
TEORIA CIBERNÉTICA
Tentou apenas mudar o nome da finalista para adequar melhor o termo aos crimes culposos.
Buscava compatibilizar o finalismo penal com os crimes culposos.
Segundo a lição dos Professores Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo (Direito Penal Parte Geral,
Ed. Jus Podivm, 2017), “o pensamento fenomenológico afirma que toda consciência é intencional. Não há
consciência separada do mundo, pois toda consciência visa o mundo. Tal pensamento fenomenológico, aliado
a uma consideração ontológica (investigação teórica do ser), repercutiu no campo jurídico, tendo Hans Welzel
desenvolvido a teoria finalista da ação”.
Nesse liame, os Professores ensinam que, à luz de tal pensamento, é investigado a natureza da ação e
formula-se um conceito de natureza pré-jurídica e pode ser valorado negativamente pelo legislador para fins
penais. Com efeito, se toda consciência é intencional, a ação humana não pode ser fracionada em seu aspecto
objetivos e subjetivo, ´pois a ação voluntária é finalista, ou seja, “traz consigo o querer-interno”. Conclui-se,
portanto, que “processo causal é dirigido pela vontade finalista”.
FORMAS DE CONDUTA:
o Próprios ou puros – omissão é descrita no próprio tipo penal . ex. deixar de prestar
assistência. São crimes comuns ou gerais, pois o sujeito ativo é comum; pode ser
qualquer pessoa. Não admite tentativa, por serem unissubsistentes.
Crime unissubsistente – a conduta é composta de um único ato, suficiente
para a consumação. Não há como fracionar a execução, não cabendo
tentativa. Ex. omissão de socorro. Ou deixo de prestar socorro e o crime está
consumado ou presto socorro e não há crime. Em regra, são crimes de mera
conduta. Exemplo: art. 168-A, CP, mas o STF diz que se trata de crime material,
excepcionalmente.
PRÓPRIO – OMISSÃO DE SOCORRO. O MAIS CONHECIDO.
o Impróprios, espúrios ou comissivos por omissão - são aqueles em que o tipo penal
descreve uma ação, mas a inércia do agente, que descumpre o seu dever de agir (art.
13, §2º, CP), leva à produção do resultado naturalístico.
Quanto ao sujeito ativo, os crimes são próprios ou especiais (são aqueles em que o
tipo penal reclama uma situação fática ou jurídica diferenciada no tocante ao sujeito
ativo). Só podem ser praticados por quem tem o dever de agir para evitar o resultado.
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A lei fala naquele que devia e PODIA evitar o resultado, de forma que mesmo se tinha
o dever, mas não houve a possibilidade não responde pelo crime.
Ex. de bombeiro que quebra as pernas indo salvar criança afogada. Esses crimes
admitem tentativa por serem plurissubsistente - é aquele em que a conduta é
composta por dois ou mais atos, que se somam para a produção do resultado.
Se é plurissubsistente é possível fracionar a execução. Os crimes omissivos impróprios
são, em regra, crimes materiais.
Relevância da omissão
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia
e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a
quem
a) tenha por lei (em SENTIDO AMPLO) obrigação de cuidado,
proteção ou vigilância; (ex.: PAIS, POLICIAIS).
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o
resultado; (GARANTE).
#OBS.: independem de vínculo jurídico, como ocorre com o professor de natação. Ex. pode ser um amigo nadado
experiente que convidou o outro para nadar. A responsabilidade subsiste enquanto estiver no local, independentemente
do fim da obrigação. Ex. enfermeira socorrer idosos após a jornada de trabalho, ainda estando em sua residência.
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro,
caso fortuito ou força da natureza:
Apropriação de coisa achada
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Apenas o ser humano pode praticar condutas penalmente relevantes, salvo pessoa jurídica nos
crimes ambientais.
MOVIMENTOS REFLEXOS
São reações fisiológicas, decorrentes da provocação dos sentidos.
Falta vontade.
