Você está na página 1de 80

PATTERSON

THEORIES OF COUNSELING AND PSYCHOTHERAPY


TEORIAS DE PSICOTERAPIA OU DE AP
• A dificuldade em decidir se as teorias são de aconselhamento ou de psicoterapia evidencia a
ausência de diferenças precisas e significativas entre elas. De fato, a posição deste autor é que não
há diferenças importantes entre aconselhamento e psicoterapia. É esperado que tanto os
estudantes de cursos sobre aconselhamento quanto os de cursos sobre psicoterapia estejam
familiarizados com a maioria das teorias.
• A dificuldade (ou mesmo impossibilidade) de separar o aconselhamento da psicoterapia fica clara
quando consideramos as definições oferecidas por diferentes autores para cada um dos termos.
As definições de aconselhamento seriam, na maioria dos casos, aceitas como definições de
psicoterapia, e vice versa.
• Parece haver concordância quanto ao fato de que tanto aconselhamento quanto psicoterapia são
processos que envolvem um tipo especial de relação entre uma pessoa que pede ajuda com um
problema psicológico (o cliente ou paciente) e uma pessoa preparada para prover a ajuda (o
conselheiro ou terapeuta).
• A natureza do relacionamento é bastante similar, se não idêntica, seja no aconselhamento ou na
psicoterapia.
• O processo que ocorre parece também não diferir de um para o outro, nem parece haver
qualquer distinção entre aconselhamento e psicoterapia no que diz respeito às técnicas utilizadas.
OBJETIVOS PARA PSICOTERAPIA E AP
• . Quando são considerados seus objetivos, porém, algumas diferenças podem aparecer
• Os objetivos do aconselhamento foram identificados pelo Comitê de Definição, Divisão de Aconselhamento
Psicológico da Associação Americana de Psicologia, como sendo “ajudar indivíduos na superação dos
obstáculos ao seu crescimento pessoal, onde quer que eles se encontrem, e na obtenção de um
desenvolvimento ótimo dos seus recursos pessoais”.
• A maioria dos psicoterapeutas aceitaria esta mesma definição para os objetivos da psicoterapia.
• Tyler, na tentativa de distinguir aconselhamento e psicoterapia, afirma que não é tarefa dos conselheiros
“tratar prejuízos físicos ou mentais ou livrar de limitações”, pois presume-se que esta seja a tarefa do
terapeuta.
• No entanto, esta afirmação parece estar em desacordo com a do Comitê, citada acima, e, na opinião deste
autor, não seria aceita pela maior parte dos psicólogos do aconselhamento.
• Tyler prossegue para mencionar que a atividade do terapeuta “está orientada essencialmente para a mudança
em estruturas do desenvolvimento, mais que para a satisfação e a realização”, enquanto o aconselhamento,
por sua vez, não tenta “reparar estragos feitos [ao cliente] no passado, estimular o desenvolvimento
inadequado de algum aspecto atrofiado da personalidade”, mas é o processo de “ajudar uma pessoa a
alcançar um claro sentido de identidade pessoal”, juntamente com a aceitação de suas limitações.
• Novamente, aconteceria que muitos rejeitariam estas restrições ao aconselhamento e aceitariam como
objetivos do aconselhamento os mesmos da psicoterapia
OBJETIVOS AINDA E CLIENTELA
• Aconselhamento refere-se ao trabalho com os assim chamados indivíduos
normais, cujos problemas estão relacionados ao desenvolvimento do seu
potencial, enquanto
• Psicoterapia refere-se ao trabalho com indivíduos que, em algum aspecto,
apresentam deficiência.
• Isto nos leva a uma distinção artificial estabelecida em termos da severidade do
distúrbio num continuum de ajustamento-desajustamento.
• Quando um cliente tem um distúrbio emocional grave, ou está impossibilitado de
viver “normalmente” por conta de um distúrbio emocional, o processo é chamado
de psicoterapia e é visto como um corretivo para trazer o indivíduo de volta ao
“normal”.
• Quando o cliente não está tão seriamente perturbado, mas tem os problemas da
assim chamada pessoa normal, os quais interferem no desenvolvimento do seu
potencial, então o processo é chamado aconselhamento.
ENTRE PSICOTERAPIA E AP O CLIENTE
• Os assim chamados conselheiros praticam psicoterapia, enquanto psicoterapeutas
praticam aconselhamento.
• Um psicólogo não pode fazer (e não faz) a determinação de que o cliente, após um
período de psicoterapia, esteja funcionando em um nível “normal” mínimo e deva,
por esta razão, ser transferido a um conselheiro que o ajude a partir desse ponto.
• Em todo caso, o conselheiro ou o terapeuta recebem o cliente na posição em que ele
se encontra e concedem que ele vá até onde ele pode ou deseja ir.
• O conselheiro não está limitado a trabalhar com clientes “normais”, nem limita seus
esforços em relação ao cliente àquilo que Tyler chama tentativas de “motivar a
melhor utilização do que a pessoa já tem” , com a aceitação das suas limitações, sem
interessar-se, ou mesmo evitando, a fragilidade e as mudanças da personalidade.
• Assim, uma distinção em termos da severidade do distúrbio ou do tipo de clientes
envolvidos é artificial.
Ambiente e natureza
• Uma segunda diferença é também artificial e dispensável: distinção em termos do ambiente em que os serviços
são oferecidos.
• Se o ambiente é médico, o que se faz é chamado de psicoterapia; se o ambiente é não-médico, é chamado de
aconselhamento.
• Uma. distinção adicional é feita por vezes em termos da natureza ou do conteúdo do problema que o cliente traz
para o conselheiro.
• Os assim chamados problemas orientados-para-a-realidade (ou “conscientes”), tais como questões educacionais e
vocacionais, têm sido considerados o lugar do aconselhamento.
• Problemas que são inerentes à personalidade do indivíduo (problemas “inconscientes”) são o lugar da psicoterapia.
• Esta linha de pensamento levou à sugestão de que abordagens cognitivas e racionais seriam apropriadas para lidar
com problemas reais ou conscientes, enquanto problemas envolvendo o inconsciente requereriam uma
abordagem diferente.
• De novo, porém, não é possível traçar uma divisória clara.
• Se só há interesse na resolução racional dos chamados problemas de realidade (sem envolvimento do ego), então
não se trata nem de aconselhamento, mas de instrução.
• Nem o fornecimento de informações, que pode fazer parte de um aconselhamento, esgota o campo do
aconselhamento em si.
• Esta tentativa de distinção conduziu a uma ampliação desautorizada do termo “aconselhamento” para incluir
funções que na realidade envolvem instrução individual ou fornecimento de informações.
PARA PATTERSON
• Aconselhamento, na opinião deste autor e em concordância com a maioria das definições que
foram oferecidas, inclui o domínio afetivo – atitudes, sentimentos e emoções - e não
simplesmente idéias.
• Quando não há elementos afetivos envolvidos, então o processo não é aconselhamento, mas
provavelmente instrução, fornecimento de informações ou discussão intelectual.
• Conclui-se que não há diferenças substanciais entre aconselhamento e psicoterapia na
natureza do relacionamento, no processo, nos métodos ou técnicas, nos objetivos e
resultados (concebidos num amplo sentido), ou mesmo nos tipos de clientes envolvidos.
• Por uma questão de conveniência, ou por razões práticas ou políticas, o aconselhamento
muitas vezes refere-se ao trabalho com clientes menos seriamente perturbados ou com
clientes que têm problemas específicos sem relativo comprometimento da estrutura da
personalidade, geralmente atendidos em ambiente não-médico.
• Psicoterapia refere-se ao trabalho com clientes mais seriamente perturbados, geralmente
atendidos num ambiente médico.
• Portanto, não faz distinção entre teorias e não tenta classificá-las ou dicotomizá-las em uma
ou outra categoria.
Teorias
• Uma teoria formal tem certas características. Primeiro, afirmam-se um conjunto de postulados ou suposições. Estas
suposições explicitam as premissas do campo com o qual a teoria está preocupada. As suposições devem manter entre si
relações e devem ser internamente consistentes, e estas relações devem ser especificadas. Segundo, há um conjunto de
definições dos termos ou conceitos da teoria. Estas definições relacionam os conceitos aos dados observados e, portanto,
tornam possível o estudo dos conceitos em pesquisa ou experimentação.
• Se procurássemos uma teoria de aconselhamento ou psicoterapia que contemplasse todos estes critérios, provavelmente
não encontraríamos. Nem encontraríamos tal teoria de aprendizagem ou personalidade. As teorias existentes encontram-
se num estado primitivo e estes critérios constituem metas na direção das quais os teóricos devem estar empenhados.
• A maioria das teorias de aconselhamento ou psicoterapia não estão formalmente estabelecidas, ainda que algumas sejam
tentativas de formulação em termos de um conjunto de postulados ou suposições relacionados, com seus corolários. Em
muitos exemplos, os conceitos teóricos são mais implícitos que explícitos. Afirmações explícitas de pontos de vista em
aconselhamento variam de colocações específicas interessadas apenas em um aspecto ou elemento do processo de
aconselhamento a exposições extremamente genéricas
• Parece que conselheiros e psicoterapeutas têm estado tão absortos pela prática que pouca atenção foi dada ao
desenvolvimento de teorias formais.
• Todavia, ainda que não formalmente estabelecidas, existem, em toda prática ou abordagem em aconselhamento,
suposições implícitas. Muitas vezes, elas não são afirmadas claramente, ou sequer o são de forma alguma. Mas elas estão lá.
• Discussões teóricas em aconselhamento ou psicoterapia freqüentemente aludem a suposições e hipóteses, por vezes
confundindo as duas coisas. Muitas destas discussões teóricas são, num certo sentido, explanações pós-fato ou
racionalizações e não foram desenvolvidas formalmente por pesquisa.
TEORIAS
• Pepinsky, em 1954 aponta teorias em cinco categorias principais: a teoria traço e fator, as
abordagens de comunicação, a teoria do self, a abordagem psicanalítica e a neocomportamental.
Talvez seja possível encaixar a maioria das abordagens principais nestas categorias.
• As diversas teorias de aprendizado de por exemplo, podem ser incluídas na categoria
neocomportamental: Dollard e Miller, Salter, Shoben e Wolpe.
• Várias teorias neoanalíticas podem ser incluídas na abordagem psicanalítica.
• É possível estabelecer alguma organização para as diversas abordagens ou elas são por demais
heterogêneas para que sejam ordenadas de alguma maneira?
• Uma forma de organização possível seria arranjá-las através do continuum freqüentemente usado
de “diretividade”, da abordagem mais diretiva para a mais permissiva.
• Um outro princípio, provavelmente não totalmente independente do continuum diretivo-permissivo,
é o continuum entre as abordagens mais claramente racionais e as mais afetivas, das teorias com
ênfase fortemente cognitiva àquelas altamente emocionais.
• Bordin sugeriu de uma “ênfase num processo intelectual de resolução do problema” para “a ênfase
em estimular o cliente no sentido de uma expressão mais vasta e mais profunda das suas atitudes
por meio de métodos tais como a aceitação e o aclaramento das respostas”, como uma dimensão
do processo de aconselhamento.
• Tal continuum foi aceito como base para a organização das diversas abordagens.
TEORIAS
• Na extremidade cognitiva deste continuum estão aquelas teorias ou abordagens
de aconselhamento que são racionais, lógicas ou intelectuais em sua natureza.
Talvez o exemplo mais radical deste caso seja a psicoterapia racional de Albert
Ellis.
• Mais adiante neste continuum situariam-se as abordagens mais psicológicas, a
teoria de aprendizagem e as teorias de resposta condicionada de John Dollard e
Neal Miller, Andrew Salter e Joseph Wolpe.
• Ainda mais adiante estariam as diversas abordagens analíticas. (Franz
Alexander)
• Próximas da outra extremidade estariam as teorias do self e as abordagens
fenomenológicas. (Rogers)
• Existencialismo na porção mais extrema do continuum. (Rollo May)
TEORIAS
• Este continuum foi dividido em cinco partes. São elas:
• (1) abordagens racionais de aconselhamento,
• (2) abordagens da teoria de aprendizagem para o aconselhamento,
• (3) abordagens psicanalíticas de aconselhamento,
• (4) abordagens perceptivas de aconselhamento e
• 5) abordagens existenciais.
• Pode ser questionado se é necessário ou mesmo desejável separar as
abordagens em grupos. A necessidade de uma certa organização é melhor que
organização nenhuma, e que ter certos princípios de agrupamento é melhor que
não tê-los.
RELAÇÃO COM OUTRAS TEORIAS PSICOLÓGICAS
• As teorias de aconselhamento não podem ser claramente separadas das teorias de
aprendizagem, personalidade, ou teorias gerais de comportamento. Os conselheiros
lidam com o comportamento.
• O fato de que eles trabalham com clientes que exibem um comportamento mais ou menos
perturbado, anormal ou insatisfatório em alguns aspectos, para os próprios clientes, para a
sociedade ou para ambos, não altera a premissa de que é no comportamento que o
conselheiro está interessado.
• Além disso, o aspecto do comportamento que constitui o foco primário para o trabalho
do conselheiro situa-se na área da personalidade em seus aspectos individuais e sociais.
• Mais que isso, o objetivo do aconselhamento é alterar o comportamento ou a
personalidade em algum sentido ou em alguma extensão. Diferentes abordagens em
aconselhamento diferem na natureza específica da mudança de comportamento para a
qual estão direcionadas, mas todas aceitam uma mudança de algum tipo - de atitudes,
sentimentos, percepções, valores ou metas - como o objetivo do aconselhamento.
• Já que a aprendizagem pode ser claramente definida como mudança de comportamento,
então o aconselhamento está, obviamente, relacionado com a aprendizagem e portanto
RELAÇÃO COM OUTRAS TEORIAS PSICOLÓGICAS

