Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Penal
Lei n 13.964/19
Modelos de Justiça: Conflitiva e Consensuada
• Modelos de Justiça: Conflitiva e Consensuada.
• A Justiça Consensuada pode ser:
• (i) restaurativa: reaproximação das partes envolvidas para o retorno da paz (ex: direito civil,
infância e juventude; mas ainda não existe no âmbito do direito criminal). Envolve a mediação
com corpo técnico.
• (ii) reparatória: conciliação promovida pelos órgãos do sistema criminal, sem admissão de culpa
(nolo contendere). Ex: transação penal e termo de ajustamento de conduta. Há um negócio entre
o MP e a Defesa que evita a punição e eventualmente o processo. A indenização fixada na
sentença também é uma espécie de justiça reparatória.
• (iii) negociada (figurando como subespécie a justiça negociada colaborativa): pressupõe a
admissão de culpa. Ex: Lei dos Crimes Hediondos (delação premiada nos crimes hediondos e
equiparados); Lei
• Justiça negociada colaborativa: Lei do Crime Organizado.
Estados Unidos
• Plea Bargaining existe nos EUA desde o século XIX e não se confunde com o nolo contendere.
• O Plea Bargaining se divide em:
• 1. charge bargaining: negociação sobre a imputação, possibilitando trocar infrações mais graves
por menos graves;
• 2. sentence bargaining: negociação sobre penas e demais consequências do delito;
• 3. negociação mista: abrange os dois.
Regras de Tóquio
• Resolução n. 45/110 aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 14/12/1990:
• 5 . Medidas que podem ser tomadas antes do processo
• 5 .1 Sempre que adequado e compatível com o sistema jurídico, a polícia, o Ministério
Público ou outros serviços encarregados da justiça criminal podem retirar os
procedimentos contra o infrator se considerarem que não é necessário recorrer a um
processo judicial com vistas à proteção da sociedade, à prevenção do crime ou à
promoção do respeito pela lei ou pelos direitos das vítimas. Para a decisão sobre a
adequação da retirada ou determinação dos procedimentos deve-se desenvolver um
conjunto de critérios estabelecidos dentro de cada sistema legal. Para infrações menores,
o promotor pode impor medidas não privativas de liberdade, se apropriado.
Considerações gerais
• O ANPP é um instituto despenalizador (desestigmatizador) dentro de uma política de um
"abolicionismo soft" (não radical).
• Na legislação brasileira existem cerca de 1000 tipos penais, dos quais 25% são de menor
potencial ofensivo e se resolvem mediante composição civil dos danos e transação penal; a
suspensão condicional do processo alcança 50% de todos os crimes. Ou seja, 75% de todos
os tipos penais admitem uma forma de composição que evitaria a condenação (punição).
• Com o ANPP estima-se que mais de 90% dos tipos penais passam a admitir uma forma de
acordo.
Considerações Iniciais
• Res. 181 do CNMP, art. 18; Res. 183/2018 do CNMP.
• Crítica: ausência de disciplina por lei (CR, art. 22, I). Por outro lado os defensores da sua
constitucionalidade destacavam que o acordo apenas era realizado mediante a vontade de
ambas as partes e, por isso, diante da ausência da coerção (característica do exercício do
dever de punir) não se tratava de pena.
• Crítica: “princípio da obrigatoriedade”. Tal princípio não é tratado pela CR.
• Crítica: ação penal privada subsidiária. Não há inércia do MP quando realiza o acordo de não
persecução penal, mesmo que as tratativas durem mais do que o prazo para o oferecimento
da denúncia.
Resolução (arquivamento do IP) x ANPP (extinção da punibilidade)
• Até antes do ANPP, os delitos de menor potencial ofensivo eram resolvidos mediante
composição dos danos civis, transação penal e suspensão condicional do processo. As
infrações mais graves tinham a incidência da colaboração premiada. Assim, até então, não
existia nenhuma forma negocial que atingisse os delitos de pequena e média gravidade, os
quais acabavam por ter uma solução mais grave comparada aos demais.
Natureza do acordo.
