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Índice
Introdução Pág. 6
Penas Pág. 11
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Consequências Jurídicas do Crime
Maria Reis Santos
CP Código Penal.
Art(s). Artigo(s).
Ss. Seguintes.
N.º Número(s).
Pp(s) Princípio(s).
Al(s). Alínea(s).
DP Direito Penal.
MP Ministério Público.
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Introdução
Direito Penal – É um conjunto de normas que têm como objetivo ligar a) comportamentos
a b) sanções/consequências.
NOTA: Para que possamos falar em crime temos de ter um facto desvalioso típico, ilícito
e culposo. No caso da imputabilidade, o agente atua sem culpa, pelo que nunca poderemos
falar de crime e, consequentemente, não se poderá aplicar uma pena, mas uma medida de
segurança.
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Caraterísticas
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Pp da legalidade (art. 29.º CRP) – Não existem crimes nem sanções criminais sem uma
lei prévia, escrita, estrita, certa e determinada.
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a segunda, se esta for suficiente para conferir as necessidades preventivas gerais no caso
concreto (arts. 70.º penas, 40.º/1 e 98.º medidas de segurança CP decorrem dos arts. 18.º e
27.º CRP proibição do excesso, ou seja, a privação da liberdade só deve ocorrer se outras
medidas se mostrarem insuficientes).
• Responsabilidade de uma pessoa coletiva – O art. 11.º/2 CP exige que tenha sido
cometido um crime aí enunciado.
• Art. 11.º/9 CP O que está a ser transmitido não é uma responsabilidade penal, mas
civil – Trata-se de um pagamento de uma multa que a pessoa coletiva era
responsável. A doutrina maioritária defende que a norma é inconstitucional se a
pessoa coletiva não tem património para pagar a multa, pelo que a responsabilidade
criminal se deve extinguir.
• Crimes de favorecimento pessoal (art. 367.º/2 CP) – Incorre num crime quem ajudar
alguém a cumprir uma pena/multa.
Pp de não automaticidade dos efeitos das penas (arts. 30.º/4 CRP e 65.º/1 CP) – A
aplicação de uma pena não pode ter como consequência automática e imediata a perda de
direitos civis, políticos, laborais, etc. (Ex.: Art. 69.º/al. b) CP Alguém que pratica um
crime sexual e exerce funções que envolve o contacto regular com menores, o agente
passa a estar proibido de realizar essa profissão). Tem de ser ponderado no caso concreto
e perceber se faz sentido ou não proibir a pessoa de exercer determinada função. De
salientar que o art. 69.º/2 CP leva à aplicação de uma pena acessória quase automática,
devendo a sua aplicação ser ponderada pelo juiz, caso contrário será inconstitucional (art.
30.º/4 CP).
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Pp vitimológico (não é um pp de política criminal, mas tem vindo a ter um entendimento forte)
– Traduz-se na necessidade de conferir maior importância à vítima no processo penal e
no próprio DP. Habitualmente, a vítima é deixada de lado quando estamos a aplicar o DP,
este implica uma relação de ius puniendi entre o Estado e o indivíduo. Nesta lógica, a
vítima é, em pp, deixada de fora. No entanto, em Portugal, a vítima tem ganho
importância através do estatuto da vítima que veio alterar o CP (vítima + assistente). Para
além disso, este pp vem introduzir a vítima, tornando-a relevante em vários aspetos:
Direito Penitenciário
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Penas
Tipos de Penas
• Pessoa singular:
o Pena de prisão (art. 41.º CP e lei 115/2009) – Duração mínima de 1 mês e
máxima de 20 anos e, excecionalmente, 25.
o Pena de multa (art. 47.º CP) – É fixada em dias, sendo o limite mínimo de
10 e o máximo de 370 dias e o valor pode ir de 5 a 500€ por dia.
• Pessoa coletiva:
o Pena de multa (distingue-se das anteriores) – Art. 90.º-A/1 CP.
o Pena de dissolução (art. 90.º-A/1 CP).
