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JUSTIÇA NEGOCIAL NO PROCESSO PENAL: ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO

PENAL

Diego Gabriel Campos Oliveira1

RESUMO

O presente artigo irá tratar sobre o Acordo de Não Persecução Penal que foi
introduzido no ordenamento jurídico brasileiro através da Lei 13.964/2019, também
denominada de Pacote Anticrime, qual buscou auxiliar uma reforma no Poder
Judiciário com o objetivo de repreender os crimes de forma veemente, mas também
aliviar esse poder que encontra abarrotado com altas demandas. Devido a isso,
acumulam anualmente diversos processos em tramitação, em 2017 o Conselho
Nacional do Ministério Público instituiu o Acordo de Não Persecução Penal,
conhecido no âmbito doutrinário como ANPP, através da Resolução 181/2017.
Porém foi regulamentado no Código de Processo Penal pela Lei nº 13.964/2019, Lei
essa conhecida como Pacote Anticrime. No Acordo de Não Persecução Penal, o
Ministério Público oferece ao investigado um acordo, antes mesmo do oferecimento
da denúncia, mas, além da regulamentação existem requisitos necessários quais o
acusado precisa cumprir, para que o acordo possua validade. O Acordo de Não
Persecução Penal, pode ser considerado um instituto de caráter pré-processual, de
direito negocial entre o Ministério Público e o investigado, o que significa que o
investigado em si não é obrigado a aceitar tais condições impostas. Logo, o artigo
buscará explicar a Justiça Negocial, passando por uma evolução histórica no Brasil,
demonstrando o que é o Acordo de Não Persecução Penal, os seus requisitos,
vedações e peculiaridade.
Palavras-chave: Acordo de Não Persecução Penal, Pacote Anticrime, Justiça
Negocial.

ABSTRACT

This article will deal with the Criminal Non-Persecution Agreement that was
introduced in the Brazilian legal system through Law 13.964/2019, also called the
Anti-Crime Package, which sought to assist a reform in the Judiciary in order to
rebuke crimes vehemently. , but also alleviate that power that finds it crammed with
high demands. Due to this, there are annually several cases in progress, in 2017 the
National Council of the Public Ministry established the Criminal Non-Persecution
Agreement, known in the doctrinal scope as ANPP, through Resolution 181/2017.
However, it was regulated in the Criminal Procedure Code by Law No. 13.964/2019,
known as the Anti-Crime Package. In the Criminal Non-Persecution Agreement, the

1
Estudante de graduação em Direito da Faculdade de Ensino Superior do Paraná – FESP. e-mail:
diegogabriel10@icloud.com
Public Ministry offers the investigated an agreement, even before offering the
complaint, but, in addition to the regulation, there are necessary requirements that
the accused must comply with, for the agreement to be valid. The Criminal Non-
Persecution Agreement can be considered a pre-procedural institute, of negotiation
right between the Public Prosecutor's Office and the investigated, which means that
the investigated person is not obliged to accept such imposed conditions. Therefore,
the article will seek to explain the Negotiation Justice, going through a historical
evolution in Brazil, demonstrating what the Criminal Non-Persecution Agreement is,
its requirements, fences and peculiarity.

Keywords: Criminal Non-Prosecution Agreement, Anti-Crime Package, Business


Justice.

1 Introdução

O presente artigo irá tratar sobre o Acordo de Não Persecução Penal que foi
introduzido no ordenamento jurídico brasileiro através da Lei 13.964/2019, também
denominada de Pacote Anticrime Código de Processo Penal, qual buscou auxiliar
uma reforma no Poder Judiciário com o objetivo de repreender os crimes de forma
veemente, mas também aliviar esse poder que encontra lotado com demandas.
Considerado um avanço para o sistema penal brasileiro, o Acordo de Não
Persecução Penal tem desafogado o judiciário com o julgamento de crimes
cometidos, considerados de menor teor ofensivo sem agravantes.
Devido à grande demanda existente no judiciário, que acumulam anualmente
diversos processos em tramitação, em 2017 o Conselho Nacional do Ministério
Público instituiu o Acordo de Não Persecução Penal, conhecido no âmbito
doutrinário como ANPP, através da Resolução 181/2017. Porém foi regulamentado
no Código de Processo Penal pela Lei nº 13.964/2019, Lei essa conhecida como
Pacote Anticrime, considerada uma medida despenalizadora, assim podendo ser
considerada uma maneira de existir uma negociação entre o Ministério Público e o
acusado.
No Acordo de Não Persecução Penal, o Ministério Público oferece ao
investigado um acordo, antes mesmo do oferecimento da denúncia, mas, além da
regulamentação existem requisitos necessários quais o acusado precisa cumprir,
para que o acordo possua validade.
O Acordo de Não Persecução Penal, pode ser considerado um instituto de
caráter pré-processual, de direito negocial entre o Ministério Público e o investigado,
assim, trata-se de um negócio bilateral, o que significa que o investigado em si não é
obrigado a aceitar tais condições impostas.
Logo, o artigo buscará explicar a Justiça Negocial, passando por uma
evolução histórica no Brasil, demonstrando o que é o Acordo de Não Persecução
Penal, os seus requisitos, vedações e peculiaridade.
Vista disso, é necessário um estudo mais detalhado sobre o Acordo.
2 JUSTIÇA NEGOCIAL CRIMINAL

A Justiça Criminal Negocial foi instaurada no ordenamento jurídico brasileiro


passou por uma revolução histórica até chegar aonde está hoje.
Podemos considerar que Justiça Criminal Negocial como um acordo, ou seja,
a negociação entre o Ministério Público e o acusado, tendo o objetivo de interromper
o processo que se iniciou ou que estejam em curso, desde que o acusado cumpra
os requisitos apresentados, tendo a finalidade de extinguir a punibilidade do agente.
A Justiça Negocial para Vinicius Gomes (2015, p. 55):

É o modelo que se pauta pela aceitação (consenso) de ambas as partes –


acusação e defesa – a um acordo de colaboração processual com o
afastamento do réu de sua posição de resistência, em regra, impondo
encerramento antecipado, abreviação, supressão integral ou de alguma fase
do processo, fundamentalmente com o objetivo de facilitar a imposição de
uma sanção penal com algum percentual de redução, o que caracteriza o
benefício ao imputado em razão da renúncia ao devido transcorrer do
processo penal com todas as garantias a ele inerentes.

