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DIREITO PENAL –

PARTE ESPECIAL
Dos Crimes contra o
Patrimônio – Parte I

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte I
Leonardo Castro

Sumário
Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte I.................................................................................. 4
1. Atualização Legislativa – 2020/2021...................................................................................... 4
1.1. Lei n. 14.155/21. . .......................................................................................................................... 4
1.2. Pacote Anticrime....................................................................................................................... 6
2. Legislação Comentada.............................................................................................................. 11
2.1. Furto............................................................................................................................................ 11
2.2. Furto de Coisa Comum.. ..........................................................................................................15
2.3. Roubo.........................................................................................................................................16
2.4. Extorsão....................................................................................................................................21
2.5. Extorsão mediante Sequestro............................................................................................. 22
2.6. Extorsão Indireta. . .................................................................................................................. 24
2.7. Usurpação.. ............................................................................................................................... 24
2.8. Supressão ou Alteração de Marca de Animal.. ................................................................. 25
2.9. Dano.......................................................................................................................................... 25
2.10. Introdução ou Abandono de Animais em Propriedade Alheia. . ................................... 27
2.11. Dano em Coisa de Valor Artístico, Arqueológico ou Histórico..................................... 27
2.12. Alteração de Local Especialmente Protegido................................................................. 27
3. Sinopse......................................................................................................................................... 28
3.1. Furto (CP, Art. 155)................................................................................................................... 28
3.2. Furto de Coisa Comum (CP, Art. 156). . .................................................................................40
3.3. Roubo (CP, Art. 157).. ...............................................................................................................42
3.4. Extorsão (CP, Art 158)............................................................................................................ 50
3.5. Extorsão mediante Sequestro (CP, Art. 159)..................................................................... 53
3.6. Extorsão Indireta (CP, Art. 160).. .......................................................................................... 56
3.7. Usurpação (CP, Arts. 161 e 162).. ........................................................................................... 58
3.8. Supressão ou Alteração de Marca em Animais (CP, Art. 162).......................................60

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3.9. Dano (CP, Art. 163)...................................................................................................................61


3.10. Introdução ou Abandono de Animais em Propriedade Alheia (CP, Art. 164). . ...........64
4. Súmulas e Informativos........................................................................................................... 66
4.1. Súmulas..................................................................................................................................... 66
4.2. Informativos. . .......................................................................................................................... 70
Exercícios......................................................................................................................................... 76
Gabarito............................................................................................................................................98

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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO – PARTE I


1. Atualização Legislativa – 2020/2021
1.1. Lei n. 14.155/21
Furto

COMO ERA COMO FICOU

Furto
Art. 155, § 4º-B A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito)
anos, e multa, se o furto mediante fraude é cometido por meio de
dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de
computadores, com ou sem a violação de mecanismo de segurança
ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio
Sem fraudulento análogo.
correspondente. § 4º-C A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância
do resultado gravoso:
I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é
praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território
nacional;
II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado
contra idoso ou vulnerável.

Nova Qualificadora

O § 4º-B descreve nova qualificadora do crime de furto. A pena é de reclusão, de quatro a


oito anos, e multa, se o furto mediante fraude é cometido por meio de dispositivo eletrônico ou
informático, conectado ou não à rede de computadores, com ou sem a violação de mecanismo
de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento
análogo. Destarte, a partir de agora, não pode mais ser aplicada a qualificadora do § 4º, II, para
a hipótese descrita no § 4º-B, sob pena de incorrer em bis in idem. Por se tratar de novatio legis
in pejus, a nova qualificadora não retroage a furtos eletrônicos a contas bancárias ocorridos
antes da data de vigência da Lei n. 14.155/21.

Causas de Aumento de Pena

O § 4º-C traz duas causas de aumento aplicáveis exclusivamente à qualificadora do § 4º-B.


Em relação ao inciso I, importante ressaltar a competência da Justiça Federal para processo e
julgamento do delito, quando verificada a transnacionalidade da conduta. Quanto ao inciso II,
três observações: (a) o criminoso deve conhecer a condição de idoso ou vulnerável da vítima;
(b) quando reconhecida, impede a incidência da agravante do artigo 61, II, “h”, do CP; (c) o quan-
tum máximo de aumento é superior ao do inciso I.

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Estelionato

COMO ERA COMO FICOU

Estelionato
Art. 171. Fraude eletrônica
§ 2º-A A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8
(oito) anos, e multa, se a fraude é cometida com
a utilização de informações fornecidas pela vítima
ou por terceiro induzido a erro por meio de redes
sociais, contatos telefônicos ou envio de correio
eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro
Estelionato
meio fraudulento análogo.
Art. 171. Estelionato contra idoso
§ 2º-B A pena prevista no § 2º-A deste artigo,
§ 4º Aplica-se a pena em dobro se o
considerada a relevância do resultado gravoso,
crime for cometido contra idoso.
aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços),
se o crime é praticado mediante a utilização de
servidor mantido fora do território nacional.
Estelionato contra idoso ou vulnerável
§ 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao
dobro, se o crime é cometido contra idoso ou
vulnerável, considerada a relevância do resultado
gravoso.

Fraude Eletrônica

O § 2º-A adiciona nova qualificadora ao crime de estelionato, com pena de reclusão, de


quatro a oito anos, e multa, se a fraude é cometida com a utilização de informações forneci-
das pela vítima ou por terceiro induzido a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos
ou envio de correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo.
Apesar da aparente semelhança com a forma qualificada do furto (CP, art. 155, § 4º-B), não há
como confundi-las: no furto eletrônico mediante fraude, o indivíduo emprega artifício fraudu-
lento para subtrair a coisa (ex.: software malicioso para invadir conta bancária). No estelionato,
o agente não toma a coisa por conta própria, mas faz com que a vítima, em situação de erro, a
entregue (ex.: a vítima preenche falso formulário enviado por e-mail).

Causa de Aumento de Pena

O § 2º-B trata de causa de aumento de pena aplicada exclusivamente à qualificadora do


§ 2º-A. A pena é aumentada, de um terço a dois terços, se o crime for praticado mediante a
utilização de servidor mantido fora do território nacional.

Estelionato contra Idoso ou Vulnerável

Na anterior redação, a pena do estelionato era aplicada em dobro se o crime fosse come-
tido contra idoso. Pela nova redação, o aumento passa a ser de um terço ao dobro – portanto,

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novatio legis in mellius. Além disso, a majorante passa a ser aplicável também quando a vítima
for vulnerável. O quantum de aumento a ser aplicado tem de ser proporcional à relevância do
resultado gravoso provocado.

1.2. Pacote Anticrime


1.2.1. Alterações no código Penal

Roubo

Emprego de arma branca: com o surgimento das armas de fogo, as antigas armas
passaram a ser conhecidas como armas brancas, em referência à lâmina de facas, pu-
nhais, adagas etc. No entanto, o conceito não está limitado a instrumentos metálicos ou
a armas propriamente ditas (ex.: espada), devendo ser considerado arma branca qualquer
artefato capaz de causar dano à integridade física. Até o mês de abril de 2018, o emprego
de arma branca fazia com que a pena do roubo fosse aumentada, de um terço até metade.
Contudo, a Lei n. 13.654 extirpou o inciso I, do § 2º, do artigo 157, dando fim à causa de
aumento de pena.

É inegável, se comparado com a conduta daquele que emprega ameaça sem qualquer instru-
mento lesivo, além das próprias mãos, o roubo praticado com arma branca oferece maior risco
à vítima. Ademais, seja qual for sua natureza, a arma reduz a possibilidade de defesa. Portanto,
nada mais justo do que o aumento da pena. Para sanar o equívoco, a Lei n. 13.964/19 reincluiu a
arma branca ao rol de hipóteses que tornam o roubo circunstanciado, no § 2º do artigo 157 do CP.

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Lei Penal no Tempo

Embora tenha sido a correção de um equívoco, o inciso VII deve ser tratado como qualquer
novatio legis in pejus. Portanto, não pode retroagir para alcançar fatos ocorridos antes de 23
de janeiro de 2020, data em que o Pacote Anticrime passou a viger. Por outro lado, por ter ex-
tinguido a majorante do emprego de arma, a Lei n. 13.654/2018 retroagiu para alcançar roubos
anteriores a 24 de abril de 2018.

RETROATIVIDADE DA Lei n. 13.654/2018 E INCIDÊNCIA DO PACOTE ANTICRIME

O que a lei fez


Revogou o inciso I, § 2º, do artigo 157 do CP, que fazia com que fosse aumentada a pena
do roubo, de um terço até metade, se houvesse emprego de arma.

Vigência
A Lei n. 13.654/2018 entrou em vigor no dia 24 de abril de 2018.

Retroatividade
Em relação ao emprego de arma branca, por se tratar de lei mais benéfica, houve a
retroatividade da Lei n. 13.654/2018 a roubos ocorridos antes de 24 de abril de 2018.
Exemplo: em julho de 2016, João praticou um roubo com emprego de arma branca. Em
outubro, foi condenado pela prática do roubo circunstanciado (CP, art. 157, § 2º, I). Em
fevereiro de 2017, após julgamento de recurso, houve o trânsito em julgado. A Lei n.
13.654/2018 o alcançou? Sim, por ser mais benéfica, deve retroagir, pouco importando o
trânsito em julgado da sentença condenatória.

Ultratividade
No dia 23 de janeiro de 2020, entrou em vigor o Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/19), que
reincluiu a causa de aumento de pena – agora, no inciso VII. Como se trata de novatio legis
in pejus, não pode, naturalmente, retroagir, devendo incidir apenas a condutas praticadas
a partir da data de vigência.

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RETROATIVIDADE DA Lei n. 13.654/2018 E INCIDÊNCIA DO PACOTE ANTICRIME

Conclusão
- Roubo com emprego de arma branca praticado antes de 24 de abril de 2018:
o roubo deixou de ser circunstanciado para ser simples. A Lei n. 13.654/2018 retroagiu.
Esses casos não são influenciados pela Lei n. 13.964/18, o Pacote Anticrime, que reincluiu
a majorante ao § 2º.
- Roubo com emprego de arma branca praticado entre 24 de abril de 2018 e 22
de janeiro de 2020: deve ser aplicada a Lei n. 13.654/2018, que tornou simples o roubo.
Por ser lei mais grave, o Pacote Anticrime não pode retroagir. Logo, a Lei n. 13.654/2018
permanece aplicável para esses casos, mesmo após a vigência do Pacote (ultratividade).
Isso porque se trata de lei mais benéfica (novatio legis in mellius).
- Roubo com emprego de arma branca praticado a partir de 23 de janeiro de 2020:
deve ser aplicado o Pacote Anticrime, com a nova majorante (art. 157, § 2º, VII), afinal, é a lei
vigente desde então.

Arma de fogo de uso restrito ou proibido: até a entrada em vigor da Lei n. 13.654/2018, o
emprego de arma (branca ou de fogo) era objeto do inciso I, § 2º, do artigo 157 do CP, como
forma majorada do delito – a pena era aumentada de um terço até metade. A partir da mencio-
nada lei, o tema passou a ser tratado no § 2º-A, I, com aumento de dois terços, sem distinção
entre arma de fogo de uso permitido, restrito ou proibido. No entanto, por não existir flexibili-
dade na fração de aumento, o dispositivo trata de forma igual situações de gravidade diversa
– se fosse falado em até dois terços, talvez não fosse necessária a modificação produzida pelo
Pacote Anticrime.
Para solucionar essa desproporção, a Lei n. 13.964/19 adicionou o § 2º-B ao artigo 157,
fazendo com que seja aplicada em dobro a pena do roubo quando houver emprego de arma de
fogo de uso restrito ou proibido. Apesar da distinção entre as penas, importante destacar que
o roubo com emprego de arma de fogo é sempre hediondo, ainda que se trate de arma de uso
permitido (Lei n. 8.072/90, art. 1º, II, “b”).

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Emprego de Arma, Antes e Depois

Estelionato

Uma das mudanças de maior impacto ocorreu no estelionato, que passou a ser crime de
ação penal pública condicionada a representação. Embora o projeto de lei não tenha justifi-
cado, não é difícil entender o porquê da alteração. Primeiro, temos de pensar que, em alguns
casos, há torpeza bilateral no contexto do estelionato. Ou seja, a vítima também age de má-fé.
Naturalmente, isso pode fazer com que a vítima se sinta constrangida com o ocorrido, a ponto
de preferir a impunidade do criminoso.
Ademais, com o advento da internet, tentativas de estelionato se tornaram tão comuns
quanto receber spam. Nos últimos doze meses, quantas vezes você recebeu um SMS supos-
tamente enviado por seu banco? Dessas, quantas vezes registrou ocorrência policial? Nos
últimos anos, devo ter ganhado umas dez vezes no Caminhão do Faustão. Nunca registrei
ocorrência.
O § 5º do artigo 171 traz algumas exceções, em que o estelionato se manteve crime de
ação penal pública incondicionada quando a vítima for: (a) a Administração Pública, direta ou
indireta; (b) criança ou adolescente; (c) pessoa com deficiência mental; ou (d) maior de setenta
anos de idade ou incapaz. Não há incompatibilidade com o artigo 182 do Código Penal, que
prevê situações em que a ação penal deverá ser pública condicionada.

A Lei n. 13.964/19 não trata da retroatividade do § 5º do artigo 171 do CP. A solução coube ao
STJ, que assim tem decidido:
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JURISPRUDÊNCIA
Além do silêncio do legislador sobre a aplicação do novo entendimento aos processos
em curso, tem-se que seus efeitos não podem atingir o ato jurídico perfeito e acabado
(oferecimento da denúncia), de modo que a retroatividade da representação no crime de
estelionato deve se restringir à fase policial, não alcançando o processo. (AgRg na PET
no AREsp 1.649.986/SP)

1.2.2. Alterações na Lei dos Crimes Hediondos

CRIMES HEDIONDOS CONTRA O PATRIMÔNIO

1. Roubo:
(a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima;
(b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (uso permitido, restrito ou
proibido);
(c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou gravíssima;
(d) qualificado pela morte (latrocínio).

2. Extorsão mediante sequestro, simples ou qualificada.

3. Extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima (sequestro-


relâmpago).

4. Furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que


cause perigo comum.

Roubo

Antes do Pacote Anticrime, apenas o latrocínio era tido por crime hediondo, consumado
ou tentado. Agora, além do roubo qualificado pela morte (art. 157, § 3º, II), o roubo é hediondo
quando: (a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso V); (b)
circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de
arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B); (c) qualificado pelo resultado lesão
corporal grave (art. 157, § 3º, I). Em razão da extensão do assunto, a abordagem minuciosa é
feita em tópico próprio, quando estudado o roubo.

Extorsão

A extorsão qualificada pelo resultado lesão corporal grave ou morte é um dos crimes mais
graves do Código Penal, com pena máxima de trinta anos (CP, art. 158, § 2º). Em razão disso,
o delito esteve no rol dos crimes hediondos desde a entrada em vigor da Lei n. 8.072, em 1990.
Em 2009, a Lei n. 11.923 adicionou nova qualificadora ao artigo 158, ainda mais grave do que

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a do § 2º: a extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima (sequestro-relâmpago),


com pena de vinte e quatro a trinta anos em caso de morte da vítima (art. 158, § 3º). No entan-
to, em aparente equívoco, o legislador se esqueceu de adicioná-la ao rol dos crimes hediondos.
Para corrigi-lo, o Pacote Anticrime adicionou o § 3º ao rol do artigo 1º da Lei n. 8.072/90, tor-
nando a conduta hedionda, mas cometeu um erro imperdoável: retirou o § 2º. Portanto, atual-
mente, a extorsão qualificada pelo resultado lesão corporal grave ou morte não é mais crime
hediondo (§ 2º), salvo se houver restrição de liberdade da vítima (§ 3º).

2. Legislação Comentada
2.1. Furto
Furto
Art. 155. Subtrair1, para si ou para outrem2, coisa alheia móvel3-4:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.5
§ 1º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.6
§ 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.7-8
§ 3º Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.9
Furto qualificado10
§ 4º A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I – com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;11
II – com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;12
III – com emprego de chave falsa;13
IV – mediante concurso de duas ou mais pessoas.14
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo
ou de artefato análogo que cause perigo comum.15
§ 4º-B A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto mediante fraude é come-
tido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de computadores,
com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por
qualquer outro meio fraudulento análogo.16
§ 4º-C A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso:17
I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de
servidor mantido fora do território nacional;18
II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou vulnerável.19
§ 5º. A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a
ser transportado para outro Estado ou para o exterior.20
§ 6º. A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticá-
vel de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração.21
§ 7º. A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias
explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem
ou emprego.22

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1. Em questões de concursos públicos, ao tratar dos crimes contra o patrimônio, é impres-


cindível a observância do verbo utilizado no enunciado. No furto, o artigo 155 do CP fala em
subtrair, tomar algo de alguém. Difere, por exemplo, da apropriação indébita (CP, art. 168), em
que o sujeito ativo se apropria, se apossa de algo que já está em seu poder.
2. O furto pode ser praticado em benefício de terceiro.
3. A coisa deve ser alheia, não pertencente ao sujeito ativo, afinal, não há como furtar o
próprio patrimônio, exceto no furto de coisa comum (CP, art. 156). A necessidade de que a
coisa seja alheia desperta alguns questionamentos que podem cair em prova, conforme es-
quema a seguir.

COISA ALHEIA

Elemento normativo do tipo, demanda juízo de valor pelo magistrado ao decidir


em um caso concreto. A princípio, é alheio aquilo que não pertence ao sujeito
ativo ou ao terceiro beneficiado, quando praticado o furto para outrem.

Erro de tipo essencial (CP, art. 20, caput): se, por erro, o sujeito desconhece
que a coisa é alheia, imaginando-a própria, deverá ser reconhecido o erro sobre
elemento do tipo ou o erro de tipo essencial. Ex.: na esteira de bagagens do
aeroporto, o sujeito subtrai mala de outra pessoa por imaginar ser a sua. Para o
furto, é irrelevante saber se o erro é inevitável, afinal, não se pune a modalidade
culposa do delito.

Coisa de uso comum: não é possível furtar aquilo a todos pertencente, como o
ar ou água do oceano. A depender do contexto fático, pode ficar caracterizado o
crime do artigo 161, § 1º, I, do CP.

Res nullius: as coisas que nunca tiveram dono não podem ser furtadas, afinal,
não há um patrimônio a ser tutelado. Ex.: peixes de um rio.

Res derelicta: a coisa abandonada não tem como ser furtada. Ex.: algo deixado
em uma lixeira.

Res desperdicta: a coisa perdida não pode ser furtada, mas pode ser objeto do
crime de apropriação de coisa achada, do artigo 169, parágrafo único, II, do CP.

4. Além de alheia, a coisa deve ser móvel. O conceito é o natural, ou seja, é móvel o que
pode ser transportado de um local para outro. É irrelevante a ficção jurídica trazida no artigo
81, II, do Código Civil.

Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:


I – as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para
outro local;
II – os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.

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5. Crime de médio potencial ofensivo, é possível a suspensão condicional do processo (Lei


n. 9.099/95, art. 89).
6. A pena do furto é aumentada de um terço quando o crime é praticado durante repouso
noturno. A lei não define o que é noite ou dia, tampouco o horário destinado ao repouso. Em
verdade, não há conceito único, aplicável a todas as localidades. O momento de repouso no-
turno não é o mesmo em São Paulo, maior cidade do país, e Serra da Saudade (MG), a menor,
com pouco mais de setecentos habitantes. Portanto, cabe ao magistrado, ao avaliar o caso
concreto, decidir por ter ou não ocorrido o delito em repouso noturno.
7. O § 2º descreve o denominado furto privilegiado. Se o criminoso for primário, e sendo a
res furtiva de pequeno valor, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminui-
-la de um a dois terços ou aplicar somente a pena de multa. Tenha cuidado, pois o dispositivo
fala em pequeno valor. Se o valor for ínfimo, poderá ser reconhecido o princípio da insignificân-
cia, hipótese de atipicidade material.
8. Questionamento frequente em prova, é possível, sim, a incidência da causa de dimi-
nuição (furto privilegiado) em conjunto com qualificadoras – o denominado furto híbrido ou
furto privilegiado-qualificado –, desde que estas sejam de ordem objetiva. É o teor da Súmula
511 do STJ.
9. Em razão da expressa previsão legal, não há dúvida de que a energia elétrica pode ser
objeto material do crime, bem como qualquer outra que tenha valor econômico.
10. Todos os parágrafos a partir do § 4º tratam de circunstâncias qualificadoras do furto.

§ 4º § 4º-A § 5º § 6º § 7º

2-8 anos 4-10 anos 3-8 anos 2-5 anos 4-10 anos

11. O furto é qualificado quando ocorre a destruição ou rompimento de obstáculo que in-
viabiliza a subtração da coisa (ex.: cadeado). Se houver emprego de explosivo ou de artefato
análogo que cause perigo comum, deverá ser reconhecida a qualificadora do § 4º-A.

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12. Qualificam o furto o abuso de confiança e o emprego de fraude, escalada ou destreza.

ABUSO DE
FRAUDE ESCALADA DESTREZA
CONFIANÇA

Embora o
A destreza é
Consiste em traição. verbo escalar
a habilidade
O criminoso tira A fraude é o emprego seja utilizado
especial, física
proveito da confiança de artifício que diminua em referência
ou manual.
depositada pela vítima a vigilância sobre a a subir, a
É o exemplo
para a prática do coisa a ser furtada. qualificadora
do ladrão que
furto. É o exemplo Ex.: enquanto um dos deve ser aplicada
consegue
do famulato, furto criminosos distrai a quando o acesso
subtrair algo no
praticado pelo vítima, o outro pratica a se der por
bolso da vítima,
empregado doméstico subtração. via diversa da
sem que ela
contra o empregador. normal, ordinária.
perceba a ação.
Ex.: por túnel.

Não confunda com o


estelionato, em que a
vítima é enganada para A realização de
Por ser circunstância
entregar a coisa ao exame pericial A qualificadora é
de natureza
criminoso. No furto, o não é condição aplicável apenas
pessoal, subjetiva, a
agente a subtrai (toma imprescindível quando a vítima
qualificadora não se
para si), mas o faz para o traz a res furtiva
comunica se houver
diminuindo a vigilância reconhecimento junto ao corpo.
concurso de pessoas.
sobre a coisa mediante da qualificadora.
emprego de artifício ou
ardil.

