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ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA TOMISTA - A ORDEM ETERNA

A ordem eterna: prudência


e caridade
A profissão como elemento do
ordenamento da personalidade

Maria Clara Rodrigues de Sousa - mariaclara66@hotmail.com - CPF: 097.439.616-82


A ORDEM ETERNA: PRUDÊNCIA E CARIDADE

Atualmente, há uma extrema necessidade de novidades


e, com isso, um abandono de verdades eternas. Autores
importantes da filosofia e da psicologia são negligenciados e
esquecidos. A sede de novidades1 tornou-se uma obsessão
por inovações, revestida pela ideia “progressista” de que com
o simples passar do tempo, as coisas vão melhorando por si
mesmas e que aquilo que pertence ao passado, é sempre algo
arcaico e ultrapassado. É possível perceber esse movimento
na filosofia moderna, na psicologia moderna, mas também na
vida dos pacientes que nos procuram.

Todo movimento filosófico, psicológico e humano de


desconexão com os saberes produzidos no passado sem ter
uma refutação honesta, justa e bem fundamentada, se torna
um abandono imprudente de uma ordem que funcionou e
funciona. Exemplo disso é o que faz Santo Tomás que não
somente comenta Aristóteles, mas comenta e aponta o que
pode ser melhorado, supera o que precisa ser superado, de
modo honesto e justo, sem vaidade ou soberba, mas com
amor à Verdade.

Quando pensamos na psicologia e na psicoterapia, precisamos


olhar para quais verdades a abordagem está orientada, em
quê está fundamentada, qual a cosmovisão de cada uma e
conhecer a história de vida do autor. Pois, se a abordagem
tem um princípio, um meio e um fim distorcido, a cosmovisão
do terapeuta que a aplica, será também uma cosmovisão
desordenada, distorcida.

Há nas verdades eternas, uma completude e uma permanência. As verdades


aristotélicas permanecem apesar dos séculos, já as ideias freudianas vão, ao
longo do tempo, perdendo o lugar de importância que ocupava no início do século.
Esse princípio de permanência pode ser encontrado na Psicologia tomista que é,
parafraseando Santo Agostinho, tão antiga e tão nova.

1 Também chamada por Santo Tomás da curiosidade, vício oposto à estudiosidade.

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A ORDEM ETERNA: PRUDÊNCIA E CARIDADE

Há na Psicologia Tomista um princípio de eternidade.

A psicoterapia tem por sua natureza uma dinâmica interpessoal de oferecer ajuda,
mas se não podemos falar que realmente toda psicoterapia ajuda, estamos tratando
de uma crise de natureza da psicoterapia. Se a psicologia abandona as verdades
eternas em prol de verdades relativas, ela na verdade, abandona o próprio homem
e perde sua natureza de “algo que ajuda” e se torna perigosa, assassina.

Nesse sentido, a Psicoterapia tomista é um


ato de prudência e caridade; não nega sua
natureza tampouco a verdade.

Para compreender essa crise de natureza pela qual passa a psicologia e a psicoterapia
é preciso compreender toda a crise da civilização ocidental, é preciso falar dos
pilares dessa civilização: a filosofia grega, o direito romano e moral cristã e de
como eles vêm sendo negados pela cultura moderna.

No livro “Como a Igreja Católica construiu a civilização ocidental” o historiador


Thomas Woods mostra como os valores e ensinamentos da Igreja serviram como
base para o desenvolvimento de toda a civilização ocidental. Atualmente, vemos
claramente na psicologia e nos psicólogos contemporâneos, o desejo de destruir
esses pilares, não porque pode substituí-los por algo melhor, mas porque estão a
favor de ideologias.

Vejamos em sequência o que aconteceu com as universidades: no início


tinham como objetivo formar sábios2 ; séculos mais tarde, a universidade buscava
desenvolver no homem a virtude; séculos mais tarde a universidade se tornou uma
fábrica de diplomas.

2 Para Santo Tomás, o ofício do sábio é ordenar todas as coisas

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A ORDEM ETERNA: PRUDÊNCIA E CARIDADE

Alívio do sofrimento
Psicoterapia tomista Combate aos vícios
Alcance da felicidade
Busca pelas virtudes

O psicólogo tomista consola e direciona para as virtudes.


O processo da psicoterapia tomista deve ser capaz de acolher e aliviar o sofrimento,
consolar na dor. E, em segundo momento, ajudar a pessoa a se aperfeiçoar,
direcionando para a felicidade (ato de caridade).

O psicólogo tomista deve suportar o “vale


de lágrimas” do paciente, deve ser capaz de
descer aos infernos para resgatá-lo.

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A ORDEM ETERNA: PRUDÊNCIA E CARIDADE

Caridade
Para Santo Tomás, a caridade é considerada uma esmola3 , no sentido de ser
uma ajuda espiritual. Na psicoterapia, o ato da caridade é ajudar o paciente a se
aperfeiçoar.
Aqui, vale o considerar o que diz Adolphe Tanquerey em seu “Compêndio de
teologia ascética e mística”:

“É a caridade uma virtude teologal que nos faz amar a Deus como
Ele se ama, sobre todas as coisas, por Si mesmo e ao próximo por
amor de Deus. Tem, pois esta virtude um duplo objeto: Deus e o
próximo. Mas estes dois objetos não fazem mais que um só, porque
não amamos as criaturas, senão enquanto são uma expressão, um
reflexo das perfeições divinas; é, pois, Deus que nelas amamos; e
assim, acrescenta Santo Tomás, amamos o próximo, porque Deus
está nele ao menos para que nele esteja. Eis porque não há mais
que uma só e mesma virtude a caridade.”

