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Acordo de Não-Persecução

Penal
Lei n 13.964/19
Modelos de Justiça: Conflitiva e Consensuada
• Modelos de Justiça: Conflitiva e Consensuada.
• A Justiça Consensuada pode ser:
• (i) restaurativa: reaproximação das partes envolvidas para o retorno da paz (ex: direito civil,
infância e juventude; mas ainda não existe no âmbito do direito criminal). Envolve a mediação
com corpo técnico.
• (ii) reparatória: conciliação promovida pelos órgãos do sistema criminal, sem admissão de culpa
(nolo contendere). Ex: transação penal e termo de ajustamento de conduta. Há um negócio entre
o MP e a Defesa que evita a punição e eventualmente o processo. A indenização fixada na
sentença também é uma espécie de justiça reparatória.
• (iii) negociada (figurando como subespécie a justiça negociada colaborativa): pressupõe a
admissão de culpa. Ex: Lei dos Crimes Hediondos (delação premiada nos crimes hediondos e
equiparados); Lei
• Justiça negociada colaborativa: Lei do Crime Organizado.
Estados Unidos
• Plea Bargaining existe nos EUA desde o século XIX e não se confunde com o nolo contendere.
• O Plea Bargaining se divide em:
• 1. charge bargaining: negociação sobre a imputação, possibilitando trocar infrações mais graves
por menos graves;
• 2. sentence bargaining: negociação sobre penas e demais consequências do delito;
• 3. negociação mista: abrange os dois.
Regras de Tóquio
• Resolução n. 45/110 aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 14/12/1990:
• 5 . Medidas que podem ser tomadas antes do processo
• 5 .1 Sempre que adequado e compatível com o sistema jurídico, a polícia, o Ministério
Público ou outros serviços encarregados da justiça criminal podem retirar os
procedimentos contra o infrator se considerarem que não é necessário recorrer a um
processo judicial com vistas à proteção da sociedade, à prevenção do crime ou à
promoção do respeito pela lei ou pelos direitos das vítimas. Para a decisão sobre a
adequação da retirada ou determinação dos procedimentos deve-se desenvolver um
conjunto de critérios estabelecidos dentro de cada sistema legal. Para infrações menores,
o promotor pode impor medidas não privativas de liberdade, se apropriado.
Considerações gerais
• O ANPP é um instituto despenalizador (desestigmatizador) dentro de uma política de um
"abolicionismo soft" (não radical).
• Na legislação brasileira existem cerca de 1000 tipos penais, dos quais 25% são de menor
potencial ofensivo e se resolvem mediante composição civil dos danos e transação penal; a
suspensão condicional do processo alcança 50% de todos os crimes. Ou seja, 75% de todos
os tipos penais admitem uma forma de composição que evitaria a condenação (punição).
• Com o ANPP estima-se que mais de 90% dos tipos penais passam a admitir uma forma de
acordo.
Considerações Iniciais
• Res. 181 do CNMP, art. 18; Res. 183/2018 do CNMP.
• Crítica: ausência de disciplina por lei (CR, art. 22, I). Por outro lado os defensores da sua
constitucionalidade destacavam que o acordo apenas era realizado mediante a vontade de
ambas as partes e, por isso, diante da ausência da coerção (característica do exercício do
dever de punir) não se tratava de pena.
• Crítica: “princípio da obrigatoriedade”. Tal princípio não é tratado pela CR.
• Crítica: ação penal privada subsidiária. Não há inércia do MP quando realiza o acordo de não
persecução penal, mesmo que as tratativas durem mais do que o prazo para o oferecimento
da denúncia.
Resolução (arquivamento do IP) x ANPP (extinção da punibilidade)

• Enquanto o cumprimento do acordo previsto na Resolução 181 do CNMP evitava o


oferecimento da denúncia, com o pedido de arquivamento do IP; o acordo previsto
atualmente no CPP, quando cumprido, é uma forma de extinção da punibilidade.
Vantagem da justiça negociada
• O acordo consistiria na possibilidade do Ministério Público realizar opções político-criminais
para priorizar casos mais graves e dar solução mais célere para outros crimes.

• Até antes do ANPP, os delitos de menor potencial ofensivo eram resolvidos mediante
composição dos danos civis, transação penal e suspensão condicional do processo. As
infrações mais graves tinham a incidência da colaboração premiada. Assim, até então, não
existia nenhuma forma negocial que atingisse os delitos de pequena e média gravidade, os
quais acabavam por ter uma solução mais grave comparada aos demais.
Natureza do acordo.
• Correntes: (i) negócio jurídico extrajudicial; (ii) instrumento de política criminal; (iii) direito
público subjetivo.