Não confundir com:
Atos habituais que são aqueles que o agente pratica repetidamente, ainda que
contrários ao Direito Penal (falar no celular enquanto dirige), são realizados em razão
de um vício qualquer.
Há diferença entre hábito e costume, pois o hábito - Dirigir postando no facebook - se
faz por repetição e o costume é aquilo que se faz repetidamente porque se acredita
na obrigatoriedade. Costume é aquilo que se faz repetidamente por se acreditar ser
obrigatório. Costume é muito mais que o hábito.
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Obs.: na coação moral irresistível (vis relativa) o coagido é gravemente ameaçado pelo coator a cometer o
crime. A vontade é viciada pela coação, mas está presente na conduta no coagido. O fato será típico, ilícito, mas
será excluída a culpabilidade pela inexigibilidade de conduta diversa.
SONAMBULISMO e HIPNOSE
Os atos são praticados em estado de inconsciência. Portanto, ausente a conduta.
*#OUSESABER: Qual a diferença entre autoria incerta e autoria desconhecida? Tais nomenclaturas, por serem parecidas,
podem confundir o candidato na hora da prova. Mas, não esqueça a diferença: a autoria incerta (de interesse do Direito
Penal) é aquela em mais de uma pessoa é indicada como autora do crime, mas não se apura com precisão qual foi a
conduta que efetivamente produziu o resultado (conhecem-se os possíveis autores, mas não se conclui de quem foi o
comportamento que deu causa ao resultado). Já a autoria desconhecida é um instituto ligado ao processo penal, que
ocorre quando um crime foi cometido, mas não se sabe quem foi seu autor.
RESULTADO
2.3.5 Conceito
2.3.6 Terminologia
Alguns doutrinadores utilizam a palavra “evento”. Existe uma crítica doutrinária – evento é muito
genérico, abrangendo até os fatos da natureza. Resultado é um termo mais técnico.
Existe crime sem resultado? Depende de qual resultado estamos tratando. Todo e qualquer crime tem
resultado jurídico (princípio da reserva legal, ofensividade, lesividade). Agora somente os crimes
materiais consumados apresentam resultado material ou naturalístico. Porém, existe crime sem
resultado material ou naturalístico.
Relação de causalidade
Relevância da omissão
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2.3.8 Conceito
CONSUMAÇÃO
Crime Material O tipo penal descreve a O resultado é Homicídio
conduta E o resultado indispensável à
naturalístico consumação
Crime Formal ou de O tipo penal também O resultado naturalístico Extorsão mediante
TEORIAS
Imputação objetiva1
Claus Roxin trouxe essa teoria em 70.
A imputação objetiva trabalha com a ideia de risco proibido. Assim, o resultado só poderá ser
imputado ao agente que criou um risco proibido ou aumentou um risco proibido já existente.
Apesar de não ter previsão legal, já foi adotada em alguns julgados pelo STJ, pois é mais favorável ao agente.
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Caiu na primeira fase dos últimos concursos da banca, inclusive do MPMG 2017.
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Requisito Exclusão
Existência do risco Risco juridicamente irrelevante; diminuição do risco
Risco proibido Risco permitido (princípio da confiança);
Comportamento exclusivo da vítima;
Contribuições socialmente neutras;
Adequação social; e
Proibição do regresso.
Risco realizado no resultado Lesão ou curso causal sem relação com o risco
proibido;
Danos tardios;
Danos resultantes de choque;
Ações perigosas de salvamento; e
Comportamento indevido posterior de um terceiro
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No caso da venda e aplicação de heroína, entre outros sem solução possível pelo sistema finalista (que
adotou a relação de causalidade), a teoria da imputação objetiva insere duas novas elementares no tipo
objetivo, que deixa de ser só causalidade.
