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AULA - 3

Métodos
Adequados
de Solução de
Conflitos Profa. Nardejane Martins Cardoso
Lei de
Mediação
Lei n. 13.140 de 26 de
junho de 2015.
A Lei de
Mediação...
“Dispõe sobre a mediação entre
particulares como meio de solução de
controvérsias e sobre a
autocomposição de conflitos no
âmbito da administração pública;”
Artigos 3º ao
8º da Lei n.
Objeto e limites da mediação
13.140/2015

Deveres éticos do mediador

Imparcialidade do mediador

Confidencialidade do mediador
Princípios da
Mediação
Previstos na Lei de Mediação
"Art. 2º A mediação será orientada
pelos seguintes princípios"
ARTIGO 3º

“Art. 3º Pode ser objeto de mediação o


conflito que verse sobre direitos
disponíveis ou sobre direitos
indisponíveis que admitam transação.
§ 1º A mediação pode versar sobre todo o
conflito ou parte dele.
§ 2º O consenso das partes envolvendo
direitos indisponíveis, mas transigíveis,
deve ser homologado em juízo, exigida a
oitiva do Ministério Público.”
OPÇÃO PELA MEDIAÇÃO...

“Nesse passo, a aproximação entre o Poder Judiciário e os


meios adequados de resolução de conflitos revela um grau
maior de acesso democrático à via jurisdicional tradicional,
bem como impõe a releitura do conceito clássico de interesse
em agir. Começa a consolidar a ideia de que as partes, antes do
ajuizamento da demanda, devem tentar ao menos uma forma
de solução amigável do problema” (PINHO, 2018, p. 27)
“Minimamente, devem demonstrar ao magistrado, na inicial,
que tentaram um contado no sentido de esclarecer o fato ou
mesmo desenhar possíveis alternativas à satisfação da
pretensão. Essa prática está em perfeita sintonia com a ideia
de cooperação, efetividade e duração razoável do processo, e
não deve ser confundida com a antiga ideia de ‘esgotamento’
das vias administrativas antes do ajuizamento da demanda.
[...]” (PINHO, 2018, p. 27)
ARTIGO 4º

“Art. 4º O mediador será designado pelo


tribunal ou escolhido pelas partes.

§ 1º O mediador conduzirá o procedimento de


comunicação entre as partes, buscando o
entendimento e o consenso e facilitando a
resolução do conflito.

§ 2º Aos necessitados será assegurada a


gratuidade da mediação.”
A AUTONOMIA DAS PARTES
“De qualquer forma, na indicação do mediador deve
prevalecer sempre a escolha feita pelas partes, uma vez que
tanto a Lei de Mediação, no art. 2º, inciso V, quanto o CPC, no
art. 166, caput, prestigiam o princípio da autonomia privada,
também conhecido como princípio da liberdade ou da
autodeterminação, que pode ser entendido como uma forma
de exercício do poder de autorregramento, ou seja, que
contempla a disponibilidade sobre atos pelas partes,
incluindo a própria aceitação em participar ou permanecer
na sessão, a escolha e quantidade de mediador presente no
ato, a remuneração pelas atividades, e as regras de
procedimento. Trata-se de excelente opção legislativa, já
que a relação de confiança entre o facilitador e as partes é
fundamental para o bom desenvolvimento do
procedimento” (CABRAL, 2018a, p. 32)
ARTIGO 5º

“Art. 5º Aplicam-se ao mediador as mesmas


hipóteses legais de impedimento e suspeição
do juiz.

Parágrafo único. A pessoa designada para atuar


como mediador tem o dever de revelar às
partes, antes da aceitação da função, qualquer
fato ou circunstância que possa suscitar dúvida
justificada em relação à sua imparcialidade
para mediar o conflito, oportunidade em que
poderá ser recusado por qualquer delas.”
DEVER ÉTICO DE REVELAÇÃO

“Trata-se de dever ético e funcional que pode gerar


consequências administrativas para o mediador, além da
decretação de nulidade dos atos praticados” (CABRAL, 2018b,
p. 36)
“Note-se que a Lei determina que essa revelação deva ser feita
em momento bem precoce, antes mesmo da aceitação da
função, evitando-se retrocessos procedimentais e garantindo
a regularidade da mediação” (CABRAL, 2018b, p. 37)
“Desse modo, uma vez informado às partes, de forma
tempestiva, sobre eventuais circunstâncias capazes de
macular a imparcialidade do mediador ou de gerar qualquer
dúvida quanto à lisura de sua atuação, restará oportunizada
aos interessados a avaliação sobre a conveniência de se aceitar
o mediador ou então de afastá-lo de plano da atividade”
(CABRAL, 2018b, p. 37)
ARTIGO 6º, 7º E 8º

“Art. 6º O mediador fica impedido, pelo prazo de um ano,


contado do término da última audiência em que atuou, de
assessorar, representar ou patrocinar qualquer das
partes.”