Substitutivas – Penas aplicadas no lugar das penas principais (Ex.: Art. 45.º CP). A pena
de multa tanto pode ser pena principal como substitutiva.
Nos nossos dias, as penas têm por objeto a liberdade ou o património da pessoa.
Antigamente, tínhamos, também, a vida e o próprio corpo da pessoa (Ex.: Pena de morte;
chicotadas; apedrejamento).
• Há um tipo legal de crime que prevê uma moldura que atinja esse limite máximo
(Ex.: Art. 132.º CP; crime de terrorismo).
• Situação de concurso de crimes (art. 30.º CP) – A soma das penas parcelares pode
atingir esse limite máximo (art. 77.º CP): Ex.: Agente que comete 3 crimes de
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homicídio simples, se o juiz aplicar uma pena de 10 anos em cada um, o limite
mínimo será 10 e o máximo 25 (porque não pode ultrapassar os 25 anos).
• Penas relativamente indeterminadas (art. 83.º e ss. CP) – Natureza híbrida/mista
por se tratar de uma pena e uma medida de segurança porque depende da culpa e
da perigosidade do agente. Pode levar a que se atinja este limite máximo
(estabelece o travão dos 25 anos) – art. 83.º/2 CP. Também aparece na parte
especial do CP (art. 274.º CP).
• Nada obsta a que uma pessoa passe toda a sua vida (adulta) num estabelecimento
prisional. Este limite é imposto a uma pena (crime singular ou em concurso de
crimes), mas se dentro da prisão o agente pratica outro(s) crime(s), pode passar o
resto da sua vida no estabelecimento prisional porque é iniciado um novo processo
penal, sendo aplicada outra pena distinta da primeira.
• Outra exceção em que poderá ser aplicado o limite máximo dos 25 anos é no caso
previsto no art. 132.º/1 CP.
• Para além dos 25 anos, existem outros limites máximos da pena de prisão.
Classificação das penas de prisão consoante a sua moldura:
o Curta duração – Não ultrapassam 1 ano. Há penas substitutivas que só são
aplicáveis em relação a penas de curta duração. Importância prática:
a) A substituição da prisão por uma pena de multa só pode ter lugar
quando a pena de prisão não ultrapasse 1 ano (art. 45.º/1 CP).
b) Dispensa de pena (art. 74.º CP) – Conceito unilateral de culpa: a pessoa
é culpada, mas pode não ser punida quando tem uma moldura que não
ultrapassa os 6 meses.
o Média duração – Não ultrapassam os 5 anos. Importância prática:
a) Referência ao nível das modalidades de execução da pena de prisão
(art. 50.º CP) – A suspensão de pena de prisão só é possível numa
medida não superior a 5 anos.
b) Regime de permanência de habitação só é aplicado numa pena não
superior a 2 anos (art. 43.º CP).
c) Prestação de trabalho a favor da comunidade só é possível quando o
agente é punido com uma pena de prisão não superior a 2 anos (art.
58.º CP).
o Longa duração – Superiores a 5 anos.
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Desvantagens
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Pena de Multa
Portugal foi pioneiro a adotar o modelo de dias de multa, de forma a evitar injustiças
relativas (arts. 47.º CP e 13.º CRP). Este não leva à previsão de uma quantia fixa no tipo
legal, mas assenta num número de dias aos quais vai estar associado um quantitativo
diário (modelo escandinavo).
Art. 143.º CP 2 penas principais: pena de prisão e multa; articulado com o art. 47.º
CP (determinação da pena de multa):
• Limite mínimo de 10 dias.
• Limite máximo de 360 dias. No entanto, há casos em que o limite máximo
pode ser, excecionalmente, superior.
Art. 47.º/2 CP quantitativo diário (quantia diária para cada dia de multa):
• Limite mínimo de 5€.
• Limite máximo de 500€.
