Você está na página 1de 4

UESPI - CURSO DE DIREITO

DISCIPLINA: FILOSOFIA GERAL E JURÍDICA


PROFESSOR: ALUISIO MARTINS

ARISTÓTELES ( 384-322 a.c.) – realismo


- considerações gerais
Nasceu em Estagira. Seu pai exercia a medicina em Estagira. Servia ao rei da Macedônia (Amintas
II). Discípulo de Platão. Foi preceptor/orientador de Alexandre, o Grande. Fundou o Liceu, onde
ministrava seus cursos. Escreveu sobre filosofia, questões essenciais (metafísica), lógica, ciências
naturais, moral, política e retórica.
Rejeitou a teoria das idéias de Platão.
A filosofia se originou do espanto, da incompreensão da realidade, dos fenômenos. Para escapar da
ignorância, os pensadores se dedicaram à filosofia.
-principais características do pensamento aristotélico.
a- a justiça como virtude – assim como as demais virtudes (coragem, temperança) é o justo meio,
que consiste no equilíbrio (posição mediana) entre duas extremidades. Um homem é justo ao agir na
legalidade. Um homem é virtuoso, quando por disposição de caráter, orienta-se segundo esses
mesmos valores, mesmo inexistindo lei. Ocorre injustiça por carência ou por excesso.
b- a educação ética cria o hábito, que é a prática reiterada de ações em determinado sentido.
c- virtude real – mais importante que conhecer a virtude, é praticá-la.
d- o homem é um ser gregário e político – o homem é um ser gregário, logo só pode haver
realização humana plena em sociedade, na polis (família, aldeia, tribo e polis).
e- justiça distributiva – há uma relação de subordinação entre as partes, governoxcidadão. Nos casos
de distribuição de honras, cargos e bens pecuniários. Ocorre entre governantes e governados.
Ocorreria injustiça se houver desigualdade em relação aos governados, que receberam menos que o
devido ou suportariam um encargo maior que os demais. A injustiça residiria na escassez de
benefícios ou excesso de encargos. A justiça distributiva consiste em atribuir a cada um o que lhe é
devido. A igualdade na distribuição visa à manutenção de um equilíbrio, pois aos iguais é devida a
mesma quantidade de benefícios ou encargos, assim como aos desiguais são devidas partes
diferentes à medida que são desiguais e que se desigualam.
f- justiça corretiva – é aplicável a todo tipo de relação a ser estabelecida entre indivíduos que se
encontrem em uma situação de coordenação, ou seja, de iguais entre iguais. Entre particulares.
g- justiça política – é a justiça aplicável ao cidadão grego, que participava da vida política. Estavam
excluídos as mulheres, menores, estrangeiros e escravos.

1
h- justiça doméstica – aplicada às pessoas que não eram consideradas livres.
i-juiz – é o mediador de todo o processo de aplicação da justiça corretiva. A função do juiz será
retirar daquele que se apropriou de porção maior do que lhe seria devido, retribuindo-a ao outro. A
justiça corretiva, que é aplicada pelo juiz, conduz ao retorno das partes ao status quo antes, quando
isso é possível ou do arbitramento de uma equivalência indenizatória, para recompor o prejuízo.
Obs.
Embora admita a existência de um Ser supremo do qual depende a ordem universal, nega a criação
e a possibilidade da religião, pois para ele, é impossível ao homem qualquer contato com a
divindade.
-na visão de Aristóteles, no âmbito social, justiça e virtude são idênticos, contudo, pode se dizer que
um homem é justo ao agir na legalidade; diz-se que um homem é virtuoso quando, por disposição
de caráter, orienta-se segundo esses mesmos vetores, mesmo sem a necessária presença da lei ou
conhecimento da mesma.