• Correntes: (i) negócio jurídico extrajudicial; (ii) instrumento de política criminal; (iii) direito
público subjetivo.
• Segundo LIMA (2020, p. 274), seria um negócio jurídico de natureza extrajudicial. Para o
autor, estamos diante de uma hipótese de discricionariedade ou oportunidade regrada e,
em caso de recusa em fazer a proposta, estaria vedado ao magistrado substituir a atuação
ministerial, “pena de afronta à estrutura acusatória do processo penal (CPP, Art. 3º-A,
caput)”.
• No mesmo sentido: Rogério Sanches Cunha, para quem o MP pode entender que o acordo é
incompatível com a ideia de suficiência para prevenção e reprovação do crime (princípio da
proteção suficiente).
TJSP
• Para Alexandre Morais da Rosa e Aury Lopes Jr., o acordo seria um direito público subjetivo
do réu e uma vez preenchidos os requisitos previstos em lei, o acusado teria direito ao
acordo. Se o MP não oferecer o acordo:
• (i) aplica-se o art. 28 do CPP;
• (ii) poderia o juiz oferecer o acordo (visão de Aury Lopes Jr.) por se tratar de um direito
público subjetivo. Para Alexandre de Morais da Rosa, se o MP não oferecer o acordo –
quando cabível – o magistrado deveria rejeitar a denúncia.
Natureza jurídica do ANPP
• Enunciado n. 21 do MPSP. A proposta de acordo de não persecução penal tem natureza de
instrumento de política criminal e sua avaliação é discricionária do Ministério Público no
tocante à necessidade e suficiência para reprovação e prevenção do crime. Trata-se de
prerrogativa institucional do Ministério Público e não direito subjetivo do investigado.
• Correntes:
• (i) retroage para atingir até mesmo feitos já transitados em julgado, pois é uma regra
processual com conteúdo material diante da extinção da punibilidade. Para Rodrigo Chemim
deve ser aplicada a regra do art. 2o., parágrafo único do Código Penal:
• "A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores,
ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado".
Retroatatividade do ANPP: Art. 28-A (Lex Mitior)
• (ii) conforme o entendimento do CAOP Criminal do MPSP (Boletim 04/2020), o ANPP deve
ser aplicado aos casos em andamento, mesmo que a denúncia já tenha sido recebida, tendo
como limite a prolação da sentença condenatória.
• Conforme explicitado no Boletim 04/2020, após a sentença não mais seria possível ao réu
realizar a confissão e, mesmo se admissível, perderia o seu valor político-criminal e
epistemológico, eis que seria formalizada apenas após o réu já ter conhecimento das
consequências penais advindas da prática delitiva, aumentando a possibilidade de que a
confissão viesse, não como intenção de colaborar com a Justiça e assumir a responsabilidade
pelo crime, mas puramente para obtenção de benefício e evitar os efeitos da condenação.
• Para o CAOP Criminal do MPSP, o interrogatório apenas seria realizado após a sentença se, na
fase anterior, não teve o acusado a oportunidade de narrar sua versão e/ou assim entenda
importante o Tribunal ad quem para a busca da verdade.
• ENUNCIADO 20 do CNPG e GNCCRIM. (ART. 28-A) Cabe acordo de não persecução penal
para fatos ocorridos antes da vigência da Lei nº 13.964/2019, desde que não recebida a
denúncia.
Propositura do acordo quando da audiência de custódia
• Para LIMA (2020, p. 276), nada impede sua celebração quando da audiência de custódia,
aproveitando-se o deslocamento do preso até a audiência. Nesse caso, logrando-se êxito na
celebração célere do acordo, o preso deverá ser prontamente colocado em liberdade.
Pressuposto para o ANPP
• CPP, Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e
circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena
mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução
penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as
seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente
• I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos
termos da lei;
• II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem
conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações
penais pretéritas;
• III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração,
em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo;
e
• IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra
a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.
Transação Penal x ANPP
• Na hipótese de ambos os institutos serem aplicáveis (p. ex., crime com pena mínima e
máxima inferior a 2 anos), aplica-se a transação penal por ser mais benéfica: a transação não
exige confissão de culpa.
