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MPRJ

TREINO SG
Gabarito Comentado

Bloco I

Santo Graal
Jurídico
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Santo Graal
Jurídico

03 Direito Penal

30 Processo Penal

67 Eleitoral
Santo Graal
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DIREITO PENAL

1 | Maria pretende matar Paola, seu desafeto. Buscando alcançar o fim


almejado, Maria coloca uma bomba no avião particular que levará Paola
de Belo Horizonte/MG para a cidade do Rio de Janeiro. Após decolar e
permanecer no ar por cerca de 20 minutos, a aeronave explode no ar em
decorrência da detonação do artefato. Com a explosão faleceram Paola,
sua amiga Ana, os dois pilotos que conduziam a aeronave e mais duas
comissárias de bordo. Imagine que, ao eleger esse meio para realizar o
seu intento, Maria tinha plena consciência de que as demais pessoas
envolvidas também estavam no voo e morreriam, entendendo como
necessários para o sucesso da empreitada criminosa. O elemento
subjetivo da conduta de Maria em relação à morte de Ana, dos dois
pilotos e das duas comissárias de bordo configura:

- RESPOSTA: Alternativa E

Comentários

a) INCORRETA. Dolo subsequente.

o agente, depois de iniciar uma ação com boa-fé, passa a agir de forma ilícita e, por
corolário, pratica um crime, ou ainda quando conhece posteriormente a ilicitude de sua
conduta, e, ciente disso, não procura evitar suas consequências.
Quanto ao tema, necessário denotar a preciosa lição de Juarez Cirino (2012, p.142),
ancorado no entendimento de Roxin:
“O dolo, como programa subjetivo do crime, deve existir durante a realização da ação
típica, o que não significa durante toda a realização da ação planejada, mas durante a
realização da ação que desencadeia o processo causal típico (a bomba, colocada no
automóvel da vítima, com dolo de homicídio, somente explode quando o autor já está
em casa, dormindo). Não existe dolo anterior, nem dolo posterior à realização da ação
típica: as situações referidas como dolo antecedente (a arma empunhada por B para
ser usada contra A, depois de prévia conversação, dispara acidentalmente e mata a
vítima) ou como dolo subsequente (ao reconhecer um inimigo na vítima de acidente
de trânsito, o autor se alegra com o resultado) são hipóteses de fatos imprudentes.”

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b) INCORRETA. Dolo normativo.

O dolo normativo é conhecido como o dolo da teoria neokantista, sendo o dolo


revestido da consciência, da vontade e, ainda, da consciência atual da ilicitude
(elemento normativo), diferindo-se nesse ponto do dolo do finalismo, o qual se
encontra no fato típico (mais precisamente na conduta) e compõe-se de consciência
(elemento intelectivo) e vontade (elemento volitivo).
O dolo normativo é o dolo da teoria causal clássica. Conforme aponta Masson (2020,
p.243): No sistema clássico, em que imperava a teoria causalista ou mecanicista da
conduta, o dolo (e a culpa) estava alojado no interior da culpabilidade, a qual era
composta por três elementos: imputabilidade, dolo (ou culpa) e exigibilidade de
conduta diversa. O dolo ainda abrigava em seu bojo a consciência da ilicitude do fato.
Esse dolo, revestido da consciência da ilicitude do fato, era chamado de dolo
normativo, também conhecido como dolo colorido ou valorado.

c) INCORRETA. Dolo híbrido.

O dolo híbrido nada mais é do que o dolo normativo/colorido anteriormente tratado.

d) INCORRETA. Dolo Eventual (Imprudência Consciente).

Primeiramente, deve-se salientar tratar-se de institutos distintos. Ademais, a conduta


narrada não se configura dolo eventual, tampouco corresponde à imprudência
consciente.
Conforme leciona Juarez Cirino (2012, p.133), “a literatura contemporânea trabalha, no
setor dos efeitos secundários (colaterais ou paralelos) típicos representados como
possíveis, com os seguintes conceitos-pares para definir dolo eventual e imprudência
consciente:
a) o dolo eventual caracteriza-se, no nível intelectual, por levar a sério a possível
produção do resultado típico e, no nível da atitude emocional, por conformar-se
com a eventual produção desse resultado;
b) a imprudência consciente caracteriza-se, no nível intelectual, pela
representação da possível produção do resultado típico e, no nível da atitude
emocional, por confiar na ausência ou evitação desse resultado, pela habilidade,
atenção ou cuidado na realização concreta da ação.”

e) CORRETA. Dolo de 2º grau.

Também conhecido como dolo de consequências necessárias.


Segundo escólio de Juarez Cirino (2012, p.131): “O dolo direto de 2º grau compreende os
meios de ação escolhidos para realizar o fim e, de modo especial, os efeitos
secundários representados como certos ou necessários(ou as consequências e
circunstâncias representadas como certas ou necessárias, segundo ROXIN, ou a
existência de circunstâncias e a produção de outros resultados típicos considerados
como certos ou prováveis, conforme JESCHECK/WEIGEND) – independentemente de
serem esses efeitos ou resultados desejados ou indesejados pelo autor:

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os efeitos secundários (consequências, circunstâncias ou resultados típicos) da ação
reconhecidos como certos ou necessários pelo autor são atribuíveis como dolo direto
de 2º grau, ainda que indesejados ou lamentados por este, como demonstra o famoso
caso Thomas (Alexander Keith, em Bremen, 1875, decidiu explodir o próprio navio com
o objetivo de fraudar o seguro, apesar de representar como certa ou necessária a
morte da tripulação e de passageiros).”

2 | A respeito dos Crimes Hediondos, assinale a alternativa CORRETA:

- RESPOSTA: Alternativa A

Comentários

a) CORRETA. O chamado pacote anticrime, introduzido pela Lei 13.964/2019, retirou a


previsão de hediondez quanto à prática do delito de posse ou porte de arma de fogo de
uso restrito (tornando hedionda a posse ou porte apenas de arma de uso proibido). De
outro lado, inseriu previsão de hediondez para as figuras do comércio ilegal de armas
de fogo e do tráfico internacional de armas de fogo.

Conforme previsão da Lei n.º 8.072/1990:


Art. 1°.
Parágrafo único. Considera-se também hediondo o crime de genocídio previsto nos
arts. 1o , 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956, tentado ou consumado.
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos o crime de genocídio previsto nos
arts. 1º, 2º e 3º da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956, e o de posse ou porte ilegal
de arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16 da Lei no 10.826, de 22 de dezembro
de 2003, todos tentados ou consumados.
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ou consumados:
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de
1956; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no
art. 16 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;(Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei nº
10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, previsto no
art. 18 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
V - o crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de crime hediondo
ou equiparado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
VI – os crimes previstos no Decreto-Lei nº 1.001, de 21 de outubro de 1969 (Código
Penal Militar), que apresentem identidade com os crimes previstos no art. 1º desta Lei.
(Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023)

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VII - os crimes previstos no § 1º do art. 240 e no art. 241-B da Lei nº 8.069, de 13 de julho
de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). (Incluído pela Lei 14.811, de 2024)
b) A figura do roubo qualificado pela lesão corporal (art. 157, § 3°, I, do CP) terá
incidência apenas quando do roubo resultar lesão, tendo a Lei 13.964/2019 tornado
esta figura hedionda.

b) INCORRETA. A figura do roubo qualificado pela lesão corporal (art. 157, § 3°, I, do
CP) terá incidência apenas quando do roubo resultar lesão, tendo a Lei 13.964/2019
tornado esta figura hedionda.

Não obstante a Lei nº 13.964/2019 tenha tornado hedionda a prática do delito


previsto no art. 157, § 3°, I, a figura hedionda ocorrerá tão somente se do roubo
resultar lesão grave. Portanto, não é qualquer lesão como afirmado na questão.

c) INCORRETA. Quanto ao delito de furto, a pena será de reclusão de 4 (quatro) a 10


(dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que,
conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. Tal
figura típica, atualmente, é considerada hedionda.

A conduta típica narrada não se encontra atualmente no rol de crimes hediondos.

d) INCORRETA. São previstos como figuras hediondas os delitos de integrar


organização criminosa e o de constituir milícia privada.

O delito de integrar organização criminosa só é hediondo se tal organização criminosa


for direcionado à prática de crime hediondo ou equiparado. Por sua vez, o delito de
constituir milícia privada (art. 288-A do CP) não é previsto como hediondo.
Vejamos a previsão da Lei nº 8.072/1990:
Art. 1°. Parágrafo único.
Consideram-se também hediondos, tentados ou consumados:
I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de
1956;
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no art. 16
da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de
22 de dezembro de 2003;
IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, previsto no
art. 18 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
V - o crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de crime hediondo
ou equiparado.

e) INCORRETA. Após a Lei 13.964/2019, considera-se crime hediondo o roubo, se há


destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de
artefato análogo que cause perigo comum (art. 157, § 2º-A, II, do Código Penal).

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A referida figura de roubo não é prevista como hedionda (ao contrário do que ocorre na
modalidade equivalente de furto).
São atualmente essas as hipóteses de roubo, previstas como hediondas:
Art. 1°.
II - roubo:
a) circunstanciado (majorado) pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso
V);
b) circunstanciado (majorado) pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2ºA, inciso I);
c) circunstanciado (majorado) pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou
restrito (art. 157, § 2º-B);
d) qualificado pelo resultado lesão corporal grave (art. 157, § 3º, II);
e) qualificado pelo resultado morte (art. 157, § 3º, II).

3 | A respeito do princípio da criminalidade de bagatela, assinale a


afirmativa INCORRETA:

- RESPOSTA: Alternativa C

Comentários

a) CORRETA. Sua aplicação demanda inexpressividade da lesão jurídica.

A questão trata do conhecido princípio da insignificância, também denominado de


princípio da criminalidade de bagatela.
Dentre os vetores estipulados para a sua aplicação está a inexpressividade da lesão
jurídica provocada. Vejamos a jurisprudência do STF sobre o tema:
Ementa: PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS IMPETRADO CONTRA ATO
DE MINISTRO DE TRIBUNAL SUPERIOR. INCOMPETÊNCIA DESTA CORTE. TENTATIVA
DE FURTO. ART. 155, CAPUT, C/C ART. 14, II, DO CP). REINCIDÊNCIA. PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. FURTO FAMÉLICO. ESTADO DE NECESSIDADE
X INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA. SITUAÇÃO DE NECESSIDADE
PRESUMIDA. ATIPICIDADE DA CONDUTA. HABEAS CORPUS EXTINTO POR
INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO.
1. O princípio da insignificância incide quando presentes, cumulativamente, as
seguintes condições objetivas: (a) mínima ofensividade da conduta do agente, (b)
nenhuma periculosidade social da ação, (c) grau reduzido de reprovabilidade do
comportamento, e (d) inexpressividade da lesão jurídica provocada.
(...). 4. In casu, a) a paciente foi presa em flagrante e, ao final da instrução, foi
condenada à pena de 4 (quatro) meses de reclusão pela suposta prática do delito
previsto no art. 155, caput, c/c o art. 14, II, do Código Penal (tentativa de furto), pois,
tentou subtrair 1 (um) pacote de fraldas, avaliado em R$ 45,00 (quarenta e cinco reais)
de um estabelecimento comercial.

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b) A atipicidade da conduta está configurada pela aplicabilidade do princípio da
bagatela e por estar caracterizado, mutatis mutandis, o furto famélico, diante da
estado de necessidade presumido evidenciado pelas circunstâncias do caso.
5. O furto famélico subsiste com o princípio da insignificância, posto não integrarem
binômio inseparável. É possível que o reincidente cometa o delito famélico que induz
ao tratamento penal benéfico. (...). 8. Habeas corpus extinto por inadequação da via
eleita. Ordem concedida de ofício para determinar o trancamento da ação penal, em
razão da atipicidade da conduta da paciente. (HC 119672, Relator(a): Min. LUIZ FUX,
Primeira Turma, julgado em 06/05/2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-106 DIVULG
02-06-2014 PUBLIC 03-06-2014)

b) CORRETA. Caso aplicado haverá a exclusão da tipicidade material da conduta.

Conforme leciona Masson (2020, p. 25-26): O princípio da insignificância é causa de


exclusão da tipicidade. Sua presença acarreta na atipicidade do fato. Com efeito, a
tipicidade penal é constituída pela união da tipicidade formal com a tipicidade
material. Na sua incidência, opera-se tão somente a tipicidade formal (juízo de
adequação entre o fato praticado na vida real e o modelo de crime descrito na norma
penal). Falta a tipicidade material (lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico). Em
síntese, exclui-se a tipicidade pela ausência da sua vertente material.

c) INCORRETA. Somente se admite sua aplicação aos crimes de menor potencial


ofensivo.

Os crimes de menor potencial ofensivo são os que a pena privativa de liberdade em


abstrato não ultrapassa dois anos, cumulada ou não com multa.
A aplicação do princípio da insignificância não se restringe aos crimes de menor
potencial ofensivo. Por exemplo, é pacífico o entendimento da jurisprudência pela
aplicação no crime de furto cuja pena máxima é de 4 anos.

d) CORRETA. Para sua aplicação deve haver grau reduzido de reprovabilidade do


comportamento.

Trata-se de um dos vetores, conforme comentários anteriores.

e) CORRETA. Para seu reconhecimento, as consequências da conduta não podem ter


sido de grande relevância.

Vide comentários anteriores.

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4 | Licínio constituiu milícia particularcom a finalidade de praticar


crimes de estupro. Na hipótese aventada, é possível afirmar que, com
sua conduta, Licínio:

- RESPOSTA: Alternativa A

Comentários

a) CORRETA. praticou o crime de milícia privada, previsto no art. 288-A, do CP, cuja
pena é de reclusão de 4 a 8 anos. Além disso, é possível afirmar se tratar de um crime
contra a paz pública.

A conduta narrada encontra-se tipificada no Art. 288-A do CP:


CP, Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização
paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar
qualquer dos crimes previstos neste Código: (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de
2012)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos.
Além disso, destaca-se que o crime de constituição de milícia privada encontra-se no
título IX da Parte Especial do Código Penal, que trata dos crimes contra a Paz Pública.
Por fim, é necessário sobrelevar que o crime de milícia privada se da com a finalidade
de praticar qualquer dos crimes previstos no CP.

b) INCORRETA. Não praticou o crime de milícia privada, previsto no art. 288-A, do CP,
uma vez que para a configuração desse crime, a constituição de milícia particular deve
ter a finalidade exclusiva de praticar crimes contra o patrimônio ou contra a vida.

Conforme visto, o criem se configura com a finalidade de praticar qualquer dos crimes
previstos no Código Penal.

c) INCORRETA. Não praticou o crime de milícia privada, previsto no art. 288-A, do CP,
uma vez que esse crime não se configura quando a finalidade é praticar crimes
sexuais.

Conforme visto, o criem se configura com a finalidade de praticar qualquer dos crimes
previstos no Código Penal.

d) INCORRETA. praticou o crime de milícia privada, previsto no art. 288-A, do CP, cuja
pena é de reclusão de 2 a 5 anos. Além disso, é possível afirmar se tratar de um crime
contra a paz pública.

A pena do crime em comento é de reclusão de 4 a 8 anos.

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e) INCORRETA. praticou o crime de milícia privada, previsto no art. 288-A, do CP, cuja
pena é de reclusão de 4 a 8 anos. Além disso, é possível afirmar se tratar de um crime
contra a incolumidade pública.

Trata-se de crime contra a paz pública.

5 | José praticou um crime contra Maria no interior de uma embarcação


privada brasileira em alto-mar, que havia partido da Argentina com
destino a Portugal. O crime, porém, ocorreu fora das águas territoriais
de qualquer país. Imaginando essa hipótese, é CORRETO afirmar que,
em relação a previsão brasileira relativa a aplicação da lei penal, José
está sujeito à aplicação da lei penal:

- RESPOSTA: Alternativa B

Comentários

a) INCORRETA. da Argentina.

Estará sujeito a aplicação da lei penal brasileira, consoante explicação na


alternativa B.

b) CORRETA. Do Brasil.

Será aplicada a lei brasileira.


Inicialmente, tem-se que de acordo com o art. 5º, do CP:
Art.5º. Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de
direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
§ 1º. Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as
embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo
brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no
espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
Infere-se, portanto, que, tratando-se de embarcação brasileira de propriedade privada
e que estava em alto mar, será considerada extensão do território nacional para fins de
aplicação da lei penal.

c) INCORRETA. do país em que primeiro aportar a embarcação.

Estará sujeito a aplicação da lei penal brasileira, consoante explicação na


alternativa B.

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d) INCORRETA. do país mais próximo do local em que estava a embarcação no
momento da prática criminosa.

Estará sujeito a aplicação da lei penal brasileira, consoante explicação na


alternativa B.

e) INCORRETA. de Portugal por ser o país de destino da embarcação.

Estará sujeito a aplicação da lei penal brasileira, consoante explicação na


alternativa B.

6 | Assinale a alternativa INCORRETA:

- RESPOSTA: Alternativa B

Comentários

a) CORRETA. No âmbito da Lei n.º 12.850/2013 (Lei das Organizações Criminosas), as


penas aumentam-se até a metade se na atuação da organização criminosa houver
emprego de arma de fogo.

O tipo penal da Organização Criminosa prevê majorantes no §° 2 e no § 4°. Ademais,


temos uma agravante específica para este crime no §3º.
Lei n.º 12.850/2013, Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou
por interposta pessoa, organização criminosa: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito)
anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais
praticadas.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a
investigação de infração penal que envolva organização criminosa.
§ 2º As penas aumentam-se até a metade se na atuação da organização criminosa
houver emprego de arma de fogo.
§ 3º A pena é agravada para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da
organização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de execução.
§ 4º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços):
I - se há participação de criança ou adolescente;
II - se há concurso de funcionário público, valendo-se a organização criminosa dessa
condição para a prática de infração penal;
III - se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no todo ou em parte, ao
exterior;
IV - se a organização criminosa mantém conexão com outras organizações criminosas
independentes;
V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade da organização.

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b) INCORRETA. No concurso de pessoas, se algum dos concorrentes quis participar de
crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena do crime efetivamente praticado, com
redução da pena pela metade.

Na participação dolosamente distinta o agente responderá pelo crime menos grave,


com causa de aumento caso o resultado mais grave for previsível:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade.
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um
sexto a um terço.
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á
aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido
previsível o resultado mais grave.

c) CORRETA. Preenchidos os elementos para caracterizar a figura do furto


privilegiado, sua concessão configura direito subjetivo do acusado. Quanto ao valor da
res, o parâmetro é o valor de um salário-mínimo à época do fato.

Em relação à figura do furto privilegiado, o art. 155, § 2º, do Código Penal impõe a
aplicação do benefício penal na hipótese de adimplemento dos requisitos legais
da primariedade e do pequeno valor do bem furtado, assim considerado aquele
inferior ao salário-mínimo ao tempo do fato. Trata-se, em verdade, de direito
subjetivo do réu, não configurando mera faculdade do julgador a sua concessão,
embora o dispositivo legal empregue o verbo "poder". STJ, HC 583.023/SC, Rel.
Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, julgado em 04/08/2020, DJe 10/08/2020.

d) CORRETA. Configura o delito de estelionato a conduta de alterar o sistema de


medição, mediante fraude, para que aponte resultado menor do que o real consumo de
energia elétrica.

Adulterar o sistema de medição da energia elétrica para pagar menos que o devido:
estelionato (não é furto mediante fraude). Caso concreto julgado pelo STJ: as fases
“A” e “B” do medidor foram isoladas por um material transparente, que permitia a
alteração do relógio fazendo com que fosse registrada menos energia do que a
consumida. STJ. 5ª Turma. AREsp 1.418.119-DF, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado
em 07/05/2019 (Informativo n.º 648).

Cuidado! Se o agente desvia a energia elétrica por meio de ligação clandestina, o


chamado “gato”, ocorrerá o crime de furto (há subtração e inversão da posse do bem).

e) CORRETA. O administrador que desconta valores da folha de pagamento dos


servidores públicos para quitação de empréstimo consignado e não os repassa a
instituição financeira pratica peculato desvio, sendo desnecessária a demonstração de
obtenção de proveito próprio ou alheio, bastando a mera vontade de realizar o núcleo
do tipo.

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Dizer o Direito:
O administrador que desconta valores da folha de pagamento dos servidores públicos
para quitação de empréstimo consignado e não os repassa a instituição financeira
pratica peculato desvio, sendo desnecessária a demonstração de obtenção de proveito
próprio ou alheio, bastando a mera vontade de realizar o núcleo do tipo. Peculato-
desvio é crime formal para cuja consumação não se exige que o agente público ou
terceiro obtenha vantagem indevida mediante prática criminosa, bastando a
destinação diversa daquela que deveria ter o dinheiro.