13. A chave falsa pode ser qualquer instrumento que substitua a chave verdadeira, pouco
importando seu formato (ex.: chave mixa). A cópia não autorizada da chave original também é
considerada chave falsa.
14. O furto é qualificado quando praticado em concurso de duas ou mais pessoas.
15. Desde a entrada em vigor do Pacote Anticrime, a qualificadora do § 4º-A passou a ser
considerada crime hediondo. A qualificadora foi adicionada ao Código Penal em 2018 (Lei n.
13.654), logo após um furto de grande repercussão, quando criminosos explodiram o cofre de
uma empresa de segurança privada. A pena do furto é de reclusão, de quatro a dez anos, e mul-
ta, caso haja o emprego de explosivo ou artefato análogo que cause perigo comum. Portanto,
qualifica o delito qualquer instrumento que gere uma explosão, a súbita expansão de volume
de gases a altas temperaturas em consequência de combinação química. Tanto uma granada
quanto um botijão de gás caseiro podem qualificar o crime.
16. Qualificadora adicionada pela Lei n. 14.155/21. Antes desse novo dispositivo, a con-
duta era punida na forma do artigo 155, § 4º, II, do CP (mediante fraude). Exemplo da conduta

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prevista no § 4º-B: o sujeito que, enquanto invade um computador, aproveita o acesso e subtrai
dinheiro da conta bancária da vítima, por meio de internet banking.
17. Por serem as frações variáveis – de um terço a dois terços, no inciso I, e de um terço
até o dobro, no inciso II –, o legislador estabeleceu que o aumento deve levar em consideração
a relevância do resultado gravoso da conduta.
18. A conduta é punida com maior rigor em razão da dificuldade em identificar o criminoso
e reparar o dano causado.
19. A pena da qualificadora do § 4º-B é aumentada se o crime for praticado contra idoso
(sessenta anos ou mais) ou vulnerável, conceito que pode ser extraído do artigo 217-A, caput
e § 1º, do CP.
20. É qualificado o furto quando a res furtiva for veículo automotor que venha a ser trans-
portado para outro Estado, diverso daquele onde ocorreu a subtração, ou exterior. O conceito
de veículo automotor pode ser extraído do Código de Trânsito Brasileiro (Lei n. 9.503/97). A
qualificadora deve ser aplicada apenas quando houver o efetivo transporte do veículo para
outro Estado ou para o exterior.
21. É qualificado o furto de semovente domesticável de produção (ex.: gado) – o deno-
minado abigeato. A qualificadora é aplicável ainda que o animal seja abatido ou dividido em
partes no local da subtração.
22. No § 4º-A, o furto é qualificado pelo emprego de explosivo ou artefato análogo que
cause perigo comum. No § 7º, punido com a mesma pena – reclusão, de quatro a dez anos,
e multa –, o agente subtrai substâncias explosivas ou seus acessórios, conduta que pode ser
praticada como ato preparatório da qualificadora do § 4º-A.

2.2. Furto de Coisa Comum


Furto de coisa comum1
Art. 156. Subtrair2 o condômino, coerdeiro ou sócio3-4, para si ou para outrem, a quem legitima-
mente a detém, a coisa comum:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.5
§ 1º Somente se procede mediante representação.6
§ 2º Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem
direito o agente.7

1. No furto (CP, art. 155), o sujeito subtrai coisa alheia, pertencente a outrem. No artigo
156, a coisa também é alheia, mas parcialmente, pois parte dela é de propriedade de quem a
subtrai. Ex.: o coerdeiro subtrai algo em prejuízo dos demais.
2. O verbo nuclear é subtrair, tomar para si, o mesmo do furto e do roubo. Portanto, não
pratica o delito aquele que, tendo legitimamente a coisa sob seu poder, se recusa a restitui-la.
3. A relação entre sujeito ativo e sujeito passivo deve decorrer de condomínio, herança ou
sociedade.

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CONDÔMINO COERDEIRO SÓCIO

Os coerdeiros são aqueles A sociedade é a relação


É aquele que divide que dividem, entre si, contratual de duas ou
propriedade com duas herança, aquisição de mais pessoas que se
ou mais pessoas. propriedade por meio de obrigam em busca de
sucessão. um objetivo comum.

4. Embora seja crime próprio, é possível o concurso de pessoas entre o condômino, o coerdei-
ro ou sócio e alguém estranho à relação. A fundamentação está no artigo 30, parte final, do CP.
5. Crime de menor potencial ofensivo, que deve ser processado e julgado em Juizado Es-
pecial Criminal. É compatível com a composição civil dos danos, a transação penal e a suspen-
são condicional do processo (Lei n. 9.099/95, arts. 61, 74, 76 e 89).
6. É crime de ação penal pública condicionada à representação.
7. O § 2º trata de excludente especial da ilicitude, aplicável quando a coisa comum subtraí-
da for fungível e seu valor não exceder o valor correspondente à quota a que o agente tem direi-
to. Exemplo: um dos coerdeiros subtrai, de dinheiro a ser partilhado com os demais, a quantia
de dois mil reais. No entanto, o valor corresponde a dez por cento do que lhe é de direito – ou
seja, sua quota corresponde a vinte mil reais.

2.3. Roubo
CAPÍTULO II
DO ROUBO E DA EXTORSÃO1

Roubo
Art. 157. Subtrair2 coisa móvel alheia3, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência
a pessoa4, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência5:
Pena – reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou
grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.6
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:7
I – (revogado);
II – se há o concurso de duas ou mais pessoas;8
III – se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.9
IV – se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para
o exterior;10
V – se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade;11
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente,
possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego;12
VII – se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca.13
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):14
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;

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II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato
análogo que cause perigo comum.15
§ 2º-B Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou
proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo.16
§ 3º. Se da violência resulta:
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; 17
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.18-19

1. No roubo, o sujeito ativo subtrai, toma para si, a coisa alheia móvel, da mesma forma
como ocorre no furto (CP, art. 155), mas mediante violência, grave ameaça ou pelo emprego de
qualquer meio que impossibilite a defesa. O criminoso não precisa da vítima. Por outro lado, na
extorsão, para obter êxito na prática delituosa, ele precisa que a vítima faça, tolere que se faça
ou deixe de fazer alguma coisa.

ROUBO EXTORSÃO

Mediante grave ameaça, a vítima é Mediante grave ameaça, o agente


obrigada a entregar sua carteira ao exige que a vítima efetue saque de
criminoso. dinheiro em conta bancária.

Distinção: no exemplo do roubo, se a vítima se recusar a entregar a carteira,


o criminoso poderá tomá-la. Por outro lado, no saque bancário, se a vítima
se recusar, a qualquer custo, a se submeter à exigência, o criminoso nada
poderá fazer, afinal, não há como extrair a informação à força.

2. O roubo tem por verbo nuclear subtrair, o mesmo do furto, quando o criminoso toma para
si a coisa móvel alheia.
3. O objeto material do roubo é a coisa móvel alheia. Para não ser repetitivo, leia o que foi
falado a respeito do assunto nos comentários ao furto.
4. Ponto de distinção em relação ao furto, o roubo deve ser praticado mediante violência,
grave ameaça ou qualquer meio que reduza à impossibilidade de resistência.

IMPOSSIBILIDADE DE
VIOLÊNCIA GRAVE AMEAÇA
RESISTÊNCIA

É a violência física (vis É a violência moral É a denominada violência


corporalis), o emprego de (vis compulsiva), a imprópria, quando a vítima,
força física contra a vítima, promessa de mal grave por qualquer meio, não
que pode se dar por vias de caso a vítima resista ao pode resistir à conduta do
fato ou por lesão corporal. roubo. criminoso.

5. É preciso ter cuidado ao interpretar o dispositivo. O emprego da palavra reduzido pode


fazer com que se conclua que a vítima teve sua capacidade de resistência diminuída. No entanto,

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a redução fala em reduzir à impossibilidade de resistência, ou seja, limitá-la à falta de possibi-


lidade de resistir.
6. O § 1º trata do denominado roubo impróprio, hipótese em que o agente pretendia, inicial-
mente, praticar um furto (CP, art. 155), mas, logo depois de subtraída a coisa, teve de empregar
violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a de-
tenção da coisa para si ou para terceiro. Tenha cuidado para não o confundir com a violência
imprópria, mencionada no estudo do caput do artigo 157.

ROUBO VIOLÊNCIA VIOLÊNCIA


ROUBO PRÓPRIO
IMPRÓPRIO PRÓPRIA IMPRÓPRIA

É o roubo É o roubo do
do caput do artigo 157,
artigo 157 do § 1º, do CP.
CP, quando o Em resumo,
agente pratica o criminoso Consiste no
a subtração pretendia É o emprego de emprego de meio
mediante praticar um furto. força física contra que faça com que
emprego de No entanto, o corpo da vítima a vítima não possa
violência, grave logo depois de (ex.: soco). se defender (ex.:
ameaça ou de subtraída a coisa, dopá-la).
qualquer meio se viu a obrigado
que reduza à a empregar
impossibilidade de violência ou
defesa da vítima. grave ameaça.

7. O § 2º não traz qualificadoras, mas causas de aumento de pena (roubo circunstanciado).


As qualificadoras do roubo são apenas aquelas do § 3º.
8. A pena do roubo é aumentada, de um terço até metade, se houver concurso entre dois
ou mais agentes. A majorante é aplicada ainda que o comparsa seja inimputável em razão da
menoridade, sem prejuízo do disposto no artigo 244-B do ECA.

Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando
infração penal ou induzindo-o a praticá-la:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

9. É aumentada a pena do roubo se a vítima estiver em serviço de transporte de valores,


desde que o agente conheça tal circunstância. Não precisa ser, necessariamente, transporte
de dinheiro. Pode ser qualquer bem de cunho econômico (ex.: cosméticos).
10. É aumentada a pena se o roubo consistir em subtração de veículo automotor que venha
a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. Sobre o tema, leia o que foi comentado
a respeito do § 5º do artigo 155 do CP.
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11. Crime hediondo, a prática consiste em restringir a liberdade da vítima no contexto da


prática do crime de roubo. Exemplo: o criminoso mantém a vítima presa no banheiro de imóvel
enquanto subtrai as pertenças. A restrição deve ser por tempo juridicamente relevante, afinal,
seja qual for o modo de execução do roubo, a vítima sempre terá sua liberdade limitada, ainda
que por curto período.
12. É aumentada a pena do roubo quando a subtração for de substâncias explosivas ou de
acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou empre-
go. Sobre o tema, leia os comentários feitos quando do estudo do artigo 155, § 7º, do CP.
13. O Pacote Anticrime reincluiu ao rol de causas de aumento de pena a majorante do
emprego de arma branca. O tema foi tratado com maior aprofundamento no primeiro tópico
deste material.
14. O § 3º traz causas de aumento de pena, e não qualificadoras do crime de roubo. A
fração de aumento é fixa, de dois terços, se na violência ou ameaça for empregada arma de
fogo de uso permitido, hipótese em que o crime é considerado hediondo, ou quando há des-
truição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análo-
go que cause perigo comum, redação idêntica à do § 4º-A do artigo 155, forma qualificada
do crime de furto.
15. Embora a majorante tenha a mesma redação da forma qualificada do furto, do artigo
155, § 4º-A, o legislador não incluiu o artigo 157, § 2º-A, II, ao rol dos crimes hediondos.

FURTO QUALIFICADO ROUBO CIRCUNSTANCIADO

Art. 157, § 2º-A A pena aumenta-se


Art. 155, § 4º-A A pena é de reclusão
de 2/3 (dois terços):
de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa,
II – se há destruição ou rompimento
se houver emprego de explosivo
de obstáculo mediante o emprego
ou de artefato análogo que cause
de explosivo ou de artefato análogo
perigo comum.
que cause perigo comum.

A pena máxima excede dezesseis


A pena máxima é de dez anos. anos (dez anos acrescidos de dois
terços).

É crime hediondo. Não é crime hediondo.

16. Por razão de proporcionalidade, o Pacote Anticrime adicionou nova causa de aumento
de pena ao crime de roubo, no artigo 157, § 2º-B, quando a pena será aplicada em dobro se a
violência ou grave ameaça for exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proi-
bido. De qualquer forma, seja qual for a arma de fogo empregada, o crime será hediondo (Lei
n. 8.072/90, art. 1º, II, “b).

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ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO EMPREGO DE ARMA DE FOGO

Arma de fogo de uso restrito ou


Arma de fogo de uso permitido
proibido

Artigo 157, § 2º-A, I, do CP. Artigo 157, § 2º-B, do CP.

Aumento de dois terços da pena. Pena – aplicada em dobro.

Crime hediondo. Crime hediondo.

17. O roubo é qualificado quando, em razão da violência empregada, e não da grave ame-
aça, a vítima sofre lesão corporal de natureza grave ou gravíssima (CP, art. 129, § 1º ou § 2º).
Se produzida apenas lesão corporal leve, o roubo a absorve (princípio da consunção). A lesão
corporal que qualifica o delito pode decorrer de dolo ou culpa. Portanto, é errado dizer que se
trata, necessariamente, de crime preterdoloso, quando o resultado agravador decorre apenas
de culpa. Ademais, vale ressaltar que, desde a entrada em vigor do Pacote Anticrime, passou a
ser crime hediondo.
18. O dispositivo trata do latrocínio, terminologia não adotada no Código Penal, mas am-
plamente utilizada em referência à forma qualificada do roubo. O crime é sempre hediondo,
consumado ou tentado.
19. A qualificadora é aplicável quando a morte decorrer de violência. Caso resulte de gra-
ve ameaça (ex.: a vítima infarta e morre), a qualificadora não será reconhecida. A morte pode
ser produzida por dolo ou culpa. Logo, não se trata, necessariamente, de crime preterdoloso.
Como é possível que o latrocínio resulte de dolo, admite-se a tentativa – basta que a vítima
sobreviva. Nesse sentido, veja a Súmula 610 do STF.

LATROCÍNIO

Súmula 610-STF: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma,


ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima.

Para a consumação do latrocínio, deve ser considerada a morte, se ocorreu


ou não, pouco importando a efetiva subtração da coisa móvel alheia.

Hipóteses:
(1) O criminoso tem êxito tanto na subtração quanto na morte (lembre-se,
estamos falando de dolo em ambos os resultados). O latrocínio é consumado.
(2) Embora a subtração tenha sido frustrada, a morte foi alcançada. O latrocínio
é consumado.
(3) A subtração e a morte são frustradas. O latrocínio é tentado.
(4) A subtração se consuma, mas a vítima sobrevive. Mais uma vez, latrocínio
tentado.

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2.4. Extorsão
Extorsão
Art. 158. Constranger1 alguém, mediante violência ou grave ameaça2, e com o intuito de obter para
si ou para outrem indevida vantagem econômica3, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer
alguma coisa:
Pena – reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena
de um terço até metade.4
§ 2º Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior.5-6
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é neces-
sária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos,
além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159,
§§ 2º e 3º, respectivamente.7-8

1. Embora tratados em um mesmo capítulo, a extorsão e o roubo não se confundem. No


roubo, o criminoso subtrai, toma da vítima, coisa móvel alheia. Na extorsão, a conduta mais
se assemelha ao crime de constrangimento ilegal, do artigo 146 do Código Penal. A vítima é
obrigada, mediante violência ou grave ameaça, a fazer, deixar de fazer ou tolerar que seja feito
alguma coisa. É delito contra o patrimônio porque o criminoso pratica a conduta com o intuito
de obter, para si ou para outrem, indevida vantagem econômica.
2. Sobre a violência e a grave ameaça, leia os comentários feitos ao artigo 157 do Có-
digo Penal.
3. É imprescindível que a vantagem econômica buscada pelo criminoso seja indevida. Se
legítima a pretensão, pode ficar caracterizado o crime de exercício arbitrário das próprias ra-
zões, do artigo 345 do CP.
4. A pena da extorsão é aumentada se praticada por duas ou mais pessoas em concurso
ou se houver emprego de arma – própria ou imprópria, de fogo ou branca.
5. Se, em razão da violência empregada no contexto da extorsão, a vítima sofrer lesão cor-
poral grave ou gravíssima (CP, art. 129, § 1º ou § 2º), a pena será de reclusão, de sete a dezoito
anos, e multa (CP, art. 157, § 3º, I). Caso, no entanto, morra, a pena será também de reclusão,
mas de vinte a trinta anos, e multa, a mesma do latrocínio (art. 157, § 3º, II).
6. O Pacote Anticrime retirou o artigo 158, § 2º, do rol dos crimes hediondos. Um dos cri-
mes mais graves do Código Penal, a forma qualificada da extorsão estava no rol desde a reda-
ção original da Lei n. 8.072/90.
7. O dispositivo trata do denominado sequestro-relâmpago, situação em que, no contexto
da extorsão, a vítima tem sua liberdade restringida. É o que acontece quando, mediante violên-
cia ou grave ameaça, o criminoso obriga a vítima a se deslocar até caixa eletrônico para que
faça saque bancário. Caso a vítima sofra lesão corporal grave ou gravíssima (CP, art. 129, § 1º
ou § 2º), a pena será de reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. Se morrer, a pena será
vinte e quatro a trinta anos.

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EXTORSÃO QUALIFICADA

Hipótese n. 1: em razão da violência empregada, a vítima sofre lesão corporal


de natureza grave ou gravíssima.
Pena – reclusão, de sete a dezoito anos, e multa.

Hipótese n. 2: em razão da violência empregada, a vítima morre.


Pena – reclusão, de vinte a trinta anos, e multa.

Hipótese n. 3: no contexto da extorsão, a vítima tem sua liberdade restringida.


Em consequência da prática delituosa, ela sofre lesão corporal de natureza
grave ou gravíssima.
Pena – reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.

Hipótese n. 4: no contexto da extorsão, a vítima tem sua liberdade restringida.


Em consequência da prática delituosa, ela morre.
Pena – reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.

8. Até a entrada em vigor do Pacote Anticrime, a qualificadora do § 3º não fazia com que a
extorsão fosse considerada crime hediondo, ainda que a vítima fosse morta. A Lei n. 13.964/19
desfez o equívoco, mas criou um problema: adicionou o § 3º do rol da Lei n. 8.072/90, mas
retirou o § 2º.

2.5. Extorsão mediante Sequestro


Extorsão mediante sequestro1
Art. 159. Sequestrar2 pessoa com o fim de obter3, para si ou para outrem, qualquer vantagem4,
como condição ou preço do resgate5:
Pena – reclusão, de oito a quinze anos.
§ 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito)
ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha.6
Pena – reclusão, de doze a vinte anos.
§ 2º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:7
Pena – reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
§ 3º Se resulta a morte:8
Pena – reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
§ 4º Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a
libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.9

1. O crime do artigo 159 do CP foi o motivo para a edição da Lei n. 8.072/90, a Lei dos
Crimes Hediondos, inicialmente denominada Lei Antissequestro. Isso ocorreu porque, nos
anos oitenta, a prática do delito virou epidemia em algumas cidades brasileiras – principal-
mente, no Rio de Janeiro. Desde o começo da década, havia muita pressão para que fosse
endurecida a punição do delito. O ápice foi atingido em 1989, após o sequestro do empresá-
rio Abílio Diniz.

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2. No sequestro, a vítima é privada de sua liberdade. Embora o Código Penal tenha utiliza-
do apenas a expressão sequestro, e não sequestro e cárcere privado, como o fez no artigo 148
do CP, não há dúvida de que a extorsão mediante sequestro também pode se dar por meio de
cárcere privado.
3. A consumação independe a efetiva obtenção da vantagem buscada pelo criminoso. Cri-
me formal, basta a privação da liberdade da vítima.
4. Apesar de a redação falar em qualquer vantagem, temos de considerar apenas a que
tenha natureza econômica, afinal, estamos tratando de crime contra o patrimônio.
5. Na extorsão mediante sequestro, a liberdade da vítima é utilizada como moeda de troca
para a obtenção de vantagem indevida pelo criminoso.

CONDIÇÃO DO RESGATE PREÇO DO RESGATE

É a exigência de comportamento,
positivo ou negativo, apto a proporcionar
obtenção de vantagem patrimonial pelo
criminoso. A conduta se assemelha à É o pagamento, em dinheiro ou em
extorsão (CP, art. 158), mas difere em algo que tenha natureza patrimonial,
relação à privação de liberdade de em troca da liberdade da vítima. Ex.: o
alguém, imposta como meio coercitivo pagamento de determinada quantia em
para que o sujeito passivo faça ou troca da libertação.
deixe de fazer alguma coisa. Ex.: exigir a
assinatura de um cheque como condição
para a soltura da vítima.

6. O § 1º descreve três formas qualificadas do crime de extorsão mediante sequestro: (a)


se o sequestro perdurar por mais de vinte e quatro horas; (b) se o sequestrado for menor de
dezoito ou maior de sessenta anos; (c) se o crime for cometido por bando ou quadrilha.

EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO

O sequestrado é menor
de dezoito ou maior
de sessenta anos: é
O sequestro dura mais
considerada a idade da Crime cometido por
de vinte e quatro horas:
vítima no momento em bando ou quadrilha:
o período é contado desde
da privação da liberdade. após a entrada em vigor da
o instante em que ocorre
No entanto, cuidado: Lei n. 12.850/13, o artigo
a privação de liberdade
a extorsão mediante 288 do CP a nomenclatura
da vítima, e tem por fim o
sequestro é crime bando ou quadrilha foi
momento em que ocorre a
permanente. Portanto, se a substituída por associação
libertação. Pouco importa
vítima for sequestrada, por criminosa. No entanto, isso
o momento em que
exemplo, aos cinquenta não impede a incidência
cumprida a condição ou
e nove anos de idade, da qualificadora.
pago o preço do resgate.
mas solta após completar
sessenta, deverá incidir a
qualificadora.
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7. Se da prática do delito decorre lesão corporal de natureza grave ou gravíssima (CP, art.
129, § 1º ou § 2º), a pena é de reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. Para que incida a
qualificadora, a lesão tem de ser suportada pela pessoa sequestrada. Ademais, a lesão pode
resultar de dolo ou culpa – logo, não se trata de crime necessariamente preterdoloso.
8. Se a pessoa sequestrada for morta, por dolo ou culpa, a pena será de reclusão, de vinte
e quatro a trinta anos. Se o resultado agravador que qualifica o delito decorrer de caso fortuito,
força maior ou culpa de terceiro, as qualificadoras não poderão ser aplicadas.
9. O § 4º traz hipótese de delação premiada, quando a pena deve ser diminuída, de um a
dois terços.

2.6. Extorsão Indireta


Extorsão indireta1
Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento
que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro: 2
Pena – reclusão, de um a três anos, e multa.

1. A extorsão indireta poderia estar no artigo 158 do CP, como forma privilegiada do crime
de extorsão. No entanto, o legislador preferiu criar um tipo penal específico. A pena, de um a
três anos, faz com que o crime seja compatível com a suspensão condicional do processo (Lei
n. 9.099/95, art. 89).
2. O criminoso, ciente da situação financeira aflitiva da vítima, dela exige ou recebe, como
garantia de dívida, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra ela ou con-
tra terceiro. Ou seja, o que o sujeito ativo busca é instrumento para chantagem futura, em caso
de inadimplemento da dívida.

2.7. Usurpação
CAPÍTULO III
DA USURPAÇÃO

Alteração de limites
Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória,
para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia:1
Pena – detenção, de um a seis meses, e multa.2
§ 1º Na mesma pena incorre quem:
Usurpação de águas
I – desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas alheias;3
Esbulho possessório
II – invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais de duas pesso-
as, terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.4
§ 2º Se o agente usa de violência, incorre também na pena a esta cominada.5
§ 3º Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência, somente se procede mediante
queixa.6

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1. O crime consiste em suprimir, eliminar, ou deslocar, mudar de lugar, marco, ou qualquer


outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel
alheia. O crime decorre de dolo. É atípica a modalidade culposa.
2. Crime de menor potencial ofensivo, o processo e julgamento compete ao Juizado Espe-
cial Criminal (Lei n. 9.099/95, art. 61). É possível composição civil dos danos, transação penal
e suspensão condicional do processo (idem, arts. 74, 76 e 89).
3. Figura equiparada à do caput, pratica o delito de usurpação de águas quem desvia (muda
o curso) ou represa (impede o curso), em proveito próprio ou de outrem, águas alheias. Crime
doloso, não admite a modalidade culposa.
4. Crime punido com a mesma pena da alteração de limites (caput), o sujeito ativo inva-
de, adentra sem autorização, à força, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou median-
te concurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, com o objetivo de esbulho
possessório.
5. Se houver emprego de violência, além das penas previstas para o crime de esbulho pos-
sessório, o sujeito ativo também será responsabilizado, em concurso material obrigatório, pelo
delito correspondente à violência praticada (lesão corporal, homicídio etc.).
6. Sendo a propriedade particular, a persecução penal se dá por ação penal privada, exceto
se houver emprego de violência.