Conduta criminal habitual
• “(...) o nítido intento do legislador [foi] de vedar a celebração do acordo de não persecução penal
com alguém que faz do crime uma atividade rotineira – verdadeiro meio de vida – alguém que
poderá voltar a praticar novos delitos, o que, de per si, justificaria a restrição”. (LIMA, 2020, p.
281).
• “Revela-se inadequado (...) falar-se em infração penal pretérita insignificante, exatamente
porque, ausente a tipicidade material, a infração penal jamais terá existido. Por tais motivos,
somos levados a crer que o legislador usou o termo insignificante em seu sentido vulgar,
possivelmente se referindo às infrações de menor potencial ofensivo”. (LIMA, 2020, p. 281).
• ENUNCIADO 22 DO CNPG e GNCCRIM (art. 28-A, § 2º, IV) Veda-se o acordo de não persecução
penal aos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a
mulher por razões da condição de sexo feminino, bem como aos crimes hediondos e equiparados,
pois em relação a estes o acordo não é suficiente para a reprovação e prevenção do crime.
Acordo de Não Persecução Penal
• Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e
circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena
mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução
penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as
seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente:
• I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;
• II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como
instrumentos, produto ou proveito do crime;
• III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena
mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da
execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
• IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de
7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada
pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais
ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
• V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que
proporcional e compatível com a infração penal imputada.
Não sendo caso de arquivamento
• Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e
circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena
mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução
penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as
seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente
• Se o fato praticado pelo agente for passível de aplicação do princípio da insignificância, não é
possível a propositura do acordo. O mesmo se dá com a falta de justa causa, por exemplo, dúvida
quanto a autoria, é caso de arquivamento. O mesmo se dá com a transação penal.
Pena mínima (e não máxima) inferior a 4 anos
• Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e
circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena
mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução
penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as
seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente
• O Projeto Moro, da forma como previsto originariamente, adotava outro critério: o da pena
máxima não superior a 04 anos. Isso era muito ruim, pois sequer abrangeria o crime de
estelionato, pois a reparação do dano é um dos pilares do acordo e não poderia ser feita em
crime dessa espécie.
• Abrange os crimes culposos mesmo com resultado violento (ex: lesão corporal culposa) e devem
ser levadas em consideração as causas de aumento e de diminuição de pena aplicáveis ao caso
(art. 28-A, parágrafo primeiro). Ver Enunciados n. 23 e 29 do CNPG e súmulas 243 e 723 do STJ e
STF.
Crimes Culposos e Causas de Aumento e de Diminuição
• ENUNCIADO 23 do CNPG e GNCCRIM (ART. 28-A, § 2º) É cabível o acordo de não persecução
penal nos crimes culposos com resultado violento, uma vez que nos delitos desta natureza a
conduta consiste na violação de um dever de cuidado objetivo por negligência, imperícia ou
imprudência, cujo resultado é involuntário, não desejado e nem aceito pela agente, apesar de
previsível.
• ENUNCIADO 29 do CNPG e GNCCRIM (ART. 28-A, § 1.º.) Para aferição da pena mínima cominada
ao delito a que se refere o artigo 28-A, serão consideradas as causas de aumento e diminuição
aplicáveis ao caso concreto, na linha do que já dispõe os enunciados sumulados nº 243 e nº 723,
respectivamente, do Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal.
Crime de menor potencial ofensivo.
• Se o crime envolver violência ou grave ameaça (com exceção dos crimes que envolvem
violência doméstica), mas for de menor potencial ofensivo, seria cabível o ANPP?
• Para Patrícia Vanzolini se para esses crimes seria, em tese, possível a transação penal - que é
mais benéfico - não haveria sentido impedir-se o ANPP. Ex: crime de lesão corporal leve
conexo a outro crime que, em decorrência da conexão, passou a ser julgado por uma vara
criminal comum.