Caso concreto julgado pelo STJ: diversos servidores estaduais possuíam empréstimos
consignados. Assim, todos os meses a Administração Pública estadual fazia o
desconto das parcelas do empréstimo da remuneração dos servidores e repassava a
quantia ao banco que concedeu o mútuo. Ocorre que o Governador do Estado
determinou ao Secretário de Planejamento que continuasse a descontar mensalmente
os valores do empréstimo consignado, no entanto, não mais os repassasse ao banco,
utilizando essa quantia para pagamento das dívidas do Estado. Esta conduta
configurou o crime de peculato-desvio (art. 312 do CP), gerando a condenação do
Govenador, com a determinação, inclusive, de perda do cargo (art. 92, I, do CP). STJ.
Corte Especial. APn 814-DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Rel. Acd. Min. João
Otávio de Noronha, julgado em 06/11/2019 (Informativo n.º 664).

7 | A respeito do crime de Invasão de dispositivo informático, tipificado


no art. 154-A, do CP, assinale a alternativa CORRETA:

- RESPOSTA: Alternativa E

Comentários

a) INCORRETA. Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada.

Em regra, o crime é de ação penal pública condicionada à representação. Vejamos:


CP, Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se procede mediante
representação, salvose o crime é cometido contra a administração pública direta ou
indireta de qualquer dos Poderes da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios ou
contra empresas concessionárias de serviços públicos.

b) INCORRETA. A autorização tácita do usuário do dispositivo não desconfigura a


conduta típica.

Havendo autorização tácita não haverá crime, conforme se extrai do art. 154-A do CP,
a contrário sensu interpretado:
Art. 154-A. Invadir dispositivo informático de uso alheio, conectado ou não à rede de
computadores, com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem
autorização expressa ou tácita do usuário do dispositivo ou de instalar
vulnerabilidades para obter vantagem ilícita:

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Nota-se, portanto, que, para a configuração do crime, a invasão deve ser sem
autorização expressa ou tácita.

c) INCORRETA. Aumenta-se a pena pela metade se da invasão resulta prejuízo


econômico.

O aumento é de um a dois terços.


CP, Art. 154-A. § 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se da
invasão resulta prejuízo econômico.

d) INCORRETA. Será aplicada a mesma pena do art. 154-A, caput, no caso de resultar
da invasão a obtenção de conteúdo de comunicações eletrônicas privadas, segredos
comerciais ou industriais, informações sigilosas, assim definidas em lei, ou o controle
remoto não autorizado do dispositivo invadido.

Há uma figura qualificada nesse caso:


CP, Art. 154-A. § 3º Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comunicações
eletrônicas privadas, segredos comerciais ou industriais, informações sigilosas, assim
definidas em lei, ou o controle remoto não autorizado do dispositivo invadido:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

e) CORRETA. A pena aplicada pela figura delituosa prevista no art. 154-A, caput, é de
reclusão de 1 a 4 anos e multa.

CP, Art. 154-A. Invadir dispositivo informático de uso alheio, conectado ou não à rede
de computadores, com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem
autorização expressa ou tácita do usuário do dispositivo ou de instalar
vulnerabilidades para obter vantagem ilícita: (Redação dada pela Lei nº 14.155, de
2021)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

8 | No que diz respeito a aplicação da pena, assinale a alternativa


INCORRETA:

- RESPOSTA: Alternativa E

Comentários

a) CORRETA. A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6 (seis) meses,


pode ser substituída pela de multa.

CP, Art. 60.§ 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6 (seis)
meses, pode ser substituída pela de multa, observados os critérios dos incisos II e
III do art. 44 deste Código.

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Jurídico
b) CORRETA. Para efeito da reincidência, não prevalece a condenação anterior, se
entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido
período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da
suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação, bem como não se
consideram os crimes militares próprios e políticos.

CP, Art. 64 - Para efeito de reincidência:


I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção
da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco)
anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não
ocorrer revogação; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos.

c) CORRETA. A confissão espontânea da autoria do crime perante a autoridade


constitui circunstância atenuante.

CP, Art. 65. São circunstâncias que sempre atenuam a pena:


III - ter o agente:
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não
exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto;
d) No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial,
pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia,
a causa que mais aumente ou diminua.

d) CORRETA. No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte


especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo,
todavia, a causa que mais aumente ou diminua.

CP, Art. 68. Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição


previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só
diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua.

e) INCORRETA. Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à


situação econômica do réu. A multa pode ser aumentada até o dobro, se o juiz
considerar que, em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada
no máximo.

O aumento poderá se dar até o triplo.


CP, Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à
situação econômica do réu.
§ 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da
situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo.

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9 | Não configura uma circunstância agravante prevista no art. 61 do


Código Penal:

- RESPOSTA: Alternativa E

Comentários

a) CORRETA. a ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade


pública, ou de desgraça particular do ofendido.

Trata-se de uma agravante do art. 61 do CP.


Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou
qualificam o crime:
II - ter o agente cometido o crime:
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública,
ou de desgraça particular do ofendido;

b) CORRETA. o motivo fútil ou torpe.

Trata-se de uma agravante do art. 61 do CP.


Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou
qualificam o crime:
II - ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe;

c) CORRETA. quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade.

Trata-se de uma agravante do art. 61 do CP.


Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou
qualificam o crime:
II - ter o agente cometido o crime:
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;

d) CORRETA. estado de embriaguez preordenada.

Trata-se de uma agravante do art. 61 do CP.


Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou
qualificam o crime:
II - ter o agente cometido o crime:
l) em estado de embriaguez preordenada.

e) INCORRETA. contra criança, maior de 70 (setenta) anos, enfermo ou mulher grávida.

Não é essa a previsão do art. 61 do CP. O correto é contra maior de 60 anos. Vejamos:
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou
qualificam o crime:
II - ter o agente cometido o crime:
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida;
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10 | Imagine a seguinte situação: José, imbuído de animus necandi e


sabedor de que Janaína, sua irmã por parte de pai, todos os dias sai
dirigindo o carro às 21 horas, decide ficar de espreita em uma
construção abandonada em frente da garagem de Janaína a fim de que
pudesse lhe atingir com disparos de arma de fogo. No dia do crime,
porém, Sônia, mãe de Janaína, é quem sai dirigindo o carro naquele
horário. As condições do local não permitiram José perceber a
alteração. Assim, certo de que Janaína é quem dirigira o veículo, José
desfere um tiro certeiro no motorista do veículo, causando a morte de
Sônia.

É correto afirmar que a conduta de José:

- RESPOSTA: Alternativa B

Comentários

a) INCORRETA. configura crime de homicídio culposo contra Sônia.

Cuida-se da empreitada por preço global.


Lei nº 14.133/2021, Art. 6º Para os fins desta Lei, consideram-se:

b) CORRETA. configura um crime de homicídio doloso qualificado, e a pena a ser


aplicada ainda será agravada pelo fato de Janaína ser sua irmã.

Trata-se de erro quanto à pessoa (error in persona), previsto no artigo 20, §3°, do
Código Penal, que assim dispõe:
CP, Art. 20. § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta
de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão
as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.
Conforme explica Sanches (2016, p.213): “Nesta espécie de erro, há uma equivocada
representação do objeto material (pessoa) visado pelo agente. Em decorrência deste
erro, o agente acaba atingindo pessoa diversa. Percebe-se que o erro quanto à pessoa
implica na existência de duas vítimas: uma real (pessoa realmente atingida) e uma
virtual (pessoa que se pretendia atingir). O agente, na execução, confunde as duas.
Exemplo: "A" quer matar seu próprio pai, porém, representando equivocadamente a
pessoa que entra na casa, acaba matando o seu rio. "A" será punido por parricídio,
embora seu pai permaneça vivo (...) É importante observar que no erro quanto à pessoa
o sujeito executa perfeitamente a conduta criminosa (não há falha operacional),
enganando-se no momento de representar o alvo.”.
Assim, José responderá pelo homicídio doloso qualificado, considerando as condições
ou qualidades da vítima virtual (sua irmã Janaína).

c) INCORRETA. configura crime de tentativa de homicídio doloso qualificado contra


Janaína e de homicídio qualificado contra Sônia.

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A alternativa elenca o conceito de credenciamento. Vejamos:

d) INCORRETA. configura apenas um crime de homicídio doloso qualificado, contudo,


sem incidir na hipótese a circunstância agravante em razão de ser Janaína sua irmã,
uma vez que foi Sônia quem faleceu.

O conceito apresentado refere-se ao superfaturamento e não ao sobrepreço. Vejamos:


e) configura o crime de tentativa de homicídio doloso qualificado contra Janaína e
de homicídio culposo contra Sônia.

e) INCORRETA. configura o crime de tentativa de homicídio doloso qualificado contra


Janaína e de homicídio culposo contra Sônia.

O conceito apresentado refere-se ao sobrepreço. Vejamos o conceito de


superfaturamento:

11 | A respeito do livramento condicional no Código Penal, assinale a


alternativa CORRETA:

- RESPOSTA: Alternativa D

Comentários

a) INCORRETA. É vedado o livramento condicional para o condenado por crime doloso


cometido com violência ou grave ameaça à pessoa.

Há possibilidade, desde que observado também o requisito do art. 83, § único:


CP, Art. 83, Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com
violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também
subordinada à constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado
não voltará a delinquir.

b) INCORRETA. O juiz deverá revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir


qualquer das obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado,
por crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade.

Não se trata de uma obrigação, mas de faculdade conferida ao magistrado.

CP, Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de


cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente
condenado, por crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade.

c) INCORRETA. O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena


privativa de liberdade igual ou inferior a 2 (dois) anos.
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CP, Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena
privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime
doloso e tiver bons antecedentes;
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;
III - comprovado:
a) bom comportamento durante a execução da pena;
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses;
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e
d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto;
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela
infração;
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime
hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de
pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa
natureza.

d) CORRETA. As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para


efeito do livramento.

CP, Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para
efeito do livramento.

e) INCORRETA. Revogado o livramento poderá ser novamente concedido se


preenchidos os requisitos.

CP, Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo
quando a revogação resulta de condenação por outro crime anterior àquele benefício,
não se desconta na pena o tempo em que esteve solto o condenado.

12 | Quanto aos efeitos da condenação, assinale a alternativa INCORRETA:

- RESPOSTA: Alternativa A

Comentários

a) INCORRETA. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei comine pena


máxima superior a 4 anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, como produto ou
proveito do crime, dos bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio
do condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito.

CP, Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei comine pena
máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, como
produto ou proveito do crime, dos bens correspondentes à diferença entre o valor do
patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito.
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b) CORRETA. Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da diferença
apurada e especificar os bens cuja perda for decretada.

CP, Art. 91-A. § 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da diferença
apurada e especificar os bens cuja perda for decretada.

c) CORRETA. Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações


criminosas e milícias deverão ser declarados perdidos em favor da União ou do Estado,
dependendo da Justiça onde tramita a ação penal, ainda que não ponham em perigo a
segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, nem ofereçam sério risco de ser
utilizados para o cometimento de novos crimes.

CP, Art. 91-A. § 5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por


organizações criminosas e milícias deverão ser declarados perdidos em favor da União
ou do Estado, dependendo da Justiça onde tramita a ação penal, ainda que não ponham
em perigo a segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, nem ofereçam sério
risco de ser utilizados para o cometimento de novos crimes.

d) CORRETA. A inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a
prática de crime doloso, configura efeito não automático.

CP, Art. 92. São também efeitos da condenação:


I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano,
nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a
Administração Pública;
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos
nos demais casos.
II – a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela nos
crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente
titular do mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou contra
tutelado ou curatelado;
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de
crime doloso.
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser
motivadamente declarados na sentença.

e) CORRETA. Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao


produto ou proveito do crime quando estes não forem encontrados ou quando se
localizarem no exterior.

CP, Art. 91. § 1º Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao
produto ou proveito do crime quando estes não forem encontrados ou quando se
localizarem no exterior.

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13 | Pratica o crime de estelionato o agente que obtém, para si ou para
outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio
fraudulento. Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de
quinhentos mil réis a dez contos de réis. Nas mesmas penas incorre
quem pratica a seguinte conduta, EXCETO:

- RESPOSTA: Alternativa C

Comentários

a) CORRETA. Defraudação de penhor.

CP, § 2º - Nas mesmas penas incorre quem:


Defraudação de penhor
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a
garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;

b) CORRETA. Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria.

CP, § 2º - Nas mesmas penas incorre quem:

Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria

II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável,


gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante
pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;

c) INCORRETA. Fraude eletrônica.

Há uma figura qualificada nesse caso:

CP, Fraude eletrônica


§ 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se a fraude é
cometida com a utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro
induzido a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos ou envio de correio
eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo.

d) CORRETA. emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou


lhe frustra o pagamento.

CP, § 2º - Nas mesmas penas incorre quem:


Fraude no pagamento por meio de cheque
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe
frustra o pagamento.

e) CORRETA. Disposição de coisa alheia como própria.

CP, § 2º - Nas mesmas penas incorre quem:


Disposição de coisa alheia como própria
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como
própria;
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14 | A respeito do instituto da Reabilitação, assinale a alternativa
CORRETA:

- RESPOSTA: Alternativa E

Comentários

a) INCORRETA. A reabilitação não alcança as penas restritivas de direito.

CP, Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença definitiva,


assegurando ao condenado o sigilo dos registros sobre o seu processo e condenação.

b) INCORRETA. Em nenhuma hipótese a reabilitação atingirá os efeitos da


condenação.

CP, Art. 93. Parágrafo único - A reabilitação poderá, também, atingir os efeitos da
condenação, previstos no art. 92 deste Código, vedada reintegração na situação
anterior, nos casos dos incisos I e II do mesmo artigo.

c) INCORRETA. Uma vez negada a reabilitação, não poderá ser novamente requerida.

CP, Art. 94. Parágrafo único - Negada a reabilitação, poderá ser requerida, a qualquer
tempo, desde que o pedido seja instruído com novos elementos comprobatórios dos
requisitos necessários.

d) INCORRETA. A reabilitação, atendidos os demais requisitos legais, poderá ser


requerida, decorridos 3 (três) anos do dia em que for extinta, de qualquer modo, a pena
ou terminar sua execução, computando-se o período de prova da suspensão e o do
livramento condicional, se não sobrevier revogação.

O prazo para ser requerida é de 2 anos.

CP, Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia em
que for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o
período de prova da suspensão e o do livramento condicional, se não sobrevier
revogação, desde que o condenado:
I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido;
II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom
comportamento público e privado;
III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta
impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a
renúncia da vítima ou novação da dívida.

e) CORRETA. A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério


Público, se o reabilitado for condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a
pena que não seja de multa.

CP, Art. 95 - A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério


Público, se o reabilitado for condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a
pena que não seja de multa.

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Jurídico
15 | A respeito das medidas de segurança, assinale a alternativa
CORRETA:

- RESPOSTA: Alternativa C

Comentários
a) INCORRETA. Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art.
26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, deverá o juiz
submetê-lo a tratamento ambulatorial.

Nos termos do art. 97 do CP, trata-se de uma faculdade e não de um dever do juiz.

CP, Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26).
Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz
submetê-lo a tratamento ambulatorial.

b) INCORRETA. A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo


indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a
cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 6 meses a 2 anos.

À luz do art. 97, §1º, do CP, o prazo mínimo deverá ser de 1 a 3 anos.

CP, Art. 97. § 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo


indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a
cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos.

c) CORRETA. Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem subsiste


a que tenha sido imposta.

CP, Art. 96. As medidas de segurança são:


I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro
estabelecimento adequado;
II - sujeição a tratamento ambulatorial.
Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem
subsiste a que tenha sido imposta.

d) INCORRETA. A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e


deverá ser repetida semestralmente, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da
execução.

CP, Art. 97. § 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e
deverá ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da
execução.

e) INCORRETA. A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional devendo ser


restabelecida a situação anterior se o agente, antes do decurso de 2 anos, pratica fato
indicativo de persistência de sua periculosidade.

O limite para a desinternação condicional será de 1 ano.

CP, Art. 97. § 3º - A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional devendo ser
restabelecida a situação anterior se o agente, antes do decurso de 1 (um) ano, pratica
fato indicativo de persistência de sua periculosidade.
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Santo Graal
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16 | A respeito do crime de homicídio, assinale a alternativa CORRETA:

- RESPOSTA: Alternativa A

Comentários

a) CORRETA. De acordo com a Lei 14.344/22, no caso de homicídio contra menor de 14


(quatorze) anos, a pena será de reclusão de 12 a 30 anos.

CP, Art. 121, §2º.


IX - contra menor de 14 (quatorze) anos: (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022)
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

b) INCORRETA. Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor


social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena até a metade.

A redução nesse caso será de um sexto a um terço.

CP, Art. 121. § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor
social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

c) INCORRETA. A pena do homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos é aumentada


de um a dois terços se a vítima é pessoa com deficiência ou com doença que implique o
aumento de sua vulnerabilidade ou se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio,
irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por
qualquer outro título tiver autoridade sobre ela.

O aumento no caso da segunda parte (se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta,


tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou
por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela) será de 2/3.
CP, § 2º-B. A pena do homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos é aumentada de:
(Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022)
I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com deficiência ou com doença que
implique o aumento de sua vulnerabilidade; (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022)
Vigência
II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão,
cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por
qualquer outro título tiver autoridade sobre ela.

d) INCORRETA. A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o


crime for praticado durante a gestação ou nos 12 (doze) meses posteriores ao parto.

O limite temporal para o referido aumento é nos 3 meses posteriores ao parto.

CP, Art. 121. § 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o
crime for praticado:

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Santo Graal
Jurídico
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;
II - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou com doenças
degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou
mental;
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima;
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e
III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006.

e) INCORRETA. A pena do homicídio simples é de reclusão de 6 a 15 anos.

A pena do crime em comento é de reclusão de 6 a 20 anos.

CP, Art. 121. Matar alguém:


Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

17 | A respeito dos crimes contra a honra, é CORRETO afirmar:

- RESPOSTA: Alternativa B

Comentários

a) INCORRETA. A exceção da verdade sempre será cabível no crime de difamação.

No caso do crime de difamação, a exceção da verdade somente será cabível se o


ofendido for funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.

CP, Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Exceção da verdade
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário
público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.

b) CORRETA. É punível a calúnia contra os mortos.

CP, Art. 138. § 2º - É punível a calúnia contra os mortos.

c) INCORRETA. Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a religião


ou à condição de pessoa idosa ou com deficiência a pena será de detenção, de um a
seis meses, ou multa.

Essa pena refere-se à injúria prevista no caput do art. 140. A conduta narrada
encontra-se no §3º do art. 140, tendo a redação sido dada pela Lei nº 14.532/2023 e
possuindo uma pena mais grave, inclusive, com reclusão.

CP, Art. 140. § 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a religião


ou à condição de pessoa idosa ou com deficiência:
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Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 14.532, de
2023)

d) INCORRETA. Constituem injúria ou difamação punível a ofensa irrogada em juízo, na


discussão da causa, pela parte ou por seu procurador.

CP, Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:


I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;

e) INCORRETA. Será cabível a exceção da verdade no crime de calúnia, ainda se,


constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por
sentença irrecorrível.

Na hipótese aventada, não será cabível.

CP, Art. 138. § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:


I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi
condenado por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por
sentença irrecorrível.

18 | A respeito do Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/03),


assinale a alternativa CORRETA:

- RESPOSTA: Alternativa E

Comentários

a) INCORRETA. Comete crime punido com pena de reclusão de 1 (um) a 4 (quatro)


anos, e multa, quem possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou
munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no
interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho,
desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa.

Lei nº 10.826/03, Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou
munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no
interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho,
desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa.
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

26
Santo Graal
Jurídico
b) INCORRETA. Configura crime de omissão de cautela, punido com detenção, de 1
(um) a 3 (três) anos, e multa, quem deixar de observar as cautelas necessárias para
impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se
apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade.

A pena máxima é de 2 anos (não de 3 anos).

Lei nº 10.826/03, Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que
menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de
arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.

c) INCORRETA. Nos crimes previstos na Lei (artigos 14, 15, 16, 17 e 18), a pena é
aumentada de um a dois terços se o agente for reincidente específico em crimes dessa
natureza.

O aumento será de metade. Vejamos a previsão legal.:


Lei nº 10.826/03, Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é
aumentada da metade se:
I - forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6º, 7º e
8º desta Lei; ou
II - o agente for reincidente específico em crimes dessa natureza.

d) INCORRETA. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional,


a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da
autoridade competente é crime punido com reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e
multa.

Lei nº 10.826/03, Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território
nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da
autoridade competente.
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo,
acessório ou munição, em operação de importação, sem autorização da autoridade
competente, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios
razoáveis de conduta criminal preexistente.

e) CORRETA. Será punido com pena de reclusão de dois a quatro anos e multa o
agente que portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar,
ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou
ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em
desacordo com determinação legal ou regulamentar.

Trata-se do crime do art. 14 do Estatuto do Desarmamento.

Lei nº 10.826/03, Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito,
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter
sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem
autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 27
Santo Graal
Jurídico
19 | José cometeu quatro furtos em continuidade delitiva. Imagine que
José seja condenado pela prática desses delitos. Na sentença, deverá o
magistrado fixar a fração de aumento em razão da prática de crime
continuado no seguinte patamar:

- RESPOSTA: Alternativa A

Comentários

a) CORRETA. 1/4.