• Segundo LIMA (2020, p. 274), seria um negócio jurídico de natureza extrajudicial. Para o
autor, estamos diante de uma hipótese de discricionariedade ou oportunidade regrada e,
em caso de recusa em fazer a proposta, estaria vedado ao magistrado substituir a atuação
ministerial, “pena de afronta à estrutura acusatória do processo penal (CPP, Art. 3º-A,
caput)”.
• No mesmo sentido: Rogério Sanches Cunha, para quem o MP pode entender que o acordo é
incompatível com a ideia de suficiência para prevenção e reprovação do crime (princípio da
proteção suficiente).
TJSP

• Precedente: TJSP, 3ª Câmara Criminal, HC n. 2064200-84.2020.8.26.0000, Rel. Des. Xisto


Rangel:
• "O acordo de não persecução penal deve ser resultante da convergência de vontades
(acusado e MP), não podendo se afirmar, indubitavelmente, que se trata de um direito
subjetivo do acusado, até porque, se assim o fosse, haveria a possibilidade do juízo
competente determinar a sua realização de ofício, o que retiraria a sua característica mais
essencial, que é o consenso entre os envolvidos".
Natureza do acordo

• Para Alexandre Morais da Rosa e Aury Lopes Jr., o acordo seria um direito público subjetivo
do réu e uma vez preenchidos os requisitos previstos em lei, o acusado teria direito ao
acordo. Se o MP não oferecer o acordo:
• (i) aplica-se o art. 28 do CPP;
• (ii) poderia o juiz oferecer o acordo (visão de Aury Lopes Jr.) por se tratar de um direito
público subjetivo. Para Alexandre de Morais da Rosa, se o MP não oferecer o acordo –
quando cabível – o magistrado deveria rejeitar a denúncia.
Natureza jurídica do ANPP
• Enunciado n. 21 do MPSP. A proposta de acordo de não persecução penal tem natureza de
instrumento de política criminal e sua avaliação é discricionária do Ministério Público no
tocante à necessidade e suficiência para reprovação e prevenção do crime. Trata-se de
prerrogativa institucional do Ministério Público e não direito subjetivo do investigado.

• ENUNCIADO 19 do CNPG e GNCCRIM. (ART. 28-A, CAPUT). O acordo de não persecução


penal é faculdade do Ministério Público, que avaliará, inclusive em última análise (§ 14), se o
instrumento é necessário e suficiente para a reprovação e prevenção do crime no caso
concreto.
Retroatatividade do ANPP: Art. 28-A (Lex Mitior)
• Pressuposto para análise: as novas disposições do art. 28-A do CPP configuram norma mista
ou híbrida, é dizer, possui natureza processual, mas com reflexo penal, uma vez que cria
nova hipótese de extinção da punibilidade: o integral cumprimento do acordo de não
persecução (art. 28-A, § 13).

• Correntes:

• (i) retroage para atingir até mesmo feitos já transitados em julgado, pois é uma regra
processual com conteúdo material diante da extinção da punibilidade. Para Rodrigo Chemim
deve ser aplicada a regra do art. 2o., parágrafo único do Código Penal:
• "A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores,
ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado".
Retroatatividade do ANPP: Art. 28-A (Lex Mitior)
• (ii) conforme o entendimento do CAOP Criminal do MPSP (Boletim 04/2020), o ANPP deve
ser aplicado aos casos em andamento, mesmo que a denúncia já tenha sido recebida, tendo
como limite a prolação da sentença condenatória.
• Conforme explicitado no Boletim 04/2020, após a sentença não mais seria possível ao réu
realizar a confissão e, mesmo se admissível, perderia o seu valor político-criminal e
epistemológico, eis que seria formalizada apenas após o réu já ter conhecimento das
consequências penais advindas da prática delitiva, aumentando a possibilidade de que a
confissão viesse, não como intenção de colaborar com a Justiça e assumir a responsabilidade
pelo crime, mas puramente para obtenção de benefício e evitar os efeitos da condenação.
• Para o CAOP Criminal do MPSP, o interrogatório apenas seria realizado após a sentença se, na
fase anterior, não teve o acusado a oportunidade de narrar sua versão e/ou assim entenda
importante o Tribunal ad quem para a busca da verdade.

