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Prática em acordos

penais
Tracy Reinaldet
”Os juristas desatualizados insistem em excluir os
institutos da Justiça Negociada do ambiente
processual brasileiro, lutando por manter a ilha
moderna do processo penal e o fetiche pela
decisão penal de mérito como o único mecanismo
de descoberta e de produção de sanções estatais”
(Alexandre Morais da Rosa e Aury Lopes Júnior)
Plano de aula

• O paradigma consensual no processo penal

• Colaboração espontânea

• Acordo de colaboração premiada

• Acordo de não persecução penal

• Acordo de leniência
O paradigma consensual

1. Princípio da autonomia da vontade


▪ Liberdade do acusado e da acusação em poder dispor sobre os seus
interesses.
▪ Celebrar ou não um acordo?
▪ Qual o conteúdo de tal acordo?
▪ Conflito com a ideia publicista de processo penal
▪ Conflito com o dogma da irrelevância da vontade no processo penal
▪ Espaço da vontade preexistente no processo penal: deixar de produzir prova
a seu favor; não recorrer da sentença condenatória; confissão; renunciar a
autodefesa
O paradigma consensual

2. Princípio da eficiência da acusação e da defesa


▪ Acordo como meio de obtenção de prova. Acusação eficiente.
Busca de novos fatos, novos envolvidos. Recuperação do
produto do crime.
▪ Acordo como negócio jurídico que trás segurança às partes
envolvidas. Saber o desfecho do processo antes mesmo de seu
término.
O paradigma consensual

3. Princípio da boa-fé objetiva


▪ Interpretação dos acordos deverá ser realizada por intermédio do
princípio da boa-fé. Proibição de interpretações distorcidas, que
favoreçam ou desfavoreçam unilateralmente uma das partes.
▪ Comportamento das partes deverá seguir um padrão jurídico de lisura,
honestidade e correção, de modo a não frustrar a confiança da outra
parte. Pautar o seu agir pela lealdade.
▪ Deveres: informação e cooperação entre as partes.
O paradigma consensual

4. Princípio da lealdade processual


▪ Comportamento da parte deve ser leal
igualmente do ponto de vista processual.
Proibição de fraude processual e recursos
distorcidos.
Espaços de consenso no processo penal

✓ Colaboração espontânea

✓ Acordo de colaboração premiada

✓ Acordo de não persecução penal

✓ Acordo de leniência
Colaboração espontânea
Conceito

Réu colabora de modo espontâneo, normalmente em seu interrogatório,


sem ter celebrado um acordo de colaboração. Mais do que confessar, ele
ou apresenta ao Juiz novos fatos e novos personagens da trama delitiva,
ou contribui para a recuperação da vítima ou contribui para a
recuperação do produto do crime. Além disto, o réu junta aos autos
elementos de corroboração para demonstrar a veracidade de suas
alegações.
Colaboração espontânea
Conceito

“O instituto da colaboração espontânea (...) consiste na iniciativa do réu


de colaborar, espontaneamente, fornecendo, a qualquer tempo,
elementos concretos que levem ao esclarecimento de infrações penais ou
sua autoria, à recuperação da vítima com vida, conforme o tipo do delito,
e à recuperação total ou parcial do produto do crime.” (STJ - HC 91692 - SP
2007/0233084-4 – Relatora Ministra Laurita Vaz).
Colaboração espontânea
Conceito

“Contempla hipótese de colaboração premiada que independe de


negócio jurídico prévio entre o réu e o órgão acusatório (colaboração
premiada unilateral) e que, desde que efetiva, deverá ser reconhecida
pelo magistrado, de forma a gerar benefícios em favor do réu
colaborador” (STJ, RESP nº 201402100978 – Relator Ministro Sebastião Reis
Júnior).
Colaboração espontânea
Diplomas legais

✓ Art. 159, §4º, do Código Penal: redução de 1/3 a 2/3 para o sequestrador
que facilita a liberação do sequestrado.
✓ Art. 25, §2º, da Lei nº 7.492/86: redução de 1/3 a 2/3 para quem
“confessa espontaneamente”.
✓ Art. 16, parágrafo único, da Lei nº 8.137/90: redução de 1/3 a 2/3 para
quem “confessa espontaneamente”.
✓ Art. 41 da Lei nº 11.343/06: redução de 1/3 a 2/3 para quem “colabora
voluntariamente”
Colaboração espontânea
Diplomas legais

✓ Art. 1º, §5º, da Lei nº 9.613/98: a) redução de 1/3 a 2/3; b) alteração do


regime fechado para semiaberto ou aberto; c) perdão judicial; d)
substituir a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
Benefícios para quem “colabora espontaneamente”.
✓ Artigos 13 e 14 da Lei nº 9.807/99: a) perdão judicial; b) redução de 1/3 a
2/3. Benefícios para quem “colabora voluntariamente”.
Colaboração espontânea
Limitação temática de aplicação do benefício