Conforme entendimento sumulado do STJ, tendo José praticado quatro infrações, o


patamar pela continuidade delitiva deve ser de 1/4.

Súmula 659 do STJ - A fração de aumento em razão da prática de crime continuado


deve ser fixada de acordo com o número de delitos cometidos, aplicando-se 1/6 pela
prática de duas infrações, 1/5 para três, 1/4 para quatro, 1/3 para cinco, 1/2 para seis e
2/3 para sete ou mais infrações.

b) INCORRETA. 1/6.

Conforme Súmula 659 do STJ, a fração de 1/6 refere-se à prática de duas infrações.

c) INCORRETA. 1/5.

Conforme Súmula 659 do STJ, a fração de 1/5 refere-se à prática de três infrações.

d) INCORRETA. 1/2.

Conforme Súmula 659 do STJ, a fração de 1/2 refere-se à prática de seis infrações.

e) INCORRETA. 2/3.

Conforme Súmula 659 do STJ, a fração de 2/3 refere-se à prática de sete ou mais
infrações.

20 | A respeito dos crimes previstos na Lei nº 14.344/22 (Lei Henry


Borel) é CORRETO afirmar que:

- RESPOSTA: Alternativa B

Comentários

a) INCORRETA. A configuração do crime de descumprimento de decisão judicial que


defere medida protetiva de urgência depende da competência civil ou criminal do juiz
que deferiu a medida.
28
Santo Graal
Jurídico
A configuração do referido crime independe da competência civil ou criminal do juiz
responsável por deferir as medidas.

Lei nº 14.344/22, Art. 25. Descumprir decisão judicial que defere medida protetiva de
urgência prevista nesta Lei:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
§ 1º A configuração do crime independe da competência civil ou criminal do juiz que
deferiu a medida.

b) CORRETA. Os crimes na referida lei são punidos sempre a título de detenção.

Vejamos os delitos tipificados na Lei Henry Borel:

Lei nº 14.344/22, Art. 25. Descumprir decisão judicial que defere medida protetiva de
urgência prevista nesta Lei:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.

Art. 26. Deixar de comunicar à autoridade pública a prática de violência, de tratamento


cruel ou degradante ou de formas violentas de educação, correção ou disciplina contra
criança ou adolescente ou o abandono de incapaz:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos.

c) INCORRETA. Havendo prisão em flagrante pelo crime de descumprimento de


decisão judicial que defere medida protetiva de urgência previstos na Lei Henry Borel
é possível a fixação de fiança pela autoridade policial ou judiciária.

Somente se admite pela autoridade judicial.

Lei nº 14.344/22, Art. 25. § 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade


judicial poderá conceder fiança.

d) INCORRETA. O art. 26 da Lei Henry Borel, pune a conduta de quem deixar de


comunicar à autoridade pública a prática de violência, de tratamento cruel ou
degradante ou de formas violentas de educação, correção ou disciplina contra criança
ou adolescente ou o abandono de incapaz. Neste crime, a pena será aumentada de um
a dois terços se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave.

Lei nº 14.344/22, Art. 26. § 1º A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta


lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta morte.

e) INCORRETA. A pena de quem deixar de comunicar à autoridade pública a prática de


violência, de tratamento cruel ou degradante ou de formas violentas de educação,
correção ou disciplina contra criança ou adolescente ou o abandono de incapaz será
em dobro no caso de resultar morte.

Nesse caso, será triplicada a pena.

Lei nº 14.344/22, Art. 26. § 1º A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta


lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta morte.
29
Santo Graal
Jurídico

PROCESSO PENAL

21 | Paulo, dizendo que era proprietário de uma agência de turismo,


vendeu, para Regina, João, Carlos e Pedro um suposto pacote de
hospedagem em hotel. Quando as vítimas foram fazer o check-in
descobriram que não havia nenhuma reserva feita e que haviam sido
enganados. Somente Regina foi até a Delegacia de Polícia, prestou
depoimento e assinou termo manifestando expressamente seu desejo
de representar criminalmente contra Paulo. A partir das declarações de
Regina, a Polícia expediu mandado de intimação para que João, Carlos e
Pedro comparecessem à delegacia para prestar depoimento. O
mandado de intimação continha uma advertência no sentido de que, em
caso de não comparecimento, isso poderia configurar o crime
desobediência (art. 330, do CP). João, Carlos e Pedro compareceram à
Delegacia e prestaram depoimento, contando em detalhes como os
fatos se deram. João, Carlos e Pedro não assinaram nenhum termo
específico nem manifestaram interesse em representar criminalmente
contra Paulo.

Conforme o caso apresentado assinale a alternativa CORRETA

- RESPOSTA: Alternativa D

Comentários

a) INCORRETA. A ação penal no crime analisado é pública incondicionada.

Art. 171. (...)


§ 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for:
I - a Administração Pública, direta ou indireta;
II - criança ou adolescente;
III - pessoa com deficiência mental; ou
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.

b) INCORRETA. No crime de estelionato, a competência será definida pelo local do


domicílio do autor.

c) INCORRETA. A pluralidade de vítimas não interfere na fixação da competência no


crime de estelionato, permanecendo como foro competente o do local do domicílio da
vítima.

30
Santo Graal
Jurídico
Resposta das alternativas “b” e “c”:
Art. 70, § 4º do CPP: Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), quando praticados mediante
depósito, mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em
poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante transferência de
valores, a competência será definida pelo local do domicílio da vítima, e, em
caso de pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela prevenção.
(Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021).

d) CORRETA. Na ocasião, o comparecimento de João, Carlos e Pedro à Delegacia,


em observância ao mandado de intimação expedido pela autoridade policial, não
configurou representação para fins penais.

O mero comparecimento da vítima em observância ao mandado de intimação


expedido pela autoridade policial, sem que seja colhida a manifestação expressa
do interesse de representar, não configura representação para fins penais.
Caso hipotético: Paulo, dizendo que era proprietário de uma agência de turismo,
vendeu, para Regina, João, Carlos e Pedro um suposto pacote de hospedagem em
hotel. Quando as vítimas foram fazer o check-in descobriram que não havia
nenhuma reserva feita e que haviam sido enganados.
Somente Regina foi até a Delegacia de Polícia, prestou depoimento e assinou
termo manifestando expressamente seu desejo de representar criminalmente
contra Paulo.
A partir das declarações de Regina, a Polícia expediu mandado de intimação para
que João, Carlos e Pedro comparecessem à delegacia para prestar depoimento. O
mandado de intimação continha uma advertência no sentido de que, em caso de
não comparecimento, isso poderia configurar o crime desobediência (art. 330, do
CP).
João, Carlos e Pedro compareceram à Delegacia e prestaram depoimento, contando
em detalhes como os fatos se deram. João, Carlos e Pedro não assinaram nenhum
termo específico nem manifestaram interesse em representar criminalmente
contra Paulo.
O STJ entendeu que não houve representação das vítimas João, Carlos e Pedro.
O comparecimento não pode ser considerado espontâneo se a vítima vai até a
Delegacia por força de mandado de intimação expedido pela autoridade policial.
Neste caso, como o comparecimento não foi espontâneo, a autoridade policial
deveria ter colhido manifestação das vítimas no sentido de que queriam
representar. Vale ressaltar que essa manifestação nem precisava ser por meio de
um termo próprio, bastante que isso estivesse registrado no próprio termo de
declaração. Assim, bastaria que a autoridade policial perguntasse se a vítima
desejava representar e que isso ficasse registrado como uma das respostas.
No caso concreto, contudo, as vítimas só compareceram mediante intimação da
autoridade policial, sendo que, nas declarações prestadas, não há manifestação
expressa do desejo de representar. Logo, não se pode considerar que o mero
comparecimento é considerado como representação para fins penais.
STJ. 6ª Turma. REsp 2.097.134-RJ, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
21/11/2023 (Info 797).

31
Santo Graal
Jurídico
e) INCORRETA. Na ocasião, o comparecimento de João, Carlos e Pedro à Delegacia,
em observância ao mandado de intimação expedido pela autoridade policial,
configurou representação para fins penais.

Vide alternativa anterior

22 | Rafaela foi denunciada pela suposta prática do crime de homicídio


qualificado, na modalidade consumada. Finda a instrução processual,
na primeira fase do procedimento bifásico, os autos vão conclusos para
o juiz sentenciar o feito. Nesse cenário, considerando as disposições do
Código de Processo Penal, é CORRETO afirmar que o juiz:

- RESPOSTA: Alternativa C

Comentários

a) INCORRETA. Pronunciará a acusada, se convencido da materialidade dos fatos e da


existência de indícios suficientes de autoria, devendo indicar o dispositivo legal em
que julgar incurso a acusada, as qualificadoras, as causas de aumento e de diminuição
de pena.

Art. 413, CPP. O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido


da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de
participação.
§ 1 A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indicação da materialidade do fato e
da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, devendo o juiz
declarar o dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e especificar as
circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena.

b) INCORRETA. Pronunciará a acusada, se presentes indícios da materialidade dos


fatos e da autoria, devendo indicar o dispositivo legal em que julgar incurso a acusada,
as qualificadoras, as causas de aumento e de diminuição de pena.

c) CORRETA. Desclassificará a conduta, se concluir que não há, no caso concreto, a


prática de crime doloso contra a vida e, não sendo competente para o julgamento,
remeterá os autos ao juiz que o seja.

Art. 419, CPP. Quando o juiz se convencer, em discordância com a acusação, da


existência de crime diverso dos referidos no § 1 do art. 74 deste Código e não for
competente para o julgamento, remeterá os autos ao juiz que o seja.

d) INCORRETA. Absolverá sumariamente a acusada, caso verifique a ausência de


prova da materialidade delitiva ou de indícios suficientes de autoria.
Art. 415, CPP. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando:
I – provada a inexistência do fato;
II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato;
III – o fato não constituir infração penal;
IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime
32
Santo Graal
Jurídico
e) INCORRETA. impronunciará a acusada, quando demonstrada, desde logo, causa de
isenção de pena.
Art. 414, CPP. Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência de
indícios suficientes de autoria ou de participação, o juiz, fundamentadamente,
impronunciará o acusado.

23 | Em relação à colaboração premiada regida pela Lei nº 12.850/2013,


é CORRETO afirmar que:

- RESPOSTA: Alternativa B

Comentários

a) INCORRETO. É lícito ao advogado firmar acordo de colaboração premiada contra


seu cliente.

São lícitas as provas obtidas em acordo de delação premiada firmado com


advogado que, sem justa causa, entrega às autoridades investigativas documentos
e gravações obtidas em virtude de mandato que lhe fora outorgado, violando o
dever de sigilo profissional. STJ. 5ª Turma. RHC 164.616-GO, Rel. Min. João Otávio
de Noronha, julgado em 27/09/2022 (Info 751).

b) CORRETO. No âmbito do acordo de colaboração premiada, não é lícita a inclusão de


cláusulas relativas às medidas cautelares de cunho pessoal, pois a extensão do acordo
abrange, tão somente, aspectos relacionados à imposição de pena futura.

STJ - Jurisprudência em Teses Edição nº 197 - 2) No âmbito do acordo de


colaboração premiada, não é lícita a inclusão de cláusulas relativas às medidas
cautelares de cunho pessoal, pois a extensão do acordo abrange, tão somente,
aspectos relacionados à imposição de pena futura.

c) INCORRETO. Não é possível o compartilhamento, para outros órgãos e autoridades


públicas, das provas obtidas no acordo de colaboração premiada.

É possível o compartilhamento, para outros órgãos e autoridades públicas, das


provas obtidas no acordo de colaboração premiada, desde que sejam respeitados
os limites estabelecidos no acordo em relação ao colaborador. Assim, por exemplo,
se um indivíduo celebra acordo de colaboração premiada com o MP aceitando
fornecer provas contra si, estas provas somente poderão ser utilizadas para as
sanções que foram ajustadas no acordo. STF. 2ª Turma. PET 7065/DF, Rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 30/10/2018 (Info 922).

33
Santo Graal
Jurídico
d) INCORRETO. Como as pessoas jurídicas podem ser investigadas, conforme a lei de
organização criminosa, elas possuem capacidade para celebrar acordo de colaboração
premiada.

Pessoa jurídica não possui capacidade para celebrar acordo de colaboração


premiada, previsto na Lei nº 12.850/2013. Como, nos termos da lei, não se mostra
possível o enquadramento de pessoa jurídica como investigada ou acusada no tipo de
crime de organização criminosa, também não seria razoável qualificá-la como ente
capaz de celebrar o acordo de colaboração nela previsto, menos ainda em relação aos
seus dirigentes. STJ. 6ª Turma. RHC 154979-SP, Rel. Min. Olindo Menezes
(Desembargador convocado do TRF 1ª Região), julgado em 09/08/2022 (Info 747).

e) INCORRETO. O acordo de colaboração premiada celebrado pelo réu e o Ministério


Público, não pode prever cláusulas que sejam intensamente gravosas ao acusado -
como a retomada dos prazos de prescrição de todos os crimes depois de dez anos de
suspensão.

O acordo de colaboração premiada celebrado pelo réu e o Ministério Público


Federal, apesar de suas cláusulas serem bem gravosas ao acusado - como a
retomada dos prazos de prescrição de todos os crimes depois de dez anos de
suspensão - foi por ele aceito e deve ser visto na sua integralidade, como um corpo
único, e passa a configurar, a partir de sua homologação, um título executivo
judicial. STJ. 6ª Turma. AgRg no RHC 163224-RJ, Rel. Min. Jesuíno Rissato
(Desembargador convocado do TJDFT), julgado em 14/3/2023 (Info 769).

Importante!
Jurisprudência em Teses
Colaboração Premiada V
Ed. 197
Edição disponibilizada em: 19/08/2022

1) Não é teratológica a decisão que homologa termo aditivo a acordo de


colaboração premiada anteriormente revogado judicialmente, pois situações
pretéritas, a priori, não contaminam futuros acordos de mesma natureza.

2) No âmbito do acordo de colaboração premiada, não é lícita a inclusão de


cláusulas relativas às medidas cautelares de cunho pessoal, pois a extensão do
acordo abrange, tão somente, aspectos relacionados à imposição de pena futura.

3) O descumprimento de acordo de delação premiada ou a frustração da sua


realização, por si só, não autoriza a imposição da segregação cautelar, quando
ausentes os requisitos da prisão.

4) Nos casos em que a realização de acordo de colaboração premiada implicar


fundamento único para conceder liberdade provisória a acusado preso
preventivamente, descumpridos os termos do pacto, subsiste fundamento válido
para o restabelecimento da segregação cautelar.

34
Santo Graal
Jurídico
5) Não há necessária relação de causalidade entre a celebração de acordo de
colaboração e a concessão de liberdade ao colaborador, embora, em certos casos,
tal negociação possa mitigar o risco à ordem pública, à instrução criminal ou à
aplicação da lei penal.

6) Não viola os termos do acordo de colaboração premiada a imposição de


monitoramento eletrônico pelo Juízo da Execução Penal, pois não se trata de
modalidade de pena, mas de meio de fiscalização de seu cumprimento.

7) A concessão do benefício da delação previsto no § 5º do art. 1º da Lei n.


9.613/1998 - Lei de Lavagem de Capitais - depende do preenchimento de pelo
menos um dos requisitos legais nele descrito, visto que contempla hipóteses.

8) A incidência dos benefícios previstos no art. 14 da Lei n. 9.807/1999 é


obrigatória se preenchidos os requisitos da delação premiada.

9) A incidência dos benefícios previstos no art. 159 do Código Penal é obrigatória


se preenchidos os requisitos da delação premiada.

10) Na colaboração premiada, a aplicação da fração de diminuição de pena em seu


patamar mínimo requer decisão fundamentada, sob pena de ofensa ao princípio
da motivação (art. 93, IX, da CF).

11) Na colaboração premiada, cabe ao órgão julgador, no exercício do juízo de


discricionariedade, fixar a fração de redução da pena, observado o limite de 2/3
(dois terços).

24 | Duas pessoas foram vítimas fatais de um homicídio. Instaurou-se


inquérito policial para apurar o crime. Os familiares das duas vítimas
impetraram mandado de segurança solicitando acesso aos elementos
de prova já documentados nos autos do inquérito policial que investiga
os supostos mandantes dos homicídios. Ressalta-se que os familiares
das vítimas não pretendiam a habilitação como assistentes de acusação
no inquérito policial, tampouco buscavam interferir nessa investigação.
O pedido no mandado de segurança foi unicamente para ter acesso aos
elementos de prova já documentados no inquérito policial.

- RESPOSTA: Alternativa A

Comentários

a) CORRETO. Os familiares têm direito ao acesso dos elementos de prova já


documentados nos autos de inquérito policial, por meio de seus advogados ou
defensores públicos, em observância aos limites estabelecidos pela Súmula
Vinculante nº 14.

35
Santo Graal
Jurídico
É cabível o acesso aos elementos de prova já documentados nos autos de inquérito
policial aos familiares das vítimas, por meio de seus advogados ou defensores
públicos, em observância aos limites estabelecidos pela SV 14.
Caso adaptado: duas pessoas foram vítimas fatais de um homicídio. Instaurou-se
inquérito policial para apurar o crime. Os familiares das duas vítimas impetraram
mandado de segurança solicitando acesso aos elementos de prova já documentados
nos autos do inquérito policial que investiga os supostos mandantes dos homicídios.
Ressalta-se que os familiares das vítimas não pretendiam a habilitação como
assistentes de acusação no inquérito policial, tampouco buscavam interferir nessa
investigação. O pedido no mandado de segurança foi unicamente para ter acesso aos
elementos de prova já documentados no inquérito policial.
O STJ decidiu que os familiares tinham direito.
STJ. 6ª Turma. RMS 70.411/RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 18/4/2023
(Info 775).

b) INCORRETO. Os familiares não têm direito ao acesso dos elementos de prova já


documentados nos autos de inquérito policial.

Vide alternativa anterior.

c) INCORRETO. A jurisprudência dos Tribunais Superiores firmou-se no sentido de que


o sigilo do inquérito policial possui caráter relativo em relação às diligências já
concluídas e documentadas na investigação. Esse sigilo pode ser invocado para
obstruir direitos e garantias fundamentais.

O sigilo do inquérito policial e a súmula vinculante 14


O inquérito policial, de fato, é sigiloso (art. 20 do CPP).
O sigilo do inquérito policial tem intrínseca relação com a eficácia da investigação pré-
processual. Isso porque a sua publicização poderia dificultar a apuração do fato
criminoso. A finalidade matriz do sigilo do inquérito policial é garantir que a
investigação não sofra interferências externas que possam comprometer seu bom
andamento.

Vale ressaltar, contudo, que a jurisprudência dos Tribunais Superiores se firmou no


sentido de que o sigilo do inquérito policial tem caráter relativo desse sigilo em
relação às diligências findas e já documentadas na investigação. Além disso, o
sigilo do inquérito não pode ser evocado para obstaculizar direitos e garantias
fundamentais.

O resultado dessa tendência interpretativa culminou na edição da Súmula Vinculante


nº 14, que preconiza:
SV 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos
elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao
exercício do direito de defesa.

36
Santo Graal
Jurídico
d) INCORRETO. Ausente notícia de diligências de caráter sigiloso no Inquérito, é razão
para impedir o acesso aos autos da investigação, bem como para não permitir que o
advogado da vítima extraia cópias de seu inteiro teor, para os fins que entender
devidos.

STJ já assegurou acesso ao inquérito policial para os advogados das vítimas


No âmbito do STJ, com base nessa mesma premissa, as duas Turmas que integram a
Terceira Seção já concederam acesso ao inquérito policial a advogados das vítimas,
pois deve “ser assegurado à suposta vítima, assim como ao próprio investigado -
ambos legitimamente interessados nos rumos dos trabalhos desempenhados pela
Polícia Judiciária e que, inclusive, poderão colaborar com as autoridades competentes
na elucidação dos fatos investigados - amplo acesso aos elementos de prova já
documentados” (RMS 55.790/SP, Rel. Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe
14/12/2018).
No mesmo sentido:
Ausente notícia de diligências de caráter sigiloso no Inquérito, não há razão para
impedir o acesso aos autos da investigação, bem como para não permitir que o
advogado da vítima extraia cópias de seu inteiro teor, para os fins que entender
devidos.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.776.061/MT, Rel. Min. Rogerio Schietti, DJe 12/3/2019.

e) INCORRETO. Caso os familiares das vítimas pretendessem habilitar-se como


assistentes de acusação no inquérito policial, o pedido deveria ser deferido.

Na fase de investigação, não há habilitação de assistente, é o entendimento


majoritário da doutrina.

Exemplificativamente:
“Como o próprio nome indica, o assistente auxilia a acusação, logo, é pressuposto
de sua intervenção a existência de uma acusação pública formalizada (denúncia).
Assim, o pedido de habilitação como assistente somente pode ser feito após o
recebimento da denúncia” (LOPES JUNIOR, Aury. Direito Processual Penal. São
Paulo: Saraiva, 2022, fls. 647-648);

“Não é possível a intervenção do assistente de acusação durante o inquérito


policial. Somente durante a ação penal é que terá cabimento a intervenção do
assistente, desde o início da ação penal (CPP, art. 268) até o trânsito em julgado da
condenação (CPP, art. 269)” (BADARÓ, Gustavo Henrique. Processo Penal. São
Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2021, fl. 351).