“Art. 7º O mediador não poderá atuar como árbitro nem


funcionar como testemunha em processos judiciais ou
arbitrais pertinentes a conflito em que tenha atuado como
mediador.”

“Art. 8º O mediador e todos aqueles que o assessoram no


procedimento de mediação, quando no exercício de suas
funções ou em razão delas, são equiparados a servidor
público, para os efeitos da legislação penal.”
MEDIADOR EXTRAJUDICIAL

•“Art. 9º Poderá funcionar como mediador extrajudicial


qualquer pessoa capaz que tenha a confiança das partes e
seja capacitada para fazer mediação, independentemente
de integrar qualquer tipo de conselho, entidade de classe
ou associação, ou nele inscrever-se.”

Requisitos para atuação como mediador:


1. Capacidade Civil
2. Confiança das Partes
3. Capacitação técnica
MEDIADOR JUDICIAL
•“Art. 11. Poderá atuar como mediador judicial a pessoa
capaz, graduada há pelo menos dois anos em curso de
ensino superior de instituição reconhecida pelo Ministério
da Educação e que tenha obtido capacitação em escola ou
instituição de formação de mediadores, reconhecida pela
Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de
Magistrados - ENFAM ou pelos tribunais, observados os
requisitos mínimos estabelecidos pelo Conselho Nacional
de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça.”

Requisitos para atuação como mediador:


1. Capacidade Civil
2. Graduação – 2 anos
3. Formação técnica em escola ou instituição reconhecia
pela ENFAM ou tribunais
CADASTRO DE MEDIADORES

“Art. 12. Os tribunais criarão e manterão


cadastros atualizados dos mediadores
habilitados e autorizados a atuar em mediação
judicial.

§ 1º A inscrição no cadastro de mediadores


judiciais será requerida pelo interessado ao
tribunal com jurisdição na área em que pretenda
exercer a mediação.

§ 2º Os tribunais regulamentarão o processo de


inscrição e desligamento de seus mediadores.”
CADASTRO DE MEDIADORES
“O Art. 11 da Lei de Mediação estabelece que poderá atuar como mediador
judicial a pessoa capaz, graduada há pelo menos dois anos em curso de
ensino superior de instituição reconhecida pelo Ministério da Educação e que
tenha obtido capacitação em escola ou instituição de formação de
mediadores, reconhecida por tribunais ou pela Escola Nacional de Formação e
Aperfeiçoamento de Magistrados -ENFAM. Por sua vez, o art. 167 do Novo
Código de Processo Civil estabelece que os conciliadores, os mediadores e as
câmaras privadas de conciliação e mediação serão inscritos em cadastro
nacional e em cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal,
que manterá registro de profissionais habilitados, com indicação de sua área
profissional.
As pessoas jurídicas, que atuam como escolas ou instituições de formação de
mediadores, poderão se cadastrar tanto diretamente nos tribunais como na
ENFAM ou mesmo possuir ambos reconhecimentos ou registros. Já as pessoas
físicas, sejam conciliadores, sejam mediadores ou sejam instrutores de
mediação judicial, vinculados a tribunais ou não, deverão se inscrever no
cadastro nacional e no cadastro estadual. Isto completa a regulamentação da
formação e do cadastramento de mediadores, conciliadores, instrutores e
instituições de ensino. ” (CNJ, 2016)
ESTRUTURA DA MEDIAÇÃO

Flexibilidade Procedimental

Sessões Individuais

Tom Informal – Os mediadores não


são figuras de autoridade
A FORMAÇÃO DO MEDIADOR

Técnicas autocompositivas – a depender do conflito


Utilizar da escuta ativa
Inspirar respeito e confiança
Administrar situações de ânimos acirrados
Estimular as partes para desenvolverem situações
criativas
Examinar os fatos para contribuir com perspectiva
conciliatória
Motivar os envolvidos para que não atribuam culpa
Estimular condições que permitam a reformulação de
questões diante de impasses
Abordar com imparcialidade as questões que influencia
a relação das partes.
SESSÃO DE MEDIAÇÃO

Presença do Contraditório e da Informalidade

Fases da Sessão da Mediação:


declaração de abertura;
exposição de razões pelas partes;
identificação de questões, interesses e
sentimentos;
esclarecimento acerca de questões, interesses e
sentimentos;
resolução de questões.
PREPARAÇÃO