2.8. Supressão ou Alteração de Marca de Animal


Supressão ou alteração de marca em animais
Art. 162. Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo
de propriedade:1
Pena – detenção, de seis meses a três anos, e multa.2

1. O crime consiste em suprimir (eliminar) ou alterar (modificar), indevidamente, marca ou


sinal indicativo da propriedade em gado ou rebanho alheio. O objetivo do sujeito ativo é dificul-
tar a identificação do animal, para que não se saiba a quem ele pertence.
2. Crime de médio potencial ofensivo, pois o processo e julgamento não competem a Jui-
zado Especial Criminal. Portanto, não são admitidas a composição civil dos danos e a transa-
ção penal, mas nada impede a suspensão condicional do processo, compatível com a pena
mínima imposta (Lei n. 9.099/95, arts. 61, 74, 76 e 89).

2.9. Dano
CAPÍTULO IV
DO DANO

Dano
Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:1-2-3-4
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.5

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Dano qualificado
Parágrafo único. Se o crime é cometido:
I – com violência à pessoa ou grave ameaça;6
II – com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave;7
III – contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia,
fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de
serviços públicos;8
IV – por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:9
Pena – detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à violência.10

1. Pratica o crime de dano quem destrói, inutiliza ou deteriora coisa alheia, que não precisa
ser, necessariamente, móvel.

DESTRUIR INUTILIZAR DETERIORAR

Embora não seja


destruída, a coisa se A coisa continua
A coisa móvel ou imóvel torna imprestável. Ex.: funcional, mas tem
deixa de existir. Ex.: quebrar o motor de um seu valor atingido
quebrar o vidro de uma automóvel. O fato de pela conduta. Ex.:
janela. ser possível o conserto riscar a lataria de um
não impede a punição automóvel.
pelo delito.

2. Crime doloso, é atípica a modalidade culposa.


3. Tipo penal misto alternativo, se praticados os verbos em um mesmo contexto fático,
apenas um crime será praticado (crime único). Ex.: inutiliza e, em seguida, destrói.
4. O crime te dano tem por objeto material coisa alheia. É atípica a conduta de destruir,
inutilizar ou deteriorar coisa própria, salvo na hipótese do artigo 171, § 2º, V, do CP (fraude para
recebimento de indenização ou valor de seguro).
5. Crime de menor potencial ofensivo, de competência do Juizado Especial Criminal. É
compatível com a composição civil dos danos, a transação penal e a suspensão condicional
do processo (Lei n. 9.099/95, arts. 61, 74, 76 e 89).
6. O dano é qualificado quando há emprego de violência ou grave ameaça. Naturalmente,
embora o dispositivo não diga, a violência a que se faz referência é a direcionada contra a pes-
soa, afinal, o crime de dano consiste, em si, em violência contra coisa. Se da violência resultar
lesão corporal ou homicídio, o sujeito ativo será também responsabilizado pelo crime violento,
em concurso material obrigatório.
7. Qualificadora expressamente subsidiária, o dano será afastado quando ficar caracteri-
zado crime mais grave. Por exemplo, um homicídio qualificado pelo emprego de explosivo (CP,
art. 121, § 2º, III).

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8. O crime de dano é qualificado quando praticado contra o patrimônio da União, de Estado,


do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, socieda-
de de economia mista ou empresa concessionária de serviços públicos. É uma das hipóteses
em que o crime de dano é de ação penal pública incondicionada.
9. O motivo egoístico é mesquinho, torpe, devendo ser punido com maior rigor. Também
qualifica o delito o prejuízo considerável para a vítima, algo a ser considerado pelo magistra-
do ao avaliar o caso concreto. É a única hipótese em que a persecução se dá por ação pe-
nal privada.
10. Por ter pena máxima superior a dois anos, o dano qualificado não é crime de menor
potencial ofensivo. Portanto, não é compatível com a composição civil dos danos ou com a
transação penal, mas admite a suspensão condicional do processo, pois a pena mínima não
excede um ano (Lei n. 9.099/95, arts. 61, 74, 76 e 89).

2.10. Introdução ou Abandono de Animais em Propriedade Alheia


Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia
Art. 164. Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem consentimento de quem de direi-
to, desde que o fato resulte prejuízo:1
Pena – detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa.2

1. Crime de ação penal privada, a conduta consiste em introduzir (colocar no interior) ou


deixar (abandonar) animais em propriedade alheia, sem consentimento de quem de direito.
Crime material, a consumação ocorre com o efetivo prejuízo.
2. Crime de menor potencial ofensivo, de competência do Juizado Especial Criminal, podem
ser aplicados todos os institutos despenalizadores da Lei n. 9.099/95 (arts. 61, 74, 76 e 89).

2.11. Dano em Coisa de Valor Artístico, Arqueológico ou Histórico


Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico1
Art. 165. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade competente em virtude de
valor artístico, arqueológico ou histórico:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

1. Crime tacitamente revogado pelo artigo 62 da Lei n. 9.605/98.

2.12. Alteração de Local Especialmente Protegido


Alteração de local especialmente protegido
Art. 166. Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local especialmente protegi-
do por lei:1
Pena – detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Ação penal
Art. 167. Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo e do art. 164, somente se procede
mediante queixa.2

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1. Crime tacitamente revogado pelo artigo 63 da Lei n. 9.605/98.


2. O dano simples (CP, art. 163, caput), o dano qualificado por motivo egoístico ou com
prejuízo considerável para a vítima (CP, art. 163, parágrafo único, IV) e a introdução ou abando-
no de animais em propriedade alheia (CP, art. 164) são de ação penal privada. Para as demais
hipóteses, a ação penal é pública incondicionada.

3. Sinopse
3.1. Furto (CP, Art. 155)
3.1.1. Conduta

O furto consiste em subtrair, tomar algo de alguém – mesmo verbo nuclear do roubo (CP,
art. 157). No entanto, os delitos não se confundem, pois no roubo há emprego de violência ou
grave ameaça. A pena é de reclusão, de um a quatro anos, e multa, compatível com a suspen-
são condicional do processo (Lei n. 9.099/95, art. 89), embora não se trate de crime de menor
potencial ofensivo (Lei n. 9.099/95, art. 61).

A violência que distingue o furto do roubo é aquela empregada contra a pessoa. Não deixa de
ser furto se o emprego de violência for contra coisa. Caso contrário, praticaria roubo, e não
furto, quem emprega explosivo em caixa-eletrônico (CP, art. 155, § 4º-A).

A importância do verbo nuclear. Em provas, as bancas pedem com frequência a distinção


do furto em relação a outros crimes contra o patrimônio. Para não errar, dê especial atenção
ao verbo utilizado no enunciado da questão. Entenda:
• No furto, no furto de coisa comum e no roubo (arts. 155, 156 e 157), o agente subtrai,
toma a coisa da vítima contra a sua vontade. É o meio utilizado pelo criminoso para ob-
ter a vantagem indevida;
• Na apropriação indébita (art. 168), como o próprio nome transparece, o agente se apro-
pria da coisa. Ou seja, ao tê-la de legitimamente em seu poder, decide dela se tornar
dono (ex.: após pegar algo emprestado, decide não devolver).
• No estelionato (art. 171), o agente obtém a coisa. A vítima a entrega ao criminoso por-
que quer, mas há um problema: ele a induziu em erro. Portanto, embora a vítima pareça
ter agido voluntariamente, o seu querer foi viciado (ex.: enviar e-mail falso, fazendo se
passar por empresa de comércio online, para obter informações da vítima).

3.1.2. Bem Jurídico

O artigo 155 do CP tutela o patrimônio, tanto em relação à propriedade quanto à pos-


se legítima.

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3.1.3. Objeto Material

É a coisa alheia móvel.


Coisa alheia: o verbo subtrair significa tirar algo de alguém. Portanto, não posso subtrair
algo que a mim pertence. Para reforçar essa conclusão, o caput do artigo 155 diz, expressa-
mente, que o objeto material do crime de furto é a coisa alheia móvel, aquela pertencente a
pessoa diversa de quem toma a coisa para si. Até aqui, nada além do óbvio. No entanto, há
alguns pontos que me preocupam em relação ao assunto. Fique atento(a):
• O artigo 156 do CP tipifica o denominado furto de coisa comum, em que a conduta é
praticada por condômino, coerdeiro ou sócio em detrimento dos seus pares – os de-
mais condôminos, coerdeiros ou sócios. Ou seja, no furto de coisa comum, a coisa
é parcialmente alheia, o que não acontece no furto, em que a coisa é integralmente
alheia;
• Não há furto quando a coisa não tem dono (res nullius) ou está abandonada (res derelic-
ta). Portanto, se encontro algo no lixo, posso dela em apropriar;
• Em relação à coisa perdida (res desperdicta), se dela me aproprio, pratico o crime de
apropriação de coisa achada, do artigo 169, II, do CP. Contudo, cuidado: coisa perdida é
aquela cujo dono é desconhecido. Se observo o momento em que alguém esquece um
objeto e, logo depois, o subtraio, fica caracterizado o crime de furto;
• Não é possível o furto de coisas de uso comum (res communes ominium), aquelas per-
tencentes a todos – a água do oceano, por exemplo. Entretanto, se destacadas do lugar
de origem e exploradas por alguém, pode ficar caracterizado o delito (ex.: exploração de
gás natural).

A coisa de uso comum, sem dono ou abandonada não pode ser objeto material do crime de fur-
to enquanto não convertida em coisa alheia. Não pratica o crime de furto quem pesca peixes
do oceano, mas comete o delito quem os furta do pescador.

Coisa móvel. Se, em relação ao conceito de coisa alheia, não há o que discutir, o conceito
de coisa móvel não é tão simples. Veja, por exemplo, o artigo 81 do Código Civil, que estabe-
lece hipóteses em que coisas são consideradas imóveis em razão de expressa previsão legal,
embora possível transferi-las de um lugar para outro:

Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:


I – as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para
outro local;
II – os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.

Para o crime de furto, pouco importa o artigo 81 do CC. Se for possível retirar de um lugar
e levar para outro, a coisa pode ser furtada. Exemplo: recentemente, na China, um prédio de
cinco andares, com sete mil toneladas, foi transferido de um endereço para outro. A operação durou

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dezoito dias. Imagine que, na noite do primeiro dia, Tício decide furtar o edifício, enquanto po-
sicionado sobre os trilhos deslizantes que viabilizaram o transporte da enorme construção. Ele
será responsabilizado por furto? Sim, sem dúvida, afinal, a coisa é alheia e móvel.
E a energia elétrica, é possível furtá-la? Sim, afinal, o artigo 155, § 3º, do CP, norma penal
explicativa, afirma que, para o reconhecimento da prática do delito, equipara-se à coisa móvel a
energia elétrica. Contudo, o dispositivo também fala em qualquer outra energia, além da elétri-
ca, desde que tenha valor econômico. Dentre as várias energias existentes, questão polêmica
diz respeito à captação clandestina de sinal de televisão fechada (ex.: SKY). Haveria furto? A
solução foi dada pelo STF:

JURISPRUDÊNCIA
1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça se inclinava no sentido de que o furto
de sinal de televisão por assinatura se enquadraria na figura típica do art. 155, § 3º, do
Código Penal. 2. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do HC n.º 97.261/RS, enten-
deu que o sinal de televisão não se equipararia à energia elétrica, bem assim que não
haveria subtração na hipótese de captação indevida de sinal, motivo pelo qual a conduta
não se amoldaria ao crime do art. 155, § 3º, do Código Penal. Asseverou também que a
ausência de previsão de sanção no art. 35 da Lei n.º 8.977/1995, que definiu a captação
clandestina de sinal como ilícito penal, somente poderia ser suprida por outra lei, não
podendo ser utilizado o preceito secundário de outro tipo penal, sob pena de haver inde-
vida analogia in malam partem. Precedente da Sexta Turma desta Corte Superior. (STJ,
REsp 1.838.056/RJ)

Ocorre furto de energia elétrica na hipótese do gato, quando ocorre o desvio da energia elé-
trica. Exemplo: conectar um cabo diretamente à rede elétrica, sem que passe pelo medidor
de consumo. Situação diversa ocorre quando o medidor (relógio) é modificado para calcular,
a menor, o consumo de energia elétrica, hipótese em que o crime será o de estelionato, pois
houve emprego de fraude para a obtenção da energia.

Princípio da insignificância. Há algum tempo, um caso tomou as redes sociais: uma ação
penal proposta em razão do furto de duas galinhas havia chegado ao STF. Todos muito revol-
tados, afinal, no país em que corruptos ficam impunes, o ladrão de galinha seria julgado pela
Corte Suprema. Embora compreenda o sentimento geral em relação a esse caso, é preciso ter
cuidado, pois o valor econômico da coisa não é o único critério a ser observado ao se reconhe-
cer o princípio da insignificância. Veja os seguintes exemplos:
• João tenta, há meses, encontrar um emprego. Sem saber como pagar o aluguel do mês,
furtou algumas galinhas de um grande criador de galináceos, no total de cento reais
(menos de dez por cento do salário mínimo atual);

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• João tenta, há meses, encontrar um emprego. Sem saber como pagar o aluguel do mês,
furtou algumas galinhas de Francisco, homem de poucas posses, que sustenta sua fa-
mília com o valor obtido com a venda dos animais. As aves subtraídas equivalem a um
total de cem reais (menos de dez por cento do salário mínimo atual).

Com base nas situações propostas, é possível entender o que direi. Dois furtos em que a
res furtiva corresponde a um mesmo valor. No entanto, no primeiro, o bem jurídico tutelado (pa-
trimônio) não sofreu danos relevantes, o que não pode ser dito em relação ao outro, em que as
galinhas representam fração importante do conjunto de bens da vítima. Ou seja, nem sempre
um furto de galinhas será irrelevante.
Tendo isso em mente, os Tribunais Superiores fixaram os seguintes vetores que devem ser
observados para que seja possível o reconhecimento da insignificância:
• a mínima ofensividade da conduta do agente,
• a nenhuma periculosidade social da ação,
• o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e
• a inexpressividade da lesão jurídica provocada.

Portanto, o princípio da insignificância ou da bagatela não se resume ao valor do objeto


material. Devem estar presentes os parâmetros ou vetores. Para concursos públicos, tente me-
morizá-los, pois são cobrados com frequência. Não se preocupe em saber distingui-los. Reco-
nhecida a insignificância, a conduta deve ser considerada atípica – falta-lhe tipicidade material.

JURISPRUDÊNCIA
A jurisprudência desta Quinta Turma reconhece que o princípio da insignificância não
tem aplicabilidade em casos de reiteração da conduta delitiva, salvo excepcionalmente,
quando as instâncias ordinárias entenderem ser tal medida recomendável diante das cir-
cunstâncias concretas. Na hipótese, tendo em vista o valor da res furtivae, avaliada em R$
107,67, portanto, superior a 10% do salário-mínimo à época do fato, em 2019, que corres-
pondia a R$ 998,00, resta superado o critério adotado pela jurisprudência e, ausente, pois,
o requisito da inexpressividade da lesão ao bem jurídico. Tais circunstâncias, decerto,
obstam o reconhecimento da atipicidade material. (STJ, AgRg no HC 626.351/SC)

Há incontáveis julgados – do STJ, principalmente – sobre quais crimes são ou não compatí-
veis com o princípio da insignificância. Para provas CESPE/CEBRASPE, é importante conhe-
cer as principais hipóteses (ex.: descaminho, contrabando, tráfico de drogas etc.). Acesse o
site do STJ e procure por insignificância no campo de busca por informativos.

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Furto famélico. Ocorre o furto famélico quando a subtração é de alimentos e a conduta


é praticada por quem, com fome, em situação de extrema penúria, não vê alternativa para se
manter vivo. É o que acontece quando um pai subtrai algumas salsichas para ter o que dar
aos filhos famintos. Caso caia em sua prova hipótese semelhante, será questionado se deve
ser reconhecida a insignificância. Diga que não. É pegadinha. Em vez do princípio da bagate-
la, diga que deve ser reconhecido o estado de necessidade (CP, art. 24), causa de exclusão
da ilicitude.

3.1.4. Sujeitos do crime

Crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa, exceto, é claro, o proprietário da
coisa. Se o criminoso for pessoa de confiança da vítima, e tirar proveito para a prática do de-
lito, deve ser reconhecida a qualificadora do abuso de confiança (CP, art. 155, § 4º, II). Além
disso, se a subtração for praticada por funcionário público, valendo-se de facilidade que lhe
proporciona a qualidade de funcionário, o crime será o de peculato-furto (CP, art. 312, § 1º).
O sujeito passivo deve ser o proprietário ou possuidor da coisa alheia móvel, pessoa físi-
ca ou jurídica. O mero detentor da coisa não pode ser considerado sujeito passivo do delito.
É irrelevante a identificação da vítima para que o agente seja responsabilizado pelo furto
praticado. Portanto, comprovado ter havido o furto, o ladrão será por ele punido, ainda que
nunca se descubra de quem é a coisa subtraída.

Os artigos 181, 182 e 183 do CP são campeões em concursos públicos. Sempre são cobra-
dos, seja qual for o cargo em disputa. Segundo o artigo 181, é isento de pena quem comete
qualquer dos crimes contra o patrimônio em prejuízo: (a) do cônjuge, na constância da so-
ciedade conjugal; (b) de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo,
seja civil ou natural. Entretanto, deve ser afastada a incidência do dispositivo quando: (1)
houver emprego de violência ou grave ameaça (ex.: roubo); (2) se tratar de pessoa que não
se encaixe nas hipóteses do artigo 181; (3) a vítima é pessoa com sessenta anos ou mais.

3.1.5. Elemento Subjetivo

É o dolo (animus furandi), acrescido de um especial fim de agir (para si ou para outrem).
Não é típica a modalidade culposa.
Erro de tipo essencial. O fato de ser crime doloso tem impacto direto no erro de tipo es-
sencial ou erro sobre elemento constitutivo do tipo legal (expressão adotada pelo CP), pois o
agente deve ser punido a título de culpa quando se tratar de erro evitável ou inescusável (CP,
art. 20, caput). Para melhor compreender o tema, veja o esquema a seguir.

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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte I
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Furto de uso. Imagine a seguinte situação: Mariana estava na faculdade e, no intervalo en-
tre as aulas, decidiu ir caminhando até sua casa, localizada a pouco mais de um quilômetro de
distância. Ao sair do prédio, ela percebeu que havia uma bicicleta – provavelmente, de algum
aluno – sem cadeado ou qualquer proteção. Sem pensar duas vezes, montou na bicicleta, foi
até em casa e, por fim, retornou à faculdade, quando devolveu a bicicleta ao lugar onde a havia
encontrado, sem qualquer dano. No exemplo, Mariana deve ser punida pelo crime de furto?
Não, pois ausente o animus rem sibi habendi em sua conduta. Ou seja, não houve, em momento
algum, a vontade de se tornar dona da coisa, mas apenas de utilizá-la momentaneamente – o
denominado furto de uso.

JURISPRUDÊNCIA
1. O chamado furto de uso se caracteriza pela ausência de ânimo de permanecer na
posse do bem subtraído, que se demonstra com a rápida, voluntária e integral restituição
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Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte I
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da coisa, antes que a vítima perceba a subtração do bem. 2. De acordo com os autos,
não há elementos que apontem para a ausência de intenção de apossamento definitivo
do bem por parte do acusado, razão pela qual a condenação por furto foi mantida pelo
Colegiado estadual. (STJ, AgRg no AREsp 1.175.880/PE)

3.1.6. Consumação e Tentativa

O furto é crime material, que depende de resultado naturalístico para que se consume. Con-
tudo, definir o momento da efetiva subtração não é tarefa das mais simples. Basta que o ladrão
tenha contato físico com a coisa? É necessária a posse mansa e pacífica? Há cinco principais
teorias a respeito. Entenda:

CONCRETATIO AMOTIO / APPREHENSIO ABLATIO ILATIO

A consumação ocorre
com a inversão da posse,
A consumação
tornando-se o agente A consumação
A consumação se se dá quando
efetivo possuidor da coisa, se dá quando a
dá pelo simples a coisa é
ainda que não seja de forma coisa, além de
contato entre o transportada
mansa e pacífica, sendo apreendida, é
agente e a coisa ao local
prescindível que o objeto transportada de
alheia. Se tocou, desejado pelo
subtraído saia da esfera de um lugar para
já consumou. agente para tê-
vigilância da vítima ou que outro.
la a salvo.
seja devolvido pouco tempo
depois.

Teoria adotada pela


jurisprudência.

Para os Tribunais Superiores, o momento consumativo do crime de furto (e também de rou-


bo) se dá pela teoria da amotio, segundo a qual a consumação ocorre no momento da inversão
da posse, tornando-se o agente efetivo possuidor da coisa, ainda que não seja de forma mansa
e pacífica, sendo prescindível que o objeto subtraído saia da esfera de vigilância da vítima ou
que seja devolvido pouco tempo depois. A tentativa é possível. Cuidado: em alguns manuais,
é feita a distinção entre as teorias da amotio e da apprehensio. O STJ, no entanto, utiliza as
expressões como sinônimas.

JURISPRUDÊNCIA
É firme o entendimento nesta Corte Superior de que, em face da adoção da teoria da
“apprehensio” (ou “amotio”), considera-se consumado o delito de furto quando, cessada

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a clandestinidade, o agente detenha a posse de fato sobre o bem, ainda que seja possível
à vitima retomá-lo, por ato seu ou de terceiro, em virtude de perseguição imediata. (STJ,
REsp 1.524.450/RJ)

Crime impossível. Imagine que, enquanto furta pequenos objetos de uma loja, Antônio é
observado por vigilantes por meio de câmeras de segurança, que aguardam o melhor momen-
to para surpreendê-lo com a res furtiva. No exemplo, houve crime impossível (CP, art. 17)? Para
o STJ, não. O tema é objeto da Súmula 567 da Corte Superior.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 567, STJ
Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segu-
rança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configu-
ração do crime de furto.

3.1.7. Ação Penal

O furto é crime de ação penal pública incondicionada, exceto nas hipóteses do artigo
182 do CP.

3.1.8. Causa de Aumento de Pena

A pena do furto é aumentada de um terço se o crime for praticado durante o repouso no-
turno. Pune-se com maior rigor o criminoso por tirar vantagem do momento em que as pes-
soas não podem vigiar seus bens como o fazem durante o dia, afinal, estão dormindo. Para a
incidência da causa de aumento, temos de definir qual período do dia corresponde ao período
noturno. De 20h às 6h? De 22h às 5h? No momento em que o sol se põe? Não existe uma res-
posta objetiva para a pergunta, que demanda juízo de valor, devendo ser avaliada caso a caso.
Isso porque o repouso noturno não é igual para todos os lugares – basta comparar o período
de repouso entre as zonas urbana e rural. Por isso, as bancas não podem exigir do candidato a
análise de um caso específico, afinal, não existe resposta determinada.