Assim, com a adoção da teoria da imputação objetiva, a relação de causalidade somente estaria
caracterizada quando ultrapassadas três etapas:
1. Etapa: teoria da equivalência dos antecedentes
2. Etapa: imputação objetiva
3. Etapa: dolo ou culpa (causalidade psíquica).
*#OUSESABER: Caso um dependente químico de longa data morra após abusar de substância entorpecente vendida por
um narcotraficante, este responderá por homicídio culposo, diante da previsibilidade do resultado morte essa
hipótese? A teoria da imputação objetiva auxilia-nos na solução desse problema. Ela estabelece que o agente somente
pode responder se criou ou incrementou risco proibido do resultado e se o risco se materializou no resultado jurídico, que
deve estar incluído no alcance do tipo penal. Assim, o narcotraficante ao vender a droga praticou o crime de tráfico, mas
não pode responder pelo delito de homicídio pois o resultado morte, em referido caso, não se encontra alcançado pelo
tipo penal. De acordo com Junqueira e Vanzolini (Manual de Direito Penal, p. 237).
Segundo exemplo: A entrega heroína a B para que este a consuma, sendo que a periculosidade ambos conhecem. B
injeta a droga em si e morre em decorrência dela. Evidentemente A gerou para B um risco não permitido. Mas o
resultado morte lhe é imputável? (Claus Roxin, Derecho penal, p. 389). [...] Do ponto de vista da teoria da imputação
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#OUSESABER: A Teoria da Imputação Objetiva do Resultado nasceu para combater o regresso infinito gerado pela teoria
da equivalência dos antecedentes causais adotada pelo caput do art. 13 do CP. Ela não substitui esta teoria, apenas a
complementa introduzindo o nexo normativo, evitando, assim, o regresso ao infinito.
Na Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais, para se imputar um fato a alguém, deve-se, primeiramente, saber
se sua conduta é causa do resultado , ou seja, se há nexo físico entre a conduta do agente e o resultado (imputação
objetiva do resultado), e, posteriormente, em se verificando este nexo físico, analisa-se os elementos subjetivos, quais
sejam, dolo e culpa (imputação subjetiva do resultado). Caso estejam presentes o nexo físico e o dolo ou culpa, o agente
deverá responder pelo fato. Não podemos nos esquecer de que para essa teoria, causa é ação ou omissão humana sem as
quais o resultado não teria ocorrido, como e quando ocorreu, podendo-se regressar ao infinito.
Em linha paralela, a Teoria da Imputação Objetiva do Resultado defende que a responsabilização do agente decorre
também da ocorrência das imputações objetivas e subjetivas do resultado. Entretanto, para esta teoria, a imputação
objetiva do resultado é composta, além do nexo físico (relação entre a conduta do agente e o resultado), pelo nexo
normativo. Assim, após a verificação da imputação objetiva (nexo físico + nexo normativo) é que se passa a analisar a
imputação subjetiva do resultado, ou seja, se há dolo ou culpa na conduta do agente.
Por sua vez, o nexo normativo é composto:
(i) da criação ou incremento de um risco não permitido (não tolerado pela sociedade) e;
(i) da ocorrência deste risco no resultado (resultado na linha de desdobramento causal normal da conduta).
Ao contrário do que o nome sugere, essa teoria busca a não imputação objetiva do resultado ao agente, mencionando
que somente aquele que criou ou incrementou um risco proibido relevante é que deve responder pelo resultado, não se
confundindo, assim, com a responsabilização objetiva do agente.
#OBS.: Qual ou quais dessas teorias o Brasil adota? A teoria da equivalência dos antecedentes é a regra geral. Art. 13,
caput. A Teoria da causalidade adequada é exceção prevista no art. 13, §1º. A Teoria da imputação objetiva é uma
proposta doutrinária, que já foi utilizada em alguns julgados do STJ, por ser muito mais favorável ao réu.
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Existe proibição de regresso quando um conjunto de atitudes consideradas inofensivas resulte numa
conduta posterior ilícita, como por exemplo, a venda de uma arma de fogo a um homicida confesso.
Aquele que vendeu a arma, mesmo tendo conhecimento da prática do crime a ser realizado, não pode
ser co-autor ou partícipe do homicídio, certo que praticou uma conduta estereotipada e socialmente
adequada e permitida. Se o vendedor tivesse negado a venda da arma, o crime não ocorreria,
havendo, então, nexo de causalidade.