• Hall & Lindzey afirmam que as teorias de personalidade são geralmente


teorias do comportamento e admitem que assim também sejam consideradas
as teorias de aprendizagem. Mas da mesma forma podem ser as teorias de
aconselhamento. Até mesmo teorias de percepção podem ser teorias de
comportamento já que a percepção é central em todo comportamento.
• O comportamento, resumidamente falando, é o todo de uma parte, e
qualquer teoria que contemple um aspecto importante do comportamento é
ou deve tornar-se uma teoria geral do comportamento.
• Teorias interessadas nos diversos aspectos devem ser consistentes entre si e
juntas devem constituir uma teoria geral do comportamento. Eventualmente,
uma teoria de aprendizagem, uma teoria de personalidade, uma teoria de
percepção e uma teoria de aconselhamento são todas partes de uma teoria
geral do comportamento.
RELAÇÃO COM OUTRAS TEORIAS
PSICOLÓGICAS
• Toda teoria de aconselhamento tem, e deve mesmo ter, uma teoria de
personalidade e de aprendizagem por trás de si.
• Usualmente, as teorias de personalidade e aprendizagem assim relacionadas
permanecem mais implícitas que explícitas. Quando ocorre de serem explícitas,
é porque geralmente foram desenvolvidas a partir da respectiva teoria de
aconselhamento ou psicoterapia, tal como acontece no caso do
aconselhamento centrado na pessoa.
• Há casos em que uma teoria de aconselhamento é consistente tendo por base
uma teoria de personalidade desenvolvida independente dela.
• De qualquer forma, as teorias de personalidade e as teorias de
aconselhamento estão inter-relacionadas, mesmo que não exista
necessariamente uma teoria de aconselhamento para cada teoria de
personalidade desenvolvida.
IMPLICAÇÕES FILOSÓFICAS