• Questão: e se o acusado tivesse confessado o crime durante o processo? Seria possível


agora celebrar o acordo após a sentença condenatória?
Retroatatividade do ANPP: Art. 28-A (Lex Mitior)
• Questão: e se o acusado tivesse confessado o crime durante o processo? Seria possível
agora celebrar o acordo após a sentença condenatória?
• Conforme entendimento do CAOP Criminal do MPSP (Boletim 04/2020), não.
• “Ainda que, durante a instrução, tenha o acusado confessado, mesmo com o intento de
excluir qualificadora, majorantes ou provocar a desclassificação da infração penal, também
não seria possível a celebração do acordo e por uma razão mais simples: estará esgotada a
jurisdição ordinária, não havendo razões jurídicas para o retorno dos autos ao 1º Grau, até
porque a sentença, hígida, válida, proferida sem qualquer mácula, não pode ser anulada”.
Entendimento do STF para a suspensão condicional do processo
• O STF entendeu que a suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei n. 9.099/95), igualmente uma
lex mitior, não poderia ser aplicada depois da condenação penal, verbis:
• HABEAS CORPUS – SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO PENAL (“SURSIS PROCESSUAL”) – LEI Nº
9.099/95 (ART. 89) – CONDENAÇÃO PENAL JÁ DECRETADA – IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO
RETROATIVA DA LEX MITIOR – LIMITES DA RETROATIVIDADE – PEDIDO INDEFERIDO.
• A suspensão condicional do processo – que constitui medida despenalizadora – acha-se
consubstanciada em norma de caráter híbrido. A regra inscrita no art. 89 da Lei nº 9.099/95 qualifica-
se, em seus aspectos essenciais, como preceito de caráter processual, revestindo-se, no entanto,
quanto às suas consequências jurídicas no plano material, da natureza de uma típica norma de direito
penal, subsumível à noção da lex mitior.
• A possibilidade de válida aplicação da norma inscrita no art. 89 da Lei nº 9.099/95 – que dispõe sobre a
suspensão condicional do processo penal (“sursis” processual) – supõe, mesmo tratando-se de fatos
delituosos cometidos em momento anterior ao da vigência desse diploma legislativo, a inexistência de
condenação penal, ainda que recorrível. Condenado o réu, ainda que em momento anterior ao da
vigência da Lei dos Juizados Especiais Criminais, torna-se inviável a incidência do art. 89 da Lei nº
9.099/95, eis que, com o ato de condenação penal, ficou comprometido o fim precípuo para o qual o
instituto do “sursis” processual foi concebido, vale dizer, o de evitar a imposição da pena privativa de
liberdade. (HC 74463, Relator(a): CELSO DE MELLO, Primeira Turma, julgado em 10/12/1996, DJ 07-03-
1997 PP-05402 EMENT VOL-01860-03 PP-00404 RTJ VOL-00169-03 PP-00981)
Retroatatividade do ANPP: Art. 28-A (Lex Mitior)
• (ii) por ser uma norma mais benigna, tem efeito retroativo aplicando-se aos feitos em
andamento e para eventual desclassificação (STJ/337) (Aury Lopes Jr.);
• (iii) aplica-se retroatividade para os fatos ocorridos antes da vigência da Lei n. 13.964/2019,
desde que não recebida a denúncia (CNPG e GNCCRIM). Para Rogério Sanches Cunha, o
recebimento da denúncia configura um ato jurídico perfeito que impediria a retroatividade
do ANPP.

• ENUNCIADO 20 do CNPG e GNCCRIM. (ART. 28-A) Cabe acordo de não persecução penal
para fatos ocorridos antes da vigência da Lei nº 13.964/2019, desde que não recebida a
denúncia.
Propositura do acordo quando da audiência de custódia

• Para LIMA (2020, p. 276), nada impede sua celebração quando da audiência de custódia,
aproveitando-se o deslocamento do preso até a audiência. Nesse caso, logrando-se êxito na
celebração célere do acordo, o preso deverá ser prontamente colocado em liberdade.
Pressuposto para o ANPP
• CPP, Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e
circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena
mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução
penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as
seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente

• Existência de procedimento investigatório.


