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ANÁLISE CRÍTICA DO CÓDIGO PENAL

PARTE GERAL
CÓDIGO PENAL APROVADO PELA LEI Nº 24/2019, 24 DEZEMBRO
ÍNDICE

1. OS MOTIVOS PARA UM NOVO CÓDIGO PENAL


a) Necessidade de clareza e de simplificação (conceitos e regimes)
b) Aprofundamento de princípios gerais
c) Reforço da protecção de bens jurídicos
1. GARANTIAS E APLICAÇÃO DA LEI PENAL
2. CRIMINALIDADE E AGENTES DO CRIME
3. PENAS, MEDIDAS CRIMINAIS E EFEITOS
Motivos para um novo Código Penal
• Necessidade de clareza e de simplificação.
• Correção de falhas conceptuais.
• Eliminação de conteúdos de natureza estritamente processual.
• Reforço da protecção de bens jurídicos.
• Restrição da abrangência das penas substitutivas da prisão pela redução
da gravidade das penas privativas da liberdade que podem ser
substituídas por PMAP (até 8 anos) ou por PNPL (até 3 anos)
• Reforço do cunho cunho retributivo versus restaurativo da justiça.
Motivos para um novo Código Penal
Justiça Retributiva Justiça Restaurativa

• O crime é um acto contra a • O crime é um acto contra a


sociedade, representada pelo comunidade, a vítima e o próprio
Estado. autor.
• Utilizam-se procedimentos • Os procedimentos são informais
formais e rígidos. e flexíveis.
• Concentra o seu foco punitivo no • Tem um foco conciliador com
infractor e predominam as penas predomínio da reparação do dano
privativas da liberdade. ou da prestação de serviços
comunitários.
Motivos para um novo Código Penal
• Além dos pressupostos de aplicação (art. 102 CP/14 e art. 68 CP/19),
as sanções do CP/14 exigem:

A negociação pacífica do conflito entre o ofendido e o infractor, com a


participação ou não da comunidade, visando a reparação imediata do
dano e a restauração da situação anterior (art. 85 CP/14);

A prossecução de fins de consensualização, entre o infractor e o


lesado, sob direcção do MP e obstam à prossecução do processo
criminal para a instância formal do julgamento (art. 88 CP/14).
Motivos para um novo Código Penal
• O CP/14 traduz um passo na direcção da justiça restaurativa.

• O CP/19 eliminou esse passo voltando ao ponto de partida: as PNPL


não traduzem, em rigor, um esforço de intervenção minima mas uma
outra forma de controlo penal menos restritiva, cuja finalidade
exclusiva ou predominate é a redução da população carcerária.
Motivos para um novo Código Penal
• Aprofundamento de princípios gerais:

Respeito pela dignidade da pessoa humana (eliminação de termos


pejorativos e infamantes).

Mínima intervenção (eliminação de crimes ou categorias de crimes).

Humanidade da pena (previsão de PNPL, dispensa de pena).

Para reflexão: trata-se de mudança estrutural ou de cosmética?


Título I (Garantias e Aplicação da Lei Penal)
Aplicação da Lei Penal no Tempo (art. 3, nº4)
• Alterações: “lei mais favoravel” (CP/1886); “regime concretamente
mais favorável” (CP/2014); “moldura penal mais favorável”
(CP/2019).
• A determinação do regime concretamente mais favorável pressupõe
que o juiz faça, separadamente, os dois cômputos penais, escolhendo e
determinando a medida da pena a aplicar em concreto, com cada uma
das leis, consideradas em bloco, atendendo a todo o regime e não
apenas à pena.
• Não é permitido construir um regime alternativo, híbrido, que se
substitua aos regimes consagrados em cada uma das leis em
confronto.
Aplicação da Lei Penal no Tempo (art. 3, nº4)
• O regime concretamente mais favorável tem de repousar em factores
diversos, condicionadores da punição concreta a definir.