É preciso, também, atender ao facto que nem toda a gente tem as mesmas
capacidades financeiras. A multa mínima será de 50€ (10 dias x 5€). A situação
económica e os encargos pessoais são os critérios determinantes na determinação do
quantitativo diário (arts. 70.º/1 e 40.º/1 CP opta-se entre pena de prisão e de multa). Neste
sentido, o juiz pode autorizar o pagamento dentro de um determinado prazo (que não
exceda 1 ano) ou determinar o pagamento em prestações (art. 47.º /3 CP). Podendo, ainda,
o condenado requerer o cumprimento da pena em dias de trabalho (art. 48.º CP). Para
além disso, pode-se converter os dias de multa em prisão subsidiária e de esta ficar
suspensa, caso se prove que o condenado não tem meios para pagar a multa (art. 49.º/3
CP).
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Tal como as penas privativas de liberdade, a multa não pode ser transmitida para
outras pessoas que não o próprio agente, sob pena de crime de favorecimento pessoal.
Furto qualificado (art. 204.º CP) – Pena de prisão de 5 anos ou pena de multa até 600
dias, ultrapassando o limite máximo de 360 dias.
O concurso de crimes pode ter lugar numa pena de prisão ou de multa (art. 77.º/2 CP
não pode ultrapassar os 900 dias). No caso das pessoas coletivas podemos ter limites
superiores:
Alguém que viola um menor no nome e interesse de uma pessoa coletiva, poderá a
pessoa coletiva ser condenada pela violação? Sim (art. 11.º/2 CP) – A constituição da
moldura sancionatória é feita a partir do art. 164.º CP (3-10 anos). Se a criança tiver 13
anos (art. 177.º/7 CP) leva à gradação em metade dos limites mínimos e máximos: 4 anos
e 6 meses até 15 anos (15 x 12 meses = 180 dias x 10 = 1 800 dias de multa.
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regra: o disposto nos números 2 e ss. do mesmo art. e os casos especialmente previstos
na lei. Desta forma, o primeiro passo reside em verificar se o tipo legal em causa consta
da lista taxativa de crimes constante no art. 11.º/2 CP. De seguida, é necessário que o
crime haja sido cometido em nome e no interesse coletivo por pessoas que nelas ocupem
uma posição de liderança ou por quem aja sob a autoridade das pessoas referidas, em
virtude de uma violação dos deveres de vigilância ou controlo que lhes incumbem (art.
11.º/2/als. a) e b) CP). Entende-se que ocupa uma posição de liderança os órgãos e
representantes da pessoa coletiva e quem nela tiver autoridade para exercer o controlo da
atividade (art. 11.º/4 CP).
Quanto às penas aplicáveis, é evidente que a pena de prisão não pode ser aplicável
às pessoas coletivas. Regime sancionatório: arts. 90.º-A e ss. CP. Tendo como penas
principais a pena de multa (art. 90.º-B CP) e de dissolução (art. 90.º-F CP), bem como
penas acessórias aí elencadas.
A pena de multa aplicável às pessoas coletivas tem como referência a pena de prisão
prevista para as pessoas singulares: cada mês de prisão corresponde a 10 dias de multa
(art. 90.º-B/2 CP). Quanto ao quantitativo diário: o limite mínimo será 100€ e o limite
máximo 10.000€ (art. 90.º-B/5 CP), sendo que o tribunal deve ter em consideração a
situação económica e financeira da pessoa coletiva e dos seus encargos com os
trabalhadores. Também aqui o tribunal pode autorizar o pagamento num prazo máximo
de 1 ano ou em prestações, a serem pagas na totalidade até 2 anos após a data do trânsito
em julgado (arts. 90.º-B/5 e 47.º/3 CP). Findo o prazo ou faltando o pagamento de uma
das prestações sem que o pagamento esteja efetuado, o património da pessoa coletiva é
executado (arts. 90.º-B/6 e 47.º/5 CP). Para além disso, as pessoas que ocupem uma
posição de liderança são subsidiariamente responsáveis pelo pagamento das multas a que
a pessoa coletiva for condenada (art. 11.º/9 CP).
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Desvantagens
• Produz efeitos mais gravosos naquelas pessoas que detém menos património.
Apesar disto, o nosso CP permite um certo ajuste tendo em conta o património da
pessoa em causa (art. 47.º/2 CP).
