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PARTE ESPECIAL
Dos Crimes contra o
Patrimônio – Parte I
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte I
Leonardo Castro
Sumário
Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte I.................................................................................. 4
1. Atualização Legislativa – 2020/2021...................................................................................... 4
1.1. Lei n. 14.155/21. . .......................................................................................................................... 4
1.2. Pacote Anticrime....................................................................................................................... 6
2. Legislação Comentada.............................................................................................................. 11
2.1. Furto............................................................................................................................................ 11
2.2. Furto de Coisa Comum.. ..........................................................................................................15
2.3. Roubo.........................................................................................................................................16
2.4. Extorsão....................................................................................................................................21
2.5. Extorsão mediante Sequestro............................................................................................. 22
2.6. Extorsão Indireta. . .................................................................................................................. 24
2.7. Usurpação.. ............................................................................................................................... 24
2.8. Supressão ou Alteração de Marca de Animal.. ................................................................. 25
2.9. Dano.......................................................................................................................................... 25
2.10. Introdução ou Abandono de Animais em Propriedade Alheia. . ................................... 27
2.11. Dano em Coisa de Valor Artístico, Arqueológico ou Histórico..................................... 27
2.12. Alteração de Local Especialmente Protegido................................................................. 27
3. Sinopse......................................................................................................................................... 28
3.1. Furto (CP, Art. 155)................................................................................................................... 28
3.2. Furto de Coisa Comum (CP, Art. 156). . .................................................................................40
3.3. Roubo (CP, Art. 157).. ...............................................................................................................42
3.4. Extorsão (CP, Art 158)............................................................................................................ 50
3.5. Extorsão mediante Sequestro (CP, Art. 159)..................................................................... 53
3.6. Extorsão Indireta (CP, Art. 160).. .......................................................................................... 56
3.7. Usurpação (CP, Arts. 161 e 162).. ........................................................................................... 58
3.8. Supressão ou Alteração de Marca em Animais (CP, Art. 162).......................................60
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Furto
Art. 155, § 4º-B A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito)
anos, e multa, se o furto mediante fraude é cometido por meio de
dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de
computadores, com ou sem a violação de mecanismo de segurança
ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio
Sem fraudulento análogo.
correspondente. § 4º-C A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância
do resultado gravoso:
I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é
praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território
nacional;
II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado
contra idoso ou vulnerável.
Nova Qualificadora
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Estelionato
Estelionato
Art. 171. Fraude eletrônica
§ 2º-A A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8
(oito) anos, e multa, se a fraude é cometida com
a utilização de informações fornecidas pela vítima
ou por terceiro induzido a erro por meio de redes
sociais, contatos telefônicos ou envio de correio
eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro
Estelionato
meio fraudulento análogo.
Art. 171. Estelionato contra idoso
§ 2º-B A pena prevista no § 2º-A deste artigo,
§ 4º Aplica-se a pena em dobro se o
considerada a relevância do resultado gravoso,
crime for cometido contra idoso.
aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços),
se o crime é praticado mediante a utilização de
servidor mantido fora do território nacional.
Estelionato contra idoso ou vulnerável
§ 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao
dobro, se o crime é cometido contra idoso ou
vulnerável, considerada a relevância do resultado
gravoso.
Fraude Eletrônica
Na anterior redação, a pena do estelionato era aplicada em dobro se o crime fosse come-
tido contra idoso. Pela nova redação, o aumento passa a ser de um terço ao dobro – portanto,
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novatio legis in mellius. Além disso, a majorante passa a ser aplicável também quando a vítima
for vulnerável. O quantum de aumento a ser aplicado tem de ser proporcional à relevância do
resultado gravoso provocado.
Roubo
Emprego de arma branca: com o surgimento das armas de fogo, as antigas armas
passaram a ser conhecidas como armas brancas, em referência à lâmina de facas, pu-
nhais, adagas etc. No entanto, o conceito não está limitado a instrumentos metálicos ou
a armas propriamente ditas (ex.: espada), devendo ser considerado arma branca qualquer
artefato capaz de causar dano à integridade física. Até o mês de abril de 2018, o emprego
de arma branca fazia com que a pena do roubo fosse aumentada, de um terço até metade.
Contudo, a Lei n. 13.654 extirpou o inciso I, do § 2º, do artigo 157, dando fim à causa de
aumento de pena.
É inegável, se comparado com a conduta daquele que emprega ameaça sem qualquer instru-
mento lesivo, além das próprias mãos, o roubo praticado com arma branca oferece maior risco
à vítima. Ademais, seja qual for sua natureza, a arma reduz a possibilidade de defesa. Portanto,
nada mais justo do que o aumento da pena. Para sanar o equívoco, a Lei n. 13.964/19 reincluiu a
arma branca ao rol de hipóteses que tornam o roubo circunstanciado, no § 2º do artigo 157 do CP.
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Embora tenha sido a correção de um equívoco, o inciso VII deve ser tratado como qualquer
novatio legis in pejus. Portanto, não pode retroagir para alcançar fatos ocorridos antes de 23
de janeiro de 2020, data em que o Pacote Anticrime passou a viger. Por outro lado, por ter ex-
tinguido a majorante do emprego de arma, a Lei n. 13.654/2018 retroagiu para alcançar roubos
anteriores a 24 de abril de 2018.
Vigência
A Lei n. 13.654/2018 entrou em vigor no dia 24 de abril de 2018.
Retroatividade
Em relação ao emprego de arma branca, por se tratar de lei mais benéfica, houve a
retroatividade da Lei n. 13.654/2018 a roubos ocorridos antes de 24 de abril de 2018.
Exemplo: em julho de 2016, João praticou um roubo com emprego de arma branca. Em
outubro, foi condenado pela prática do roubo circunstanciado (CP, art. 157, § 2º, I). Em
fevereiro de 2017, após julgamento de recurso, houve o trânsito em julgado. A Lei n.
13.654/2018 o alcançou? Sim, por ser mais benéfica, deve retroagir, pouco importando o
trânsito em julgado da sentença condenatória.
Ultratividade
No dia 23 de janeiro de 2020, entrou em vigor o Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/19), que
reincluiu a causa de aumento de pena – agora, no inciso VII. Como se trata de novatio legis
in pejus, não pode, naturalmente, retroagir, devendo incidir apenas a condutas praticadas
a partir da data de vigência.
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Conclusão
- Roubo com emprego de arma branca praticado antes de 24 de abril de 2018:
o roubo deixou de ser circunstanciado para ser simples. A Lei n. 13.654/2018 retroagiu.
Esses casos não são influenciados pela Lei n. 13.964/18, o Pacote Anticrime, que reincluiu
a majorante ao § 2º.
- Roubo com emprego de arma branca praticado entre 24 de abril de 2018 e 22
de janeiro de 2020: deve ser aplicada a Lei n. 13.654/2018, que tornou simples o roubo.
Por ser lei mais grave, o Pacote Anticrime não pode retroagir. Logo, a Lei n. 13.654/2018
permanece aplicável para esses casos, mesmo após a vigência do Pacote (ultratividade).
Isso porque se trata de lei mais benéfica (novatio legis in mellius).
- Roubo com emprego de arma branca praticado a partir de 23 de janeiro de 2020:
deve ser aplicado o Pacote Anticrime, com a nova majorante (art. 157, § 2º, VII), afinal, é a lei
vigente desde então.
Arma de fogo de uso restrito ou proibido: até a entrada em vigor da Lei n. 13.654/2018, o
emprego de arma (branca ou de fogo) era objeto do inciso I, § 2º, do artigo 157 do CP, como
forma majorada do delito – a pena era aumentada de um terço até metade. A partir da mencio-
nada lei, o tema passou a ser tratado no § 2º-A, I, com aumento de dois terços, sem distinção
entre arma de fogo de uso permitido, restrito ou proibido. No entanto, por não existir flexibili-
dade na fração de aumento, o dispositivo trata de forma igual situações de gravidade diversa
– se fosse falado em até dois terços, talvez não fosse necessária a modificação produzida pelo
Pacote Anticrime.
Para solucionar essa desproporção, a Lei n. 13.964/19 adicionou o § 2º-B ao artigo 157,
fazendo com que seja aplicada em dobro a pena do roubo quando houver emprego de arma de
fogo de uso restrito ou proibido. Apesar da distinção entre as penas, importante destacar que
o roubo com emprego de arma de fogo é sempre hediondo, ainda que se trate de arma de uso
permitido (Lei n. 8.072/90, art. 1º, II, “b”).
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Estelionato
Uma das mudanças de maior impacto ocorreu no estelionato, que passou a ser crime de
ação penal pública condicionada a representação. Embora o projeto de lei não tenha justifi-
cado, não é difícil entender o porquê da alteração. Primeiro, temos de pensar que, em alguns
casos, há torpeza bilateral no contexto do estelionato. Ou seja, a vítima também age de má-fé.
Naturalmente, isso pode fazer com que a vítima se sinta constrangida com o ocorrido, a ponto
de preferir a impunidade do criminoso.
Ademais, com o advento da internet, tentativas de estelionato se tornaram tão comuns
quanto receber spam. Nos últimos doze meses, quantas vezes você recebeu um SMS supos-
tamente enviado por seu banco? Dessas, quantas vezes registrou ocorrência policial? Nos
últimos anos, devo ter ganhado umas dez vezes no Caminhão do Faustão. Nunca registrei
ocorrência.
O § 5º do artigo 171 traz algumas exceções, em que o estelionato se manteve crime de
ação penal pública incondicionada quando a vítima for: (a) a Administração Pública, direta ou
indireta; (b) criança ou adolescente; (c) pessoa com deficiência mental; ou (d) maior de setenta
anos de idade ou incapaz. Não há incompatibilidade com o artigo 182 do Código Penal, que
prevê situações em que a ação penal deverá ser pública condicionada.
A Lei n. 13.964/19 não trata da retroatividade do § 5º do artigo 171 do CP. A solução coube ao
STJ, que assim tem decidido:
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JURISPRUDÊNCIA
Além do silêncio do legislador sobre a aplicação do novo entendimento aos processos
em curso, tem-se que seus efeitos não podem atingir o ato jurídico perfeito e acabado
(oferecimento da denúncia), de modo que a retroatividade da representação no crime de
estelionato deve se restringir à fase policial, não alcançando o processo. (AgRg na PET
no AREsp 1.649.986/SP)
1. Roubo:
(a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima;
(b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (uso permitido, restrito ou
proibido);
(c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou gravíssima;
(d) qualificado pela morte (latrocínio).
Roubo
Antes do Pacote Anticrime, apenas o latrocínio era tido por crime hediondo, consumado
ou tentado. Agora, além do roubo qualificado pela morte (art. 157, § 3º, II), o roubo é hediondo
quando: (a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso V); (b)
circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de
arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B); (c) qualificado pelo resultado lesão
corporal grave (art. 157, § 3º, I). Em razão da extensão do assunto, a abordagem minuciosa é
feita em tópico próprio, quando estudado o roubo.
Extorsão
A extorsão qualificada pelo resultado lesão corporal grave ou morte é um dos crimes mais
graves do Código Penal, com pena máxima de trinta anos (CP, art. 158, § 2º). Em razão disso,
o delito esteve no rol dos crimes hediondos desde a entrada em vigor da Lei n. 8.072, em 1990.
Em 2009, a Lei n. 11.923 adicionou nova qualificadora ao artigo 158, ainda mais grave do que
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Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte I
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2. Legislação Comentada
2.1. Furto
Furto
Art. 155. Subtrair1, para si ou para outrem2, coisa alheia móvel3-4:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.5
§ 1º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.6
§ 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.7-8
§ 3º Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.9
Furto qualificado10
§ 4º A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I – com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;11
II – com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;12
III – com emprego de chave falsa;13
IV – mediante concurso de duas ou mais pessoas.14
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo
ou de artefato análogo que cause perigo comum.15
§ 4º-B A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto mediante fraude é come-
tido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de computadores,
com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por
qualquer outro meio fraudulento análogo.16
§ 4º-C A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso:17
I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de
servidor mantido fora do território nacional;18
II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou vulnerável.19
§ 5º. A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a
ser transportado para outro Estado ou para o exterior.20
§ 6º. A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticá-
vel de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração.21
§ 7º. A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias
explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem
ou emprego.22
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COISA ALHEIA
Erro de tipo essencial (CP, art. 20, caput): se, por erro, o sujeito desconhece
que a coisa é alheia, imaginando-a própria, deverá ser reconhecido o erro sobre
elemento do tipo ou o erro de tipo essencial. Ex.: na esteira de bagagens do
aeroporto, o sujeito subtrai mala de outra pessoa por imaginar ser a sua. Para o
furto, é irrelevante saber se o erro é inevitável, afinal, não se pune a modalidade
culposa do delito.
Coisa de uso comum: não é possível furtar aquilo a todos pertencente, como o
ar ou água do oceano. A depender do contexto fático, pode ficar caracterizado o
crime do artigo 161, § 1º, I, do CP.
Res nullius: as coisas que nunca tiveram dono não podem ser furtadas, afinal,
não há um patrimônio a ser tutelado. Ex.: peixes de um rio.
Res derelicta: a coisa abandonada não tem como ser furtada. Ex.: algo deixado
em uma lixeira.
Res desperdicta: a coisa perdida não pode ser furtada, mas pode ser objeto do
crime de apropriação de coisa achada, do artigo 169, parágrafo único, II, do CP.
4. Além de alheia, a coisa deve ser móvel. O conceito é o natural, ou seja, é móvel o que
pode ser transportado de um local para outro. É irrelevante a ficção jurídica trazida no artigo
81, II, do Código Civil.
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§ 4º § 4º-A § 5º § 6º § 7º
2-8 anos 4-10 anos 3-8 anos 2-5 anos 4-10 anos
11. O furto é qualificado quando ocorre a destruição ou rompimento de obstáculo que in-
viabiliza a subtração da coisa (ex.: cadeado). Se houver emprego de explosivo ou de artefato
análogo que cause perigo comum, deverá ser reconhecida a qualificadora do § 4º-A.
