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DO ESTADO DE PERNAMBUCO
TRANSAÇÃO
Recife, 2009
ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA DE PERNAMBUCO
DO ESTADO DE PERNAMBUCO
TRANSAÇÃO
Recife, 2009
SUMÁRIO:
1. INTRODUÇÃO
4.2. O Advogado
5. CARACTERÍSTICAS DA TRANSAÇÃO
6. MODALIDADES DE TRANSAÇÃO
6.1. Civil
6.2. Penal
6.3. Judicial
6.4. Extrajudicial
7. OBJETO DA TRANSAÇÃO
10. REFERÊNCIAS
1. INTRODUÇÃO
A respeito desse problema, Vítor Barboza Lenza diz como muita sabedoria:
2.1. Conceito:
Toda pessoa jurídica ou física capaz de exercitar os atos da vida civil está
autorizada a celebrar transação. Em regra, são as pessoas físicas, maiores de 18 anos ou, se
assistidas, entre 16 a 18 anos, em pleno gozo de suas faculdades mentais (não interditadas)
e pessoas jurídicas que não estejam sob intervenção judicial.
4.2. O Advogado
5. CARACTERÍSTICAS DA TRANSAÇÃO
a) Indivisibilidade: as cláusulas e condições da transação, sobre uma mesma questão
litigiosa, constituem uma unidade. A nulidade de qualquer delas anula a transação
como um todo (art. 848, do Cód. Civil), salvo se disser respeito a questão litigiosa
autônoma, como, por exemplo, a cláusula penal.
6. MODALIDADES DE TRANSAÇÃO
6.1. Civil
A transação civil é a que tem regulamentação nos arts. 840 a 850 do Código
Civil, cuja objeto é a resolução de litígios ou conflitos que envolvam direitos privados,
econômicos ou sociais disponíveis, em relação aos quais a lei não veda a autocomposição.
São exemplos de direitos disponíveis os provenientes de contrato em geral, inclusive
originados de relação de emprego ou de consumo (direitos patrimoniais privados e sociais);
das relações de família (separação, dissolução de união estável e divórcio consensuais,
guarda, visitação, alimentos e partilha de bens do casal); da partilha de bens da herança
entre herdeiros maiores e capazes; da divisão e da demarcação de bens; do reconhecimento
de paternidade; dentre outros.
6.2. Penal
1Tartuce, Flávio. Teoria geral dos contratos e contratos em espécie – 3ª ed. Ver. E atual –
São Paulo: Método, 2008. (Concursos Públicos), pág. 600.
transação civil ou composição civil dos danos tem repercussão penal e pode ser realizada
em juízo ou fora dele, inclusive em órgãos especializados em mediação e conciliação.
c) Art. 140 do CPB – Injúria – Obs: Se a injúria consiste em violência real e desta
resulta lesão corporal grave ou gravíssima, a ação é pública incondicionada. Caso a
violência resulte em lesão corporal leve, a ação é pública condicionada à
representação;
d) Art. 161, caput, do CPB – Alteração de Limites – Obs: Apenas se a propriedade for
particular e não houver emprego de violência. Nos demais casos, é pública
incondicionada;
e) Art. 161, § 1º, inciso I, do CPB – Usurpação de Águas – Obs: A mesma anterior;
f) Art. 161, § 1º, inciso II, do CPB – Esbulho Possessório – Obs: A mesma anterior;
h) Art. 163, § único, inciso IV, do CPB – Dano Qualificado por Motivo Egoístico ou
com Prejuízo Considerável para a Vítima;
k) Art. 345 do CPB – Exercício Arbitrário das Próprias Razões – Obs: Se não houver
emprego de violência.
2. Infrações de ação penal pública condicionada à representação do
ofendido:
g) Art. 153, caput, do CPB – Divulgação de Segredo – Obs: Desde que não combinado com o
§ 2º: “Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a ação penal será
incondicionada”;
6.3. Judicial
A transação judicial é a que tem por objeto litígio já posto em juízo, através
de processo judicial (art. 842, 2ª parte, do Cód. Civil), e pode ser celebrada por termo nos
autos, assinada pelos transigentes e homologada pelo respectivo juiz, ou, fora do juízo, por
escritura pública, que será juntada aos respectivos autos para que produza os seus efeitos
jurídicos.