JURISPRUDÊNCIA
A causa de aumento de pena prevista no § 1º do art. 155 do CP – que se refere à prática
do crime durante o repouso noturno – é aplicável tanto na forma simples (caput) quanto
na forma qualificada (§ 4º) do delito de furto. (STJ, HC 306.450/SP)
A jurisprudência desta Corte Superior é firme no sentido de que, para aplicação da majo-
rante do § 1º do art. 155 do Código Penal, basta que o furto seja praticado durante o

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repouso noturno, ainda que o local dos fatos seja estabelecimento comercial ou residên-
cia desabitada, tendo em vista que a lei não faz referência ao local do crime. (STJ, AgRg
no REsp 1.851.700/DF)
Para a configuração da circunstância majorante do § 1º do art. 155 do Código Penal,
basta que a conduta delitiva tenha sido praticada durante o repouso noturno, dada a
maior precariedade da vigilância e a defesa do patrimônio durante tal período, e, por con-
sectário, a maior probabilidade de êxito na empreitada criminosa, sendo irrelevante o
fato das vítimas não estarem dormindo no momento do crime. (AgRg nos EDcl no REsp
1.849.490/MS)

3.1.9. Causa de Diminuição de Pena

O § 2º do artigo 155 traz de causa de diminuição de pena conhecida como furto privilegia-
do. Segundo o dispositivo, se o criminoso for primário, e for de pequeno valor a coisa furtada,
o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou
aplicar somente a pena de multa. Portanto, são dois os requisitos cumulativos para o reconhe-
cimento do furto privilegiado:
• primariedade do agente (não reincidente);
• pequeno valor da coisa furtada.

Furto privilegiado-qualificado:

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JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 511, STJ
É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de
crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno
valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva.

É possível o reconhecimento da causa de diminuição prevista no § 2º do art. 155 (furto


privilegiado) em conjunto com as qualificadoras do furto, desde que tenham natureza objeti-
va – tratam do meio ou modo de execução do delito. Portanto, é possível que o furto seja, ao
mesmo tempo, privilegiado (desde que presentes os parâmetros do § 2º) e qualificado, ou pri-
vilegiado-qualificado, também intitulado híbrido. Todavia, não é admitida a aplicação da causa
de diminuição de pena se a qualificadora for de ordem subjetiva – aquelas de índole subjetiva,
a exemplo do abuso de confiança (art. 155, § 4º, II).

3.1.10. Qualificadoras

Dizemos qualificado o crime quando, para hipótese mais gravosa, a lei estabelece penas
mínima e máxima mais altas do que a figura simples. No furto simples, a pena é de reclusão,
de um a quatro anos, e multa. No entanto, se houver emprego de explosivo, a pena passa a
ser de quatro a dez anos, tão alta quanto a do estupro. Como o artigo 155 do CP traz várias
qualificadoras, o ideal é o estudo em conjunto, para não as confundir. Veja o esquema a seguir.

QUALIFICADORA PENA OBSERVAÇÃO


Se a subtração for de
semovente domesticável
Reclusão, de
de produção, ainda
dois a cinco O furto de gado é denominado abigeato.
que abatido ou dividido
anos.
em partes no local da
subtração (§ 6º).
Se a violência for empregada contra a coisa que se
Com destruição Reclusão, pretende furtar, a qualificadora não deve incidir.
ou rompimento de de dois a Exemplo: quebrar o vidro de um automóvel para
obstáculo à subtração da oito anos, e furtá-lo. No entanto, se o vidro for quebrado para
coisa (§ 4º, I). multa. furtar algo no interior do veículo (e não ele próprio),
a qualificadora deve ser reconhecida.

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QUALIFICADORA PENA OBSERVAÇÃO


(1) Abuso de confiança: não se comunica em hipótese
de concurso de pessoas. Exemplo: João e Maria
praticam, em concurso, um furto – ela goza da
confiança da vítima; ele, não. A qualificadora do abuso
de confiança não será a ele aplicada (CP, art. 30).
(2) Fraude: cuidado para não confundir o furto
qualificado pela fraude com o crime de estelionato
(CP, art. 171). Exemplos:
(a) João e Maria decidem furtar um automóvel
de uma concessionária. Enquanto Maria distrai o
vendedor, João subtrai o veículo. Ou seja: a coisa não
foi entregue a João, que a tomou da concessionária.
Com abuso de confiança, Reclusão,
Houve furto qualificado pela fraude.
ou mediante fraude, de dois a
(b) João e Maria se dirigem até uma concessionária
escalada ou destreza (§ oito anos, e
e pedem para fazer um test-drive. Todavia, tudo
4º, II). multa.
não passa de um golpe, e o casal desaparece com
o veículo. Note que, aqui, não houve subtração. O
veículo foi entregue aos criminosos por meio de
fraude. Houve estelionato.
(3) A escalada é a utilização de uma via anormal para
ingresso no local em que se encontra a coisa a ser
subtraída (ex.: por via subterrânea).
(4) A destreza consiste em emprego de alguma
habilidade extraordinária pelo criminoso. Exemplo:
o batedor de carteira que consegue, em movimento
imperceptível, subtrair a carteira que a vítima traz
junto ao corpo.
O instrumento não precisa ter, necessariamente,
Reclusão,
formato de chave (gazua, chave mixa etc.). Ademais,
Com emprego de chave de dois a
também deve ser considerada chave falsa aquela
falsa (§ 4º, III). oito anos, e
copiada da verdadeira sem autorização do seu
multa.
titular.
Reclusão,
Mediante concurso de Deve ser reconhecida a qualificadora quando
de dois a
duas ou mais pessoas (§ praticado o crime em concurso com inimputável (ex.:
oito anos, e
4º, IV). adolescente). Leia a Súmula 442-STJ.
multa.
Se a subtração for de
veículo automotor que Reclusão, de
Para que seja aplicada a qualificadora, é
venha a ser transportado três a oito
imprescindível a efetiva transposição da fronteira.
para outro Estado ou anos.
para o exterior (§ 5º).
Se houver emprego de Reclusão,
explosivo ou de artefato de quatro a
É crime hediondo.
análogo que cause dez anos, e
perigo comum. multa.

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QUALIFICADORA PENA OBSERVAÇÃO


Se a subtração for de
substâncias explosivas
ou de acessórios Reclusão,
que, conjunta ou de quatro a
Não é crime hediondo.
isoladamente, dez anos, e
possibilitem sua multa.
fabricação, montagem
ou emprego.

QUADRO SINÓTICO
CLASSIFICAÇÃO
Comum: pode ser praticado por qualquer pessoa.
Material: a consumação depende da produção de resultado naturalístico.
De forma livre: a lei não estabelece a forma de execução.
Simples: tutela apenas um bem jurídico.
Comissivo ou omissivo: em regra, é praticado por ação, exceto na omissão imprópria (CP,
art. 13, § 2º).
Unissubjetivo: pode ou não ser praticado em concurso de pessoas.
Instantâneo ou permanente: consuma-se de imediato, exceto na hipótese do § 3º, quando
a consumação se prolonga no tempo.
Plurissubsistente: é possível o fracionamento da conduta, o que faz com que seja viável a
tentativa.
De dano: a consumação exige efetiva violação do bem jurídico tutelado. Não é suficiente a
mera exposição a perigo.
Não transeunte: deixa vestígios.
Doloso: não é admitida a modalidade culposa.

PENAS
Modalidade simples (art. 155, caput): reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Modalidades qualificadas (art. 155, § 4º, § 4º-A, § 5º, § 6º e § 7º):
(a) Com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa: reclusão, de dois a oito
anos, e multa;
(b) Com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza: reclusão, de dois a
oito anos, e multa;
(c) Com emprego de chave falsa: reclusão, de dois a oito anos, e multa;
(d) Mediante concurso de duas ou mais pessoas: reclusão, de dois a oito anos, e multa;
(e) Se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum:
reclusão, de quatro a dez anos, e multa;
(f) Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado
ou para o exterior: reclusão, de três a oito anos;
(g) Se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido
em partes no local da subtração: reclusão, de dois a cinco anos;
(h) Se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou
isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego: reclusão, de quatro a dez
anos, e multa.

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AUMENTO DE PENA
Repouso noturno: a pena é aumentada de um terço se o crime for praticado durante o
repouso noturno.
DIMINUIÇÃO DE PENA
Furto privilegiado: se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz
pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou
aplicar somente a pena de multa.
SUJEITOS
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito passivo: qualquer pessoa.
ELEMENTO SUBJETIVO
É o dolo. É atípica a modalidade culposa.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Tema polêmico, prevalece o entendimento de que a consumação ocorre quando o sujeito
obtém a posse da coisa, ainda que não seja mansa e pacífica (amotio ou aprehensio). Crime
material, depende da produção de resultado naturalístico. A tentativa é possível.
AÇÃO PENAL
Crime de ação penal pública incondicionada, salvo nas hipóteses do artigo 182 do CP.

3.2. Furto de Coisa Comum (CP, Art. 156)


3.2.1. Conduta

O crime consiste em subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a


quem legitimamente a detém, a coisa comum. A pena é de detenção, de 6 meses a 2 anos, ou
multa. Crime de menor potencial ofensivo, deve ser processado e julgado por Juizado Especial
Criminal. Além disso, é compatível com transação penal e suspensão condicional do processo
(Lei n. 9.099/95, arts. 61, 76 e 89).

3.2.2. Bem Jurídico Tutelado

O patrimônio.

3.2.3. Objeto Material

A coisa alheia móvel subtraída.

3.2.4. Sujeitos do Crime

Crime próprio, somente pode ser praticado pelo condômino, coerdeiro ou sócio. O sujeito
passivo é pessoa que ostenta a mesma qualidade pessoal do sujeito ativo – condômino, coer-
deiro ou sócio.
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3.2.5. Elemento Subjetivo

É o dolo. Exige-se dolo específico (para si ou para outrem). É atípica a modalidade culposa.

3.2.6. Consumação e Tentativa

Crime material, consuma-se no momento da inversão da posse. Não é necessária a posse


mansa e pacífica. A tentativa é possível.

3.2.7. Ação Penal

É crime de ação penal pública condicionada à representação.

3.2.8. Exclusão da Ilicitude

Não é ilícita a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que
tem direito o agente – fungível é a coisa que pode ser substituída por outra de mesma espécie,
quantidade e qualidade (ex.: dinheiro).

QUADRO SINÓTICO
CLASSIFICAÇÃO
Próprio: tem de ser praticado por condômino, coerdeiro ou sócio.
Material: a consumação depende da produção de resultado naturalístico.
De forma livre: a lei não estabelece a forma de execução.
Simples: tutela apenas um bem jurídico.
Comissivo ou omissivo: em regra, é praticado por ação, exceto na omissão imprópria
(CP, art. 13, § 2º).
Unissubjetivo: pode ou não ser praticado em concurso de pessoas.
Instantâneo: consuma-se de imediato.
Plurissubsistente: é possível o fracionamento da conduta, o que faz com que seja viável
a tentativa.
De dano: a consumação exige efetiva violação do bem jurídico tutelado. Não é suficiente
a mera exposição a perigo.
Não transeunte: deixa vestígios.
Doloso: não é admitida a modalidade culposa.
PENAS
Detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
EXCLUSÃO DA ILICITUDE
Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que
tem direito o agente.

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QUADRO SINÓTICO
SUJEITOS
Sujeito ativo: o condômino, coerdeiro ou sócio.
Sujeito passivo: da mesma forma, o condômino, coerdeiro ou sócio.
ELEMENTO SUBJETIVO
É o dolo. É atípica a modalidade culposa.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
A consumação ocorre independentemente da mansa e pacífica. Crime material, depende
da produção de resultado naturalístico. A tentativa é possível.
AÇÃO PENAL
Ação penal pública condicionada à representação.

3.3. Roubo (CP, Art. 157)


3.3.1. Conduta

O roubo é a junção do crime de furto (CP, art. 155) com a lesão corporal (CP, art. 129) ou com
a ameaça (CP, art. 147), pois a conduta consiste em subtrair coisa móvel alheia, para si ou para ou-
trem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzi-
do à impossibilidade de resistência. Por ser a união de condutas tipificadas em outros dispositivos,
o roubo é classificado como crime complexo. Punido com pena de reclusão, de quatro a dez anos, e
multa, não é compatível com o acordo de não persecução penal (CPP, art. 28-A) por duas razões: a
pena mínima não é inferior a quatro anos e é crime praticado com violência ou grave ameaça.
Roubo próprio, roubo impróprio, violência própria e violência imprópria. É preciso ter cui-
dado para não fazer confusão entre roubo próprio, roubo impróprio, violência própria e violência
imprópria, conceitos que não se confundem. Sobre a violência empregada na prática do roubo,
ela pode ser própria, quando há emprego de força física contra a vítima (por vias de fato ou le-
são corporal) no contexto da prática do delito, ou imprópria, quando utilizado qualquer meio que
reduza a vítima à impossibilidade de resistência (parte final do caput do artigo 157). Exemplos:
• Para evitar que a vítima consiga se defender do roubo, o criminoso a agride com coro-
nhadas (violência própria);
• O criminoso dopa a vítima (ex.: o golpe Boa Noite, Cinderela) para, em seguida, subtrair
seus bens (violência imprópria). É aqui onde reside a pegadinha: por não ter existido vio-
lência própria, muitos imaginam se tratar de furto (CP, art. 155).

Além disso, o roubo pode ser próprio (art. 157, caput) ou impróprio (art. 157, § 1º). A dife-
rença: no roubo impróprio, o agente desejava praticar, inicialmente, o crime de furto (CP, art.
155) – subtrair coisa alheia móvel, mas sem violência ou grave ameaça. Todavia, subtraída a
coisa, ele se vê obrigado a empregar violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de
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assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. Ex.: logo de-
pois da subtração, a vítima percebe o ocorrido e reage, momento em que o criminoso a agride
para garantir a detenção do produto do crime.

3.3.2. Bem Jurídico

Crime pluriofensivo, o tipo penal tutela o patrimônio e a integridade física (violência) ou o


patrimônio e a liberdade individual (grave ameaça).

3.3.3. Objeto Material

É a coisa móvel alheia. Para não ser repetitivo, veja o que foi falado a respeito do assunto
no estudo do furto (CP, art. 155).

3.3.4. Sujeitos do Crime

Crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. A vítima, a princípio é apenas o
proprietário ou possuidor do objeto material. No entanto, também pode ser sujeito passivo do
roubo quem é atingido pela violência ou grave ameaça, embora não seja o dono da coisa – por
exemplo, alguém contratado para transportar mercadoria.

3.3.5. Elemento Subjetivo

É o dolo, acrescido de um especial fim de agir (para si ou para outrem). Não existe rou-
bo culposo.

3.3.6. Consumação e Tentativa

Crime material, consuma-se no momento em que ocorre a inversão da posse do bem, me-
diante emprego de violência ou grave ameaça, pouco importando a posse mansa e pacífica
ou desvigiada – adotou-se a teoria da apprehensio (ou amotio). O assunto já foi polêmico,
mas, após reiterados julgados, o STJ engessou o debate por meio da Súmula 582. A tentativa
é possível.

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Súmula n. 582, STJ
Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de
violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição ime-
diata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e
pacífica ou desvigiada.

3.3.7. Ação Penal

É sempre pública incondicionada, sem exceção – veja os artigos 182 e 183, I, do CP.

3.3.8. Causas de Aumento de Pena

Os parágrafos 2º, 2º-A e 2º-B estabelecem uma série de causas de aumento de pena, que
fazem com que a pena seja exasperada de um terço até o dobro. Da mesma forma como fize-
mos no furto, faremos o estudo conjunto para não as confundir.

ROUBO CIRCUNSTANCIADO AUMENTO COMENTÁRIO

Aplica-se a majorante ainda que


Se há o concurso de duas ou
1/3 – 1/2 o comparsa seja inimputável (ex.:
mais pessoas (§ 2º, II).
adolescente).

Se a vítima está em serviço Não precisa ser, necessariamente,


de transporte de valores transporte de dinheiro. Pode ser
1/3 – 1/2
e o agente conhece tal qualquer bem de cunho econômico (ex.:
circunstância (§ 2º, III). cosméticos).

Se a subtração for de veículo


automotor que venha a ser É imprescindível a efetiva transposição a
1/3 – 1/2
transportado para outro Estado fronteira.
ou para o exterior (§ 2º, IV).

Se o agente mantém a vítima Crime hediondo. A restrição (e não


em seu poder, restringindo sua 1/3 – 1/2 privação) deve perdurar por tempo
liberdade (§ 2º, V). juridicamente relevante.

Tanto a subtração quanto o emprego


Se a subtração for de substâncias
de explosivo no contexto do roubo
explosivas ou de acessórios
não tornam o crime hediondo. O alerta
que, conjunta ou isoladamente, 1/3 – 1/2
é importante porque o furto com
possibilitem sua fabricação,
emprego de explosivo (CP, art. 155, § 4º-
montagem ou emprego (§ 2º, VI).
A) é hediondo.

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Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte I
Leonardo Castro

ROUBO CIRCUNSTANCIADO AUMENTO COMENTÁRIO

A majorante do emprego de arma


Se a violência ou grave ameaça é branca havia deixado de existir, em
exercida com emprego de arma 1/3 – 1/2 2018, em razão da Lei n. 13.654. O
branca (§ 2º, VII). Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/19)
corrigiu o equívoco e a reincluiu.

(1) Crime hediondo, o § 2º-A, I, refere-se


à arma de fogo de uso permitido.
(2) A simulação do porte de arma e a
arma de brinquedo caracterizam a grave
ameaça (afastam a possibilidade de
furto), mas não autorizam a incidência
Se a violência ou ameaça é
da causa de aumento de pena. A
exercida com emprego de arma 2/3
Súmula 174 do STJ foi cancelada.
de fogo (§ 2º-A, I).
(3) É desnecessária a apreensão e
perícia da arma para a incidência
da majorante. Caso apreendida,
se comprovado que a arma estava
quebrada, a causa de aumento não será
reconhecida.

Se há destruição ou rompimento
Não é hediondo. O alerta é importante
de obstáculo mediante o
porque o furto com emprego de
emprego de explosivo ou de 2/3
explosivo (CP, art. 155, § 4º-A) é
artefato análogo que cause
hediondo.
perigo comum (§ 2º-A, II).

(1) Crime hediondo, a pena é dobrada


se a arma de fogo for de uso restrito ou
proibido – leia o artigo 16, § 1º, da Lei n.
10.826/03, pegadinha sempre cobrada
em prova.
(2) A simulação do porte de arma e a
arma de brinquedo caracterizam a grave
Se a violência ou grave ameaça
ameaça (afastam a possibilidade de
é exercida com emprego de
Dobro furto), mas não autorizam a incidência
arma de fogo de uso restrito ou
da causa de aumento de pena. A
proibido (§ 2º-B).
Súmula 174 do STJ foi cancelada.
(3) É desnecessária a apreensão e
perícia da arma para a incidência
da majorante. Caso apreendida,
se comprovado que a arma estava
quebrada, a causa de aumento não será
reconhecida.

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Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte I
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Fração de aumento:

JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 443, STJ
O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado
exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indi-
cação do número de majorantes.

As causas de aumento de pena devem ser consideradas na terceira fase do cálculo da


pena. Para decidir em quanto a pena será aumentada, exasperada – no § 2º, a fração de au-
mento varia entre um terço e metade –, não basta que o magistrado tenha por fundamento
a indicação do número de majorantes. Tem de existir um porquê específico que justifique o
maior aumento, como dispõe a Súmula 443 do STJ.

3.3.9. Qualificadoras

O § 3º do artigo 157 estabelece qualificadoras do crime de roubo, com penas de sete a


dezoito anos, e multa, se da violência resulta lesão corporal grave, e de vinte a trinta anos, se
resulta em morte (o latrocínio). Em ambas as hipóteses, o crime será considerado hediondo.
Veja, a seguir, as principais características do roubo qualificado pelo resultado.

Roubo qualificado pela lesão corporal grave (CP, art. 157, § 3º, I). A pena do roubo é de
reclusão, de sete a dezoito anos, e multa, se a violência empregada na prática do roubo resultar
em lesão corporal grave ou gravíssima (CP, art. 129, § 1º e § 2º). Não se trata, necessariamen-
te, de crime preterdoloso, devendo ser aplicada a qualificadora ainda que a lesão grave ou

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Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte I
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gravíssima resulte de dolo. Evidentemente, a tentativa somente será admitida quando houver
dolo na produção do resultado, que não é alcançado por razões alheias à vontade do indivíduo
(CP, art. 14, II). Provocada a lesão corporal grave, o crime estará consumado, pouco importan-
do a efetiva subtração.
Crime preterdoloso ou não, o resultado tem de decorrer do emprego de violência (ex.: co-
ronhadas). Se resultar de grave ameaça, não ficará caracterizada a qualificadora. Exemplo: o
indivíduo assalta mulher grávida e, em razão da grave ameaça empregada, ocorre a aceleração
do parto e a criança nasce prematura (CP, art. 129, § 1º, IV). Não será reconhecida a qualifica-
dora do § 3º, I, pois o resultado não decorreu de violência. Presente a qualificadora, o crime
será hediondo, consumado ou tentado.
Roubo qualificado pela morte (CP, art. 157, § 3º, II). Mais conhecido por latrocínio, não se
trata de roubo seguido de morte, como a imprensa insiste em dizer ao conceituar a qualifica-
dora do § 3º, II, do artigo 157. Crime hediondo, consumado ou tentado, o latrocínio é hipótese
em que, em razão da violência empregada no contexto da subtração, a vítima ou alguém a ela
ligada é morta. O resultado pode decorrer de dolo ou culpa – portanto, não se trata, necessa-
riamente, de crime preterdoloso (dolo na conduta e culpa no resultado).

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QUADRO SINÓTICO

CLASSIFICAÇÃO

Comum: pode ser praticado por qualquer pessoa.


Material: a consumação depende da produção de resultado naturalístico.
De forma livre: a lei não estabelece a forma de execução.
Pluriofensivo: tutela mais de um bem jurídico.
Comissivo ou omissivo: em regra, é praticado por ação, exceto na omissão imprópria
(CP, art. 13, § 2º).
Unissubjetivo: pode ou não ser praticado em concurso de pessoas.
Instantâneo: consuma-se de imediato.
Plurissubsistente: é possível o fracionamento da conduta, o que faz com que seja
viável a tentativa.
De dano: a consumação exige efetiva violação do bem jurídico tutelado. Não é suficiente
a mera exposição a perigo.
Doloso: não é admitida a modalidade culposa.

PENAS

Modalidade simples (art. 157, caput): reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Modalidades qualificadas (art. 1557, § 3º):
(a) Se, em razão da violência empregada no contexto do roubo, a vítima sofre lesão
corporal de natureza grave ou gravíssima (CP, art. 129, § 1º ou § 2º): reclusão, de sete a
dezoito anos, e multa;
(b) Se, em razão da violência empregada no contexto do roubo, a vítima morre (latrocínio):
reclusão, de vinte a trinta anos, e multa.

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AUMENTO DE PENA

Roubo circunstanciado (art. 157, § 2º, § 2º-A e § 2º-B):


(a) Se há concurso de pessoas: aumento de um terço até metade;
(b) Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal
circunstância: aumento de um terço até metade;
(c) Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro
Estado ou para o exterior: aumento de um terço até metade;
(d) Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade: aumento de
um terço até metade;
(e) Se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou
isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego: aumento de um
terço até metade;
(f) Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca: aumento
de um terço até metade;
(g) Se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso permitido:
aumento de dois terços;
(h) Se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou
de artefato análogo que cause perigo comum: aumento de dois terços;
(i) Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso
restrito ou proibido: pena aplicada em dobro.

SUJEITOS

Sujeito ativo: qualquer pessoa.


Sujeito passivo: qualquer pessoa.