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ABUSO DE
FRAUDE ESCALADA DESTREZA
CONFIANÇA
Embora o
A destreza é
Consiste em traição. verbo escalar
a habilidade
O criminoso tira A fraude é o emprego seja utilizado
especial, física
proveito da confiança de artifício que diminua em referência
ou manual.
depositada pela vítima a vigilância sobre a a subir, a
É o exemplo
para a prática do coisa a ser furtada. qualificadora
do ladrão que
furto. É o exemplo Ex.: enquanto um dos deve ser aplicada
consegue
do famulato, furto criminosos distrai a quando o acesso
subtrair algo no
praticado pelo vítima, o outro pratica a se der por
bolso da vítima,
empregado doméstico subtração. via diversa da
sem que ela
contra o empregador. normal, ordinária.
perceba a ação.
Ex.: por túnel.
13. A chave falsa pode ser qualquer instrumento que substitua a chave verdadeira, pouco
importando seu formato (ex.: chave mixa). A cópia não autorizada da chave original também é
considerada chave falsa.
14. O furto é qualificado quando praticado em concurso de duas ou mais pessoas.
15. Desde a entrada em vigor do Pacote Anticrime, a qualificadora do § 4º-A passou a ser
considerada crime hediondo. A qualificadora foi adicionada ao Código Penal em 2018 (Lei n.
13.654), logo após um furto de grande repercussão, quando criminosos explodiram o cofre de
uma empresa de segurança privada. A pena do furto é de reclusão, de quatro a dez anos, e mul-
ta, caso haja o emprego de explosivo ou artefato análogo que cause perigo comum. Portanto,
qualifica o delito qualquer instrumento que gere uma explosão, a súbita expansão de volume
de gases a altas temperaturas em consequência de combinação química. Tanto uma granada
quanto um botijão de gás caseiro podem qualificar o crime.
16. Qualificadora adicionada pela Lei n. 14.155/21. Antes desse novo dispositivo, a con-
duta era punida na forma do artigo 155, § 4º, II, do CP (mediante fraude). Exemplo da conduta
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prevista no § 4º-B: o sujeito que, enquanto invade um computador, aproveita o acesso e subtrai
dinheiro da conta bancária da vítima, por meio de internet banking.
17. Por serem as frações variáveis – de um terço a dois terços, no inciso I, e de um terço
até o dobro, no inciso II –, o legislador estabeleceu que o aumento deve levar em consideração
a relevância do resultado gravoso da conduta.
18. A conduta é punida com maior rigor em razão da dificuldade em identificar o criminoso
e reparar o dano causado.
19. A pena da qualificadora do § 4º-B é aumentada se o crime for praticado contra idoso
(sessenta anos ou mais) ou vulnerável, conceito que pode ser extraído do artigo 217-A, caput
e § 1º, do CP.
20. É qualificado o furto quando a res furtiva for veículo automotor que venha a ser trans-
portado para outro Estado, diverso daquele onde ocorreu a subtração, ou exterior. O conceito
de veículo automotor pode ser extraído do Código de Trânsito Brasileiro (Lei n. 9.503/97). A
qualificadora deve ser aplicada apenas quando houver o efetivo transporte do veículo para
outro Estado ou para o exterior.
21. É qualificado o furto de semovente domesticável de produção (ex.: gado) – o deno-
minado abigeato. A qualificadora é aplicável ainda que o animal seja abatido ou dividido em
partes no local da subtração.
22. No § 4º-A, o furto é qualificado pelo emprego de explosivo ou artefato análogo que
cause perigo comum. No § 7º, punido com a mesma pena – reclusão, de quatro a dez anos,
e multa –, o agente subtrai substâncias explosivas ou seus acessórios, conduta que pode ser
praticada como ato preparatório da qualificadora do § 4º-A.
1. No furto (CP, art. 155), o sujeito subtrai coisa alheia, pertencente a outrem. No artigo
156, a coisa também é alheia, mas parcialmente, pois parte dela é de propriedade de quem a
subtrai. Ex.: o coerdeiro subtrai algo em prejuízo dos demais.
2. O verbo nuclear é subtrair, tomar para si, o mesmo do furto e do roubo. Portanto, não
pratica o delito aquele que, tendo legitimamente a coisa sob seu poder, se recusa a restitui-la.
3. A relação entre sujeito ativo e sujeito passivo deve decorrer de condomínio, herança ou
sociedade.
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4. Embora seja crime próprio, é possível o concurso de pessoas entre o condômino, o coerdei-
ro ou sócio e alguém estranho à relação. A fundamentação está no artigo 30, parte final, do CP.
5. Crime de menor potencial ofensivo, que deve ser processado e julgado em Juizado Es-
pecial Criminal. É compatível com a composição civil dos danos, a transação penal e a suspen-
são condicional do processo (Lei n. 9.099/95, arts. 61, 74, 76 e 89).
6. É crime de ação penal pública condicionada à representação.
7. O § 2º trata de excludente especial da ilicitude, aplicável quando a coisa comum subtraí-
da for fungível e seu valor não exceder o valor correspondente à quota a que o agente tem direi-
to. Exemplo: um dos coerdeiros subtrai, de dinheiro a ser partilhado com os demais, a quantia
de dois mil reais. No entanto, o valor corresponde a dez por cento do que lhe é de direito – ou
seja, sua quota corresponde a vinte mil reais.
2.3. Roubo
CAPÍTULO II
DO ROUBO E DA EXTORSÃO1
Roubo
Art. 157. Subtrair2 coisa móvel alheia3, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência
a pessoa4, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência5:
Pena – reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou
grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.6
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:7
I – (revogado);
II – se há o concurso de duas ou mais pessoas;8
III – se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.9
IV – se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para
o exterior;10
V – se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade;11
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente,
possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego;12
VII – se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca.13
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):14
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;
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II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato
análogo que cause perigo comum.15
§ 2º-B Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou
proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo.16
§ 3º. Se da violência resulta:
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; 17
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.18-19
1. No roubo, o sujeito ativo subtrai, toma para si, a coisa alheia móvel, da mesma forma
como ocorre no furto (CP, art. 155), mas mediante violência, grave ameaça ou pelo emprego de
qualquer meio que impossibilite a defesa. O criminoso não precisa da vítima. Por outro lado, na
extorsão, para obter êxito na prática delituosa, ele precisa que a vítima faça, tolere que se faça
ou deixe de fazer alguma coisa.
ROUBO EXTORSÃO
2. O roubo tem por verbo nuclear subtrair, o mesmo do furto, quando o criminoso toma para
si a coisa móvel alheia.
3. O objeto material do roubo é a coisa móvel alheia. Para não ser repetitivo, leia o que foi
falado a respeito do assunto nos comentários ao furto.
4. Ponto de distinção em relação ao furto, o roubo deve ser praticado mediante violência,
grave ameaça ou qualquer meio que reduza à impossibilidade de resistência.
IMPOSSIBILIDADE DE
VIOLÊNCIA GRAVE AMEAÇA
RESISTÊNCIA
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É o roubo É o roubo do
do caput do artigo 157,
artigo 157 do § 1º, do CP.
CP, quando o Em resumo,
agente pratica o criminoso Consiste no
a subtração pretendia É o emprego de emprego de meio
mediante praticar um furto. força física contra que faça com que
emprego de No entanto, o corpo da vítima a vítima não possa
violência, grave logo depois de (ex.: soco). se defender (ex.:
ameaça ou de subtraída a coisa, dopá-la).
qualquer meio se viu a obrigado
que reduza à a empregar
impossibilidade de violência ou
defesa da vítima. grave ameaça.
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando
infração penal ou induzindo-o a praticá-la:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
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16. Por razão de proporcionalidade, o Pacote Anticrime adicionou nova causa de aumento
de pena ao crime de roubo, no artigo 157, § 2º-B, quando a pena será aplicada em dobro se a
violência ou grave ameaça for exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proi-
bido. De qualquer forma, seja qual for a arma de fogo empregada, o crime será hediondo (Lei
n. 8.072/90, art. 1º, II, “b).
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17. O roubo é qualificado quando, em razão da violência empregada, e não da grave ame-
aça, a vítima sofre lesão corporal de natureza grave ou gravíssima (CP, art. 129, § 1º ou § 2º).
Se produzida apenas lesão corporal leve, o roubo a absorve (princípio da consunção). A lesão
corporal que qualifica o delito pode decorrer de dolo ou culpa. Portanto, é errado dizer que se
trata, necessariamente, de crime preterdoloso, quando o resultado agravador decorre apenas
de culpa. Ademais, vale ressaltar que, desde a entrada em vigor do Pacote Anticrime, passou a
ser crime hediondo.
18. O dispositivo trata do latrocínio, terminologia não adotada no Código Penal, mas am-
plamente utilizada em referência à forma qualificada do roubo. O crime é sempre hediondo,
consumado ou tentado.
19. A qualificadora é aplicável quando a morte decorrer de violência. Caso resulte de gra-
ve ameaça (ex.: a vítima infarta e morre), a qualificadora não será reconhecida. A morte pode
ser produzida por dolo ou culpa. Logo, não se trata, necessariamente, de crime preterdoloso.
Como é possível que o latrocínio resulte de dolo, admite-se a tentativa – basta que a vítima
sobreviva. Nesse sentido, veja a Súmula 610 do STF.
LATROCÍNIO
Hipóteses:
(1) O criminoso tem êxito tanto na subtração quanto na morte (lembre-se,
estamos falando de dolo em ambos os resultados). O latrocínio é consumado.
(2) Embora a subtração tenha sido frustrada, a morte foi alcançada. O latrocínio
é consumado.
(3) A subtração e a morte são frustradas. O latrocínio é tentado.
(4) A subtração se consuma, mas a vítima sobrevive. Mais uma vez, latrocínio
tentado.
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2.4. Extorsão
Extorsão
Art. 158. Constranger1 alguém, mediante violência ou grave ameaça2, e com o intuito de obter para
si ou para outrem indevida vantagem econômica3, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer
alguma coisa:
Pena – reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena
de um terço até metade.4
§ 2º Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior.5-6
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é neces-
sária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos,
além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159,
§§ 2º e 3º, respectivamente.7-8
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EXTORSÃO QUALIFICADA
8. Até a entrada em vigor do Pacote Anticrime, a qualificadora do § 3º não fazia com que a
extorsão fosse considerada crime hediondo, ainda que a vítima fosse morta. A Lei n. 13.964/19
desfez o equívoco, mas criou um problema: adicionou o § 3º do rol da Lei n. 8.072/90, mas
retirou o § 2º.
1. O crime do artigo 159 do CP foi o motivo para a edição da Lei n. 8.072/90, a Lei dos
Crimes Hediondos, inicialmente denominada Lei Antissequestro. Isso ocorreu porque, nos
anos oitenta, a prática do delito virou epidemia em algumas cidades brasileiras – principal-
mente, no Rio de Janeiro. Desde o começo da década, havia muita pressão para que fosse
endurecida a punição do delito. O ápice foi atingido em 1989, após o sequestro do empresá-
rio Abílio Diniz.
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2. No sequestro, a vítima é privada de sua liberdade. Embora o Código Penal tenha utiliza-
do apenas a expressão sequestro, e não sequestro e cárcere privado, como o fez no artigo 148
do CP, não há dúvida de que a extorsão mediante sequestro também pode se dar por meio de
cárcere privado.
3. A consumação independe a efetiva obtenção da vantagem buscada pelo criminoso. Cri-
me formal, basta a privação da liberdade da vítima.
4. Apesar de a redação falar em qualquer vantagem, temos de considerar apenas a que
tenha natureza econômica, afinal, estamos tratando de crime contra o patrimônio.
5. Na extorsão mediante sequestro, a liberdade da vítima é utilizada como moeda de troca
para a obtenção de vantagem indevida pelo criminoso.
É a exigência de comportamento,
positivo ou negativo, apto a proporcionar
obtenção de vantagem patrimonial pelo
criminoso. A conduta se assemelha à É o pagamento, em dinheiro ou em
extorsão (CP, art. 158), mas difere em algo que tenha natureza patrimonial,
relação à privação de liberdade de em troca da liberdade da vítima. Ex.: o
alguém, imposta como meio coercitivo pagamento de determinada quantia em
para que o sujeito passivo faça ou troca da libertação.
deixe de fazer alguma coisa. Ex.: exigir a
assinatura de um cheque como condição
para a soltura da vítima.
O sequestrado é menor
de dezoito ou maior
de sessenta anos: é
O sequestro dura mais
considerada a idade da Crime cometido por
de vinte e quatro horas:
vítima no momento em bando ou quadrilha:
o período é contado desde
da privação da liberdade. após a entrada em vigor da
o instante em que ocorre
No entanto, cuidado: Lei n. 12.850/13, o artigo
a privação de liberdade
a extorsão mediante 288 do CP a nomenclatura
da vítima, e tem por fim o
sequestro é crime bando ou quadrilha foi
momento em que ocorre a
permanente. Portanto, se a substituída por associação
libertação. Pouco importa
vítima for sequestrada, por criminosa. No entanto, isso
o momento em que
exemplo, aos cinquenta não impede a incidência
cumprida a condição ou
e nove anos de idade, da qualificadora.
pago o preço do resgate.
mas solta após completar
sessenta, deverá incidir a
qualificadora.
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7. Se da prática do delito decorre lesão corporal de natureza grave ou gravíssima (CP, art.
129, § 1º ou § 2º), a pena é de reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. Para que incida a
qualificadora, a lesão tem de ser suportada pela pessoa sequestrada. Ademais, a lesão pode
resultar de dolo ou culpa – logo, não se trata de crime necessariamente preterdoloso.
8. Se a pessoa sequestrada for morta, por dolo ou culpa, a pena será de reclusão, de vinte
e quatro a trinta anos. Se o resultado agravador que qualifica o delito decorrer de caso fortuito,
força maior ou culpa de terceiro, as qualificadoras não poderão ser aplicadas.
9. O § 4º traz hipótese de delação premiada, quando a pena deve ser diminuída, de um a
dois terços.
1. A extorsão indireta poderia estar no artigo 158 do CP, como forma privilegiada do crime
de extorsão. No entanto, o legislador preferiu criar um tipo penal específico. A pena, de um a
três anos, faz com que o crime seja compatível com a suspensão condicional do processo (Lei
n. 9.099/95, art. 89).
2. O criminoso, ciente da situação financeira aflitiva da vítima, dela exige ou recebe, como
garantia de dívida, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra ela ou con-
tra terceiro. Ou seja, o que o sujeito ativo busca é instrumento para chantagem futura, em caso
de inadimplemento da dívida.