Essa maneira de barganha do âmbito penal teve sua instituição com a


evolução da nossa sociedade, do Direito e Justiça, pois com o passar dos tempos o
Poder Judiciário tem se sobrecarregado pois se tornou o principal meio de resolução
de conflitos e se afogou no excesso dessas demandas. A justiça penal era vista
como uma forma de retribuir a conduta criminosa praticada pelo acusado, ignorando
totalmente os preceitos que o Estado fornece, para fins de prevenir crimes, retribuir
ou reeducar. O mesmo escritor diz em seu texto que a Justiça Negocial na área
criminal busca a celeridade e a economia processual, visando que ocorre a
abreviação do processo penal e, consequentemente, atende as queixas que o
Judiciário brasileiro sofre com a alta demanda dos processos.
[...] pensa-se que a justiça consensual (ou negocial) é o modelo que se
pauta pela aceitação (consenso) de ambas as partes – acusação e defesa –
a um acordo de colaboração processual com o afastamento do réu de sua
posição de resistência, em regra impondo encerramento antecipado,
abreviação, supressão integral ou de alguma fase do processo,
fundamentalmente com o objetivo de facilitar a imposição de uma sanção
penal com algum percentual de redução, o que caracteriza o benefício ao
imputado em razão da renúncia ao devido transcorrer do processo penal
com todas as garantias a ele inerentes (VASCONCELLOS, 2015, p. 55).

Com isso, buscando aliviar a situação em que se encontra a Justiça brasileira


e o sistema prisional, e a tornar mais acessível para uma resolução de conflitos de
forma consensual, a negociação no âmbito criminal tem se destacado no mundo,
isso porque o seu objetivo agrada sempre as duas partes que compõe o processo e
com isso colabora com o desencarceramento em massa.
Entre os países que adotam uma negociação na área criminal há uma maior
incidência naqueles que defendem com preponderância o princípio da oportunidade
da ação penal, característica do sistema common Law que permite ao membro do
Ministério Público à autonomia para promover e intentar ou não a ação penal.

2.1 INSTITUTO PLEABARGAINING


A Justiça Negocial Criminal dos Estados Unidos, serviu como influência para
a criação do Acordo de Não Persecução Penal no Brasil, qual foi instituído pela Lei
13.964/2019. O benefício no EUA é denominado PleaBargaining, que se refere a um
acordo firmado entre a acusação e o acusado, no qual se confessa o crime praticado
em trocas de concessões dadas pelo Estado, que pode ser a redução da gravidade
das acusações ou reduzir a pena qual será aplicada.
Dito isto, o caminho do procedimento criminal, nos Estados Unidos da
América, em linhas gerais, começa sempre com uma acusação em desfavor daquele
que tenha infringido a lei penal. Posteriormente, em audiência na presença de um
juiz, o Acusado é advertido de seus direitos, tais quais o de ser acompanhado por
advogado. A acusação que pesa contra aquele é então analisada pelo chamado
grand jury, que após ter acesso as provas demonstradas pela Acusação, decidirá se
ela se sustenta e, consequentemente, se o Acusado irá a julgamento. Em caso
positivo, este é indiciado e as acusações serão devidamente julgadas.
O próximo passo, contudo, é o que mais nos interessa. Após essas etapas, o
Réu, assistido pelo seu advogado, em audiência, responderá como se declara em
relação às acusações contra si imputadas: culpado (plead guilty), inocente (not
guilty), bem como poderá simplesmente não se defender (to plead no contest).
Neste momento, ainda de pré-julgamento, é que a negociação entre a Acusação e a
defesa pode vir a ocorrer, com o pleabargain.
O plead guilty implica na admissão de cometimento do delito e uma
renúncia aos direitos que o réu teria caso decidisse ir a julgamento. Nesse
momento o magistrado avalia se a confissão do Réu é válida, ausente de qualquer
vício de consentimento, que é essencial para aceitar o mesmo, bem como
cientificar dos direitos sobre os quais está dispondo, dentre estes o próprio direito
de se submeter a julgamento. Diuturnamente, a opção de não se defender, que
como já acima exposto, igualmente tem potencial para levar a um acordo de
pleabargain, só se diferencia da admissão de culpa no que diz respeito à eventual
reparação patrimonial/moral na esfera cível.
Dito isto, e por fim, na rara ocasião em que o Acusado venha a optar por
negar a sua culpa (to plead not guilty), ele exercerá o seu direito constitucional de ir
a julgamento. A ida à julgamento é ocasião rara, todavia, porque o ordenamento
jurídico no qual está inserido o plea bargain – aberto ao consenso, à disponibilidade
de direitos (mais do que o comumente visto na civil law) – permite uma atuação por
vezes agressiva, por parte dos atores da Acusação, predisposta à obter uma
condenação via a confissão do Réu. Por isso, quase que a totalidade dos casos
levados à justiça criminal estadunidense acaba em acordos de plea bargain.
De acordo com Vinícius Gomes de Vasconcelos, existem três requisitos na
plea bargain para a sua admissibilidade: a garantia da voluntariedade, o
consentimento informado e que o acordo esteja adequado à existência de uma
conduta criminal plausível.
Assim, o acordo se estabelece de uma forma voluntária, não existindo
qualquer espécie de coação física ou moral que interfira nos acordantes. Não é
cabível qualquer tipo de pressão para que o acordo seja acordado. Ameaças de
consequências jurídicas fáticas em virtude da não aceitação, são inaceitáveis. Logo,
não pode condicionar expressamente ou veladamente a realização do acordo com o
aceite do perseguido penal à concessão de liberdade provisória ou à manutenção de
prisão cautelar.
Agrega-se à voluntariedade a existência de consentimento, tendo em vista
que a pessoa perseguida pelo Estado tenha pleno conhecimento de todas as
circunstâncias jurídicas e fáticas quais envolvem o acordo. Os métodos e modos de
cumprimento do acordo, as questões penais e processuais quais envolvem, as
consequências da aceitação e da não aceitação do acordo e seu eventual
descumprimento, precisam ser expressamente informados ao acusado, de modo
que entenda em que situação jurídica ele vai estar inserido.
O conteúdo do benefício precisa ser adequado com os fatos e a conduta qual
supostamente foi cometida pelo acusado. Tem de haver um suporte mínimo para
que dê embasamento para que a proposta do acordo não seja abuso de acusação
ou somente uma forma de beneficiar o réu e desburocratizar o caso penal,
sobrecarregando o acusado. Se não houver adequação entre a conduta e os fatos,
não há o que se falar em proposta de acordo, mas em novas investigações.

2.2 A LEI N.º 9.099/95 E OS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS

Dentre as disposições gerais do seu Capítulo III, Título IV, a atual


Constituição Federal brasileira prevê o que se segue:

Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:


I – Juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos,
competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas
cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial
ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas
hipóteses previstas em lei, a transação penal e o julgamento de recursos
por turmas de juízes de primeiro grau.