“O carácter mais ou menos favorável da norma penal não depende apenas da


sanção que comina (espécie e duração da pena) mas de todo o seu regime: número
e qualidade dos elementos constitutivos do tipo criminal, disciplina das causas de
justificação ou de exculpação, regulamentação das condições de punibilidade, das
circunstâncias atenuantes ou agravantes, das causas de isenção da pena ou de
extinção da responsabilidade penal”
Cavaleiro de Ferrerira, Direito Penal Português I, p. 124.
Título I (Garantias e Aplicação da Lei Penal)
Aplicação da Lei Penal no Espaço
Código Penal de 2014 – art. 56 Código Penal de 2019 – art. 4 e 5
• A extensão do território moçambicano • A extensão do território moçambicano não
depende da natureza pública ou privada de depende da natureza mas apenas do local da
navios e aeronaves. matrícula do navio ou aeronave.

• O leque restrito de crimes aos quais se aplica • Alarga o leque de crimes: abrange diversos crimes
o princípio da protecção de interesses contra as pessoas vida, contra o ambiente,
branqueamento de capitais, corrupção e crimes
nacionais: crimes contra a segurança de conexos.
Estado e alguns crimes de falsificação .

• Alarga o âmbito pessoal de aplicação da lei penal


• Prevê o princípio da universalidade para abrangendo os crimes cometidos por ou contra
crimes que violem interesses que fazem parte pessoa colectiva ou equiparada com sede em
do património comum da humanidade. território nacional.
Aplicação Lei Penal Espaço (art. 5, nº7 CP)
• Quando seja aplicável a lei moçambicana, “o facto é julgado segundo a lei
do país em que tiver sido praticado sempre que esta seja concretamente
mais favorável ao agente”.

• O tribunal moçambicano aplicará o direito penal estrangeiro sempre que a


lei de um país estrangeiro em que o facto foi praticado, for concretamente
mais favorável para o agente.
Título II (Criminalidade e Agentes do Crime)
• Capítulo I – Pressupostos da Punição

• Capítulo II – Criminalidade

• Capítulo III – Agentes do Crime

• Capítulo IV – Responsabilidade Penal

• Capítulo V – Causas que Excluem a Ilicitude e a Culpa


Criminalidade
• Eliminação do crime na forma frustrada.
• Definição de actos de execução e conceito alargado de desistência,
abrangendo o arrependimento activo (arts. 17 e 20).
• Alteração da pena aplicável à tentativa.
• Clarificação das condições de punibilidade da tentativa:
Relevância da suspensão voluntária da execução nos crimes materiais
(art. 20) e irrelevância nos crimes de mera actividade (art. 21);
Relevância da pena aplicável ao crime consumado;
Relevância da aptidão do meio empregado pelo agente e da existência
de objecto essencial à consumação do crime (tentativa impossível).
Agentes do Crime
• Simplificação das formas de autoria:

Previsão expressa da autoria mediata.

A autoria moral que prevê o constrangimento, a determinação e o aconselhamento


para a prática do crime seguindo um dos meios de execução legalmente previstos
(CP/2014), passa a consistir apenas na determinação de outrém à prática do crime,
qualquer que seja o meio (CP/2019).

• Cumplicidade integra qualquer forma de auxílio doloso: deixam de se especificar o


aconselhamento e a prática de actos de facilitação ou de preparação do crime (art. 23
CP/14) que propiciavam a confusão com a autoria moral e a co-autoria-material.
Agentes do Crime
• Eliminação do encobrimento como forma de participação no crime.
• Previsão de crimes autónomos de receptação (art. 303), de auxílio
material (art. 304) e de acolhimento de malfeitores (art. 363) que dão
cobertura às alíneas d), e) e f) do nº1 do art. 24 CP/14.