 
• Allport menciona que “as teorias de aprendizagem (assim como tantas outras coisas
em psicologia) repousam sobre a concepção de seu investigador acerca da natureza
do homem.
• Em outras palavras, todo teórico da aprendizagem é um filósofo, ainda que não o
saiba”. Isto se aplica talvez de maneira ainda mais forte aos teóricos do
aconselhamento.
• É necessário incluirmos em nossas discussões os princípios filosóficos que estão
implícitos ou explícitos dentro das várias teorias de aconselhamento.
• Novamente, não será desenvolvida uma formulação filosófica elaborada para cada
teoria considerada. Mas parece ser necessário levar em consideração as suposições
acerca da natureza humana subjacentes às diversas teorias, assim como as metas ou
objetivos do aconselhamento aceitos ou defendidos por elas
• Em muitos casos, é óbvio, pouca consideração formal foi devotada a isso na
apresentação original da abordagem.
PARA COMPREENDER TEORIAS DE AP
• O procedimento genérico é iniciar identificando a teoria em termos dos seus principais
defensores, fornecendo uma certa base ou orientação para a abordagem.
• São então discutidos os principais conceitos ou elementos essenciais da abordagem.
Nisto estão inclusos os princípios filosóficos e as teorias de personalidade e
aprendizagem ou de comportamento respectivas, bem como suas modificações.
• Depois disso, são consideradas as metas e o próprio processo de aconselhamento,
seguidos por uma consideração a respeito das técnicas ou do comportamento do
conselheiro que permitem a implementação dos conceitos no processo. Neste ponto,
sempre que possível, um ou mais exemplos ilustrativos da abordagem são
apresentados. Finalmente, um resumo e uma avaliação geral concluem a discussão.
• Esta avaliação não é exatamente uma crítica absoluta da teoria, mas antes um resumo
das principais contribuições de cada abordagem e uma consideração de algumas das
críticas ou objeções mais relevantes que foram ou podem ser levantadas contra ela.
Pesquisa
• Diferentemente dos trabalhos de Hilgard e de Hall & Lindzey, não se pretende revisitar a
pesquisa associada com as várias teorias apresentadas.
• Apesar de se ter feito considerável quantidade de pesquisa no campo do aconselhamento
e da psicoterapia, pouco disso foi diretamente relacionado a uma teoria ou ponto de vista
particular.
• Parece ter havido, em geral, uma separação entre teoria e pesquisa, por um lado, e entre
prática e pesquisa, por outro, de forma que os defensores ou praticantes de uma
orientação particular, ao contrário do que aconteceu no campo da aprendizagem, não
empenharam-se em fazer pesquisa relacionada à teoria por eles esposada ou praticada.
• A maior exceção a isto é a pesquisa de Rogers e seus associados no aconselhamento
centrado na pessoa.
• Este estado de coisas pode ser creditado ao fato de que para o psicólogo não há muito que
se possa fazer por uma teoria de personalidade ou aprendizagem a não ser pesquisa.
• Já o aconselhamento e a psicoterapia são modalidades aplicadas e seus praticantes
parecem ter pouco tempo, ou talvez inclinação, para a pesquisa.
Divergências e Convergências em Aconselhamento ou
Psicoterapia
• Há um certo número de abordagens em aconselhamento ou psicoterapia, entre elas a psicanálise ortodoxa e as
abordagens neoanalítica.
• A situação, pelo menos aparentemente, nos remete à diversidade. Os diversos pontos de vista parecem diferir
de maneira considerável não apenas em seus métodos ou técnicas, mas também em seus objetivos,
conceitos básicos e em suas orientações filosóficas.
• Esta diversidade (ou este desacordo) fez com que certos autores se preocupassem muito seriamente com a
situação do aconselhamento e da psicoterapia.
• Ungersma escreve assim: “A situação atual da psicoterapia não é diferente daquela do homem que monta seu
cavalo e cavalga em todas as direções. A orientação teórica dos terapeutas está baseada em hipóteses, teorias
e ideologias amplamente divergentes... Individualmente, é até esperado que os praticantes de qualquer
abordagem variem em seus modos particulares de trabalho: algumas escolas bem organizadas dentro do
campo da terapia parecem trabalhar em absoluta oposição com relação a outras escolas igualmente bem
organizadas. E não obstante, todas as escolas, em condições favoráveis, obtém resultados positivos: o
paciente ou cliente consegue alívio e usualmente liberta-se de forma satisfatória de suas dificuldades”.
• Este sucesso assemelhado que é obtido por abordagens aparentemente tão diferentes constitui um problema
que exige alguma explicação.
ROGERS E SEU OLHAR

• Há alguns anos, Carl Rogers, que tivera a esperança de que um dia os terapeutas
pudessem chegar a um consenso acerca do que constitui a psicoterapia,
expressou seu desapontamento.
• Inicialmente sentia que “nós todos estamos falando das mesmas experiências,
mas estipulando palavras, rótulos e descrições diferentes para elas”.
• Terminou por escrever: “nós diferimos no nível mais básico das nossas
experiências pessoais”.
• E concluiu que “o campo da psicoterapia está no meio de uma confusão”, apesar
de ter sentido que a confusão criava um clima saudável para o surgimento de
novas idéias, teorias, conceitos e métodos
Menos confusão, menos divergência?

• O campo da psicoterapia está unido, ou mostrou evidências de convergir na


direção de uma teoria ou sistema comuns amplamente aceitos?
• Parece que o progresso da concordância sobre a existência de alguns elementos
comuns às diferentes formas de psicoterapia esteve restrito principalmente
àquelas abordagens que hoje são chamadas “tradicionais”, ou seja, aqueles
métodos ou abordagens que não estão incluídos entre as terapias
comportamentais.
• A década passada foi o período de desenvolvimento das abordagens teóricas da
aprendizagem, assim como os anos 50 foram a década da terapia centrada na
pessoa.
• Este desenvolvimento introduziu nova diversidade no campo, a ponto de parecer
para alguns que duas abordagens inconsistentes e irreconciliáveis estavam
surgindo.
Menos confusão, menos divergência

