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A Ética a Nicômaco é a principal obra de Aristóteles sobre Ética.

Nela se
expõe sua concepção teleológica eudemonista de racionalidade prática, sua
concepção da virtude como mediania e suas considerações acerca do papel do
hábito e da prudência na Ética.
Em Aristóteles, toda racionalidade prática é teleológica, quer dizer, orientada
para um fim (ou um bem, como está no texto). À Ética cabe determinar qual a
finalidade suprema (o summum bonum) que preside e justifica todas as demais e
qual a maneira de alcançá-la. Essa finalidade suprema é a felicidade (eudaimonia),
que não consiste nem nos prazeres, nem nas riquezas, nem nas honras, mas numa
vida virtuosa. A virtude, por sua vez, se encontra num justo meio entre os extremos,
que será encontrada por aquele dotado de prudência (phronesis) e educado pelo
hábito no seu exercício.
Vale destacar aqui que a virtude, na época dos gregos, não é idêntica ao
conceito atual, muito influenciado pelo cristianismo. Virtude era no sentido da
excelência de cada ação, de fazer bem feito, na justa medida, cada pequeno ato.
A obra Ética a Nicômaco é composta por 10 livros. Embora Aristóteles tenha
voltado a tratar do tema em outros livros sobre ética, este é, sem dúvida, o principal
de seus trabalhos no ramo.
O nome do livro deve-se principalmente ao compilador da obra, que foi
Nicômaco, filho de Aristóteles (o pai de Aristóteles também chamava-se Nicômaco).
Aristóteles foi o primeiro filósofo a distinguir ética da política, sendo que a primeira
exprime a ação voluntária e moral do indivíduo, enquanto a segunda exprime as
vinculações do indivíduo com a sociedade.
Ética é uma palavra que pode ser definida como a ciência da conduta.
Designa as concepções morais nas quais um ser humano tem fé.
Para Aristóteles o homem tem um único objetivo a ser perseguido:o bem.
No primeiro livro, Aristóteles dedica-se a virtude humana, que para ele são
duas: as virtudes éticas e as virtudes dianoéticas.
Por virtudes éticas entende-se aquelas que nascem do hábito e as virtudes
dianoéticas são aquelas que decorrem da inteligência e podem ser desenvolvidas
por um ensinamento.
Por ser o bem o fim de todas as coisa, os fins distantes das ações são dos
mais excelentes e os que devem ser procurados, a detrimento dos fins secundários.
No livro II Aristóteles trata da virtude. Esta é uma qualidade potencial que só se
realiza quando se agem com justiça.
A virtude não é um dom e pode ser adquirida mediante o ensino. Para isto o
homem precisa ser educado, justo, comedido e razoável. Ela opõe-se ao mal e
possui um valor mediador que interesse à Aristóteles.
A boa legislação torna bons os cidadãos por meio dos hábitos. As virtudes e
os hábitos tornam os homens justos ou não.
No livro III Aristóteles estuda o valor das ações voluntárias e involuntárias. A
virtude relaciona-se com as paixões e ações voluntárias. Já o relacionamento das
paixões com as ações involuntárias ocorrem por compulsão ou ignorância.
Uma ação deliberada tem origem no desejo do sujeito. Este desejo pode ser
racional e pode provir de uma escolha ou de uma intenção. O homem, assim, é
responsável por sua virtude e por seus vícios.
No livro IV são descritas certas virtudes éticas que o homem deve possuir.
A generosidade é o meio termo em relação à riqueza, assim como a
magnificência. Já a ambição é o desejo por honra. A calma é o meio termo para a
cólera.
O livro V aborda a questão da justiça, estudada nos seus mais diversos tipos
e relações.
Para Aristóteles, justiça é a disposição de caráter que torna as pessoas
propensas a fazer o que é justo, desejando e agindo. Quando se conhece a boa
condição, a má também se torna conhecida.
As virtudes dianoéticas são estudadas no livro VI. Elas dizem respeito à
inteligência e são cinco: ciência, arte, prudência, inteligência e sabedoria.
A ciência demonstra os fatos; a arte tem por objetivo a criação; a prudência é
baseada no bom senso e na razão; a inteligência é a detentora dos conhecimentos
e, por fim, a sabedoria é necessária para as mais elevadas ações ou reflexões.
No livro VII Aristóteles ataca os homens que utilizam o saber para objetivos
nefastos.
Para ele, deve-se evitar o vício, a incontinência e a bruteza.
Os livros VIII e IX, tratam da amizade e o amor. São os livros mais conhecidos
de Aristóteles.
A amizade é uma virtude fundamental, necessária para a vida. É por meio
dela que o homem pode se salvar e buscar a felicidade. Homens bons são amigos.
Segue tratando os tipos de amizade, argumentando que a verdadeira
amizade poupa erros, impele belas ações e constitui a força de amigos.
Por fim, no livro X o assunto é a felicidade, bem supremo procurado por todos
os homens.
O exercício da virtude pode dar-se pelo prazer. Para ter uma vida feliz, os
homens escolher o que é agradável e evitam a dor. O prazer é completo a todo o
momento. Não há movimento ou geração no prazer, pois ele é um todo. O prazer
completa a atividade como um fim alcançado.
A felicidade é atingida quando o homem se liberta dos males terrestres, mas