Dentre os diplomas legais que dispõem sobre a colaboração espontânea,


o único que se aplica para todos os crimes é, em princípio, a Lei nº
9.807/99, pois se trata de uma Lei geral e não específica a um
determinado tipo penal. Contudo, a jurisprudência entende que a
aplicação do benefício legal não se limita à temática da Lei, desde que
exista uma conexão entre os delitos (exemplo: corrupção e lavagem).
Colaboração espontânea
Limitação temática de aplicação do benefício

“Inicialmente, tenho que não assiste razão ao Ministério Público Federal no ponto
em que sustenta a incidência do permissivo legal do §5º do art. 1º da Lei nº
9.613/98, com redação dada pela Lei nº 12.683/2012, apenas ao crime de
lavagem de dinheiro. A questão é relevante na medida em que ao réu foi
imputado somente o crime de corrupção ativa. Não se pode ignorar, porém, que
a sua conduta está diretamente relacionada ao conjunto de práticas delitivas que
incluem a lavagem de dinheiro, realizada pelo corréu.” (TRF4, ACR 5046512-
94.2016.4.04.7000, 8ª TURMA, Relator JOÃO PEDRO GEBRAN)
Colaboração espontânea
Momento de reconhecimento

É na sentença que o juiz irá reconhecer a colaboração espontânea do réu


e aplicar a ele um benefício. A redução da pena irá incidir na terceira fase
de dosimetria da pena, vez que se trata de uma causa minorante. Por isso,
a defesa deve requerer tal benefício em sede de alegações finais. De toda
sorte, a despeito de requerimento defensivo, o Juiz pode aplicar a
redução da pena de ofício.
Colaboração espontânea
Possibilidade de cumular confissão com colaboração

Ademais, nada impede que o juiz cumule o benefício da confissão (2ª fase
de dosimetria), com o benefício da colaboração (3ª fase de dosimetria):

“Não há impossibilidade de aplicação da confissão espontânea,


atenuante genérica que incide na segunda fase da individualização da
pena, com a delação premiada, causa de redução especial aplicável na
terceira fase da dosimetria “ (TRF4, ACR 5037479-42.2014.4.04.7100, 8ª
TURMA, Relator LEANDRO PAULSEN, j. em 11/05/2018)
Acordo de Colaboração Premiada
Diplomas legais e âmbito de referência

✓ Lei nº 12.850/13
✓ Orientação conjunta MPF nº 01/2018
✓ Pode ser celebrado no contexto de qualquer delito previsto no Código
Penal ou na legislação extravagante, desde que o crime tenha sido
praticado no âmbito de uma organização criminosa.
Acordo de Colaboração Premiada
Conceito e natureza jurídica

“Colaboração premiada é um negócio jurídico bilateral que se caracteriza


como um contrato, considerando a contraposição dos interesses, aqui
consubstanciados nas vantagens esperadas por ambas as partes em razão
do conteúdo pactuado” (Fredie Didier Júnior e Daniela Bomfim).

“Colaboração premiada é negócio jurídico processual” (STF, HC nº 127483,


STJ, RHC nº 69988 e TRF-4, A.P. nº 5012331-04.2015.4.04.7000)
Acordo de Colaboração Premiada
Causa do negócio jurídico processual

Causas do negócio são distintas

Polícia ou Ministério Público DEFESA celebra o acordo


celebra o acordo a fim de com o intuito de
obter provas sobre práticas implementar uma estratégia
criminosas desconhecidas ou que visa a obtenção de
parcialmente conhecidas. benefícios para o acusado
Acordo como
meio de obtenção de prova
Acordo de Colaboração Premiada
objeto do negócio jurídico processual

Negócio jurídico não padronizado


Convenções Processuais ou Materiais

Exemplos: Exemplos:
- Dispor sobre a prisão preventiva - Dispor sobre a pena corporal
- Dispor sobre sequestro de bens - Dispor sobre a pena de multa
- Dispor sobre questões recursais - Dispor sobre efeitos extrapenais
(multa compensatória, ação civil
pública, etc.)
Acordo de Colaboração Premiada
Estrutura do acordo de colaboração premiada

1. Base jurídica do acordo


2. Objeto do acordo
✓ Quais ações penais em andamento entram no acordo
✓ Quais ações penais vindouras entrarão no acordo
3. Proposta do Ministério Público ou da Polícia
✓ Benefícios penais (acordo pode mencionar a pena concreta?)
✓ Benefícios extrapenais
✓ Benefícios processuais (prisão preventiva ou constrição de bens)
Acordo de Colaboração Premiada
Estrutura do acordo de colaboração premiada