• Kanfer & Phillips afirmam que não apenas os clínicos às vezes discordam das
próprias teorias que apoiam, mas “suas práticas e crenças refletem
inconsistências e contradições ainda mais profundas”.
• Comentando as terapias comportamentais, Kanfer & Phillips recomendam que
“ao invés de se aceitar como meta um maior refinamento dos muitos
procedimentos específicos, pode ser mais útil o empenho na tentativa de uma
eventual integração destes num sistema comportamental mais abrangente... O
primeiro passo na construção de tal estrutura reside nos esforços para se
encontrar o que há de comum e de diferente entre a variedade de técnicas
utilizadas”
Menos confusão, menos divergência
• Talvez esteja fora do alcance de uma só pessoa dominar as imensas quantidades
de teoria e pesquisa relevantes ao desenvolvimento de um sistema eclético
integrador.
• Um sistema desse tipo exigiria em sua base o desenvolvimento de uma teoria ou
sistema sobre o comportamento humano.
• Ainda estaria incompleto pensar sem uma tentativa de integração das diversas
abordagens, ao menos até o ponto de identificarmos algumas analogias (se elas
existem) e apontar um caminho para a reconciliação das divergências.
• O empenho científico aceita a viabilidade de uma teoria (ou sistema) consistente
e que o progresso deste desenvolvimento dá-se através do método de
aproximações sucessivas.
Menos confusão, menos divergência
• Já houve um certo número de tentativas de se descobrir ou definir elementos comuns entre as
várias abordagens em aconselhamento e psicoterapia.
• Um obstáculo à identificação de analogias sempre foi o fato de que os teóricos fazem questão de
ser únicos e diferentes. Esta característica acaba por conduzir à criação de terminologia nova e
distinta mesmo em muitos casos em que os conceitos representados por esta terminologia não
são novos e nem distintos.
• A questão é que são enfatizadas as diferenças.
• Novas técnicas são apresentadas sem que se faça referência ao processo total no qual são
utilizadas ou do qual são parte.
• É presumível que todas as teorias ou abordagens que conseguiram grande aceitação ou
persistiram até hoje tenham alguma veracidade. As diferenças entre elas podem ser mais
aparentes que reais, significando percepções e descrições diferentes dos mesmos fenômenos ou
enfatizando aspectos diferentes do mesmo processo.
• “De fato, as várias teorias não são logicamente incompatíveis e até mesmo muitas vezes
suplementam e indiretamente provam umas as outras”.
• Levando-se em conta que as teorias estão baseadas em vasta experiência prática, é esperado que
possuam analogias, concordâncias e apoio mútuo.
ANALOGIAS E DIFERENÇAS: Filosofia e Conceitos

• Pode parecer difícil encontrar uma filosofia comum ou mesmo um único conceito
comum aos pontos de vista contemplados aqui.
• As concepções a respeito da natureza do homem e da natureza das
perturbações emocionais variam de forma considerável.
• Por um lado, pode parecer que há bem pouco ou mesmo nada em comum entre
concepções de homem como ser determinado pelo ambiente ou por suas
necessidades e desejos internos.
• Por outro, como pessoa livre, capaz de fazer escolhas.
• Ou entre a concepção de homem como sendo essencialmente um organismo a
ser manipulado por recompensas e punições, por um lado
• e, por outro, como ser que tem potencial para o crescimento e o
desenvolvimento através do processo de auto-atualização.
MAS, AFINAL, QUEM É O HOMEM?
• Contudo, por menores que possam parecer as semelhanças, existe concordância
quanto à visão de homem como ser capaz de se modificar (ou, no mínimo, ser
modificado).
• O homem não está inapelavelmente pré-determinado; em algum nível, ele ainda
permanece maleável.
• Uma aproximação da teoria da aprendizagem pode de fato confirmar que o homem é
infinitamente suscetível à mudança.
• Skinner expressa: “É perigoso afirmar que um organismo de determinada espécie ou
em dada faixa etária não pode resolver certo problema. Como resultado de
programações cuidadosas, pombos, ratos e macacos têm feito nos últimos cinco
anos coisas que membros da sua espécie nunca haviam feito. Não que seus
ancestrais fossem incapazes de tais comportamentos; a natureza simplesmente
nunca havia disposto a eles seqüências efetivas destas programações”.
• E a respeito da possibilidade de moldar a personalidade, ele mesmo afirma: “dê-me
as especificações e eu lhe darei o homem”.
MAS, AFINAL, QUEM É O HOMEM?
• Outras abordagens podem não ser tão otimistas com relação a mudanças da personalidade ou
do comportamento,
• Mas certamente as admitem como possibilidade; de outra forma não haveria razão para
dedicarem-se aos campos do aconselhamento ou da psicoterapia.
• Entre as diferentes abordagens há pelo menos mais um elemento comum: o reconhecimento de
que:
• (a) a existência de uma neurose, um distúrbio, um mau ajustamento, um conflito, um problema
não resolvido, “sintomas” ou um comportamento desordenado é algo desagradável e doloroso
para o cliente;

• (b) é indesejável que tais coisas ocorram no indivíduo e isto autoriza tentativas para sua
modificação.
MAS, AFINAL, QUEM É O HOMEM?
• Um terceiro elemento comum possível é o reconhecimento da influência do futuro –
ou de antecipações, esperanças ou expectativas relacionadas ao futuro – no
comportamento presente.
• Esta é uma característica que parece unir abordagens tão diferentes quanto o
condicionamento operante e o existencialismo.
• Em outras palavras, o reconhecimento de que o comportamento não é apenas
“causado” pelo passado, mas é também influenciado pelas conseqüências do futuro
(ou pelas expectativas das conseqüências), parece estar presente na maioria dos
pontos de vista.
• Lindsley, sobre o condicionamento operante: “A descoberta de que este
comportamento [voluntário] é controlado por suas conseqüências torna
desnecessária a explicação do comportamento em termos de antecedentes
hipotéticos”.
• May, apresentando a posição existencialista: “o futuro, ao contrário do presente ou do
passado, é o modo de expressão dominante dos seres humanos”.
Objetivos e Metas

• Mahrer começa seu livro sobre as metas do aconselhamento com a seguinte afirmação:
• A literatura em psicoterapia tem pouco a oferecer à questão sobre as metas da psicoterapia –
suas identificações, significados e organização. Neste ponto, clínicos, pesquisadores e teóricos
curiosamente não se pronunciaram”.
• Muitos terapeutas, no entanto, têm voltado sua atenção para a questão das metas, consideração
explicitada pronunciadamente na preocupação dos terapeutas do comportamento em
especificar os objetivos do tratamento.
• Quando são examinadas as metas discutidas pelos teóricos aqui apresentados e pelos
colaboradores do livro de Mahrer, encontra-se imensa variedade.
• Uns falam em reorganização da personalidade, outros em cura de uma patologia, outros em
ajustamento ao ambiente, sociedade ou cultura.
• Outros falam em desenvolvimento de um funcionamento biológico e social efetivos, eliminação
de hábitos desadaptados para aprendizagem de adaptados, redução da ansiedade ou alívio do
sofrimento.
• Particularmente os terapeutas centrados na pessoa ou humanistas, falam do sentido da vida, da
facilitação do crescimento e do desenvolvimento de pessoas auto-atualizadoras.
METAS
• Pode parecer mais difícil encontrar analogias entre as abordagens com relação às
metas do aconselhamento que com relação aos conceitos ou técnicas.
• Muito do problema, porém, é que as metas apresentadas refletem diferentes
níveis de especificidade ou generalização.
• Parloff reconhece este problema quando distingue entre metas mediatas e metas
finais.
• As metas mediatas são passos ou estágios no decorrer do processo de
aconselhamento que conduzem às metas finais.
• A nós parece ainda necessário um outro nível de metas, além das mediatas e das
finais (consideradas como meta longo-termo ou geral).
• Desta forma, poderíamos apresentá-las em três níveis: (1) imediatas, ou metas
para o processo, (2) mediatas, ou objetivos em termos de efeitos e (3) metas
finais.
METAS
• Se aceitarmos este conceito de níveis podemos encontrar concordância entre as
diversas abordagens.
• Os behavioristas salientam metas específicas como conseqüências diretas do
processo de tratamento.
• Outros terapeutas enfatizam as metas longo-termo ou finais,
• Aqueles que as expressem de maneiras um tanto quanto diferentes: o conceito
de auto-atualização parece representá-las.
• A descrição de Maslow da pessoa auto-atualizante, que resulta de sua pesquisa,
constituiria uma definição provisória do termo.
• A descrição que Rogers faz da pessoa que funciona de forma plena é similar.
• Muitos dos objetivos mais específicos para os behavioristas seriam aceitos por
terapeutas centrados na pessoa ou existencialistas como aspectos da pessoa
auto-atualizante, como submetas ou passos na direção da meta final.
COMPORTAMENTAIS
• Os terapeutas do comportamento (WOLPE), embora enfatizem a remoção dos
sintomas como meta, reconhecendo um objetivo mais amplo.
• Aparentemente esperam que o cliente sinta-se melhor, funcione melhor na vida
em seus vários aspectos e alcance um nível mais alto para viver de acordo com o
como critério de progresso: não apenas a remoção de sintomas, mas “aumento
da produtividade, maior ajustamento e prazer pelo sexo, melhora nas relações
interpessoais e habilidade para lidar com conflito psicológico e stress não
excessivo”, embora estes não fossem alvos específicos do tratamento.
• Assim, os terapeutas do comportamento também estão interessados em
mudanças mais amplas e gerais, que podem ser consideradas aspectos da
auto-atualização.
O processo de aconselhamento

• O processo terapêutico é visto de diferentes maneiras pelas várias abordagens.