25 | Com relação aos sistemas processuais, assinale a alternativa


CORRETA:

- RESPOSTA: Alternativa E

37
Santo Graal
Jurídico

Comentários

a) INCORRETA. No sistema inquisitivo é assegurado à defesa o direito de se


manifestar quanto aos elementos que a acusação trouxer ao processo. Prevalecendo
os interesses da acusação, as provas por esta produzidas estarão sujeitas,
necessariamente, à análise do defensor.

Não se fala em paridade de armas, sendo nítida a posição de desigualdade entre as


partes. Na verdade, a própria defesa do réu é bastante restrita, não lhe sendo
assegurado, ao contrário do que ocorre no modelo acusatório, o direito de
manifestar-se depois da acusação para refutar provas e argumentos trazidos ao
processo pelo acusador. Avena, Norberto Cláudio Pâncaro. Processo penal /
Norberto Avena. – 9.ª ed. rev. e atual. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2017

b) INCORRETA. Próprio dos regimes democráticos, o sistema acusatório caracteriza-


se pela distinção absoluta entre as funções de acusar, defender e julgar, que deverão
ficar a cargo de pessoas distintas. Chama-se “acusatório” porque, à luz deste sistema
ninguém poderá ser chamado a juízo sem que haja uma acusação, por meio da qual o
fato imputado seja narrado com todas as suas circunstâncias.

Próprio dos regimes democráticos, o sistema acusatório caracteriza-se pela


distinção absoluta entre as funções de acusar, defender e julgar, que deverão ficar
a cargo de pessoas distintas. Chama-se “acusatório” porque, à luz deste sistema
ninguém poderá ser chamado a juízo sem que haja uma acusação, por meio da qual
o fato imputado seja narrado com todas as suas circunstâncias. Asseguram-se ao
acusado o contraditório e a ampla defesa. Como decorrência destes postulados,
garante-se à defesa o direito de manifestar-se apenas depois da acusação, exceto
quando quiser e puder abrir mão desse direito. Avena, Norberto Cláudio Pâncaro.
Processo penal / Norberto Avena. – 9.ª ed. rev. e atual. – Rio de Janeiro: Forense;
São Paulo: MÉTODO, 2017

c) INCORRETA. No sistema inquisitivo, existe a obrigatoriedade de que haja uma


acusação realizada por órgão público ou pelo ofendido, sendo ilícito ao juiz
desencadear o processo criminal ex officio.

Típico dos sistemas ditatoriais, contempla um processo judicial em que podem


estar reunidas na pessoa do juiz as funções de acusar, defender e julgar. No
sistema inquisitivo, não existe a obrigatoriedade de que haja uma acusação
realizada por órgão público ou pelo ofendido, sendo lícito ao juiz desencadear o
processo criminal ex officio. Nesta mesma linha, faculta-se ao magistrado
substituir-se às partes e, no lugar destas, determinar, também por sua conta, a
produção das provas que reputar necessárias para elucidar o fato. Avena,
Norberto Cláudio Pâncaro. Processo penal / Norberto Avena. – 9.ª ed. rev. e atual. –
Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017

38
Santo Graal
Jurídico
d) INCORRETA. Define-se sistema processual misto como um modelo processual
intermediário entre o sistema acusatório e o sistema inquisitivo e, na medida em que
resulta de uma fusão entre as características dos outros dois modelos, o sistema
misto, na atualidade, vem sendo chamado também de sistemas ditatoriais.

Classicamente, define-se sistema processual misto como um modelo processual


intermediário entre o sistema acusatório e o sistema inquisitivo. Isso porque, ao
mesmo tempo em que há a observância de garantias constitucionais, como a
presunção de inocência, a ampla defesa e o contraditório, mantém ele alguns
resquícios do sistema inquisitivo, a exemplo da faculdade que assiste ao juiz
quanto à produção probatória ex officio e das restrições à publicidade do processo
que podem ser impostas em determinadas hipóteses. Na medida em que resulta de
uma fusão entre as características dos outros dois modelos, o sistema misto, na
atualidade, vem sendo chamado também de inquisitivo garantista. Avena, Norberto
Cláudio Pâncaro. Processo penal / Norberto Avena. – 9.ª ed. rev. e atual. – Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017

e) CORRETA. No sistema acusatório as partes encontram-se em situação de equilíbrio


processual. Os atos processuais, em regra, são públicos. O segredo de justiça é
exceção, admitido por decisão fundamentada, nos casos previstos em lei.

No sistema acusatório as partes encontram-se em situação de equilíbrio


processual. Os atos processuais, em regra, são públicos. O segredo de justiça é
exceção, admitido por decisão fundamentada, nos casos previstos em lei. Avena,
Norberto Cláudio Pâncaro. Processo penal / Norberto Avena. – 9.ª ed. rev. e atual. –
Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.

26 | Acerca dos princípios no Processo Penal, é CORRETO afirmar:

- RESPOSTA: Alternativa A

Comentários

a) CORRETO. Do princípio da presunção de inocência (ou presunção de não


culpabilidade) derivam duas regras fundamentais: a regra probatória (também
conhecida como regra de juízo) e a regra de tratamento. Por força da regra probatória,
a parte acusadora tem o ônus de demonstrar a culpabilidade do acusado além de
qualquer dúvida razoável, e não este de provar sua inocência.

Afirma Renato Brasileiro:


Do princípio da presunção de inocência (ou presunção de não culpabilidade) derivam
duas regras fundamentais: a regra probatória (também conhecida como regra de juízo)
e a regra de tratamento, objeto de estudo nos próximos tópicos.

39
Santo Graal
Jurídico
Da regra probatória (in dubio pro reo)
Por força da regra probatória, a parte acusadora tem o ônus de demonstrar a
culpabilidade do acusado além de qualquer dúvida razoável, e não este de provar
sua inocência.18 Como consectários dessa regra, Antônio Magalhães Gomes Filho
destaca: a) a incumbência do acusador de demonstrar a culpabilidade do acusado
(pertence-lhe com exclusividade o ônus dessa prova); b) a necessidade de
comprovar a existência dos fatos imputados, não de demonstrar a inconsistência
das desculpas do acusado; c) tal comprovação deve ser feita legalmente (conforme
o devido processo legal); d) impossibilidade de se obrigar o acusado a colaborar na
apuração dos fatos (daí o seu direito ao silêncio).
Lima, Renato Brasileiro de Manual de processo penal: volume único / Renato Brasileiro
de Lima – 8. ed. rev., ampl. e atual. – Salvador: Ed. JusPodivm, 2020.

b) INCORRETO. No Processo Penal o princípio do o contraditório limita-se ao direito à


informação e à possibilidade de reação, sendo mais atenuado do que no Processo Civil.

"Notadamente no âmbito processual penal, não basta assegurar ao acusado


apenas o direito à informação e à reação em um plano formal, tal qual acontece no
processo civil. Estando em discussão a liberdade de locomoção, ainda que o
acusado não tenha interesse em oferecer reação à pretensão acusatória, o próprio
ordenamento jurídico impõe a obrigatoriedade de assistência técnica de um
defensor. Nesse contexto, dispõe o art. 261 do CPP que nenhum acusado, ainda que
ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor. E não se deve
contentar com uma atuação meramente formal desse defensor. Basta perceber
que, dentre as atribuições do juiz-presidente do júri, o CPP elenca a possibilidade
de nomeação de defensor ao acusado, quando considerá-lo indefeso (CPP, art. 497,
V)".

Portanto, pode-se dizer que se, em um primeiro momento, o contraditório limitava-se


ao direito à informação e à possibilidade de reação. A partir dos ensinamentos do
italiano Elio Fazzalari, o contraditório passou a ser analisado também no sentido de se
assegurar o respeito à paridade de tratamento (par conditio ou paridade de armas).
Lima, Renato Brasileiro de Manual de processo penal: volume único / Renato Brasileiro
de Lima – 8. ed. rev., ampl. e atual. – Salvador: Ed. JusPodivm, 2020.

c) INCORRETO. No processo penal, a falta da defesa e sua deficiência constitui


nulidade absoluta.

Súmula 523-STF: No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta,


mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.

d) INCORRETO. No âmbito dos Juizados Especiais Criminais, vigora o sistema da busca


da verdade formal.

Busca da verdade consensual no âmbito dos Juizados

40
Santo Graal
Jurídico
Explica Renato Brasileiro:
A Lei nº 9.099/95 trouxe consigo quatro importantes medidas despenalizadoras,
que serão objeto de estudo no título atinente ao “processo e procedimento”: 1)
Composição civil dos danos; 2) Transação penal; 3) Necessidade de representação
para os crimes de lesão corporal leve e culposa; 4) Suspensão Condicional do
Processo. Com a criação desses institutos despenalizadores, percebe-se que, no
âmbito dos Juizados, a busca da verdade processual cede espaço à prevalência da
vontade convergente das partes. Nos casos de transação penal ou de suspensão
condicional do processo, não há necessidade de verificação judicial da veracidade
dos fatos. O conflito penal é solucionado através de um acordo de vontade, dando
origem ao que a doutrina denomina de verdade consensuada
Lima, Renato Brasileiro de Manual de processo penal: volume único / Renato Brasileiro
de Lima – 8. ed. rev., ampl. e atual. – Salvador: Ed. JusPodivm, 2020.

e) INCORRETO. De acordo com o entendimento do STF, nas normas regimentais, a


ausência de previsão de limitação de tempo para o Ministério Público realizar
sustentação oral quando atuar na qualidade de "custos legis" afronta os princípios da
isonomia, da ampla defesa e do contraditório, pois, nessa condição, o parquet se
equipara às partes.

ADI 758, STF - (...) 2. Não ofende os princípios da isonomia, da ampla defesa e do
contraditório a ausência de previsão, nas normas regimentais, de limitação de
tempo para o Ministério Público realizar sustentação oral quando atuar na
qualidade de custos legis, pois, nessa condição, não se equipara às partes e
persegue o interesse público, pugnando pelo cumprimento do ordenamento
jurídico de forma imparcial e independente. (...)

27 | Tendo em vista os dispositivos processuais penais relacionados a


ação penal, é CORRETO afirmar:

- RESPOSTA: Alternativa C

Comentários

a) INCORRETO. A representação será irretratável, depois do recebimento da denúncia.

Art. 25 do CPP: A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia.

b) INCORRETO. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante


legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do
prazo de 6 meses, contado do dia da ocorrência do delito.

Art. 38 do CPP: Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal,


decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de
seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do
art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.

41
Santo Graal
Jurídico
Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou representação,
dentro do mesmo prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31.

c) CORRETO. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas


as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se
possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das
testemunhas.

Art. 41 do CPP: A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com


todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos
quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol
das testemunhas.

d) INCORRETO. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de


5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do
inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto, exceto se estiver afiançado.

Art. 46 do CPP: O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5
dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do
inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se
houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da
data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos.
§ 1° Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o
oferecimento da denúncia contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de
informações ou a representação
§ 2° O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da data em que o
órgão do Ministério Público receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do
tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos do
processo.

e) INCORRETO. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo


de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade. A renúncia ao exercício
do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, não se estende a todos.

Art. 48 do CPP: A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo
de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.
Art. 49 do CPP: A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos
autores do crime, a todos se estenderá.
Art. 50 do CPP: A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido,
por seu representante legal ou procurador com poderes especiais.
Parágrafo único. A renúncia do representante legal do menor que houver completado
18 (dezoito) anos não privará este do direito de queixa, nem a renúncia do último
excluirá o direito do primeiro.
Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que
produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar.

42
Santo Graal
Jurídico

28 | Em 2015, João foi condenado por crime contra a ordem tributária


(art. 1º da Lei nº 8.137/90). A pena foi integralmente cumprida em 2018,
sendo declarada extinta a execução penal. Ocorre que, em maio de
2020, João praticou novo crime. Ele cometeu estelionato majorado (art.
171, § 3º, do CP) envolvendo fraude eletrônica para recebimento
indevido do benefício de auxílio emergencial. O estelionato foi
descoberto, ele foi indiciado no inquérito policial e, sem seguida,
celebrou, com o Ministério Público, acordo de não persecução penal
(ANPP). Em 2023, João requereu, com base no art. 94 do Código Penal,
a reabilitação criminal quanto à condenação pelo crime contra a ordem
tributária:

- RESPOSTA: Alternativa E

Comentários

a) INCORRETO. Conforme o STJ, o indiciamento seguido por um acordo de não


persecução penal não impede o deferimento do pedido de reabilitação criminal.

O fato de o acordo de não persecução penal não gerar reincidência ou maus


antecedentes não necessariamente implica o reconhecimento de "bom
comportamento público e privado", para fins de reabilitação criminal, conforme
estabelecido no art. 94, II, do Código Penal.
STJ. 5ª Turma. REsp 2.059.742-RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 28/11/2023
(Info 797).

b) INCORRETO. O acordo de não persecução penal gerar reincidência.

Com efeito, o art. 28-A, §12, do CPP estabelece que a celebração e o cumprimento do
ANPP não serão registrados na certidão de antecedentes criminais. Assim, a
celebração do acordo não implicará o registro de reincidência no histórico criminal do
indivíduo.

Art. 28-A, §12, do CPP A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução


penal não constarão de certidão de antecedentes criminais, exceto para os fins
previstos no inciso III do § 2º deste artigo.

c) INCORRETO. Caso a reabilitação seja negada, não poderá ser requerida novamente.

Art. 94, parágrafo único do CP - Negada a reabilitação, poderá ser requerida, a


qualquer tempo, desde que o pedido seja instruído com novos elementos
comprobatórios dos requisitos necessários.

d) INCORRETO. Não cabe reabilitação pelo crime contra a ordem tributária, por não
preencher o requisito temporal.

43
Santo Graal
Jurídico
Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia em que
for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o
período de prova da suspensão e o do livramento condicional, se não sobrevier
revogação, desde que o condenado:
I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido;
II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom
comportamento público e privado;
III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta
impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a
renúncia da vítima ou novação da dívida.

e) CORRETO. Conforme o STJ, o indiciamento seguido por um acordo de não


persecução penal impede o deferimento do pedido de reabilitação criminal.

O ANPP não gera reincidência ou maus antecedentes; mesmo assim, o fato de o


indivíduo ter celebrado ANPP pode servir para descaracterizar o bom
comportamento público e privado e, com isso, impedir a concessão de reabilitação
criminal (art. 94, II, do CP)
Caso adaptado: em 2015, João foi condenado por crime contra a ordem tributária. A
pena foi integralmente cumprida em 2018, sendo declarada extinta a execução penal.
Ocorre que, em 2020, João praticou novo crime. Ele cometeu estelionato majorado (art.
171, § 3º, do CP) envolvendo fraude eletrônica para recebimento indevido do benefício
de auxílio emergencial. O estelionato foi descoberto, ele foi indiciado no inquérito
policial e, sem seguida, celebrou ANPP.
Em 2023, João requereu, com base no art. 94 do CP, a reabilitação criminal quanto à
condenação pelo crime contra a ordem tributária.
João não tem direito à reabilitação criminal. Isso porque como foi indiciado e celebrou
ANPP pelo crime de estelionato, significa que não possui o bom comportamento
exigido pelo inciso II do art. 94 do CP.
O fato de o acordo de não persecução penal não gerar reincidência ou maus
antecedentes não necessariamente implica o reconhecimento de “bom
comportamento público e privado”, para fins de reabilitação criminal, conforme
estabelecido no art. 94, II, do CP.
STJ. 5ª Turma. REsp 2.059.742-RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 28/11/2023
(Info 797).

29 | Acerca do Acordo de Não Persecução Penal (ANPP), é CORRETO


afirmar:

- RESPOSTA: Alternativa C

Comentários

44
Santo Graal
Jurídico
a) INCORRETO. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo
de não persecução penal, o investigado poderá interpor recurso no sentido estrito.

Art. 28-A, § 14 do CPP: No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em


propor o acordo de não persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa
dos autos a órgão superior, na forma do art. 28 deste Código.

Art. 581 do CPP: Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:
XXV - que recusar homologação à proposta de acordo de não persecução penal,
previsto no art. 28-A desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

b) INCORRETO. Recusada a homologação do ANPP, o juiz arquivará a proposta, dessa


decisão cabe recurso de apelação.

Art. 28-A, § 8º do CPP: Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao


Ministério Público para a análise da necessidade de complementação das
investigações ou o oferecimento da denúncia.

c) CORRETO. Para aferição da pena mínima cominada ao delito, inferior a 4 (quatro)


anos, serão consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso
concreto.

Art. 28-A, § 1º do CPP: Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se
refere o caput deste artigo, serão consideradas as causas de aumento e diminuição
aplicáveis ao caso concreto. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

d) INCORRETO. Não cabe ANPP, nos crimes praticados no âmbito de violência


doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher por razões da condição de sexo
feminino, em favor do agressor e nos crimes insignificantes.

Art. 28-A, § 2º do CPP: O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes
hipóteses:
I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos
termos da lei;
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem
conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as
infrações penais pretéritas;
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da
infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão
condicional do processo; e
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados
contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.

e) INCORRETO. A vítima e o investigado serão intimados da homologação do acordo


de não persecução penal e de seu descumprimento.

45
Santo Graal
Jurídico
Art. 28-A, § 9º do CPP: A vítima será intimada da homologação do acordo de não
persecução penal e de seu descumprimento. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
(Vigência)

#Juris
Por constituir um poder-dever do Ministério Público, o não oferecimento
tempestivo do acordo de não persecução penal desacompanhado de motivação
idônea constitui nulidade absoluta. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 762.049-PR, Rel.
Min. Laurita Vaz, julgado em 7/3/2023 (Info 769).

Nos casos em que houver a modificação do quadro fático-jurídico, e, ainda, em


situações em que houver a desclassificação do delito - seja por emendatio ou
mutatio libelli -, uma vez preenchidos os requisitos legais exigidos para o Acordo
de Não Persecução Penal, torna-se cabível o instituto negocial. STJ. 5ª
Turma.AgRg no REsp 2.016.905-SP, Rel. Min. Messod Azulay Neto, julgado em
7/3/2023 (Info 772).

Por ausência de previsão legal, o Ministério Público não é obrigado a notificar o


investigado acerca da proposta do Acordo de Não Persecução Penal. STJ. 6ª
Turma. REsp 2.024.381-TO, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado
do TJDFT), julgado em 7/3/2023 (Info 766).

A competência para a execução do acordo de não persecução penal é do Juízo que


o homologou. STJ. 3ª Seção. CC 192.158-MT, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em
09/11/2022 (Info 757).

Não é compatível com a via do habeas corpus a pretensão de declaração de


inconstitucionalidade do art. 28-A do Código de Processo Penal. STJ. 6ª Turma.
AgRg no HC 701.443/MS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 04/10/2022 (Info 758).

O Acordo de Não Persecução Penal (ANPP), inserido pela Lei nº 13.924/2019,


aplica-se retroativamente desde que não tenha havido o recebimento da
denúncia. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 2.006.523-CE, Rel. Min. Jesuíno Rissato
(Desembargador convocado do TJDFT), julgado em 23/8/2022 (Info 761).

Constitui fundamentação idônea para o não oferecimento de Acordo de Não


Persecução Penal (ANPP) a existência de vários registros policiais e infracionais,
embora o réu seja tecnicamente primário, bem como a utilização de posição de
liderança religiosa para a prática de delito de violação sexual mediante fraude.
STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 166.837/MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
julgado em 02/08/2022 (Info 750).

A possibilidade de oferecimento do acordo de não persecução penal é conferida


exclusivamente ao Ministério Público, não cabendo ao Poder Judiciário
determinar ao Parquet que o oferte. STJ. 5ª Turma. RHC 161.251-PR, Rel. Min.
Ribeiro Dantas, julgado em 10/05/2022 (Info 739).

46
Santo Graal
Jurídico
O Poder Judiciário não pode impor ao Ministério Público a obrigação de ofertar
acordo de não persecução penal (ANPP).Não cabe ao Poder Judiciário, que não
detém atribuição para participar de negociações na seara investigatória, impor ao
MP a celebração de acordos. STF. 2ª Turma. HC 194677/SP, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 11/5/2021 (Info 1017).

30 | Considerando a Lei que estabelece o sistema de garantia de


direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência,
é INCORRETO afirmar:

- RESPOSTA: Alternativa B

Comentários

a) CORRETA. São formas de violência psicológica qualquer conduta de discriminação,


depreciação ou desrespeito em relação à criança ou ao adolescente mediante ameaça,
constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, agressão verbal e
xingamento, ridicularização, indiferença, exploração ou intimidação sistemática
(bullying ) que possa comprometer seu desenvolvimento psíquico ou emocional.