Entretanto, não incumbe ao mesmo custodiar as ações de todos os compradores de armas vendidas
legalmente. A punição neste caso afetaria o mero conhecimento do vendedor, e não se deve punir o
saber.
2.3.11 CONCAUSA
A palavra concausa pode ser entendida como concorrência de causa ou concorrência causal, ou seja, há
mais de uma causa que contribui para a produção do resultado. Concausa é a convergência de uma causa
externa à conduta do agente, que influi na produção do resultado naturalístico por ele desejado.
a) CONCAUSA DEPENDENTE é aquela que depende da conduta do agente para produzir o resultado. Nas
concausas dependentes, o agente responde pelo crime. Se insere no curso normal do
desenvolvimento causal.
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b) CONCAUSA INDEPENDENTE é aquela idônea a produzir, por si só, o resultado. Essas concausas se
subdividem em absolutas e relativas. Foge da linha normal de desdobramento da conduta.
b.1) a concausa independente absoluta é aquela que é capaz de produzir por si só o resultado e não
se origina da conduta do agente. É também chamada de causalidade antecipadora. Elas podem ser:
preexistentes, simultâneas ou supervenientes.
Nesses três casos, o agente responderá, tão somente, pela tentativa de homicídio, e não pelo homicídio
consumado. Isto porque as concausas absolutamente independentes rompem o nexo causal, de modo que o
agente não responde pelo resultado produzido, mas, somente, pelos atos praticados. As concausas
absolutamente independentes têm esse tratamento devido à aplicação da teoria da equivalência dos
antecedentes, consagrada no art. 13, caput, do CP.
b.2) noutro pórtico, têm-se as concausas independentes relativas, que são aquelas que são capazes
de produzir por si sós o resultado e têm origem na conduta do agente. Não existiriam sem a atuação
criminosa. Elas podem ser: preexistentes, simultâneas ou supervenientes.
outro querendo mata-lo. A vítima, ferida no joelho, pelo disparo, morre, em razão do forte frio, ataque
cardíaco.
Nestes dois exemplos, o agente responderá pelo homicídio consumado. Isto porque, as concausas
preexistentes e simultâneas relativamente independentes não rompem o nexo causal, de maneira que o
agente responde pelo resultado produzido. Se retirar a ação do autor o crime não ocorreria. O acima afirmado
o observado devido à aplicação da teoria da equivalência dos antecedentes, prevista no art. 13, caput, do CP.
Nos casos em que a concausa relativamente independentes superveniente não produz por si só o
resultado, o agente responde pelo crime consumado, porque a eles é aplicada a teoria da equivalência dos
antecedentes. As concausas supervenientes relativamente independentes que não produzem os resultados
por si sós não rompem com o nexo causal.
Exemplo: “A”, com a intenção de matar, efetua disparos de arma de fogo contra “B”. Por má
pontaria, atinge-o em uma das pernas, não oferecendo risco de vida. Contudo, “B” é conduzido
a um hospital e, por imperícia médica, vem a morrer. Nesse caso, “B” não teria morrido, ainda
que por imperícia médica, sem a conduta inicial de “A”. De fato, somente pode falecer por falta
de qualidade do profissional da medicina aquele que foi submetido ao seu exame, no exemplo,
justamente pela conduta homicida que redundou no encaminhamento da vítima ao hospital. A
imperícia médica, por si só, não é capaz de matar qualquer pessoa, mas somente aquela que
necessita de cuidados médicos.
TIPICIDADE
A tipicidade é o quarto elemento do fato típico e continua presente em todo e qualquer crime.
A tipicidade penal é formada pela tipicidade formal + tipicidade material.
A tipicidade formal é o juízo de subsunção, de adequação entre o fato e a norma. O fato praticado na
vida real se encaixa no modelo de crime previsto pela norma penal. A tipicidade formal não basta, é preciso a
tipicidade material, expressada na lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico penalmente protegido.