• A psicanálise salienta a importância da compreensão interna em relação ao passado
obtida pela interpretação habilidosa.
• Para Kelly, a terapia é o processo de afrouxar velhas construções e renovar construções
pessoais.
• Para Ellis, a questão é convencer o cliente de que ele funciona irracionalmente e ensiná-lo
uma estrutura mais racional na qual possa viver.
• A abordagem centrada na pessoa concebe o processo de aconselhamento como a
experimentação, numa relação psicologicamente segura, de sentimentos anteriormente
muito ameaçadores para que fossem vividos livre e plenamente pelo cliente.
• A terapia comportamental vê o aconselhamento como o processo de eliminação de
comportamento indesejável através de dessensibilização, extinção e recondicionamento.
• Existencialistas vêem o aconselhamento como o encontro subjetivo entre dois indivíduos
numa relação afetiva.
CONTINUUM PARA COMPREENDER
• Podemos pensar em um continuum entre as várias abordagens no processo de
aconselhamento.
• O continuum vai das abordagens mais fortemente racionais, de um lado, às mais
afetivas, do outro.
• Na abordagem racional, o processo de aconselhamento tende a ser planejado,
objetivo e impessoal.
• Na abordagem afetiva, ele é considerado caloroso, pessoal e espontâneo.
• Uma abordagem enfatiza a razão e a resolução de problemas; a outra, afeto e
experiência.
• Ainda que provavelmente não existam formas puras de cada uma destas abordagens,
a distinção acima parece ser corroborada pela análise dos vários pontos de vista.
• Na verdade, parece que há duas tendências divergentes em aconselhamento – uma
na direção de uma abordagem mais cognitiva e outra na direção de uma abordagem
afetiva – de modo que se estabelece uma dicotomia.
PROCESSO ENTRE COMPREENSÃO E
AÇÃO
• Outra diferenciação de abordagens em termos do processo é a dicotomia compreensão – ação,
de London.
• Terapias de compreensão: a terapia centrada na pessoa e a análise existencial, assim como as
diversas escolas de psicanálise.
• Embora haja diferenças entre as abordagens da compreensão, London as vê como irrelevantes
quando comparadas às suas similaridades.
• Há duas analogias que minimizam a importância de outras semelhanças e diferenças existentes:
• “1. O único instrumento admitido na terapia é a fala, e as sessões terapêuticas são
deliberadamente conduzidas de maneira que, do começo ao fim, o paciente, cliente, analisando
ou aconselhando fale a maior parte do tempo e decida a maior parte do que vai ser falado.
• 2. O terapeuta trabalha com uma cuidadosa tendência a não comunicar para o paciente
informações importantes ou detalhadas da sua própria vida pessoal, ou seja, o terapeuta
tende a esconder sua vida pessoal do paciente”
• Técnicas como associação livre trazem à tona o material reprimido ou inconsciente, o qual é
respondido por reflexão, compreensão empática ou interpretação por parte do terapeuta,
conduzindo a um entendimento por parte do cliente.
PROCESSO ENTRE COMPREENSÃO E AÇÃO
• Terapias de ação, ou terapias de comportamento são aquelas não preocupadas com
verbalizações (ou com a fala), mas com comportamento, ações e sintomas.
• O terapeuta de ação atua no comportamento e “não se importa nem um pouco com o que
o paciente diz ou deixa de dizer sobre si mesmo ou com o que ele conhece de si exceto na
medida em que estes comportamentos tenham valor concreto e demonstrável para a
produção de mudanças”.
• De acordo com London, são duas características do terapeuta de ação: “1. O terapeuta
assume uma influência muito maior na forma como são conduzidas as sessões de
tratamento (e provavelmente no resto da vida do paciente) que o terapeuta da
compreensão. 2. O terapeuta é muito mais responsável pelo resultado do tratamento, ou
seja, por quaisquer mudanças que ocorram no paciente, que os terapeutas da compreensão”
• Ullmann & Krasner propõe essencialmente a mesma dicotomia em sua distinção entre
terapias evocativas ou expressivas e terapia do comportamento, embora eles reconheçam
que há sobreposição entre as técnicas. Enquanto os conceitos da teoria de aprendizagem
apenas estão presentes na terapia expressiva, na do comportamento eles são aplicados de
forma sistemática.
ALGUMAS PESQUISAS

