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Aristóteles

(384-322 a.C.)
Aristóteles (384-322 a.C.)
• Filósofo grego nascido em Estágira (hoje Stavró), Macedônia.
• Discípulo de Platão na Academia (por 19 anos), rompe o mestre.
• Desenvolve o seu próprio sistema, rejeitando a teoria das ideias e o
dualismo platônico.
• Propõe, em sua Metafísica, uma concepção de real que parte da
substância individual, composta de matéria e forma.
• Valoriza o saber empírico e a ciência natural.
Aristóteles (384-322 a.C.)
• Foi preceptor de Alexandre Magno.
• Construiu um grande laboratório.
• Aos cinquenta anos funda sua própria escola, o Liceu.
• O Liceu transformou-se num centro de estudos dedicados
principalmente às ciências naturais.
• Aristóteles gostava de dar aulas em caminhadas com os seus discípulos,
donde a origem do nome “escola peripatética” (de “peripatos”, o
caminho).
• Após a morte de Alexandre (323 a.C.), Aristóteles deixou Atenas devido
ao sentimento antimacedônio, vindo a falecer em Cálcis, em 322 a.C.
Obra
• Os textos dividem-se em textos esotéricos ou acroamáticos, de
caráter mais especializado e dirigidos ao público interno da escola, e
textos exotéricos, de caráter mais abrangente e de interesse mais
amplo e dirigidos ao grande público.
• Aborda todos os ramos do saber: lógica, física, filosofia, botânica,
zoologia, metafísica etc.
• Seus livros fundamentais: Retórica, Ética a Nicômaco, Ética a Eudemo,
Órganon, Física, Política e Metafísica.
Obra
• Após a morte de Aristóteles, sua escola desenvolveu-se
principalmente em três centros: Atenas, a ilha de Rodes e Alexandria.
• Os textos do filósofo dispersaram-se por esses três centros, sendo que
muitos se perderam já na Antiguidade.
• A edição do corpus aristotelicum, foi elaborada por volta de 50 a.C.
por Andrônico de Rodes, que reviveu a escola aristotélica em Roma,
portanto mais de dois séculos após a morte do filósofo.
Crítica a teoria das ideias
• O ponto central da crítica de Aristóteles a Platão
consiste na rejeição do dualismo, representado pela
teoria das ideias (Metafísica I, caps. 6 e 9; XII e XIV).
• A ideia não possui uma existência separada da coisa.
Crítica a teoria das ideias
• A principal objeção de Aristóteles ao dualismo platônico está centrada
na relação que a teoria das ideias supõe existir entre o mundo
inteligível e o sensível, podendo ser considerada uma versão do
paradoxo da relação.
• Para evitar esse problema que Aristóteles considerará necessário um
novo ponto de partida para a sua metafísica, isto é, sua concepção de
real, evitando assim o dualismo dos dois mundos.
A metafísica – hilemosrfismo teleológico
• A metafísica apresenta uma concepção de realidade na qual o que
existe é a substância individual (materiais concretos).
• Os indivíduos são compostos de matéria (hyle) e forma (morfos), que
nos revela a sua ideia (eidos) e finalidade (telos).
• A matéria é o princípio de individuação e a forma a maneira como, em
cada indivíduo, a matéria se organiza (Metafísica Z e H, Física I, II).
A metafísica - Ontologia
• 1) essência e acidente (livro E);
• 2) necessidade e contingência (livro Z e H);
• 3) ato e potência (livro O).
1) essência e acidente (livro E);
• A essência é aquilo que faz com que a coisa seja o que é, literalmente
“aquilo que subjaz”, o sujeito ou substrato dos predicados.
• Os acidentes são as características mutáveis e variáveis da coisa, que