O que a referida norma constitucional referendou, em síntese, foi a criação


dos chamados Juizados Especiais Criminais, para o processamento das infrações
penais de menor potencial ofensivo. Os Juizados vieram a ser instituídos
posteriormente através da Lei n.º 9.099/95. O referido corpo legal, além de tratar
desta inovação, introduziu ao processo penal brasileiro institutos como a transação
penal e a suspensão condicional do processo, a serem estudados adiante.
Contudo, cumpre voltar o olhar, em primeiro lugar, para uma limitação contida
no próprio dispositivo constitucional, quando dito que nos Juizados Especiais
Criminais só se cuidará do julgamento de infrações penais de menor potencial
ofensivo. Necessário se faz conceituar, pois, o que seriam essas infrações penais de
menor potencial ofensivo, eventuais objetos, por assim dizer, das propostas de
transação penal e suspensão condicional do processo, a fim de prosseguir com o
estudo das inovações trazidas pela Lei n.º 9.099/95; e é nesta própria lei,
especificamente em seu art. 61 – por sua vez, alterado pela Lei n.º 11.313/06 –, que
se encontra a indispensável definição:

Artigo 61, da Lei nº 11.313/2006 - Consideram-se infrações penais de


menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções
penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois)
anos, cumulada ou não com multa.

São estas, pois, as infrações de competência dos Juizados: as contravenções


penais, e os crimes cuja pena máxima não ultrapasse dois anos. A essas
contravenções e a estes crimes são aplicados, observando as particularidades de
cada caso, os institutos da transação penal e da suspensão condicional do processo
“medidas despenalizadoras e descarcerizadoras”, como elucida Aury Lopes Jr.
(2016, p. 760), quando, por óbvio, presentes os requisitos autorizadores para tanto.
Esses institutos, tal qual traz o referido autor, bem como será visto adiante
representaram um marco inovador no ordenamento pátrio, senão vejamos:

Sem dúvida, a Lei n.º 9.099/95 representou um marco no processo penal


brasileiro, na medida em que, rompendo com a estrutura tradicional de
solução dos conflitos, estabeleceu um substancial mudança na ideologia até
então vigente. A adoção de medidas despenalizadoras e descarcerizadoras
marcou um novo paradigma no tratamento da violência (2016, p. 760).

Desta forma, para melhor compreender a aplicação dessas medidas, cumpre


tratar, inicialmente, e de forma breve, da maneira através da qual se inicia o
procedimento nos Juizados Especiais Criminais.
Sendo constatada a prática de infração cujo processamento seja de
competência dos Juizados, a Autoridade Policial encarregada da investigação
cuidará de lavrar termo circunstanciado – registro típico das infrações de menor
potencial ofensivo (vez que a instauração de inquérito policial civil não é mandatória,
nesses casos), encaminhando autor e vítima ao Juizado. Após, terá lugar uma
audiência preliminar no mesmo momento em que encaminhados autor e vítima ao
Juizado ou, se não for possível, em data a ser designada pelo magistrado –, durante
a qual será averiguada a possibilidade da composição civil dos danos ou do
oferecimento da proposta de transação penal.

2.3 A EVOLUÇÃO DA JUSTIÇA NEGOCIAL BRASILEIRA

A justiça negocial no Brasil surgiu em 1995 com a lei 9.099, qual é a primeira
vez que uma solução rápida de conflitos era instituída na justiça brasileira, lei essa
que trouxe alguns institutos usados até os dias atuais, que são à suspensão
condicional do processo e a transação penal.
Vista a quantidade de ações em andamento no Brasil e dada a demora para o
desenvolvimento do processo e a resolução, foi necessária verificar uma forma para
que existisse uma solução mais rápida e pacífica para resolver os conflitos das
ações penais. O livro juizados especiais criminais explica que os juristas brasileiros
já se preocupavam com o processo penal há muito tempo dado a quantidade de
processo e propunham alterações para os institutos do código de 1940 para
alcançar o que eles chamavam na época de processo de resultado, ou seja, um
processo que fosse instrumentado com as tutelas adequadas com todos os direitos,
com o objetivo de assegurar a praticidade e a utilidade das decisões, eles falavam
que a efetividade do processo e a sua instrumentalidade a partir dos direitos naturais
e dos valores sociais, levando em conta as vantagens de um procedimento oral na
sua verdadeira essência: com a concentração, a imediação e a identidade física do
juiz para conduzir a apreciação das provas da forma mais convincente ,
simplificando e desburocratizando a justiça. (ADA PELLEGRINI GRINOVER, 2005)
Pode-se observar que a justiça negocial brasileira, foi influenciada por um
instituto externo (internacional), mas percebe-se que os juristas brasileiros quais
estavam diante de um problema eminente, conseguiram uma solução para o
abarrotamento de processos que existiam no âmbito criminal, essa negociação de
consenso realismo dentro da justiça penal se fazia benéfica, porém os juristas a
princípio pensaram que se enquadrasse em crimes cujo potencial ofensivo fosse
menor.

2.4 TRANSAÇÃO PENAL

A transação penal, é cabível apenas nos crimes de competência


dos Juizados as contravenções e os crimes cuja pena máxima não
ultrapasse dois anos, como já visto. Através desta medida, o titular da ação
penal, qual seja, o Ministério Público ou o querelante23, oferece ao autor do
fato uma proposta de cumprimento antecipado de uma pena restritiva de
direitos ou de multa. O autor da infração, frise-se, deverá estar sempre
acompanhado de advogado ou defensor público, obrigatoriamente, para que
o acordo seja válido, devendo o seu defensor alertá-lo para o importante fato
de que a aceitação da proposta de transação não implicará em assunção de
culpa. Sobre este procedimento, trata Alexander Araújo de Souza:

[...] participam do acordo transacional o Ministério Público, o autor


da infração e seu advogado, bem como o Juiz. O primeiro analisa a
presença dos requisitos legais necessários à propositura da
transação penal, a qual, se efetivada, alvitrará ao autor da infração a
aceitação de imposição imediata de pena restritiva de direitos ou de
multa.

De certo que a transação penal se apresenta vantajosa ao


Acusado, vez que a sua condenação não implicará em reincidência, maus
antecedentes, bem como não gerará efeitos civis, e como já visto, não
importa sua admissão de culpa; igualmente, a pena à que se submeterá, de
imediato, não será privativa de liberdade.

2.5 SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO

A suspensão condicional do processo, chamada também de “sursis


processual”, por sua vez, difere da transação penal, ao mesmo tempo em que se
aproxima em alguns pontos. O sursis processual é aplicado nos casos de infrações
penais cuja pena mínima cominada, em abstrato, for igual ou inferior a um ano. O
representante do Ministério Público, ao oferecer a denúncia, deverá propor a
suspensão do processo por dois a quatro anos, observados determinados requisitos
a serem preenchidos pelo Acusado.
Durante esse período de suspensão, o agente deverá cumprir determinações
específicas: como a de reparar os danos causados, se possível for, e a de não se
ausentar da comarca onde reside sem autorização judicial, não frequentar
determinados locais e comparecer em juízo, mensalmente, para informar e justificar
suas atividades. Ao final, se cumpridas as exigências, o magistrado declarará extinta
a punibilidade e o processo. Observação de grande valia é em relação ao aspecto
claramente negocial deste acordo, ainda que associados os atos processuais aos
ditames legais, no tocante à definição das condições e do período de suspensão.
Não sendo cumpridas as condições impostas, ou sendo o acusado
eventualmente processado, durante o período da suspensão do processo, por outro
crime ou contravenção, ela será revogada e será dado prosseguimento ao feito de
onde ele parou.