• Uma análise fatorial das dezesseis escalas nos trouxe seis fatores.
• Um fator geral percorreu a maioria das escalas, propiciando um único continuum
principal dentro do qual os terapeutas variam.
• Uma extremidade é chamada de “analítica” (que não é apenas “psicanalítica”)
• A outra é chamada de “experiencial”, por Sundland & Barker.
• O terapeuta analítico enfatiza conceituação, planejamento, processos
inconscientes e restrição à espontaneidade.
• Mais terapeutas encaixaram-se numa abordagem “analítica” do que na
abordagem “experiencial”.
ALGUMAS PESQUISAS
• Wallach & Strupp obtiveram resultados similares da análise fatorial dos dados de dois grupos de terapeutas numa escala
de Práticas Terapêuticas Usuais.
• O fator primordial foi chamado de manutenção da distância pessoal.
• Quatro grupos de terapeutas – Freudianos ortodoxos, psicanalíticos em geral, Sullivanianos e centrados na pessoa
– foram comparados.
• Primeiro grupo ficou no nível mais alto no fator distância pessoal, seguido pelo segundo grupo, e os outros dois
grupos obtendo resultados semelhantes entre si, bem inferiores aos primeiros.
• McNair & Lorr estudaram as técnicas relatadas por psicoterapeutas, sendo 192 homens e 73 mulheres (67
psiquiatras, 103 psicólogos e 95 assistentes sociais) em quarenta e quatro Clínicas para Higiene Mental de
Veteranos, utilizando um instrumento desenvolvido dentro dos princípios da Escala de Orientação do Terapeuta de
Sundland & Barker.
• Eles construíram como hipótese três dimensões a serem medidas por uma escala chamada AID: ( A ) técnicas de
orientação psicanalítica, ( I ) abordagens pessoais versus abordagens impessoais para o paciente e ( D ) métodos
terapêuticos diretivos e ativos.
• Todas as três dimensões surgiram a partir da análise fatorial das quarenta e nove escalas incluídas no estudo. Altas
pontuações no fator A representam técnicas psicanalíticas tradicionais. Altas pontuações no fator I representam
uma abordagem sem envolvimento emocional, objetiva e impessoal, enquanto baixas pontuações neste fator
representam ênfase na personalidade do terapeuta e na relação terapeuta-paciente. Altas pontuações no fator D
indicam que o terapeuta tem um conjunto de metas, planeja o tratamento, conduz as entrevistas e aceita o
ajustamento social como objetivo principal. Baixas pontuações, por sua vez, indicam não direcionamento do
terapeuta e crença na determinação que o paciente faz para os objetivos da terapia.
ALGUMAS PESQUISAS
• Estes estudos sustentam que existem diferenças entre os terapeutas. O estudo
realizado por Sundland & Barker nos oferece evidência do continuum ou dicotomia
racional-afetivo. O estudo de McNair & Lorr também sustenta esta classificação
das abordagens e técnicas. Além disso, McNair & Lorr encontraram um fator ( D )
que pode complementar a dicotomia de London. Nem Sundland & Barker, nem
McNair & Lorr concordariam com a classificação de London que une as
abordagens centrada na pessoa e existencial com a psicanálise num mesmo grupo
homogêneo de ‘terapias de compreensão’. Nenhum destes estudos incluiu
terapeutas do comportamento, e os resultados seriam certamente diferentes caso
o tivessem feito. Com o surgimento da terapia do comportamento, foi adicionada
uma nova dimensão à psicoterapia e ao aconselhamento, e é a diferença entre
esta abordagem e as demais que parece apresentar nosso maior problema para o
futuro.
ALGUMAS PESQUISAS
• Os estudos mais conhecidos sobre as analogias entre escolas de psicoterapia em termos do
processo são os de Fiedler: terapeutas de diferentes escolas concordavam com relação ao que
seria a natureza da relação terapêutica ideal, e a análise fatorial ofereceu um fator comum de
“boa qualidade” das relações terapêuticas.
• Fiedler parece ter unido um grupo de itens onde havia concordância dos terapeutas. os Itens
descartados por Sundland & Barker porque não resultaram numa distribuição de respostas,
eram similares aos itens usados nos estudos de Fiedler.
• Estes itens estavam relacionados à empatia: terapeutas apresentam consenso quanto a
importância da empatia e da compreensão, ainda que os terapeutas do comportamento
pareçam diminuir ao máximo a importância da empatia.
• Pode-se dizer que um mínimo de compreensão empática se faz necessário para a continuação
da interação entre o conselheiro e o cliente; e é também um fator para a mudança efetiva.
• Assim, uma relação caracterizada por algum nível de interesse, aceitação e compreensão é
básica para que seja exercida alguma influência terapêutica.
• Outros fatores podem direcionar mudanças juntamente com a linha tomada pelo terapeuta,
mas é o relacionamento que torna qualquer influência possível.
ALGUMAS PESQUISAS
• Nestas modalidades, todas as abordagens utilizam a entrevista particular, na qual a
interação verbal é o componente principal.
• Há alguns terapeutas comportamentais que se interessam pela aplicação das
técnicas de condicionamento fora da situação de entrevista.
• No entanto, o controle da situação ambiental do cliente fora da entrevista é
muito mais difícil que o controle do ambiente da entrevista.
• Além disso, pode-se sustentar que a aplicação de quaisquer métodos ou técnicas
de aconselhamento ou psicoterapia fora da situação de entrevista não constitui
de fato aconselhamento ou psicoterapia.
• O crescente uso do termo “modificação do comportamento” entre aqueles que se
interessam pelas alterações do comportamento provocadas pelas técnicas de
condicionamento indica a amplitude de seus interesses.
• Contudo, Wolpe deseja manter em uso o termo “terapia comportamental” e
continuar a considerá-lo apenas um método de psicoterapia.
ALGUMAS PESQUISAS
• Para somar-se ao elemento comum que é a relação pessoal na entrevista,
parece que há certo número de outros aspectos do processo de aconselhamento
compartilhados pela maioria das abordagens (se não por todas).
• Entre eles estão determinadas características do conselheiro ou terapeuta e do
cliente ou paciente.
• A primeira característica do terapeuta é o interesse verdadeiro pelo cliente, um
forte desejo de ajudá-lo, para influenciá-lo ou transformá-lo.
• Conselheiros e terapeutas não apenas aceitam a possibilidade da mudança do
cliente, mas estão genuína e fortemente interessados em ser agentes desta
mudança.
• Se não fosse assim, não estariam engajados em aconselhamento ou psicoterapia.
ALGUMAS PESQUISAS
• Há sempre uma atitude de esperança e expectativa pela mudança. Novamente, sem essa
expectativa os terapeutas não continuariam seu trabalho.
• Um fator que não pode estar independente ou separado dos demais já discutidos é a
aceitação e o respeito pelo cliente como pessoa, um indivíduo que se apresenta apesar dos
seus problemas e dificuldades ou suas características desagradáveis.
• Em outras palavras, a aceitação e o respeito não estão condicionados pela demonstração no
comportamento do cliente de coisas que o conselheiro entenda como desejáveis, boas ou
saudáveis.
• A aceitação não impede que exista discordância com relação às atitudes, crenças e
comportamentos do cliente; e isto não significa aprovação. A aceitação é um respeito e um
apreço pelo cliente que se dá apesar das suas características indesejáveis. Esta é a aceitação
positiva incondicional da terapia centrada na pessoa. Parece que essa postura deve sempre
existir, pelo menos em nível mínimo, caso contrário um conselheiro não poderia continuar
sua relação com o cliente.
• De fato, os conselheiros não continuam um trabalho quando esta condição não existe;
portanto, os clientes são escolhidos com base na possibilidade de que exista aceitação e
respeito.
ALGUMAS PESQUISAS
• Outro elemento que parece ser comum a todas as abordagens recebe diversas
designações diferentes.
• Na abordagem centrada na pessoa recebe o nome de “autenticidade” ou
“congruência” do terapeuta.
• Outros o chamam de “sinceridade”, “honestidade” ou “abertura”.
• Os existencialistas também fazem uso do termo “autenticidade”.
• Algumas abordagens (como a de Ellis) não se referem especificamente a esta
característica.
• Mas está explícito nas discussões dentro destas abordagens, e particularmente
em seus protocolos, que este é um elemento sempre presente.
ALGUMAS PESQUISAS
• Há uma última característica que une terapeutas das mais diversas abordagens.
• É o fato de que cada terapeuta acredita e confia na teoria e no método que
utiliza.
• Se por acaso ele sentisse que aquele não era o melhor método (ou a melhor
abordagem) não o teria escolhido, adotaria outro.
• Podemos criar a hipótese de que o sucesso (ou, ao menos, os relatos de sucesso)
tem grande relação com o grau de confiança que o terapeuta tem na sua
abordagem.
• O fracasso ou a inabilidade do terapeuta em se comprometer com uma
determinada abordagem aparentemente limitam sua efetividade e fazem dele
um mero técnico.
• Um aspecto comum da terapia, portanto, parece ser o compromisso do terapeuta
com um método ou abordagem particular.
ALGUMAS PESQUISAS