• Particularidades do encobrimento que não encontram cobertura:


 Alterar ou desfazer os vestígios do crime;
 Ocultar ou inutilizar as provas, os instrumentos ou os objectos do crime;
 Alterar ou ocultar num exame, a verdade do facto (abrange as pessoas
que, em razão da profissão, emprego, arte ou ofício, devem realizar
exames).
Agentes do Crime
• Eliminação da revogação do mandato como circunstância atenuante
especial ou geral, antes ou após o início da execução, respectivamente
(n.º2 do art. 21 CP/14).
• Eliminação do excesso do mandato quanto a actos preparatórios
puníveis e quanto ao excesso previsível do executor (art. 22 CP/14).
• Eliminação da regra de conexão entre cumplicidade e autoria a qual
consagra a teoria da acessoriedade mínima (art. 25 CP/14).
• Consagração de regras de comunicação de circunstâncias em caso de
comparticipação (art. 26 CP/19) em aparente sobreposição com artigos
36 e 37 CP.
Responsabilidade Penal
• Clarificação do regime da responsabilidade das pessoas colectivas:
Quem não é abrangido,
Entidades equiparadas a pessoas colectivas,
Pressupostos da responsabilização das pessoas colectivas (art. 30/1 CP/19)
e singulares (art. 32 CP/19),
Causas de exclusão ou não da responsabilidade,
Significado de “posição de direcção”.
• Alargamento do leque de crimes que a pessoa colectiva pode cometer
(todos os constantes do CP).
• Insuficiências na punição (art. 87 CP/19).
Pessoas Colectivas
• O CP/14 não prevê:

Um critério de equivalência entre o tempo de prisão para as pessoas singulares e o da


multa para as pessoas colectivas [maxime quando a multa surja como pena mista
conjunta (“prisão e multa”) ou a prisão surja como pena isolada]

Uma pena substitutiva da multa, em caso de incumprimento, num cenário em que a pena
de multa aplicada à pessoa singular é, na fase da execução, substituível pela pena de
prisão se não for paga.

• No CP/14, os limites nem da pena de multa nem da pena de exclusão temporária de


acesso aos benefícios do Estado.
Pessoas Colectivas
• As pessoas singulares são punidas com pena de prisão e com pena de prisão e multa
(correspondente ou não), a qual pode ultrapassar o limite de 2 anos.
Cada dia de multa equivale a uma quantia entre 1 centésimo do salário mínimo e 1
salário mínimo.
Na substituição da pena de prisão até 2 anos e multa correspondente aplica-se uma só
multa, equivalente à soma da multa directamente cominada e da resultante da conversão
da prisão.

• As pessoas colectivas são punidas com multa, à taxa diária de entre 1 a 5 salários
mínimos, não podendo exceder a 2 anos.
Pessoas Colectivas
• Poderemos converter as penas aplicáveis às pessoas singulares em penas aplicáveis às
pessoas colectivas e equiparáveis.

• Pensamos tal exercício violaria o princípio da legalidade das penas (“nulla poena sine
lege”):
Não existe um critério de equivalência entre o tempo de prisão para as pessoas
singulares e o da multa para as pessoas colectivas;
Não existe previsão expressa da pena para as pessoas colectivas nos TLC.
Responsabilidade Penal
• Alteração de requisitos da agravação pela reincidência:
Relevância das condenações por sentenças estrangeiras;
Irrelevância da natureza da infracção para a agravação pela reincidência
em matéria de contravenções.