ANPP e Crimes Hediondos
• Não há vedação que impeça a propositura para crimes hediondos (na antiga Resolução n. 181
do CNMP existia). Porém, o tratamento constitucional e legal podem ser considerados
incompatíveis com o acordo de não persecução penal na modalidade de insuficiência do
acordo.
• Entendemos que a intenção da lei era que a confissão fosse “circunstanciada” e não
“circunstancial”.
Outras hipóteses da confissão
• A confissão será realizada perante o promotor de justiça, porém, nada impede a autoconfissão
detalhada, ou seja, quando o sujeito traz a confissão por escrito.
• A confissão anterior perante a Autoridade Policial pode ser aceita? Depende se foi formal e
circunstanciadamente.
• Se o réu tiver negado a prática do crime perante a Autoridade Policial, nada impedirá que o
promotor o chame para eventual retratação perante o MP.
• A confissão qualificada é válida? Ou seja, a confissão a onde o acusado aduz em seu favor, por
exemplo, uma excludente, é suficiente para o acordo? Para Rômulo Moreira, sim, pois houve a
admissibilidade do fato.
Utilização futura da confissão em caso de rescisão
• Enunciado n. 24 do MPSP. Rescindido o acordo de não persecução penal por conduta atribuível ao
investigado, sua confissão pode ser utilizada como uns dos elementos para oferta da denúncia.
• ENUNCIADO 27 do CNPG e GNCCRIM (ART. 28-A, § 10) Havendo descumprimento dos termos do
acordo, a denúncia a ser oferecida poderá utilizar como suporte probatório a confissão formal e
circunstanciada do investigado (prestada voluntariamente na celebração do acordo)
• A confissão pode ser usada em caso de futura rescisão do acordo? Correntes: 1. sim, pois a
confissão extrajudicial pode ser valorada na sentença desde que respeitado os limites do art. 155,
caput do CP (não podendo fundamentar a sentença exclusivamente com a confissão
extrajudicial). Pensar o contrário causaria a incongruência do magistrado poder valorar (com o
seu devido peso) a confissão feita perante o Delegado de Polícia e não valorar aquela feita
perante o MP e na presença do advogado do réu.
• Súmula 545 STJ. Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador,
o réu fará jus à atenuante prevista no art. 65, III, d, do Código Penal.
Em sentido contrário: Rômulo Moreira
• Se o réu descumprir o acordo e o MP oferecer a denúncia, será possível utilizar a confissão
pretérita pode ser levada em consideração para fundamentar uma sentença condenatória?
Para Rômulo Moreira, não. Para ele, a única confissão válida para fundamentar a condenação
seria aquele realizada na fase processual, com acusação formada e perante o magistrado. O
mesmo entendimento é compartilhado para Alexandre Morais da Rosa, o qual acrescenta
que a confissão feita no acordo teria a única função de evitar que terceiros assumissem a
prática do crime que não praticaram. Porém, o STF entende que a confissão feita na fase
extrajudicial, quando utilizada na sentença, deve ser valorada como atenuante. Assim, numa
inversão ideológica (Alexandre Bizoto), o juiz pode afirmar que irá se utilizar da fase anterior
para beneficiar o réu (reconhecer a confissão), mas com nítido intuito de prejudica-lo.
• Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e
circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena
mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não
persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime,
mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente:
• Para Rodrigo Chemim, os incisos I, II e III, do art. 28-A do CPP seriam cumulativos e, os incisos IV e
V do mesmo dispositivo seriam alternativos, pois, entre os incisos IV e V aparece a conjunção
alternativa "ou".
Condições do acordo
• I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;
• II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como
instrumentos, produto ou proveito do crime;
• III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à
pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo
juízo da execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
(Código Penal);
• IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a
ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger
bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou
• V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde
que proporcional e compatível com a infração penal imputada.
As condições acordadas não possuem natureza de pena
• Uma vez que o acordo não implica na imposição de pena (que pressupõe processo), mas sim
condições, a execução do acordo não deveria ocorrer no juízo da execução penal, órgão
competente para executar a sanção penal. Nesse sentido: Rogério Sanches Cunha, o qual
chega a propor que a fiscalização fique a cargo do Ministério Público como, aliás, era na
Resolução n. 181/17 do CNPP, ou, pelo magistrado que homologou o acordo.