2.7. Usurpação
CAPÍTULO III
DA USURPAÇÃO
Alteração de limites
Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória,
para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia:1
Pena – detenção, de um a seis meses, e multa.2
§ 1º Na mesma pena incorre quem:
Usurpação de águas
I – desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas alheias;3
Esbulho possessório
II – invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais de duas pesso-
as, terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.4
§ 2º Se o agente usa de violência, incorre também na pena a esta cominada.5
§ 3º Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência, somente se procede mediante
queixa.6
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2.9. Dano
CAPÍTULO IV
DO DANO
Dano
Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:1-2-3-4
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.5
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Dano qualificado
Parágrafo único. Se o crime é cometido:
I – com violência à pessoa ou grave ameaça;6
II – com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave;7
III – contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia,
fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de
serviços públicos;8
IV – por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:9
Pena – detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à violência.10
1. Pratica o crime de dano quem destrói, inutiliza ou deteriora coisa alheia, que não precisa
ser, necessariamente, móvel.
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3. Sinopse
3.1. Furto (CP, Art. 155)
3.1.1. Conduta
O furto consiste em subtrair, tomar algo de alguém – mesmo verbo nuclear do roubo (CP,
art. 157). No entanto, os delitos não se confundem, pois no roubo há emprego de violência ou
grave ameaça. A pena é de reclusão, de um a quatro anos, e multa, compatível com a suspen-
são condicional do processo (Lei n. 9.099/95, art. 89), embora não se trate de crime de menor
potencial ofensivo (Lei n. 9.099/95, art. 61).
A violência que distingue o furto do roubo é aquela empregada contra a pessoa. Não deixa de
ser furto se o emprego de violência for contra coisa. Caso contrário, praticaria roubo, e não
furto, quem emprega explosivo em caixa-eletrônico (CP, art. 155, § 4º-A).
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A coisa de uso comum, sem dono ou abandonada não pode ser objeto material do crime de fur-
to enquanto não convertida em coisa alheia. Não pratica o crime de furto quem pesca peixes
do oceano, mas comete o delito quem os furta do pescador.
Coisa móvel. Se, em relação ao conceito de coisa alheia, não há o que discutir, o conceito
de coisa móvel não é tão simples. Veja, por exemplo, o artigo 81 do Código Civil, que estabe-
lece hipóteses em que coisas são consideradas imóveis em razão de expressa previsão legal,
embora possível transferi-las de um lugar para outro:
Para o crime de furto, pouco importa o artigo 81 do CC. Se for possível retirar de um lugar
e levar para outro, a coisa pode ser furtada. Exemplo: recentemente, na China, um prédio de
cinco andares, com sete mil toneladas, foi transferido de um endereço para outro. A operação durou
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dezoito dias. Imagine que, na noite do primeiro dia, Tício decide furtar o edifício, enquanto po-
sicionado sobre os trilhos deslizantes que viabilizaram o transporte da enorme construção. Ele
será responsabilizado por furto? Sim, sem dúvida, afinal, a coisa é alheia e móvel.
E a energia elétrica, é possível furtá-la? Sim, afinal, o artigo 155, § 3º, do CP, norma penal
explicativa, afirma que, para o reconhecimento da prática do delito, equipara-se à coisa móvel a
energia elétrica. Contudo, o dispositivo também fala em qualquer outra energia, além da elétri-
ca, desde que tenha valor econômico. Dentre as várias energias existentes, questão polêmica
diz respeito à captação clandestina de sinal de televisão fechada (ex.: SKY). Haveria furto? A
solução foi dada pelo STF:
JURISPRUDÊNCIA
1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça se inclinava no sentido de que o furto
de sinal de televisão por assinatura se enquadraria na figura típica do art. 155, § 3º, do
Código Penal. 2. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do HC n.º 97.261/RS, enten-
deu que o sinal de televisão não se equipararia à energia elétrica, bem assim que não
haveria subtração na hipótese de captação indevida de sinal, motivo pelo qual a conduta
não se amoldaria ao crime do art. 155, § 3º, do Código Penal. Asseverou também que a
ausência de previsão de sanção no art. 35 da Lei n.º 8.977/1995, que definiu a captação
clandestina de sinal como ilícito penal, somente poderia ser suprida por outra lei, não
podendo ser utilizado o preceito secundário de outro tipo penal, sob pena de haver inde-
vida analogia in malam partem. Precedente da Sexta Turma desta Corte Superior. (STJ,
REsp 1.838.056/RJ)
Ocorre furto de energia elétrica na hipótese do gato, quando ocorre o desvio da energia elé-
trica. Exemplo: conectar um cabo diretamente à rede elétrica, sem que passe pelo medidor
de consumo. Situação diversa ocorre quando o medidor (relógio) é modificado para calcular,
a menor, o consumo de energia elétrica, hipótese em que o crime será o de estelionato, pois
houve emprego de fraude para a obtenção da energia.
Princípio da insignificância. Há algum tempo, um caso tomou as redes sociais: uma ação
penal proposta em razão do furto de duas galinhas havia chegado ao STF. Todos muito revol-
tados, afinal, no país em que corruptos ficam impunes, o ladrão de galinha seria julgado pela
Corte Suprema. Embora compreenda o sentimento geral em relação a esse caso, é preciso ter
cuidado, pois o valor econômico da coisa não é o único critério a ser observado ao se reconhe-
cer o princípio da insignificância. Veja os seguintes exemplos:
• João tenta, há meses, encontrar um emprego. Sem saber como pagar o aluguel do mês,
furtou algumas galinhas de um grande criador de galináceos, no total de cento reais
(menos de dez por cento do salário mínimo atual);
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• João tenta, há meses, encontrar um emprego. Sem saber como pagar o aluguel do mês,
furtou algumas galinhas de Francisco, homem de poucas posses, que sustenta sua fa-
mília com o valor obtido com a venda dos animais. As aves subtraídas equivalem a um
total de cem reais (menos de dez por cento do salário mínimo atual).
Com base nas situações propostas, é possível entender o que direi. Dois furtos em que a
res furtiva corresponde a um mesmo valor. No entanto, no primeiro, o bem jurídico tutelado (pa-
trimônio) não sofreu danos relevantes, o que não pode ser dito em relação ao outro, em que as
galinhas representam fração importante do conjunto de bens da vítima. Ou seja, nem sempre
um furto de galinhas será irrelevante.
Tendo isso em mente, os Tribunais Superiores fixaram os seguintes vetores que devem ser
observados para que seja possível o reconhecimento da insignificância:
• a mínima ofensividade da conduta do agente,
• a nenhuma periculosidade social da ação,
• o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e
• a inexpressividade da lesão jurídica provocada.
JURISPRUDÊNCIA
A jurisprudência desta Quinta Turma reconhece que o princípio da insignificância não
tem aplicabilidade em casos de reiteração da conduta delitiva, salvo excepcionalmente,
quando as instâncias ordinárias entenderem ser tal medida recomendável diante das cir-
cunstâncias concretas. Na hipótese, tendo em vista o valor da res furtivae, avaliada em R$
107,67, portanto, superior a 10% do salário-mínimo à época do fato, em 2019, que corres-
pondia a R$ 998,00, resta superado o critério adotado pela jurisprudência e, ausente, pois,
o requisito da inexpressividade da lesão ao bem jurídico. Tais circunstâncias, decerto,
obstam o reconhecimento da atipicidade material. (STJ, AgRg no HC 626.351/SC)
Há incontáveis julgados – do STJ, principalmente – sobre quais crimes são ou não compatí-
veis com o princípio da insignificância. Para provas CESPE/CEBRASPE, é importante conhe-
cer as principais hipóteses (ex.: descaminho, contrabando, tráfico de drogas etc.). Acesse o
site do STJ e procure por insignificância no campo de busca por informativos.
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Crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa, exceto, é claro, o proprietário da
coisa. Se o criminoso for pessoa de confiança da vítima, e tirar proveito para a prática do de-
lito, deve ser reconhecida a qualificadora do abuso de confiança (CP, art. 155, § 4º, II). Além
disso, se a subtração for praticada por funcionário público, valendo-se de facilidade que lhe
proporciona a qualidade de funcionário, o crime será o de peculato-furto (CP, art. 312, § 1º).
O sujeito passivo deve ser o proprietário ou possuidor da coisa alheia móvel, pessoa físi-
ca ou jurídica. O mero detentor da coisa não pode ser considerado sujeito passivo do delito.
É irrelevante a identificação da vítima para que o agente seja responsabilizado pelo furto
praticado. Portanto, comprovado ter havido o furto, o ladrão será por ele punido, ainda que
nunca se descubra de quem é a coisa subtraída.
Os artigos 181, 182 e 183 do CP são campeões em concursos públicos. Sempre são cobra-
dos, seja qual for o cargo em disputa. Segundo o artigo 181, é isento de pena quem comete
qualquer dos crimes contra o patrimônio em prejuízo: (a) do cônjuge, na constância da so-
ciedade conjugal; (b) de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo,
seja civil ou natural. Entretanto, deve ser afastada a incidência do dispositivo quando: (1)
houver emprego de violência ou grave ameaça (ex.: roubo); (2) se tratar de pessoa que não
se encaixe nas hipóteses do artigo 181; (3) a vítima é pessoa com sessenta anos ou mais.
É o dolo (animus furandi), acrescido de um especial fim de agir (para si ou para outrem).
Não é típica a modalidade culposa.
Erro de tipo essencial. O fato de ser crime doloso tem impacto direto no erro de tipo es-
sencial ou erro sobre elemento constitutivo do tipo legal (expressão adotada pelo CP), pois o
agente deve ser punido a título de culpa quando se tratar de erro evitável ou inescusável (CP,
art. 20, caput). Para melhor compreender o tema, veja o esquema a seguir.
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Furto de uso. Imagine a seguinte situação: Mariana estava na faculdade e, no intervalo en-
tre as aulas, decidiu ir caminhando até sua casa, localizada a pouco mais de um quilômetro de
distância. Ao sair do prédio, ela percebeu que havia uma bicicleta – provavelmente, de algum
aluno – sem cadeado ou qualquer proteção. Sem pensar duas vezes, montou na bicicleta, foi
até em casa e, por fim, retornou à faculdade, quando devolveu a bicicleta ao lugar onde a havia
encontrado, sem qualquer dano. No exemplo, Mariana deve ser punida pelo crime de furto?
Não, pois ausente o animus rem sibi habendi em sua conduta. Ou seja, não houve, em momento
algum, a vontade de se tornar dona da coisa, mas apenas de utilizá-la momentaneamente – o
denominado furto de uso.
JURISPRUDÊNCIA
1. O chamado furto de uso se caracteriza pela ausência de ânimo de permanecer na
posse do bem subtraído, que se demonstra com a rápida, voluntária e integral restituição
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da coisa, antes que a vítima perceba a subtração do bem. 2. De acordo com os autos,
não há elementos que apontem para a ausência de intenção de apossamento definitivo
do bem por parte do acusado, razão pela qual a condenação por furto foi mantida pelo
Colegiado estadual. (STJ, AgRg no AREsp 1.175.880/PE)
O furto é crime material, que depende de resultado naturalístico para que se consume. Con-
tudo, definir o momento da efetiva subtração não é tarefa das mais simples. Basta que o ladrão
tenha contato físico com a coisa? É necessária a posse mansa e pacífica? Há cinco principais
teorias a respeito. Entenda:
A consumação ocorre
com a inversão da posse,
A consumação
tornando-se o agente A consumação
A consumação se se dá quando
efetivo possuidor da coisa, se dá quando a
dá pelo simples a coisa é
ainda que não seja de forma coisa, além de
contato entre o transportada
mansa e pacífica, sendo apreendida, é
agente e a coisa ao local
prescindível que o objeto transportada de
alheia. Se tocou, desejado pelo
subtraído saia da esfera de um lugar para
já consumou. agente para tê-
vigilância da vítima ou que outro.
la a salvo.
seja devolvido pouco tempo
depois.
JURISPRUDÊNCIA
É firme o entendimento nesta Corte Superior de que, em face da adoção da teoria da
“apprehensio” (ou “amotio”), considera-se consumado o delito de furto quando, cessada
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Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte I
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a clandestinidade, o agente detenha a posse de fato sobre o bem, ainda que seja possível
à vitima retomá-lo, por ato seu ou de terceiro, em virtude de perseguição imediata. (STJ,
REsp 1.524.450/RJ)
Crime impossível. Imagine que, enquanto furta pequenos objetos de uma loja, Antônio é
observado por vigilantes por meio de câmeras de segurança, que aguardam o melhor momen-
to para surpreendê-lo com a res furtiva. No exemplo, houve crime impossível (CP, art. 17)? Para
o STJ, não. O tema é objeto da Súmula 567 da Corte Superior.
JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 567, STJ
Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segu-
rança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configu-
ração do crime de furto.
O furto é crime de ação penal pública incondicionada, exceto nas hipóteses do artigo
182 do CP.
A pena do furto é aumentada de um terço se o crime for praticado durante o repouso no-
turno. Pune-se com maior rigor o criminoso por tirar vantagem do momento em que as pes-
soas não podem vigiar seus bens como o fazem durante o dia, afinal, estão dormindo. Para a
incidência da causa de aumento, temos de definir qual período do dia corresponde ao período
noturno. De 20h às 6h? De 22h às 5h? No momento em que o sol se põe? Não existe uma res-
posta objetiva para a pergunta, que demanda juízo de valor, devendo ser avaliada caso a caso.
Isso porque o repouso noturno não é igual para todos os lugares – basta comparar o período
de repouso entre as zonas urbana e rural. Por isso, as bancas não podem exigir do candidato a
análise de um caso específico, afinal, não existe resposta determinada.
JURISPRUDÊNCIA
A causa de aumento de pena prevista no § 1º do art. 155 do CP – que se refere à prática
do crime durante o repouso noturno – é aplicável tanto na forma simples (caput) quanto
na forma qualificada (§ 4º) do delito de furto. (STJ, HC 306.450/SP)
A jurisprudência desta Corte Superior é firme no sentido de que, para aplicação da majo-
rante do § 1º do art. 155 do Código Penal, basta que o furto seja praticado durante o
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repouso noturno, ainda que o local dos fatos seja estabelecimento comercial ou residên-
cia desabitada, tendo em vista que a lei não faz referência ao local do crime. (STJ, AgRg
no REsp 1.851.700/DF)
Para a configuração da circunstância majorante do § 1º do art. 155 do Código Penal,
basta que a conduta delitiva tenha sido praticada durante o repouso noturno, dada a
maior precariedade da vigilância e a defesa do patrimônio durante tal período, e, por con-
sectário, a maior probabilidade de êxito na empreitada criminosa, sendo irrelevante o
fato das vítimas não estarem dormindo no momento do crime. (AgRg nos EDcl no REsp
1.849.490/MS)
O § 2º do artigo 155 traz de causa de diminuição de pena conhecida como furto privilegia-
do. Segundo o dispositivo, se o criminoso for primário, e for de pequeno valor a coisa furtada,
o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou
aplicar somente a pena de multa. Portanto, são dois os requisitos cumulativos para o reconhe-
cimento do furto privilegiado:
• primariedade do agente (não reincidente);
• pequeno valor da coisa furtada.