Art. 4º da Lei n° 13.431/17: Para os efeitos desta Lei, sem prejuízo da tipificação das
condutas criminosas, são formas de violência:
I - violência física, entendida como a ação infligida à criança ou ao adolescente que
ofenda sua integridade ou saúde corporal ou que lhe cause sofrimento físico;
II - violência psicológica:
a) qualquer conduta de discriminação, depreciação ou desrespeito em relação à
criança ou ao adolescente mediante ameaça, constrangimento, humilhação,
manipulação, isolamento, agressão verbal e xingamento, ridicularização,
indiferença, exploração ou intimidação sistemática ( bullying ) que possa
comprometer seu desenvolvimento psíquico ou emocional;
b) o ato de alienação parental, assim entendido como a interferência na formação
psicológica da criança ou do adolescente, promovida ou induzida por um dos genitores,
pelos avós ou por quem os tenha sob sua autoridade, guarda ou vigilância, que leve ao
repúdio de genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de
vínculo com este;
c) qualquer conduta que exponha a criança ou o adolescente, direta ou indiretamente,
a crime violento contra membro de sua família ou de sua rede de apoio,
independentemente do ambiente em que cometido, particularmente quando isto a
torna testemunha;

b) INCORRETA. A escuta especializada é o procedimento de oitiva de criança ou


adolescente vítima ou testemunha de violência perante autoridade policial ou
judiciária.

47
Santo Graal
Jurídico
Lei n° 13.431/17:
Art. 7º Escuta especializada é o procedimento de entrevista sobre situação de
violência com criança ou adolescente perante órgão da rede de proteção, limitado
o relato estritamente ao necessário para o cumprimento de sua finalidade.
Art. 8º Depoimento especial é o procedimento de oitiva de criança ou adolescente
vítima ou testemunha de violência perante autoridade policial ou judiciária.

c) CORRETA. A criança ou o adolescente será resguardado de qualquer contato, ainda


que visual, com o suposto autor ou acusado, ou com outra pessoa que represente
ameaça, coação ou constrangimento.

Art. 9º da Lei n° 13.431/17: A criança ou o adolescente será resguardado de


qualquer contato, ainda que visual, com o suposto autor ou acusado, ou com outra
pessoa que represente ameaça, coação ou constrangimento.

Art. 10. A escuta especializada e o depoimento especial serão realizados em local


apropriado e acolhedor, com infraestrutura e espaço físico que garantam a privacidade
da criança ou do adolescente vítima ou testemunha de violência.

d) CORRETA. O depoimento especial reger-se-á por protocolos e, sempre que


possível, será realizado uma única vez, em sede de produção antecipada de prova
judicial, garantida a ampla defesa do investigado.

Art. 11 da Lei n° 13.431/17: O depoimento especial reger-se-á por protocolos e, sempre


que possível, será realizado uma única vez, em sede de produção antecipada de prova
judicial, garantida a ampla defesa do investigado.
§ 1º O depoimento especial seguirá o rito cautelar de antecipação de prova:
I - quando a criança ou o adolescente tiver menos de 7 (sete) anos;
II - em caso de violência sexual.
§ 2º Não será admitida a tomada de novo depoimento especial, salvo quando
justificada a sua imprescindibilidade pela autoridade competente e houver a
concordância da vítima ou da testemunha, ou de seu representante legal.

e) CORRETA. Configura ilícito penal, violar sigilo processual, permitindo que


depoimento de criança ou adolescente seja assistido por pessoa estranha ao processo,
sem autorização judicial e sem o consentimento do depoente ou de seu representante
legal.

Art. 24 da Lei n° 13.431/17: Violar sigilo processual, permitindo que depoimento de


criança ou adolescente seja assistido por pessoa estranha ao processo, sem
autorização judicial e sem o consentimento do depoente ou de seu representante
legal.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

48
Santo Graal
Jurídico

31 | Quanto as disposições legais do CPP acerca da Busca e da


Apreensão, assinale a alternativa CORRETA:

- RESPOSTA: Alternativa D

Comentários

a) INCORRETA. Quando a própria autoridade policial ou judiciária não a realizar


pessoalmente, a busca domiciliar não deverá ser precedida da expedição de mandado.

CPP, Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou judiciária não a realizar
pessoalmente, a busca domiciliar deverá ser precedida da expedição de mandado.

b) INCORRETA. A busca não poderá ser determinada de ofício pelo juiz.

CPP, Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de


qualquer das partes.

c) INCORRETA. Será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do


acusado, salvo quando constituir elemento do corpo de delito.

CPP, Art. 243. § 2º Não será permitida a apreensão de documento em poder do


defensor do acusado, salvo quando constituir elemento do corpo de delito.

d) CORRETA. A autoridade ou seus agentes poderão penetrar no território de


jurisdição alheia, ainda que de outro Estado, quando, para o fim de apreensão, forem
no seguimento de pessoa ou coisa, devendo apresentar-se à competente autoridade
local, antes da diligência ou após, conforme a urgência desta.

CPP, Art. 250. A autoridade ou seus agentes poderão penetrar no território de jurisdição
alheia, ainda que de outro Estado, quando, para o fim de apreensão, forem no
seguimento de pessoa ou coisa, devendo apresentar-se à competente autoridade local,
antes da diligência ou após, conforme a urgência desta.

e) INCORRETA. A busca em mulher será feita sempre por outra mulher.

CPP, Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar
retardamento ou prejuízo da diligência.

#Juris
O galpão destinado para atividades comerciais não se enquadra no conceito de
domicílio, ainda que por extensão. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 845.545-SP, Rel.
Min. Laurita Vaz, julgado em 17/10/2023 (Info 798).

A expedição de mandado de busca e apreensão de menor não autoriza o ingresso


no domicílio e a realização de varredura no local. STJ. 6ª Turma.AgRg no REsp
2.009.839-MG, Rel. Min.Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 9/5/2023 (Info 776). 49
Santo Graal
Jurídico
A ocorrência de crime permanente e a existência de situação de flagrância apta a
mitigar a garantia constitucional da inviolabilidade de domicílio justificam o
ingresso dos policiais em endereço diverso daquele contido na ordem judicial.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 768.624-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
6/3/2023 (Info 767).

A prerrogativa de foro não se estende a terceiro que compartilhe imóvel com


autoridade não investigada. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 2.020.411/SC, Rel.
Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 25/10/2022 (Info 759).

A mera referência à legalidade da interceptação telefônica, com exclusiva


intenção de justificar a imposição de outra medida cautelar, não significa que
tenha havido a sua validação pelo STJ. STJ. 6ª Turma. REsp 1.394.800/SP, Rel. Min.
Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 13/09/2022 (Info 749).

São lícitas as provas obtidas com a apreensão de bens não discriminados


expressamente em mandado ou na decisão judicial correspondente, mas
vinculados ao objeto da investigação. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 727.709/MG,
Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 16/08/2022 (Info 750).

Não há falar em atuação de rotina dos órgãos de polícia fazendária, apta a


dispensar o mandado judicial de busca e apreensão domiciliar, quando o caso
concreto evidencia a realização de verdadeira força-tarefa entre diferentes
órgãos de polícia administrativa (Receita Federal, Ministério Público e Polícia
Federal). STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 676.091-PA, Rel. Min. João Otávio de Noronha,
julgado em 16/8/2022 (Info Especial 10).

32 | O Ministério Público ofereceu denúncia contra João pela prática de


homicídio. No final da 1ª fase do procedimento do júri (sumário da
culpa), o juiz proferiu sentença de absolvição sumária (art. 415 do CPP)
reconhecendo que o réu agiu com estrito cumprimento do dever legal
(art. 23, III, do CP). Contra essa sentença, o Ministério Público interpôs
recurso em sentido estrito (RESE).

- RESPOSTA: Alternativa C

Comentários

a) INCORRETA. Agiu corretamente o Ministério Público ao interpor o recurso em


sentido estrito (RESE).

b) INCORRETA. O recurso cabível na hipótese é correição parcial.

c) CORRETA. O recurso cabível na hipótese é apelação.

50
Santo Graal
Jurídico
Art. 416 do CPP: Contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária
caberá apelação.

d) INCORRETA. No caso apresentado não se aplica o princípio da fungibilidade.

Cabe apelação contra a sentença de absolvição sumária no procedimento no júri; se o


MP interpôs equivocadamente RESE, é possível a aplicação do princípio da
fungibilidade
É possível a aplicação da fungibilidade no uso do recurso de apelação em detrimento
do recurso em sentido estrito, desde que demonstradas a ausência de má-fé e a
tempestividade do instrumento processual.
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 2011577-GO, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
julgado em 27/9/2022 (Info Especial 10).

e) INCORRETA. No caso apresentado, aplica-se o princípio da fungibilidade, ainda que


demonstrada a má-fé do Ministério Público.

Vide alternativa anterior.

33 | Acerca das provas no processo penal, de acordo com jurisprudência


dos Tribunais Superiores, é INCORRETO afirmar:

- RESPOSTA: Alternativa E

Comentários

a) CORRETA. É válida a abertura de encomenda postada nos Correios por funcionários


da empresa, desde que haja indícios fundamentados da prática de atividade ilícita.
Nesse caso, é necessário formalizar as providências adotadas para permitir o posterior
controle administrativo ou judicial.

Abrangência da inviolabilidade do sigilo das correspondências


É válida a abertura de encomenda postada nos Correios por funcionários da empresa,
desde que haja indícios fundamentados da prática de atividade ilícita. Nesse caso, é
necessário formalizar as providências adotadas para permitir o posterior controle
administrativo ou judicial.
Nos presídios, também é válida a abertura de carta, telegrama, pacote ou meio
análogo quando houver indícios fundamentados da prática de atividades ilícitas.
Redação anterior da tese: Sem autorização judicial ou fora das hipóteses legais, é
ilícita a prova obtida mediante abertura de carta, telegrama, pacote ou meio análogo.
Redação atual da tese:

51
Santo Graal
Jurídico
(1) Sem autorização judicial ou fora das hipóteses legais, é ilícita a prova obtida
mediante abertura de carta, telegrama, pacote ou meio análogo, salvo se ocorrida em
estabelecimento penitenciário, quando houver fundados indícios da prática de
atividades ilícitas;
(2) Em relação a abertura de encomenda postada nos Correios, a prova obtida somente
será lícita quando houver fundados indícios da prática de atividade ilícita,
formalizando-se as providências adotadas para fins de controle administrativo ou
judicial.
STF. Plenário. RE 1116949 ED/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 30/11/2023
(Repercussão Geral – Tema 1041) (Info 1119).

b) CORRETA. A autorização judicial para que a polícia acompanhe as conversas dos


suspeitos mediante o espelhamento via Whatsapp Web caracteriza-se como um meio
de obtenção de prova equivalente à infiltração de agentes, sendo, portanto,
extraordinário, mas válido.

A autorização judicial para que a polícia acompanhe as conversas dos suspeitos


mediante o espelhamento via Whatsapp Web caracteriza-se como um meio de
obtenção de prova equivalente à infiltração de agentes, sendo, portanto,
extraordinário, mas válido
É possível a utilização, no ordenamento jurídico pátrio, de ações encobertas,
controladas virtuais ou de agentes infiltrados no plano cibernético, inclusive via
espelhamento do Whatsapp Web, desde que o uso da ação controlada na investigação
criminal esteja amparada por autorização judicial.
STJ. 5ª Turma. AREsp 2.309.888-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado
em 17/10/2023 (Info 792).

c) CORRETA. O reconhecimento de pessoas deve observar o procedimento previsto no


art. 226 do Código de Processo Penal, cujas formalidades constituem garantia mínima
para quem se encontra na condição de suspeito da prática de um crime.

O art. 226 do CPP estabelece formalidades para o reconhecimento de pessoas


(reconhecimento pessoal). O descumprimento dessas formalidades enseja a
nulidade do reconhecimento?
SIM. A partir do entendimento firmado no HC 598.886-SC, o STJ passou a entender
que:
1) O reconhecimento de pessoas deve observar o procedimento previsto no art. 226 do
Código de Processo Penal, cujas formalidades constituem garantia mínima para quem
se encontra na condição de suspeito da prática de um crime;
2) À vista dos efeitos e dos riscos de um reconhecimento falho, a inobservância do
procedimento descrito na referida norma processual torna inválido o reconhecimento
da pessoa suspeita e não poderá servir de lastro a eventual condenação, mesmo se
confirmado o reconhecimento em juízo;
3) Pode o magistrado realizar, em juízo, o ato de reconhecimento formal, desde que
observado o devido procedimento probatório, bem como pode ele se convencer da
autoria delitiva a partir do exame de outras provas que não guardem relação de causa
e efeito com o ato viciado de reconhecimento;

52
Santo Graal
Jurídico
4) O reconhecimento do suspeito por simples exibição de fotografia(s) ao
reconhecedor, a par de dever seguir o mesmo procedimento do reconhecimento
pessoal, há de ser visto como etapa antecedente a eventual reconhecimento pessoal
e, portanto, não pode servir como prova em ação penal, ainda que confirmado em juízo.
STJ. 6ª Turma. HC 598.886-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 27/10/2020
(Info 684).

#Juris
O reconhecimento pessoal do filler - pessoa livre de qualquer suspeita de ter cometido
o crime investigado -, que figurou como dublê para preencher o alinhamento exigido
pelo art. 226, sem nenhum elemento concreto de corroboração, não é suficiente, por si
só, para lastrear a autoria delitiva.
STJ. 6ª Turma. HC 663.710/SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/6/2023
(Info 13 – Edição Extraordinária).

d) CORRETA. O depoimento testemunhal indireto não possui a capacidade necessária


para sustentar uma acusação e justificar a instauração do processo penal, sendo
imprescindível a presença de outros elementos probatórios substanciais.

O depoimento testemunhal indireto não possui a capacidade necessária para


sustentar uma acusação e justificar a instauração do processo penal, sendo
imprescindível a presença de outros elementos probatórios substanciais
A falta de justa causa para o exercício da ação penal decorre da ausência de
elementos probatórios mínimos que respaldem a acusação, como é o caso do
testemunho indireto (por ouvir dizer).
A análise dos elementos circunstanciais e acidentais presentes nos autos revela a
inexistência de indícios mínimos de autoria dos delitos imputados ao acusado.
O depoimento testemunhal indireto, por si só, não possui a capacidade necessária para
sustentar uma acusação consistente, sendo imprescindível a presença de outros
elementos probatórios substanciais.
A rejeição da denúncia é medida adequada diante da insuficiência de elementos
probatórios que vinculem o acusado aos fatos alegados, em conformidade com o
princípio constitucional da presunção de inocência.
STJ. 5ª Turma.AREsp 2.290.314-SE, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 23/5/2023
(Info 776).

e) INCORRETA. A teoria dos standards de prova visa endorsar a possibilidade de o


julgador ter poderes para decidir baseado unicamente em sua íntima convicção.

De acordo com a doutrina de Renato Brasileiro, standard de prova


"(...) é o que se denomina critérios de decisão, standards probatórios ou modelos de
constatação, que podem ser compreendidos como o grau ou nível de prova exigido
em um caso específico, como 'indícios suficientes' ou 'além de dúvida razoável'. (...)
em razão do influxo do direito material em jogo e da regra probatória do in dubio
pro reo, não se pode negar que o processo penal adota um standard de prova
bastante elevado para a desconstituição do estado de inocência do acusado. Esse
grau de convencimento necessário para a prolação de uma sentença condenatória,
baseado em provas além de qualquer dúvida razoável¸ não é o mesmo standard
necessário, todavia, para outras decisões ao longo da persecução penal."

53
Santo Graal
Jurídico
Fonte: LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal: volume único. 8ª ed. rev.
atual. e ampl. Editora JusPodivm. Salvador. 2020. p. 674.

A teoria dos standards de prova visa, justamente, afastar a possibilidade de o julgador


ter poderes para decidir baseado unicamente em sua íntima convicção. Porém, de
acordo com os doutrinadores que discorrem sobre o tema,
"(...) a certeza sobre os enunciados fáticos é inalcançável e o resultado possível do
processo acusatório é, no máximo, a conclusão de que a hipótese acusatória
desincumbiu do grau de suficiência probatório necessário e, portanto, é mais
provável que a tese defensiva."

Portanto, o que se pretende, efetivamente, com a fixação de critérios de prova é que,


de fato, ocorra uma fixação de jurisprudência estável, íntegra e coerente, a fim de que
para um mesmo caso, não existam decisões totalmente conflitantes com fundamento,
tão somente, nos critérios subjetivos dos julgadores.
Fonte: AZERÊDO. Nielson Norberto. Standards probatórios e o controle intersubjetivo
da decisão judicial.

34 | Em 02/04/2013, Marcelo procurou o Ministério Público estadual


para denunciar um suposto esquema de “servidores fantasmas” na
Assembleia Legislativa do Estado, vinculado ao gabinete do então
Deputado Estadual João das Flores. Marcelo relatou ao MP que, mesmo
sem prestar nenhum tipo de serviço, recebia sua remuneração
normalmente, sendo que parte era repassada para Antônio (suposto
emissário do Deputado), responsável pela indicação dos “servidores
fantasmas” e por recolher parte dos vencimentos. Com aparato e
auxílio do MP, Marcelo gravou - por meio de áudio e vídeo - encontros
que ocorreram em locais públicos (praças e lanchonetes), nos quais
entregou parte de seu salário a Antônio. De longe, os encontros
também foram gravados por uma equipe técnica do MP que
acompanhou as supostas tratativas. Os elementos coletados,
acrescidos de outros, subsidiaram a continuidade das investigações e o
deferimento de medidas judiciais cautelares de natureza probatória,
resultando, por fim, na instauração da ação penal. Concluídas as
investigações, o MP denunciou o Deputado Estadual João das Flores
(além de outras 35 pessoas) pela suposta prática dos crimes de
organização criminosa e peculato, além do delito de lavagem de
dinheiro.

Com base no caso narrado é CORRETO afimar:

- RESPOSTA: Alternativa D
Comentários

54
Santo Graal
Jurídico
a) INCORRETO. É ilícita a prova consistente em gravação ambiental realizada por um
dos interlocutores sem conhecimento do outro.

É lícita a prova consistente em gravação ambiental realizada por um dos


interlocutores sem conhecimento do outro. STF. Plenário. RE 583937 QO-RG, Rel.
Min. Cezar Peluso, julgado em 19/11/2009 (Repercussão Geral – Tema 237).

b) INCORRETO. A gravação ambiental realizada por um colaborador premiado, um dos


interlocutores da conversa, sem o consentimento dos outros, é ilícita e não pode ser
validamente utilizada como meio de prova no processo penal.

STJ. JURISPRUDÊNCIA EM TESES - EDIÇÃO N. 193: DA COLABORAÇÃO PREMIADA


9) A gravação ambiental realizada por colaborador premiado, um dos
interlocutores da conversa, sem o consentimento dos outros, é lícita, ainda que
obtida sem autorização judicial, e pode ser validamente utilizada como meio de
prova no processo penal.

c) INCORRETO. A participação dos órgãos de persecução estatal na gravação


ambiental realizada por um dos interlocutores, sem prévia autorização judicial, não
acarreta a ilicitude da prova.

A participação dos órgãos de persecução estatal na gravação ambiental realizada


por um dos interlocutores, sem prévia autorização judicial, acarreta a ilicitude da
prova.
STJ. 6ª Turma. RHC 150.343-GO, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Rel. para acórdão Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 15/8/2023 (Info 783).

d) CORRETO. A participação dos órgãos de persecução estatal na gravação ambiental


realizada por um dos interlocutores, sem prévia autorização judicial, acarreta a
ilicitude da prova.

Vide alternativa anterior

e) INCORRETA. A captação ambiental feita por um dos interlocutores sem o prévio


conhecimento da autoridade policial ou do Ministério Público não poderá ser utilizada,
em matéria de defesa, por ausência de previsão legal.

Art. 8º-A, § 4º da Lei nº 9.296/96


A Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime) inseriu o § 4º no art. 8º-A da Lei nº 9.296/96
prevendo que:
Art. 8º-A (...)
§ 4º A captação ambiental feita por um dos interlocutores sem o prévio
conhecimento da autoridade policial ou do Ministério Público poderá ser utilizada,
em matéria de defesa, quando demonstrada a integridade da gravação. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)

55
Santo Graal
Jurídico

35 | Assinale a alternativa CORRETA com relação à audiência de


custódia e à prisão preventiva:

- RESPOSTA: Alternativa C

Comentários

a) INCORRETA. A audiência de custódia, no caso de mandado de prisão preventiva


cumprido fora do âmbito territorial da jurisdição do Juízo que a determinou, deve ser
efetivada por meio de vídeo conferência.

A audiência de custódia, no caso de mandado de prisão preventiva cumprido fora


do âmbito territorial da jurisdição do Juízo que a determinou, deve ser efetivada por
meio da condução do preso à autoridade judicial competente na localidade em que
ocorreu a prisão. Não se admite, por ausência de previsão legal, a sua realização
por meio de videoconferência, ainda que pelo Juízo que decretou a custódia
cautelar. 2. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo Federal da Vara
da Seção Judiciária do Paraná, o Suscitante. (CC 168.522/PR, Rel. Ministra
LAURITA VAZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 11/12/2019, DJe 17/12/2019)

b) INCORRETA. A decisão que, na audiência de custódia, determina o relaxamento da


prisão em flagrante sob o argumento de que a conduta praticada é atípica faz coisa
julgada.