Órgão competente para rescindir o ANPP
• Segundo Rogério Sanches Cunha, não: “Não possuindo as condições fixadas na avença
natureza de sanções penais, posto que são pactuadas e não impostas pelo Estado, se
descumprido o ANPP, não há que se falar em posterior aplicação de detração. A perda do
referido tempo é, pois, consequência natural do descumprimento, ônus da desídia e
deslealdade do investigado”.
Abrangência da reparação do dano
• Reparação do dano: inexistindo vedação, pode abranger o dano material, moral, estético,
etc., salvo a impossibilidade justificada.
Confisco aquiescido
• Renúncia voluntária a bens e direitos indicados pelo MP, como instrumento, produto ou
proveito do crime: trata-se de um verdadeiro “confisco aquiescido” (LIMA, 2020, p. 284).
Outras condições
• ENUNCIADO 26 do CNPG e GNCCRIM (ART. 28-A, § 10) Deverá constar expressamente no termo
de acordo de não persecução penal as consequências para o descumprimento das condições
acordadas, bem como o compromisso do investigado em comprovar o cumprimento das
condições, independentemente de notificação ou aviso prévio, devendo apresentar,
imediatamente e de forma documentada, eventual justificativa para o não cumprimento de
qualquer condição, sob pena de imediata rescisão e oferecimento da denúncia em caso de inércia
(§ 10º).
Recusa ao acordo
• O MP deve justificar quando deixar de oferecer o acordo. E, diante disso, o investigado pode
fazer uso do disposto no art. 28-A, parágrafo quatorze:
• § 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não
persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão superior, na
forma do art. 28 deste Código.
• Enunciado n. 29 do MPSP. O pedido revisional fundado no §14 do art. 28-A do CPP não terá
seguimento nos casos em que a pena mínima prevista para o delito for igual ou superior a 04
(quatro) anos (art. 28-A, caput e § 1ºdo CPP) ou quando incidir alguma das vedações
previstas nos incisos I a IV do § 2º do art. 28-A, do CPP.
Cláusulas gerais do Acordo
• O Ministério Público deve delimitar os fatos e dar sua devida capitulação jurídica, condizente
com a própria confissão do acusado. Assim, se estaria delimitando a extensão do acordo,
inclusive para saber qual será o limite da extinção da punibilidade. A delimitação também
vinculará o MP, que deverá oferecer denúncia em caso de rescisão do acordo, nos limites do
que foi delimitado.
• Deverá também existir cláusula com as obrigações do imputado. Outra com os termos
precisos de sua confissão. Ainda outra cláusula a onde o imputado se obrigue a comprovar o
cumprimento das condições pactuadas, deixando de imputar a responsabilidade pela
fiscalização aos agentes públicos. Se deixar de comprar estará rescindido o acordo mediante
decisão judicial com posterior oferecimento da denúncia.
Voluntariedade do acordo
• § 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada audiência na qual o
juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na presença do seu
defensor, e sua legalidade.
Condições inadequadas, Cláusulas além dos requisitos legais Juiz homologa
insuficientes ou abusivas
Ex: restrição abusiva da liberdade Ex: o crime na verdade teria sido
(prisão domiciliar); praticado mediante violência, o que
o réu poderia ter ressarcido o dano, impede a proposta.
mas o MP deixou de pactuar;
ou a medida não está adequada, por
exemplo, a prestação pecuniária foi
direcionada para entidade que não
guarda relação com o crime
praticado
• Da decisão do juiz que não homologar o acordo caberá recurso em sentido estrito.
Ação Penal Privada
• O magistrado pode deixar de homologar o acordo quando entender que não existe prova
suficiente para condenação (inexistência de prova ou prova ilícita) e então absolver
sumariamente. O magistrado pode ainda dizer que não concorda com o pactuado. Ou, pode
simplesmente homologar.
Recurso
• CPP, Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:
• XXV - que recusar homologação à proposta de acordo de não persecução penal, previsto no art.
28-A desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)