ELEMENTO SUBJETIVO

É o dolo. É atípica a modalidade culposa.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

Tema polêmico, prevalece o entendimento de que a consumação ocorre quando o sujeito


obtém a posse da coisa, ainda que não seja mansa e pacífica (amotio ou aprehensio) –
nesse sentido, a Súmula 582 do STJ. Crime material, depende da produção de resultado
naturalístico. A tentativa é possível.

AÇÃO PENAL

Crime de ação penal pública incondicionada.

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3.4. Extorsão (CP, Art 158)


3.4.1. Conduta

A extorsão é modalidade especial do crime de constrangimento ilegal (CP, art. 146). O


crime consiste em constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito
de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou
deixar de fazer alguma coisa. A pena é de reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Extorsão e roubo. Embora se pareçam em alguns aspectos, os crimes de extorsão e roubo
não se confundem. Isso porque, no roubo, o criminoso não depende da vítima para a prática do
delito. Exemplo: Carlos aponta arma de fogo contra Vanessa e exige que lhe entregue o celular.
Se ela se recusar, Carlos tomará o aparelho, nem que, que para isso, tenha de matá-la. Por ou-
tro lado, na extorsão, o criminoso não terá êxito sem a contribuição positiva ou negativa (fazer,
tolerar que se faça ou deixar de fazer) da vítima. Exemplo: Carlos aponta arma de fogo contra
Vanessa e exige sua senha bancária para efetuar saques. Ele pode ameaçá-la, agredi-la e, até
mesmo, matá-la, mas nada disso será suficiente para a obtenção da senha caso ela decide não
a entregar. Não há como tomá-la, como no roubo.

JURISPRUDÊNCIA
É inviável o reconhecimento da continuidade delitiva entre os crimes de roubo e de extor-
são, por se tratarem de delitos de espécies distintas, ainda que cometidos no mesmo
contexto temporal (STJ, HC 552.481/SP).

3.4.2. Bem Jurídico

Crime pluriofensivo, o tipo penal tutela o patrimônio, a integridade física e a liberdade


individual.

3.4.3. Objeto Material

É a pessoa vítima do constrangimento.

3.4.4. Sujeitos do Crime

Crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. A vítima pode ser quem for atingi-
do pela violência ou grave ameaça; quem faz, deixa de fazer ou tolera que se faça algo; e quem
suporta o prejuízo patrimonial.

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3.4.5. Elemento Subjetivo

É o dolo, acrescido de finalidade específica (com o intuito de obter para si ou para outrem
indevida vantagem econômica). Não é típica a modalidade culposa.

3.4.6. Consumação e tentativa

Crime formal, consuma-se com a prática do comportamento pela vítima, independentemen-


te da obtenção da vantagem indevida pelo criminoso (Súmula 96-STJ). A tentativa é possível.

3.4.7. Ação Penal

Crime de ação penal pública incondicionada, sem exceção.

3.4.8. Causas de Aumento de Pena

Segundo o § 1º, se o crime for cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de
arma (própria ou imprópria, de fogo ou branca), aumenta-se a pena de um terço até metade.

3.4.9. Qualificadoras

Se, em razão da violência empregada – e não da grave ameaça –, a vítima sofrer lesão
corporal grave ou gravíssima (CP, art. 129, § 1º e § 2º), a pena deve ser de reclusão, de sete a
dezoito anos, e multa. Se morrer, a pena é de reclusão, de vinte a trinta anos, e multa. Era crime
hediondo até a entrada em vigor do Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/19), que o excluiu o do
rol do artigo 1º da Lei n. 8.072/90. Sem dúvida, um dos maiores erros recentes do legislador
brasileiro. Por ser norma mais benéfica (novatio legis in mellius), deve retroagir para alcançar
condutas praticadas antes do Pacote.
Sequestro-relâmpago. Também qualificadora do crime de extorsão, cuja pena é de reclu-
são, de seis a doze anos, e multa, ocorre quando o criminoso restringe a liberdade da vítima, e
essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica. Exemplo: o criminoso
rende a vítima e com ela se dirige a caixas eletrônicos da cidade, realizando saques – conduta
popularmente denominada sequestro-relâmpago. Se, em razão da violência empregada, a víti-
ma sofrer lesão corporal grave ou gravíssima, a pena será de reclusão, de dezesseis a vinte e
quatro anos; se morrer, de reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
Até a entrada em vigor do Pacote Anticrime, não era crime hediondo, nem mesmo em caso
de lesão corporal grave ou gravíssima ou morte da vítima. O equívoco foi corrigido pela Lei n.
13.964/19, que o corrigiu, mas em redação que desperta dúvidas em relação à extensão. Veja
a redação dada ao artigo 1º, III, da Lei n. 8.072/90, a Lei dos Crimes Hediondos:

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QUADRO SINÓTICO

CLASSIFICAÇÃO

Comum: pode ser praticado por qualquer pessoa.


Formal: a consumação independe da produção de resultado naturalístico.
De forma livre: a lei não estabelece a forma de execução.
Pluriofensivo: tutela mais de um bem jurídico.
Comissivo ou omissivo: em regra, é praticado por ação, exceto na omissão
imprópria (CP, art. 13, § 2º).
Unissubjetivo: pode ou não ser praticado em concurso de pessoas.
Instantâneo: consuma-se de imediato.
Plurissubsistente: é possível o fracionamento da conduta, o que faz com
que seja viável a tentativa.
De dano: a consumação exige efetiva violação do bem jurídico tutelado. Não
é suficiente a mera exposição a perigo.
Doloso: não é admitida a modalidade culposa.

PENAS

Modalidade simples (art. 158, caput): reclusão, quatro a dez anos, e multa.
Modalidades qualificadas (art. 158, § 2º e § 3º):
(a) Quando da violência empregada resulta em lesão corporal grave ou
gravíssima (CP, art. 129, § 1º ou § 2º): reclusão, de sete a dezoito anos, e multa;
(b) Quando da violência empregada resulta em morte: reclusão, de vinte a
trinta anos, e multa;
(c) Quando for praticado mediante a restrição da liberdade da vítima: reclusão,
de seis a doze anos;
(d) Quando for praticado mediante a restrição da liberdade da vítima e resultar
em lesão corporal grave ou gravíssima: reclusão, de dezesseis a vinte e quatro
anos;
(e) Quando for praticado mediante a restrição da liberdade da vítima e resultar
em morte: reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.

AUMENTO DE PENA

A pena é aumentada de um terço até metade quando cometido:


(a) Mediante concurso de duas ou mais pessoas;
(b) Com emprego de arma (própria ou imprópria, de fogo ou branca).

SUJEITOS

Sujeito ativo: qualquer pessoa.


Sujeito passivo: qualquer pessoa.

ELEMENTO SUBJETIVO

É o dolo. É atípica a modalidade culposa.

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QUADRO SINÓTICO

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

Crime formal (STJ, Súmula 96), consuma-se no momento em que a vítima


realiza o comportamento exigido pelo criminoso (faz, deixa de fazer ou tolera
que seja feito). A tentativa é possível.

AÇÃO PENAL

Crime de ação penal pública incondicionada.

3.5. Extorsão mediante Sequestro (CP, Art. 159)


3.5.1. Conduta

Motivo de criação da Lei n. 8.072/90 – inicialmente, denominada Lei Antissequestro –, a ex-


torsão mediante sequestro consiste em sequestrar pessoa, privando-a de sua liberdade, com o
fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate.
A pena é de reclusão, de oito a quinze anos, e multa.

3.5.2. Bem Jurídico

Crime pluriofensivo, o artigo 159 do CP tutela o patrimônio e a liberdade individual.

3.5.3. Objeto Material

É a pessoa privada da sua liberdade, bem como quem é obrigado ao pagamento do resgate.

3.5.4. Sujeitos do Crime

Crime comum, o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. O sujeito passivo é a pessoa que
suporta a privação da liberdade e quem sofre o prejuízo de natureza patrimonial.

3.5.5. Elemento Subjetivo

Crime doloso, demanda especial finalidade (com o fim de obter, para si ou para outrem, qual-
quer vantagem, como condição ou preço do resgate). Não é admitida a modalidade culposa.

3.5.6. Consumação e Tentativa

Crime formal, consuma-se com a privação da liberdade da vítima, independentemente da


obtenção da vantagem pelo agente. A tentativa é possível.

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Crime permanente. A extorsão mediante sequestro é crime permanente, cuja consumação


se prolonga no tempo. Ou seja, ainda que o sequestro perdure por semanas, meses ou anos, o
sequestrador poderá ser preso em flagrante a qualquer momento, enquanto a vítima permane-
cer privada da liberdade (CPP, art. 303). A prescrição não corre enquanto não houver a soltura.
Sobre o tema, atenção à Súmula 711 do STF.

3.5.7. Ação Penal

A ação penal é sempre pública incondicionada, sem exceção.

3.5.8. Qualificadoras

Há várias formas qualificadas do crime de extorsão mediante sequestro. Para facilitar o


estudo, serão vistas da mesma forma como fizemos nos crimes de furto e roubo, em tabela
comparativa, a seguir disponibilizada.

QUALIFICADORA PENA ATENÇÃO!


(1) Crime a prazo, pois depende do
transcurso do lapso temporal de vinte e
Se o sequestro dura
Reclusão, de doze quatro horas;
mais de 24 (vinte e
a vinte anos. (2) Qualificadora de natureza objetiva, é
quatro) horas (§ 1º).
irrelevante qualquer condição pessoal do
criminoso ou da vítima.
Se o sequestrado é
Se a vítima completar sessenta anos
menor de 18 (dezoito) Reclusão, de doze
durante o sequestro, a qualificadora
ou maior de 60 a vinte anos.
ficará caracterizada.
(sessenta) anos (§ 1º).
Se o crime é cometido Atualmente, não se usa mais a expressão
Reclusão, de doze
por bando ou quadrilha ou bando, pois foi substituída
a vinte anos.
quadrilha (§ 1º). pela associação criminosa (CP, art. 288).
Para a incidência da qualificadora, a lesão
Se do fato resulta lesão Reclusão, de
corporal grave ou gravíssima (CP, art.
corporal de natureza dezesseis a vinte
129, § 1º e § 2º) tem de ser provocada na
grave (§ 2º). e quatro anos.
vítima da privação de liberdade.
Reclusão, de A morte pode decorrer de dolo ou
Se do fato resulta
dezesseis a vinte culpa. Portanto, não se trata de crime
morte (§ 3º).
e quatro anos. necessariamente preterdoloso.

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3.5.9. Causa de Diminuição de Pena

A pena deve ser diminuída, de um a dois terços, se um dos concorrentes para o crime – em
caso de concurso de pessoas – denunciar o delito à autoridade, facilitando a libertação do
sequestrado (art. 158, § 4º).

QUADRO SINÓTICO

CLASSIFICAÇÃO

Comum: pode ser praticado por qualquer pessoa.


Formal: a consumação independe da produção de resultado naturalístico.
De forma livre: a lei não estabelece a forma de execução.
Pluriofensivo: tutela mais de um bem jurídico.
Comissivo ou omissivo: em regra, é praticado por ação, exceto na omissão imprópria
(CP, art. 13, § 2º).
Unissubjetivo: pode ou não ser praticado em concurso de pessoas.
Permanente: a consumação se prolonga no tempo.
Plurissubsistente: é possível o fracionamento da conduta, o que faz com que seja viável
a tentativa.
De dano: a consumação exige efetiva violação do bem jurídico tutelado. Não é suficiente
a mera exposição a perigo.
Doloso: não é admitida a modalidade culposa.

PENAS

Modalidade simples (art. 159, caput): reclusão, de oito a quinze anos.


Modalidades qualificadas (art. 157, § 1º, § 2º e §3):
(a) Se o sequestro dura mais de vinte e quatro horas: reclusão, de doze a vinte anos;
(b) Se o sequestrado é menor de dezoito anos ou maior de sessenta: reclusão, de doze a
trinta anos;
(c) Se o crime é praticado por associação criminosa (CP, art. 288): reclusão, de doze a
trinta anos;
(d) Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima (CP, art. 129, § 1º ou
§ 2º): reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos;
(e) Se do fato resulta morte: reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.

DIMINUIÇÃO DE PENA

Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade,


facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.

SUJEITOS

Sujeito ativo: qualquer pessoa.


Sujeito passivo: qualquer pessoa.

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ELEMENTO SUBJETIVO

É o dolo. É atípica a modalidade culposa.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

Crime formal, consuma-se com a privação de liberdade da vítima, independentemente da


obtenção de condição ou preço do resgate.

AÇÃO PENAL

Crime de ação penal pública incondicionada.

3.6. Extorsão Indireta (CP, Art. 160)


3.6.1. Conduta

Caracteriza o delito de extorsão indireta a conduta de exigir ou receber, como garantia


de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento
criminal contra a vítima ou contra terceiro. A pena é de reclusão, de um a três anos, e multa –
compatível com a suspensão condicional do processo (Lei n. 9.099/95, art. 89).

3.6.2. Bem Jurídico

O patrimônio e a liberdade individual da vítima.

3.6.3. Objeto Material

É o documento, público ou privado.

3.6.4. Sujeitos do Crime

Crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. O sujeito passivo é a pessoa que
se submete à exigência ou que oferece o documento como garantia de dívida, bem como ter-
ceiro eventualmente prejudicado.

3.6.5. Elemento Subjetivo

É o dolo. Exige-se finalidade específica, consistente em obter o documento como garantia


de dívida, abusando da situação de dificuldade econômica da vítima. A modalidade culposa
é atípica.

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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte I
Leonardo Castro

3.6.6. Consumação e Tentativa

Consuma-se no momento da exigência (crime formal) ou do recebimento (crime material).


É possível a tentativa.

3.6.7. Ação Penal

A ação penal é pública incondicionada.

QUADRO SINÓTICO
CLASSIFICAÇÃO
Comum: pode ser praticado por qualquer pessoa.
Formal ou material: formal, na conduta de exigir, e material, na de receber.
De forma livre: a lei não estabelece a forma de execução.
Comissivo ou omissivo: em regra, é praticado por ação, exceto na omissão imprópria
(CP, art. 13, § 2º).
Unissubjetivo: pode ou não ser praticado em concurso de pessoas.
Instantâneo: consuma-se de imediato.
Plurissubsistente: é possível o fracionamento da conduta, o que faz com que seja viável
a tentativa.
Doloso: não é admitida a modalidade culposa.
PENAS
Reclusão, de um a três anos, e multa.
AUMENTO DE PENA
Repouso noturno: a pena é aumentada de um terço se o crime for praticado durante o
repouso noturno.
SUJEITOS
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito passivo: qualquer pessoa.
ELEMENTO SUBJETIVO
É o dolo. É atípica a modalidade culposa.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Na modalidade exigir, é crime formal, que se consuma com a prática da conduta. No
segundo verbo, receber, é crime material, que exige a produção de resultado naturalístico
para a consumação.
AÇÃO PENAL
Crime de ação penal pública incondicionada.

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3.7. Usurpação (CP, Arts. 161 e 162)


3.7.1. Conduta

O crime consiste em suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indica-
tivo de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia. A pena é
de detenção, de um a seis meses, e multa. Delito de menor potencial ofensivo, deve ser proces-
sado e julgado por Juizado Especial Criminal. É compatível com transação penal e suspensão
condicional do processo (Lei n. 9.099/95, arts. 61, 76 e 89).

3.7.2. Bem Jurídico

É o patrimônio.

3.7.3. Objeto Material

Alteração de limites. Pode ser o tapume, o marco ou qualquer outro sinal de linha divisória.
Usurpação de águas. São as águas, consideradas parte do solo.
Esbulho possessório. É o imóvel esbulhado.

3.7.4. Sujeitos do Crime

O sujeito ativo é o proprietário, possuidor ou futuro comprador do imóvel vizinho, enquanto


o passivo é proprietário ou possuidor cujas áreas vizinhas sejam alteradas em razão da con-
duta criminosa.

3.7.5. Elemento Subjetivo

Crime doloso, é atípica a modalidade culposa.

3.7.6. Consumação e Tentativa

Delito formal, consuma-se com a supressão ou deslocamento da linha divisória, ainda que
o agente não consiga, de fato, se apropriar da coisa imóvel alheia.

3.7.7. Ação Penal

Se a propriedade for particular, e não houver emprego de violência, somente se procede


mediante queixa (ação penal privada). Caso contrário, ação penal pública incondicionada.

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Figuras equiparadas:
• Usurpação de águas: na mesma pena incorre quem desvia ou represa, em proveito pró-
prio ou de outrem, águas alheias. Crime comum, pode ser praticado por qualquer pes-
soa. O sujeito passivo é o proprietário ou possuidor da água desviada ou represada.
Crime formal, consuma-se desde o desvio ou represamento;
• Esbulho possessório: outra figura equiparada, incorre na mesma pena quem invade, com
violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais de duas pessoas,
terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório. Se houver emprego de
violência, o agente também será responsabilizado pela pena a esta cominada (ex.: lesão
corporal, em concurso material). Ademais, se a propriedade for particular e não houver
emprego de violência, o crime será de ação penal privada.

QUADRO SINÓTICO

CLASSIFICAÇÃO

Comum ou próprio: comum, na usurpação de águas e no esbulho


possessório, e próprio, na alteração de limites.
Formal: a consumação independe da produção de resultado naturalístico.
De forma livre: a lei não estabelece a forma de execução.
Comissivo ou omissivo: em regra, é praticado por ação, exceto na omissão
imprópria (CP, art. 13, § 2º).
Unissubjetivo: pode ou não ser praticado em concurso de pessoas.
Instantâneo ou permanente: consuma-se de imediato, exceto na hipótese
do § 3º, quando a consumação se prolonga no tempo.
Plurissubsistente: é possível o fracionamento da conduta, o que faz com
que seja viável a tentativa.
Não transeunte: deixa vestígios.
Doloso: não é admitida a modalidade culposa.

PENAS

Detenção, de um a seis meses, e multa.

SUJEITOS

Sujeito ativo: qualquer pessoa, exceto na alteração de limites, crime próprio.


Sujeito passivo: qualquer pessoa.

ELEMENTO SUBJETIVO

É o dolo. É atípica a modalidade culposa.

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CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

Crimes formais, consumam-se independentemente da produção de resultado


naturalístico. A tentativa é possível.

AÇÃO PENAL

Se a propriedade for particular e não houver emprego de violência, a


persecução penal deverá ter início pelo oferecimento de queixa-crime (ação
penal privada).

3.8. Supressão ou Alteração de Marca em Animais (CP, Art. 162)


3.8.1. Conduta

A conduta típica é descrita como suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho


alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade. A pena é de detenção, de seis meses a três
anos, e multa. É compatível com suspensão condicional do processo (Lei n. 9.099/95, art. 89).

3.8.2. Bem Jurídico

É o patrimônio.

3.8.3. Objeto Material

É o gado ou rebanho.

3.8.4. Sujeitos do Crime

Crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa, exceto, é claro, o próprio proprietário.

3.8.5. Elemento Subjetivo

Delito doloso, não se pune a modalidade culposa.

3.8.6. Consumação e Tentativa

A consumação ocorre com a supressão ou alteração da marca ou do sinal, sendo prescin-


dível o subsequente furto ou apropriação. A tentativa é possível.

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3.8.7. Ação Penal

É crime de ação penal pública incondicionada.

QUADRO SINÓTICO

CLASSIFICAÇÃO

Comum: pode ser praticado por qualquer pessoa.


Formal: a consumação independe da produção de resultado naturalístico.
De forma livre: a lei não estabelece a forma de execução.
Comissivo: a conduta se dá por ação.
Unissubjetivo: pode ou não ser praticado em concurso de pessoas.
Instantâneo: consuma-se de imediato.
Plurissubsistente: é possível o fracionamento da conduta, o que faz com que seja
viável a tentativa.
Não transeunte: deixa vestígios.
Doloso: não é admitida a modalidade culposa.

PENAS

Detenção, de um a seis meses, ou multa.

SUJEITOS

Sujeito ativo: qualquer pessoa.


Sujeito passivo: qualquer pessoa.

ELEMENTO SUBJETIVO

É o dolo. É atípica a modalidade culposa.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

Consuma-se com a supressão ou alteração da marca ou do sinal. A tentativa é possível.

AÇÃO PENAL

A ação penal é pública incondicionada.

3.9. Dano (CP, Art. 163)


3.9.1. Conduta

O crime de dano tem por condutas destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia. A pena é de
detenção, de um a seis meses, ou multa. Crime de menor potencial ofensivo, de competência
do Juizado Especial Criminal, compatível com a transação penal e a suspensão condicional do
processo (Lei n. 9.099/95, arts. 61, 76 e 89).

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3.9.2. Bem Jurídico

É o patrimônio.

3.9.3. Objeto Material

É a coisa destruída, inutilizada ou deteriorada. Não ocorre o crime de dano quando a coisa
destruída, inutilizada ou deteriorada não pertencer a ninguém (res nullius) ou estiver abando-
nada (res derelicta). No entanto, é típica a conduta quando se tratar de coisa perdida (res des-
perdicta), afinal, nesse caso, há violação ao bem jurídico tutelado (o patrimônio). Em relação
a animais, pode ficar caracterizado o crime do artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais (Lei n.
9.605/98).

3.9.4. Sujeitos do Crime

O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa (crime comum). O sujeito passivo é o proprie-
tário ou possuidor da coisa.

3.9.5. Elemento Subjetivo

É o dolo. É atípica a modalidade culposa – cuidado, pois se pergunta com frequência em


prova a respeito do dano culposo.

3.9.6. Consumação e Tentativa

Crime material, consuma-se com a efetiva destruição, inutilização ou deterioração da coi-


sa. A tentativa é possível.

3.9.7. Ação Penal

O dano simples (caput) e o dano qualificado por motivo egoístico ou com prejuízo conside-
rável para a vítima (parágrafo único, IV) são de ação penal privada.

3.9.8. Qualificadoras

De acordo com o parágrafo único do artigo 163, o crime de dano é punido com pena de
detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à violência (ex.:
lesão corporal, em concurso material). Deixa de ser crime de menor potencial ofensivo, mas
permanece possível a suspensão condicional do processo (Lei n. 9.099/95, art. 89).
Dano com violência à pessoa ou grave ameaça: a violência ou grave ameaça tem de
ocorrer no contexto do crime de dano. Se prescindível, não deverá ser reconhecida a forma
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qualificada. Na hipótese de grave ameaça, o crime do artigo 147 do CP deve ser absorvido
(princípio da consunção). No entanto, se houver violência e resultar em lesão corporal (CP,
art. 129), o agente tem de ser punido dano pelo dano quanto pela lesão, em concurso mate-
rial (CP, art. 69). A violência contra coisa (ex.: um automóvel) não qualifica o delito – em ver-
dade, o crime de dano é, em si, o emprego de violência contra coisa. A ação penal é pública
incondicionada.
Com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais
grave: expressamente subsidiário (ex.: deve ser absorvido se praticado no contexto de um
homicídio), a qualificadora se justifica em virtude do maior perigo provocado pelo meio empre-
gado na execução do delito. É crime de ação penal pública incondicionada.
Contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de au-
tarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa
concessionária de serviços públicos: norma autoexplicativa, é relevante destacar a in-
compatibilidade da qualificadora com o princípio da insignificância. É crime de ação penal
pública incondicionada.
Por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima: crime de ação penal pri-
vada, consiste na prática da qualificadora por motivação torpe, egoísta. Também deve ser re-
conhecida quando resultar em prejuízo considerável à vítima, algo a ser avaliado no caso con-
creto, com base no poder econômico de quem sofreu a lesão.