A decisão que, na audiência de custódia, determina o relaxamento da prisão em


flagrante sob o argumento de que a conduta praticada é atípica não faz coisa
julgada. A decisão que, na audiência de custódia, determina o relaxamento da
prisão em flagrante sob o argumento de que a conduta praticada é atípica não faz
coisa julgada. Assim, esta decisão não vincula o titular da ação penal, que poderá
oferecer acusação contra o indivíduo narrando os mesmos fatos e o juiz poderá
receber essa denúncia. STF. 1ª Turma. HC 157306/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado
em 25/9/2018 (Info 917).

c) CORRETA. Após o advento da Lei nº 13.964/2019, não é mais possível a conversão


da prisão em flagrante em preventiva sem provocação por parte ou da autoridade
policial, do querelante, do assistente, ou do Ministério Público, mesmo nas situações
em que não ocorre audiência de custódia.

Após o advento da Lei nº 13.964/2019, não é mais possível a conversão da prisão


em flagrante em preventiva sem provocação por parte ou da autoridade policial, do
querelante, do assistente, ou do Ministério Público, mesmo nas situações em que
não ocorre audiência de custódia.

56
Santo Graal
Jurídico
A Lei nº 13.964/2019, ao suprimir a expressão “de ofício” que constava do art. 282, § 2º,
e do art. 311, ambos do CPP, vedou, de forma absoluta, a decretação da prisão
preventiva sem o prévio requerimento das partes ou representação da autoridade
policial.
Logo, não é mais possível, com base no ordenamento jurídico vigente, a atuação ‘ex
officio’ do Juízo processante em tema de privação cautelar da liberdade.
A interpretação do art. 310, II, do CPP deve ser realizada à luz do art. 282, § 2º e do
art.311, significando que se tornou inviável, mesmo no contexto da audiência de
custódia, a conversão, de ofício, da prisão em flagrante de qualquer pessoa em prisão
preventiva, sendo necessária, por isso mesmo, para tal efeito, anterior e formal
provocação do Ministério Público, da autoridade policial ou, quando for o caso, do
querelante ou do assistente do MP.

Vale ressaltar que a prisão preventiva não é uma consequência natural da prisão
flagrante, logo é uma situação nova que deve respeitar o disposto, em especial, nos
arts. 311 e 312 do CPP.
STJ. 3ª Seção. RHC 131.263, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 24/02/2021
(Info 686).
STF. 2ª Turma. HC 188888/MG, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 6/10/2020 (Info
994).

d) INCORRETA. Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra


organização criminosa arma ou milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito,
mesmo assim, deverá conceder liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares.

Art. 310, § 2º, CPP: Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra
organização criminosa armada ou milícia, ou que porta arma de fogo de uso
restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares

e) INCORRETA. A superveniência da realização da audiência de instrução e


julgamento torna superada a alegação de ausência de audiência de custódia.

A superveniência da realização da audiência de instrução e julgamento não torna


superada a alegação de ausência de audiência de custódia. STF. 2ª Turma. HC
202579 AgR/ES e HC 202700 AgR/SP, Rel. Min. Nunes Marques, redator do
acórdão Min. Gilmar Mendes, julgados em 26/10/2021 (Info 1036).

36 | Assinale a alternativa CORRETA, à luz de entendimentos dos


Tribunais Superiores:

- RESPOSTA: Alternativa C

Comentários

57
Santo Graal
Jurídico
a) INCORRETA. Não configura ilegalidade, por violação ao princípio da “non reformatio
in pejus”, a majoração da pena de multa por tribunal, na hipótese de recurso exclusivo
da defesa.

#Juris
Caracteriza manifesta ilegalidade, por violação ao princípio da “non reformatio in
pejus”, a majoração da pena de multa por tribunal, na hipótese de recurso
exclusivo da defesa. Isso porque, na apreciação de recurso exclusivo da defesa, o
tribunal não pode inovar na fundamentação da dosimetria da pena, contra o
condenado, ainda que a inovação não resulte em aumento da pena final (1). Com
base nesse entendimento, a Segunda Turma deu provimento a agravo regimental
para, mantendo o não conhecimento do recurso ordinário em habeas corpus,
conceder a ordem, de ofício, e restabelecer a pena de multa imposta pelo juízo de
primeiro grau, mantidos os demais termos do acórdão de segunda instância, tudo
nos termos do voto do relator, que reajustou seu voto. (1) Precedente citado: RHC
136.346/RJ, relator Min. Gilmar Mendes, DJe de 8.11.2016. RHC 194952 AgR/SP,
relator Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 13.4.2021 (Info 1013 do STF).

b) INCORRETA. Havendo excesso de linguagem na sentença de pronúncia deverá se


proceder no desentranhamento e envelopamento da decisão.

Não basta o desentranhamento e envelopamento da sentença de pronúncia no caso de


excesso de linguagem, devendo a sentença ser anulada. Conforme já decidiu tanto o
STF quanto o STJ:

#Juris
Havendo excesso de linguagem, o Tribunal deverá anular a sentença de pronúncia e os
consecutivos atos processuais, determinando-se que outra seja prolatada. Não basta o
desentranhamento e envelopamento. É necessário anular a sentença e determinar que
outra seja prolatada.
STF. 1ª Turma. RHC 127522/BA, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/8/2015 (Info
795).
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1.442.002-AL, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
28/4/2015 (Info 561).

c) CORRETA. É inconstitucional norma estadual que impõe a necessidade de prévia


autorização do órgão colegiado do tribunal competente para prosseguir com
investigações que objetivam apurar suposta prática de crime cometido por
magistrado.

#Juris
É inconstitucional norma estadual que impõe a necessidade de prévia autorização do
órgão colegiado do tribunal competente para prosseguir com investigações que
objetivam apurar suposta prática de crime cometido por magistrado. ADI 5.331-MG.

d) INCORRETA. Não é possível considerar o tempo submetido à medida cautelar de


recolhimento noturno, aos finais de semana e dias não úteis, supervisionados por
monitoramento eletrônico, como tempo de pena efetivamente cumprido, para detração
da pena.
58
Santo Graal
Jurídico
#Juris
É possível considerar o tempo submetido à medida cautelar de recolhimento
noturno, aos finais de semana e dias não úteis, supervisionados por monitoramento
eletrônico, com o tempo de pena efetivamente cumprido, para detração da pena.
HC 455.097/PR, Rel. Min. Laurita Vaz, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em
14/04/2021. (Info. 693 do STJ).

e) INCORRETA. É impossível a utilização de WhatsApp para a citação de acusado no


processo penal por ferir direitos básicos do réu como ampla defesa e contraditório.

#Juris
É possível a utilização de WhatsApp para a citação de acusado, desde que sejam
adotadas medidas suficientes para atestar a autenticidade do número telefônico,
bem como a identidade do indivíduo destinatário do ato processual. HC 641.877-
DF, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em
09/03/2021. (Info. 688 do STJ).

37 | À luz de entendimentos recentes do Superior Tribunal de Justiça e


da legislação pertinente, assinale a alternativa CORRETA:

- RESPOSTA: Alternativa D

Comentários

a) INCORRETA. A justa causa é exigência legal para o recebimento da inicial


acusatória e instauração da ação penal, mas não para o seu processamento.

#Juris
A justa causa é exigência legal para o recebimento da inicial acusatória,
instauração e processamento da ação penal, nos termos do artigo 395, III, do
Código de Processo Penal, e consubstancia-se pela somatória de três
componentes essenciais: (a) TIPICIDADE (adequação de uma conduta fática a um
tipo penal); (b) PUNIBILIDADE (além de típica, a conduta precisa ser punível, ou
seja, não existir quaisquer das causas extintivas da punibilidade); e (c)
VIABILIDADE (existência de fundados indícios de autoria). STF. 1ª Turma. A G .REG.
no Habeas Corpus 213.745 Paraná. 09/05/2022

b) INCORRETA. Há nulidade na formulação de quesito a respeito do dolo eventual,


quando a defesa apresenta tese no sentido de desclassificar o crime para lesão
corporal seguida de morte, salvo se a questão tiver sido discutida em plenário.

59
Santo Graal
Jurídico
#Juris
No âmbito do Tribunal do Júri, não há nulidade na formulação de quesito a respeito
do dolo eventual, quando a defesa apresenta tese no sentido de desclassificar o
crime para lesão corporal seguida de morte, ainda que a questão não tenha sido
discutida em plenário. (STJ. 5ª Turma. AREsp1.883.314-DF, Rel. Min. Joel Ilan
Paciornik, julgado em 25/10/2022). (Info 757).

c) INCORRETA. A habitação em prédio abandonado de escola municipal não pode


caracterizar o conceito de domicílio em que incide a proteção disposta no art. 5º, XI da
Constituição.

#Juris
A Constituição da República, em seu art. 5º, inciso XI, afirma que "a casa é asilo
inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro,
ou, durante o dia, por determinação judicial". O Pleno do Supremo Tribunal Federal,
no exame do RE 603.616 (Tema 280/STF), reconhecido como de repercussão geral,
assentou que "a entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita,
mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente
justificadas a posteriori, que indiquem que dentro da casa ocorre situação de
flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente
ou da autoridade e de nulidade dos atos praticados". Não procede o fundamento
de que o fato de o agravante habitar o prédio abandonado de uma escola
municipal descaracterizaria o conceito de domicílio, para que haja proteção
constitucional. Anota-se, por fim, que o Decreto n. 7.053/2009, que instituiu a
Política Nacional para População em Situação de Rua, reforça a condição de
moradia aos habitantes de logradouros públicos e áreas degradadas. STJ. 5ª
Turma. AgRg no HC 712.529-SE, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 25/10/2022
(Info 755).

d) CORRETA. Na análise do cabimento da prisão preventiva de pessoas em situação de


rua, além dos requisitos previstos no CPP, o magistrado deve observar as
recomendações da Resolução CNJ 425/2021.

#Juris
O Conselho Nacional de Justiça editou a Resolução n. 425/2021, que instituiu, no
âmbito do Poder Judiciário, a Política Nacional Judicial de Atenção a Pessoas em
Situação de Rua e suas interseccionalidades. No que tange às medidas em
procedimentos criminais, no art. 18, recomenda-se especial atenção às demandas
das pessoas em situação de rua, com vistas a assegurar a inclusão social delas,
observando-se a principiologia e as medidas de proteção de direitos previstas na
resolução. Assim, na análise do cabimento da prisão preventiva de pessoas em
situação de rua, além dos requisitos legais previstos no Código de Processo
Penal, o magistrado deve observar as recomendações constantes da Resolução n.
425 do CNJ, e, caso sejam fixadas medidas cautelares alternativas, aquela que
melhor se adequa a realidade da pessoa em situação de rua, em especial quanto à
sua hipossuficiência, hipervulnerabilidade, proporcionalidade da medida diante do
contexto e trajetória de vida, além das possibilidades de cumprimento.

60
Santo Graal
Jurídico
Tal como na prisão, para a fixação de medidas cautelares diversas, previstas no art.
319 do CPP, é preciso fundamentação específica (concreta), a fim de demonstrar a
necessidade e a adequação da medida restritiva da liberdade aos fins a que se destina,
consoante previsão do art. 282 do CPP. Nesse sentido, a jurisprudência desta Corte
Superior não admite restrição à liberdade do agente sem a devida fundamentação
concreta que indique a necessidade da custódia cautelar, sob pena de a medida perder
a sua natureza excepcional e se transformar em mera resposta punitiva antecipada.

Embora haja afirmado categoricamente a inexistência de elementos suficientes e


plausíveis para a decretação da custódia cautelar, o Juiz de primeiro grau, na decisão
que homologou o flagrante do acusado e concedeu a liberdade provisória, fixou
medidas cautelares de proibição de se ausentar da Subseção Judiciária, por mais de
dez dias, ou alteração de endereço sem comunicação prévia ao Juízo, e recolhimento
noturno em albergue municipal ou outro ponto de acolhida, informando o Juízo de seu
endereço. Desse modo, as referidas medidas restritivas foram fixadas tão somente
com base na existência da materialidade delitiva e dos indícios de autoria, sem que
fosse demonstrada a cautelaridade necessária a qualquer providência desta ordem.
Além disso, a fixação da medida de recolhimento noturno em albergue municipal
constituiu verdadeiro acolhimento compulsório do acusado, sem que houvesse
justificativa para a medida em cotejo com o crime imputado ao paciente (dano
qualificado praticado durante o dia) e sem que fosse observada a diretriz de
possibilidade real de cumprimento, dada a condição de pessoa em situação de rua do
agente. STJ. 6ª Turma. HC 772.380-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
08/11/2022 (Info 757).

e) INCORRETA. O testemunho policial deve ser, em regra, sobrevalorizado, em virtude


de o policial gozar de fé pública.

#Juris
O depoimento policial tem a natureza jurídica de prova testemunhal e deve ser
valorado enquanto tal. Dessa forma, o testemunho policial não pode ser,
aprioristicamente, sobrevalorizado, sob o único argumento de que o policial goza de fé
pública, tampouco pode ser subvalorizado, sob a justificativa de que sua palavra não
seria confiável para, isoladamente, fundamentar uma condenação. Adotar esse
segundo posicionamento, ou seja, exigir a corroboração sistemática do testemunho
policial em toda e qualquer circunstância, equivale a inadmiti-lo ou destituí-lo de valor
probante, ao menos no pertinente ao cerne da persecução penal, em limitação
desproporcional e nada razoável de seu âmbito de validade na formação do
conhecimento judicial. Legalmente, o agente policial não sofre qualquer limitação ou
ressalva quanto à sua capacidade de ser testemunha. Faticamente, inexiste também
qualquer óbice ou condição limitativa da capacidade de o policial perceber os fatos e,
posteriormente, narrar suas percepções sensoriais às autoridades. Não há que se falar
em vieses ou interesses prévios superiores aos das demais testemunhas, uma vez que
os vieses, assim como os estereótipos, são intrínsecos a todos os seres humanos, e os
interesses, se existentes, devem ser aferidos casuisticamente e não estabelecidos a
priori.

61
Santo Graal
Jurídico
Cabe ao magistrado, em análise do caso concreto, valorar racionalmente a prova,
verificando se preenche os critérios de consistência, verossimilhança, plausibilidade e
completude da narrativa, bem como se presentes a coerência e adequação com os
demais elementos produzidos nos autos. A avaliação judicial da superação do standard
probatório mínimo para a condenação não pode ser limitada a uma prévia
determinação quantitativa e qualitativa da prova, porquanto tal representaria uma
restrição ao livre convencimento motivado do magistrado e resultaria potencialmente
em uma perda de qualidade epistemológica da decisão. Por fim, por determinação do
art. 20 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, cabe ao magistrado, toda
vez que decidir com base em conceitos normativos indeterminados, considerar as
consequências práticas de sua decisão. No caso, verifica-se que não são poucas nem
irrelevantes as prováveis consequências advindas da decisão de atribuir valor
probatório inferior aos depoimentos policiais: desde inevitáveis impactos no
orçamento estatal e no planejamento de políticas públicas até a inviabilização do
funcionamento do próprio sistema de justiça criminal com riscos reais de estímulo a
uma impunidade generalizada, ante os obstáculos práticos de produção de outras
provas, sobretudo nos casos envolvendo tráfico de drogas. STJ. 5ª Turma. AREsp
1.936.393-RJ, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 25/10/2022 (Info 756).

38 | O art. 396-A afirma que, na resposta à acusação, o réu poderá


arrolar testemunhas. Em um determinado caso, a defesa de “X” não
arrolou testemunhas nessa fase e somente as apresentou depois,
pedindo para apresentar o rol de testemunhas após o restabelecimento
da normalidade das atividades institucionais, considerando que ainda
estava na época de grande contágio da Covid-19. Sobre o tema, é
CORRETO afirmar que o STJ entendeu que:

- RESPOSTA: Alternativa C

Comentários

a) INCORRETA. Haveria manifesto prejuízo para a defesa do réu em caso de


indeferimento da apresentação do rol de testemunhas em momento posterior à
resposta à acusação, configurando cerceamento de defesa, não obstante a lei preveja
o prazo máximo até a resposta à acusação.

#Juris
Na hipótese, não há que se falar em manifesto prejuízo para a defesa do réu, em
razão do indeferimento da apresentação do rol de testemunhas em momento
posterior. Não obstante a defesa do acusado ser exercida pela Defensoria Pública,
observa-se, no caso em exame, que houve pedido genérico para apresentação do
rol de testemunhas de forma extemporânea, sem levar em consideração que a
audiência de instrução foi designada para data distante, havendo, portanto, tempo
disponível para que a defesa tenha acesso ao acusado, atualmente recolhido ao
cárcere, mesmo com todas as dificuldades e limitações decorrentes da pandemia.
Processo sob segredo judicial, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta
Turma, por unanimidade, julgado em 05/04/2022, DJe 08/04/2022. (Info 738).

62
Santo Graal
Jurídico

b) INCORRETA. Como regra, a apresentação do rol de testemunhas deverá ser na


resposta à acusação, mas considerando que não é mais possível no ordenamento
jurídico brasileiro a inquirição de ofício, o prejuízo é presumido nessa situação.

#Juris
A Corte Superior já entendeu que: não é de presumir-se o prejuízo para o réu, pois a
inquirição - se essencial para a busca da verdade real - poderá ser realizada, de ofício,
nos termos do art. 156 do CPP, restando, ainda, a possibilidade de aportarem-se aos
autos tais fontes de prova sob a forma documental, posto que atípica (STJ. 6ª Turma.
HC 202.928/PR, Rel. p/ Acórdão Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, julgado
em 15/05/2014).

c) CORRETA. Não há que se falar em nulidade na desconsideração do rol de


testemunhas quando apresentado fora da fase estabelecida no art. 396-A do Código
de Processo Penal, em respeito à ordem dos atos processuais.

Assim entendeu o STJ. Vejamos:


Em respeito à ordem dos atos processuais não configura cerceamento de defesa o
indeferimento da apresentação extemporânea do rol de testemunhas. Inexiste
nulidade na desconsideração do rol de testemunhas quando apresentado fora da
fase estabelecida no art. 396-A do CPP. STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 161.330-RS,
Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 05/04/2022 (Info 738).

d) INCORRETA. Considerando se tratar de prazo impróprio, há nulidade na


desconsideração do rol de testemunhas quando apresentado fora da fase
estabelecida no art. 396-A do CPP, já que não se sujeita à preclusão.

#Juris
Em respeito à ordem dos atos processuais não configura cerceamento de defesa o
indeferimento da apresentação extemporânea do rol de testemunhas. De acordo com
precedentes do STJ, não há nulidade na desconsideração do rol de testemunhas
quando apresentado fora da fase estabelecida no art. 396-A do CPP.

Nesse sentido, STJ. 6ª Turma. REsp 1.828.483/MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz,
julgado em 03/12/2019. Segundo prevê o art. 396-A do CPP, o rol de testemunhas deve
ser apresentado no momento processual adequado, ou seja, quando da apresentação
da resposta preliminar, sob pena de preclusão.

e) INCORRETA. O rol de testemunhas deve ser apresentado no momento processual


adequado, prevendo a legislação que deverá ser antes da audiência de instrução e
julgamento. Sendo assim, no presente caso, o pedido do réu deverá ser acatado.

A alternativa trata da previsão legal, não havendo esta previsão no art. 396-A do CPP.
Vejamos:
CPP, Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo o
que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as
provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua
intimação, quando necessário.

63
Santo Graal
Jurídico

39 | O procedimento investigatório criminal é instrumento sumário e


desburocratizado de natureza administrativa e investigatória,
instaurado e presidido pelo membro do Ministério Público com
atribuição criminal, e terá como finalidade apurar a ocorrência de
infrações penais de iniciativa pública, servindo como preparação e
embasamento para o juízo de propositura, ou não, da respectiva ação
penal.

Acerca do procedimento investigatório criminal assinale a alternativa


INCORRETA:

- RESPOSTA: Alternativa B

Comentários

a) CORRETA. O procedimento investigatório criminal não é condição de


procedibilidade ou pressuposto processual para o ajuizamento de ação penal e não
exclui a possibilidade de formalização de investigação por outros órgãos legitimados
da Administração Pública.

Resolução 181/17 do CNMP


Art. 1°, § 1º O procedimento investigatório criminal não é condição de
procedibilidade ou pressuposto processual para o ajuizamento de ação penal e não
exclui a possibilidade de formalização de investigação por outros órgãos
legitimados da Administração Pública. (Redação dada pela Resolução n° 183, de 24
de janeiro de 2018)

b) INCORRETA. O procedimento investigatório criminal poderá ser instaurado de


forma conjunta, por meio de força tarefa ou por grupo de atuação especial composto
por membros do Ministério Público, cabendo sua presidência àquele que o ato de
instauração designar. Não se admite a atuação conjunta Ministérios Públicos de outros
países, que deverá ocorre atráves de cooperação jurídica internacional.