Furto privilegiado-qualificado:
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JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 511, STJ
É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de
crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno
valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva.
3.1.10. Qualificadoras
Dizemos qualificado o crime quando, para hipótese mais gravosa, a lei estabelece penas
mínima e máxima mais altas do que a figura simples. No furto simples, a pena é de reclusão,
de um a quatro anos, e multa. No entanto, se houver emprego de explosivo, a pena passa a
ser de quatro a dez anos, tão alta quanto a do estupro. Como o artigo 155 do CP traz várias
qualificadoras, o ideal é o estudo em conjunto, para não as confundir. Veja o esquema a seguir.
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QUADRO SINÓTICO
CLASSIFICAÇÃO
Comum: pode ser praticado por qualquer pessoa.
Material: a consumação depende da produção de resultado naturalístico.
De forma livre: a lei não estabelece a forma de execução.
Simples: tutela apenas um bem jurídico.
Comissivo ou omissivo: em regra, é praticado por ação, exceto na omissão imprópria (CP,
art. 13, § 2º).
Unissubjetivo: pode ou não ser praticado em concurso de pessoas.
Instantâneo ou permanente: consuma-se de imediato, exceto na hipótese do § 3º, quando
a consumação se prolonga no tempo.
Plurissubsistente: é possível o fracionamento da conduta, o que faz com que seja viável a
tentativa.
De dano: a consumação exige efetiva violação do bem jurídico tutelado. Não é suficiente a
mera exposição a perigo.
Não transeunte: deixa vestígios.
Doloso: não é admitida a modalidade culposa.
PENAS
Modalidade simples (art. 155, caput): reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Modalidades qualificadas (art. 155, § 4º, § 4º-A, § 5º, § 6º e § 7º):
(a) Com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa: reclusão, de dois a oito
anos, e multa;
(b) Com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza: reclusão, de dois a
oito anos, e multa;
(c) Com emprego de chave falsa: reclusão, de dois a oito anos, e multa;
(d) Mediante concurso de duas ou mais pessoas: reclusão, de dois a oito anos, e multa;
(e) Se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum:
reclusão, de quatro a dez anos, e multa;
(f) Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado
ou para o exterior: reclusão, de três a oito anos;
(g) Se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido
em partes no local da subtração: reclusão, de dois a cinco anos;
(h) Se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou
isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego: reclusão, de quatro a dez
anos, e multa.
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AUMENTO DE PENA
Repouso noturno: a pena é aumentada de um terço se o crime for praticado durante o
repouso noturno.
DIMINUIÇÃO DE PENA
Furto privilegiado: se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz
pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou
aplicar somente a pena de multa.
SUJEITOS
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito passivo: qualquer pessoa.
ELEMENTO SUBJETIVO
É o dolo. É atípica a modalidade culposa.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Tema polêmico, prevalece o entendimento de que a consumação ocorre quando o sujeito
obtém a posse da coisa, ainda que não seja mansa e pacífica (amotio ou aprehensio). Crime
material, depende da produção de resultado naturalístico. A tentativa é possível.
AÇÃO PENAL
Crime de ação penal pública incondicionada, salvo nas hipóteses do artigo 182 do CP.
O patrimônio.
Crime próprio, somente pode ser praticado pelo condômino, coerdeiro ou sócio. O sujeito
passivo é pessoa que ostenta a mesma qualidade pessoal do sujeito ativo – condômino, coer-
deiro ou sócio.
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É o dolo. Exige-se dolo específico (para si ou para outrem). É atípica a modalidade culposa.
Não é ilícita a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que
tem direito o agente – fungível é a coisa que pode ser substituída por outra de mesma espécie,
quantidade e qualidade (ex.: dinheiro).
QUADRO SINÓTICO
CLASSIFICAÇÃO
Próprio: tem de ser praticado por condômino, coerdeiro ou sócio.
Material: a consumação depende da produção de resultado naturalístico.
De forma livre: a lei não estabelece a forma de execução.
Simples: tutela apenas um bem jurídico.
Comissivo ou omissivo: em regra, é praticado por ação, exceto na omissão imprópria
(CP, art. 13, § 2º).
Unissubjetivo: pode ou não ser praticado em concurso de pessoas.
Instantâneo: consuma-se de imediato.
Plurissubsistente: é possível o fracionamento da conduta, o que faz com que seja viável
a tentativa.
De dano: a consumação exige efetiva violação do bem jurídico tutelado. Não é suficiente
a mera exposição a perigo.
Não transeunte: deixa vestígios.
Doloso: não é admitida a modalidade culposa.
PENAS
Detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
EXCLUSÃO DA ILICITUDE
Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que
tem direito o agente.
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QUADRO SINÓTICO
SUJEITOS
Sujeito ativo: o condômino, coerdeiro ou sócio.
Sujeito passivo: da mesma forma, o condômino, coerdeiro ou sócio.
ELEMENTO SUBJETIVO
É o dolo. É atípica a modalidade culposa.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
A consumação ocorre independentemente da mansa e pacífica. Crime material, depende
da produção de resultado naturalístico. A tentativa é possível.
AÇÃO PENAL
Ação penal pública condicionada à representação.
O roubo é a junção do crime de furto (CP, art. 155) com a lesão corporal (CP, art. 129) ou com
a ameaça (CP, art. 147), pois a conduta consiste em subtrair coisa móvel alheia, para si ou para ou-
trem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzi-
do à impossibilidade de resistência. Por ser a união de condutas tipificadas em outros dispositivos,
o roubo é classificado como crime complexo. Punido com pena de reclusão, de quatro a dez anos, e
multa, não é compatível com o acordo de não persecução penal (CPP, art. 28-A) por duas razões: a
pena mínima não é inferior a quatro anos e é crime praticado com violência ou grave ameaça.
Roubo próprio, roubo impróprio, violência própria e violência imprópria. É preciso ter cui-
dado para não fazer confusão entre roubo próprio, roubo impróprio, violência própria e violência
imprópria, conceitos que não se confundem. Sobre a violência empregada na prática do roubo,
ela pode ser própria, quando há emprego de força física contra a vítima (por vias de fato ou le-
são corporal) no contexto da prática do delito, ou imprópria, quando utilizado qualquer meio que
reduza a vítima à impossibilidade de resistência (parte final do caput do artigo 157). Exemplos:
• Para evitar que a vítima consiga se defender do roubo, o criminoso a agride com coro-
nhadas (violência própria);
• O criminoso dopa a vítima (ex.: o golpe Boa Noite, Cinderela) para, em seguida, subtrair
seus bens (violência imprópria). É aqui onde reside a pegadinha: por não ter existido vio-
lência própria, muitos imaginam se tratar de furto (CP, art. 155).
Além disso, o roubo pode ser próprio (art. 157, caput) ou impróprio (art. 157, § 1º). A dife-
rença: no roubo impróprio, o agente desejava praticar, inicialmente, o crime de furto (CP, art.
155) – subtrair coisa alheia móvel, mas sem violência ou grave ameaça. Todavia, subtraída a
coisa, ele se vê obrigado a empregar violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de
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assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. Ex.: logo de-
pois da subtração, a vítima percebe o ocorrido e reage, momento em que o criminoso a agride
para garantir a detenção do produto do crime.
É a coisa móvel alheia. Para não ser repetitivo, veja o que foi falado a respeito do assunto
no estudo do furto (CP, art. 155).
Crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. A vítima, a princípio é apenas o
proprietário ou possuidor do objeto material. No entanto, também pode ser sujeito passivo do
roubo quem é atingido pela violência ou grave ameaça, embora não seja o dono da coisa – por
exemplo, alguém contratado para transportar mercadoria.
É o dolo, acrescido de um especial fim de agir (para si ou para outrem). Não existe rou-
bo culposo.
Crime material, consuma-se no momento em que ocorre a inversão da posse do bem, me-
diante emprego de violência ou grave ameaça, pouco importando a posse mansa e pacífica
ou desvigiada – adotou-se a teoria da apprehensio (ou amotio). O assunto já foi polêmico,
mas, após reiterados julgados, o STJ engessou o debate por meio da Súmula 582. A tentativa
é possível.
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JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 582, STJ
Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de
violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição ime-
diata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e
pacífica ou desvigiada.
É sempre pública incondicionada, sem exceção – veja os artigos 182 e 183, I, do CP.
Os parágrafos 2º, 2º-A e 2º-B estabelecem uma série de causas de aumento de pena, que
fazem com que a pena seja exasperada de um terço até o dobro. Da mesma forma como fize-
mos no furto, faremos o estudo conjunto para não as confundir.
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Se há destruição ou rompimento
Não é hediondo. O alerta é importante
de obstáculo mediante o
porque o furto com emprego de
emprego de explosivo ou de 2/3
explosivo (CP, art. 155, § 4º-A) é
artefato análogo que cause
hediondo.
perigo comum (§ 2º-A, II).
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Fração de aumento:
JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 443, STJ
O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado
exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indi-
cação do número de majorantes.
3.3.9. Qualificadoras
Roubo qualificado pela lesão corporal grave (CP, art. 157, § 3º, I). A pena do roubo é de
reclusão, de sete a dezoito anos, e multa, se a violência empregada na prática do roubo resultar
em lesão corporal grave ou gravíssima (CP, art. 129, § 1º e § 2º). Não se trata, necessariamen-
te, de crime preterdoloso, devendo ser aplicada a qualificadora ainda que a lesão grave ou
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gravíssima resulte de dolo. Evidentemente, a tentativa somente será admitida quando houver
dolo na produção do resultado, que não é alcançado por razões alheias à vontade do indivíduo
(CP, art. 14, II). Provocada a lesão corporal grave, o crime estará consumado, pouco importan-
do a efetiva subtração.
Crime preterdoloso ou não, o resultado tem de decorrer do emprego de violência (ex.: co-
ronhadas). Se resultar de grave ameaça, não ficará caracterizada a qualificadora. Exemplo: o
indivíduo assalta mulher grávida e, em razão da grave ameaça empregada, ocorre a aceleração
do parto e a criança nasce prematura (CP, art. 129, § 1º, IV). Não será reconhecida a qualifica-
dora do § 3º, I, pois o resultado não decorreu de violência. Presente a qualificadora, o crime
será hediondo, consumado ou tentado.
Roubo qualificado pela morte (CP, art. 157, § 3º, II). Mais conhecido por latrocínio, não se
trata de roubo seguido de morte, como a imprensa insiste em dizer ao conceituar a qualifica-
dora do § 3º, II, do artigo 157. Crime hediondo, consumado ou tentado, o latrocínio é hipótese
em que, em razão da violência empregada no contexto da subtração, a vítima ou alguém a ela
ligada é morta. O resultado pode decorrer de dolo ou culpa – portanto, não se trata, necessa-
riamente, de crime preterdoloso (dolo na conduta e culpa no resultado).
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QUADRO SINÓTICO
CLASSIFICAÇÃO
PENAS
Modalidade simples (art. 157, caput): reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Modalidades qualificadas (art. 1557, § 3º):
(a) Se, em razão da violência empregada no contexto do roubo, a vítima sofre lesão
corporal de natureza grave ou gravíssima (CP, art. 129, § 1º ou § 2º): reclusão, de sete a
dezoito anos, e multa;
(b) Se, em razão da violência empregada no contexto do roubo, a vítima morre (latrocínio):
reclusão, de vinte a trinta anos, e multa.
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AUMENTO DE PENA
SUJEITOS
ELEMENTO SUBJETIVO
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
AÇÃO PENAL
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JURISPRUDÊNCIA
É inviável o reconhecimento da continuidade delitiva entre os crimes de roubo e de extor-
são, por se tratarem de delitos de espécies distintas, ainda que cometidos no mesmo
contexto temporal (STJ, HC 552.481/SP).
Crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. A vítima pode ser quem for atingi-
do pela violência ou grave ameaça; quem faz, deixa de fazer ou tolera que se faça algo; e quem
suporta o prejuízo patrimonial.
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É o dolo, acrescido de finalidade específica (com o intuito de obter para si ou para outrem
indevida vantagem econômica). Não é típica a modalidade culposa.
Segundo o § 1º, se o crime for cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de
arma (própria ou imprópria, de fogo ou branca), aumenta-se a pena de um terço até metade.
3.4.9. Qualificadoras
Se, em razão da violência empregada – e não da grave ameaça –, a vítima sofrer lesão
corporal grave ou gravíssima (CP, art. 129, § 1º e § 2º), a pena deve ser de reclusão, de sete a
dezoito anos, e multa. Se morrer, a pena é de reclusão, de vinte a trinta anos, e multa. Era crime
hediondo até a entrada em vigor do Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/19), que o excluiu o do
rol do artigo 1º da Lei n. 8.072/90. Sem dúvida, um dos maiores erros recentes do legislador
brasileiro. Por ser norma mais benéfica (novatio legis in mellius), deve retroagir para alcançar
condutas praticadas antes do Pacote.
Sequestro-relâmpago. Também qualificadora do crime de extorsão, cuja pena é de reclu-
são, de seis a doze anos, e multa, ocorre quando o criminoso restringe a liberdade da vítima, e
essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica. Exemplo: o criminoso
rende a vítima e com ela se dirige a caixas eletrônicos da cidade, realizando saques – conduta
popularmente denominada sequestro-relâmpago. Se, em razão da violência empregada, a víti-
ma sofrer lesão corporal grave ou gravíssima, a pena será de reclusão, de dezesseis a vinte e
quatro anos; se morrer, de reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
Até a entrada em vigor do Pacote Anticrime, não era crime hediondo, nem mesmo em caso
de lesão corporal grave ou gravíssima ou morte da vítima. O equívoco foi corrigido pela Lei n.
