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O CP, em seu art. 158, parágrafo 1º, contempla duas causas de aumento
de pena relativamente ao crime de extorsão:
1.1 Extorsão cometida por duas ou mais pessoas – art. 158, parágrafo 1º,
1ª parte, CP
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Para Araújo (2020, p. 439) “Haverá a incidência da majorante tanto na
hipótese de coautoria quanto na de participação. Deste modo, seu um dos
agentes for apenas partícipe, isto é, se induziu, instigou ou prestou auxílio à
conduta principal do autor, ambos responderão pelo crime de extorsão majorado
pelo concurso de pessoas”. Para o autor “o concurso de pessoas no crime de
extorsão também deve levar em consideração a existência de agentes
impuníveis e de pessoas não identificadas” (Araújo, 2020, p. 439).
Prado (2012), ao lecionar sobre a primeira hipótese de causa de aumento
de pena prevista no parágrafo 1º, do art. 158, do CP, acompanha o entendimento
de Araújo ao sustentar que
Ao contrário do que fez no roubo, em seu art. 157, § 2º, inciso II, o
Código Penal fala em crime “cometido por duas ou mais pessoas”, e
não em “concurso de duas ou mais pessoas”. É indispensável,
destarte, que todos os envolvidos na empreitada criminosa realizem
atos executórios da extorsão, mediante a utilização de violência à
pessoa ou grave ameaça. A lei impõe a coautoria, não se contentando
com a simples participação. Exemplificativamente, não incide a
majorante no caso em que uma pessoa constrange a vítima no interior
de uma agência bancária, enquanto seu comparsa a aguarda para fuga
com o dinheiro levantado.
1.2 Extorsão cometida com emprego de arma – art. 158, parágrafo 1º, 2ª
parte, CP
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TEMA 2 – DO CRIME DE EXTORSÃO – ART. 158, PARÁGRAFOS 2º E 3º, CP
– FORMA QUALIFICADA E “SEQUESTRO-RELÂMPAGO”
Nos termos do disposto no parágrafo 2º, desse art. 158 do CP, que faz
remissão ao contido no parágrafo 3º, do art. 157, do mesmo diploma legal,
considera-se qualificado o crime de extorsão quando, praticado mediante o
emprego de violência, resultar lesão corporal grave ou morte.
A lesão corporal grave se encontra prevista nos parágrafos 1º e 2º, do art.
129, do CP.
As qualificadoras somente se materializarão quando a extorsão for
praticada mediante violência, excluída sua incidência na hipótese de
cometimento do crime com emprego de grave ameaça.
A extorsão qualificada pela morte da vítima, após a edição da Lei n.
13.964/2019 – Pacote Anticrime – foi retirada do rol dos crimes hediondos, o que
materializou erro gravíssimo do legislador, tendo efeito retroativo, pois toda
evidência, trata-se de lei penal mais benéfica.
Portocarrero e Ferreira (2020, p. 409, grifos do original) explicam que
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2.1 Extorsão mediante restrição da liberdade da vítima – sequestro-
relâmpago – art. 158, parágrafo 3º, CP
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enquanto subtrai o seu patrimônio, ou seja, o ladrão se apodera do bem sem a
colaboração da vítima.
Na primeira figura delitiva a participação da vítima é relevante para o
sucesso da empreitada criminosa.
Porém, cabe alertar que nem toda a doutrina concorda com o parâmetro
adotado, a fim de diferenciar os crimes de roubo e extorsão cometidos mediante
restrição da liberdade da vítima.
Importante e diferente elemento a ser considerado é trazido por Batista
(1995, p. 301, grifo do original) para diferenciarmos roubo de extorsão nessa
condição. Vejamos.
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Em sua modalidade fundamental, o preceito penal secundário prevê pena
de reclusão de seis a 12 anos, cumulada com multa. Considerando as formas
qualificadas, pode-se afirmar que, se do ato decorrer lesão corporal grave, a
sanção tem elevado os seus patamares entre 16 a 24 anos de reclusão e
havendo a morte da vítima, a pena de reclusão variará de 24 a 30 anos.