• Não ser caso de arquivamento dos autos (assim, não é possível oferecer acordo em delitos
insignificantes ante a causa de atipicidade material), existindo justa causa para a denúncia.
• Previsão de pena mínima inferior a 04 (quatro) anos (aplicando-se as causas de aumento e de
diminuição; p. ex: pena mínima superior a 4 anos conjugada com a tentativa) e o crime não for
cometido com violência ou grave ameaça a pessoa.
• Confissão formal e circunstanciada do crime.
Inaplicabilidade do acordo (CPP, art. 28-A, §2º)

• I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos
termos da lei;
• II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem
conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações
penais pretéritas;
• III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração,
em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo;
e
• IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra
a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.
Transação Penal x ANPP

• Na hipótese de ambos os institutos serem aplicáveis (p. ex., crime com pena mínima e
máxima inferior a 2 anos), aplica-se a transação penal por ser mais benéfica: a transação não
exige confissão de culpa.
Conduta criminal habitual
• “(...) o nítido intento do legislador [foi] de vedar a celebração do acordo de não persecução penal
com alguém que faz do crime uma atividade rotineira – verdadeiro meio de vida – alguém que
poderá voltar a praticar novos delitos, o que, de per si, justificaria a restrição”. (LIMA, 2020, p.
281).
• “Revela-se inadequado (...) falar-se em infração penal pretérita insignificante, exatamente
porque, ausente a tipicidade material, a infração penal jamais terá existido. Por tais motivos,
somos levados a crer que o legislador usou o termo insignificante em seu sentido vulgar,
possivelmente se referindo às infrações de menor potencial ofensivo”. (LIMA, 2020, p. 281).

• ENUNCIADO 21 DO CNPG (Conselho Nacional de Procuradores-Gerais) e GNCCRIM (Grupo


Nacional de Coordenadores de Centro de Apoio Criminal). (ART. 28-A, § 2º, II) Não caberá o
acordo de não persecução penal se o investigado for reincidente ou se houver elementos
probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se
insignificantes as infrações penais pretéritas, entendidas estas como delitos de menor potencial
ofensivo.
Violência doméstica ou contra a mulher
• “(...) inicialmente, o legislador estabelece a vedação à celebração do acordo nos crimes praticados
no âmbito de violência doméstica ou familiar, sem ressalvar, porém, que a vítima em questão
necessariamente teria que ser mulher. Por consequência, caracterizada violência física,
psicológica, sexual, patrimonial ou moral, no âmbito da unidade doméstica, no âmbito da família
ou em qualquer relação íntima de afeto (Lei n. 11.340/06, arts. 5º e 7º), não será cabível a
celebração do acordo de não persecução penal, pouco importando se se trata de delito
cometido contra homem ou mulher. Na sequência, o legislador também veda a celebração do
acordo quando o delito for praticado contra a mulher por razões da condição do sexo feminino,
hipótese em que pouco importa se o delito foi praticado (ou não) no contexto da violência
doméstica e familiar”. (LIMA, 2020, p. 282).

• ENUNCIADO 22 DO CNPG e GNCCRIM (art. 28-A, § 2º, IV) Veda-se o acordo de não persecução
penal aos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a
mulher por razões da condição de sexo feminino, bem como aos crimes hediondos e equiparados,
pois em relação a estes o acordo não é suficiente para a reprovação e prevenção do crime.
Acordo de Não Persecução Penal
• Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e
circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena
mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução
penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as
seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente:
• I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;
• II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como
instrumentos, produto ou proveito do crime;
• III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena
mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da
execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
• IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de
7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada
pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais
ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
• V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que
proporcional e compatível com a infração penal imputada.
Não sendo caso de arquivamento
• Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e
circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena
mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução
penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as
seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente

• Se o fato praticado pelo agente for passível de aplicação do princípio da insignificância, não é
possível a propositura do acordo. O mesmo se dá com a falta de justa causa, por exemplo, dúvida
quanto a autoria, é caso de arquivamento. O mesmo se dá com a transação penal.
Pena mínima (e não máxima) inferior a 4 anos
• Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e
circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena
mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução
penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as
seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente

• O Projeto Moro, da forma como previsto originariamente, adotava outro critério: o da pena
máxima não superior a 04 anos. Isso era muito ruim, pois sequer abrangeria o crime de
estelionato, pois a reparação do dano é um dos pilares do acordo e não poderia ser feita em
crime dessa espécie.
• Abrange os crimes culposos mesmo com resultado violento (ex: lesão corporal culposa) e devem
ser levadas em consideração as causas de aumento e de diminuição de pena aplicáveis ao caso
(art. 28-A, parágrafo primeiro). Ver Enunciados n. 23 e 29 do CNPG e súmulas 243 e 723 do STJ e
STF.
Crimes Culposos e Causas de Aumento e de Diminuição

• ENUNCIADO 23 do CNPG e GNCCRIM (ART. 28-A, § 2º) É cabível o acordo de não persecução
penal nos crimes culposos com resultado violento, uma vez que nos delitos desta natureza a
conduta consiste na violação de um dever de cuidado objetivo por negligência, imperícia ou
imprudência, cujo resultado é involuntário, não desejado e nem aceito pela agente, apesar de
previsível.