• Ao pagar uma multa, a pessoa fica com menos rendimento/património disponível.
• O pagamento de uma multa pode ter um efeito criminógeno (potenciador da
prática de novos crimes) – Ex.: A comete um crime de furto, porque não tem
rendimentos e depois tem de pagar uma multa, podendo recorrer ao furto
novamente.
• Terá menos eficácia preventiva, sobretudo se olharmos para a finalidade
preventiva negativa da pena (a pena de prisão será mais intimidante do que a pena
de multa).
• Sensibilidade da pena de multa a fenómenos de inflação – Possibilidade que um
montante da pena de multa tem de ser afetado por fenómenos inflacionistas. Desta
forma, diminui-se a eficácia preventiva (art. 47.º/2 consagra os valores mínimos
e máximos da pena de multa, mas remeter os valores para uma portaria facilitaria
a atualização de valores). No entanto, no espaço europeu, a inflação está
minimamente controlada.
Vantagens
• O cumprimento de uma pena de multa não leva à cessação dos laços familiares,
profissionais e sociais entre o condenado e a comunidade (não há qualquer quebra
de ligação).
• Maior flexibilidade no pagamento da pena de multa. Enquanto uma pena de prisão
não dá para ser cumprida às prestações, com a pena de multa isto é possível (art.
47.º/2 CP).
• Diminuição de casos de pena de prisão.
• Por um lado, a pessoa não vai para o estabelecimento prisional, não gastando
recursos humanos e monetários e, por outro, paga uma pena de multa enchendo
os bolsos do Estado.
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• Escolha do tipo legal de crime que está em causa (nem sempre o tipo legal dá os
limites) – Ex.: Art. 143.º CP pena de prisão entre 1 mês (art. 41.º CP) até 3 anos
ou pena de multa (como este art. não estabelece limites temos de ver o art. 47.º
CP que estabelece o período entre 10 e 360 dias).
• Avaliar se existem circunstâncias modificativas, ou seja, situações agravantes ou
atenuantes (que vão alterar a própria moldura abstrata). Estas indicam uma maior
ou menor gravidade do crime.
o Agravantes – Aquelas circunstâncias que elevam o limite mínimo e/ou
máximo da moldura abstrata (Ex.: Art. 75.º CP reincidência).
o Atenuante – Aquela que vai diminuir o limite mínimo e/ou máximo da
moldura abstrata (Ex.: Art. 72.º CP).
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Para determinar a pena concreta devemos ter em conta os pps da dignidade da pessoa
humana (art. 1.º CRP), da necessidade (mínima restrição de direitos), da
proporcionalidade e da adequação (art. 18.º/2 CRP).
Dentro da moldura, escolher qual a medida concreta da pena (dentro dos limites
previstos), sendo que o caso tem de ser avaliado em função da culpa do agente e
prevenção (art. 71.º/1 CP).
A culpa do agente vai funcionar como limite inultrapassável (art. 40.º/2 CP): conceção
unívoca – Limite máximo a partir do qual as necessidades preventivas não vão poder
atuar. Desta forma, a culpa é pressuposto (sem culpa não existe pena) e limite máximo da
pena. Por culpa entende-se que não há pena sem culpa, mas pode haver culpa sem pena.
Como é possível articular culpa e prevenção dentro de uma moldura abstrata para
chegar a uma medida concreta?
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é exclusivamente preventivo). Isto porque uma pena determinada só com base na culpa
pode ser uma pena justa, mas não uma pena necessária do ponto de vista de proteção do
BJ e da reintegração do agente na sociedade. Para além disso, segundo o art. 71.º/1 CP a
medida da pena é definida em função da culpa e das exigências de prevenção.
Teoria da culpa exata – A medida concreta da pena é dada pela culpa. Não há qualquer
importância dada à prevenção (teoria ético-retributiva). Esta teoria é rejeitada por não ser
concedida qualquer importância à prevenção. Para além disso, é praticamente impossível
definirmos a culpa do agente num ponto exato.