2.6 ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL

A Lei 13.964/2019 (Pacote Anticrime) trouxe consigo a figura do Acordo de


Não Persecução Penal – ANPP, foi introduzido no Código de Processo Penal, em
seu art. 28-A, no qual apresenta as peculiaridades e requisitos que devem ser
observados pelo representante do Ministério Público quando propor o acordo junto
ao acusado, que deve estar assistido por um defensor constituído ou nomeado e
deve ser formalizado por escrito. Na concepção de Cunha (2020) o acordo de não
persecução penal trata-se;
Ajuste obrigacional celebrado entre o órgão de acusação e o investigado
(assistido por advogado), devidamente homologado pelo juiz, no qual o
indigitado assume sua responsabilidade, aceitando cumprir, desde logo,
condições menos severas do que a sanção penal aplicável ao fato a ele
imputado. (CUNHA, 2020 p.127)

Preliminarmente deve ser destacado que para propor o acordo, a investigação


não pode ser caso de arquivamento, deve ser considerada viável a instauração da
persecução penal para que o acordo seja celebrado.
Diante disso, para a propositura do acordo é necessário também que o
investigado confesse de formalmente e de forma circunstanciada, ou seja,
pormenorizado a prática do delito, cuja pena mínima seja inferior a 4 (quatro) anos,
levando-se em consideração as causas de aumento e de diminuição aplicadas ao
fato, desde que, o crime não tenha sido cometido com uso de violência ou de grave
ameaça. Esse entendimento é corroborado por Renato Brasileiro em seu Manual de
Processo Penal:

Na sistemática adotada pelo art. 28-A do Código de Processo Penal,


introduzido pela Lei n. 13.964/19 (Pacote Anticrime), cuida-se de negócio
jurídico de natureza extrajudicial, necessariamente homologado pelo juízo
competente – pelo menos em regra, pelo juiz das garantias (CPP, art. 3º-B,
inciso XVII, incluído pela Lei n. 13.964/19) –, celebrado entre o Ministério
Público e o autor do fato delituoso – devidamente assistido por seu defensor
–, que confessa formal e circunstanciadamente a prática do delito,
sujeitando-se ao cumprimento de certas condições não privativas de
liberdade, em troca do compromisso do Parquet de não perseguir
judicialmente o caso penal extraído da investigação penal, leia-se, não
oferecer denúncia, declarando-se a extinção da punibilidade caso a avença
seja integralmente cumprida. (Lima, p. 274, 2020).

Quanto à confissão do acusado, o dispositivo do Código de Processo Penal


apresenta como requisito fundamental para ser concedido o Acordo de Não
Persecução Penal, em que deve ser formalizada com detalhamento da prática da
infração penal. Diante disso, Guilherme Nucci em seu Código de Processo Penal
Comentado enuncia que essa confissão é uma representação de admissão de
culpa, entendendo ser inconstitucional, pois caso o investigado não cumpra as
condições do acordo, o Ministério Público pode denunciar o réu com base nessa
confissão, gerando danos somente ao investigado.
Para ser concedido o acordo entre as partes, é preciso que sejam definidas
as condições, quais podem ser aplicadas de formas alternativas ou
cumulativamente. A primeira condição que o art. 28-A é a reparação dos danos ou
restituição à vítima, salvo em casos que não é possível realizar. Esta condição para
Renato Brasileiro vale qualquer que seja o tipo de dano sofrido pela vítima, veja:

Como o dispositivo em questão não faz qualquer restrição, parece-nos


possível a reparação de qualquer espécie de dano, seja ele material, moral,
estético etc. Evidentemente, quando o delito não causar danos à vítima
(v.g., crimes contra a paz pública), esta condição não será imposta.
Também não se admite a imposição desta condição quando restar
evidenciada a impossibilidade de o investigado reparar o dano ou restituir a
coisa à vítima (v.g., vulnerabilidade financeira), (Lima, p. 283, 2020).

Contudo, Nucci tem uma visão ríspida sobre tal condição, entende que a
circunstância poder ser desproporcional, pois quem tem alto poder aquisitivo podem
se beneficiar:
trata-se de um discurso pronto e preparado para constar em quase todas
as leis penais e processuais penais, especialmente as que se voltam a
conceder benefícios aos agentes criminosos. No Brasil, no entanto,
considerando a criminalidade de baixo poder aquisitivo, pode-se assegurar
que quase nunca ocorre a indenização. Poderá ser útil para a criminalidade
de alto poder aquisitivo. (Nucci, p. 223, 2020).

A segunda condição, é renunciar voluntariamente bens e direitos quais são


indicados pelo membro do Ministério Público, quais foram utilizados, como
instrumentos, produtos ou proveito do delito penal. Após, o dispositivo apresenta a
prestação de serviços à comunidade pelo período correspondente da pena mínima
cominada a infração penal. O que torna essa condição atrativa para o investigado é
a diminuição de um a dois terços que a pena sofre.
Por fim, das condições, a prestação pecuniária, nos termos do art. 45 do
Código Penal, a entidade pública ou de interesse social com a função de proteger os
bens jurídicos semelhantes ou iguais aqueles que foram lesados pelo delito
praticado. A última expõe uma liberdade ao membro do Ministério Público de indicar
outra condição, com a ressalva de ser proporcional e compatível com a infração
imputada. Em razão disso, Nucci possuí duras críticas sobre essa condição, pois
segundo ele esse inciso não andou bem:

Nunca deu certo uma condição aberta para se fixar qualquer coisa. Note-se
o disposto no art. 79 do Código Penal: “a sentença poderá especificar
outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que
adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado”. O referido art. 79
refere-se à suspensão condicional da pena. Em três décadas de
magistratura, jamais vi uma condição advinda da mente do juiz que fosse
razoável e aceita pelo Tribunal. Portanto, dentro do princípio da legalidade,
esperamos que o membro do Ministério Público não cometa os mesmos
erros que os juízes já realizaram por conta do art. 79 do CP. Nucci, p. 223,
2020).