explicam a mudança, sem que isso afete sua natureza essencial, que é
estável.
2) necessidade e contingência (livro Z e H);
• As características essenciais são necessárias, ou seja, a coisa não pode
deixar de tê-las, caso contrário deixaria de ser o que é, ao passo que
as contingentes são variáveis e mutáveis.
3) ato e potência (livro O)
• Essa distinção explica a mudança e a transformação.
• Uma coisa pode ser una e múltipla.
• Ex.: A semente é, em ato, semente, mas contém em potência a
árvore. A árvore é árvore em ato, mas em potência pode ser lenha.
• Concebe Deus como Ato puro, Primeiro Motor do mundo, motor
imóvel, Inteligência, Pensamento que ignora o mundo e só pensa a si
mesmo.
Teoria das causas (aitia)
• 1. Causa formal. Trata-se da forma ou modelo que faz com que a coisa
seja o que é. É a resposta à questão: o que é x?
• 2. Causa material. É o elemento constituinte da coisa, a matéria de
que é feita. Responde à questão: de que é feito x?
• 3. Causa eficiente. Consiste na fonte primária da mudança, o agente
da transformação da coisa. Responde à questão: por que x é x?, ou o
que fez com que x viesse a ser x?
• 4. Causa final. Trata-se do objetivo, propósito, finalidade da coisa.
Responde à questão: para que x?
Teleologia
• A visão de mundo aristotélica é teleológica (do grego
telos, finalidade), isto é, supõe que tudo na realidade
possui uma finalidade.
• Todas as coisas tendem ao bem.
Antropologia filosófica
• O homem, é um animal racional, portador da linguagem, político.
• A finalidade das ações humanas é a felicidade, que consiste na
contemplação da realização de nossa forma essencial.
• A ética é uma ação segundo a virtude, para a felicidade.
• A política aparece como um prolongamento da moral.
Ética
• Ação para a felicidade.
• “nosso objetivo é tornar-nos homens bons, ou alcançar o
grau mais elevado do bem humano. Este bem é a felicidade;
e a felicidade consiste na atividade da alma de acordo com a
virtude” (Ética a Nicômaco, I).
Ética
• Estudo da virtude (areté, excelência).
• A virtude é uma atividade racional, segundo a mediania.
• A mediania (equilíbrio) equilíbrio da conduta só se realiza na vida
social: a verdadeira humanidade só é adquirida na sociabilidade.
Meio termo - Mediania
• Uma das principais contribuições da ética aristotélica é sua famosa
tese (idem II, 2; II, 6) de que a virtude está no meio (meson);
• Ex.: o corajoso não é aquele que nada teme, nem o que tudo teme,
mas sim o que tem uma dose certa de temor que é a cautela, sem
contudo perder a iniciativa, e evitando o excesso que seria a
temeridade.
• O homem virtuoso deve assim conhecer o ponto médio, a justa
medida das coisas, e agir de forma equilibrada de acordo com a
prudência (phronesis) ou moderação (sophrosine).
Vícios e virtudes
Política
• A Política é a ciência que tem por objetivo a felicidade humana.
• Aristóteles investigou as formas de governo e as instituições capazes
de assegurar uma vida feliz ao cidadão.
• No tratado A Política encontramos a famosa e influente definição “o
homem é um animal político” (zoon politikon) (Política, 1253a2).
• A política se relaciona com a ética na medida em que o homem
exerce sua virtude na polis.
• Descreve os regimes políticos, apontando as características de cada
um.
Os tipos de poder
• Paternal
• Marital
• Despótico
• Político
Formas de governo
Puras Impuras