• Fatores relativos à execução do facto (modo como o facto foi praticado: se é mais
ou menos censurável) – art. 71.º/als. a) e e) CP):
o Vão ajudar a quantificar quer a culpa, quer a prevenção.
o Grau de ilicitude do facto.
• Fatores relacionados com a personalidade do agente (art. 71.º/als. b) e f) CP).
• Fatores ligados à conduta do agente antes e depois do crime (art. 71.º/al. e)/parte
final CP).
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• Formais – Ter cometido um crime doloso ao qual seja aplicável uma pena de
prisão superior a 6 meses; já ter sido condenado por sentença transitada em
julgado por um crime doloso com pena superior a 6 meses de prisão efetiva e não
podem ter decorrido mais de 5 anos entre a prática do crime anterior e a do novo
crime, prescrevendo a reincidência se for ultrapassado esse tempo. No entanto,
não conta o tempo em que a pessoa esteve privada da liberdade (art. 75.º/2/parte
inicial CP),
• Material – A pena anterior não ter servido de suficiente advertência para que não
cometesse mais crimes.
• Há dois tipos de reincidência:
o Específica/própria/homogénea – O mesmo crime que é praticado mais do
que uma vez.
o Genérica/imprópria/heterogénea – Estão em causa crimes distintos (contra
o património e contra a integridade física podem estar ligados por a vítima
ser a mesma ou as intenções serem as mesmas) – Ex.: A rouba o telemóvel
de B e noutra altura dá-lhe um soco.
• Efeitos (art. 76.º CP) – A reincidência é uma circunstância modificativa agravante
que agrava o limite mínimo a 1/3, mas a agravação não pode ultrapassar a medida
das penas aplicadas anteriormente:
o Calcular a medida da pena sem a reincidência (arts. 131.º, 1.º e 18 CRP e
40.º e 71.º CP) – Ex.: A moldura era de 8 a 16 anos e a pena concreta
seria de 12 (com a medida da culpa, que pode variar de acordo com a
colaboração, demonstração de arrependimento, etc.).
o Determinar a moldura da reincidência – O limite máximo será o limite
previsto na lei para o respetivo crime, e o limite mínimo é o limite mínimo
legalmente previsto para o tipo elevado a 1/3 (converter em meses e elevar
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Concurso de crimes
Acontece quando o agente pratica vários crimes ou mais do que uma vez o mesmo crime
antes de transitar em julgado a condenação por qualquer um deles (art. 30.º CP).
Concurso efetivo
• Real – O agente, através de várias condutas, preenche o mesmo tipo legal de crime
pelo menos 2 vezes ou tipos legais de crime diferentes.
o Homogéneo – Disparar várias vezes (várias condutas geraram o mesmo
tipo legal de crime).
o Heterogéneo – Dispara várias vezes e mata pessoas, mas também destrói
veículos (várias condutas geram tipos legais distintos).
• Ideal – O agente, através de uma só conduta, pratica várias vezes o mesmo crime
ou pratica crimes diferentes.
o Homogéneo – Colocar um explosivo no centro de uma cidade e a
consequência ser a morte de várias pessoas (uma conduta gera um tipo
legal de crime).
o Heterogéneo – Colocar um explosivo no centro de uma cidade e a
consequência ser a morte de várias pessoas e a destruição de veículos
(uma conduta gera tipos legais distintos).
• Homogéneo – Quanto temos a prática múltipla do mesmo tipo legal de crime.
• Heterogéneo – Prática de crimes distintos.
O art. 30.º/1 CP apenas prevê o concurso heterogéneo e homogéneo (arts. 77.º e 78.º
CP) – Ex.: A pratica 2 crimes de homicídio: é um concurso homogéneo. Se já houve
transito em julgado não falamos em concurso de crimes, mas em reincidência se
estiverem verificados os pressupostos.
Concurso aparente – Há um tipo legal que abrange outros e, como tal, a pessoa vai ser
punida pelo crime mais grave (Ex.: Furto e ofensas à integridade física: roubo).