• ENUNCIADO 29 do CNPG e GNCCRIM (ART. 28-A, § 1.º.) Para aferição da pena mínima cominada
ao delito a que se refere o artigo 28-A, serão consideradas as causas de aumento e diminuição
aplicáveis ao caso concreto, na linha do que já dispõe os enunciados sumulados nº 243 e nº 723,
respectivamente, do Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal.
Crime de menor potencial ofensivo.

• Se o crime envolver violência ou grave ameaça (com exceção dos crimes que envolvem
violência doméstica), mas for de menor potencial ofensivo, seria cabível o ANPP?
• Para Patrícia Vanzolini se para esses crimes seria, em tese, possível a transação penal - que é
mais benéfico - não haveria sentido impedir-se o ANPP. Ex: crime de lesão corporal leve
conexo a outro crime que, em decorrência da conexão, passou a ser julgado por uma vara
criminal comum.
ANPP e Crimes Hediondos

• Não há vedação que impeça a propositura para crimes hediondos (na antiga Resolução n. 181
do CNMP existia). Porém, o tratamento constitucional e legal podem ser considerados
incompatíveis com o acordo de não persecução penal na modalidade de insuficiência do
acordo.

• Enunciado n. 22 do MPSP. O acordo de não persecução penal é incompatível com crimes


hediondos ou equiparados, uma vez que sua elaboração não atende ao requisito previsto no
caput do art. 28-A do CPP, que o restringe a situações em que se mostre necessário e
suficiente para a reprovação e prevenção do crime.
Confissão formal e “circunstancialmente” [circunstanciadamente]
• Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e
circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena
mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução
penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as
seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente.
• Circunstancial: Que exprime as circunstâncias (causa, tempo etc.) ou os elementos secundários
de uma ação, subordinados a uma proposição principal: complemento, adjunto circunstancial.
• Circunstanciado: em que se enumeram todas as circunstâncias; detalhado, minucioso,
pormenorizado; Exposto minuciosamente; em que há excesso de pormenores; pormenorizado,
detalhado. Que expõe todas as circunstâncias de algo: termo circunstanciado; a narrativa
mostrava todos os detalhes bem circunstanciados.

• Entendemos que a intenção da lei era que a confissão fosse “circunstanciada” e não
“circunstancial”.
Outras hipóteses da confissão

• A confissão será realizada perante o promotor de justiça, porém, nada impede a autoconfissão
detalhada, ou seja, quando o sujeito traz a confissão por escrito.
• A confissão anterior perante a Autoridade Policial pode ser aceita? Depende se foi formal e
circunstanciadamente.
• Se o réu tiver negado a prática do crime perante a Autoridade Policial, nada impedirá que o
promotor o chame para eventual retratação perante o MP.
• A confissão qualificada é válida? Ou seja, a confissão a onde o acusado aduz em seu favor, por
exemplo, uma excludente, é suficiente para o acordo? Para Rômulo Moreira, sim, pois houve a
admissibilidade do fato.
Utilização futura da confissão em caso de rescisão
• Enunciado n. 24 do MPSP. Rescindido o acordo de não persecução penal por conduta atribuível ao
investigado, sua confissão pode ser utilizada como uns dos elementos para oferta da denúncia.
• ENUNCIADO 27 do CNPG e GNCCRIM (ART. 28-A, § 10) Havendo descumprimento dos termos do
acordo, a denúncia a ser oferecida poderá utilizar como suporte probatório a confissão formal e
circunstanciada do investigado (prestada voluntariamente na celebração do acordo)
• A confissão pode ser usada em caso de futura rescisão do acordo? Correntes: 1. sim, pois a
confissão extrajudicial pode ser valorada na sentença desde que respeitado os limites do art. 155,
caput do CP (não podendo fundamentar a sentença exclusivamente com a confissão
extrajudicial). Pensar o contrário causaria a incongruência do magistrado poder valorar (com o
seu devido peso) a confissão feita perante o Delegado de Polícia e não valorar aquela feita
perante o MP e na presença do advogado do réu.
• Súmula 545 STJ. Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador,
o réu fará jus à atenuante prevista no art. 65, III, d, do Código Penal.
Em sentido contrário: Rômulo Moreira
• Se o réu descumprir o acordo e o MP oferecer a denúncia, será possível utilizar a confissão
pretérita pode ser levada em consideração para fundamentar uma sentença condenatória?
Para Rômulo Moreira, não. Para ele, a única confissão válida para fundamentar a condenação
seria aquele realizada na fase processual, com acusação formada e perante o magistrado. O
mesmo entendimento é compartilhado para Alexandre Morais da Rosa, o qual acrescenta
que a confissão feita no acordo teria a única função de evitar que terceiros assumissem a
prática do crime que não praticaram. Porém, o STF entende que a confissão feita na fase
extrajudicial, quando utilizada na sentença, deve ser valorada como atenuante. Assim, numa
inversão ideológica (Alexandre Bizoto), o juiz pode afirmar que irá se utilizar da fase anterior
para beneficiar o réu (reconhecer a confissão), mas com nítido intuito de prejudica-lo.