O Enunciado n. 25 do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos


Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG) e do Grupo Nacional de
Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM), monstra que o Acordo de
Não Persecução Penal não imputa penas, mas direitos e obrigações resultantes da
negociação, visto que as medidas são arbitrariamente acordadas e não produz
qualquer tipo de efeito a partir daí, como exemplo a reincidência. Entendimento esse
que é confirmado no §12 do art. 28-A da lei processual penal, qual mostra que o
acordo não constará em sua certidão de antecedentes criminais, salvo para fizer se
nos últimos cinco anos, não foi concedido como tal benefício para o acusado da
infração penal.
Vale destacar as vedações do art. 28-A do Código de Processo Penal, quais
destacam-se por exemplo, que o Acordo de Não Persecução Penal não pode ser
aplicado quando no caso concreto for cabível a transação penal da lei 9.099/1995, a
reincidência do acusado ou quando houver elementos que comprovem a prática
habitual, reiterada ou profissional, exceto quando as infrações anteriores forem
consideradas como pretéritas. Além disso, o acordo não poderá ser proposto ao
acusado se esse estiver sido beneficiado por outro meio de justiça negocial, como a
transação penal, a suspensão condicional do processo e o próprio acordo de não
persecução penal, nos cinco anos anteriores à prática da infração penal.
Por fim, Renato Brasileiro demonstra que na última proibição para aplicar o
Acordo de Não Persecução Penal de forma inicial não ressalva que a vítima da
violência doméstica ou familiar deve ser mulher, não importando se o delito foi
praticado contra homem ou mulher. Já na parte final do inciso, o legislador delimita a
vítima sendo uma mulher para não concessão da barganha, não importando se a
infração penal foi cometida ou não no âmbito de violência doméstica e familiar. Nucci
diz sobre esse assunto:

Finalmente, veda-se esse acordo no cenário da violência doméstica ou


familiar ou praticados contra a mulher, o que confirma a meta da legislação
brasileira de excepcionar a agressão de homens contra mulheres,
pretendendo estancar um dos pontos nevrálgicos da criminalidade no
Brasil. (Nucci, p. 225, 2020)

Após o acordo entre as partes envolvidas ser firmado, o próximo passo é a


homologação, que ocorrerá em audiência, qual o juiz verifica a voluntariedade com a
oitiva do acusado, qual estará acompanhado de seu defensor, e a legalidade. Nesse
ato, o magistrado pode considerar as condições acordadas como inadequadas,
insuficientes ou abusivas, o que pode levar a conclusão dos autos e remessa ao
Ministério Público para haver a retificação da proposta, devendo o acusado e o seu
defensor concordar e analisar se possui a necessidade de complementar as
investigações ou oferecer a denúncia. Salientando que o magistrado pode a
qualquer momento recusar a homologar o acordo, caso entenda que algum requisito
não tenha sido preenchido. Caso ocorra a homologação, a vítima será intimada e os
autos serão devolvidos ao membro do Ministério Público para se seja iniciada a
execução no juízo da execução penal.
No regular andamento do Acordo, seu descumprimento de qualquer condição
acordada e estipulada, o membro do Ministério Público comunicará imediatamente o
juízo para que seja rescindida a negociação e posterior oferecimento da denúncia,
ante a confissão do crime, podendo servir como eventual não oferecimento da
suspensão condicional do processo (sursis processual). Entretanto, com seu total
cumprimento será decretado à extinção da punibilidade do acusado.
Por último, há uma controvérsia se a proposta do Acordo de Não Persecução
Penal é uma discricionariedade do Ministério Público ou um direito subjetivo do
acusado, diante de que o dispositivo qual trata da negociação apresenta uma
possibilidade de o acusado requerer a remessa dos autos aos órgãos superiores, ao
Procurador Geral, de acordo com o art. 28 do Código de Processo Penal, caso não
seja sugerido. Diante disso, Renato Brasileiro expressa que caso ser direito
subjetivo do investigado isso faria perder a qualidade da negociação, vejamos:

“Partindo da premissa de que o acordo de não persecução penal deve


resultar da convergência de vontades, com necessidade de participação
ativa das partes, não nos parece correta a assertiva de que se trata de
direito subjetivo do acusado, sob pena de se admitir a possibilidade de o juiz
determinar sua realização de ofício, o que, aliás, lhe retiraria sua
característica mais essencial, qual seja o consenso.” (Lima, p. 276, 2020).

Todavia, seguindo a jurisprudência sumulada do Supremo Tribunal Federal de


n. 696, o Acordo de Não Persecução Penal, quando reunidos os seus requisitos
legais e o Ministério Público se opor a sua propositura, será remetido à análise para
o Procurador-Geral, semelhantemente ao que dispõe o art. 28 do Código de
Processo Penal, visto que a semelhança no caso visa beneficiar o investigado.
Assim, o mesmo autor citado acima, entende que não é uma liberdade discricionária
do membro do Ministério Público, mas sim um poder-dever, pois deve haver a
análise dos requisitos do acordo, e caso sejam preenchidos, o benefício deve ser
proposto ao investigado. Diante disso, poderá ser interposto recurso
administrativamente ao Procurador-Geral ou a órgão de revisão ministerial, como
trouxe a nova redação do art. 28 do Código de Processo Penal, quando não for
oferecido.
Portanto, verifica-se que esse instituto do acordo de não persecução penal, é
uma boa opção ao acusado que infringe à lei.

2.7 PACOTE ANTICRIME

O pacote anticrime do Governo Federal, surgiu nas eleições de 2018, e


podemos conceituá-lo como um conjunto que alterou a legislação penal brasileira,
buscando aumentar a eficácia do combate ao crime organizado, aos crimes
violentos e em especial à corrupção, reduzindo assim no sistema judicial os atrasos.
Renato Brasileiro nesse sentido:

O denominado projeto Anticrime foi apresentado ao Congresso Nacional no


dia 31 de janeiro de 2019 (PL 882-2019), tendo como principal meta o
estabelecimento de medidas que realmente se demonstrassem efetivos
contra a corrupção, o crime organizado e os delitos praticados com grave
violência à pessoa, sistematizando as mudanças em uma perspectiva mais
rigorosa no enfrentamento à criminalidade, totalmente em consonância com
o anseio popular expressado nas eleições de 2018 (2020, p.18).

Foi regulado pela Lei nº 13.964 de 24 de dezembro de 2019, trouxe


alterações nas legislações criminais e nas leis já em vigor, dentre estas destacam-se
o Código Penal Brasileiro (Decreto Lei nº 2.848/40), Código de Processo Penal
(Decreto Lei nº 3.689/41), Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/84), Lei da
Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/92), Lei de Drogas (Lei nº 11.343/06), Lei
de Lavagem de Capitais (Lei nº 9.613/98), Estabelecimentos Penais Federais de
Segurança Máxima (Lei nº 11.671/08), Lei de Interceptações Telefônicas (Lei nº
9.296/96), Identificação Criminal (Lei 12.037/09), Colegiado em Primeiro Grau (Lei nº
12.694/12), Lei do “Disque-denúncia” (Lei nº 13.608/18), trazendo um novo
panorama ao procedimento investigatório e às instruções judiciais nos processos
criminais no Brasil.

Os fatores que influenciaram a criação do pacote anticrime foram, o social, o


histórico e o estrutural, a qual passava ao crime organizado e aos processos
criminais a ideia de impunidade, diante da fragilidade dos processos com seus
longos prazos processuais, recursos e os institutos jurídicos que resultavam na
absolvição dos acusados.
Já tendo sido definido pelo Fórum Econômico Mundial de 2017 como o 4º
país mais corrupto do mundo, o Brasil necessita de uma política pública
eficaz no combate à corrupção, que vise o emparelhamento do Estado com
o povo, para o povo e em prol do povo. Essa pesquisa é realizada pela
organização Suíça com 15mil líderes empresariais espalhados por 141
países (ALTAMIRANO, 2016).