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pena concreta mais elevada e o limite máximo é dado pela soma das penas
concretas (art. 77.º/2 CP). Dentro da moldura do concurso escolhe-se a medida
concreta da pena conjunta (art. 77.º/1/parte final CP) de acordo com a globalidade
dos factos e a personalidade do agente. Por fim, é preciso saber se se aplicam
penas substitutivas ou penas acessórias – Ex.: A comete 3 crimes de furto simples.
É punido com pena de 1 ano; 1 ano e 6 meses e 3 anos de prisão. A moldura do
concurso é a pena concreta mais elevada, por isso, 3 anos (mínimo) e 5 anos e 6
meses (máximo).
São próximos do concurso de crimes. No entanto, aqui a pessoa só vai ser punida por
um crime apenas (art. 30.º/2 e 3 CP). O crime continuado é uma ficção legal, porque o
legislador considera haver apenas um crime, quando o agente pratica vários tipos de crime
que tutelem o mesmo BJ ou várias vezes o mesmo crime, embora o modus operandi tenha
sido idêntico (Ex.: Funcionário de caixa que trabalha no hipermercado, não havendo
controlo rigoroso da caixa, retira da caixa 30€ todos os dias durante 2 anos. Segundo o
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concurso de crimes era punido 24x pelo mesmo crime. Por isso, faz mais sentido aplicar
a figura do crime continuado, considerando-se que estes comportamentos vão redundar
num comportamento homogéneo que se prolonga no longo do tempo). Já o art. 30.º CP
trata das duas figuras (n.º 1, 2 e 3).
Em tudo o que diga respeito a bens eminentemente pessoais, não se pode aplicar esta
figura (Ex.: Autodeterminação sexual, integridade física) – art. 30.º/3 CP.
O crime continuado é punido com a pena aplicável à conduta mais grave que integra
a continuação (art. 79.º/1 CP). Assim, os crimes praticados naquele mesmo contexto
espácio-temporal não necessitarão de outro processo, pois toda a unidade criminosa estará
abrangida por aquela decisão. Contudo, se, depois da condenação transitada em julgado,
for conhecida uma conduta mais grave que integre a continuação, a pena que lhe for
aplicável substitui a anterior (art. 79.º/2 CP).
Se a pessoa for condenada em pena de multa (art. 80.º/2 CP), aplica-se o rácio de
1 dia de privação de liberdade que equivale a 1 dia de pena de multa (Ex.: 400 dias de
pena de multa - 365 que passou em privação = 35 multiplicado pelo quantitativo diário
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de multa. Se A passou 1 ano em prisão preventiva, vai ver esse ano descontado na prisão
efetiva, no caso de ser condenado).
Outras modalidades:
O art. 72.º CP é como uma válvula de segurança do sistema para casos excecionais
em que a moldura legal se revele desajustada ao caso concreto.
A atenuação pode ser obrigatória (Ex.: Arts. 23.º/2 quando alguém comete o crime na
forma tentada e a tentativa é punível, será punível com a pena aplicada ao crime
consumado com uma atenuação especial da pena e 27.º/2 CP alguém é punido por ser
cúmplice de um crime: a pena aplicada é a mesma fixada para o autor, mas
especialmente atenuada) ou facultativa (Ex.: Arts. 10.º/3 a pena pode ser especialmente
atenuada e 33.º/1 CP o facto é ilícito, mas a pena pode ser especialmente atenuada).
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A atenuação especial da pena vai depender das circunstâncias do caso concreto. Pode
acontecer que haja aplicação da atenuação especial da pena obrigatória, mas
conjuntamente com isso o tribunal pode tentar verificar se se aplica, também, o art. 72.º/1
e 2 CP.
O art. 74.º CP demonstra que não há uma relação biunívoca entre pena e culpa. Se é
certo que toda a pena pressupõe culpa, nem sempre a existência de culpa leva à aplicação
de uma pena (Ex.: Art. 186.º CP crime de injúria).
Pressupostos
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A dispensa de pena pode ocorrer da aplicação direta do art. 74.º CP, mas há outras
normas que preveem este regime (art. 35.º/2 CP estado de necessidade desculpante). Na parte
especial podemos encontrar o art. 143.º/3/al. a) CP que prevê dispensa de pena quando há
lesões físicas provocadas mutuamente, sem saber quem agiu em primeiro lugar.
