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As virtudes cardeais
Nardejane Martins Cardoso
VIRTUDES
Uma definição
(CATECISMO, N. 1804)
Por que virtudes cardeais?
Cardeal vem de
gonzo, dobradiça
– são as virtudes
principais das
quais derivam
outras.
AS VIRTUDES CARDEAIS
As principais virtudes humanas
1º 2º 3º 4º
Comunidade
Ju
l
st
ga
iç
Le
a
D
a
is
iç
tr
st
ib
Ju
ut
iv
a
Justiça Comutativa
Indivíduo Indivíduo
“A resposta de São Tomás seria mais ou menos assim: em uma comunidade,
em um Estado, reina a justiça quando as três relações de base, as três
estruturas fundamentais da vida comunitária estejam ‘justamente’ em ordem:
primeiro a relação de cada um com cada um (ordo partium ad partes), depois
a relação do todo social com cada um (ordo totius ad partes) e em terceiro
lugar a relação de cada um com o todo social (ordo partium ad totum). Estas
três relações com que constituem o alicerce da justiça, de acordo com a
forma de ordenação correspondente: a justiça de permuta (iustitia
commutativa) que ordena a relação de cada ente social com o seu
semelhante; a justiça distribuição (iustitia distributiva) que ordena a relação
da comunidade enquanto tal com cada um dos seus membros; e a justiça
legal, geral (iustitia legalis, iustitia generalis), que ordena a relação dos
membros com o todo social” (PIEPER, 2018, p. 96-97)
A FORTALEZA
“O louvor da fortaleza depende de alguma maneira da justiça”
São Tomás de Aquino
O Papa João Paulo II, em uma catequese de quarta-feira
(15/11/1978), referia-se ao valor da fortaleza nestes termos: «A
virtude da fortaleza requer sempre uma certa superação da
fraqueza humana e, sobretudo, do medo. O homem, por
natureza, teme o perigo, as moléstias, os sofrimentos... Desejo
render homenagem a todos os que têm a coragem de dizer “não”
ou “sim” quando isso custa»
Não podemos esquecer o mal...
“[...] a realidade metafísica da existência do mal; do mal no mundo
humano e demoníaco, do mal no aspecto duplo da culpa e do castigo,
isto é, do mal que fazemos e do mal que padecemos. O liberal
iluminista não pode conhecer, nem tampouco aceitar esta realidade
fundamental, porque para tal encontra obstáculo decisivo no seu
declarado mudanismo, no seu desregrado otimismo, e ainda em um
burguesísmo metafísico, que procede dos dois primeiros fatores e
surge medrosamente ansioso de uma segurança que pretende
“permanecer alheia à fortaleza”” (PIEPER, 2018, p. 149)
Três graus de perfeição da Fortaleza segundo São Tomás:
1. “O grau mais baixo, que no entanto se integra no grau imediatamente superior e não
fica abandonado em si mesmo, é a fortaleza ‘política’ da vida social de cada dia.
Quase tudo o que se tem dito até aqui sobre fortaleza – à parte as observações acerca
do martírio – está relacionado, cristãmente falando, com este grau inicial.”
2. “Progredindo interiormente do primeiro para o segundo grau – o da purificação da
fortaleza –, o homem que deseja uma realização mais alta da imagem de Deus em si
próprio, penetra nos umbrais da verdadeira vida mística. A vida mística não é mais do
que o desenvolvimento perfeito do amor sobrenatural de Deus e dos dons do Espírito
Santo.”
3. “O terceiro grau da fortaleza – a fortitudo purgati animi –, a fortaleza já transformada
na essência própria do ‘espírito puro’ – só se consegue nos mais altos vértices da
santidade terrena, que já são um começo da vida eterna”. (PIEPER, 2018, p. 173)
A TEMPERANÇA
O Catecismo fala das várias dimensões essa virtude. De modo geral, a
define como «a virtude moral que modera a atração pelos prazeres e
procura o equilíbrio no uso dos bens criados. Assegura o domínio da
vontade sobre os instintos e mantém os desejos dentro dos limites da
honestidade» (n. 1809).
Josef Pieper explica que ela não se confunde com a moderação – e
explica, porque a moderação acabou sendo reduzida a contraposição
com a ira (embora, ele não negue que faz parte da temperança), em
segundo, porque o termo significa o medo de qualquer exagero, o que
compromete a relação com a caridade, e, por fim, a palavra moderação é
demasiadamente negativa e exclusiva.
TEMPERANÇA INTEMPERANÇA
CASTIDADE, LUXÚRIA,
CONTINÊNCIA, INCONTINÊNCIA,
HUMILDADE, SOBERBA,
SUAVIDADE, IRA CONTIDA,
MANSIDÃO, CURIOSITAS.
STUDIOSITAS.
Importância da Temperança
“Temperança não é, no seu sentido estrito e definitivo, a ‘realização’ do
‘bem’. Temperança e castidade não são ainda a perfeição do homem. A
temperança, conservando e disciplinando a ordem interior do homem,
põe as indispensáveis premissas para a realização do verdadeiro bem e
para a reta orientação do homem para o seu fim. Sem ela, a impetuosa
corrente das mais fortes tendências aninhadas no ser humano
transbordaria e destruiria todos os limites, perderia a sua direção
para jamais chegar ao mar da perfeição. A temperança não é em si
essa corrente. É margem e represa. Mas da sua solidez recebe a
corrente o benefício de fluir sem obstáculos; ganha ímpeto, inclinação e
velocidade” (PIEPER, 2018, p. 216)
“Só quem tem um coração puro é que poderá rir livremente. E
com igual razão se pode dizer que só quem olha o mundo com
olhos limpos é que consegue reconhecer a sua beleza”
(PIEPER, 2018, p. 207)
Referências
AQUINO, Tomás de. Onze lições sobre a virtude: comentários ao segundo livro
da ética de Aristóteles. Tradução de Tiago Tondinelli. Campinas: Ecclesiae, 2013.
FAUS, Francisco. A conquista das virtudes: para uma vida realizada. São Paulo:
Cultor de Livros. Online. Link:
https://www.padrefaus.org/storage/2017/11/CONQUISTA-DAS-VIRTUDES.pdf