• A maior parte das abordagens (se não todas), desta forma, parecem contemplar
uma relação que é caracterizada, por parte do conselheiro ou terapeuta, por:
• uma crença na possibilidade de mudança do cliente; a expectativa de que o
cliente mude; o interesse pelo cliente, incluindo um desejo de ajudá-lo,
influenciá-lo ou mudá-lo; sinceridade e honestidade no processo terapêutico;
confiança na abordagem utilizada para que se processe a mudança no cliente.
• É necessário adicionar um outro ponto.
• A questão é que o aspecto crucial do impacto ou da contribuição do terapeuta
não é a sua personalidade ou seu comportamento reais, ou mesmo sua intenção
no relacionamento.
• É a percepção do cliente que determina as características e contribuições do
terapeuta: as características do cliente, bem como suas atitudes, são importantes
aspectos do relacionamento.
ALGUMAS PESQUISAS
• Alguns aspectos comuns aos indivíduos que chegam aos conselheiros ou
terapeutas são aparentes.
• Primeiro, eles comunicam uma “dor” – estão sofrendo ou estão infelizes por
conta de conflitos, sintomas, desejos e aspirações insatisfeitas, sentimentos de
fracasso ou inadequação, ausência de sentido em suas vidas.
• Eles estão, portanto, motivados a mudar.
• Os clientes nem sempre estão conscientes da sua “dor” ou, se estão, podem não
sentir a necessidade de ajuda ou não querê-la de um conselheiro ou de um
terapeuta.
• É claro que pode ser mantido que de alguma forma todos sentimos uma “dor” e
que portanto poderíamos nos beneficiar do aconselhamento.
ALGUMAS PESQUISAS
• Em segundo lugar, os clientes também acreditam que a mudança seja possível e
esperam mudar, esperam ser ajudados. Frank já enfatizou a universalidade deste
fator nos clientes.
• Cartwright & Cartwright mostraram que este é um fator complexo: pode ser uma
crença de que a melhora irá ocorrer, uma crença no terapeuta como principal
fonte de ajuda ou uma crença em si mesmo (cliente) como principal fonte de
ajuda.
• Estes autores sentiram que apenas a última destas crenças conduz à melhora de
forma linear e positiva. As outras crenças, porém, em algum nível estão presentes
em todos os clientes.
• O cliente precisa perceber que o conselheiro está interessado por ele e quer
ajudá-lo. Esta crença parece envolver um complexo de atitudes. O cliente deve ter
alguma confiança no conselheiro e em seus métodos, ou não iniciaria o
aconselhamento.
ALGUMAS PESQUISAS
• Em terceiro lugar, o cliente deve ser ativo e participar do processo. Ele não é um
receptor passivo, como é o paciente com uma doença física sob os cuidados de
um médico.
• Todo aprendizado (mudança de comportamento) requer atividade (seja ela
motora, verbal ou intelectual) por parte do aprendiz. Esse tipo de
comportamento no aconselhamento e na psicoterapia inclui a auto-análise e a
auto-exploração.
• Truax & Carkhuff referem-se a isto como exploração intrapessoal ou auto-
descoberta.
• Jourard e Mowrer também falam em auto-descoberta.
• Parece que o cliente, assim como o terapeuta, deve ser genuíno, honesto e estar
aberto ao processo de terapia.
ALGUMAS PESQUISAS
• Assim, parece que todas as abordagens lidam com clientes que estão
necessitando ajuda, reconhecem esta necessidade, acreditam que podem mudar,
acreditam que o conselheiro pode ajudá-los e realizam alguma atividade no
intuito de mudar.
• Com isso fica claro que todas as abordagens estão envolvidas em um
relacionamento entre um conselheiro e um cliente no qual cada um contribui
com determinadas características que conduzem à mudança do cliente.
• Retornando a FIEDLER, sua pesquisa apontou que não é nem meta, nem
processo, nem conceitos ou teorias que conduz a um aconselhamento na
medida necessitada pelo cliente.
• Revelou que independente de tudo isso o que promovia possibilidade de
mudança dizia muito mais a terapeutas “experientes”, ou seja, aqueles
realmente comprometidos com a “tarefa” de cuidar.
UMA TENTATIVA DE INTEGRAÇÃO