DIFERENÇAS ENTRE O PENSAMENTO DE PLATÃO E ARISTÓTELES

PLATÃO ARISTÓTELES
Defende a corrente idealista, por isso rejeita a Realista, toma a experiência como ponto de
experiência como fonte de conhecimento certo. partida do conhecimento. Busca na realidade os
Entende que a realidade é o que pensamos. fundamentos para especulação metafísica.
O que vemos na natureza é o reflexo do que A filosofia é essencialmente teórica, busca
existe no mundo das ideias, ou seja, na alma dos entender o universo. O homem filosofa para
homens. fugir da ignorância. Os conceitos são formados
Faz distinção entre o mundo inteligível (das a partir da experiência. Abrange todo o saber
ideias) e mundo sensível) humano racional. No sentido estrito, a filosofia
O conhecimento é inato. é dedução do particular pelo universal. Não
aceita o conhecimento inato.
Só existe uma realidade, sendo que formulamos
nossos conceitos e ideias a partir da observação
da realidade.
Seu pensamento se integra na cultura européia,
na idade média, através do trabalho de Averróis,
filósofo árabe. Depois, através de Tomás de

2
Aquino.
Teoria das causas. Causa material (aquilo de
que uma coisa é feita), causa formal (aquilo que
faz com que uma coisa seja o que é), causa
eficiente (a que transforma a matéria) e causa
final (o objetivo com que a coisa é feita).
Todas pressupõem uma causa primeira, uma
causa não causada, o motor imóvel do cosmos, a
realidade suprema.
Quando se morre, a matéria fica; a forma, o que
caracteriza as qualidades particulares das coisas,
desaparece.
Ato e potência. O ato explica a unidade do ser, a
potência, a multiplicidade e a mudança.
O que está na alma do homem é apenas o
reflexo dos objetos da natureza, a razão está
vazia enquanto não sentimos nada.
O fim último do homem é a felicidade. Ele
alcança quando executa, devidamente, suas
atribuições, seu trabalho, na polis, na cidade.
Uma pessoa virtuosa é a que possui coragem,
competência e nobreza ética.
O homem deve encontrar o meio-termo, o justo-
meio; deve viver usando, prudentemente, a
riqueza; moderadamente os prazeres e conhecer,
corretamente, o que deve temer.
A grandeza não consiste em receber honras, mas
em merecê-las.

LIVRO JUSTIÇA DE MICHAEL J SANDEL


Quais discriminações são justas? A resposta depende do propósito da atividade em questão.
O autor vê a política como um procedimento que permite às pessoas escolher suas finalidades por
conta própria.
Para Aristóteles, o propósito da política é formar bons cidadãos e cultivar o bom caráter. P240

3
A finalidade e o propósito de uma pólis é uma vida boa, e as instituições da vida social são meios de
atingir essa finalidade.
Atualmente se vê a política como um mal necessário, e não como uma característica essencial da
vida boa. P242
Por que participar da política é essencial para alcançar uma boa vida?
No entender de Aristóteles, a resposta está na natureza do ser humano. A natureza não faz nada em
vão, e os seres humanos, diferentemente dos animais, possuem a faculdade da linguagem. Apenas
na polis, na convivência com outras pessoas, podemos exercitar a faculdade humana essencial da
linguagem, expressar que é justiça ou injustiça, certo ou errado.
Por que não podemos exercer plenamente essa nossa capacidade de linguagem apenas na família,
nos clãs ou nas agremiações? 244
Na visão de Aristóteles, a pessoa virtuosa é aquela que sente prazer com as coisas certas. Se alguém
sente prazer ao assistir uma luta de cães, por exemplo, trata-se de um vício que deve ser superado.
Assim, a vida moral e virtuosa conduz a pessoa à felicidade.
É preciso viver na polis para se tornar uma pessoa virtuosa, pois não podemos aprender sólidos
princípios morais em casa, na aula ou lendo livros sobre ética. Na visão dele, a virtude moral resulta
do hábito. É o tipo de coisa que aprendemos com a prática. Jesus disse: a fé sem obras é morta. 244
APRENDENDO COM A PRÁTICA
Tornar-se uma pessoa virtuosa é como aprender a tocar um instrumento. É preciso praticar. 246

A virtude moral, fazer a coisa certa, está vinculada a uma sabedoria prática, que trata da maneira
como a pessoa deve agir. 246

Você também pode gostar