• A respeito do tema MAZLOUM afirma que “o descumprimento do acordo não valida a


confissão como prova porque não há processo ainda, aplicável a regra do artigo 155 do CPP.
Ademais, a situação assemelha-se à delação premiada desfeita, em que as provas
autoincriminatórias não podem ser utilizadas em desfavor do colaborador”.
Confissão feita perante o MP e acordo não homologado

• Se o magistrado deixar de homologar o acordo, a confissão anteriormente formalizada não


poderá ser utilizada como meio de prova.
O MP pode deixar de oferecer o acordo por entender ser inútil
a confissão do compromissário?
• Se existirem na investigação elementos fortes e suficientes para alcançar o standard
probatório suficiente para a condenação, o MP pode recusar o ANPP?
• Não, pois a finalidade do ANPP é ser uma medida despenalizadora (evita a denúncia, o
processo e a imposição da pena) e não um instrumento para simplesmente colher a
confissão do investigado. Ele é uma alternativa para evitar a estigmatização, processo e pena.
A confissão é um pressuposto e não um fim em si mesma. Nesse sentido: Rogério Sanches
Cunha.
Sem violência à pessoa (não contra coisa)

• Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e
circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena
mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não
persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime,
mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente:

• Enunciado n. 23 do MPSP. É cabível acordo de não persecução penal em infrações cometidas


com violência contra a coisa, devendo-se interpretar a restrição do caput do art. 28-A do CPP
como relativa a infrações penais praticadas com grave ameaça ou violência contra a pessoa
(lex minus dixit quam voluit).
Vedações
• Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e
circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena
mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução
penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as
seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente:

• As condições são cumulativas OU alternativas e não E alternativas.

• Para Rodrigo Chemim, os incisos I, II e III, do art. 28-A do CPP seriam cumulativos e, os incisos IV e
V do mesmo dispositivo seriam alternativos, pois, entre os incisos IV e V aparece a conjunção
alternativa "ou".
Condições do acordo
• I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;
• II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como
instrumentos, produto ou proveito do crime;
• III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à
pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo
juízo da execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
(Código Penal);
• IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a
ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger
bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou
• V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde
que proporcional e compatível com a infração penal imputada.
As condições acordadas não possuem natureza de pena

• As condições acordadas não possuem a natureza de pena, eis que pactuadas


voluntariamente (falta a imperatividade, característica de toda e qualquer pena) quando
ainda ausente a imputação e o próprio processo penal.

• ENUNCIADO 25 do CNPG e GNCCRIM (ART. 28-A, §§ 6º E 12) O acordo de não persecução


penal não impõe penas, mas somente estabelece direitos e obrigações de natureza negocial
e as medidas acordadas voluntariamente pelas partes não produzirão quaisquer efeitos daí
decorrentes, incluindo a reincidência.
Fiscalização das medidas pelo juízo da execução penal?