Escolha da pena
O art. 70.º CP é o critério que deve ser seguido quando está em causa a tarefa de
determinação da espécie de pena (o legislador dá preferência às penas não privativas da
liberdade: o art. 50.º CP sustenta esta ideia). Este art. refere-se à prevenção geral e
especial. Se houver mais do que uma pena compatível com a prevenção geral, o julgador
deve usar a prevenção especial positiva como critério.
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Estas penas não têm efeitos automáticos (arts. 30.º/5 CRP e 65.º/2 CP), pelo que a
aplicação de uma pena acessória supõe uma pena principal e que a lei preveja a
possibilidade de pena acessória. Assim, o juiz determina concretamente de acordo com o
grau de culpa do agente e as necessidades de prevenção dentro da moldura penal.
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Penas de substituição
As penas de substituição têm por base a ideia de que a pena de prisão deve ser a
ultima ratio e elas podem substituir penas de prisão ou penas de multa.
• Em sentido próprio – São aquelas que substituem a pena de prisão, mas não são
detentivas (Ex.: Pena suspensa). Em regra, não são privativas de liberdade e vão
pressupor a determinação prévia da medida concreta da pena de prisão que foi
determinada pelo juiz, sendo aplicadas e executadas no lugar desta. O seu objetivo
genérico é evitar a pena de prisão e os seus efeitos – Ex.: Arts. 45.º CP e 489.º e
ss. CPP pena de multa; 46.º proibição de exercício de profissão, função ou atividade;
50.º suspensão da execução das penas de prisão; e 58.º prestação de trabalho a favor da
comunidade CP. Estas penas contem determinadas caraterísticas fundamentais:
o Têm uma medida concreta. Por isso, o juiz tem de determinar numa pena
concreta (art. 71.º CP) o tempo da pena de substituição. Contudo, há uma
exceção: prestação de trabalho à comunidade (art. 58.º CP), porque a
duração decorre das regras de conversão (art. 58.º/3 CP).
o Consequências do incumprimento (art. 50.º CP) – Não sendo cumprida
a pena de substituição tem de ser cumprida a pena de prisão (arts. 56.º/2 e
49.º CP). A partir de 2007, esta regra passou a ter uma aplicação
excecional (Ex.: Arts. 59.º/2 e 46.º/3 e 5 CP no caso de o condenado não
cumprir a pena de substituição, o tribunal revoga esta pena e ordena o
cumprimento da pena de prisão inicialmente previsto, descontando deste
período o tempo da pena de substituição).
• Penas de substituição detentivas – Regime de permanência na habitação (art.
43.º CP).
• Pena de admoestação – Distingue-se da pena substitutiva em sentido próprio,
porque não pressupõe uma medida concreta da pena de prisão. É uma censura que
vem substituir uma pena de multa e não uma pena de prisão (art. 60.º/4 CP). Ao
lado desta figura surge a figura da substituição da multa por trabalho (arts. 48.º/2
e 58.º/3 CP), mas para esta exige-se a concordância do condenado. Para além
disso, só se pode substituir por trabalho as penas concretas não superiores a 2
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anos, podendo o condenado estar sujeito a certas regras de conduta (art. 58.º/6
CP).
O art. 45.º CP prevê a aplicação da pena de prisão substituída por pena de multa. Se
a multa não for paga, o condenado tem de cumprir a pena de prisão.
Poderá substituir-se a pena de multa por trabalho (art. 48.º CP), sendo que se o
condenado não cumprir culposamente os dias de trabalho, pode suspender-se e fica sujeito
a prisão subsidiária (art. 49.º/4 CP).
Outra possibilidade seria a conversão da multa não paga em prisão subsidiária (art.
49.º CP), sendo esta suspensa se a razão do não pagamento da multa não for imputável
ao agente. Desta forma, este ficaria sujeito a deveres ou regras de conduta. Se estes não
forem cumpridos executa-se a prisão subsidiária pelo tempo correspondente reduzido a
2/3. Se os deveres ou regras de conduta forem cumpridos, a pena é declarada extinta.