O princípio da insignificância exclui a tipicidade material.
No Direito Romano surgiu a ideia de corpus delicti, o crime era tão somente os vestígios materiais do
crime. Não se fazia distinção entre tipicidade, ilicitude ou culpabilidade.
No ano de 1906, Ernest Beling traz o termo “tatbestand”, desenvolvendo a ideia de tipo penal. Na
Itália surge a deia de “fattispecie”, no mesmo sentido. É a fase da independência do tipo.
Em 1915, Max Ernst Mayer desenvolve a teoria indiciária, colocando a tipicidade como
ratiocognoscendi, sendo vista, portanto, como indício da ilicitude. Todo fato típico, presumidamente, também
é ilícito, operando-se uma presunção relativa de ilicitude.
Qual é o efeito prático da teoria indiciária? Acarreta a inversão do ônus da prova no tocante as excludentes da
ilicitude. Então, para a acusação, basta provar que o fato é típico. Essa teoria continua majoritária até hoje –
Teoria dualista do ônus da prova – ver em Processo Penal.
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Em 1931, Edmundo Mezger desenvolve a teoria encarando a tipicidade não mais como indício da
ilicitude, mas sim como essência da ilicitude. Essa é a chamada teoria da ratioessendi. É a ilicitude tipificada. O
injusto penal é o fato típico + ilícito, tudo é analisado em uma única ocasião.
TEORIA DOS ELEMENTOS NEGATIVOS DO TIPO criada por Hellmuthvon Weber cria o tipo total de
injusto, segundo o qual as excludentes de ilicitude funcionam como elementos negativos do tipo penal.
Por exemplo, o art. 121 do CP tipifica o homicídio como matar alguém. Caso a Teoria tivesse sido adotada, a
previsão do art. 121 do CP seria: matar alguém, salvo em legítima defesa, em estado de necessidade, no exercício regular
do direito e no estrito cumprimento do dever legal.
Perceba que as excludentes de ilicitude não podem estar presentes para que o tipo penal se
concretize. Não foi adotado no Brasil.
Todo fato típico necessariamente é ilícito.
O Zaffaroni antecipa a análise da ilicitude. Ele fala que não se pode tratar como fato típico conduta
permitida pelo ordenamento. Na análise ela pode até ter tipicidade penal (furto), mas não tem tipicidade
Conglobante (ordenamento autoriza), tornando o fato atípico.
O injusto é a contrariedade do fato em relação ao sentimento social de justiça, ou seja, aquilo que o
homem médio tem por certo, justo. (...) O injusto, ao contrário do ilícito, tem diferentes graus, dependendo da
intensidade da repulsa provocada pela conduta" (Curso de Direito Penal, pág. 295)
a) Teoria do tipo avalorado / tipo meramente descritivo– afirmar que o fato é típico não constitui emissão
de juízo de valor acerca da ilicitude. POSIÇÃO MINORITÁRIA.
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b) Teoria indiciária do tipo / Ratiocognoscendi – o fato típico é presumivelmente ilícito. Essa presunção é
relativa, podendo demonstrar uma excludente de ilicitude. POSIÇÃO ABSOLUTAMENTE MAJORITÁRIA.
A adequação típica de subordinação mediata, também chamada de ampliada ou por extensão, ocorre
quando o fato praticado pelo agente não se encaixa diretamente no tipo penal. Há necessidade de outra
norma. São as normas de extensão ou complementares da tipicidade (exemplo: art. 14, II, CP; art. 29, caput, CP,
relativamente à participação; art. 13, §2º, CP).
O art. 14, II, CP é uma norma de extensão temporal da tipicidade, permitindo a aplicação da lei penal a
um momento anterior a consumação do crime.
O art. 29, caput, é uma norma de extensão pessoal porque permite a aplicação da lei penal a pessoas
diversas dos autores.
O art. 13, §2º é uma norma de extensão da conduta (a conduta que só podia ser praticada por ação
passa a ser praticada por omissão).