Resolução 181/17 do CNMP - DAS INVESTIGAÇÕES CONJUNTAS


Art. 6º O procedimento investigatório criminal poderá ser instaurado de forma
conjunta, por meio de força tarefa ou por grupo de atuação especial composto por
membros do Ministério Público, cabendo sua presidência àquele que o ato de
instauração designar.
§ 1º Poderá também ser instaurado procedimento investigatório criminal, por
meio de atuação conjunta entre Ministérios Públicos dos Estados, da União e de
outros países.
§ 2º O arquivamento do procedimento investigatório deverá ser objeto de controle e
eventual revisão em cada Ministério Público, cuja apreciação se limitará ao âmbito de
atribuição do respectivo Ministério Público.
§ 3º Nas hipóteses de investigações que se refiram a temas que abranjam atribuições
de mais de um órgão de execução do Ministério Público, os procedimentos
investigatórios deverão ser objeto de arquivamento e controle respectivo com
observância das regras de atribuição de cada órgão de execução. (Incluído pela
Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018)
64
Santo Graal
Jurídico
c) CORRETA. O membro do Ministério Público que preside o procedimento
investigatório criminal esclarecerá a vítima sobre seus direitos materiais e
processuais, devendo tomar todas as medidas necessárias para a preservação dos
seus direitos, a reparação dos eventuais danos por ela sofridos e a preservação da
intimidade, vida privada, honra e imagem.

Resolução 181/17 do CNMP - DOS DIREITOS DAS VÍTIMAS


Art. 17. O membro do Ministério Público que preside o procedimento investigatório
criminal esclarecerá a vítima sobre seus direitos materiais e processuais, devendo
tomar todas as medidas necessárias para a preservação dos seus direitos, a reparação
dos eventuais danos por ela sofridos e a preservação da intimidade, vida privada, honra
e imagem.

d) CORRETA. O membro do Ministério Público, no exercício de suas atribuições


criminais, deverá dar andamento, no prazo de 30 (trinta) dias a contar de seu
recebimento, às representações, requerimentos, petições e peças de informação que
lhe sejam encaminhadas, podendo este prazo ser prorrogado, fundamentadamente,
por até 90 (noventa) dias, nos casos em que sejam necessárias diligências
preliminares.

Resolução 181/17 do CNMP


Art. 3°, § 4º O membro do Ministério Público, no exercício de suas atribuições criminais,
deverá dar andamento, no prazo de 30 (trinta) dias a contar de seu recebimento, às
representações, requerimentos, petições e peças de informação que lhe sejam
encaminhadas, podendo este prazo ser prorrogado, fundamentadamente, por até 90
(noventa) dias, nos casos em que sejam necessárias diligências preliminares. (Redação
dada pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018)

e) CORRETA. Somente em casos excepcionais e imprescindíveis deverá ser feita a


transcrição dos depoimentos colhidos na fase investigatória.

Resolução 181/17 do CNMP


Art. 8º A colheita de informações e depoimentos deverá ser feita preferencialmente de
forma oral, mediante a gravação audiovisual, com o fim de obter maior fidelidade das
informações prestadas.
§ 1º Somente em casos excepcionais e imprescindíveis deverá ser feita a
transcrição dos depoimentos colhidos na fase investigatória. (Redação dada pela
Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018)

65
Santo Graal
Jurídico

40 | Conforme o entendimento sumulado dos Tribunais Superiores, é


CORRETO afirmar

- RESPOSTA: Alternativa E

Comentários

a) INCORRETA. A superveniência da sentença condenatória não prejudica o pedido de


trancamento da ação penal por falta de justa causa feito em habeas corpus.

Súmula 648-STJ: A superveniência da sentença condenatória prejudica o pedido


de trancamento da ação penal por falta de justa causa feito em habeas corpus.

b) INCORRETA. Fere o contraditório e o devido processo decisão que, sem ouvida


prévia da defesa, determine transferência ou permanência de custodiado em
estabelecimento penitenciário federal.

Súmula 639-STJ: Não fere o contraditório e o devido processo decisão que, sem
ouvida prévia da defesa, determine transferência ou permanência de custodiado
em estabelecimento penitenciário federal.

c) INCORRETA. O mandado de segurança se presta para atribuir efeito suspensivo a


recurso criminal interposto pelo Ministério Público.

Súmula 604-STJ: O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito


suspensivo a recurso criminal interposto pelo Ministério Público.

d) INCORRETA. Admite-se a suspensão condicional do processo por crime continuado,


se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto
for superior a um ano.

Súmula 723-STF: Não se admite a suspensão condicional do processo por crime


continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento
mínimo de um sexto for superior a um ano.

e) CORRETA. No mandado de segurança impetrado pelo Ministério Público contra


decisão proferida em processo penal, é obrigatória a citação do réu como litisconsorte
passivo.

Súmula 701-STF: No mandado de segurança impetrado pelo Ministério Público


contra decisão proferida em processo penal, é obrigatória a citação do réu como
litisconsorte passivo.

66
Santo Graal
Jurídico

DIREITO ELEITORAL

41 | Maria, no dia das eleições municipais, promover desordem em uma


seção eleitoral, prejudicando o bom andamento dos trabalhos eleitorais
naquele local. Questiona-se, a conduta perpetrada por Maria:

- RESPOSTA: Alternativa A

Comentários

a) CORRETA. configura crime no Código Eleitoral, punido com pena de detenção.

De fato, constitui crime do Código Eleitoral, amoldando-se a conduta perpetrada no


delito do art. 296 do CE. Veja-se:

CE, Art. 296. Promover desordem que prejudique os trabalhos eleitorais;


Pena - Detenção até dois meses e pagamento de 60 a 90 dias-multa.

b) INCORRETA. é fato atípico, não se amoldando em nenhuma conduta delituosa.

Conforme visto, configura crime.

CE, Art. 296. Promover desordem que prejudique os trabalhos eleitorais;


Pena - Detenção até dois meses e pagamento de 60 a 90 dias-multa.

c) INCORRETA. configura crime no Código Eleitoral, punido com pena de reclusão.

O crime em comento é punido com pena de detenção de até 2 meses.

d) INCORRETA. Configura crime e a ação penal na hipótese é de ação penal privada.

Em que pese configure crime, será de ação penal pública incondicionada, assim como
todos os crimes eleitorais, à luz do art. 355 do CE:

Art. 355. As infrações penais definidas neste Código são de ação pública.

e) INCORRETA. Trata-se de uma conduta vedada punível somente a título de multa.

Conforme visto, trata-se de crime punido com pena de detenção de até 2 meses.

67
Santo Graal
Jurídico
42 | A respeito da Ação de Investigação Judicial Eleitoral – AIJE-,
assinale a alternativa correta:

- RESPOSTA: Alternativa C

Comentários

a) INCORRETA. O termo final para ajuizamento da AIJE é a data da proclamação dos


eleitos.

O termo final para ajuizamento da AIJE, segundo a jurisprudência firmada pelo TSE, é a
data da diplomação.

Recurso especial eleitoral interposto contra acórdão que, mantendo a sentença,


julgou procedente a AIJE e determinou: (a) a cassação dos diplomas dos candidatos
eleitos para os cargos majoritários; (b) a declaração de inelegibilidade e aplicação
de sanção pecuniária ao recorrente; e (c) a imediata realização de novas eleições.
Agravo interno que visava impugnar decisão que negou pedido de atribuição de
efeito suspensivo ao recurso especial. 2. A data da diplomação é o termo final para
ajuizamento da ação de investigação judicial eleitoral e da representação por
captação ilícita de sufrágio. Precedentes. (RESPE - Recurso Especial Eleitoral nº
71881 - GALINHOS – RN Acórdão de 26/02/2019; Relator(a) Min. Luís Roberto
Barroso).

b) INCORRETA. São legitimados a propor a AIJE os eleitores filiados a partidos


políticos, partidos políticos, as coligações, os candidatos e o Ministério Público
Eleitoral.

Os eleitores não podem propor AIJE, ainda que sejam filiados a partidos políticos, como
se extrai do art. 22, caput, da LC nº 64/1990:

LC nº 64/90, Art. 22. Qualquer partido político, coligação, candidato ou Ministério


Público Eleitoral poderá representar à Justiça Eleitoral, diretamente ao Corregedor-
geral ou Regional, relatando fatos e indicando provas, indícios e circunstâncias e pedir
abertura de investigação judicial para apurar uso indevido, desvio ou abuso do poder
econômico ou do poder de autoridade, ou utilização indevida de veículos ou meios de
comunicação social, em benefício de candidato ou de partido político, obedecido o
seguinte rito:

c) CORRETA. Para a configuração do ato abusivo, não será considerada a


potencialidade do fato alterar o resultado da eleição, mas apenas a gravidade das
circunstâncias que o caracterizam.

Vejamos o que dispõe a Lei:

LC nº 64/90, Art. 22. XVI - para a configuração do ato abusivo, não será considerada a
potencialidade de o fato alterar o resultado da eleição, mas apenas a gravidade das
circunstâncias que o caracterizam.
68
Santo Graal
Jurídico
d) INCORRETA. Sendo julgada procedente a representação será declarada a
inelegibilidade do representado e de quantos hajam contribuído para a prática do ato,
cominando-lhes sanção de inelegibilidade nos 8 (oito) anos subsequentes ao trânsito
em julgado da decisão.

Na hipótese de ser julgada procedente a representação, ainda que após a proclamação


dos eleitos, o Tribunal declarará a inelegibilidade do representado e de quantos hajam
contribuído para a prática do ato, cominando-lhes sanção de inelegibilidade para as
eleições a se realizarem nos 8 (oito) anos subsequentes à eleição em que se verificou.
Vide súmula 19 do TSE:

Súmula do TSE, verbete nº 19. O prazo de inelegibilidade decorrente da condenação


por abuso do poder econômico ou político tem início no dia da eleição em que este se
verificou e finda no dia de igual número no oitavo ano seguinte (art. 22, XIV, da LC nº
64/1990).

e) INCORRETA. No caso de eleições municipais, o Corregedor-Regional será


competente para conhecer e processar a Ação de Investigação Judicial Eleitoral.

Nas eleições municipais, o Juiz Eleitoral será competente para conhecer e processar
AIJE, de acordo com o art. 24 da LC nº 64/1990:

LC nº 64/90, Art. 24. Nas eleições municipais, o Juiz Eleitoral será competente para
conhecer e processar a representação prevista nesta lei complementar, exercendo
todas as funções atribuídas ao Corregedor-Geral ou Regional, constantes dos incisos I
a XV do art. 22 desta lei complementar, cabendo ao representante do Ministério
Público Eleitoral em função da Zona Eleitoral as 71 atribuições deferidas ao
Procurador-Geral e Regional Eleitoral, observadas as normas do procedimento
previstas nesta lei complementar.

43 | O art. 73 e seguintes da Lei nº 9.504/1997 (Lei das Eleições),


estipulou condutas vedadas aos agentes públicos em campanha
eleitoral, visando garantir a isonomia entre os candidatos concorrentes.
Indique a alternativa CORRETA acerca das hipóteses materiais de
condutas vedadas previstas em lei:

- RESPOSTA: Alternativa B

Comentários

a) INCORRETA. É vedada, nos três meses que o antecedem o pleito e até a posse dos
eleitos, a transferência ou remoção ex officio de militares, policiais civis e de agentes
penitenciários.

69
Santo Graal
Jurídico
A transferência ou remoção ex officio de militares, policiais civis e de agentes
penitenciário é permitida, na forma do art. 73, V, e, da Lei nº 9.504/1997.

Lei nº 9.504/1997, Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as
seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos
nos pleitos eleitorais:
V - nomear, contratar ou de qualquer forma admitir, demitir sem justa causa, suprimir
ou readaptar vantagens ou por outros meios dificultar ou impedir o exercício funcional
e, ainda, ex officio, remover, transferir ou exonerar servidor público, na circunscrição
do pleito, nos três meses que o antecedem e até a posse dos eleitos, sob pena de
nulidade de pleno direito, ressalvados:
e) a transferência ou remoção ex officio de militares, policiais civis e de agentes
penitenciários;

b) CORRETA. É vedado empenhar, no primeiro semestre do ano de eleição, despesas


com publicidade dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das
respectivas entidades da administração indireta, que excedam a 6 (seis) vezes a média
mensal dos valores empenhados e não cancelados nos 3 (três) últimos anos que
antecedem o pleito.

De acordo com o art. 73, VII, da Lei nº 9.504/1997:


Lei nº 9.504/1997, Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as
seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos
nos pleitos eleitorais:
VII - empenhar, no primeiro semestre do ano de eleição, despesas com publicidade dos
órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da
administração indireta, que excedam a 6 (seis) vezes a média mensal dos valores
empenhados e não cancelados nos 3 (três) últimos anos que antecedem o pleito;
(Redação dada pela Lei nº 14.356, de 2022)

c) INCORRETA. É vedado, somente nos seis meses que antecedem o pleito, fazer uso
promocional em favor de candidato, de distribuição gratuita de bens e serviços de
caráter social custeados ou subvencionados pelo Poder Público.

A conduta vedada ora narrada não está restrita aos seis meses anteriores ao pleito.
Lei nº 9.504/1997, Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as
seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos
nos pleitos eleitorais:
IV - fazer ou permitir uso promocional em favor de candidato, partido político ou
coligação, de distribuição gratuita de bens e serviços de caráter social custeados ou
subvencionados pelo Poder Público;

d) INCORRETA. É vedada a nomeação para cargos do Ministério Público nos seis


meses que o antecedem o pleito e até a posse dos eleitos.

Segundo o art. 73, V, b, da Lei nº 9.504/1997 é possível a nomeação para cargos do


Ministério Público inclusive nos seis meses que o antecedem e até a posse dos eleitos

70
Santo Graal
Jurídico
Lei nº 9.504/1997, Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as
seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos
nos pleitos eleitorais:
V - nomear, contratar ou de qualquer forma admitir, demitir sem justa causa, suprimir
ou readaptar vantagens ou por outros meios dificultar ou impedir o exercício funcional
e, ainda, ex officio, remover, transferir ou exonerar servidor público, na circunscrição
do pleito, nos três meses que o antecedem e até a posse dos eleitos, sob pena de
nulidade de pleno direito, ressalvados:
b) a nomeação para cargos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos Tribunais ou
Conselhos de Contas e dos órgãos da Presidência da República;

e) INCORRETA. É permitido, nos três meses que antecedem o pleito, fazer


pronunciamento em cadeia de rádio e televisão, fora do horário eleitoral gratuito, salvo
quando, a critério da Justiça Eleitoral, tratar-se de matéria urgente, relevante e
característica das funções de governo.

É vedado, conforme art. 73, VI, c, da Lei nº 9.504/1997.

Lei nº 9.504/1997, Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as
seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos
nos pleitos eleitorais:
c) fazer pronunciamento em cadeia de rádio e televisão, fora do horário eleitoral
gratuito, salvo quando, a critério da Justiça Eleitoral, tratar-se de matéria urgente,
relevante e característica das funções de governo;

44 | A respeito da propaganda eleitoral, assinale a alternativa CORRETA:

- RESPOSTA: Alternativa E

Comentários

a) INCORRETA. É permitida a propaganda eleitoral na internet após as convenções


partidárias.

É permitida a propaganda eleitoral na internet após o dia 15 de agosto do ano da


eleição (art. 57-A, da Lei nº 9.504/1997).

Lei nº 9.504/1997, Art. 57-A. É permitida a propaganda eleitoral na internet, nos


termos desta Lei, após o dia 15 de agosto do ano da eleição

b) INCORRETA. É expressamente vedada a veiculação de propaganda eleitoral nas


dependências do Poder Legislativo.

Lei nº 9.504/1997, nas dependências do Poder Legislativo, a veiculação de propaganda


eleitoral fica a critério da Mesa Diretora (art. 37, § 3º da Lei nº 9.504/1997).
71
Santo Graal
Jurídico
Lei nº 9.504/1997, Art. 37. § 3º Nas dependências do Poder Legislativo, a veiculação de
propaganda eleitoral fica a critério da Mesa Diretora.

c) INCORRETA. Bens de uso comum, para fins de propaganda eleitoral, são aqueles
definidos como tal pelo Código Civil e aos quais a população em geral tem acesso
gratuito, ainda que de propriedade privada.

Não há exigência de que seja gratuito o acesso.

Ademais, de fato, bens de uso comum, para fins eleitorais, são os assim definidos pela
Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil e, também, aqueles a que a
população em geral tem acesso, tais como cinemas, clubes, lojas, centros comerciais,
templos, ginásios, estádios, ainda que de propriedade privada, consoante previsão do
art. 37, §4º da Lei nº 9.504/1997.

Lei nº 9.504/1997, Art. 37. § 4º. Bens de uso comum, para fins eleitorais, são os assim
definidos pela Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil e também aqueles
a que a população em geral tem acesso, tais como cinemas, clubes, lojas, centros
comerciais, templos, ginásios, estádios, ainda que de propriedade privada.

d) INCORRETA. A veiculação de propaganda eleitoral em bens particulares deve ser


espontânea, podendo ser remunerada a utilização de espaço para esta finalidade.

A veiculação de propaganda eleitoral em bens particulares deve ser espontânea e


gratuita, sendo vedado qualquer tipo de pagamento em troca de espaço para esta
finalidade, conforme art. 37, § 8º da Lei nº 9.504/1997.

Lei nº 9.504/1997, Art. 37. § 8o A veiculação de propaganda eleitoral em bens


particulares deve ser espontânea e gratuita, sendo vedado qualquer tipo de
pagamento em troca de espaço para esta finalidade.

e) CORRETA. É vedada a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleitoral paga na


internet, excetuado o impulsionamento de conteúdos, desde que identificado de forma
inequívoca como tal e contratado exclusivamente por partidos, coligações e
candidatos e seus representantes.

Lei nº 9.504/1997, Art. 57-C. É vedada a veiculação de qualquer tipo de propaganda


eleitoral paga na internet, excetuado o impulsionamento de conteúdos, desde que
identificado de forma inequívoca como tal e contratado exclusivamente por partidos,
coligações e candidatos e seus representantes.

Conforme se infere, a regra é a proibição de propaganda eleitoral paga na internet.


Admite-se, excepcionalmente, o impulsionamento de conteúdos, desde que seja claro
o impulsionamento e que seja contratado por partidos, coligações e candidatos e seus
representantes.

72
Santo Graal
Jurídico
45 | Durante palestra proferida no âmbito da Justiça Eleitoral, José,
Promotor de Justiça Eleitoral na Comarca X, explicitou as condutas que
são vedadas no dia das eleições. É possível afirmar que NÃO se trata de
uma conduta apresentada por José nessa palestra a respeito das
condutas vedadas no dia das eleições:

- RESPOSTA: Alternativa E

Comentários

a) INCORRETA. o uso, pelos mesários, de vestuário ou objeto que contenha


propaganda de partido político, de coligação ou de candidato.

A questão busca a alternativa que apresenta conduta não vedada no dia das eleições,
isto é, que seja permitida. A alternativa em comento apresenta conduta vedada, pelo
que se encontra incorreta.

No recinto das seções eleitorais e juntas apuradoras, é proibido aos servidores da


Justiça Eleitoral, aos mesários e aos escrutinadores o uso de vestuário ou objeto que
contenha qualquer propaganda de partido político, de coligação ou de candidato.
Vejamos o que dia o art. 39-A, § 2º, da Lei nº 9.504/1997:
Lei nº 9.504/1997, Art. 39-A. É permitida, no dia das eleições, a manifestação
individual e silenciosa da preferência do eleitor por partido político, coligação ou
candidato, revelada exclusivamente pelo uso de bandeiras, broches, dísticos e
adesivos.
§ 2º No recinto das seções eleitorais e juntas apuradoras, é proibido aos servidores da
Justiça Eleitoral, aos mesários e aos escrutinadores o uso de vestuário ou objeto que
contenha qualquer propaganda de partido político, de coligação ou de candidato.

b) INCORRETA. a divulgação de qualquer espécie de propaganda de partidos políticos


ou de seus candidatos.

Trata-se de conduta criminosa e, portanto, vedada no dia da eleição, conforme o art.


39, § 5º, inciso III, da Lei nº 9.504/1997:
Lei nº 9.504/1997, Art. 39. § 5º Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com
detenção, de seis meses a um ano, com a alternativa de prestação de serviços à
comunidade pelo mesmo período, e multa no valor de cinco mil a quinze mil UFIR: III - a
divulgação de qualquer espécie de propaganda de partidos políticos ou de seus
candidatos.

c) INCORRETA. o uso de alto-falantes e amplificadores de som ou a promoção de


comício ou carreata.

O uso de alto-falantes e amplificadores de som ou a promoção de comício ou carreata,


no dia do pleito, constitui crime. Vide Art. 39, § 5º, I, da Lei nº 9.504/1997:
73
Santo Graal
Jurídico
Lei nº 9.504/97, Art. 39. A realização de qualquer ato de propaganda partidária ou
eleitoral, em recinto aberto ou fechado, não depende de licença da polícia.

§ 5º Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção, de seis meses a um


ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e
multa no valor de cinco mil a quinze mil UFIR: I - o uso de alto-falantes e
amplificadores de som ou a promoção de comício ou carreata;

d) INCORRETA. a publicação de novos conteúdos ou o impulsionamento de conteúdos


nas aplicações de internet.