• Eliminação da sucessão de crimes: quando os crimes não sejam da mesma


natureza ou quando, sendo da mesma natureza, forem cometidos para além
dos 8 anos, não há agravação da pena.
Punição da Reincidência
• Deixa de se distinguir entre primeira e segunda reincidência
• Continua a prever-se regimes distintos em razão da gravidade da pena:
Pena aplicável superior a 2 anos: a agravação é igual a ½ da diferença
entre o limite mínimo e máximo (art. 130 CP/19). Altera-se apenas o
limite mínimo ou também o máximo?
Pena aplicável até 2 anos: a agravação consiste em aumentar o
máximo e o mínimo da pena de metade da duração máxima da pena
aplicável mas agora independentemente de se ultrapassar o limite de 2
anos.
Responsabilidade Penal
• Introdução do regime da inimputabilidade em razão da anomalia psíquica: a
alínea b) do art. 48 apenas exige uma conexão biopsicológica e o nº 1 do art.
50 CP/19 exige, adicionalmente, uma conexão normativo-compreensiva [por
força da anomalia psíquica, o agente, no momento da prática do facto, é
incapaz de avaliar a ilicitude deste ou de se determinar de acordo com essa
avaliação].

• Alteração do regime da privação voluntária, acidental e completa da


inteligência: deixa de ser circª atenuante de natureza especial (art. 53 e 137
CP/14) para ser causa de inimputabilidade (art. 50/2 e 133 CP/14).

• Reflexão: Se há inimputabilidade com que fundamento deve tal privação ser


punida com as penas aplicáveis aos crimes culposos?
Causas que Excluem a Ilicitude e a Culpa
• Inclusão do consentimento do ofendido nas causas de justificação
(alínea f) do n. 1 do art. 51), descrição dos respectivos pressupostos e
requisitos (art. 56) e previsão do consentimento presumido (art. 57).

• Previsão da obediência devida desculpante como causa de exclusão da


culpa para o servidor público (art. 55), valendo a obediência indevida
como mera circunstância atenuante de carácter geral (art. 45, circª 12).

• Previsão da inexigibilidade como causa geral de exclusão da culpa (art.


58).
Título III (Penas, Medidas Criminais e Efeitos)
• Capítulo I – Disposições Gerais
• Capítulo II – Pessoas Singulares
• Capítulo III – Pessoas Colectivas e Equiparadas
• Capítulo IV – Medidas de Segurança
• Capítulo V – Determinação da Pena
• Capítulo VI – Aplicação das Penas (ordinária e extraordinária)
• Capítulo VII – Aplicação das Penas em Casos Especiais
• Capítulo VIII – Efeitos das Penas
• Capítulo IX – Suspensão da Execução da Pena de Prisão
• Capítulo X – Execução das Penas e Medidas de Segurança
• Capítulo XI – Liberdade Condicional
• Capítulo XII – Extinção da Responsabilidade Penal
Pessoas Singulares
Código Penal de 2014 Código Penal de 2019

• Dicotomia entre espécies de pena: • Ausência de distinção entre espécies de


penas.
prisão maior e prisão correccional.

• Medidas da pena flexíveis (33


• Medidas da pena rígidas. combinações).

• Penas com limites especiais inseridas


nos limites gerais.
• Pena fixa de 1 mês.
• Diversas penas fixas.
Penas de Prisão
3 meses 6 meses 1 ano 2 anos 3 anos 5 anos
3 dias
1 mês
2 meses
3 meses
6 meses
18 meses
Penas de Prisão
2 anos 3 anos 4 anos 5 anos 8 anos 10 anos 12 anos 16 anos 20 anos 24 anos
1 ano
2 ano
4 anos
5 anos
8 anos
12 anos
16 anos
20 anos
Pessoas Singulares
Código Penal de 2014 Código Penal de 2019
• Distinção das categorias de penas: • Distinção das categorias de penas:

1. Penas principais (prisão e multa) 1. Penas principais (prisão e multa)

2. Penas e medidas alternativas à prisão: 2. Penas não privativas da liberdade (art. 71 ss):
medidas educativas socialmente úteis (arts 85 multa
ss) Prestação de trabalho socialmente úteis
medidas alternativas à prisão (art. 88) Interdição temporária de direitos
penas alternativas à prisão (art. 89 ss)