Como se preparar?
Técnica
Ambiental
Social
Ética
Como proceder antes da chegada das partes?
Preparar o ambiente: iluminação, disposição da sala,
temperatura
Revisar e memorizar as anotações importantes
Conversar com o comediador
Preparar a sala para possíveis sessões privadas
Como deve ser o encontro com as partes?
Como deve ser o posicionamento das cadeiras e
mesa?
SESSÃO DE ABERTURA

Apresentação da Mediação às Partes


Fase curta da mediação
Cumprimento e Palavras de Encorajamento
Propósito da Mediação e Papel do Mediador
Formalidades e Logística
Confidencialidade
Explicar como se desenvolverá a mediação
Confirmação quanto às regras
Fazer uma lista de verificação – para fins de
organização e não deixar nenhuma
informação importante esquecida
REUNIÃO DE INFORMAÇÕES

Objetivo – Oportunidade para saber os fatos e


percepções
Fazer com que as partes sintam-se ouvidas –
Rapport – compreensão recíproca.
Manutenção de tom educado e paciente
Estabelecer critérios para quem vai iniciar a fase
Proteção do tempo de cada interessado
Ter atenção com as perguntas
Fazer com que as partes dirijam-se para o
mediador
Tempo previamente informado, mas sem
pressionar as partes
Resumo conjunto
IDENTIFICAÇÃO DE QUESTÕES, INTERESSES E
SENTIMENTOS

Fase de esclarecimento de interesses e


sentimentos
Expressão de sentimentos
A Validação dos sentimentos deve ser
comum às partes
Identificação dos interesses comuns
Não adiantar a solução – primeiro deve
existir a compreensão
ESTIMULAR MUDANÇAS

Momento de entendimento recíproco e


mediação
O mediador deve demonstrar que o outro
não é “adversário”
Empatia para buscar soluções
Despolarização do conflito
SESSÕES INDIVIDUAIS

Quando realiza-las?
Animosidade entre as partes
Todas as partes devem ser ouvidas e
consultadas
Assegurar a confidencialidade
Compreensão, mas imparcialidade
SESSÃO CONJUNTA FINAL

Organização das questões


suscitadas pelos interessados

O mediador deve expressar as


questões de forma neutra
CONSTRUÇÃO DO ACORDO

“Trata‑se, portanto, de uma fase em que o acordo vai se


amoldando à vontade conjunta das partes, em razão da nova
perspectiva que estas têm em relação ao conflito. É a etapa
ideal para que todo o sucesso até então obtido na mediação
seja objetivado em termos de um compromisso entre as
partes. Elaborado o acordo, parte‑se, a seguir, para a fase de
sua formalização, em que um documento escrito irá
pormenorizar o acordo verbal surgido na fase de sua
elaboração” (CNJ, 2016)
As soluções são apresentadas pelas partes
“[...] uma boa mediação é aquela que alcançou essas
finalidades: o acordo propriamente dito, em todas as suas
nuances, o empoderamento e a compreensão harmônica e
conjunta da controvérsia, além de benefícios na comunicação
e relacionamento. [...]” (CNJ, 2016)
BRASIL. Lei n. 9.307 de 23 de setembro de 1996 (Lei de Arbitragem).
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9307.htm. Acesso
Referências em: 24 fev. 2020.
BRASIL. Lei n. 13.105 de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 24 fev. 2020.
BRASIL. Lei n. 13.140 de 26 de junho de 2015 (Lei de Mediação). Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13140.htm.
Acesso em: 24 fev. 2020.
CONSELHOS NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ. Manual de mediação judicial: de
acordo com a Lei n. 13.140/2015 (Lei de Mediação), a Lei n. 13.105/15 (Novo
Código de Processo Civil de 2015) e a Emenda 2 da Resolução 125/2010.
Brasília-DF: Comitê Gestor Nacional da Conciliação, 2016.
CABRAL, Trícia Navarro Xavier; CURY, Cesar Felipe (Coord.). Lei de mediação
comentada artigo por artigo: dedicado à memória da profa. Ada Pellegrini
Grinover. Indaiatuba: Foco, 2018.
GUILHERME, Luiz Fernando do Vale de Almeida. Manual de arbitragem e
mediação: conciliação e negociação. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
SALLES, Carlos Alberto de; LORENCINI, Marco Antônio Garcia Lopes; SILVA,
Paulo Eduardo Alves da (Coord.). Negociação, mediação, conciliação e
arbitragem: curso de métodos adequados de solução de controvérsias. 3. ed.
Rio de Janeiro: Forense, 2020.

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