13.964/19, que o corrigiu, mas em redação que desperta dúvidas em relação à extensão. Veja
a redação dada ao artigo 1º, III, da Lei n. 8.072/90, a Lei dos Crimes Hediondos:
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CLASSIFICAÇÃO
PENAS
Modalidade simples (art. 158, caput): reclusão, quatro a dez anos, e multa.
Modalidades qualificadas (art. 158, § 2º e § 3º):
(a) Quando da violência empregada resulta em lesão corporal grave ou
gravíssima (CP, art. 129, § 1º ou § 2º): reclusão, de sete a dezoito anos, e multa;
(b) Quando da violência empregada resulta em morte: reclusão, de vinte a
trinta anos, e multa;
(c) Quando for praticado mediante a restrição da liberdade da vítima: reclusão,
de seis a doze anos;
(d) Quando for praticado mediante a restrição da liberdade da vítima e resultar
em lesão corporal grave ou gravíssima: reclusão, de dezesseis a vinte e quatro
anos;
(e) Quando for praticado mediante a restrição da liberdade da vítima e resultar
em morte: reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
AUMENTO DE PENA
SUJEITOS
ELEMENTO SUBJETIVO
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte I
Leonardo Castro
QUADRO SINÓTICO
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
AÇÃO PENAL
É a pessoa privada da sua liberdade, bem como quem é obrigado ao pagamento do resgate.
Crime comum, o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. O sujeito passivo é a pessoa que
suporta a privação da liberdade e quem sofre o prejuízo de natureza patrimonial.
Crime doloso, demanda especial finalidade (com o fim de obter, para si ou para outrem, qual-
quer vantagem, como condição ou preço do resgate). Não é admitida a modalidade culposa.
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte I
Leonardo Castro
3.5.8. Qualificadoras
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte I
Leonardo Castro
A pena deve ser diminuída, de um a dois terços, se um dos concorrentes para o crime – em
caso de concurso de pessoas – denunciar o delito à autoridade, facilitando a libertação do
sequestrado (art. 158, § 4º).
QUADRO SINÓTICO
CLASSIFICAÇÃO
PENAS
DIMINUIÇÃO DE PENA
SUJEITOS
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte I
Leonardo Castro
QUADRO SINÓTICO
ELEMENTO SUBJETIVO
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
AÇÃO PENAL
Crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. O sujeito passivo é a pessoa que
se submete à exigência ou que oferece o documento como garantia de dívida, bem como ter-
ceiro eventualmente prejudicado.
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte I
Leonardo Castro
QUADRO SINÓTICO
CLASSIFICAÇÃO
Comum: pode ser praticado por qualquer pessoa.
Formal ou material: formal, na conduta de exigir, e material, na de receber.
De forma livre: a lei não estabelece a forma de execução.
Comissivo ou omissivo: em regra, é praticado por ação, exceto na omissão imprópria
(CP, art. 13, § 2º).
Unissubjetivo: pode ou não ser praticado em concurso de pessoas.
Instantâneo: consuma-se de imediato.
Plurissubsistente: é possível o fracionamento da conduta, o que faz com que seja viável
a tentativa.
Doloso: não é admitida a modalidade culposa.
PENAS
Reclusão, de um a três anos, e multa.
AUMENTO DE PENA
Repouso noturno: a pena é aumentada de um terço se o crime for praticado durante o
repouso noturno.
SUJEITOS
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito passivo: qualquer pessoa.
ELEMENTO SUBJETIVO
É o dolo. É atípica a modalidade culposa.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Na modalidade exigir, é crime formal, que se consuma com a prática da conduta. No
segundo verbo, receber, é crime material, que exige a produção de resultado naturalístico
para a consumação.
AÇÃO PENAL
Crime de ação penal pública incondicionada.
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte I
Leonardo Castro
O crime consiste em suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indica-
tivo de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia. A pena é
de detenção, de um a seis meses, e multa. Delito de menor potencial ofensivo, deve ser proces-
sado e julgado por Juizado Especial Criminal. É compatível com transação penal e suspensão
condicional do processo (Lei n. 9.099/95, arts. 61, 76 e 89).
É o patrimônio.
Alteração de limites. Pode ser o tapume, o marco ou qualquer outro sinal de linha divisória.
Usurpação de águas. São as águas, consideradas parte do solo.
Esbulho possessório. É o imóvel esbulhado.
Delito formal, consuma-se com a supressão ou deslocamento da linha divisória, ainda que
o agente não consiga, de fato, se apropriar da coisa imóvel alheia.
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte I
Leonardo Castro
Figuras equiparadas:
• Usurpação de águas: na mesma pena incorre quem desvia ou represa, em proveito pró-
prio ou de outrem, águas alheias. Crime comum, pode ser praticado por qualquer pes-
soa. O sujeito passivo é o proprietário ou possuidor da água desviada ou represada.
Crime formal, consuma-se desde o desvio ou represamento;
• Esbulho possessório: outra figura equiparada, incorre na mesma pena quem invade, com
violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais de duas pessoas,
terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório. Se houver emprego de
violência, o agente também será responsabilizado pela pena a esta cominada (ex.: lesão
corporal, em concurso material). Ademais, se a propriedade for particular e não houver
emprego de violência, o crime será de ação penal privada.
QUADRO SINÓTICO
CLASSIFICAÇÃO
PENAS
SUJEITOS
ELEMENTO SUBJETIVO
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Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte I
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CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
AÇÃO PENAL
É o patrimônio.
É o gado ou rebanho.
Crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa, exceto, é claro, o próprio proprietário.
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Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte I
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QUADRO SINÓTICO
CLASSIFICAÇÃO
PENAS
SUJEITOS
ELEMENTO SUBJETIVO
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
AÇÃO PENAL
O crime de dano tem por condutas destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia. A pena é de
detenção, de um a seis meses, ou multa. Crime de menor potencial ofensivo, de competência
do Juizado Especial Criminal, compatível com a transação penal e a suspensão condicional do
processo (Lei n. 9.099/95, arts. 61, 76 e 89).
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Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte I
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É o patrimônio.
É a coisa destruída, inutilizada ou deteriorada. Não ocorre o crime de dano quando a coisa
destruída, inutilizada ou deteriorada não pertencer a ninguém (res nullius) ou estiver abando-
nada (res derelicta). No entanto, é típica a conduta quando se tratar de coisa perdida (res des-
perdicta), afinal, nesse caso, há violação ao bem jurídico tutelado (o patrimônio). Em relação
a animais, pode ficar caracterizado o crime do artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais (Lei n.
9.605/98).
O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa (crime comum). O sujeito passivo é o proprie-
tário ou possuidor da coisa.
O dano simples (caput) e o dano qualificado por motivo egoístico ou com prejuízo conside-
rável para a vítima (parágrafo único, IV) são de ação penal privada.
3.9.8. Qualificadoras
De acordo com o parágrafo único do artigo 163, o crime de dano é punido com pena de
detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à violência (ex.:
lesão corporal, em concurso material). Deixa de ser crime de menor potencial ofensivo, mas
permanece possível a suspensão condicional do processo (Lei n. 9.099/95, art. 89).
Dano com violência à pessoa ou grave ameaça: a violência ou grave ameaça tem de
ocorrer no contexto do crime de dano. Se prescindível, não deverá ser reconhecida a forma
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte I
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qualificada. Na hipótese de grave ameaça, o crime do artigo 147 do CP deve ser absorvido
(princípio da consunção). No entanto, se houver violência e resultar em lesão corporal (CP,
art. 129), o agente tem de ser punido dano pelo dano quanto pela lesão, em concurso mate-
rial (CP, art. 69). A violência contra coisa (ex.: um automóvel) não qualifica o delito – em ver-
dade, o crime de dano é, em si, o emprego de violência contra coisa. A ação penal é pública
incondicionada.
Com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais
grave: expressamente subsidiário (ex.: deve ser absorvido se praticado no contexto de um
homicídio), a qualificadora se justifica em virtude do maior perigo provocado pelo meio empre-
gado na execução do delito. É crime de ação penal pública incondicionada.
Contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de au-
tarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa
concessionária de serviços públicos: norma autoexplicativa, é relevante destacar a in-
compatibilidade da qualificadora com o princípio da insignificância. É crime de ação penal
pública incondicionada.
Por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima: crime de ação penal pri-
vada, consiste na prática da qualificadora por motivação torpe, egoísta. Também deve ser re-
conhecida quando resultar em prejuízo considerável à vítima, algo a ser avaliado no caso con-
creto, com base no poder econômico de quem sofreu a lesão.
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CLASSIFICAÇÃO
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PENAS
SUJEITOS
ELEMENTO SUBJETIVO
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AÇÃO PENAL
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Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte I
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É o patrimônio.
Crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. O sujeito passivo é o proprietário
ou possuidor de imóvel que sofre prejuízo.
QUADRO SINÓTICO
CLASSIFICAÇÃO
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PENAS
SUJEITOS
ELEMENTO SUBJETIVO
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
AÇÃO PENAL
4. Súmulas e Informativos
4.1. Súmulas
Furto
Furto híbrido:
JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 511 do STJ
É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de
crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno
valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva.
O intitulado furto privilegiado está previsto no artigo 155, § 2º, do CP. De acordo com o
dispositivo, se primário o agente e de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode subs-
tituir a pena de reclusão pela de detenção, diminui-la de um a dois terços ou aplicar
somente a pena de multa. No entanto, muito já se questionou se é possível a aplicação
simultânea da causa de diminuição de pena do artigo 155, § 2º, com alguma das qua-
lificadoras do furto. Para o STJ, sim, desde que a qualificadora seja de ordem objetiva
– diga respeito ao meio ou modo de execução do crime (ex.: emprego de explosivo, do
art. 155, § 4º-A).
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Sistema de vigilância:
JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 567 do STJ
Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segu-
rança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configu-
ração do crime de furto.
Imagine o exemplo do indivíduo que, enquanto subtrai objetos de uma loja, tem sua ação
observada por sistema de monitoramento de câmeras do local. Ao tentar deixar o prédio, no
entanto, seguranças da empresa o surpreendem e impedem o sucesso do furto. No exem-
plo, houve crime impossível? Para o STJ, não. É o teor da Súmula 567 do STJ. Isso porque,
embora o sistema de vigilância diminua a chance de êxito do criminoso, não a inviabiliza de
forma absoluta.
Concurso de pessoas:
JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 442 do STJ
É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do
roubo.
Por razões desconhecidas, o legislador deu tratamento diverso ao concurso de pessoas nos
crimes de furto e roubo. No furto, é qualificadora do crime; no roubo, causa de aumento de pena.
CONCURSO DE PESSOAS
FURTO ROUBO
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Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte I
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Sabendo disso, imagine o seguinte: João e Carlos estão sendo acusados pela prática do
crime de furto qualificado pelo emprego de fraude e pelo concurso de pessoas (art. 155, § 4º,
II e IV). Adotada a qualificadora da fraude para estabelecer o parâmetro de punição – a pena
de dois a oito anos –, a qualificadora do concurso de pessoas não tem como ser utilizada da
mesma maneira. Surgiu, então, a seguinte teoria: punir o concurso de pessoas da mesma for-
ma como ocorre no roubo, ou seja, como causa de aumento de pena. O STJ, contudo (e com
razão!), não concordou. É o que diz a Súmula 442.
Roubo
Consumação do roubo:
JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 582 do STJ
Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de
violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição ime-
diata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e
pacífica ou desvigiada.
Ablatio: além de ter contato com a coisa subtraída, o agente deve transportá-
la para lugar diverso daquele de origem.
• Consuma-se com o transporte.
Ilatio: a consumação ocorre quando a coisa é levada pelo agente a local onde
permanecerá segura.
• Consuma-se com o depósito em lugar seguro.
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Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte I
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JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 443 do STJ
O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado
exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indi-
cação do número de majorantes.
JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 610 do STF
Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não se realize o agente
a subtração de bens da vítima.
Para a consumação do latrocínio (CP, art. 157, § 3º, II), é relevante saber se foi produzido o
resultado morte. Pouco importa se o indivíduo teve ou não êxito na subtração da coisa. Exem-
plo: ao invadir agência bancária, assaltantes matam o vigilante, mas fogem sem nada levar em
razão de a polícia ter chegado rapidamente ao local. O latrocínio se consumou? Sim. É o teor
da Súmula 610 do STF.
Extorsão
Consumação da extorsão:
JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 96 do STJ
O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida.
A extorsão (CP, art. 158) é crime formal. Para a consumação, pouco importa a efetiva ob-
tenção da vantagem indevida. No entanto, cuidado: é tentada a extorsão quando, após sofrer
violência ou grave ameaça, a vítima não faz ou deixa de fazer o que o criminoso exigiu.
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4.2. Informativos
Furto
JURISPRUDÊNCIA
A causa de aumento prevista no § 1º do art. 155 do Código Penal (prática do crime de
furto no período noturno) não incide no crime de furto na sua forma qualificada (§ 4º).