• Uma vez que o acordo não implica na imposição de pena (que pressupõe processo), mas sim
condições, a execução do acordo não deveria ocorrer no juízo da execução penal, órgão
competente para executar a sanção penal. Nesse sentido: Rogério Sanches Cunha, o qual
chega a propor que a fiscalização fique a cargo do Ministério Público como, aliás, era na
Resolução n. 181/17 do CNPP, ou, pelo magistrado que homologou o acordo.
Órgão competente para rescindir o ANPP

• ENUNCIADO 28 do CNPG e CGCCRIM (ART. 28-A, § 13)Caberá ao juízo competente para a


homologação rescindir o acordo de não persecução penal, a requerimento do Ministério
Público, por eventual descumprimento das condições pactuadas, e decretar a extinção da
punibilidade em razão do cumprimento integral do acordo de não persecução penal.
Detração
• Se o compromissário cumpre em parte ao ANPP e dá causa à sua rescisão, por exemplo,
prestando 50% do tempo acordo para a prestação de serviços à comunidade, caberá ao MP
oferecer a denúncia. Porém, se for condenado a uma pena restritiva de direitos, o réu poderá
pedir para abater o tempo de prestação de serviços cumprido no ANPP?

• Segundo Rogério Sanches Cunha, não: “Não possuindo as condições fixadas na avença
natureza de sanções penais, posto que são pactuadas e não impostas pelo Estado, se
descumprido o ANPP, não há que se falar em posterior aplicação de detração. A perda do
referido tempo é, pois, consequência natural do descumprimento, ônus da desídia e
deslealdade do investigado”.
Abrangência da reparação do dano

• Reparação do dano: inexistindo vedação, pode abranger o dano material, moral, estético,
etc., salvo a impossibilidade justificada.
Confisco aquiescido

• Renúncia voluntária a bens e direitos indicados pelo MP, como instrumento, produto ou
proveito do crime: trata-se de um verdadeiro “confisco aquiescido” (LIMA, 2020, p. 284).
Outras condições

• Outras condições: servem para demonstrar a “autodisciplina e senso de responsabilidade na


busca da ressocialização, corroborando a desnecessidade de deflagração da persecutio
criminis in iudicio” (...) o ideal é concluir que essas outras formas podem abranger o
cumprimento de penas restritivas de direitos diversas daquelas já previstas nos incisos do
art. 28-A do CPP, como, por exemplo, a perda de bens e valores, a interdição temporária de
direitos e a limitação de fim de semana”. (LIMA, 2020, p. 284).
Comprovar o cumprimento das obrigações

• ENUNCIADO 26 do CNPG e GNCCRIM (ART. 28-A, § 10) Deverá constar expressamente no termo
de acordo de não persecução penal as consequências para o descumprimento das condições
acordadas, bem como o compromisso do investigado em comprovar o cumprimento das
condições, independentemente de notificação ou aviso prévio, devendo apresentar,
imediatamente e de forma documentada, eventual justificativa para o não cumprimento de
qualquer condição, sob pena de imediata rescisão e oferecimento da denúncia em caso de inércia
(§ 10º).
Recusa ao acordo
• O MP deve justificar quando deixar de oferecer o acordo. E, diante disso, o investigado pode
fazer uso do disposto no art. 28-A, parágrafo quatorze:
• § 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não
persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão superior, na
forma do art. 28 deste Código.

• Enunciado n. 29 do MPSP. O pedido revisional fundado no §14 do art. 28-A do CPP não terá
seguimento nos casos em que a pena mínima prevista para o delito for igual ou superior a 04
(quatro) anos (art. 28-A, caput e § 1ºdo CPP) ou quando incidir alguma das vedações
previstas nos incisos I a IV do § 2º do art. 28-A, do CPP.
Cláusulas gerais do Acordo
• O Ministério Público deve delimitar os fatos e dar sua devida capitulação jurídica, condizente
com a própria confissão do acusado. Assim, se estaria delimitando a extensão do acordo,
inclusive para saber qual será o limite da extinção da punibilidade. A delimitação também
vinculará o MP, que deverá oferecer denúncia em caso de rescisão do acordo, nos limites do
que foi delimitado.
• Deverá também existir cláusula com as obrigações do imputado. Outra com os termos
precisos de sua confissão. Ainda outra cláusula a onde o imputado se obrigue a comprovar o
cumprimento das condições pactuadas, deixando de imputar a responsabilidade pela
fiscalização aos agentes públicos. Se deixar de comprar estará rescindido o acordo mediante
decisão judicial com posterior oferecimento da denúncia.
Voluntariedade do acordo
• § 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada audiência na qual o
juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na presença do seu
defensor, e sua legalidade.
Condições inadequadas, Cláusulas além dos requisitos legais Juiz homologa
insuficientes ou abusivas
Ex: restrição abusiva da liberdade Ex: o crime na verdade teria sido
(prisão domiciliar); praticado mediante violência, o que
o réu poderia ter ressarcido o dano, impede a proposta.
mas o MP deixou de pactuar;
ou a medida não está adequada, por
exemplo, a prestação pecuniária foi
direcionada para entidade que não
guarda relação com o crime
praticado