3. Penas acessórias (arts. 80 ss)


3. Penas acessórias (arts. 64 ss)
Pessoas Singulares
Código Penal de 2014 Código Penal de 2019

• Aplicação das PMAP: • Aplicação das PNPL:

MESU (prisão de 3 dias a 1 ano e Multa (prisão até 2 anos)


outras especialmente previstas) PTSU (multa)
MAP (prisão de 1 a 2 anos) ITD (prisão até 3 anos)
SEP (3 dias a 2 anos) acompanhada do
PAP (prisão de 2 a 8 anos)
cumprimento de deveres ou regras de
SEP (3 dias a 2 anos) conduta ou de regime de prova (art. 142)
DP (3 dias a 3 meses).
• Carácter obrigatório.
• Carácter facultativo (salvo art. 75?).
Dispensa da Pena
• Constitui um caso especial de determinação da pena ao agente condenado.

Pode ocorrer em duas situações:


Nos casos especialmente previstos na lei;
Nos casos em que o crime for punido com pena de prisão não superior a 3 meses, desde que
verificados os respectivos pressupostos (art. 78 CP/19).

• O dispensado de pena parece ser elegível a uma PNPL: a alínea c) do nº2 do art. 69 apenas
exclui as pessoas que tenham beneficiado de aplicação anterior de uma pena não privativa
de liberdade. Na dispensa não há aplicação de pena.

• Arquivamento em caso de dispensa de pena só pode ocorrer na segunda situação.


Pessoas Singulares
• Acréscimo de crimes ou situações em relação aos quais é proibida a
aplicação das PNPL:
a) Crime contra a humanidade e identidade cultural
b) Branqueamento de capitais, corrupção e crimes conexos
c) Violência física grave cometida contra cônjuge, pessoa com
quem viva como tal, ex-cônjuge, parceiro ou ex-parceiro, namorado ou
ex-namorado e familiar
d) Caça, abate ou pesca de espécies de flora e de fauna protegidos
ou proibidos
e) Condenação por crime doloso nos últimos três anos.
Pessoas Colectivas
Código Penal de 2014 Código Penal de 2019
• Distinção das categorias de penas: • Distinção das categorias de penas:

1. Penas principais (multa e exclusão 1. Penas principais (dissolução e multa)


temporária de acesso aos benefícios do
Estado - art. 357 CP)
2. Penas acessórias (art. 90 ss)
2. Penas acessórias (confisco de bens e
de dissolução - art. 64, número 1, 3. Não há previsão de penas
alíneas c) e d) e art. 67 CP) substitutivas.
Medidas de Segurança
• O CP/19 eliminou a detenção do leque das medidas de segurança e continuou
a prever medidas de segurança privativas e não privativas da liberdade.
• Prevê o internamento por conta da inimputabilidade manifestada no momento
do facto e, ainda por anomalia psíquica anterior e posterior à prática do facto.
• Continua a prever a prorrogação das medidas de segurança como tais (nº 2 do
art. 60 e art. 101 CP/19) e não como prorrogação da pena, a qual foi
eliminada juntamente com a categoria de “agentes de difícil correcção”.
• Simplificou os conteúdos e os pressupostos de aplicação das medidas de
segurança.
• Prevê a liberdade experimental (art. 102 e 103 CP/19).
Kanimambo
Motivos para um novo Código Penal
• A justiça restaurativa é “um modelo de justiça baseado na ideia de
participação da vítima e do ofensor na resolução do conflito,
reparação do dano decorrente do delito e a responsabilização do
ofensor de maneira não estigmatizante.”

• O processo restaurativo é “qualquer processo no qual vítima, o ofensor


e/ou quaisquer outros indivíduos ou membros da comunidade
afectados por um crime participam conjuntamente de forma activa na
resolução das questões oriundas do crime, geralmente com a ajuda de
um terceiro justo e imparcial.”
Resolução 2002/12, ONU, Conselho Social e Económico, art. 3º)

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