O projeto sofreu várias modificações que foram realizadas durante a votação


e seu processo de julgamento pelo Congresso Nacional, através da Câmara dos
Deputados e Senado Federal, tendo sofrido vetos do Presidente Jair Messias
Bolsonaro. Um dos dispositivos que dificultava a progressão do regime foi vetado
pelo Presidente, justificando como “perceptivo à impunidade”, seguindo o
entendimento do Supremo Tribunal Federal.
O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, através do seu
presidente Felipe Santa Cruz, foi contrário a aprovação do pacote anticrime, por ser
conforme suas palavras, inconstitucional, conforme a Análise do Projeto de Lei
Anticrime, publicado em abril de 2019.
O Fator Social, o famoso “jeitinho brasileiro” é uma arma na corrupção, se
entende como um ato corrupto, que está desafiando a honestidade para se obter
vantagem indevidamente, seja desviar verbas da saúde, seja receber um valor a
mais e ignorar. Almeida conceitua o “jeitinho brasileiro” como:

Existe uma linha tênue entre o certo e o errado em que nasce o jeitinho
brasileiro como um instrumento da dinâmica social, fica mais fácil entender
porque a cultura da corrupção se estabelece. O jeitinho brasileiro é
socialmente aceito e esse jeitinho que quebra as regras e se apresenta
como a “zona cinzenta moral”, ou seja, entre os limites do certo e o errado.
Variando as circunstâncias, o que é certo pode ser considerado errado e
vice e versa. (2007, p. 56)

Podemos ainda destacar o fator social como sendo o principal para a


existência da corrupção, a divisão de classes, a sede pelo poder, a necessidade dos
padrões de vida altos, que levam as pessoas a se corromper para conseguir tais
objetivos, não podendo generalizar a corrupção só aos gestores públicos, mas a
todos, pois sabemos que a corrupção se faz de várias formas e maneiras, seja em
casa ou na vida social.
Percebe-se que o fator social é o maior causador da corrupção no Brasil, ele
é trazido por fatores externos, tais como a desigualdade social e a inversão de
valores. Somente diante de uma educação firmada em moralidade e no caráter
pessoal, podemos ter futuras gerações dentro de uma cultura de honestidade e
moralidade.
O Fator Histórico, no período colonial foi responsável por costume de
corrupção.
Antes mesmo dos portugueses desembarcarem no Brasil, já foram
identificadas as primeiras práticas de corrupção, pois solicitaram que o rei
enviasse
o seu genro Jorge de Osório para administrar as terras brasileiras, a
conhecida
corrupção na modalidade nepotismo, que acompanha o país por centena de
anos
(GOMES, 2013, p. 28)

O Brasil se iniciou com as invasões estrangeiras, com nenhum interesse em


formar uma nação. Era apenas um ponto de exploração, onde os aventureiros
tinham interesse em tirar proveitos e ir embora.
Desde o período colonial, temos um País que nasce por concessão, hoje no
Brasil os cargos com maior predominância são concedidos por nomeação, por
indicações, podendo ser observado o quando o Estado é usado para vantagem dos
gestores, ficando claro que a corrupção é um problema antigo no Brasil.
O Fator Estrutural, nos remete diretamente a união do Estado em prol da
corrupção, podemos dizer que a corrupção é um fenômeno recorrente e
generalizado nas instituições, que se unem para conseguir a impunidade dos
desvios das verbas públicas, conforme podemos observar com o desfecho das
investigações da operação lava jato, onde as empresas se uniam mediante carteis
para vencer as licitações e pagavam propina para os governadores e seus
secretários.
As maneiras mais comuns em que os agentes políticos, que têm a
vontade de se corromper, encontram para conseguir seus objetivos são
basicamente
através de cinco institutos: cargos públicos, contratos e licitações, emendas
orçamentárias, financiamento de campanhas feitas por terceiros e compra
de voto.
(MORAIS, 2014, p.143)

O pacote anticrime tem como objetivo acabar com crimes desse tipo,
conhecidos popularmente como colarinho branco, quando são praticados por
membros de altos poderes, aplicar as respectivas penas a qualquer acusado, não
importando o cargo que ele exerceu. Esse fator é a conexão entre a impunidade e a
justiça, a aplicação da devida sanção aplicada a quem venha infringir a lei.

2.8 RESOLUÇÃO 181/2017 DO CNM

O Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP editou a Resolução n.


181/2017, que trouxe interessante ferramenta direcionada a procedimentos
investigatórios de delitos cuja pena mínima seja inferior a 4 (quatro) anos e o crime
não tenha sido cometido com violência ou grave ameaça a pessoa. Em síntese,
preenchidos os requisitos da norma, aceitas e cumpridas as condições impostas
pelo Ministério Público, em sede extrajudicial, deixaria de haver investigação,
denúncia, processo e, sobretudo, condenação.
Com o advento da Justiça Consensual no sistema brasileiro, surgiu novas
medidas despenalizadoras, dentre elas, está o Acordo de Não Persecução Penal,
sendo regulamentada na Resolução 181 de 2017 do Conselho Nacional do
Ministério Público, qual foi alterada pela Resolução 183 de 2018 e atualmente o
benefício situa-se na Lei nº 13.964/2019, qual incluiu no artigo 28-A do Código de
Processo Penal.
Na prática, em algumas situações, o promotor de justiça já utilizava a
Resolução 181 de 2017, do Conselho Nacional do Ministério Público, qual em seu
capítulo VII já previa o Acordo de Não Persecução Penal, mas sofria diversas
críticas por não ter em sua origem em lei federal, qual é a única apta para atualizar o
ramo do processo penal.

2.9 REQUISITOS PARA A APLICAÇÃO DO INSTITUTO

As exigências para o oferecimento do acordo estão no caput do artigo 28-A:


Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado
confessado
formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou
grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério
Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as
seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente:

Portanto, para que ocorra o oferecimento do acordo, é necessário que o


investigado confesse o crime e a prática formalmente, sendo requisito básico para
se beneficiar do acordo.
Nos casos em que houver o cabimento do arquivamento, prevalecerá a
medida, tendo em vista que é mais benéfica ao acusado. Em caso de não aplicável,
deverá o investigado confessar formalmente e circunstancialmente a prática da
infração penal, a qual a pena mínima seja inferior à 4 (quatro) anos.
As condições ajustadas, estão previstas nos incisos I ao V, a primeira trata-se
a reparação do dano ou restituição à vítima exceto na impossibilidade de fazer, a
segunda de renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério
Público, como instrumentos, produtos ou proveitos do crime, a terceira deve prestar
serviços à comunidade ou a entidades públicas no período correspondente à pena
mínima do delito diminuída de um a dois terços, a quarta e quinta o acusado deverá
pagar prestação pecuniária ou cumprir qualquer outra indicação feita pelo Ministério
Público, devendo ser proporcional e compatível com a infração penal imputada.
Em seu §2º, são previstas as hipóteses quais não se aplicam o supracitado
acordo:
I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais;
Criminais, nos termos da lei; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que
indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se
insignificantes as infrações penais pretéritas; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao
cometimento da infração, em acordo de não persecução penal, transação
penal ou suspensão condicional do processo; e (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou
praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em
favor
do agressor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019).
Diante disso, existem casos em que a lei há alternativas benéficas ao
acusado ou até mesmo devido o ato delituoso ser considerado grave para aplicar o
Acordo de Não Persecução Penal.