QUADRO SINÓTICO

CLASSIFICAÇÃO

Comum: pode ser praticado por qualquer pessoa.


Material: a consumação depende da produção de resultado naturalístico.
De forma livre: a lei não estabelece a forma de execução.
Comissivo ou omissivo: em regra, é praticado por ação, exceto na omissão
imprópria (CP, art. 13, § 2º).
Unissubjetivo: pode ou não ser praticado em concurso de pessoas.
Instantâneo: consuma-se de imediato.
Plurissubsistente: é possível o fracionamento da conduta, o que faz com que
seja viável a tentativa.
De dano: a consumação exige efetiva violação do bem jurídico tutelado. Não é
suficiente a mera exposição a perigo.
Não transeunte: deixa vestígios.
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PENAS

Modalidade simples (art. 163, caput): detenção, de um a seis meses, ou multa.


Modalidades qualificadas (art. 163, parágrafo único), com pena de detenção,
de seis meses a três anos, e multa, sem prejuízo da pena correspondente
à violência:
(a) Com emprego de violência ou grave ameaça;
(b) Com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui
crime mais grave;
(c) Contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou
de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou
empresa concessionária de serviços públicos;
(d) Por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima.

SUJEITOS

Sujeito ativo: qualquer pessoa.


Sujeito passivo: qualquer pessoa.

ELEMENTO SUBJETIVO

É o dolo. É atípica a modalidade culposa.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

Crime material, consuma-se com a efetiva destruição, inutilização ou deterioração


da coisa. A tentativa é possível.

AÇÃO PENAL

Em regra, ação penal pública incondicionada. Exceções, quando a ação será de


iniciativa privada:
(a) Dano simples (art. 163, caput);
(b) Dano qualificado por motivo egoístico ou com prejuízo considerável à vítima
(art. 163, parágrafo único, IV).

3.10. Introdução ou Abandono de Animais em Propriedade Alheia (CP,


Art. 164)
3.10.1. Conduta

O crime consiste em introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem consentimen-


to de quem de direito, desde que o fato resulte prejuízo. A pena é de detenção, de quinze dias
a seis meses, ou multa. É crime de menor potencial ofensivo, compatível com transação penal
e suspensão condicional do processo, devendo ser processado e julgado em Juizado Especial
Criminal (Lei n. 9.099/95, arts. 61, 76 e 89).

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3.10.2. Bem Jurídico

É o patrimônio.

3.10.3. Objeto Material

É a propriedade alheia em que os animais são introduzidos ou deixados.

3.10.4. Sujeitos do Crime

Crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. O sujeito passivo é o proprietário
ou possuidor de imóvel que sofre prejuízo.

3.10.5. Elemento Subjetivo

É o dolo. Não é admitida a modalidade culposa.

3.10.6. Consumação e Tentativa

Crime material, consuma-se com o efetivo prejuízo.

3.10.7. Ação Penal

É crime de ação penal privada (CP, art. 167).

QUADRO SINÓTICO

CLASSIFICAÇÃO

Comum: pode ser praticado por qualquer pessoa.


Material: a consumação depende da produção de resultado naturalístico.
De forma livre: a lei não estabelece a forma de execução.
Simples: tutela apenas um bem jurídico.
Comissivo ou omissivo: em regra, é praticado por ação, exceto na omissão
imprópria (CP, art. 13, § 2º).
Unissubjetivo: pode ou não ser praticado em concurso de pessoas.
Instantâneo: consuma-se de imediato.
Plurissubsistente: é possível o fracionamento da conduta, o que faz com
que seja viável a tentativa.
Não transeunte: deixa vestígios.
Doloso: não é admitida a modalidade culposa.

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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

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PENAS

Detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa.

SUJEITOS

Sujeito ativo: qualquer pessoa.


Sujeito passivo: qualquer pessoa.

ELEMENTO SUBJETIVO

É o dolo. É atípica a modalidade culposa.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

Crime material, consuma-se com o efetivo prejuízo ao patrimônio de terceiro.


A tentativa é possível.

AÇÃO PENAL

Crime de ação penal privada.

4. Súmulas e Informativos
4.1. Súmulas
Furto

Furto híbrido:

JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 511 do STJ
É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de
crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno
valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva.
O intitulado furto privilegiado está previsto no artigo 155, § 2º, do CP. De acordo com o
dispositivo, se primário o agente e de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode subs-
tituir a pena de reclusão pela de detenção, diminui-la de um a dois terços ou aplicar
somente a pena de multa. No entanto, muito já se questionou se é possível a aplicação
simultânea da causa de diminuição de pena do artigo 155, § 2º, com alguma das qua-
lificadoras do furto. Para o STJ, sim, desde que a qualificadora seja de ordem objetiva
– diga respeito ao meio ou modo de execução do crime (ex.: emprego de explosivo, do
art. 155, § 4º-A).

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Sistema de vigilância:

JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 567 do STJ
Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segu-
rança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configu-
ração do crime de furto.

Imagine o exemplo do indivíduo que, enquanto subtrai objetos de uma loja, tem sua ação
observada por sistema de monitoramento de câmeras do local. Ao tentar deixar o prédio, no
entanto, seguranças da empresa o surpreendem e impedem o sucesso do furto. No exem-
plo, houve crime impossível? Para o STJ, não. É o teor da Súmula 567 do STJ. Isso porque,
embora o sistema de vigilância diminua a chance de êxito do criminoso, não a inviabiliza de
forma absoluta.
Concurso de pessoas:

JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 442 do STJ
É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do
roubo.

Por razões desconhecidas, o legislador deu tratamento diverso ao concurso de pessoas nos
crimes de furto e roubo. No furto, é qualificadora do crime; no roubo, causa de aumento de pena.

CONCURSO DE PESSOAS

FURTO ROUBO

No furto simples (CP, art. 155,


A pena do roubo simples (CP, art.
caput), a pena é de reclusão, de um
157, caput) é de reclusão, de quatro
a quatro anos, e multa. Presente o
a dez anos, e multa. Na hipótese de
concurso de pessoas, a pena passa a
concurso de pessoas, não há pena
ser de reclusão, de dois a oito anos,
própria, específica, mas aumento
e multa (art. 155, § 4º, IV). Portanto,
de fração sobre a pena do caput: a
trata-se de qualificadora, pois tem
pena é aumentada de um terço até
penas mínima e máxima específicas,
metade (art. 157, § 2º, II).
diversas daquelas da forma simples.

O concurso de pessoas é O concurso de pessoas é causa de


qualificadora. aumento de pena.

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Sabendo disso, imagine o seguinte: João e Carlos estão sendo acusados pela prática do
crime de furto qualificado pelo emprego de fraude e pelo concurso de pessoas (art. 155, § 4º,
II e IV). Adotada a qualificadora da fraude para estabelecer o parâmetro de punição – a pena
de dois a oito anos –, a qualificadora do concurso de pessoas não tem como ser utilizada da
mesma maneira. Surgiu, então, a seguinte teoria: punir o concurso de pessoas da mesma for-
ma como ocorre no roubo, ou seja, como causa de aumento de pena. O STJ, contudo (e com
razão!), não concordou. É o que diz a Súmula 442.

Roubo

Consumação do roubo:

JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 582 do STJ
Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de
violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição ime-
diata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e
pacífica ou desvigiada.

TEORIAS SOBRE O MOMENTO CONSUMATIVO DO ROUBO

Concrectatio: a consumação se dá quando o agente tem contato físico com


a coisa subtraída.
• Em resumo, consuma-se com o toque.

Ablatio: além de ter contato com a coisa subtraída, o agente deve transportá-
la para lugar diverso daquele de origem.
• Consuma-se com o transporte.

Ilatio: a consumação ocorre quando a coisa é levada pelo agente a local onde
permanecerá segura.
• Consuma-se com o depósito em lugar seguro.

Apprehension ou amotio: a consumação se dá no instante em que a coisa


passa para o poder do agente (inversão da posse), ainda que por curto
período, pouco importando o fato de ser mansa e pacífica. É a teoria adotada
pelos Tribunais Superiores.
• Consuma-se com a inversão da posse.

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Fração de aumento da pena:

JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 443 do STJ
O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado
exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indi-
cação do número de majorantes.

Nas majorantes do § 2º do artigo 157 do CP, a fração de aumento é variável, de um terço


até metade. Como a lei não estabelece o critério a ser adotado para definir a fração – como o
fez, por exemplo, no § 4º-C do artigo 155 –, alguns entenderam que a variação deveria corres-
ponder ao número de causas de aumento presentes em um caso concreto. Ou seja, havendo
uma, o aumento seria mínimo, de um terço. O STJ, entretanto, não concorda com a reflexão, e
entende que a variação deve ser motivada, com base em análise do caso concreto.
Consumação do latrocínio:

JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 610 do STF
Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não se realize o agente
a subtração de bens da vítima.

Para a consumação do latrocínio (CP, art. 157, § 3º, II), é relevante saber se foi produzido o
resultado morte. Pouco importa se o indivíduo teve ou não êxito na subtração da coisa. Exem-
plo: ao invadir agência bancária, assaltantes matam o vigilante, mas fogem sem nada levar em
razão de a polícia ter chegado rapidamente ao local. O latrocínio se consumou? Sim. É o teor
da Súmula 610 do STF.

Extorsão

Consumação da extorsão:

JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 96 do STJ
O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida.

A extorsão (CP, art. 158) é crime formal. Para a consumação, pouco importa a efetiva ob-
tenção da vantagem indevida. No entanto, cuidado: é tentada a extorsão quando, após sofrer
violência ou grave ameaça, a vítima não faz ou deixa de fazer o que o criminoso exigiu.
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4.2. Informativos
Furto

Repouso noturno e furto qualificado:

JURISPRUDÊNCIA
A causa de aumento prevista no § 1º do art. 155 do Código Penal (prática do crime de
furto no período noturno) não incide no crime de furto na sua forma qualificada (§ 4º).
(STJ, REsp 1.890.981-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 25/05/2022)

Repouso noturno e vítima acordada:

JURISPRUDÊNCIA
Para a configuração da circunstância majorante do § 1º do art. 155 do Código Penal,
basta que a conduta delitiva tenha sido praticada durante o repouso noturno, dada a
maior precariedade da vigilância e a defesa do patrimônio durante tal período, e, por con-
sectário, a maior probabilidade de êxito na empreitada criminosa, sendo irrelevante o fato
das vítimas não estarem dormindo no momento do crime, ou, ainda, que tenha ocorrido
em estabelecimento comercial ou em via pública, dado que a lei não faz referência ao
local do crime. (STJ, AgRg no AREsp n. 1.234.013/PR)

Princípio da insignificância e a coisa de pequeno valor:

JURISPRUDÊNCIA
Não é possível a aplicação do princípio da insignificância ao furto de objeto de pequeno
valor. Não se deve confundir bem de pequeno valor com o de valor insignificante, o qual,
necessariamente, exclui o crime ante a ausência de ofensa ao bem jurídico tutelado, qual
seja, o patrimônio. O bem de pequeno valor pode caracterizar o furto privilegiado previsto
no § 2º do art. 155 do CP, apenado de forma mais branda, compatível com a lesividade da
conduta. (STJ, REsp 1.239.797/RS)

Princípio da insignificância e filho menor:

JURISPRUDÊNCIA
Não se aplica o princípio da insignificância ao furto de bem de inexpressivo valor pecuni-
ário de associação sem fins lucrativos com o induzimento de filho menor a participar do
ato. (STJ, RHC 93.472/MS)
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Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte I
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Furto privilegiado – direito subjetivo do réu e restituição da coisa:

JURISPRUDÊNCIA
1. Para o reconhecimento do crime de furto privilegiado – direito subjetivo do réu –, a
norma penal exige a conjugação de dois requisitos objetivos, consubstanciados na pri-
mariedade e no pequeno valor da coisa furtada que, na linha do entendimento pacificado
neste Superior Tribunal de Justiça, não deve ultrapassar o valor do salário-mínimo vigente
à época dos fatos. 2. É indiferente que o bem furtado tenha sido restituído à vítima, pois
o critério legal para o reconhecimento do privilégio é somente o pequeno valor da coisa
furtada. (STJ, AgRg no REsp 1.785.985/SP)

Rompimento de obstáculo e necessidade de perícia:

JURISPRUDÊNCIA
1. O reconhecimento da qualificadora de rompimento de obstáculo exige a realização
de exame pericial, o qual somente pode ser substituído por outros meios probatórios
quando inexistirem vestígios, o corpo de delito houver desaparecido ou as circunstâncias
do crime não permitirem a confecção do laudo. 2. Ainda que a presença da circunstância
qualificadora esteja em consonância com a prova testemunhal colhida nos autos, mos-
tra-se imprescindível a realização de exame de corpo de delito, nos termos do art. 158 do
Código de Processo Penal. (STJ, AgRg no REsp 1.814.051/RS)

Furto de energia elétrica e adimplemento do valor devido:

JURISPRUDÊNCIA
No caso de furto de energia elétrica mediante fraude, o adimplemento do débito antes do
recebimento da denúncia não extingue a punibilidade. (STJ, RHC 101.299/RS)

Furto e vítima criança, idosa, enferma ou gestante:

JURISPRUDÊNCIA
Não se aplica a agravante prevista no art. 61, II, “h”, do Código Penal na hipótese em que
o crime de furto qualificado pelo arrombamento à residência ocorreu quando os proprie-
tários não se encontravam no imóvel, não havendo que se falar, portanto, em ameaça à
vítima ou em benefício do agente para a prática delitiva em razão de sua condição de fra-
gilidade. (STJ, HC 593.219/SC)

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Consumação do furto:

JURISPRUDÊNCIA
Consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que por breve
espaço de tempo e seguida de perseguição ao agente, sendo prescindível a posse mansa
e pacífica ou desvigiada. (STJ, REsp 1.524.450/RJ)

Qualificadora da destreza:

JURISPRUDÊNCIA
No crime de furto, não deve ser reconhecida a qualificadora da “destreza” (art. 155, § 4º,
II, do CP) caso inexista comprovação de que o agente tenha se valido de excepcional –
incomum – habilidade para subtrair a coisa que se encontrava na posse da vítima sem
despertar-lhe a atenção. (STJ, 1.478.648/PR)

Furto de objeto no interior de veículo:

JURISPRUDÊNCIA
A subtração de objeto localizado no interior de veículo automotor mediante o rompimento
do vidro qualifica o furto (art. 155, § 4º, I, do CP). (STJ, AgRg no REsp 1.364.606/DF)

Roubo

Roubo e emprego de arma branca:

JURISPRUDÊNCIA
Nos casos em que se aplica a Lei n. 13.654/2018, é possível a valoração do emprego
de arma branca, no crime de roubo, como circunstância judicial desabonadora. (STJ, HC
556.629/RJ)
Diante da abolitio criminis promovida pela Lei n. 13.654/2018, que deixou de considerar
o emprego de arma branca como causa de aumento de pena, é de rigor a aplicação da
novatio legis in mellius. (STJ, REsp 1.519.860/RJ)

Roubo de corrida de táxi:

JURISPRUDÊNCIA
A dívida de corrida táxi não pode ser considerada coisa alheia móvel para fins de configu-
ração da tipicidade dos delitos patrimoniais. (STJ, REsp 1.757.543/RS)

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Empregado que simula assalto contra empregador:

JURISPRUDÊNCIA
O fato de o assalto envolver situação forjada entre o paciente e o corréu não viabiliza a
ocorrência de estelionato, pois a caracterização do roubo não pressupõe a efetiva inten-
ção do agente de realizar o mal prometido. (STF, HC 147.584/RJ)

Arma de fogo quebrada:

JURISPRUDÊNCIA
A majorante do art. 157, § 2º, I, do CP não é aplicável aos casos nos quais a arma utilizada
na prática do delito é apreendida e periciada, e sua inaptidão para a produção de disparos
é constatada. (STJ, HC 247.669/SP)

Prostituição, valor do programa e roubo:

JURISPRUDÊNCIA
Ajusta-se à figura típica prevista no art. 345 do CP (exercício arbitrário das próprias razões)
– e não à prevista no art. 157 do CP (roubo) – a conduta da prostituta maior de dezoito
anos e não vulnerável que, ante a falta do pagamento ajustado com o cliente pelo serviço
sexual prestado, considerando estar exercendo pretensão legítima, arrancou um cordão
com pingente folheado a ouro do pescoço dele como forma de pagamento pelo serviço
sexual praticado mediante livre disposição de vontade dos participantes e desprovido de
violência não consentida ou grave ameaça. (STJ, HC 211.888/TO)

Causas de aumento e qualificadoras do roubo:

JURISPRUDÊNCIA
As causas de aumento de pena do § 2º do art. 157 do CP não se aplicam para o roubo
qualificado pela lesão corporal grave nem para o latrocínio, previstos no § 3º do art. 157.
(STJ, HC 330.831/RO)

Pluralidade de vítimas e crime único:

JURISPRUDÊNCIA
No delito de roubo, se a intenção do agente é direcionada à subtração de um único patri-
mônio, estará configurado apenas um crime, ainda que, no modus operandi, seja utilizada
violência ou grave ameaça contra mais de uma pessoa para a consecução do resultado
pretendido. (STJ, AgRg no REsp 1.490.894/DF)
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Majorante do transporte de valores:

JURISPRUDÊNCIA
Deve incidir a majorante prevista no inciso III do § 2º do art. 157 do CP na hipótese em
que o autor pratique o roubo ciente de que as vítimas, funcionários da Empresa Brasileira
de Correios e Telégrafos (ECT), transportavam grande quantidade de produtos cosméti-
cos de expressivo valor econômico e liquidez. (STJ, REsp 1.309.966/RJ)

Roubo de uso:

JURISPRUDÊNCIA
O roubo de uso é típico. (STJ, REsp 1.323.275/GO)

Latrocínio e cooperação dolosamente distinta:

JURISPRUDÊNCIA
O coautor que participa de roubo armado responde pelo latrocínio, ainda que o disparo
tenha sido efetuado pelo comparsa. Não pode, porém, ser imputado o resultado morte
ao coautor quando há rompimento do nexo causal entre a conduta dele e a de seu com-
parsa. (STF, HC 109.151/RJ)

Extorsão

Ameaça espiritual:

JURISPRUDÊNCIA
Configura o delito de extorsão (art. 158 do CP) a conduta de agente que submete vítima
à grave ameaça espiritual que se revelou idônea a atemorizá-la e compeli-la a realizar o
pagamento de vantagem econômica indevida. (STJ, REsp 1.299.021/SP)

Concurso de pessoas, emprego de arma e sequestro-relâmpago:

JURISPRUDÊNCIA
Em extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, sendo essa condição
necessária para a obtenção da vantagem econômica (art. 158, § 3º, do CP), é possível a
incidência da causa de aumento prevista no § 1º do art. 158 do CP (crime cometido por
duas ou mais pessoas ou com emprego de arma). (STJ, REsp 1.353.693/RS)

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Continuidade delitiva:

JURISPRUDÊNCIA
Não há continuidade delitiva entre os crimes de roubo e extorsão, ainda que praticados em
conjunto. Isso porque, nos termos da pacífica jurisprudência do STJ, os referidos crimes,
conquanto de mesma natureza, são de espécies diversas, o que impossibilita a aplicação
da regra do crime continuado, ainda quando praticados em conjunto. (STJ, HC 77.467-SP)

Ameaça de prejuízo econômico:

JURISPRUDÊNCIA
Pode configurar o crime de extorsão a exigência de pagamento em troca da devolução do
veículo furtado, sob a ameaça de destruição do bem. (STJ, REsp 1.207.155/RS)

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EXERCÍCIOS
Atualização

001. (INÉDITA/2021) Por meio de aplicativo malicioso (malware), um indivíduo conseguiu se pas-
sar por correntista de um banco e realizou diversas transferências de valores para contas bancárias
de terceiros. Em razão em emprego de fraude, o crime por ele praticado foi o de estelionato.

Para o STJ, como a quantia não foi entregue pela vítima, mas tomado (subtraído) pelo crimino-
so, a correta tipificação é pelo delito de furto qualificado pelo emprego de fraude, do artigo 155,
§ 4º, II, do CP. No entanto, a partir da entrada em vigor da Lei n. 14.155/21, em vigor desde o dia
28 de maio, a adequada tipificação passou a ser a do artigo 155, § 4º-B, do CP.
Errado.

002. (INÉDITA/2021) No furto qualificado pelo emprego de fraude por meio de dispositivo
eletrônico ou informático, a pena é aumentada de um terço ao dobro se a vítima for idosa.

É o teor do § 4º-B, II, do artigo 155 do CP, com redação dada pela Lei n. 14.155/21.
Certo.

003. (INÉDITA/2021) A partir da entrada em vigor do Pacote Anticrime – Lei n. 13.964/19 –,


passou a ser hediondo o crime de furto de substância explosiva, qualificadora do delito punida
com pena de reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

É hediondo o furto se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo
comum (CP, art. 155, § 4º-A). A subtração de substância explosiva qualifica o delito (art. 155, §
7º), mas não o torna hediondo. O motivo e simples: não está no rol dos crimes hediondos (Lei
n. 8.072/90, art. 1º).
Errado.

004. (INÉDITA/2021) O Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/19) tornou hediondo o roubo qualifi-
cado pelo emprego de arma de fogo, seja de uso permitido, restrito ou proibido.

De fato, a partir do Pacote Anticrime, o roubo com emprego de arma de fogo passou a ser he-
diondo, ainda que de uso permitido (Lei n. 8.072/90, art. 1º, II, “b”). No entanto, não se trata de
qualificadora, mas de causa de aumento de pena.
Errado.
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005. (INÉDITA/2021) Até a entrada em vigor da Lei n. 13.964/19, conhecida por Lei Anticrime
ou Pacote Anticrime, o furto era crime de ação pena pública incondicionada. Atualmente, no
entanto, é crime de ação penal pública condicionada à representação, desde que ausente cir-
cunstância que qualifique o delito.

A Lei n. 13.964/19 provocou a mencionada alteração no crime de estelionato (CP, art. 171, §
5º). No furto, nada mudou. Permanece crime de ação penal pública incondicionada, exceto nas
hipóteses do artigo 182 do CP.
Errado.

006. (INÉDITA/2021) Atualmente, o roubo circunstanciado pela restrição de liberdade da víti-


ma é crime hediondo, assim como o roubo qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou
gravíssima.

A causa de aumento da restrição de liberdade da vítima (CP, art. 157, § 2º, V) está no rol dos
crimes hediondos (Lei n. 8.072/90, art. 1º, II, “a”). Quanto à qualificadora da lesão corporal
grave (CP, art. 157, § 3º, I), embora a Lei dos Crimes Hediondos fale apenas em lesão corpo-
ral grave (CP, art. 129, § 1º), deve ser também considerada a lesão corporal gravíssima (art.
129, § 2º).
Certo.

007. (INÉDITA/2021) Em 2018, em aparente equívoco, a Lei n. 13.654 revogou o inciso I, do §


2º, do artigo 157 do CP, dando fim à causa de aumento do emprego de arma branca. Em 2019,
a Lei n. 13.964 – Pacote Anticrime – deu fim ao problema, reincluindo a majorante ao rol do §
2º, mas no inciso VII. Considerando ter havido a mera retificação de exclusão equivocada da
causa de aumento de pena, a Lei n. 13.964 deve retroagir e alcançar fatos ocorridos entre 2018
e 2020, quando entrou em vigor.