A caridade é a essência da perfeição.

Na psicoterapia tomista, o terapeuta sabe o que é o amor e ama o seu paciente


por caridade, ou seja, por amor sobrenatural. Já na psicologia moderna, vemos
inúmeros relatos de amor luxurioso entre terapeuta e paciente numa relação
onde nada se eleva, mas tudo se rebaixa.

3 Referência à tríade: jejum, esmola e caridade

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A ORDEM ETERNA: PRUDÊNCIA E CARIDADE

Prudência
A prudência é a reta razão aplicada ao agir, é a virtude da decisão correta.
Echavarría nos lembra que:

“... não se pode ser prudente sem que se seja eticamente virtuoso... O não virtuoso
não é prudente, ainda que pareça sê-lo. Ele possui um hábito, a deinótica, que é
antes uma habilidade para encontrar os meios para determinados fins particulares,
ou até mesmo uma falsa prudência, a astúcia ou ‘prudência da carne’ que se
dirige a falsos fins. A prudência pressupõe a existência de outras virtudes. Para
ser prudente, há que ser virtuoso, porque ao passo que a prudência determina
os meios mais adequados ao fim, as virtudes morais dispõem as potências em
relação aos fins da operação. Portanto, o ato prudente é um conhecimento, e não
um conhecimento teórico, mas prático, não, todavia, um conhecimento técnico ou
artístico, pois implica à diferença destes, a ordem humana da afetividade... Adler
mostrou com acerto como é próprio do caráter neurótico a elaboração de uma
arte de vida caracterizada pelo esquematismo, que o protege do choque do seu
fim fictício contra a realidade, bem como da insegurança e da angústia... Portanto,
o desenvolvimento normal e pleno exige certamente o guiamento iluminador do
intelecto, mas não de qualquer tipo de conhecimento. Não se trata de formar uma
máquina, nem um organismo vivente qualquer, mas uma pessoa. ... A personalidade
humana pressupõe uma plasticidade única que lhe garante o realismo. Tal
plasticidade só é efetiva e frutífera quando procede da virtude e, portanto da
prudência. ” p. 309

Cada paciente é um universo, por isso não há que se pensar em um modelo que
não se adeque a cada um.

Tanquerey afirma que “no púlpito, sugere a prudência ao sacerdote, o que deve dizer
e o que deve calar, a maneira de dizer para não melindrar o ouvinte, para adaptar a sua
inteligência à palavra divina, para persuadir, comover e converter. No confessionário, é
a prudência que permite ao confessor ser juiz perspicaz e íntegro, que saiba discernir a
culpabilidade, interrogar o penitente com precisão e clareza, cada um segundo a sua idade
e condição.”.

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A ORDEM ETERNA: PRUDÊNCIA E CARIDADE

Adaptando: no consultório, sugere a prudência ao terapeuta, o que deve dizer e


o que deve calar, a maneira de dizer para não melindrar o paciente, para adaptar
à inteligência. Na psicoterapia é a prudência que permite ao terapeuta ser juiz
perspicaz e íntegro, que saiba discernir a culpabilidade, interrogar o penitente
com precisão e clareza.

Psicoterapia é ato de prudência e caridade.


O terapeuta precisa ensinar, aconselhar, consolar e corrigir à luz da caridade.
Ensinar novos conhecimentos, oferecer exemplos, ampliar o entendimento para
sanar uma ignorância. Aconselhar avaliando a melhor decisão moral para si e
para o próximo. Consolar acolhendo o sofrimento e a dor do paciente. Corrigir,
amorosamente, como um pai que corrige uma atitude equivocada do filho, para
evitar erro.

Por fim, vamos considerar a profissão como elemento do ordenamento da


personalidade. É mister que o terapeuta aperfeiçoe a própria personalidade
lembrando que a psicoterapia não é sobre a melhor técnica, mas sobre a relação
humana entre terapeuta e paciente.

Echavarría delimita como características de um caráter ordenado, que vale tanto


para paciente quanto para terapeuta, aquele que tem a prudência como centro,
como luz que ilumina as ações:

Manso
Solidário Humilde

Amigo Prudência Forte

Religioso Corajoso

Magnânimo Justo

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A ORDEM ETERNA: PRUDÊNCIA E CARIDADE

Estejamos atentos para abraçar a ordem eterna, perceber a psicoterapia como


ato de prudência e caridade, aperfeiçoar a caridade como amor sobrenatural e a
prudência como desejo da escolha Boa. E entender que a Psicoterapia tomista tem
como elemento fundamental, o ordenamento da personalidade. Isto justamente
porque a Psicologia tomista cobra de cada um, o desenvolvimento das próprias
virtudes, para que possa ensinar melhor, consolar melhor, aconselhar melhor,
corrigir melhor, amar melhor.

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