(STJ, REsp 1.890.981-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 25/05/2022)
JURISPRUDÊNCIA
Para a configuração da circunstância majorante do § 1º do art. 155 do Código Penal,
basta que a conduta delitiva tenha sido praticada durante o repouso noturno, dada a
maior precariedade da vigilância e a defesa do patrimônio durante tal período, e, por con-
sectário, a maior probabilidade de êxito na empreitada criminosa, sendo irrelevante o fato
das vítimas não estarem dormindo no momento do crime, ou, ainda, que tenha ocorrido
em estabelecimento comercial ou em via pública, dado que a lei não faz referência ao
local do crime. (STJ, AgRg no AREsp n. 1.234.013/PR)
JURISPRUDÊNCIA
Não é possível a aplicação do princípio da insignificância ao furto de objeto de pequeno
valor. Não se deve confundir bem de pequeno valor com o de valor insignificante, o qual,
necessariamente, exclui o crime ante a ausência de ofensa ao bem jurídico tutelado, qual
seja, o patrimônio. O bem de pequeno valor pode caracterizar o furto privilegiado previsto
no § 2º do art. 155 do CP, apenado de forma mais branda, compatível com a lesividade da
conduta. (STJ, REsp 1.239.797/RS)
JURISPRUDÊNCIA
Não se aplica o princípio da insignificância ao furto de bem de inexpressivo valor pecuni-
ário de associação sem fins lucrativos com o induzimento de filho menor a participar do
ato. (STJ, RHC 93.472/MS)
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JURISPRUDÊNCIA
1. Para o reconhecimento do crime de furto privilegiado – direito subjetivo do réu –, a
norma penal exige a conjugação de dois requisitos objetivos, consubstanciados na pri-
mariedade e no pequeno valor da coisa furtada que, na linha do entendimento pacificado
neste Superior Tribunal de Justiça, não deve ultrapassar o valor do salário-mínimo vigente
à época dos fatos. 2. É indiferente que o bem furtado tenha sido restituído à vítima, pois
o critério legal para o reconhecimento do privilégio é somente o pequeno valor da coisa
furtada. (STJ, AgRg no REsp 1.785.985/SP)
JURISPRUDÊNCIA
1. O reconhecimento da qualificadora de rompimento de obstáculo exige a realização
de exame pericial, o qual somente pode ser substituído por outros meios probatórios
quando inexistirem vestígios, o corpo de delito houver desaparecido ou as circunstâncias
do crime não permitirem a confecção do laudo. 2. Ainda que a presença da circunstância
qualificadora esteja em consonância com a prova testemunhal colhida nos autos, mos-
tra-se imprescindível a realização de exame de corpo de delito, nos termos do art. 158 do
Código de Processo Penal. (STJ, AgRg no REsp 1.814.051/RS)
JURISPRUDÊNCIA
No caso de furto de energia elétrica mediante fraude, o adimplemento do débito antes do
recebimento da denúncia não extingue a punibilidade. (STJ, RHC 101.299/RS)
JURISPRUDÊNCIA
Não se aplica a agravante prevista no art. 61, II, “h”, do Código Penal na hipótese em que
o crime de furto qualificado pelo arrombamento à residência ocorreu quando os proprie-
tários não se encontravam no imóvel, não havendo que se falar, portanto, em ameaça à
vítima ou em benefício do agente para a prática delitiva em razão de sua condição de fra-
gilidade. (STJ, HC 593.219/SC)
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Consumação do furto:
JURISPRUDÊNCIA
Consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que por breve
espaço de tempo e seguida de perseguição ao agente, sendo prescindível a posse mansa
e pacífica ou desvigiada. (STJ, REsp 1.524.450/RJ)
Qualificadora da destreza:
JURISPRUDÊNCIA
No crime de furto, não deve ser reconhecida a qualificadora da “destreza” (art. 155, § 4º,
II, do CP) caso inexista comprovação de que o agente tenha se valido de excepcional –
incomum – habilidade para subtrair a coisa que se encontrava na posse da vítima sem
despertar-lhe a atenção. (STJ, 1.478.648/PR)
JURISPRUDÊNCIA
A subtração de objeto localizado no interior de veículo automotor mediante o rompimento
do vidro qualifica o furto (art. 155, § 4º, I, do CP). (STJ, AgRg no REsp 1.364.606/DF)
Roubo
JURISPRUDÊNCIA
Nos casos em que se aplica a Lei n. 13.654/2018, é possível a valoração do emprego
de arma branca, no crime de roubo, como circunstância judicial desabonadora. (STJ, HC
556.629/RJ)
Diante da abolitio criminis promovida pela Lei n. 13.654/2018, que deixou de considerar
o emprego de arma branca como causa de aumento de pena, é de rigor a aplicação da
novatio legis in mellius. (STJ, REsp 1.519.860/RJ)
JURISPRUDÊNCIA
A dívida de corrida táxi não pode ser considerada coisa alheia móvel para fins de configu-
ração da tipicidade dos delitos patrimoniais. (STJ, REsp 1.757.543/RS)
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JURISPRUDÊNCIA
O fato de o assalto envolver situação forjada entre o paciente e o corréu não viabiliza a
ocorrência de estelionato, pois a caracterização do roubo não pressupõe a efetiva inten-
ção do agente de realizar o mal prometido. (STF, HC 147.584/RJ)
JURISPRUDÊNCIA
A majorante do art. 157, § 2º, I, do CP não é aplicável aos casos nos quais a arma utilizada
na prática do delito é apreendida e periciada, e sua inaptidão para a produção de disparos
é constatada. (STJ, HC 247.669/SP)
JURISPRUDÊNCIA
Ajusta-se à figura típica prevista no art. 345 do CP (exercício arbitrário das próprias razões)
– e não à prevista no art. 157 do CP (roubo) – a conduta da prostituta maior de dezoito
anos e não vulnerável que, ante a falta do pagamento ajustado com o cliente pelo serviço
sexual prestado, considerando estar exercendo pretensão legítima, arrancou um cordão
com pingente folheado a ouro do pescoço dele como forma de pagamento pelo serviço
sexual praticado mediante livre disposição de vontade dos participantes e desprovido de
violência não consentida ou grave ameaça. (STJ, HC 211.888/TO)
JURISPRUDÊNCIA
As causas de aumento de pena do § 2º do art. 157 do CP não se aplicam para o roubo
qualificado pela lesão corporal grave nem para o latrocínio, previstos no § 3º do art. 157.
(STJ, HC 330.831/RO)
JURISPRUDÊNCIA
No delito de roubo, se a intenção do agente é direcionada à subtração de um único patri-
mônio, estará configurado apenas um crime, ainda que, no modus operandi, seja utilizada
violência ou grave ameaça contra mais de uma pessoa para a consecução do resultado
pretendido. (STJ, AgRg no REsp 1.490.894/DF)
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JURISPRUDÊNCIA
Deve incidir a majorante prevista no inciso III do § 2º do art. 157 do CP na hipótese em
que o autor pratique o roubo ciente de que as vítimas, funcionários da Empresa Brasileira
de Correios e Telégrafos (ECT), transportavam grande quantidade de produtos cosméti-
cos de expressivo valor econômico e liquidez. (STJ, REsp 1.309.966/RJ)
Roubo de uso:
JURISPRUDÊNCIA
O roubo de uso é típico. (STJ, REsp 1.323.275/GO)
JURISPRUDÊNCIA
O coautor que participa de roubo armado responde pelo latrocínio, ainda que o disparo
tenha sido efetuado pelo comparsa. Não pode, porém, ser imputado o resultado morte
ao coautor quando há rompimento do nexo causal entre a conduta dele e a de seu com-
parsa. (STF, HC 109.151/RJ)
Extorsão
Ameaça espiritual:
JURISPRUDÊNCIA
Configura o delito de extorsão (art. 158 do CP) a conduta de agente que submete vítima
à grave ameaça espiritual que se revelou idônea a atemorizá-la e compeli-la a realizar o
pagamento de vantagem econômica indevida. (STJ, REsp 1.299.021/SP)
JURISPRUDÊNCIA
Em extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, sendo essa condição
necessária para a obtenção da vantagem econômica (art. 158, § 3º, do CP), é possível a
incidência da causa de aumento prevista no § 1º do art. 158 do CP (crime cometido por
duas ou mais pessoas ou com emprego de arma). (STJ, REsp 1.353.693/RS)
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Continuidade delitiva:
JURISPRUDÊNCIA
Não há continuidade delitiva entre os crimes de roubo e extorsão, ainda que praticados em
conjunto. Isso porque, nos termos da pacífica jurisprudência do STJ, os referidos crimes,
conquanto de mesma natureza, são de espécies diversas, o que impossibilita a aplicação
da regra do crime continuado, ainda quando praticados em conjunto. (STJ, HC 77.467-SP)
JURISPRUDÊNCIA
Pode configurar o crime de extorsão a exigência de pagamento em troca da devolução do
veículo furtado, sob a ameaça de destruição do bem. (STJ, REsp 1.207.155/RS)
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Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte I
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EXERCÍCIOS
Atualização
001. (INÉDITA/2021) Por meio de aplicativo malicioso (malware), um indivíduo conseguiu se pas-
sar por correntista de um banco e realizou diversas transferências de valores para contas bancárias
de terceiros. Em razão em emprego de fraude, o crime por ele praticado foi o de estelionato.
Para o STJ, como a quantia não foi entregue pela vítima, mas tomado (subtraído) pelo crimino-
so, a correta tipificação é pelo delito de furto qualificado pelo emprego de fraude, do artigo 155,
§ 4º, II, do CP. No entanto, a partir da entrada em vigor da Lei n. 14.155/21, em vigor desde o dia
28 de maio, a adequada tipificação passou a ser a do artigo 155, § 4º-B, do CP.
Errado.
002. (INÉDITA/2021) No furto qualificado pelo emprego de fraude por meio de dispositivo
eletrônico ou informático, a pena é aumentada de um terço ao dobro se a vítima for idosa.
É o teor do § 4º-B, II, do artigo 155 do CP, com redação dada pela Lei n. 14.155/21.
Certo.
É hediondo o furto se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo
comum (CP, art. 155, § 4º-A). A subtração de substância explosiva qualifica o delito (art. 155, §
7º), mas não o torna hediondo. O motivo e simples: não está no rol dos crimes hediondos (Lei
n. 8.072/90, art. 1º).
Errado.
004. (INÉDITA/2021) O Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/19) tornou hediondo o roubo qualifi-
cado pelo emprego de arma de fogo, seja de uso permitido, restrito ou proibido.
De fato, a partir do Pacote Anticrime, o roubo com emprego de arma de fogo passou a ser he-
diondo, ainda que de uso permitido (Lei n. 8.072/90, art. 1º, II, “b”). No entanto, não se trata de
qualificadora, mas de causa de aumento de pena.
Errado.
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005. (INÉDITA/2021) Até a entrada em vigor da Lei n. 13.964/19, conhecida por Lei Anticrime
ou Pacote Anticrime, o furto era crime de ação pena pública incondicionada. Atualmente, no
entanto, é crime de ação penal pública condicionada à representação, desde que ausente cir-
cunstância que qualifique o delito.
A Lei n. 13.964/19 provocou a mencionada alteração no crime de estelionato (CP, art. 171, §
5º). No furto, nada mudou. Permanece crime de ação penal pública incondicionada, exceto nas
hipóteses do artigo 182 do CP.
Errado.
A causa de aumento da restrição de liberdade da vítima (CP, art. 157, § 2º, V) está no rol dos
crimes hediondos (Lei n. 8.072/90, art. 1º, II, “a”). Quanto à qualificadora da lesão corporal
grave (CP, art. 157, § 3º, I), embora a Lei dos Crimes Hediondos fale apenas em lesão corpo-
ral grave (CP, art. 129, § 1º), deve ser também considerada a lesão corporal gravíssima (art.
129, § 2º).
Certo.
Em 2018, foi vista com maus olhos a revogação do inciso I do § 2º, dando fim à causa de au-
mento de pena pelo emprego de arma branca. No entanto, ainda que o Pacote Anticrime tenha
apenas reparado erro anterior do legislador, a reinclusão da majorante é inegável hipótese de
novatio legis in pejus, não podendo retroagir a fatos anteriores.
Errado.
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008. (INÉDITA/2021) O Pacote Anticrime – Lei n. 13.964/19 – retirou do rol dos crimes hedion-
dos a extorsão qualificada pelo resultado morte, crime do artigo 158, § 2º, do CP.
Infelizmente, um dos erros mais grosseiros do nosso Poder Legislativo. Ao incluir o artigo 158,
§ 3º, à Lei n. 8.072/90, em aparente descuido, o legislador retirou o § 2º, gerando situação de
novatio legis in mellius em um dos crimes mais graves de toda a legislação brasileira.
Certo.
009. (INÉDITA/2021) A partir da Lei n. 14.155/21, se o furto mediante fraude for cometido
por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de computadores,
com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou
por qualquer outro meio fraudulento análogo, o criminoso não terá direito à transação penal, à
suspensão condicional do processo ou ao acordo de não persecução penal.
Punido com pena de reclusão, de quatro a oito anos, e multa (CP, art. 155, § 4º-B), a qualifica-
dora não é compatível com a transação penal, pois a pena máxima é superior a dois anos (Lei
n. 9.099/95, arts. 61 e 76). Por ter pena mínima superior a um ano, também não é possível a
suspensão condicional do processo (idem, art. 89). Por fim, não é admitido o acordo de não
persecução penal, que tem por requisito pena mínima inferior a quatro anos (CPP, art. 28-A).
Certo.
Súmulas e Informativos
010. (INÉDITA/2021) De acordo com entendimento dos Tribunais Superiores, a dívida de cor-
rida táxi não pode ser considerada coisa alheia móvel para fins de configuração da tipicidade
dos delitos patrimoniais (ex.: roubo).
É o entendimento do STJ (REsp 1.757.543/RS). No caso decidido pela Corte, o agente se negou
a efetuar o pagamento da corrida de táxi e desferiu um golpe de faca no motorista, sem tentar
subtrair objeto algum (não houve animus furandi).
Certo.
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012. (INÉDITA/2021) Com base na jurisprudência dos Tribunais Superiores, é correto dizer
que, no caso de furto de energia elétrica mediante fraude, o adimplemento do débito antes do
recebimento da denúncia não extingue a punibilidade.
013. (INÉDITA/2021) Na sede de uma associação volta a fins beneficentes, um indivíduo fez com
que seu filho, de nove anos de idade, subtraísse quantia ínfima (R$ 4,90), em dinheiro, depositada
em um jarro para doações localizado sobre o balcão de atendimento. No exemplo, não é possível
que seja reconhecida a atipicidade material em decorrência do princípio da insignificância.
Embora, de fato, valor seja ínfimo (R$ 4,90), a reprovabilidade da conduta inviabiliza o reconhe-
cimento do princípio da insignificância. O STJ julgou caso idêntico ao do enunciado no RHC
93.472/MS.
Certo.
014. (INÉDITA/2021) Com emprego de chave falsa, Carlos abriu o armário coletivo de uma
academia e subtraiu um pote de suplemento avaliado em trezentos reais. Ao proferir sentença
condenatória, o magistrado reconheceu o pequeno valor da coisa subtraída, mas afastou a
possibilidade do reconhecimento do furto privilegiado (CP, art. 155, § 2º) em razão de o furto
ser qualificado (art. 155, § 4º, III). No exemplo trazido, agiu corretamente o julgador.
015. (INÉDITA/2021) A partir da entrada em vigor da Lei n. 13.654/2018, deixou de existir a cau-
sa de aumento de pena do emprego de arma branca no crime de roubo, situação modificada em
2020, quando entrou em vigor o Pacote Anticrime, incluindo-a novamente ao rol do artigo 157, §
2º, do CP. Durante esse período, entre a revogação e a reinclusão da majorante, embora o roubo
fosse simples (CP, art. 157, caput), e não circunstanciado, o emprego de arma branca podia ser
considerado como circunstância judicial desabonadora no momento do cálculo da pena-base.