Em 2018, foi vista com maus olhos a revogação do inciso I do § 2º, dando fim à causa de au-
mento de pena pelo emprego de arma branca. No entanto, ainda que o Pacote Anticrime tenha
apenas reparado erro anterior do legislador, a reinclusão da majorante é inegável hipótese de
novatio legis in pejus, não podendo retroagir a fatos anteriores.
Errado.

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008. (INÉDITA/2021) O Pacote Anticrime – Lei n. 13.964/19 – retirou do rol dos crimes hedion-
dos a extorsão qualificada pelo resultado morte, crime do artigo 158, § 2º, do CP.

Infelizmente, um dos erros mais grosseiros do nosso Poder Legislativo. Ao incluir o artigo 158,
§ 3º, à Lei n. 8.072/90, em aparente descuido, o legislador retirou o § 2º, gerando situação de
novatio legis in mellius em um dos crimes mais graves de toda a legislação brasileira.
Certo.

009. (INÉDITA/2021) A partir da Lei n. 14.155/21, se o furto mediante fraude for cometido
por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de computadores,
com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou
por qualquer outro meio fraudulento análogo, o criminoso não terá direito à transação penal, à
suspensão condicional do processo ou ao acordo de não persecução penal.

Punido com pena de reclusão, de quatro a oito anos, e multa (CP, art. 155, § 4º-B), a qualifica-
dora não é compatível com a transação penal, pois a pena máxima é superior a dois anos (Lei
n. 9.099/95, arts. 61 e 76). Por ter pena mínima superior a um ano, também não é possível a
suspensão condicional do processo (idem, art. 89). Por fim, não é admitido o acordo de não
persecução penal, que tem por requisito pena mínima inferior a quatro anos (CPP, art. 28-A).
Certo.

Súmulas e Informativos

010. (INÉDITA/2021) De acordo com entendimento dos Tribunais Superiores, a dívida de cor-
rida táxi não pode ser considerada coisa alheia móvel para fins de configuração da tipicidade
dos delitos patrimoniais (ex.: roubo).

É o entendimento do STJ (REsp 1.757.543/RS). No caso decidido pela Corte, o agente se negou
a efetuar o pagamento da corrida de táxi e desferiu um golpe de faca no motorista, sem tentar
subtrair objeto algum (não houve animus furandi).
Certo.

011. (INÉDITA/2021) Conforme jurisprudência do STJ, a alteração do sistema de medição,


mediante fraude, para que aponte resultado menor do que o real consumo de energia elétrica
configura o crime de furto qualificado pelo emprego de fraude (CP, art. 155, § 4º, II).

Para o STJ, caracteriza o crime de estelionato (AREsp 1.417.119/DF).


Errado.

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012. (INÉDITA/2021) Com base na jurisprudência dos Tribunais Superiores, é correto dizer
que, no caso de furto de energia elétrica mediante fraude, o adimplemento do débito antes do
recebimento da denúncia não extingue a punibilidade.

Entretanto, o adimplemento não impede a diminuição de pena em razão do arrependimento


posterior (CP, art. 16). Foi o que decidiu o STJ no RHC 101.299/RS.
Certo.

013. (INÉDITA/2021) Na sede de uma associação volta a fins beneficentes, um indivíduo fez com
que seu filho, de nove anos de idade, subtraísse quantia ínfima (R$ 4,90), em dinheiro, depositada
em um jarro para doações localizado sobre o balcão de atendimento. No exemplo, não é possível
que seja reconhecida a atipicidade material em decorrência do princípio da insignificância.

Embora, de fato, valor seja ínfimo (R$ 4,90), a reprovabilidade da conduta inviabiliza o reconhe-
cimento do princípio da insignificância. O STJ julgou caso idêntico ao do enunciado no RHC
93.472/MS.
Certo.

014. (INÉDITA/2021) Com emprego de chave falsa, Carlos abriu o armário coletivo de uma
academia e subtraiu um pote de suplemento avaliado em trezentos reais. Ao proferir sentença
condenatória, o magistrado reconheceu o pequeno valor da coisa subtraída, mas afastou a
possibilidade do reconhecimento do furto privilegiado (CP, art. 155, § 2º) em razão de o furto
ser qualificado (art. 155, § 4º, III). No exemplo trazido, agiu corretamente o julgador.

É possível a incidência da causa de diminuição do artigo 155, § 2º, do CP na hipótese de furto


qualificado, desde que a qualificadora seja de natureza objetiva (meio ou modo de execução),
como é o caso do emprego de chave falsa. Nesse sentido, Súmula 511 do STJ: É possível o
reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto
qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qua-
lificadora for de ordem objetiva.
Errado.

015. (INÉDITA/2021) A partir da entrada em vigor da Lei n. 13.654/2018, deixou de existir a cau-
sa de aumento de pena do emprego de arma branca no crime de roubo, situação modificada em
2020, quando entrou em vigor o Pacote Anticrime, incluindo-a novamente ao rol do artigo 157, §
2º, do CP. Durante esse período, entre a revogação e a reinclusão da majorante, embora o roubo
fosse simples (CP, art. 157, caput), e não circunstanciado, o emprego de arma branca podia ser
considerado como circunstância judicial desabonadora no momento do cálculo da pena-base.
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Entre a entrada em vigor da Lei n. 13.654/2018 e da Lei n. 13.964/19 (Pacote Anticrime), a ma-
jorante do emprego de arma branca no contexto do roubo deixou de existir. No entanto, isso
não significa que a conduta não pudesse ser punida com maior rigor: em vez de aumentar a
pena, o que não era mais possível, a circunstância passou a ser analisada no momento do cál-
culo da pena-base, nos termos do artigo 59 do CP. Nesse sentido, entendeu o STJ: nos casos
em que se aplica a Lei n. 13.654/2018, é possível a valoração do emprego de arma branca, no
crime de roubo, como circunstância judicial desabonadora (HC 556.629/RJ).
Certo.

016. (INÉDITA/2021) Configura o crime de estelionato a conduta do funcionário de uma em-


presa que combina com outro indivíduo para que este simule que assalta o empregado com
uma arma de fogo e, dessa forma, leve o dinheiro da empresa.

No HC 147.584/RJ, o STF entendeu que os dois indivíduos devem ser responsabilizados pelo
crime de roubo. A pena deve ser aumentada em razão do concurso de pessoas e do emprego
de arma de fogo (CP, art. 157, § 2º, II, § 2º-A ou § 2º-B).
Errado.

017. (INÉDITA/2021) Para o STJ, o roubo de uso é típico. O furto de uso, no entanto, é atípico.

O chamado furto de uso se caracteriza pela ausência de ânimo de permanecer na posse do bem
subtraído, que se demonstra com a rápida, voluntária e integral restituição da coisa, antes que a vítima
perceba a subtração do bem. Para o STJ, é conduta atípica (AgRg no AREsp 1175.880/PE). Por outro
lado, no roubo de uso, a conduta é típica. A diferença: o roubo é delito complexo, que possui como
objeto jurídico tanto o patrimônio como a integridade física e a liberdade do indivíduo. Portanto, seja
pela violência ou pela grave ameaça, não há como se entender pela não violação de algum bem jurí-
dico tutelado pelo artigo 157 do CP, que não protege apenas o patrimônio (STJ, REsp 1.323.275/GO).
Certo.

018. (INÉDITA/2021) A prostituta maior de idade e não vulnerável que, considerando estar
exercendo pretensão legítima, arranca cordão do pescoço de seu cliente pelo fato de ele não
ter pago pelo serviço sexual combinado e praticado consensualmente, pratica o crime de exer-
cício arbitrário das próprias razões (CP, art. 345), e não roubo (CP, art. 157).

Para o STJ, não houve intenção de subtração de vantagem indevida, mas de cobrança, pelas
próprias mãos, de dívida cujo pagamento o cliente se recusou a fazer. Portanto, a conduta des-
crita melhor se amolda ao exercício arbitrário das próprias razões (HC 211.888/TO).
Certo.

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019. (INÉDITA/2021) No crime de roubo, a intimidação feita com arma de brinquedo autoriza
o aumento da pena.

No passado, foi o entendimento do STJ. Inclusive, havia súmula com a redação acima transcri-
ta (n. 174 do STJ). No entanto, houve o cancelamento do enunciado (STJ, REsp 213.054/SP) e,
atualmente, prevalece o entendimento de que o simulacro ou arma de brinquedo não é motiva-
ção idônea para fundamentar o aumento de pena por emprego de arma de fogo.
Errado.

020. (INÉDITA/2021) Segundo decidiu o STJ, configura o delito de extorsão (CP, art. 158) a
conduta de agente que submete vítima à grave ameaça espiritual que se revelou idônea a ate-
morizá-la e compeli-la a realizar o pagamento de vantagem econômica indevida.

No caso concreto, o agente fez a vítima acreditar que estava acometida de mal causado por
entidades sobrenaturais e que seria imprescindível sua intervenção, solicitando, para tanto,
vultosas quantias. Mesmo depois de expresso pedido de interrupção dos rituais, modificou
a abordagem inicial e passou a empregar grave ameaça de acabar com a vida da vítima, seu
carro e de causar dano à integridade física de seus filhos, para forçá-la a desembolsar indevida
vantagem econômica. A ameaça de mal espiritual, em razão da garantia de liberdade religiosa,
não pode ser considerada inidônea ou inacreditável. Para a vítima e boa parte do povo brasilei-
ro, existe a crença na existência de força ou forças sobrenaturais, manifestada em doutrinas
e rituais próprios, não havendo falar que são fantasiosas e que nenhuma força possuem para
constranger o homem médio. Os meios empregados foram idôneos, tanto que ensejaram a
intimidação da vítima, a consumação e o exaurimento da extorsão (STJ, REsp 1.299.021/SP).
Certo.

021. (INÉDITA/2021) Com fundamento na jurisprudência dos Tribunais Superiores, é correto


dizer que as causas de aumento de pena do § 1º do artigo 158 do CP – concurso de pessoas
ou emprego de arma – não são aplicáveis à qualificadora do § 3º do mesmo dispositivo, onde
está tipificado o sequestro-relâmpago, mas apenas à extorsão simples, do caput do artigo 158.

Para o STJ, ainda que topologicamente a qualificadora esteja situada após a causa especial
de aumento de pena, com esta não se funde, uma vez que tal fato configura mera ausência de
técnica legislativa, que se explica pela inserção posterior da qualificadora do § 3º no tipo do
art. 158 do CP, que surgiu após uma necessidade de reprimir essa modalidade criminosa (REsp
1.353.693/RS).
Errado.

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Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte I
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022. (INÉDITA/2021) De acordo com o STJ, pode configurar o crime de extorsão a exigência
de pagamento em troca da devolução do veículo furtado, sob a ameaça de destruição do bem.

Segundo a Corte, pode configurar o crime de extorsão a exigência de pagamento em troca da


devolução do veículo furtado, sob a ameaça de destruição do bem (STJ, REsp 1.207.155/RS).
Certo.

023. (INÉDITA/2021) Não se consuma o crime de extorsão quando, apesar de ameaçada, a


vítima não se submete à vontade do criminoso, ou seja, não assume o comportamento exigido
pelo agente. Nesse caso, haverá tentativa de extorsão.

Nesse sentido, o REsp 1.094.888/SP, julgado pelo STJ. Embora prescindível a obtenção de
vantagem indevida para que o delito se consume, não é suficiente a ordem do criminoso para
que a vítima faça, deixe de fazer ou tolere que algo seja feito. Tem de existir o comportamento
positivo ou negativo da vítima.
Certo.

024. (INÉDITA/2021) Em entendimento sumulado, o STJ entendeu que, no crime de tráfico de


drogas, é desnecessária a efetiva transposição de fronteiras entre estados da federação para
que seja reconhecido o tráfico interestadual, causa de aumento de pena (Lei n. 11.343/06, art.
40, V). Para a Corte, o mesmo raciocínio é válido em relação à majorante do roubo (CP, art. 157, §
2º, IV), quando o veículo automotor subtraído tiver por destino outro Estado ou o Distrito Federal,
devendo ser aumentada a pena ainda que não ocorra a transposição das fronteiras estaduais.

De fato, para o tráfico de drogas interestadual, é dispensável a efetiva transposição de frontei-


ra para a incidência da respectiva causa de aumento de pena (Súmula 587 do STJ). Por outro
lado, no roubo majorado do artigo 157, § 2º IV, do CP, é imprescindível que o veículo seja efeti-
vamente transportado para outro Estado.
Errado.

Legislação/Doutrina

025. (INÉDITA/2021) O crime de supressão ou alteração de marca em animais (CP, art. 162) é
de menor potencial ofensivo, de competência do Juizado Especial Criminal.

O delito de supressão ou alteração de marca em animais (CP, art. 162) tem pena máxima de
três anos. Portanto, não se trata de crime de menor potencial ofensivo (Lei n. 9.099/95, art. 61).
Contudo, por ser punido com pena mínima de um ano, é admitida a suspensão condicional do
processo (idem, art. 89).
Errado.
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026. (INÉDITA/2021) É qualificado o furto quando praticado durante repouso noturno, hipóte-
se em que não será admitida a suspensão condicional do processo (Lei n. 9.099/95, art. 89).

O furto praticado durante repouso noturno é, em verdade, causa de aumento de pena – a pena
é aumentada de um terço –, e não qualificadora do delito.
Errado.

027. (INÉDITA/2021) O crime de roubo é compatível com o arrependimento posterior


(CP, art. 16).

O roubo é incompatível com o arrependimento posterior (CP, art. 16) e com o acordo de não
persecução penal (CPP, art. 28-A) pelo mesmo motivo: o emprego de violência ou grave amea-
ça na prática da conduta.
Errado.

028. (INÉDITA/2021) No crime de furto de coisa comum (CP, art. 156), não é punível a subtra-
ção de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.

É o que diz o artigo 156, § 2º, do CP, ipsis litteris.


Certo.

029. (INÉDITA/2021) Na hipótese de erro de tipo essencial (CP, art. 20, caput) em crime de
dano (CP, art. 163), se evitável o erro, o dolo deve ser afastado, mas o agente pode ser respon-
sabilizado pelo dano culposo.

O artigo 163 do CP não tipifica a modalidade culposa do crime de dano.


Errado.

030. (INÉDITA/2021) É qualificado o crime de dano, punido com pena de detenção, de seis
meses a três anos, e multa, quando a conduta é praticada com emprego de arma de fogo de
uso proibido.

Não existe previsão nesse sentido no parágrafo único do artigo 163 do CP, onde há uma lista
de qualificadoras do crime do dano.
Errado.

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031. (INÉDITA/2021) Não fica caracterizado o crime de latrocínio quando a morte decorre de
violência moral ou de violência imprópria.

De acordo com a redação do § 3º do artigo 157 do CP, a morte deve decorrer, necessariamente,
de violência física contra a pessoa. Não incide a qualificadora quando a morte for consequên-
cia de violência moral (grave ameaça) ou e violência imprópria (impossibilidade de resistência).
Certo.

032. (INÉDITA/2021) O crime de furto de coisa comum é de ação penal privada. Portanto,
somente se procede mediante queixa.

O crime de furto de coisa comum é de ação penal pública condicionada à representação (CP,
art. 156, § 1º).
Errado.

Questões Divididas por Carreiras

Defensor Público

033. (CEBRASPE/2019/DPE-DF) Com relação aos delitos tipificados na parte especial do Có-
digo Penal, julgue o item subsecutivo.
Situação hipotética: Pedro, réu primário, valendo-se da confiança que lhe depositava o seu em-
pregador, subtraiu para si mercadoria de pequeno valor do estabelecimento comercial em que
trabalhava. Assertiva: Nessa situação, apesar de configurar a prática de furto qualificado pelo
abuso de confiança, o juiz poderá reconhecer o privilégio.

É possível que um furto seja, ao mesmo tempo, qualificado e privilegiado (CP, art. 155, § 2º),
desde que a qualificadora seja de ordem objetiva (ex.: emprego de explosivo, do § 4º-A). O
abuso de confiança tem natureza subjetiva (§ 4º, II).
Errado.

034. (FCC/2016/DPE-ES/ADAPTADA) No que concerne aos crimes contra o patrimônio, é


correto afirmar que não constitui furto de energia a subtração de sinal de TV a cabo, consoante
já decidido pelo Supremo Tribunal Federal.

As Cortes Superiores harmonizaram o entendimento de que o sinal de TV a cabo não


pode ser objeto material do crime de furto. Nesse sentido, CC 173.968/SP, do STJ: A Sexta

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Turma desta Corte Superior, no julgamento do Recurso Especial n. 1.838.056/RJ, de minha


Relatoria, em sintonia com precedente do Supremo Tribunal Federal, entendeu que a cap-
tação clandestina de sinal de televisão por assinatura não pode ser equiparada ao furto de
energia elétrica, tipificado no art. 155, § 3º, do Código Penal, pela vedação à analogia in
malam partem.
Certo.

035. (FCC/2016/DPE-ES/ADAPTADA) A indispensabilidade do comportamento da vítima não


constitui critério de diferenciação entre o roubo e a extorsão.

Na extorsão (CP, art. 158), o criminoso constrange a vítima, mediante violência ou grave ame-
aça, a fazer, deixar de fazer ou tolerar que se faça algo. Difere do roubo (CP, art. 157), em que
não há necessidade de qualquer comportamento pela vítima.
Errado.

036. (UFMT/2016/DPE-MT) Mévio, mediante grave ameaça, subtraiu um telefone celular de


Maria Rosa, avaliado em R$ 2.000,00 (dois mil reais), mantendo-a em seu poder, restringindo
sua liberdade por duas horas, com o propósito de garantir o êxito da empreitada criminosa.
Mévio responderá por
a) roubo circunstanciado.
b) roubo e sequestro, em concurso formal.
c) sequestro, já que este absorve o roubo.
d) roubo e sequestro, em concurso material.
e) roubo impróprio.

O fundamento é o artigo 157, § 2º, V, do CP, crime hediondo desde a entrada em vigor do Pacote
Anticrime, no dia 23 de janeiro de 2020 (Lei n. 8.072/90, art. 1º, II, “a”).

ROUBO
ROUBO IMPRÓPRIO SEQUESTRO
CIRCUNSTANCIADO
É o roubo descrito no artigo Pelo contexto, a questão
157, § 1º, do CP. É o termo adotado parece fazer referência
§ 1º. Na mesma pena incorre quando presente causa ao crime do artigo 148 do
quem, logo depois de de aumento de pena. A CP, sequestro e cárcere
subtraída a coisa, emprega restrição de liberdade privado. Não há concurso
violência contra pessoa da vítima no contexto de crimes, pois a restrição
ou grave ameaça, a fim de do roubo serve de de liberdade da vítima
assegurar a impunidade do exemplo (CP, art. 157, § é objeto de causa de
crime ou a detenção da coisa 2º, V). aumento de pena (art.
para si ou para terceiro. 157, § 2º, V).

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No concurso formal, o agente, mediante uma única conduta,


produz dois ou mais resultados (CP, art. 70).

CONCURSO DE Art. 70. Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão,


CRIMES pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais
No exemplo grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas
descrito no aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas
enunciado, não
aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é
houve concurso
dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos,
de crimes, mas
consoante o disposto no artigo anterior.
apenas roubo
majorado ou
No concurso material, a partir da prática de duas ou mais
circunstanciado
condutas, o agente produz dois ou mais resultados.
pela restrição
de liberdade da
Art. 69. Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,
vítima (art. 157, §
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumula-
2º, V).
tivamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido.
No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de deten-
ção, executa-se primeiro aquela.

Letra a.

037. (FCC/2014/DPE-RS) Ivo, após anunciar “assalto” em desfavor de Amadeu, subtraiu da vítima,
mediante violência, seu automóvel, certa quantia em dinheiro, telefone celular e o cartão bancário,
que contava com a senha de saque anotada no verso. Após circular com o ofendido por cerca de
duas horas no automóvel da vítima, a qual transitou sentada no banco do caroneiro, o ofensor diri-
giu-se a uma agência bancária e, sozinho, na posse do cartão bancário e da senha, sacou R$ 500,00
da conta do ofendido, que permaneceu no veículo. Amadeu foi libertado apenas uma hora depois
de o agente deixar a agência, pois nesse período transitaram sem rumo pela cidade. Nesse caso, Ivo
a) responderá pelo crime de extorsão indireta, tipo penal previsto no art. 160 do Código Penal.
b) responderá, em concurso material, pelas figuras típicas de roubo (art. 157 do Código Penal)
e de sequestro (art. 148 do Código Penal).
c) responderá pelo crime de roubo majorado (art. 157, § 2º, V, do Código Penal), pois manteve
a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade, por tempo superior ao necessário para a
consumação do delito.
d) responderá pelo crime de extorsão qualificada, com previsão no art. 158, § 3º, do Código
Penal, primeira parte.
e) responderá pelo delito de extorsão mediante sequestro, capitulado no art. 159 do Có-
digo Penal.

A questão exigiu do candidato a capacidade de distinguir crimes contra o patrimônio aparen-


temente semelhantes.

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Entenda o porquê da resposta no quadro a seguir.

O CRIMINOSO A VÍTIMA É
A LIBERTAÇÃO DA
PODE OBTER A RESTRINGIDA DA
VÍTIMA INDEPENDE
VANTAGEM INDEVIDA SUA LIBERDADE
CRIME DE QUALQUER
INDEPENDENTEMENTE NO CONTEXTO DO
CONDUTA, COMO
DE CONDUTA DA CRIME CONTRA O
PREÇO DE RESGATE.
VÍTIMA. PATRIMÔNIO.
SIM SIM SIM
Roubo
Inclusive, foi o que A restrição se dá A restrição da
circunstanciado
aconteceu. Como a exclusivamente liberdade perdura
pela restrição
senha estava anotada no contexto do apenas pelo tempo
de liberdade da
no verso do cartão, o roubo, para que o necessário para que o
vítima (CP, art.
criminoso não precisou criminoso tenha criminoso tenha êxito
157, § 2º, V).
da vítima. êxito na subtração. no delito.
SIM
Para que fique
caracterizado NÃO
NÃO o sequestro- A restrição da
É o principal ponto de relâmpago, a liberdade ocorre
Extorsão
distinção entre o roubo restrição deve se por ser necessária
qualificada
e a extorsão: nesta, o dar, exclusivamente, à obtenção
pelo sequestro-
criminoso precisa que no contexto da da vantagem
relâmpago (CP,
a vítima faça, deixe de extorsão, e deve econômica, e não
art. 158, § 3º).
fazer ou tolere que se perdurar apenas como instrumento
faça algo. enquanto necessária de chantagem para
à obtenção alcançá-la.
da vantagem
econômica.
NÃO SIM
SIM
O sequestrador precisa É da essência do
O criminoso priva
que alguém se submeta delito: a liberdade
Extorsão a vítima de sua
à exigência de vantagem da vítima é utilizada
mediante liberdade até que
como condição ou preço como moeda de troca
sequestro (CP, receba a vantagem
do resgate. Da pessoa pelo sequestrador,
art. 159). imposta como
sequestrada, subjugada, que tem por objetivo
condição ou preço
nenhum comportamento o recebimento da
de resgate.
se exige. vantagem econômica.
NÃO NÃO
Extorsão O criminoso precisa O crime não NÃO
indireta (CP, que a vítima entregue o envolve a privação Não há vítima a ser
art. 160). documento mencionado ou restrição da libertada,
no artigo 160 do CP. liberdade.
Letra c.

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Procurador

038. (VUNESP/2019/PGM) É qualificado, se cometido contra o patrimônio do Município,


o crime de
a) furto (CP, art. 155, § 4º).
b) usurpação de águas (CP, art. 161, I).
c) esbulho possessório (CP, art. 161, II).
d) dano (CP, art. 163).