2.10 BENEFÍCIOS PARA A JUSTIÇA BRASILEIRA

O Acordo de Não Persecução Penal é uma forma de restaurar as resoluções


do nosso ordenamento jurídico, sendo ele essencial para o Ministério Público e os
Magistrados.
Com um sistema totalmente sobrecarregado, nasceram alternativas para
resolver os conflitos, como a Justiça Consensual ou Negociada, sendo uma forma
vantajosa para as duas partes.
Os crimes de menor e médio potencial ofensivo, tem ganhado novas
alternativas a fim de ser solucionado, evitando assim uma burocratização dos longos
e cansativos processos, qual se obtém em sua maioria à reparação a vítima,
contribuindo assim com o descongestionamento judiciário.
Além do benefício que, os crimes de maior teor ofensivo e os mais graves
podem obter uma atenção maior pelas partes, visto que a Justiça Consensual ou
Negociada, conquista cada vez mais espaço em nosso ordenamento jurídico.
Nesse sentido Madlener apud Andrade (2019) dispõe:

Tanto para o arguido, como para a vítima, como, também, para a sociedade
em geral, a lentidão do processo penal põe em perigo a Justiça, que é
objetivo
do sistema penal, e, além disso, diminui o efeito da prevenção geral, que
constitui um pilar do controle da criminalidade. Madlener apud Andrade
(2019,
p. 66).

2.11 BENEFÍCIOS PARA O INVESTIGADO

Podemos ver anteriormente que o Acordo de Não Persecução Penal é


favorável para as partes que o compõe, podendo ser considerado um benefício ao
acusado, diante das “trocas” existentes.
Com a realização do Acordo de Não Persecução Penal, o acusado evita o
constrangimento e consequências dos processos, qual pode se estender e se tornar
lento e cansativo, podendo chegar a ser condenado criminalmente pelo seu ato.
Além de o novo dispositivo ter a vantagem de não responder pelo fato
delituoso através de penas que privam sua liberdade.
Receberá então o benefício de uma segunda chance para os acusados não
ostentar em sua certidão criminal, maus antecedentes, tendo em vista que se
cumprir o acordo, haverá a extinção de punibilidade.

2.12 A (IN)CONSTITUCIONALIDADE DO ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO


PENAL

Artigo 5º, inciso LXXVIII, in verbis:


“LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável
duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”.
Surge a dúvida sobre a constitucionalidade do acordo de não persecução
penal, qual tem como regra a confissão espontânea para ser devidamente
homologado, principalmente tendo em vista o devido processo penal e da presunção
da inocência. Para Nereu José Giacomolli: “O processo penal não pode correr o
risco de tornar-se um lócus, onde se pode negociar com a liberdade das pessoas,
como se negocia com as coisas no direito privado”.
Aduz-se que o devido processo penal exige que o processo funcione como
instrumento de preservação da liberdade. Posição em que pode ser sustentada é
que defende a homologação judicial do acordo criminal contribui para desordenar a
função do processo, pois, ao contrário de trabalhar com o intuito de freio
constitucional, funciona como um auxílio para destino dos casos penais de forma
mais rápida e sem maiores gastos.
Com o intuito de proteger os Direitos Fundamentais, o devido processo penal
significa o adequado processo e o acordo criminal em diversas modalidades, ao
antecipar um julgamento negativo ao cidadão, mostra que o processo funciona a
favor do agigantamento do Estado Punitivo. Além do mais, no acordo de não
persecução penal, há um retrocesso processual no sentido de dar à confissão um
valor superior.
Vale destacar, que a presunção da inocência também pode estar sendo
influenciada com o acordo criminal, na medida em que, sem um devido julgamento
ponderado, por meio da dialética contraditória para se alcançar uma solução correta
pelos atos procedimentais, os acordantes partem de uma premissa inicial que retrata
o acusado como previamente culpado.
Haveria violação da regra de tratamento (tratando o acusado como culpado) à
regra probatória (isentando o Estado da comprovação da prova) e da regra de
garantia ao se abreviar o procedimento, instrumento assegurador dos Direitos
Fundamentais. Como se vê, o acordo criminal poder ter um custo elevado para a
sociedade que demanda proteger seus direitos.
Em posição contrária, pode-se argumentar que a previsão da propositura do
acordo criminal não é uma obrigação da defesa, mas sim para o Ministério Público
quando presentes os requisitos legais. Isso ocorre no sentido de minimizar os danos
de um julgamento final negativo ao acusado e á consequente evitação de uma
sentença condenatória.
Para o defensor, o acordo criminal seria uma espécie de recurso a mais no
âmbito jurídico, no desempenho da ampla defesa. Configurando a realização do
acordo, uma estratégia da defesa em observar, concretamente qual seria a posição
mais favorável aos seus interesses.
Na defesa da aplicação do instituto, assegura-se que o devido processo penal
e a presunção da inocência ficam invioláveis na medida em que se dá a faculdade
de escolha à defesa. Este podendo verificar e optar pelo acordo de não persecução
penal com a pertinente confissão, para que a situação penal fática do acusado tenha
um ganho com o impedimento do nascer de um processo (nos casos que ainda não
exista) ou de uma sentença (para os processos em andamento).
A constitucionalidade ou não do acordo criminal, poderá ser muito debatida
até que chegue em um denominador comum realizável. Aliado da maior eficiência da
punição e minimalistas penais serão protagonistas de inúmeros combates.
3 CONCLUSÃO
De acordo com o que foi exposto no artigo, podemos identificar uma grande
evolução no ordenamento jurídico brasileiro, qual passou por evoluções até alcançar
o status atual, a contar com a transação penal trazida pela lei que instituiu os
Juizados Especiais até o Acordo de Não Persecução Penal. Podemos conceituar
como uma maneira de fazer com que o Judiciário seja desafogado com o excesso
de ações que são distribuídas diariamente. Ainda adotou medidas para evitar o
encarceramento, buscando sanções diferentes, como prestar serviços à comunidade
e reparar o dano da vítima, quais devem ser atendidas os requisitos legais. Restou
demonstrado que os acordos realizados com os acusados, não tem o intuito de
descriminalizar o acusado, somente são alternativas para não ocorrer a prisão.
Dessa forma, verificou-se que o Acordo de Não Persecução Penal tem sua
inspiração do Pleabargain, instituto esse americano, qual possui como finalidade
uma despenalização ao aplicar a medida alternativa para a pena de prisão
(reclusão) imposto ao delito cometido. A lei 13.964/95 teve como referência no
instituto americano para que fosse instituída no Brasil, o ex-ministro da Justiça e
Segurança Pública, Sérgio Moro, foi quem apresentou o projeto. Com a alteração
legal, houve a reorganização em partes o processo penal utilizado no país,
evidenciando que o principal fundamento de tal projeto de lei foi o combate a
corrupção e prática de crimes contra a Administração Pública.
No Brasil a negociação penal foi instituída com a Lei 9.099/95, qual trouxe
consigo institutos como a transação penal, suspensão condicional do processo e a
composição civil dos danos. Essas negociações também tiveram inspiração de
outros países, eles aplicavam em seus ordenamentos os institutos para a resolução
do processo penal, de forma mais célere. Quando instituído, foi muito importante
para desabarrotar o judiciário brasileiro, pois havia uma demora excessiva nas
resoluções das lides. Na época foi chamado pela doutrina como um processo de
resultados com o objetivo de criar um instrumento com tutelas adequadas
respeitando os direitos do acusado e buscando a praticidade e utilidade das
decisões.
Como já exposto, a Lei dos Juizados Especiais trouxe ao ordenamento pátrio,
alguns institutos despenalizadores. O primeiro foi a composição civil dos danos, que
objetiva reparar o dano causado a vítima por meio de pecúnia. Em segundo lugar, a
transação penal que permite ser imposta medidas alternativas a prisão, para aquelas
infrações penais com pena máxima não superior a 2 (dois) anos. Enfim, a
suspensão condicional do processo, que é aplicada nos casos em que a pena
cominada seja inferior a 1 (um) ano, essa suspensão ocorrerá por período de 2 a 4
anos, desde que sejam cumpridas as medidas que foram impostas, como a
proibição de frequentar determinados lugares. Esses institutos despenalizadores
quando cumpridos de forma integral pelos acusados, não gera maus antecedentes
criminais e sim uma extinção da punibilidade, além de não poder ser utilizados como
majorante de reincidência. Salienta-se que esses benefícios são aplicados as
infrações de menor e médio potencial ofensivo e não são contrários aos princípios
fundamentais do direito penal e processual penal, o que não foi observado pelo
Acordo de Não Persecução Penal.
Em 24 de dezembro de 2019 foi publicada a Lei 13.964/19, mas entrou em
vigor somente no dia 23 de janeiro de 2020. Embora não tenha trazido em seu texto
algo que se difere do ordenamento jurídico, o Acordo de Não Persecução Penal
pode ser considerado como uma ampliação do que é o instituto de transação penal,
ainda que se aplique a delitos cuja pena mínima em abstrato seja inferior a quatro
anos e não máxima de dois anos. Salienta-se que o ordenamento jurídico traz a
necessidade de o acusado confessar a prática da infração, violando, dessa maneira
o que é consolidado no ordenamento nacional.
É possível concluir que o Acordo de Não Persecução Penal deve ser proposto
ao acusado, que deve confessar formalmente e circunstancialmente a infração que
não tenha pena máxima não seja superior a quatro anos, é necessário ainda que
não tenha sido praticado com violência ou grave ameaça a vítima. Importante
salientar, é que o acordo não pode ser aplicado em casos de violência doméstica e
familiar, ainda o acusado não pode ter sido beneficiado com outro instituto
despenalizador nos últimos 5 anos ou não couber ao caso concreto a transação
penal, o acusado não pode ser reincidente, ou caso exista elementos probatórios
que indiquem conduta criminal habitual, profissional.
As medidas que podem ser aplicadas no acordo são exemplificativas, onde
pode o representante do Ministério Público indicar outras condições, desde que seja
proporcional e compatível com a infração penal praticada. O dispositivo que trata
sobre o acordo, traz consigo algumas condições que podem ser ajustadas, como a
reparação do dano ou a restituição a coisa para a vítima, quando possível fazer,
renunciar de forma voluntária a bens e direitos indicados pelo membro do Ministério
Público que são instrumentos, produto ou proveitos do crime. Outra condição que
pode ser proposta é a prestação de serviços à comunidade por período equivalente
a pena mínima do delito diminuída de um a dois terços, o pagamento de prestação
pecuniária a entidade pública ou de interesse social que for indicada pelo juiz da
execução.
É importante salientar que haverá homologação do acordo pelo juiz, que em
análise, verifica a voluntariedade do acusado por meio de sua oitiva, em audiência.
Pode o juiz rejeitar a homologação quando ele achar que não foram cumpridos
alguns requisitos ou as condições propostas são inadequadas, o que levará o
retorno dos autos ao Ministério Público para que se reformule a proposta junto a
concordância do acusado e seu defensor.
A inconstitucionalidade da lei é apontada no aspecto material, pois a matéria
que a lei trata confronta os princípios assegurados na Constituição Federal. O
Princípio do Devido Processo Legal que é contestado com o Acordo no que se
refere à sanção não deriva de um processo previsto na lei, mas em um
procedimento que não garante os direitos constitucionais, pois há uma declaração
de culpa sem que tenha toda uma persecução para que finalize em uma pena. Visto
isso, fica claro a contrariedade entre o devido processo legal constitucionalmente
previsto com o Acordo de Não Persecução Penal.
O princípio do Contraditório e da Ampla Defesa, também são afetados, pois
estão diretamente interligados com o Princípio da Não Autoincriminação, também
conhecido como direito ao silêncio. Princípios esses que buscam a possibilidade do
acusado durante a ação penal de se defender das acusações a ele imputadas, ainda
usando todos os meios de defesa disponíveis. Ainda, o Acordo é proposto após a
realização do inquérito policial, sendo assim não há em que se falar de contraditório
pleno, por se tratar de um procedimento administrativo, não se tem o princípio
durante as investigações, sendo postergado para a ação penal que não ocorre
quando cabível o referido acordo. Por fim, essas garantias previstas na Carta Magna
de 1988, também violam quando o principal requisito para a proposição do acordo é
a confissão forma e circunstanciada do acusado, qual retira toda a possibilidade de
defesa da acusação imputada e do seu direito ao silêncio.
Por fim, a condição de uma confissão pelo acusado fere a Constituição
Federal, quando se trata do estado natural de inocência, uma vez que o Princípio da
Presunção de Inocência, a garantia do in dúbio pro réu, ou seja, em caso de dúvida,
o réu é favorecido. Além do mais, a finalidade desse princípio no ordenamento
jurídico brasileiro é consagrar a não auto criminalização, o que é contrariado com a
confissão do acusado quando passou a ser requisito para a propositura do benefício.

REFERÊNCIAS (Somente as obras citadas no trabalho em ordem alfabética de


sobrenome de autor)

MANDEVILLE, B. A fábula das abelhas: ou vícios privados, benefícios públicos. São


Paulo: Editora Unesp, 2017.

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