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Escusas Absolutórias nos Crimes Contra o Patrimônio

As escusas absolutórias, aplicadas no contexto dos crimes patrimoniais, são


consideradas causas excludentes da punibilidade, devido seu caráter pessoal,
estando prevista no art. 181. do Código Penal.
Complementando o supracitado, Damásio de Jesus (2020, p. 482), diz:

É necessário que o fato criminoso tenha causado prejuízo especificamente


às pessoas enumeradas no texto penal. Havendo prejuízo para terceiro,
subsistem o crime e a punibilidade. O privilégio só é aplicável aos delitos
contra o patrimônio. Assim, não se estende, por exemplo, ao peculato.
Suponha-se que o sujeito pratique peculato, apropriando-se de bem de
propriedade de seu ascendente (no crime do art. 312 do CP, o objeto
material pode ser público ou particular.

Cezar Roberto Bitencourt, em seu livro '' Tratado de Direito Penal'' conceitua
que tal privilégio não perde sua ilicitude, sendo puníveis, terceiros que dele
participarem. Ressaltando ainda que esta não exclui o crime, mas impede somente a
aplicação da pena às pessoas relacionada ao artigo tratado.

Primeira hipótese das escusas absolutórias: cônjuge, na constância da


sociedade conjugal.

Victor Eduardo Rios Gonçalves, explica que a isenção da pena decorre do


matrimônio, desde que o fato delituoso ocorra durante a constância da sociedade
conjugal, ou seja, antes de eventual separação judicial ou divórcio (2020, p. 152).
Seguindo ainda a explicação do autor, entende-se que a separação posterior
do ato não excluí o privilégio. E, se o delito ocorre antes da celebração deste, não
haverá qualquer imunidade ou extinção de punibilidade do agente (2020, p.153).
Por fim, Gonçalves destaca que o regime de bens do casamento não faz
qualquer diferença na aplicação desse instituto, concluindo ainda com a afirmação
de que o casamento e a união estável formam o companheirismo, sendo entidade
familiar, e podendo ser perfeitamente possível a aplicação da escusa absolutória
(2020, p. 153).
Segunda hipótese das escusas absolutórias: Ascendente ou descendente, seja
o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.

O inciso segundo, do art. 181, determina que o crime patrimonial praticado


contra ascendente ou descendente, de qualquer que seja o grau na linha reta,
poderá exercer o direito de escusa.
Victor Eduardo Rios Gonçalves (2020, p. 153), em poucas palavras descreve:

[...] o inciso II determina a aplicação da escusa absolutória quando o crime é


praticado contra ascendente ou descendente, qualquer que seja o grau na
linha reta (contra pai, avô, bisavô, filho, bisneto, etc.). O esclarecimento feito
pela lei, no sentido de que a imunidade abrange o parentesco legítimo ou
ilegítimo, natural ou civil, atualmente seria dispensável, em face de a
Constituição Federal vedar qualquer distinção em razão do estado de
filiação.
A imunidade, entretanto, não atinge o parentesco por afinidade (sogro,
sogra, genro ou nora).

Adiante, há uma observação interessante envolto ao tema estudado e o crime


de receptação, na qual, Damásio de Jesus (2020, p. 477) expõe que mesmo que um
filho, por exemplo, subtraia bens do pai e os venda a terceiro, de má fé, e este se
isente de pena, o crime de receptação ainda existirá, já que ''para a existência da
receptação não é necessária sentença condenatória quanto ao delito anterior''.
Tendo em vista os aspectos observados, fica claro que o privilégio de escusas
absolutórias deve ser observado com atenção para a aplicação nos casos adversos,
visto o detalhamento do tema, sendo assim, é necessário o aprofundamento do
estudo, não bastando a previsão no código penal.

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