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(Atenção no Endereçamento)
Processo nº XXXXXXXXXXXXXXXX
Passamos a exibir o comentá rio doutriná rio da obra Princípios Bá sicos do Direito Penal, de
Francisco de Assis Toledo:
“...na coação moral, o coagido tem suas possibilidades de opção bastante restringidas pelo temor de sofrer
algum mal, não obstante age ou omite, impelido pelo medo, valendo-se de suas próprias forças. Se essa forma
de coação, ou seja, a vis compulsiva, for igualmente irresistível à vis absoluta, exclui-se a culpabilidade do coagido,
por não lhe ser exigida, nas circunstâncias, conduta diversa que realizou.”
Posta assim a questã o, é de se dizer que uma vez presentes os requisitos objetivos e
subjetivos que configuram o Princípio da Insignificâ ncia, nã o prospera alegar que o
passado do agente interfere em sua aplicaçã o. Convém ponderar que o seu passado, seja
primá rio ou nã o, em nada influenciam na análise do fato em tela, visto que estes
elementos nã o interferem na verificaçã o se existe ou nã o tipicidade material na conduta.
II.3 DESCLASSIFICAÇÃO PARA ESTELIONATO PRIVILEGIADO – Artigo 171, § 1º do
Código Penal
Deve ser analisado que no caso em tela, pelos bons antecedentes do réu, até mesmo pelo
fato de ser um entendimento do STJ e STF que nã o deve ser levado em conta os
antecedentes para a aplicaçã o do princípio da insignificâ ncia, como também, o lucro
auferido pelo réu foi menor que 1 (um) salá rio mínimo. Este juízo tem o poderá aplicar o
disposto no o disposto no artigo 155 § 2 CP. É a forma do estelionato privilegiado, previsto
no § 1 do artigo 171, in verbis:
“Art. 171, § 1º — Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o
disposto no art. 155, § 2º.”
É necessá rio, desta forma, levar em conta que o prejuízo causado à vítima no momento da
consumaçã o do delito, é de valor ínfimo comparado ao potencial econô mico da ofendida,
devendo assim, caracterizar o crime de estelionato privilegiado.
Caso Vossa Excelência nã o vislumbre a atipicidade material ou mesmo a atipicidade formal
apresentadas, requer que, diante pelo exposto, e caso seja comprovada a primariedade do
Acusado, seja aplicado o privilégio previsto no § 2º, do artigo 155 do Có digo Penal, segundo
o qual:
“se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir
a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar
somente a pena de multa”.
Segundo Celso Dalmato “atualmente, sã o dois os principais critérios usados na aferiçã o do
‘pequeno valor’: a) Refere-se ao prejuízo. b) É relativo ao valor da coisa e nã o ao prejuízo.
Quanto à quantidade que se considera como ‘pequeno valor’, tem-se em vista,
geralmente, valor igual ou inferior ao salário mínimo...”.
Da analise detida em audiência, restou comprovado que o lucro auferido pelo réu é menor
que o salá rio mínimo, fazendo jus a desclassificaçã o para o estelionato privilegiado
II.4 DA SUBSIDIARIEDADE
a) Da atenuante da confissão
Faz mister elucidar que o Acusado, de forma espontâ nea, confessou a pratica do delito,
fazendo jus, desta feita, em caso de condenaçã o, à atenuante da confissã o espontâ nea. Com
supedâ neo na doutrina do saudoso professor Guilherme de Souza Nucci, temos que:
"Confessar, no âmbito do processo penal, é admitir contra si por quem seja suspeito ou acusado de um crime,
tendo pleno discernimento, voluntária, expressa e pessoalmente, diante da autoridade competente, em ato solene
e público, reduzido a termo, a prática de algum fato criminoso" (cf. Guilherme de Souza Nucci, O valor da confissão
como meio de prova no processo penal, p. 76).
Importante observar que o Acusado nã o está obrigado a responder as perguntas feitas pelo
magistrado, tendo este o direito de permanecer em silêncio. Conclui-se, pois, estar a
confissã o espontâ nea compreendida como ato íntimo do penalmente processado,
refletindo assim característica do seu comportamento, e, por conseguinte, atributo pró prio
de sua personalidade, devendo ser devidamente valorada.
Nã o obstante o cará ter íntimo, indiscutivelmente presente no ato da confissã o, observando
que nossa lex pá tria nã o se preocupa com supramencionada situaçã o, restringindo sua
aplicaçã o ao cará ter prá tico-objetivo. É o que se depreende do art. 65, III, alínea d, do
Có digo Penal, o qual preceitua que a confissã o espontâ nea sempre atenuará a pena,
possuindo cará ter meramente objetivo, posto que a lei, nã o limitou sua aplicaçã o com a
imposiçã o de critérios subjetivos ou fá ticos.