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Entre a entrada em vigor da Lei n. 13.654/2018 e da Lei n. 13.964/19 (Pacote Anticrime), a ma-
jorante do emprego de arma branca no contexto do roubo deixou de existir. No entanto, isso
não significa que a conduta não pudesse ser punida com maior rigor: em vez de aumentar a
pena, o que não era mais possível, a circunstância passou a ser analisada no momento do cál-
culo da pena-base, nos termos do artigo 59 do CP. Nesse sentido, entendeu o STJ: nos casos
em que se aplica a Lei n. 13.654/2018, é possível a valoração do emprego de arma branca, no
crime de roubo, como circunstância judicial desabonadora (HC 556.629/RJ).
Certo.
No HC 147.584/RJ, o STF entendeu que os dois indivíduos devem ser responsabilizados pelo
crime de roubo. A pena deve ser aumentada em razão do concurso de pessoas e do emprego
de arma de fogo (CP, art. 157, § 2º, II, § 2º-A ou § 2º-B).
Errado.
017. (INÉDITA/2021) Para o STJ, o roubo de uso é típico. O furto de uso, no entanto, é atípico.
O chamado furto de uso se caracteriza pela ausência de ânimo de permanecer na posse do bem
subtraído, que se demonstra com a rápida, voluntária e integral restituição da coisa, antes que a vítima
perceba a subtração do bem. Para o STJ, é conduta atípica (AgRg no AREsp 1175.880/PE). Por outro
lado, no roubo de uso, a conduta é típica. A diferença: o roubo é delito complexo, que possui como
objeto jurídico tanto o patrimônio como a integridade física e a liberdade do indivíduo. Portanto, seja
pela violência ou pela grave ameaça, não há como se entender pela não violação de algum bem jurí-
dico tutelado pelo artigo 157 do CP, que não protege apenas o patrimônio (STJ, REsp 1.323.275/GO).
Certo.
018. (INÉDITA/2021) A prostituta maior de idade e não vulnerável que, considerando estar
exercendo pretensão legítima, arranca cordão do pescoço de seu cliente pelo fato de ele não
ter pago pelo serviço sexual combinado e praticado consensualmente, pratica o crime de exer-
cício arbitrário das próprias razões (CP, art. 345), e não roubo (CP, art. 157).
Para o STJ, não houve intenção de subtração de vantagem indevida, mas de cobrança, pelas
próprias mãos, de dívida cujo pagamento o cliente se recusou a fazer. Portanto, a conduta des-
crita melhor se amolda ao exercício arbitrário das próprias razões (HC 211.888/TO).
Certo.
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019. (INÉDITA/2021) No crime de roubo, a intimidação feita com arma de brinquedo autoriza
o aumento da pena.
No passado, foi o entendimento do STJ. Inclusive, havia súmula com a redação acima transcri-
ta (n. 174 do STJ). No entanto, houve o cancelamento do enunciado (STJ, REsp 213.054/SP) e,
atualmente, prevalece o entendimento de que o simulacro ou arma de brinquedo não é motiva-
ção idônea para fundamentar o aumento de pena por emprego de arma de fogo.
Errado.
020. (INÉDITA/2021) Segundo decidiu o STJ, configura o delito de extorsão (CP, art. 158) a
conduta de agente que submete vítima à grave ameaça espiritual que se revelou idônea a ate-
morizá-la e compeli-la a realizar o pagamento de vantagem econômica indevida.
No caso concreto, o agente fez a vítima acreditar que estava acometida de mal causado por
entidades sobrenaturais e que seria imprescindível sua intervenção, solicitando, para tanto,
vultosas quantias. Mesmo depois de expresso pedido de interrupção dos rituais, modificou
a abordagem inicial e passou a empregar grave ameaça de acabar com a vida da vítima, seu
carro e de causar dano à integridade física de seus filhos, para forçá-la a desembolsar indevida
vantagem econômica. A ameaça de mal espiritual, em razão da garantia de liberdade religiosa,
não pode ser considerada inidônea ou inacreditável. Para a vítima e boa parte do povo brasilei-
ro, existe a crença na existência de força ou forças sobrenaturais, manifestada em doutrinas
e rituais próprios, não havendo falar que são fantasiosas e que nenhuma força possuem para
constranger o homem médio. Os meios empregados foram idôneos, tanto que ensejaram a
intimidação da vítima, a consumação e o exaurimento da extorsão (STJ, REsp 1.299.021/SP).
Certo.
Para o STJ, ainda que topologicamente a qualificadora esteja situada após a causa especial
de aumento de pena, com esta não se funde, uma vez que tal fato configura mera ausência de
técnica legislativa, que se explica pela inserção posterior da qualificadora do § 3º no tipo do
art. 158 do CP, que surgiu após uma necessidade de reprimir essa modalidade criminosa (REsp
1.353.693/RS).
Errado.
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022. (INÉDITA/2021) De acordo com o STJ, pode configurar o crime de extorsão a exigência
de pagamento em troca da devolução do veículo furtado, sob a ameaça de destruição do bem.
Nesse sentido, o REsp 1.094.888/SP, julgado pelo STJ. Embora prescindível a obtenção de
vantagem indevida para que o delito se consume, não é suficiente a ordem do criminoso para
que a vítima faça, deixe de fazer ou tolere que algo seja feito. Tem de existir o comportamento
positivo ou negativo da vítima.
Certo.
Legislação/Doutrina
025. (INÉDITA/2021) O crime de supressão ou alteração de marca em animais (CP, art. 162) é
de menor potencial ofensivo, de competência do Juizado Especial Criminal.
O delito de supressão ou alteração de marca em animais (CP, art. 162) tem pena máxima de
três anos. Portanto, não se trata de crime de menor potencial ofensivo (Lei n. 9.099/95, art. 61).
Contudo, por ser punido com pena mínima de um ano, é admitida a suspensão condicional do
processo (idem, art. 89).
Errado.
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026. (INÉDITA/2021) É qualificado o furto quando praticado durante repouso noturno, hipóte-
se em que não será admitida a suspensão condicional do processo (Lei n. 9.099/95, art. 89).
O furto praticado durante repouso noturno é, em verdade, causa de aumento de pena – a pena
é aumentada de um terço –, e não qualificadora do delito.
Errado.
O roubo é incompatível com o arrependimento posterior (CP, art. 16) e com o acordo de não
persecução penal (CPP, art. 28-A) pelo mesmo motivo: o emprego de violência ou grave amea-
ça na prática da conduta.
Errado.
028. (INÉDITA/2021) No crime de furto de coisa comum (CP, art. 156), não é punível a subtra-
ção de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.
029. (INÉDITA/2021) Na hipótese de erro de tipo essencial (CP, art. 20, caput) em crime de
dano (CP, art. 163), se evitável o erro, o dolo deve ser afastado, mas o agente pode ser respon-
sabilizado pelo dano culposo.
030. (INÉDITA/2021) É qualificado o crime de dano, punido com pena de detenção, de seis
meses a três anos, e multa, quando a conduta é praticada com emprego de arma de fogo de
uso proibido.
Não existe previsão nesse sentido no parágrafo único do artigo 163 do CP, onde há uma lista
de qualificadoras do crime do dano.
Errado.
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031. (INÉDITA/2021) Não fica caracterizado o crime de latrocínio quando a morte decorre de
violência moral ou de violência imprópria.
De acordo com a redação do § 3º do artigo 157 do CP, a morte deve decorrer, necessariamente,
de violência física contra a pessoa. Não incide a qualificadora quando a morte for consequên-
cia de violência moral (grave ameaça) ou e violência imprópria (impossibilidade de resistência).
Certo.
032. (INÉDITA/2021) O crime de furto de coisa comum é de ação penal privada. Portanto,
somente se procede mediante queixa.
O crime de furto de coisa comum é de ação penal pública condicionada à representação (CP,
art. 156, § 1º).
Errado.
Defensor Público
033. (CEBRASPE/2019/DPE-DF) Com relação aos delitos tipificados na parte especial do Có-
digo Penal, julgue o item subsecutivo.
Situação hipotética: Pedro, réu primário, valendo-se da confiança que lhe depositava o seu em-
pregador, subtraiu para si mercadoria de pequeno valor do estabelecimento comercial em que
trabalhava. Assertiva: Nessa situação, apesar de configurar a prática de furto qualificado pelo
abuso de confiança, o juiz poderá reconhecer o privilégio.
É possível que um furto seja, ao mesmo tempo, qualificado e privilegiado (CP, art. 155, § 2º),
desde que a qualificadora seja de ordem objetiva (ex.: emprego de explosivo, do § 4º-A). O
abuso de confiança tem natureza subjetiva (§ 4º, II).
Errado.
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Na extorsão (CP, art. 158), o criminoso constrange a vítima, mediante violência ou grave ame-
aça, a fazer, deixar de fazer ou tolerar que se faça algo. Difere do roubo (CP, art. 157), em que
não há necessidade de qualquer comportamento pela vítima.
Errado.
O fundamento é o artigo 157, § 2º, V, do CP, crime hediondo desde a entrada em vigor do Pacote
Anticrime, no dia 23 de janeiro de 2020 (Lei n. 8.072/90, art. 1º, II, “a”).
ROUBO
ROUBO IMPRÓPRIO SEQUESTRO
CIRCUNSTANCIADO
É o roubo descrito no artigo Pelo contexto, a questão
157, § 1º, do CP. É o termo adotado parece fazer referência
§ 1º. Na mesma pena incorre quando presente causa ao crime do artigo 148 do
quem, logo depois de de aumento de pena. A CP, sequestro e cárcere
subtraída a coisa, emprega restrição de liberdade privado. Não há concurso
violência contra pessoa da vítima no contexto de crimes, pois a restrição
ou grave ameaça, a fim de do roubo serve de de liberdade da vítima
assegurar a impunidade do exemplo (CP, art. 157, § é objeto de causa de
crime ou a detenção da coisa 2º, V). aumento de pena (art.
para si ou para terceiro. 157, § 2º, V).
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Letra a.
037. (FCC/2014/DPE-RS) Ivo, após anunciar “assalto” em desfavor de Amadeu, subtraiu da vítima,
mediante violência, seu automóvel, certa quantia em dinheiro, telefone celular e o cartão bancário,
que contava com a senha de saque anotada no verso. Após circular com o ofendido por cerca de
duas horas no automóvel da vítima, a qual transitou sentada no banco do caroneiro, o ofensor diri-
giu-se a uma agência bancária e, sozinho, na posse do cartão bancário e da senha, sacou R$ 500,00
da conta do ofendido, que permaneceu no veículo. Amadeu foi libertado apenas uma hora depois
de o agente deixar a agência, pois nesse período transitaram sem rumo pela cidade. Nesse caso, Ivo
a) responderá pelo crime de extorsão indireta, tipo penal previsto no art. 160 do Código Penal.
b) responderá, em concurso material, pelas figuras típicas de roubo (art. 157 do Código Penal)
e de sequestro (art. 148 do Código Penal).
c) responderá pelo crime de roubo majorado (art. 157, § 2º, V, do Código Penal), pois manteve
a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade, por tempo superior ao necessário para a
consumação do delito.
d) responderá pelo crime de extorsão qualificada, com previsão no art. 158, § 3º, do Código
Penal, primeira parte.
e) responderá pelo delito de extorsão mediante sequestro, capitulado no art. 159 do Có-
digo Penal.
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O CRIMINOSO A VÍTIMA É
A LIBERTAÇÃO DA
PODE OBTER A RESTRINGIDA DA
VÍTIMA INDEPENDE
VANTAGEM INDEVIDA SUA LIBERDADE
CRIME DE QUALQUER
INDEPENDENTEMENTE NO CONTEXTO DO
CONDUTA, COMO
DE CONDUTA DA CRIME CONTRA O
PREÇO DE RESGATE.
VÍTIMA. PATRIMÔNIO.
SIM SIM SIM
Roubo
Inclusive, foi o que A restrição se dá A restrição da
circunstanciado
aconteceu. Como a exclusivamente liberdade perdura
pela restrição
senha estava anotada no contexto do apenas pelo tempo
de liberdade da
no verso do cartão, o roubo, para que o necessário para que o
vítima (CP, art.
criminoso não precisou criminoso tenha criminoso tenha êxito
157, § 2º, V).
da vítima. êxito na subtração. no delito.
SIM
Para que fique
caracterizado NÃO
NÃO o sequestro- A restrição da
É o principal ponto de relâmpago, a liberdade ocorre
Extorsão
distinção entre o roubo restrição deve se por ser necessária
qualificada
e a extorsão: nesta, o dar, exclusivamente, à obtenção
pelo sequestro-
criminoso precisa que no contexto da da vantagem
relâmpago (CP,
a vítima faça, deixe de extorsão, e deve econômica, e não
art. 158, § 3º).
fazer ou tolere que se perdurar apenas como instrumento
faça algo. enquanto necessária de chantagem para
à obtenção alcançá-la.
da vantagem
econômica.
NÃO SIM
SIM
O sequestrador precisa É da essência do
O criminoso priva
que alguém se submeta delito: a liberdade
Extorsão a vítima de sua
à exigência de vantagem da vítima é utilizada
mediante liberdade até que
como condição ou preço como moeda de troca
sequestro (CP, receba a vantagem
do resgate. Da pessoa pelo sequestrador,
art. 159). imposta como
sequestrada, subjugada, que tem por objetivo
condição ou preço
nenhum comportamento o recebimento da
de resgate.
se exige. vantagem econômica.
NÃO NÃO
Extorsão O criminoso precisa O crime não NÃO
indireta (CP, que a vítima entregue o envolve a privação Não há vítima a ser
art. 160). documento mencionado ou restrição da libertada,
no artigo 160 do CP. liberdade.
Letra c.
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte I
Leonardo Castro
Procurador
A resposta está no artigo 163, parágrafo único, III, do CP. Quanto ao furto, atenção ao crime
previsto no artigo 312, § 1º, do CP – o denominado peculato-furto.