não pode ser contínua. Por isso, é preciso ser virtuoso e respeitar os valores morais.
A virtude é de duas espécies, a intelectual e a moral. A primeira gera-se e
cresce graças ao ensino, requer experiência e tempo; enquanto a segunda é
adquirida em resultado do hábito, donde ter se formado o nome. Por uma pequena
modificação da palavra. Nenhuma das virtudes morais surge em nós por natureza.
De todas as coisas que nos vêm por natureza, primeiro adquirimos a potência e
mais tarde exteriorizamos os atos. Não foi por ver ou ouvir frequentemente que
adquirimos a visão e a audição, mas pelo contrário, nós as possuímos antes de usá-
las, e não entramos na posse delas pelo uso. Com as virtudes dá-se exatamente o
oposto: adquirimo-las pelo exercício. Pelo hábito do medo ou da ousadia, nos
tornamos valentes ou covardes.
Podemos dizer o mesmo dos apetites e da emoção da ira: uns se tornam
temperantes e calmos, outros intemperantes e irascíveis. As diferenças de caráter
nascem de atividades semelhantes. Tanto a deficiência como o excesso de exercício
destrói a força; o alimento ou a bebida que ultrapassem determinados limites, tanto
para mais ou para menos, destroem a saúde ao passo que, sendo tomados nas
devidas proporções, a produzem, aumentam e preservam.
O mesmo acontece com a temperança, a coragem e as outras virtudes. O
homem que a tudo teme e de tudo foge, torna-se um covarde, o homem que não
teme nada, torna-se temerário; o que se entrega aos prazeres torna-se
intemperante, o que evita todos os prazeres, se torna de certo modo insensível. A
temperança e a coragem são destruídas pelo excesso e pela falta, preservadas pela
mediania. É por causa do prazer que praticamos más ações, e por causa da dor que
nos abstemos de ações nobres.
Platão diz que devemos ser educados desde a juventude, a fim de
deleitarmos e de sofrermos comas coisas que nos devem causar deleite ou
sofrimento. Existem três objetos de escolha e três de rejeição. O nobre, o vantajoso,
o agradável e seus contrários. O vil, o prejudicial e o doloroso. A respeito de todos
eles o homem bom tende a agir certo e o homem mau a agir errado, e
especialmente no que toca ao prazer. Medimos nossas próprias ações pelo estalão
do prazer e da dor. Na alma humana encontram-se três espécies de coisas: a
paixão, as faculdades e disposições de caráter, portanto, a virtude deve pertencer a
um destas. Por paixões, entendo os apetites, a cólera, o medo, a audácia, a inveja, a
alegria, a amizade, o ódio, o desejo, a emulação, a compaixão, em geral os
sentimentos que são acompanhados de prazer ou dor; por faculdades, as coisas em
virtude das quais se diz que somos capazes de sentir tudo isso, de nos irarmos, de
magoar-nos ou compadecer-nos; por disposições de caráter as coisas em virtude
das quais nossa posição com referência às paixões é boa ou má. Más se sentirmos
demasiadamente, e boas se for moderadamente. Um mestre em qualquer arte evita
o excesso e a falta, buscando o meio-termo não no objeto, mas relativamente a nós.
Referindo-se a virtude moral, pode-se dizer que a virtude é mais exata e
melhor que a arte, como também o é a natureza. Deve ter o atributo de visar o meio-
termo. Quanto à justiça e injustiça devemos considerar com que espécies de ações
se relacionam elas; que espécie de meio termo é a justiça, e entre que extremos o
ato justo é intermediário.
Justiça é para a maioria das pessoas, a disposição de caráter que torna as
pessoas propensas a fazer o que é justo que às faz agir justamente e desejar o que
é justo; e do mesmo modo, por injustiça se entende a disposição que as leva a agir
injustamente e a desejar o que é injusto. A justiça é uma virtude completa, não em
absoluto, e sim em ralação ao nosso próximo. Por isso é muitas vezes considerada
a maior das virtudes. Ela é a virtude completa no pleno sentido do termo. É completa
porque aquele que a possui pode exercer sua virtude não só sobre si mesmo, mas
também sobre o próximo. O injusto foi dividido em ilegítimo e ímprobo e o justo em
legítimo e probo. Tudo que é ímprobo é ilegítimo, mas nem tudo que é ilegítimo é
ímprobo. O injusto e a injustiça no sentido de improbidade não se identificam coma
primeira espécie , mas diferem dela como parte do todo. A injustiça nesse sentido é
uma parte da injustiça no sentido amplo, e, do mesmo modo, a justiça num sentido o
da justiça do outro. A lei nos manda praticar todas as virtudes e nos proíbe de
praticar qualquer vício. A justiça corretiva será o intermediário entre a perda e o
ganho. Recorrer ao juiz é recorrer à justiça. Se o juiz é o meio termo, o justo também
o é. O juiz restabelece a igualdade. É como se houvesse uma linha dividida em
partes desiguais e ele retirasse a diferença pela qual o segmento maior excede a
metade para acrescentá-la ao menor. O justo então é o intermediário entre uma
espécie de ganho e uma espécie de perda, a saber, os que são involuntários.
Consiste em ter uma quantidade igual antes e depois da transação.
FACULDADE TEOLÓGICA RELIGARE

ÉTICA A NICÔMACO

GUSTAVO FERREIRA DE OLIVEIRA

TERESINA
2008

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