Posto isto, o juiz determinará um período de suspensão entre 1 a 3 anos, atendendo às
finalidades preventivas e à culpa do agente.
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A pena de prisão só deve ser aplicada se mais nenhuma pena for suficiente para
satisfazer as medidas preventivas (ultima ratio).
Este regime é aplicável quando o juiz entenda que não é possível substituir a pena
de prisão por outra pena substitutiva em sentido próprio. O regime da permanência na
habitação (art. 43.º CP) não se pode confundir com a obrigação de permanência na
habitação (art. 201.º CP). Além disso, o regime de permanência na habitação não é
aplicável nos casos do art. 49.º CP porque não serve as mesmas finalidades.
Contudo, o art. 43.º CP é aplicável quando a pena, não superior a 2 anos, e depois
a substitui por uma pena de substituição em sentido próprio. Nestes casos, o
incumprimento do pagamento da multa ou da conduta, pode levar à permanência na
habitação. Este art. só pode ser aplicado se as finalidades da execução da pena se prisão
forem cumpridas (art. 42.º CP).
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A liberdade condicional terá uma duração igual ao tempo de prisão que falte
cumprir, mas nunca superior a 5 anos. Atingido este limite máximo considera-se extinto
o excedente da pena (art. 61.º/5 CP).
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• É executada como pena até ao momento em que se mostrar cumprida a pena que
concretamente caberia ao crime
• É executada como medida de segurança a partir deste momento e até ao seu limite
máximo.
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Alcoólicos e equiparados (arts. 86.º e ss. CP) – Execução da pena: art. 89.º/1 e 2 CP.
Orientação da execução da pena: art. 87.º e 88.º CP.
A liberdade condicional tem duração igual ao tempo que faltar para atingir o limite
máximo da pena, mas não será nunca superior a 5 anos (art. 90.º/2 CP). Na prática, desta
regra de duração poderá resultar que seja ultrapassada a pena que concretamente caberia
ao crime cometido, caso em que a pena relativamente indeterminada continuará a ser
executada como pena (desvio à regra de que a pena relativamente indeterminada é
executada como medida de segurança a partir daquele momento). Se a liberdade
condicional não for concedida, atingindo o limite mínimo da pena relativamente
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Medidas de segurança
Por um lado, o art. 40.º/1 CP não distingue, do ponto de vista das finalidades, as
penas das medidas de segurança. Por outro lado, o art. 91.º/2 CP passou a dispor que,
quando o facto praticado pelo inimputável corresponder a crime contra pessoas ou a crime
de perigo comum puníveis com pena superior a 5 anos, o internamento tem a duração
mínima de 3 anos, salvo se a libertação se revelar compatível com a defesa da ordem
jurídica e da paz social.
Para além disso, existem outros pps de aproximação das medidas de segurança às
penas: da legalidade (arts. 29.º CRP e 1.º CP), do ilícito típico (arts. 29.º CRP e 91.º/1
CP), da proporcionalidade em sentido amplo e, em especial, da proporcionalidade em
sentido estrito (arts. 18.º/2 CRP e 40.º/3 e 91.º/1 CP) e da proibição de medida de
segurança com caráter perpétuo ou de duração ilimitada ou indefinida (arts. 30.º/1 CRP e
91.º/2 CP).
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Pressupostos:
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Há casos em que o internamento tem um limite mínimo de duração (art. 91.º/2 CP): 3
anos. Por outro lado, este art. é aplicável apenas quando o agente tenha sido declarado
inimputável (art. 20.º/2 e 3 CP), por nestas hipóteses se fazerem sentir de forma autónoma
as exigências de prevenção geral positiva. Levanta-se a questão de saber se no período
mínimo de duração é descontada medida processual que internado tenha sofrido
anteriormente (art. 80.º/1 CP aplicado por analogia?).
e a libertação se revelar compatível com a defesa na ordem jurídica e paz social (art. 99.º/2
CP).
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