6.4. Extrajudicial
A transação extrajudicial é a que tem por objeto litígio ainda não posto em
juízo, com fim de evitar o seu ajuizamento, e pode ser celebrada tanto por instrumento
particular como por escritura pública, segundo a conveniência das partes. A escritura
somente é obrigatória quando as partes controvertem direitos reais imobiliários. Por
exemplo, a aquisição ou a transmissão de propriedade sobre imóveis ou a instituição ou
extinção de ônus reais (hipoteca, anticrese e alienação fiduciária em garantia).
Valerá como título executivo judicial se vier a ser homologada pelo juiz que
seria competente para processar e julgar ação que eventualmente fosse proposta por
qualquer dos transatores para resolver a lide (art. 475-N, V, do CPC).
7. OBJETO DA TRANSAÇÃO
A transação não aproveita e nem prejudica aos que nela não participaram,
ainda que diga a respeito a coisa indivisível (art. 844 do Cód. Civil). É regra que decorre
do princípio da relatividade dos efeitos dos contratos. E não poderia ser diferente. A
transação é um contrato e, portanto, rege-se pelos princípios e cláusulas gerais aplicáveis a
todos os negócios jurídicos bilaterais.
Mas, não obstante não poder prejudicar terceiro não participante da avença,
pode beneficiá-lo nas seguintes situações previstas nos parágrafos do mesmo dispositivo
legal:
Daí porque a transação, por ter efeito de coisa julgada, só se anula por dolo,
ou erro essencial quanto à pessoa ou coisa controversa. (art. 849). Assim, a sentença que
homologa a transação não pode ser objeto de recurso de apelação, com objetivo de atacar o
conteúdo do acordo, mas somente de ação anulatória (art. 486 do CPC). A ação rescisória,
prevista no art. 485 do CPC, somente é cabível quando enfrenta o conteúdo do julgado,
decidindo o mérito, não quando apenas o homologa. A sentença que, por defeito formal,
vier a ser anulada em recurso de apelação, por exemplo, não anula a transação, que pode
ser homologada por outra sentença válida, ou, sem esta, surtirá os efeitos contratuais que
lhe são inerentes, sem a investidura de título executivo judicial.
Dúvidas existem quanto à aplicabilidade das outras causas de nulidade à
transação, como o erro de direito em relação às questões que foram objeto da controvérsia,
a lesão, o estado de perigo ou a fraude contra credores. Os autores, como Pablo Stolze
Gagliano, Rodolfo Pamplona Filho, Sílvio de Salvo Venosa e Carlos Roberto Gonçalves
defendem a sua aplicabilidade.
Admite-se, ainda, que a transação possa ser feita sob condição suspensiva,
como é admitida nos contratos em geral. Assim, por exemplo, pode ser inserida na
transação uma cláusula que condicione a sua eficácia ao cumprimento integral da
obrigação a cargo de um dos transatores.
Mas as vantagens da transação não param aí. Só ela permite que as partes
voltem a se relacionar, tanto no aspecto objetivo como subjetivo; previne novos conflitos,
na medida em que extinguem os sentimentos de vingança e desavença entre as partes, que
2Tartuce, Flávia. Mediação dos conflitos civis – Rio de Janeiro : Forense : São Paulo :
MÉTODO, 2008, pág. 117.
BARROS MONTEIRO, Washington de. Curso de direito civil. São Paulo: Saraiva, 2003.
DINAMARCO, Cândido Rangel. A instrumentalidade do processo. 11. ed. São Paulo: RT,
2003.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. Contratos e atos unilaterais, vol.
III – São Paulo: Saraiva, 2004.
TARTUCE, Fernanda. Mediação nos conflitos civis. Rio de Janeiro: Forense: São Paulo:
Método, 2008.
TARTUCE, Flávio. Direito civil, vol. 3: Teoria geral dos contratos e contratos em espécie.
São Paulo: Método, 2008.