A resposta está no artigo 163, parágrafo único, III, do CP. Quanto ao furto, atenção ao crime
previsto no artigo 312, § 1º, do CP – o denominado peculato-furto.

DANO QUALIFICADO PECULATO-FURTO

Art. 163, Parágrafo único. Se o crime é


cometido:
Art. 312, § 1º Aplica-se a mesma
III – contra o patrimônio da União, de
pena, se o funcionário público,
Estado, do Distrito Federal, de Município
embora não tendo a posse do
ou de autarquia, fundação pública,
dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou
empresa pública, sociedade de economia
concorre para que seja subtraído, em
mista ou empresa concessionária de
proveito próprio ou alheio, valendo-
serviços públicos;
se de facilidade que lhe proporciona
Pena – detenção, de seis meses a
a qualidade de funcionário.
três anos, e multa, além da pena
correspondente à violência.
Letra d.

Magistratura

039. (VUNESP/2019/TJ-RJ) João invade um museu público disposto a furtar um quadro. Du-
rante a ação, quando já estava tirando o quadro da parede, depara-se com um vigilante. Diante
da ordem imperativa para largar o quadro, e temendo ser alvejado, vulnera o vigilante com um
projétil de arma de fogo. O vigilante vem a óbito; e João, impressionado pelos acontecimentos,
deixa a cena do crime sem carregar o quadro. De acordo com o entendimento sumulado pelo
Supremo Tribunal Federal, praticou-se
a) furto qualificado tentado em concurso com homicídio qualificado consumado.
b) roubo próprio tentado em concurso com homicídio consumado.
c) roubo impróprio tentado em concurso com homicídio consumado.
d) latrocínio tentado.
e) latrocínio consumado.

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A resposta tem por fundamento o artigo 157, § 3º, II, do CP. Três pontos merecem destaque:
(1º) no latrocínio, a morte não tem de resultar, necessariamente, de culpa. Pode ser dolosa,
buscada pelo criminoso; (2º) há um mito de que o latrocínio não seria compatível com a ten-
tativa. No entanto, é um equívoco pensar dessa forma, afinal, como visto no próximo item, a
tentativa é, sim, possível; (3º) Para aferir se o latrocínio foi consumado ou tentado, importa
saber se a morte, de fato, se concretizou. É irrelevante o fato de a coisa ter ou não sido subtra-
ída. Nesse sentido, temos a Súmula 610 do STF: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se
consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima.
Letra e.

040. (CEBRASPE/2019/TJ-PA) Antônio estava em uma festa, acompanhado de amigos e de


Maria, sua esposa. Depois de consumir uma grande quantidade de bebida alcóolica, ele deci-
diu furtar o celular que estava sobre a mesa. Antônio, que acreditava que o objeto era de pro-
priedade de algum desconhecido — na verdade, o aparelho era de Maria —, sorrateiramente o
colocou no bolso. Passados alguns minutos, tendo percebido que o aparelho estava quebrado,
arrependido, ele decidiu deixar o aparelho dentro do banheiro, com a esperança de que o pro-
prietário do celular o recuperasse. Após isso, retornou para sua casa.
Considerando que a conduta de Antônio tenha sido descoberta e denunciada à polícia, assina-
le a opção correta.
a) Antônio responderá pelo crime de furto, mas sua pena será reduzida em razão da absoluta
impropriedade do objeto.
b) A pena de Antônio será reduzida por ter ele se arrependido da subtração e deixado o apare-
lho no banheiro, com intuito de que o proprietário do bem o recuperasse.
c) A pena será agravada em razão de a vítima ser esposa do agente.
d) A pena será atenuada, por ter Antônio procurado por sua espontânea vontade e com eficiên-
cia, logo após o crime, evitar as consequências de sua conduta.
e) Antônio responderá por crime de furto consumado.

a) Errada. A alternativa tem dois problemas. Embora esteja clara a referência ao crime impos-
sível, a incidência do artigo 17 do CP não faz com que a pena seja diminuída. Torna a conduta
atípica. Além disso, o fato de o celular estar com algum defeito não torna o crime impossível
por absoluta impropriedade do objeto.
b) Errada. É pressuposto para o reconhecimento do arrependimento posterior (CP, art. 16) a
reparação do dano ou a restituição da coisa. Não foi o que aconteceu no exemplo trazido no
enunciado.

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c) Errada. Embora exista agravante quando praticado crime contra cônjuge (CP, art. 61, II, “e”),
essa informação não era conhecida por Antônio.
d) Errada. A alternativa faz referência à atenuante do artigo 65, III, “b”, do CP. Dois motivos po-
dem fazer com que se compreenda pela não aplicação da atenuante: (1º) não parece ter sido
alcançada a eficiência exigida pelo dispositivo legal, afinal, não produziu impacto em relação à
consequência do delito; (2º) não houve espontaneidade, mas voluntariedade. Espontâneo é o
que parte do indivíduo, algo instintivo. Por outro lado, na voluntariedade, embora exista, eviden-
temente, vontade, há influência externa, que o motiva a fazer algo – no exemplo, ter descoberto
que o telefone estava quebrado.
e) Certa. A Súmula 582 do STJ é também aplicável ao furto: Consuma-se o crime de roubo com
a inversão da posse do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por
breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada,
sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
Letra e.

041. (VUNESP/2019/TJ-AC) Assinale a alternativa correta.


a) Agente que impõe à vítima, como garantia de dívida, a exigência ou o recebimento de do-
cumento que pode dar causa a procedimento criminal contra esta ou terceiro, responde pelo
delito de extorsão indireta.
b) O crime de receptação dolosa imprópria independe da boa-fé do terceiro no recebimento da
coisa ilícita para efeito de responsabilização penal deste.
c) A pena do furto qualificado de veículo automotor transportado para outro Estado ou para o
exterior será de 02 (dois) a 08 (oito) anos de reclusão e multa.
d) Agente que pratica o crime de roubo com o emprego de faca será responsabilizado pela
qualificadora do emprego de arma, com pena aumentada em dois terços.

a) Certa. A alternativa corresponde à literalidade do artigo 160 do CP.


b) Errada. É elementar da denominada receptação dolosa imprópria (CP, art. 180, in fine) a boa-
-fé de terceiro que adquire, recebe ou oculte a coisa.
c) Errada. A pena é de três a oito anos (CP, art. 155, § 5º), e não de dois a oito anos. Além disso,
não existe previsão de multa.
d) Errada. Na época em que a questão foi elaborada, não havia mais a majorante do emprego
de arma branca, extinta com a revogação do inciso I do § 2º do artigo 157. De qualquer forma,
mesmo após o Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/19), que reincluiu a causa de aumento (agora,
no inciso VII), a alternativa permanece errada, pois não se trata de qualificadora, mas, como já
dito, de causa de aumento de pena. Além disso, o aumento é de um terço até metade, e não de
dois terços.
Letra a.

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042. (CONSULPLAN/2018/TJ-MG) Fulano, conhecido nos meios policiais pela prática de cri-
mes contra o patrimônio, decidiu abandonar temporariamente suas atividades delituosas após
conhecer Beltrana, por quem se apaixonara. A moça, no entanto, conhecendo a má fama de
Fulano, o rejeitou. Magoado, Fulano decidiu se vingar e, durante uma festa na casa de amigos
em comum, colocou sonífero na bebida de Beltrana. Tão logo ela caiu no sono, Fulano a levou
para um dos quartos e, aproveitando-se de que ninguém o observava, subtraiu todas as roupas
de Beltrana, deixando-a nua, além de pilhar dinheiro e documentos que ela levava em sua bol-
sa. Em seguida, ele evadiu da festa, levando consigo todos os bens subtraídos. Nessa situação
hipotética, conforme legislação aplicável ao caso, o Fulano pratica crime de
a) roubo próprio.
b) roubo impróprio.
c) furto simples consumado.
d) furto qualificado pelo abuso de confiança.

VIOLÊNCIA PRÓPRIA
Emprego de força física contra o corpo da vítima.
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio,
reduzido à impossibilidade de resistência.
§ 1º. Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega
violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do
crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.

PRÓPRIO IMPRÓPRIO
É o roubo do caput É o roubo do § 1º do
do artigo 157 do CP. ROUBO artigo 157 do CP. Por
Admite tanto a violência omissão da lei, admite
própria quanto a apenas a violência
imprópria. própria.

VIOLÊNCIA IMPRÓPRIA
Qualquer meio que impossibilite que a vítima se defenda.
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante
grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer
meio, reduzido à impossibilidade de resistência.
Letra a.

Promotor de Justiça

043. (CEBRASPE/2020/MP-CE) Joaquim, com o intuito de fornecer energia elétrica a seu pe-
queno ponto comercial situado em via pública, efetuou uma ligação clandestina no poste de

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energia elétrica próximo a seu estabelecimento. Durante dois anos, ele utilizou a energia elé-
trica dessa fonte, sem qualquer registro ou pagamento do real consumo. Em fiscalização, foi
constatada a prática de crime, e, antes do recebimento da denúncia, Joaquim quitou o valor da
dívida apurado pela companhia de energia elétrica.
Consoante a jurisprudência do STJ, nessa situação hipotética, Joaquim praticou o crime de
a) furto mediante fraude, cuja punibilidade foi extinta com o pagamento do débito antes do
oferecimento da denúncia.
b) estelionato, cuja punibilidade foi extinta com o pagamento do débito antes do oferecimento
da denúncia.
c) furto simples, cuja punibilidade não foi extinta com o pagamento do débito, apesar de essa
circunstância poder caracterizar arrependimento posterior.
d) estelionato, cuja punibilidade não foi extinta com o pagamento do débito, apesar de essa
circunstância poder caracterizar arrependimento posterior.
e) furto mediante fraude, cuja punibilidade não foi extinta com o pagamento do débito, apesar
de essa circunstância poder caracterizar arrependimento posterior.

Todas as alternativas devem ser enfrentadas com a jurisprudência do STJ: 1. A Terceira Seção
do STJ, no julgamento do RHC n. 101.299/RS, firmou a orientação de que é inviável o reco-
nhecimento da extinção da punibilidade pela quitação de débito no caso de crime de furto de
energia elétrica. 2. A causa extintiva de punibilidade decorrente do previsto nos arts. 34 da
Lei n. 9.249/1995 e 9º da Lei n. 10.684/2003 não pode ser aplicada, por analogia, aos crimes
contra o patrimônio, notadamente no que tange ao furto de energia elétrica (STJ, AgRg no REsp
1.799.613/RJ). Embora não seja possível a extinção da punibilidade, nada impede o reconheci-
mento do arrependimento posterior, causa de diminuição de pena prevista no artigo 16 do CP
(STJ, RHC 101.299/RS).
Letra e.

044. (FUNDEP/2018/MP-MG) No dia 22.03.2018, às 23:00 horas, João B. arrebatou de sua


residência a jovem Cristina D., de 18 anos de idade, levando-a para um imóvel rural afastado da
cidade e onde a manteve enclausurada. No dia seguinte, logo ao amanhecer, João B. efetuou
ligação telefônica para os pais da menina, ocasião em que exigiu a quantia de R$ 100.000,00
como condição para entregá-la viva, advertindo, outrossim, que a matariam caso a polícia fos-
se comunicada. Ficou ajustado um encontro no período da tarde, em lugar ermo, para entrega
do dinheiro, o que deveria ser feito direta e pessoalmente por Sinésio D., pai da garota. O encon-
tro, então, foi concretizado. Entretanto, no momento do repasse da quantia, houve discussão
entre João B. e Sinésio D. Em meio ao debate, João B. disparou um tiro que atingiu Sinésio D.
no peito, causando-lhe a morte. João B. fugiu com o dinheiro. Por volta de 17:00 horas do mes-
mo dia, Cristina B. foi encontrada por policiais e levada de volta para casa.

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Avalie a situação e assinale a alternativa CORRETA no que se refere à adequação típica:


a) João responderá por roubo agravado pela restrição de liberdade em concurso com homicí-
dio qualificado.
b) João responderá por extorsão mediante sequestro qualificada pela morte.
c) João responderá por cárcere privado em concurso com homicídio qualificado.
d) João responderá por extorsão mediante sequestro em concurso com homicídio qualificado.

a) Errada. Deve ser reconhecida a majorante do artigo 157, § 2º, V, do CP quando, no contexto
do roubo, o criminoso restringir a liberdade da vítima. Não pode existir a condição de resgate a
ser pago em troca da soltura, hipótese em que a correta adequação é aquela do artigo 159 do
CP, a extorsão mediante sequestro.
b) Errada. A qualificadora do § 3º do artigo 159 do CP (resultado morte) deve ser reconhecida
quando o resultado agravador atingir, necessariamente, a pessoa sequestrada.
c) Errada. Por ter havido exigência de pagamento de resgate em troca da liberdade da vítima,
não há dúvida de que o crime praticado foi o do artigo 159 do CP, e não o sequestro e cárcere
privado, do artigo 148.
d) Certa. Em consequência da primeira conduta, contra Cristina, João deve ser punido pela
extorsão mediante sequestro. Quanto à morte de Sinésio, o enunciado poderia ter sido mais
claro. A morte se deu para assegurar a vantagem do primeiro crime? Se sim, incide a qualifica-
dora do artigo 121, § 2º, V, do CP. Também pode ser hipótese de motivação fútil (em meio ao
debate), quando o homicídio é qualificado com fundamento no § 2º, II. De qualquer forma, deve
existir o concurso de crimes porque a morte não foi da pessoa sequestrada.
Letra d.

045. (FAPEC/2015/MP-RS) Analise as proposições abaixo:


I – O crime de roubo próprio, previsto no art. 157, caput, do Código Penal, consuma-se com a
subtração da coisa sem grave ameaça ou violência, vindo o agente a empregá-las posterior-
mente contra a vítima, com o fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa
para si ou terceira pessoa.
II – O emprego de “gazuas”, “mixas”, ou qualquer outro instrumento sem a forma de chave,
mesmo que apto a abrir fechadura, não qualifica o delito de furto.
III – A incidência da majorante do emprego de arma de fogo no roubo não prescinde da apre-
ensão e da perícia para verificação de seu potencial lesivo.
IV – Responde por tentativa de latrocínio tentado o agente que não consegue subtrair a coisa
alheia móvel, mas elimina a vida da vítima.
Assinale a alternativa correta:
a) Todas as proposições estão corretas.
b) Todas as proposições estão incorretas.
c) Somente a proposição II está correta.

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d) Somente a assertiva III está incorreta.


e) Somente as assertivas I e III estão corretas.

I – A alternativa descreve o roubo impróprio (CP, art. 157, § 1º), cuja consumação ocorre no
instante em que empregada violência ou grave ameaça a pessoa, ainda que não alcançada a
finalidade especial buscada pelo agente – a fim de assegurar a impunidade do crime ou a deten-
ção da coisa para si ou para terceiro. Portanto, o roubo impróprio é crime formal.
II – A jurisprudência desta Corte tem pontificado que o emprego de gazuas, mixas, ou qualquer
outro instrumento, ainda que sem a forma de chave, mas apto a abrir fechadura ou imprimir
funcionamento em aparelhos e máquinas, a exemplo, automóveis, caracteriza a qualificadora
do art. 155, § 4º, inciso III, do Código Penal. (STJ, HC 119.524/MG)
III – Esta Corte Especial já se manifestou no sentido de que, para caracterizar a causa de au-
mento do uso de arma, é prescindível a apreensão e a perícia desta, quando sua utilização for
comprovada por outras provas, tal qual se deu no caso concreto. (STJ, AgRg no HC 634.452/SP)
IV – Súmula 610 do STF: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que
não se realize o agente a subtração de bens da vítima.
Letra b.

046. (CEFET-BA/2015/MP-BA) Analise as seguintes assertivas acerca dos crimes contra o


patrimônio:
I – O delito de furto tem sua pena aumentada se praticado durante o repouso noturno, sempre
assim considerado o período entre as 22h e as 06h do dia posterior.
II – No que diz respeito ao momento da consumação do crime de furto, o Supremo Tribunal
Federal adota a corrente da amotio, segundo a qual o furto se mostra consumado quando a
coisa subtraída passa para o poder do agente, mesmo que em curto lapso temporal, indepen-
dentemente de deslocamento ou posse mansa e pacífica.
III – Os delitos de supressão ou alteração de marca de animais e de introdução ou abandono
de animais em propriedade alheia não necessitam, para caracterização de sua consumação,
do efetivo prejuízo da vítima, e são de ação penal privada.
IV – A pessoa jurídica pode ser vítima dos crimes de extorsão e de extorsão mediante sequestro.
Estão CORRETAS as assertivas:
a) I e II.
b) I e III.
c) II e IV.
d) I e IV.
e) III e IV.

I – O conceito de repouso noturno não está ligado a um horário específico, devendo ser sempre
avaliado, no caso concreto, o contexto fático da prática delituosa.

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II – Os Tribunais adotam a teoria da amotio para aferir a consumação do furto e do roubo.


Nesse sentido, a Súmula 582 do STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do
bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida
à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse
mansa e pacífica ou desvigiada.
III – Crime formal, a consumação independe de efetivo prejuízo à vítima. Ademais, a ação penal
é pública incondicionada (CP, art. 162).
IV – Na extorsão mediante sequestro (CP, art. 159), são vítimas a pessoa sequestrada e quem
é constrangido a pagar o resgate. Portanto, possível imaginar a pessoa jurídica como sujeito
passivo do delito.
Letra c.

047. (FCC/2014/MP-PA) Antônio, de 25 anos, está sendo processado pelo delito de furto pra-
ticado contra João, seu irmão gêmeo. Diante disso,
a) o número máximo de testemunhas a serem arroladas na denúncia é 5.
b) o Ministério Público não pode oferecer denúncia sem representação de João.
c) o número máximo de testemunhas a serem arroladas na queixa é 5.
d) ao fim, o juiz pode isentar Antônio de pena.

a) Errada. O furto tem pena máxima de quatro anos. Portanto, rito ordinário, podendo ser arro-
ladas até oito testemunhas (CPP, art. 394, § 1º, I, e art. 401).
b) Certa. A fundamentação da resposta está no artigo 182, II, do CP. Nos crimes contra o patri-
mônio praticados entre irmãos, a ação penal é pública condicionada à representação, exceto
se presente uma das situações do artigo 183 do CP.
c) Errada. Artigo 401 do CPP: oito testemunhas.
d) Errada. A situação descrita não se amolda àquelas do artigo 181 do CP – as denominadas
escusas absolutórias.
Letra b.

048. (FCC/2014/MP-PA) Com relação ao ilícito de dano, tipificado no artigo 163 do Có-
digo Penal,
a) a motivação da conduta é irrelevante para o fim de classificação típica, importando, eventu-
almente, como critério de fixação da pena.
b) a doutrina brasileira mais contemporânea vem majoritariamente entendendo exigível, para
sua caracterização, o elemento subjetivo que, na teoria tradicional, comumente é designado
como dolo específico, no caso consubstanciado pelo chamado animus nocendi.
c) a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça hoje entende que o preso que destrói item
do patrimônio prisional especificamente para fugir não comete esse crime.

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d) na subtração mediante arrombamento, comumente enlaça-se em concurso formal


com o furto.
e) se trata de infração de menor potencial ofensivo, quando culposa.

a) Errada. O motivo egoístico qualifica o crime de dano (CP, art. 163, parágrafo único, IV). Por-
tanto, pode até servir como critério no cálculo da pena-base, nos termos do artigo 59 do CP,
respeitada a hipótese qualificada.
b) Errada. O dano tem por elemento subjetivo o dolo, independentemente de qualquer finali-
dade especial – ou dolo específico, expressão em desuso. É prescindível o animus nocendi, a
vontade de causar prejuízo.
c) Certa. A destruição de patrimônio público (buraco na cela) pelo preso que busca fugir do es-
tabelecimento no qual encontra-se encarcerado não configura o delito de dano qualificado (art.
163, parágrafo único, inciso III do CP), porque ausente o dolo específico (animus nocendi), sendo,
pois, atípica a conduta (STJ, HC n. 260.350/GO).
d) Errada. O arrombamento no contexto do furto faz com que o crime seja qualificado pelo rom-
pimento ou destruição de obstáculo (CP, art. 155, § 4º, I). Não há, portanto, concurso de crimes
entre o dano e o furto (princípio da consunção).
e) Errada. De fato, na forma simples (CP, art. 163, caput), o dano é crime de menor potencial
ofensivo (Lei n. 9.099/95, art. 61). Todavia, é atípica a modalidade culposa.
Letra c.

049. (UFMT/2014/MPMT/ADAPTADA) A competência para o processo e julgamento de la-


trocínio é do Juiz singular e não do Tribunal do Júri.

O latrocínio é crime complexo, composto de subtração (roubo) e morte (homicídio). No entan-


to, isso não o torna crime doloso contra a vida. Ainda que a morte produzida decorra de dolo, o
criminoso não tem o homicídio como meta central. Isso não significa, no entanto, impunidade.
Punido com pena de reclusão, de vinte a trinta anos, o roubo qualificado pelo resultado morte
tem pena mínima superior à soma do roubo (CP, art. 157, caput) e do homicídio qualificado (CP,
art. 121, § 2º).
Certo.

050. (FCC/2012/MP-AL) Em relação aos crimes contra o patrimônio, correto afirmar que
a) a coisa abandonada pode ser objeto material do crime de furto.
b) a extorsão mediante sequestro atinge a consumação com a efetiva obtenção da vantagem
desejada pelo agente.
c) o emprego de arma não qualifica o delito de extorsão.

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d) privada a ação penal no crime de dano qualificado por motivo egoístico ou com prejuízo
considerável para a vítima.
e) cabível o perdão judicial na receptação dolosa simples.

a) Errada. É elementar do furto que a coisa móvel seja alheia. A coisa abandonada a ninguém
pertence, não podendo, portanto, ser objeto material do delito.
b) Errada. A consumação ocorre no instante em que a vítima é privada de sua liberdade. É irre-
levante o efetivo recebimento da vantagem exigida.
c) Certa. Errou a banca ao indicar a alternativa como errada. O emprego de arma é causa de
aumento de pena (CP, art. 158, § 1º), e não qualificadora.
d) Certa. A alternativa está de acordo com o disposto no artigo 167 do CP.
e) Errada. Não existe previsão legal nesse sentido.
Letras c e d.

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GABARITO
1. E 18. C 35. E
2. C 19. E 36. a
3. E 20. C 37. c
4. E 21. E 38. d
5. E 22. C 39. e
6. C 23. C 40. e
7. E 24. E 41. a
8. C 25. E 42. a
9. C 26. E 43. e
10. C 27. E 44. d
11. E 28. C 45. b
12. C 29. E 46. c
13. C 30. E 47. b
14. E 31. C 48. c
15. C 32. E 49. C
16. E 33. E 50. ced
17. C 34. C

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Leonardo Castro
Especialista. Professor de Direito Penal e de Prática Penal em cursos de graduação, de pós-graduação e
em preparatórios para concursos públicos e Exame de Ordem. Escritor com mais de dez livros publicados
pelas editoras Saraiva, Rideel e Impetus – alguns deles estão entre os mais vendidos do país, com milhares
de cópias vendidas. Funcionário público concursado, obteve aprovação, dentro das vagas, em mais de
um concurso – dentre eles, analista judiciário e delegado de polícia. Advogou pela Defensoria Pública.
Instagram: @leonardocastroprofessor. Email: contato@leonardocastroprofessor.com.

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