Masson sustenta (2020, p. 429) que “O resultado agravador deve recair
sobre a pessoa sequestrada. De fato, se a lesão corporal grave ou morte for
suportada por outra pessoa que não a vítima da extorsão mediante restrição da
liberdade, haverá concurso material entre o crime definido pelo art. 158, § 3º, do
Código Penal e homicídio (doloso ou culposo) ou lesão corporal grave”.
Não importa se o resultado morte decorreu de culpa ou dolo do agente
criminoso, pois caracterizada estará a qualificadora.
Diversa é a situação na qual o resultado agravador é consequência de
fatores imprevisíveis e absolutamente alheios ao criminoso. Nas palavras de
Nucci (2021, p. 188-189, grifos do original):
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394-A, do Código de Processo Penal, in verbis: “Os processos que apurem a
prática de crimes hediondos terão prioridade de tramitação em todas as
instâncias”.
Noutro quadrante, Masson (2020, p. 433) também faz severa crítica à Lei
dos Crimes Hediondos, especificamente em face da extorsão mediante
sequestro
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É crime complexo, “pois resulta da junção de mais de um crime: extorsão
(art. 158, CP) e sequestro e cárcere privado (art. 148, CP)” (Araújo, 2020, p.
444).
Vejamos em que consiste o referido crime.
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de subtração de cadáver, previsto no art. 211, do CP, sendo os familiares do
morto vítimas da infração.
O tipo, quando da descrição da conduta delitiva, não faz alusão à prática
de violência ou grave ameaça por parte do criminoso relativamente ao ato de
sequestrar. Entende-se, de forma pacífica, que ambas elementares se
encontram implícitas, não demandando maiores questionamentos.
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Finalmente, caso o agente persiga uma vantagem devida, deverá
responder por crime de exercício arbitrário das próprias razões (art. 345, CP) em
concurso com sequestro (art. 148, CP).
A extorsão mediante sequestro se consuma com a privação da
liberdade da vítima, independentemente do recebimento, pelo agente, da
vantagem econômica indevida perseguida.
“A privação da liberdade da vítima há de ser mantida por tempo
juridicamente relevante, apto a demonstrar o propósito do agente de tolher sua
liberdade de locomoção” (Masson, 2020, p. 438, grifos do original).
Como a consumação ocorre quando a vítima é sequestrada, o foro
competente para apurar o fato é exatamente aquele em que se deu a captura,
conforme art. 70 do Código de Processo Penal.
O recebimento da vantagem econômica indevida almeja pelo delinquente
ingressa na fase de exaurimento da infração, tendo reflexo na dosimetria da
pena-base, conforme art. 59, CP.
Trata-se de crime formal, permanente e plurissubsistente, ou seja,
admite fracionamento do iter criminis, logo, possível a forma tentada.
Todas as modalidades da infração são apuráveis mediante a propositura
de ação penal de natureza pública incondicionada.
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5.1 Da extorsão mediante sequestro qualificada – art. 159, parágrafo 1º,
CP
O parágrafo 1º, desse art. 159, do CP, abarca três situações que
imprimem ao delito a forma qualificada: a) se o sequestro dura mais de 24h; b)
se a vítima é menor de 18 ou maior de 60 anos; e c) se o crime for cometido por
bando ou quadrilha.
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5.1.3 Se o crime for cometido por bando ou quadrilha
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REFERÊNCIAS
FRANCO, A. S.; LIRA, R.; FELIX, Y. Crimes hediondos. 7. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2011.
MASSON, C. Direito Penal – parte especial (arts. 121 a 212). 13. ed. v. 2. São
Paulo: Método, 2020.
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TELES, N. M. Direito Penal – parte especial, arts. 121 a 212. 2. ed. v. 2. São
Paulo: Atlas, 2006.
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