Magistratura
039. (VUNESP/2019/TJ-RJ) João invade um museu público disposto a furtar um quadro. Du-
rante a ação, quando já estava tirando o quadro da parede, depara-se com um vigilante. Diante
da ordem imperativa para largar o quadro, e temendo ser alvejado, vulnera o vigilante com um
projétil de arma de fogo. O vigilante vem a óbito; e João, impressionado pelos acontecimentos,
deixa a cena do crime sem carregar o quadro. De acordo com o entendimento sumulado pelo
Supremo Tribunal Federal, praticou-se
a) furto qualificado tentado em concurso com homicídio qualificado consumado.
b) roubo próprio tentado em concurso com homicídio consumado.
c) roubo impróprio tentado em concurso com homicídio consumado.
d) latrocínio tentado.
e) latrocínio consumado.
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Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte I
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A resposta tem por fundamento o artigo 157, § 3º, II, do CP. Três pontos merecem destaque:
(1º) no latrocínio, a morte não tem de resultar, necessariamente, de culpa. Pode ser dolosa,
buscada pelo criminoso; (2º) há um mito de que o latrocínio não seria compatível com a ten-
tativa. No entanto, é um equívoco pensar dessa forma, afinal, como visto no próximo item, a
tentativa é, sim, possível; (3º) Para aferir se o latrocínio foi consumado ou tentado, importa
saber se a morte, de fato, se concretizou. É irrelevante o fato de a coisa ter ou não sido subtra-
ída. Nesse sentido, temos a Súmula 610 do STF: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se
consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima.
Letra e.
a) Errada. A alternativa tem dois problemas. Embora esteja clara a referência ao crime impos-
sível, a incidência do artigo 17 do CP não faz com que a pena seja diminuída. Torna a conduta
atípica. Além disso, o fato de o celular estar com algum defeito não torna o crime impossível
por absoluta impropriedade do objeto.
b) Errada. É pressuposto para o reconhecimento do arrependimento posterior (CP, art. 16) a
reparação do dano ou a restituição da coisa. Não foi o que aconteceu no exemplo trazido no
enunciado.
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c) Errada. Embora exista agravante quando praticado crime contra cônjuge (CP, art. 61, II, “e”),
essa informação não era conhecida por Antônio.
d) Errada. A alternativa faz referência à atenuante do artigo 65, III, “b”, do CP. Dois motivos po-
dem fazer com que se compreenda pela não aplicação da atenuante: (1º) não parece ter sido
alcançada a eficiência exigida pelo dispositivo legal, afinal, não produziu impacto em relação à
consequência do delito; (2º) não houve espontaneidade, mas voluntariedade. Espontâneo é o
que parte do indivíduo, algo instintivo. Por outro lado, na voluntariedade, embora exista, eviden-
temente, vontade, há influência externa, que o motiva a fazer algo – no exemplo, ter descoberto
que o telefone estava quebrado.
e) Certa. A Súmula 582 do STJ é também aplicável ao furto: Consuma-se o crime de roubo com
a inversão da posse do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por
breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada,
sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
Letra e.
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042. (CONSULPLAN/2018/TJ-MG) Fulano, conhecido nos meios policiais pela prática de cri-
mes contra o patrimônio, decidiu abandonar temporariamente suas atividades delituosas após
conhecer Beltrana, por quem se apaixonara. A moça, no entanto, conhecendo a má fama de
Fulano, o rejeitou. Magoado, Fulano decidiu se vingar e, durante uma festa na casa de amigos
em comum, colocou sonífero na bebida de Beltrana. Tão logo ela caiu no sono, Fulano a levou
para um dos quartos e, aproveitando-se de que ninguém o observava, subtraiu todas as roupas
de Beltrana, deixando-a nua, além de pilhar dinheiro e documentos que ela levava em sua bol-
sa. Em seguida, ele evadiu da festa, levando consigo todos os bens subtraídos. Nessa situação
hipotética, conforme legislação aplicável ao caso, o Fulano pratica crime de
a) roubo próprio.
b) roubo impróprio.
c) furto simples consumado.
d) furto qualificado pelo abuso de confiança.
VIOLÊNCIA PRÓPRIA
Emprego de força física contra o corpo da vítima.
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio,
reduzido à impossibilidade de resistência.
§ 1º. Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega
violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do
crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
PRÓPRIO IMPRÓPRIO
É o roubo do caput É o roubo do § 1º do
do artigo 157 do CP. ROUBO artigo 157 do CP. Por
Admite tanto a violência omissão da lei, admite
própria quanto a apenas a violência
imprópria. própria.
VIOLÊNCIA IMPRÓPRIA
Qualquer meio que impossibilite que a vítima se defenda.
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante
grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer
meio, reduzido à impossibilidade de resistência.
Letra a.
Promotor de Justiça
043. (CEBRASPE/2020/MP-CE) Joaquim, com o intuito de fornecer energia elétrica a seu pe-
queno ponto comercial situado em via pública, efetuou uma ligação clandestina no poste de
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energia elétrica próximo a seu estabelecimento. Durante dois anos, ele utilizou a energia elé-
trica dessa fonte, sem qualquer registro ou pagamento do real consumo. Em fiscalização, foi
constatada a prática de crime, e, antes do recebimento da denúncia, Joaquim quitou o valor da
dívida apurado pela companhia de energia elétrica.
Consoante a jurisprudência do STJ, nessa situação hipotética, Joaquim praticou o crime de
a) furto mediante fraude, cuja punibilidade foi extinta com o pagamento do débito antes do
oferecimento da denúncia.
b) estelionato, cuja punibilidade foi extinta com o pagamento do débito antes do oferecimento
da denúncia.
c) furto simples, cuja punibilidade não foi extinta com o pagamento do débito, apesar de essa
circunstância poder caracterizar arrependimento posterior.
d) estelionato, cuja punibilidade não foi extinta com o pagamento do débito, apesar de essa
circunstância poder caracterizar arrependimento posterior.
e) furto mediante fraude, cuja punibilidade não foi extinta com o pagamento do débito, apesar
de essa circunstância poder caracterizar arrependimento posterior.
Todas as alternativas devem ser enfrentadas com a jurisprudência do STJ: 1. A Terceira Seção
do STJ, no julgamento do RHC n. 101.299/RS, firmou a orientação de que é inviável o reco-
nhecimento da extinção da punibilidade pela quitação de débito no caso de crime de furto de
energia elétrica. 2. A causa extintiva de punibilidade decorrente do previsto nos arts. 34 da
Lei n. 9.249/1995 e 9º da Lei n. 10.684/2003 não pode ser aplicada, por analogia, aos crimes
contra o patrimônio, notadamente no que tange ao furto de energia elétrica (STJ, AgRg no REsp
1.799.613/RJ). Embora não seja possível a extinção da punibilidade, nada impede o reconheci-
mento do arrependimento posterior, causa de diminuição de pena prevista no artigo 16 do CP
(STJ, RHC 101.299/RS).
Letra e.
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a) Errada. Deve ser reconhecida a majorante do artigo 157, § 2º, V, do CP quando, no contexto
do roubo, o criminoso restringir a liberdade da vítima. Não pode existir a condição de resgate a
ser pago em troca da soltura, hipótese em que a correta adequação é aquela do artigo 159 do
CP, a extorsão mediante sequestro.
b) Errada. A qualificadora do § 3º do artigo 159 do CP (resultado morte) deve ser reconhecida
quando o resultado agravador atingir, necessariamente, a pessoa sequestrada.
c) Errada. Por ter havido exigência de pagamento de resgate em troca da liberdade da vítima,
não há dúvida de que o crime praticado foi o do artigo 159 do CP, e não o sequestro e cárcere
privado, do artigo 148.
d) Certa. Em consequência da primeira conduta, contra Cristina, João deve ser punido pela
extorsão mediante sequestro. Quanto à morte de Sinésio, o enunciado poderia ter sido mais
claro. A morte se deu para assegurar a vantagem do primeiro crime? Se sim, incide a qualifica-
dora do artigo 121, § 2º, V, do CP. Também pode ser hipótese de motivação fútil (em meio ao
debate), quando o homicídio é qualificado com fundamento no § 2º, II. De qualquer forma, deve
existir o concurso de crimes porque a morte não foi da pessoa sequestrada.
Letra d.
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I – A alternativa descreve o roubo impróprio (CP, art. 157, § 1º), cuja consumação ocorre no
instante em que empregada violência ou grave ameaça a pessoa, ainda que não alcançada a
finalidade especial buscada pelo agente – a fim de assegurar a impunidade do crime ou a deten-
ção da coisa para si ou para terceiro. Portanto, o roubo impróprio é crime formal.
II – A jurisprudência desta Corte tem pontificado que o emprego de gazuas, mixas, ou qualquer
outro instrumento, ainda que sem a forma de chave, mas apto a abrir fechadura ou imprimir
funcionamento em aparelhos e máquinas, a exemplo, automóveis, caracteriza a qualificadora
do art. 155, § 4º, inciso III, do Código Penal. (STJ, HC 119.524/MG)
III – Esta Corte Especial já se manifestou no sentido de que, para caracterizar a causa de au-
mento do uso de arma, é prescindível a apreensão e a perícia desta, quando sua utilização for
comprovada por outras provas, tal qual se deu no caso concreto. (STJ, AgRg no HC 634.452/SP)
IV – Súmula 610 do STF: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que
não se realize o agente a subtração de bens da vítima.
Letra b.
I – O conceito de repouso noturno não está ligado a um horário específico, devendo ser sempre
avaliado, no caso concreto, o contexto fático da prática delituosa.
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047. (FCC/2014/MP-PA) Antônio, de 25 anos, está sendo processado pelo delito de furto pra-
ticado contra João, seu irmão gêmeo. Diante disso,
a) o número máximo de testemunhas a serem arroladas na denúncia é 5.
b) o Ministério Público não pode oferecer denúncia sem representação de João.
c) o número máximo de testemunhas a serem arroladas na queixa é 5.
d) ao fim, o juiz pode isentar Antônio de pena.
a) Errada. O furto tem pena máxima de quatro anos. Portanto, rito ordinário, podendo ser arro-
ladas até oito testemunhas (CPP, art. 394, § 1º, I, e art. 401).
b) Certa. A fundamentação da resposta está no artigo 182, II, do CP. Nos crimes contra o patri-
mônio praticados entre irmãos, a ação penal é pública condicionada à representação, exceto
se presente uma das situações do artigo 183 do CP.
c) Errada. Artigo 401 do CPP: oito testemunhas.
d) Errada. A situação descrita não se amolda àquelas do artigo 181 do CP – as denominadas
escusas absolutórias.
Letra b.
048. (FCC/2014/MP-PA) Com relação ao ilícito de dano, tipificado no artigo 163 do Có-
digo Penal,
a) a motivação da conduta é irrelevante para o fim de classificação típica, importando, eventu-
almente, como critério de fixação da pena.
b) a doutrina brasileira mais contemporânea vem majoritariamente entendendo exigível, para
sua caracterização, o elemento subjetivo que, na teoria tradicional, comumente é designado
como dolo específico, no caso consubstanciado pelo chamado animus nocendi.
c) a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça hoje entende que o preso que destrói item
do patrimônio prisional especificamente para fugir não comete esse crime.
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a) Errada. O motivo egoístico qualifica o crime de dano (CP, art. 163, parágrafo único, IV). Por-
tanto, pode até servir como critério no cálculo da pena-base, nos termos do artigo 59 do CP,
respeitada a hipótese qualificada.
b) Errada. O dano tem por elemento subjetivo o dolo, independentemente de qualquer finali-
dade especial – ou dolo específico, expressão em desuso. É prescindível o animus nocendi, a
vontade de causar prejuízo.
c) Certa. A destruição de patrimônio público (buraco na cela) pelo preso que busca fugir do es-
tabelecimento no qual encontra-se encarcerado não configura o delito de dano qualificado (art.
163, parágrafo único, inciso III do CP), porque ausente o dolo específico (animus nocendi), sendo,
pois, atípica a conduta (STJ, HC n. 260.350/GO).
d) Errada. O arrombamento no contexto do furto faz com que o crime seja qualificado pelo rom-
pimento ou destruição de obstáculo (CP, art. 155, § 4º, I). Não há, portanto, concurso de crimes
entre o dano e o furto (princípio da consunção).
e) Errada. De fato, na forma simples (CP, art. 163, caput), o dano é crime de menor potencial
ofensivo (Lei n. 9.099/95, art. 61). Todavia, é atípica a modalidade culposa.
Letra c.
050. (FCC/2012/MP-AL) Em relação aos crimes contra o patrimônio, correto afirmar que
a) a coisa abandonada pode ser objeto material do crime de furto.
b) a extorsão mediante sequestro atinge a consumação com a efetiva obtenção da vantagem
desejada pelo agente.
c) o emprego de arma não qualifica o delito de extorsão.
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d) privada a ação penal no crime de dano qualificado por motivo egoístico ou com prejuízo
considerável para a vítima.
e) cabível o perdão judicial na receptação dolosa simples.
a) Errada. É elementar do furto que a coisa móvel seja alheia. A coisa abandonada a ninguém
pertence, não podendo, portanto, ser objeto material do delito.
b) Errada. A consumação ocorre no instante em que a vítima é privada de sua liberdade. É irre-
levante o efetivo recebimento da vantagem exigida.
c) Certa. Errou a banca ao indicar a alternativa como errada. O emprego de arma é causa de
aumento de pena (CP, art. 158, § 1º), e não qualificadora.
d) Certa. A alternativa está de acordo com o disposto no artigo 167 do CP.
e) Errada. Não existe previsão legal nesse sentido.
Letras c e d.
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GABARITO
1. E 18. C 35. E
2. C 19. E 36. a
3. E 20. C 37. c
4. E 21. E 38. d
5. E 22. C 39. e
6. C 23. C 40. e
7. E 24. E 41. a
8. C 25. E 42. a
9. C 26. E 43. e
10. C 27. E 44. d
11. E 28. C 45. b
12. C 29. E 46. c
13. C 30. E 47. b
14. E 31. C 48. c
15. C 32. E 49. C
16. E 33. E 50. ced
17. C 34. C
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Leonardo Castro
Especialista. Professor de Direito Penal e de Prática Penal em cursos de graduação, de pós-graduação e
em preparatórios para concursos públicos e Exame de Ordem. Escritor com mais de dez livros publicados
pelas editoras Saraiva, Rideel e Impetus – alguns deles estão entre os mais vendidos do país, com milhares
de cópias vendidas. Funcionário público concursado, obteve aprovação, dentro das vagas, em mais de
um concurso – dentre eles, analista judiciário e delegado de polícia. Advogou pela Defensoria Pública.
Instagram: @leonardocastroprofessor. Email: contato@leonardocastroprofessor.com.
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