Devolve-se ao MP para reformular o MP promove outras investigações Devolve para a promoção da


acordo. ou oferece denúncia execução do acordo no juízo da
execução penal
O MP deverá estar presente nessa audiência?
• Enunciado n. 26 do MPSP. Não é obrigatória a participação do membro do Ministério Público
na audiência de homologação do acordo de não persecução penal prevista no § 4º do art. 28-
A do CPP.
• A presença do MP seria facultativa. Porém, isso seria um facilitador para eventual
ajustamento dos termos do acordo. Mas, por outro lado, poderá causar certo
constrangimento ao réu e dificultar a aferição da sua voluntariedade. O MPSP pensa ser
facultativa a presença do promotor nessa audiência.
• Enunciado n. 27 do MPSP. Caso o juiz não homologue o acordo de não persecução, nos
termos do § 5º do art. 28-A do CPP, e devolva os autos ao Ministério Público, caberá ao órgão
ministerial reiniciar as negociações com o investigado, oferecer denúncia ou providenciar
outras diligências. A concordância do investigado e seu defensor com o juiz na reformulação
da proposta de acordo significa sua retratação da adesão.
O judiciário pode fazer uma análise a respeito da necessidade e
suficiência do acordo?
• Se assim agisse, o magistrado não estaria interferindo na função de política criminal
a cargo do MP? O MP entende que a análise da necessidade e suficiência do acordo
está dentro da esfera da política criminal na instituição, não cabendo do judiciário a
sua ponderação. Porém, o juiz pode determinar a readequação das cláusulas a partir
da fala do imputado e, eventualmente, remeter o caso para o Procurador-Geral de
Justiça.

• ENUNCIADO 24 do CNPG e GNCCRIM (ART. 28-A, §§ 5º, 7º E 8º) A homologação do


acordo de não persecução penal, a ser realizada pelo juiz competente, é ato judicial
de natureza declaratória, cujo conteúdo analisará apenas a voluntariedade e a
legalidade da medida, não cabendo ao magistrado proceder a um juízo quanto ao
mérito/conteúdo do acordo, sob pena de afronta ao princípio da imparcialidade,
atributo que lhe é indispensável no sistema acusatório.
Não homologação do acordo
• Enunciado n. 27 do MPSP. Caso o juiz não homologue o acordo de não persecução, nos
termos do § 5º do art. 28-A do CPP, e devolva os autos ao Ministério Público, caberá ao órgão
ministerial reiniciar as negociações com o investigado, oferecer denúncia ou providenciar
outras diligências. A concordância do investigado e seu defensor com o juiz na reformulação
da proposta de acordo significa sua retratação da adesão.
• Enunciado n. 28 do MPSP. A homologação do acordo de não persecução penal a ser
realizada pelo juiz das garantias restringe-se ao juízo de voluntariedade e legalidade da
proposta, não abrangendo a análise da necessidade e suficiência para prevenção e
reprovação do crime.

• Da decisão do juiz que não homologar o acordo caberá recurso em sentido estrito.
Ação Penal Privada

• É possível acordo de não persecução penal em crime de iniciativa privada?


• Para Alexandre Morais da Rosa e Aury Lopes Jr., sim.
• Para Rômulo Moreira, não. Para o autor, e por razões práticas, o não oferecimento do acordo
pelo ofendido cria uma impossibilidade de recurso.

• Presença da vítima: "Para a primeira audiência de tratativas perante o Ministério Público


deverá também a vítima ser intimada para comparecimento, com vistas a, exemplo do que
ocorre na transação penal, participar da audiência e discutir as condições. Caso não
compareça ou se negue a oferecer o acordo isso não impede o membro do Parquet o
proponha, na qualidade de custos legis". (https://www.conjur.com.br/2020-mar-06/limite-
penal-questoes-polemicas-acordo-nao-persecucao-penal)
Papel do Juiz

• O magistrado pode deixar de homologar o acordo quando entender que não existe prova
suficiente para condenação (inexistência de prova ou prova ilícita) e então absolver
sumariamente. O magistrado pode ainda dizer que não concorda com o pactuado. Ou, pode
simplesmente homologar.
Recurso
• CPP, Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:
• XXV - que recusar homologação à proposta de acordo de não persecução penal, previsto no art.
28-A desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

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