Ao ser interrogado, o réu confessou ter utilizado documentos falsos para abrir conta junta a
CEF. Logo, incide a atenuante da confissã o espontâ nea, prevista no artigo 65, inciso III,
alínea d, do Có digo Penal.
b) Do regime carcerário aberto
O crime previsto tem pena má xima de 5 anos. Logo, levando em circunstâ ncia as
atenuantes apontadas e se tratando de crime sem violência ou grave ameaça, este MM.
Juízo deverá fixar o regime carcerá rio aberto, nos termos do artigo 33, Pará grafo 2º, alínea
c, do Có digo Penal.
Afinal, as circunstâ ncias judiciais e fá ticas atuais sã o favorá veis, tendo em vista que o réu
nã o vem se dedicando a atividade criminal, pelo contrá rio, o réu está empregado,
trabalhando, com residência fixa, e ainda, é responsável pela renda familiar de toda sua
família, sendo sua esposa e outros 6 (seis) filhos.
Nã o há ó bice, portanto, de fixaçã o da pena no mínimo legal, a qual poderá ser cumprida em
regime inicialmente aberto (art. 33, § 2º, alínea c, do CP, permitindo, assim, que o acusado
recorra em liberdade).
c) Da substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos
Além disso, considerando que o crime de estelionato se trata de delito praticado sem
violência ou grave ameaça, cabe, no caso, a substituiçã o da pena privativa de liberdade
em restritiva de direitos, nos termos do artigo 44 do Có digo Penal, in verbis:
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:
I - aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou
grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; (Redação dada pela Lei nº
9.714, de 1998)
II - o réu não for reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
III - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e
as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
Em depoimento prestado pela testemunha XXXXXXXX, que conhece o réu a muitos anos,
desde a sua vinda para o município de XXXXXXXX, ficou comprovado que o réu vem
levando sua vida normalmente, nã o se dedicando a atividade criminosa, trabalhando e
sustentando a sua família. Ficou claramente demonstrado no interrogató rio do réu, o seu
arrependimento pelo ato praticado, o réu colaborou com a polícia, colaborou esclarecendo
fatos junto aos autos, assumiu espontaneamente a culpa e nã o se ocultou da justiça. Nã o há
dú vidas do bom comportamento do réu Excelência, sendo assim, a medida mais justa,
seria substituir a pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos.
III. DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer-se a Vossa Excelência:
1. A ABSOLVIÇÃO do Réu devido a COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL que o mesmo sofreu
por pelo corréu XXXXXXX, com base no artigo 386, inciso VI, do Có digo de Processo Penal;
2. A ABSOLVIÇÃO do réu com a aplicaçã o do PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA, com
fundamento no art. 386, inciso III do Có digo de Processo Penal e, nã o sendo esse o
entendimento de V.Exª, requer;
3. A DESCLASSIFICAÇÃO do crime do artigo 171, § 3º, c.c art. 29, do Có digo Penal para o
Estelionato Privilegiado previsto no artigo 171, § 1º do Có digo Penal pelas circunstâ ncias
expostas no item II.3;
4. Que seja reconhecida a ATENUANTE DA CONFISSÃO pelo fato de o réu ter assumido a
responsabilidade pelo ato cometido, com base no artigo 65, inciso III, alínea d, do Có digo
Penal;
5. Se a coaçã o for considerada resistível, que seja reconhecida a ATENUANTE DA COAÇÃO
MORAL RESISTÍVEL, com base no art. 65, III, c, do Có digo Penal;
6. Em caso de condenaçã o, que o REGIME CARCERÁRIO seja o ABERTO, pelo fato de o réu
preencher os pré-requisitos previstos no artigo 33, § 2º, alínea c, do Có digo Penal, ou;
7. Por preencher os requisitos necessá rios, que o réu tenha a substituição da pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos, com base no artigo 44 do Có digo Penal.
Por derradeiro, rende-se a homenagem devida ao Ilustre Magistrado, ao Douto
Representante do Parquet e a todos que, direta ou indiretamente, prestam seus serviços
nesta casa de justiça, objetivando, oferecer a cada um o que é seu, em nome da carta de
alforria desejada para a Ordem e Paz Social.
Nestes termos,
Pede e aguarda deferimento.
Jundiaí, XX de Janeiro de 2021.
(assinatura eletrônica)