A lei pune como crime a publicação, no dia da eleição, de novos conteúdos ou o


impulsionamento de conteúdos nas aplicações de internet, podendo ser mantidos em
funcionamento as aplicações e os conteúdos publicados anteriormente.

Vejamos o art. 39, § 5º, IV, da Lei nº 9.504/1997:


Lei nº 9.504/97, Art. 39. A realização de qualquer ato de propaganda partidária ou
eleitoral, em recinto aberto ou fechado, não depende de licença da polícia.
§ 5º. Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção, de seis meses a um
ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e
multa no valor de cinco mil a quinze mil UFIR:
IV - a publicação de novos conteúdos ou o impulsionamento de conteúdos nas
aplicações de internet de que trata o art. 57-B desta Lei, podendo ser mantidos em
funcionamento as aplicações e os conteúdos publicados anteriormente.

e) CORRETA. a manifestação individual e silenciosa da preferência do eleitor por


partido político, coligação ou candidato, revelada exclusivamente pelo uso de
bandeiras, broches, dísticos e adesivos.

Trata-se de conduta permitida e, portanto, é o gabarito da questão.

Em conformidade com o art. 39-A, §3º, da Lei nº 9.504/1997:


Lei nº 9.504/97, Art. 39-A. É permitida, no dia das eleições, a manifestação individual
e silenciosa da preferência do eleitor por partido político, coligação ou candidato,
revelada exclusivamente pelo uso de bandeiras, broches, dísticos e adesivos.

46 | A respeito das atribuições do Ministério Público Eleitoral, assinale


a alternativa INCORRETA.

- RESPOSTA: Alternativa C

Comentários
74
Santo Graal
Jurídico
a) CORRETA. O prazo para o MP interpor e arrazoar recurso contra a expedição de
diploma é de três dias.

CE, Art. 258. Sempre que a lei não fixar prazo especial, o recurso deverá ser interposto
em três dias da publicação do ato, resolução ou despacho.

Art. 276. As decisões dos Tribunais Regionais são terminativas, salvo os casos
seguintes em que cabe recurso para o Tribunal Superior:
I - especial:
a) quando forem proferidas contra expressa disposição de lei;
b) quando ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais
eleitorais.
II - ordinário:
a) quando versarem sobre expedição de diplomas nas eleições federais e estaduais;
b) quando denegarem habeas corpus ou mandado de segurança.
§ 1º É de 3 (três) dias o prazo para a interposição do recurso, contado da publicação da
decisão nos casos dos nº I, letras a e b e II, letra b e da sessão da diplomação no caso
do nº II, letra a.
§ 2º Sempre que o Tribunal Regional determinar a realização de novas eleições, o prazo
para a interposição dos recursos, no caso do nº II, a, contar-se-á da sessão em que,
feita a apuração das sessões renovadas, for proclamado o resultado das eleições
suplementares.

b) CORRETA. As funções eleitorais do Ministério Público Federal perante os Juízes e


Juntas Eleitorais serão exercidas pelo Promotor Eleitoral.

A atribuição para atuar perante a Junta Eleitoral, no caso, é do Promotor Eleitoral, nos
termos do artigo 78 da Lei Complementar 75/93:
Lei Complementar 75/93, Art. 78. As funções eleitorais do Ministério Público Federal
perante os Juízes e Juntas Eleitorais serão exercidas pelo Promotor Eleitoral.

c) INCORRETA. O Procurador Regional Eleitoral, juntamente com o seu substituto,


será designado pelo Procurador-Geral Eleitoral, dentre os Procuradores Regionais da
República no Estado e no Distrito Federal, ou, onde não houver, dentre os Procuradores
da República vitalícios, para um mandato de três anos.

O mandato será de 2 anos.

Lei Complementar 75/93, Art. 76. O Procurador Regional Eleitoral, juntamente com o
seu substituto, será designado pelo Procurador-Geral Eleitoral, dentre os
Procuradores Regionais da República no Estado e no Distrito Federal, ou, onde não
houver, dentre os Procuradores da República vitalícios, para um mandato de dois anos.

d) CORRETA. O Procurador-Geral Eleitoral é o Procurador-Geral da República.

75
Santo Graal
Jurídico
Lei Complementar 75/93, Art. 73. O Procurador-Geral Eleitoral é o Procurador-Geral
da República.

e) CORRETA. O Promotor Eleitoral será o membro do Ministério Público local que


oficie junto ao Juízo incumbido do serviço eleitoral de cada Zona.

LC 75/93, Art. 79. O Promotor Eleitoral será o membro do Ministério Público local que
oficie junto ao Juízo incumbido do serviço eleitoral de cada Zona.
Parágrafo único. Na inexistência de Promotor que oficie perante a Zona Eleitoral, ou
havendo impedimento ou recusa justificada, o Chefe do Ministério Público local
indicará ao Procurador Regional Eleitoral o substituto a ser designado.

47 | São inelegíveis:

- RESPOSTA: Alternativa B

Comentários

a) INCORRETA. Os que forem demitidos do serviço público em decorrência de


processo administrativo ou judicial, pelo prazo de 8 (oito) anos, contado da decisão,
ainda que o ato houver sido suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário.

São inelegíveis os que forem demitidos do serviço público em decorrência de processo


administrativo ou judicial, pelo prazo de 8 (oito) anos, contado da decisão, salvo se o
ato houver sido suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário, consoante disposto no art.
1º, I, alínea o da LC nº 64/1990:

Art. 1º São inelegíveis:


I - para qualquer cargo:
o) os que forem demitidos do serviço público em decorrência de processo
administrativo ou judicial, pelo prazo de 8 (oito) anos, contado da decisão, salvo se o
ato houver sido suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário;

b) CORRETA. Os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos, em decisão


transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, por ato doloso de
improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento
ilícito, desde a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo de 8
(oito) anos após o cumprimento da pena.

Conforme o Art. 1º, I, alínea l da LC nº 64/1990:


Art. 1º São inelegíveis: I - para qualquer cargo:
76
Santo Graal
Jurídico
l) os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos, em decisão transitada
em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade
administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, desde
a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após
o cumprimento da pena;
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, lesão ao patrimônio e enriquecimento ilícito são
requisitos cumulativos. Para atrair a inelegibilidade prevista nesta alínea, o ato
ímprobo deve ter implicado em lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito.
Vejamos:
ELEIÇÕES 2016. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO
CONTRA EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA. PREFEITO. INELEGIBILIDADE
SUPERVENIENTE. ART. 1º, I, "l", DA LC nº 64/1990. CONDENAÇÃO COLEGIADA
POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. SUSPENSÃO DOS DIREITOS
POLÍTICOS. DANO AO ERÁRIO. ENRIQUECIMENTO ILÍCITO NÃO CONFIGURADO.
INELEGIBILIDADE NÃO CARACTERIZADA. VEDAÇÃO À PRESUNÇÃO. NÃO
INCIDÊNCIA DA CAUSA DE INELEGIBILIDADE DO ART. 1º, I, "l", DA LC nº 64/1990.
MANUTENÇÃO DA DECISÃO. AGRAVO DESPROVIDO. 1. A inelegibilidade prevista
no art. 1º, I, l, da LC nº 64/1990 exige para sua configuração a presença dos
seguintes requisitos: condenação à suspensão dos direitos políticos; decisão
transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado; ato doloso de
improbidade administrativa; o ato tenha ensejado, de forma cumulativa, lesão ao
patrimônio público e enriquecimento ilícito. 2. É lícito à Justiça Eleitoral aferir, a
partir da fundamentação do acórdão proferido pela Justiça Comum, a existência -
ou não - dos requisitos exigidos para a caracterização da causa de inelegibilidade
preconizada no art. 1º, I, l, da LC nº 64/1990. 3. Nada obstante, ainda que seja
possível a análise do arcabouço fático, é vedado à Justiça Eleitoral o rejulgamento
ou a alteração das premissas adotadas pela Justiça Comum, a teor da Súmula nº 41
do TSE, segundo a qual "não cabe à Justiça Eleitoral decidir sobre o acerto ou
desacerto das decisões proferidas por outros Órgãos do Judiciário ou dos Tribunais
de Contas que configurem causa de inelegibilidade". 4. No caso em exame, não é
possível extrair do acórdão condenatório proferido em ação de improbidade
administrativa o enriquecimento ilícito do agente público ou de terceiro, à míngua
de elementos que denotem acréscimo patrimonial. 5. Os argumentos expostos pela
agravante não são suficientes para afastar a conclusão da decisão agravada,
devendo, portanto, ser mantida. (AI - Agravo Regimental em Agravo de
Instrumento nº 41102 - ORIZÂNIA – MG; Acórdão de 05/12/2019, Relator(a) Min.
Edson Fachin).

c) INCORRETA. Os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou


funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso ou
culposo de improbidade administrativa.

São inelegíveis os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções
públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de
improbidade administrativa (art. 1º, I, alínea g da LC nº 64/1990).

77
Santo Graal
Jurídico
Art. 1º São inelegíveis: I - para qualquer cargo:
g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas
rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade
administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver
sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos
8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto
no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem
exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição;

d) INCORRETA. Os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou


proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, por captação ilícita de sufrágio ou
por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas eleitorais que impliquem
multa ou cassação do registro ou do diploma, pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da
eleição.

Apenas a condenação por captação ilícita de sufrágio ou por conduta vedada aos
agentes públicos em campanhas eleitorais que impliquem cassação do registro ou do
diploma gera inelegibilidade (art. 1º, I, alínea j, da LC nº 64/1990).
Art. 1º São inelegíveis: I - para qualquer cargo:
j) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão
colegiado da Justiça Eleitoral, por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio,
por doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha ou por conduta
vedada aos agentes públicos em campanhas eleitorais que impliquem cassação do
registro ou do diploma, pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição;

e) INCORRETA. Os que forem excluídos do exercício da profissão, desde que por


decisão judicial, em decorrência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8 (oito)
anos.

São inelegíveis os que forem excluídos do exercício da profissão, por decisão


sancionatória do órgão profissional competente, em decorrência de infração ético-
profissional, pelo prazo de 8 (oito) anos, salvo se o ato houver sido anulado ou
suspenso pelo Poder Judiciário (art. 1º, I, alínea m da LC nº 64/1990).

Art. 1º São inelegíveis: I - para qualquer cargo:


m) os que forem excluídos do exercício da profissão, por decisão sancionatória do
órgão profissional competente, em decorrência de infração ético-profissional, pelo
prazo de 8 (oito) anos, salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso pelo Poder
Judiciário;

48 | A respeito da organização judiciária eleitoral, assinale a opção


INCORRETA:

- RESPOSTA: Alternativa D
78
Santo Graal
Jurídico

Comentários

a) CORRETA. A composição do TSE tem previsão de integrantes provenientes da


magistratura e da advocacia, mas não do Ministério Público.

Como dispõe art. 119 da CF/1988 e art. 16 do Código Eleitoral:


CF, Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete membros,
escolhidos:
I - mediante eleição, pelo voto secreto:
a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal;
b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça;
II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de
notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.
Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-
Presidente dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral
dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça.
CE, Art. 16. Compõe-se o Tribunal Superior Eleitoral:
I - mediante eleição, pelo voto secreto:
a) de três juízes, dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal; e
b) de dois juízes, dentre os membros do Tribunal Federal de Recursos;
II - por nomeação do Presidente da República, de dois entre seis advogados de notável
saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.
§ 1º Não podem fazer parte do Tribunal Superior Eleitoral cidadãos que tenham entre si
parentesco, ainda que por afinidade, até o quarto grau, seja o vínculo legítimo ou
ilegítimo, excluindo-se neste caso o que tiver sido escolhido por último.
§ 2º A nomeação de que trata o inciso II deste artigo não poderá recair em cidadão que
ocupe cargo público de que seja demissível ad nutum; que seja diretor, proprietário ou
sócio de empresa beneficiada com subvenção, privilégio, isenção ou favor em virtude
de contrato com a administração pública; ou que exerça mandato de caráter político,
federal, estadual ou municipal.

b) CORRETA. Da homologação da respectiva convenção partidária até a diplomação e


nos feitos decorrentes do processo eleitoral, não poderão servir como juízes nos
Tribunais Eleitorais, ou como juiz eleitoral, o cônjuge ou o parente consanguíneo ou
afim, até o segundo grau, de candidato a cargo eletivo registrado na circunscrição.

CE, Art. 14. § 3º Da homologação da respectiva convenção partidária até a diplomação


e nos feitos decorrentes do processo eleitoral, não poderão servir como juízes nos
Tribunais Eleitorais, ou como juiz eleitoral, o cônjuge ou o parente consanguíneo ou
afim, até o segundo grau, de candidato a cargo eletivo registrado na circunscrição.

c) CORRETA. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente


dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os
Ministros do Superior Tribunal de Justiça.

79
Santo Graal
Jurídico
CF, Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete membros,
escolhidos:
I - mediante eleição, pelo voto secreto:
a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal;
b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça;
II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de
notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.
Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-
Presidente dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral
dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça.

d) INCORRETA. Os membros dos tribunais, os juízes de direito e os integrantes das


juntas eleitorais, no exercício de suas funções, e no que lhes for aplicável, gozarão de
vitaliciedade e serão inamovíveis .

Não há vitaliciedade. Vejamos o que diz o art. 121, §1º, da CF/1988:

CF, Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos
tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais.
§ 1º Os membros dos tribunais, os juízes de direito e os integrantes das juntas
eleitorais, no exercício de suas funções, e no que lhes for aplicável, gozarão de plenas
garantias e serão inamovíveis.

e) CORRETA. Não podem fazer parte do Tribunal Superior Eleitoral cidadãos que
tenham entre si parentesco, ainda que por afinidade, até o quarto grau, excluindo-se
neste caso o que tiver sido escolhido por último.

De acordo com o art. 16, § 1º, do Código Eleitoral:

CE, Art. 16. § 1º Não podem fazer parte do Tribunal Superior Eleitoral cidadãos que
tenham entre si parentesco, ainda que por afinidade, até o quarto grau, seja o vínculo
legítimo ou ilegítimo, excluindo-se neste caso o que tiver sido escolhido por último.

49 | Em relação ao partido político, a (in) elegibilidade, a candidatura e


outros temas eleitorais correlatos, assinale a alternativa INCORRETA:

- RESPOSTA: Alternativa B

Comentários

80
Santo Graal
Jurídico
a) CORRETA. O partido político pode estabelecer, em seu estatuto, prazos de filiação
partidária superiores aos previstos em lei, no entanto, não podem ser alterados no ano
da eleição.

Conforme prescreve o art. 20, caput e parágrafo único, da Lei nº 9.096/1995.

Lei nº 9.096/1995, Art. 20. É facultado ao partido político estabelecer, em seu estatuto,
prazos de filiação partidária superiores aos previstos nesta Lei, com vistas a
candidatura a cargos eletivos.
Parágrafo único. Os prazos de filiação partidária, fixados no estatuto do partido, com
vistas a candidatura a cargos eletivos, não podem ser alterados no ano da eleição.

b) INCORRETA. Nos municípios de até cem mil eleitores, cada partido poderá registrar
candidatos no total de até 200% (duzentos por cento) do número de lugares a
preencher.

Segundo entendimento do TSE, o art. 10, inciso II da Lei nº 9.504/1997 não se aplica
aos partidos políticos:
[...] Extinção das coligações nas eleições proporcionais. Aplicação da exceção
prevista no inciso II do art. 10 da Lei nº 9.504/97 aos partidos políticos.
Impossibilidade. [...] 2. A Emenda Constitucional nº 97 de 2017 alterou a redação do
art. 17, § 1º, da Constituição Federal, proibindo a formação de coligações nas
eleições proporcionais a partir do pleito de 2020. 3. A redação do art. 10 da Lei nº
9.504/97 não foi alterada, mantendo a exceção do inciso II que previa a
possibilidade de registro de maior número de candidatos pelas coligações nos
municípios de até cem mil eleitores. 4. O legislador fez distinção entre as regras
aplicadas aos partidos políticos e às coligações, de forma que a exceção prevista
no inciso II deve ser interpretada de maneira restritiva. 5. A Resolução–TSE nº
23.609/2019, que dispõe sobre a escolha e o registro de candidatos para as
eleições, não fez nenhuma referência quanto à possibilidade de registrar mais
candidatos nos municípios com menos de cem mil eleitores. 6. Dessa forma, o
inciso II do art. 10 da Lei nº 9.504/97 não se aplica aos partidos políticos, de
forma que nos municípios de até cem mil eleitores as agremiações não poderão
registrar candidatos no total de até 200% do número de lugares a preencher. [...]”
(Ac. de 7.5.2020 na Consulta nº 060080531, rel. Min. Edson Fachin.)

c) CORRETA. É vedado o registro de candidatura avulsa, ainda que o requerente tenha


filiação partidária.

A filiação partidária é uma das condições de elegibilidade. De acordo com o art. 87 do


Código Eleitoral, só podem concorrer às eleições candidatos registrados por partidos:

Lei nº 9.504/1997, Art. 11. §14 É vedado o registro de candidatura avulsa, ainda que o
requerente tenha filiação partidária.

81
Santo Graal
Jurídico
CF, Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto
e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
§3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: V - a filiação partidária;

d) CORRETA. A idade mínima constitucionalmente estabelecida como condição de


elegibilidade é verificada tendo por referência a data da posse, salvo quando fixada
em dezoito anos, hipótese em que será aferida na data-limite para o pedido de registro.

Conforme dispõe o art. 11, §2º, da Lei n.º 9.504/1997:


Art. 11. §2º A idade mínima constitucionalmente estabelecida como condição de
elegibilidade é verificada tendo por referência a data da posse, salvo quando fixada
em dezoito anos, hipótese em que será aferida na data-limite para o pedido de registro.

e) CORRETA. As condições de elegibilidade e as causas de inelegibilidade devem ser


aferidas no momento da formalização do pedido de registro da candidatura,
ressalvadas as alterações, fáticas ou jurídicas, supervenientes ao registro que afastem
a inelegibilidade.

Lei nº 9.504/1997, Art. 11. §10 As condições de elegibilidade e as causas de


inelegibilidade devem ser aferidas no momento da formalização do pedido de registro
da candidatura, ressalvadas as alterações, fáticas ou jurídicas, supervenientes ao
registro que afastem a inelegibilidade.

50 | De acordo com a Lei nº 9.504/1997, que estabelece normas para


eleições, assinale a alternativa CORRETA:

- RESPOSTA: Alternativa C

Comentários

a) INCORRETA. Poderá participar das eleições o partido que, até 01 (um) ano antes do
pleito, tenha registrado seu estatuto no Tribunal Superior Eleitoral, conforme o
disposto em lei, e tenha, até a data da convenção, órgão de direção constituído na
circunscrição, de acordo com o respectivo estatuto.

O prazo é de até 06 meses, vejamos:

Lei nº 9.504/97, Art. 4º. Poderá participar das eleições o partido que, até seis meses
antes do pleito, tenha registrado seu estatuto no Tribunal Superior Eleitoral, conforme
o disposto em lei, e tenha, até a data da convenção, órgão de direção constituído na
circunscrição, de acordo com o respectivo estatuto. 82
Santo Graal
Jurídico
b) INCORRETA. É facultado aos partidos políticos, dentro da mesma circunscrição,
celebrar coligações para eleição proporcional ou majoritária.

As coligações só podem ser feitas para eleições majoritárias. Veja-se:


Lei nº 9.504/97, Art. 6º É facultado aos partidos políticos, dentro da mesma
circunscrição, celebrar coligações para eleição majoritária.

c) CORRETA. Os partidos e coligações solicitarão à Justiça Eleitoral o registro de seus


candidatos até as dezenove horas do dia 15 de agosto do ano em que se realizarem as
eleições.

É a literalidade do art. 11 da referida Lei.


Lei nº 9.504/97, Art. 11. Os partidos e coligações solicitarão à Justiça Eleitoral o
registro de seus candidatos até as dezenove horas do dia 15 de agosto do ano em que
se realizarem as eleições.

d) INCORRETA. O candidato poderá usar recursos próprios em sua campanha até o


total de 30% (trinta por cento) dos limites previstos para gastos de campanha no
cargo em que concorrer.

O candidato poderá usar recursos próprios em sua campanha até o total de 10% (dez
por cento) dos limites. Vejamos:

Lei nº 9.504/97, Art. 23. § 2º-A O candidato poderá usar recursos próprios em sua
campanha até o total de 10% (dez por cento) dos limites previstos para gastos de
campanha no cargo em que concorrer.

e) INCORRETA. Cada partido poderá registrar candidatos para a Câmara dos


Deputados, a Câmara Legislativa, as Assembleias Legislativas e as Câmaras
Municipais no total de até 50% (cinquenta por cento) do número de lugares a
preencher.

Por expressa previsão legal, é possível o total de até 100% (cem por cento) do número
de lugares a preencher mais 1 (um).

Lei nº 9.504/97, Art. 10. Cada partido poderá registrar candidatos para a Câmara dos
Deputados, a Câmara Legislativa, as Assembleias Legislativas e as Câmaras
Municipais no total de até 100% (cem por cento) do número de lugares a preencher
mais 1 (um).

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