Monarquia Tirania

Aristocracia Oligarquia

Democracia Demagogia
Origem do Estado
• “Como sabemos, todo Estado é uma sociedade, a
esperança de um bem, seu princípio, assim como de
toda associação, pois todas as ações dos homens têm
por fim aquilo que consideram um bem. Todas as
sociedades, portanto, têm como meta alguma
vantagem, e aquela que é a principal e contém em si
todas as outras se propõe a maior vantagem possível.
Chamamo-la Estado ou sociedade política.”
A Formação da Cidade
• “Nesta como em qualquer outra matéria, uma excelente atitude consiste em remontar à
origem. É preciso, inicialmente, reunir as pessoas que não podem passar umas sem as
outras, coma o macho e a fêmea para a geração. Esta maneira de se perpetuar não é
arbitrária e não pode, na espécie humana assim como entre os animais e as plantas,
efetuar-se senão naturalmente. É para a mútua conservação que a natureza deu a um o
comando e impôs a submissão ao outro. Pertence também ao desígnio da natureza que
comande quem pode, por sua inteligência, tudo prover e, pelo contrário, que obedeça
quem não possa contribuir para a prosperidade comum a não ser pelo trabalho de seu
corpo. Esta partilha é salutar para o senhor e para o escravo. A condição da mulher
difere da do escravo. A natureza, com efeito, não age com parcimônia, como os artesãos
de Delfos que forjam suas facas para vários fins; ela destina cada coisa a um uso
especial; cada instrumento que só tem o seu uso é o melhor para ela. Somente entre os
bárbaros a mulher e o escravo estão no mesmo nível.”
O Homem, "Animal Político"
• “A sociedade que se formou da reunião de várias aldeias
constitui a Cidade, que tem a faculdade de se bastar a si
mesma, sendo organizada não apenas para conservar a
existência, mas também para buscar o bem-estar(...) É,
portanto, evidente que toda Cidade está na natureza e que o
homem é naturalmente feito para a sociedade política.
Aquele que, por sua natureza e não por obra do acaso,
existisse sem nenhuma pátria seria um indivíduo detestável,
muito acima ou muito abaixo do homem (...)”
O Homem, "Animal Político"
• “O Estado, ou sociedade política, é até mesmo o primeiro objeto a que se
propôs a natureza'. O todo existe necessariamente antes da parte. As
sociedades domésticas e os indivíduos não são senão as partes integrantes
da Cidade, todas subordinadas ao corpo inteiro, todas distintas por seus
poderes e suas funções, e todas inúteis quando desarticuladas,
semelhantes às mãos e aos pés que, uma vez separados do corpo, só
conservam o nome e a aparência, sem a realidade, como uma mão de
pedra. O mesmo ocorre com os membros da Cidade: nenhum pode bastar-
se a si mesmo. Aquele que não precisa dos outros homens, ou não pode
resolver-se a ficar com eles, ou é um deus, ou um bruto. Assim, a
inclinação natural leva os homens a este gênero de sociedade.”
Do Senhor e do Escravo
• “(...)O senhor não é senão o proprietário de seu escravo, mas não lhe
pertence; o escravo, pelo contrário, não somente é destinado ao uso
do senhor, como também dele é parte. Isto basta para dar uma ideia
da escravidão e para fazer conhecer esta condição. O homem que,
por natureza, não pertence a si mesmo, mas a um outro, é escravo
por natureza: é uma posse e um instrumento para agir
separadamente e sob as ordens de seu senhor (...) Não é apenas
necessário, mas também vantajoso que haja mando por um lado e
obediência por outro; e todos os seres, desde o primeiro instante do
nascimento, são, por assim dizer, marcados pela natureza, uns para
comandar, outros para obedecer. ”
Do Senhor e do Escravo
• O animal compõe-se primeiro de uma alma, depois de um corpo: a primeira, por
sua natureza, comanda e o segundo obedece. (...) O homem, segundo a natureza,
é aquele que é bem constituído de alma e de corpo. Se nas coisas viciosas e
depravadas o corpo não raro parece comandar a alma, é certamente por erro e
contra a natureza. (...) É preciso, portanto, como dissemos, considerar nos seres
animados a autoridade do senhor e a do magistrado: a primeira é a da alma sobre
o corpo; a segunda exerce sobre as paixões humanas o poder da razão.(...) A
natureza ainda subordinou um dos dois animais ao outro. Em todas as espécies, o
macho é evidentemente superior à fêmea: a espécie humana não é exceção.
Assim, em toda parte onde se observa a mesma distância que há entre a alma e o
corpo, entre o homem e o animal, existem as mesmas relações; isto é, todos os
que não têm nada melhor para nos oferecer do que o uso de seus corpos e de
seus membros são condenados pela natureza à escravidão.”
Referência Bibliográfica

• MARCHIONNI, Antônio. Ética: a arte do bom. Rio de Janeiro: Vozes,


2008.

• MARCONDES, Danilo. Textos básicos de ética: De Platão à Foucault. 3


ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.

• PHILIPPE, Marrie-Dominique. Introdução à Filosofia de Aristóteles.


São Paulo: Paulus, 2002

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