4. Condições da proposta
✓ Obrigações assumidas pelo colaborador (prestar depoimento, apresentar
provas, analisar dados, etc.)
5. Validade da prova
✓ Questões inerentes à utilização de tais provas (após a homologação, etc.)
✓ Questões inerentes ao compartilhamento de provas (com outros órgãos ou
com outros países)
6. Renúncia à garantia de não autoincriminação e direito ao silêncio
✓ Renúncia não é definitiva. Pode o colaborador voltar atrás.
Acordo de Colaboração Premiada
Estrutura do acordo de colaboração premiada

7. Necessidade de defesa técnica


✓ Colaborador, obrigatoriamente, deve estar assistido por seu advogado em
todos os atos da colaboração
8. Sigilo da colaboração
✓ Art. 7º, §3º, da Lei nº 12.850/13. Sigilo pode durar até o oferecimento da
denúncia.
9. Homologação
✓ Designação da autoridade competente para homologar (homologação na
instância superior vale para a instância inferior)
Acordo de Colaboração Premiada
Estrutura do acordo de colaboração premiada

10. Rescisão
✓ As partes deixam de cumprir uma de suas obrigações
✓ Ausência de previsão legal de um procedimento específico
✓ Precedente paradigma: Pet. nº 7003/STF (é o judiciário que decide, após um
mini procedimento de justificativa)
11. Duração temporal do acordo

12. Declaração de aceitação do colaborador


Acordo de Colaboração Premiada
Tipos de benefícios
Benefícios previstos na Lei nº 12.850/13:
✓ Perdão Judicial (art. 4º)
✓ Redução da pena em até 2/3 (art. 4º)
✓ Substituir a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos (art. 4º)
✓ Deixar de oferecer denúncia (art. 4º, §4º)
• Não pode ser o líder da Organização Criminosa
• Tem que ser o primeiro a prestar efetiva colaboração
✓ Redução da pena em até ½, se a colaboração for posterior à sentença (art. 4º,
§5º)
✓ Admitir a progressão de regime, ainda que ausentes os requisitos objetivos, se a
colaboração for posterior à sentença (art. 4º, §5º)
Acordo de Colaboração Premiada
Tipos de benefícios

Benefícios não previstos na Lei nº 12.850/13:


✓ Estabelecimento de uma pena fixa e concreta no acordo
✓ Estabelecimento de um teto máximo de condenação
✓ Cumprimento da pena em regime diferenciado (fechado domiciliar)
✓ Progressão de regime per saltum
✓ Afastamento de efeitos extrapenais da condenação: não aplicação de
perdimento a determinados bens
✓ Definição do valor da multa compensatória e do destino da Ação Civil Pública
✓ Revogação da prisão preventiva e desbloqueio de bens
Acordo de Colaboração Premiada
Procedimento – orientação conjunta nº 1/2018

1. Apresentação dos anexos


✓ Descrição dos fatos delitivos (resenha ou termo de auto declaração)
✓ Indicação dos elementos de corroboração
✓ Procuração com poderes especiais

2. Lavratura do termo de confidencialidade


✓ Imposição de sigilo das tratativas
✓ Impossibilidade de se utilizar, ainda que a título de informação de inteligência, a
proposta de colaboração

3. Aceite ou não da proposta de colaboração


✓ Possibilidade de suspender ou de deixar de propor medidas cautelares de cunho
penal ou civil
Acordo de Colaboração Premiada
Procedimento – orientação conjunta nº 1/2018

4. Início da discussão sobre as cláusulas e benefícios


✓ Serão levados em consideração os seguintes fatores:
A. Quantidade de fatos narrados
B. Momento processual no qual a colaboração é feita
C. Culpabilidade do colaborador
D. Antecedentes criminais do colaborador
E. Disposição do agente em cooperar
F. Interesse da vítima
G. Potencial probatório do colaborador e provas apresentadas
H. Linhas de investigação ampliadas
Acordo de Colaboração Premiada
Procedimento – orientação conjunta nº 1/2018

5. Celebração do acordo
6. Colheita dos depoimentos
7. Homologação do acordo
✓ Juízo competente para homologar é o competente para processar os fatos
que são objeto do acordo
✓ Análise da voluntariedade, regularidade e legalidade
✓ Audiência prévia de homologação
✓ Três possibilidades: a) homologar sem glosa; b) homologar com glosa; c) deixar
de homologar e pedir que as partes readéquem alguma cláusula
Acordo de não persecução criminal
Resolução nº 181/17 – Conselho Nacional do MP

• Constitucionalidade da Resolução (matéria penal ou processual penal)

• Natureza jurídica: negócio jurídico processual


Acordo de não persecução criminal
Resolução nº 181/17 – Conselho Nacional do MP

• Condições para a celebração do acordo de não persecução criminal:


✓ Infrações não cometidas mediante violência ou grave ameaça
✓ Infrações que não sejam consideradas hediondas
✓ Pena mínima da infração deve ser inferior a 4 anos
Exemplos: lavagem de dinheiro, peculato, corrupção, etc.
✓ Delito não pode ser passível de transação penal (pena máxima = 2 anos)
✓ O dano ocasionado pela infração não pode ser superior a R$ 19.080,00
✓ O acordo deve ser suficiente para a reprovação e prevenção do crime (??)
Acordo de não persecução criminal
Resolução nº 181/17 – Conselho Nacional do MP

✓ O investigado não pode ser reincidente


✓ O investigado, nos últimos 5 anos, já ter sido objeto de uma pena restritiva de
direitos ou de multa
✓ Antecedentes, conduta social ou personalidade do agente demonstrarem
que não é aconselhável a celebração do acordo
✓ Ter o réu confessado detalhadamente e circunstancialmente a prática
criminosa
Acordo de não persecução criminal
Resolução nº 181/17 – Conselho Nacional do MP

Obrigações que podem recair sobre o signatário de modo isolado ou


cumulativo:
✓ Reparar o dano ou restituir a coisa à vítima
✓ Renunciar a bens e direitos que são instrumento, produto ou proveito do crime
(perdimento ou confisco)
✓ Prestar serviço à comunidade por tempo equivalente à pena mínima do delito,
diminuída de 1/3 a 2/3
Acordo de não persecução criminal
Resolução nº 181/17 – Conselho Nacional do MP

✓ Pagar prestação pecuniária no valor variável entre R$ 954,00 e R$ 343.440,00


✓ Cumprir outra condição estipulada pelo Ministério Público (por exemplo:
instauração de um programa de compliance, etc.)
Acordo de não persecução criminal
Resolução nº 181/17 – Conselho Nacional do MP

Procedimento:
✓ Em todos os atos, o investigado deve estar acompanhado de advogado
✓ Celebração de um termo de acordo, a exemplo do acordo de colaboração
premiada
✓ Colheita do depoimento de confissão detalhada
✓ Após a celebração do acordo, ele será enviado ao Juízo
✓ 1ª opção: juiz homologa o acordo e devolve ao MP para o cumprimento
Acordo de não persecução criminal
Resolução nº 181/17 – Conselho Nacional do MP

Procedimento:
✓ 2ª Opção: juiz entende ou que o acordo não é cabível, ou que as condições
do acordo não são adequadas ou suficientes (muito duras ou muito amenas)
✓ Acordo será devolvido ao Procurador-Geral de Justiça, o qual poderá tomar as
seguintes providências:
1. Desconsiderar o acordo e oferecer denúncia
2. Reformular a proposta de acordo
3. Manter a proposta de persecução, vinculando toda a instituição
Acordo de não persecução criminal
Resolução nº 181/17 – Conselho Nacional do MP

Procedimento:
✓ Se descumprir o acordo, será oferecida a denúncia pelo crime que é objeto
do acordo
✓ Cumprido integralmente o acordo, o MP vai pedir o arquivamento da
investigação
Acordo de leniência
Lei nº 12.846/13

• A lei anticorrupção prevê a responsabilidade civil e administrativa da


pessoa jurídica em razão da prática dos seguintes atos ilícitos:

✓ Infrações de corrupção (art. 333 do Código Penal)


✓ Infrações contra procedimentos licitatórios (arts. 89 a 99 da Lei nº 8.666/93)
✓ Infração de obstrução de justiça (art. 2º, §1º, da Lei nº 12.850/13)
Acordo de leniência
Lei nº 12.846/13

• As seguintes sanções podem ser impostas à pessoa jurídica:

✓ Multa que pode chegar ao valor de 20% do faturamento bruto da empresa


✓ Publicação em meios de comunicação da decisão condenatória
✓ Perdimento de bens que representem o proveito do ato ilícito
✓ Suspensão das atividades da pessoa jurídica
✓ Dissolução compulsória da empresa
✓ Proibição de receber incentivos, subsídios, doações ou empréstimos de
instituições públicas
Acordo de leniência
Lei nº 12.846/13

• Os seguintes requisitos devem ser preenchidos cumulativamente para a


empresa fechar o acordo de leniência:

✓ A empresa deve cooperar com as investigações


✓ A empresa deve ser a primeira a cooperar (exigência de novo mercado)
✓ A empresa deve cessar completamente a prática ilícita
Acordo de leniência
Lei nº 12.846/13

• Quais os benefícios a empresa pode obter com o acordo de leniência:

✓ Ausência de publicação da decisão condenatória


✓ Redução de 2/3 do valor da multa aplicável
✓ Obter imunidade com relação aos processos (ação civil pública, etc.)
✓ Poder continuar recebendo incentivos, subsídios, doações ou
empréstimos de instituições públicas

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