• Ainda que existam muitas similaridades, também há muitas diferenças entre as diversas
abordagens em aconselhamento ou psicoterapia.
• A maior divergência talvez esteja entre as terapias comportamentais, por um lado, e as
abordagens existencialistas (incluindo a terapia centrada na pessoa), por outro.
• A despeito de todas as semelhanças e concordâncias notadas acima, parece que estes dois
pontos de vista são percebidos por seus partidários e por outros como absolutamente
contraditórios.
• As terapias comportamentais parecem ser objetivas, impessoais, orientadas pela técnica
e mecânicas.
• A abordagem existencial pode ser vista como subjetiva, pessoal e não interessada pela
técnica.
• Será possível reconciliar estas abordagens aparentemente tão incompatíveis?
• Reconhecendo estas tendências divergentes não apenas na psicoterapia, mas em toda
psicologia, Rogers afirmou que elas “parecem irreconciliáveis porque nós ainda não
desenvolvemos um quadro de referência mais amplo que possa dar continência às duas.”
UMA TENTATIVA DE INTEGRAÇÃO
• Uma reconciliação possível para as visões de homem divergentes pode derivar
da consideração dos diferentes modelos de homem.
• Allport, que escreve: ”o problema com nossas teorias de aprendizagem atuais
não é tanto que elas estejam erradas, mas que elas sejam parciais”.
• Assim, podemos dizer a respeito da terapia comportamental (ou da abordagem
do condicionamento) que seu problema não é que esteja errada, mas que seja
incompleta enquanto descrição ou teoria sobre a natureza do homem, seu
comportamento e sua modificação.
• É uma abordagem “nada além disso”. Não se questiona a existência do
condicionamento, o fato de que o homem é um ser reativo que pode ser
condicionado e recondicionado.
• Mas o homem é mais do que isso. Ele é também um ser ativo, um ser que inicia a
ação. Seu comportamento influencia o ambiente da mesma forma que é
influenciado por ele.
UMA TENTATIVA DE INTEGRAÇÃO
• O homem não é meramente um mecanismo ou um organismo controlado por estímulos
objetivos do ambiente e subjetivos vindos de dentro de si.
• O conceito de comportamento operante reconhece que o homem também atua em seu
ambiente. Ele seleciona e define, através das suas percepções, os estímulos a que vai
responder.
• Ele é, portanto, um ser que vive, ou existe, que pensa e sente, que interpreta e define seu
ambiente e a si mesmo de certas maneiras. Seu mundo é determinado em parte pelas suas
percepções e não apenas pela natureza objetiva dos estímulos.
• Esta é uma abordagem “algo além”.
• Como indicado acima, parece haver consenso quanto à necessidade de se estabelecer um
relacionamento no aconselhamento ou na psicoterapia: um relacionamento complexo, com
diversos aspectos.
• Não simplesmente uma relação cognitiva, intelectual ou impessoal, mas uma relação afetiva,
experiencial e altamente pessoal. Não necessariamente irracional, mas que contenha
elementos não racionais.
• A natureza dos laços entre colegas é essencialmente afetiva.
UMA TENTATIVA DE INTEGRAÇÃO
• Acumulam-se evidências de que o elemento efetivo no aconselhamento seja a
natureza do relacionamento estabelecido pelo conselheiro.
• Goldstein, revisitando a literatura sobre as expectativas terapeuta-paciente na
psicoterapia, conclui: ”Não pode mais haver dúvida quanto à importância
primária da relação terapêutica no todo da situação terapêutica”.
• O terapeuta do comportamento parece não estar interessado ou minimizar a
importância do relacionamento. No entanto, o relacionamento ocupa em seu
método um posto mais importante do que ele mesmo admite.
• Deve estar claro que as características do conselheiro ou terapeuta e do cliente
discutidas acima manifestam-se sempre em uma relação.
UMA TENTATIVA DE INTEGRAÇÃO
• A relação de aconselhamento sempre envolve aspectos do condicionamento.
• A atmosfera aceitadora, compreensiva e não ameaçadora da situação terapêutica
oferece oportunidade para a extinção da ansiedade e para a dessensibilização de
estímulos ameaçadores.
• Nesta relação, na qual a ameaça externa é minimizada, idéias, palavras, imagens e
sentimentos ansiógenos ficam livres para aparecer.
• Mais ainda, aparecem numa seqüência que se assemelha ao tipo de hierarquia
estabelecida por Wolpe, ou seja, da menos para a mais ansiógena.
• Portanto, em qualquer relação terapêutica não ameaçadora, a dessensibilização
pode ser alcançada como foi em Wolpe.
• Esta relação, por minimizar a ansiedade evocada pelo externo, torna possível para o
cliente experienciar e trazer à tona suas ansiedades internamente induzidas na
medida em que ele for aos poucos se apropriando delas dentro da relação
aceitadora.
UMA TENTATIVA DE INTEGRAÇÃO
• Além disso, o condicionamento operante serve para reforçar a produção das verbalizações.
• Acredita o terapeuta que elas têm efeito terapêutico ou são ao menos necessárias para o
transcorrer da terapia.
• O terapeuta recompensa estas verbalizações através do seu interesse e da sua atenção ou então
por meio de aprovação e elogio explícitos.
• No começo da terapia, elementos negativos podem ser reforçados – por exemplo, a expressão de
problemas, conflitos, medos e ansiedade, bem como auto-referências negativas.
• Conforme a terapia progride, o terapeuta pode reforçar elementos positivos – por exemplo,
esforços na resolução de problemas, pensamentos, atitudes e sentimentos positivos, bem como
auto-referências positivas.
• O terapeuta tem a expectativa de que aconteçam progressos desse tipo e se mostra sensível a
esta expressão no cliente.
• A questão a ser encarada, para citar Jourard, é: “Que condições favorecem a produção do
comportamento operante no terapeuta que podemos dizer ser ‘facilitador de crescimento do
paciente’? Ou seja, que condições evocam no terapeuta as atitudes que estimulam o cliente a
emitir comportamentos que contribuem para seu crescimento?”
UMA TENTATIVA DE INTEGRAÇÃO
• Os princípios do condicionamento têm contribuído para a compreensão da natureza do
processo terapêutico e da relação terapêutica.
• Mas não o condicionamento mecânico que ocorre em um rato na caixa de Skinner.
• Falamos do condicionamento como aspecto da relação terapêutica que se manifesta e que
é influenciado por ela.
• Há diversas evidências de que o grau e a extensão do condicionamento são influenciados
pelas atitudes e personalidade do experimentador e pela relação entre este e seu sujeito.
• Nesta relação estão presentes características do cliente – seus interesses, motivações,
pensamentos, atitudes, percepções e expectativas – bem como do conselheiro.
• Há também a influência da situação na qual a relação ocorre – o que num experimento de
pesquisa se chama de caraterísticas da demanda.
• Para Ullmann & Krasner, “as expectativas, antecipações, tanto no sujeito quanto no
examinador, têm efeito importante sobre a resposta individual à situação”, e “os melhores
resultados são obtidos quando o paciente e o terapeuta estabelecem um bom
relacionamento interpessoal”
UMA TENTATIVA DE INTEGRAÇÃO
• A relação, portanto, não pode ser ignorada, mesmo numa terapia
comportamental.
• Krasner lembra que Skinner classificava a atenção como reforço
genérico.
• As influências mais poderosas para o comportamento – ou, em
termos de condicionamento, os reforços – são o respeito, o interesse,
a consideração e a atenção do terapeuta.
• A demonstração experimental dos efeitos destes reforços
generalizados apóia a teoria da importância do relacionamento no
aconselhamento e na psicoterapia.
UMA TENTATIVA DE INTEGRAÇÃO
• Há ainda um ponto adicional que enfatiza a importância da relação terapêutica: a
maioria dos problemas e dificuldades dos clientes envolvem relações interpessoais.
• Cada vez mais tem-se reconhecido que boas relações interpessoais são
caracterizadas por honestidade, sinceridade e espontaneidade.
• A psicoterapia é uma relação que tem estas características e é uma situação na qual
o cliente tem oportunidade de aprender sobre boas relações interpessoais.
• De fato, a terapia seria limitada se tentasse influenciar as relações interpessoais do
cliente apenas dando a ele uma outra forma de relação.
• E se tentasse influenciar relacionamentos interpessoais evitando o estabelecimento
de uma relação terapêutica, seria ineficiente.
• Ensinar (ou condicionar o comportamento individual) de maneira mecânica não
traria grande esperança quanto à generalização disso para outros relacionamentos
fora da terapia. O que o terapeuta faz é prover um modelo de bom
relacionamento interpessoal para o cliente.
UMA TENTATIVA DE INTEGRAÇÃO
• Mowrer, reconhecendo que a personalidade é produto de
relacionamentos interpessoais, enfatiza o valor terapêutico da
disponibilidade e da auto-descoberta nestas relações.
• No entanto, ainda que sinta que tal abertura possa iniciar-se no
relacionamento com um terapeuta individual, ele afirma que para isso
raramente são necessárias mais que uma ou duas entrevistas.
• Mowrer acredita que o cliente deve transportar-se rapidamente do
grupo de dois para o grupo maior de ‘outros’ significativos em sua
vida (para usar um termo de Sullivan) ou grupos primários (em
termos sociológicos).
• London acredita que Mowrer oferece uma solução às inadequações
da divisão entre terapias de compreensão, por um lado, e terapias de
ação, por outro.
UMA TENTATIVA DE INTEGRAÇÃO
• Não há, portanto, contradição básica ou necessária entre terapia do
comportamento e terapia de relação.
• Uma enfatiza a modelagem ou modificação de aspectos específicos do
comportamento através de recompensas ou reforços específicos.
• A outra enfatiza modificações mais genéricas do comportamento (incluindo
mudanças de atitude e sentimento), obtidas por meio de reforços genéricos.
• Ambas utilizam os princípios da aprendizagem – uma de maneira mais limitada,
enfatizando o condicionamento, a outra de forma mais abrangente, enfatizando
o que poderíamos chamar de aprendizagem social.
• Os terapeutas comportamentais, como apontam Ullmann & Krasner, são
sistemáticos na aplicação que fazem de conceitos de aprendizagem específicos
UMA TENTATIVA DE INTEGRAÇÃO
• Mas também pode ser dito que os terapeutas de relação são sistemáticos na
aplicação de reforços generalizados.
• O condicionamento e a terapia comportamental estão apoiados em evidências
empíricas, incluindo laboratório e pesquisa experimental.
• A abordagem de relação também tem apoio em pesquisas, incluindo algumas sobre
condicionamento.
• É interessante e significativo que ambos os grupos estejam chegando às mesmas
conclusões, um a partir do trabalho de laboratório com condicionamento, o outro
da experiência e pesquisa em aconselhamento e psicoterapia.
• É importante, porém, que os terapeutas comportamentais consigam reconhecer a
complexidade do processo de aprendizagem com seus aspectos sociais ou de
relacionamento, e que também os terapeutas que enfatizam o relacionamento
estejam conscientes de que o condicionamento é um aspecto do aconselhamento
ou psicoterapia.
UMA TENTATIVA DE INTEGRAÇÃO
• O processo total, ainda que seja um aprendizado, é do tipo complexo.
• Vários tipos de aprendizagem estão envolvidos e não simplesmente o
condicionamento operante ou clássico.
• Fazem parte deste processo elementos perceptivos, cognitivos e afetivos, sendo
que todos eles são importantes para o comportamento e para sua modificação.
• A dificuldade de se prover uma relação terapêutica, com seus necessários
aspectos afetivos, é maior que a de se criar uma relação de condicionamento de
laboratório, ou mesmo a de se estabelecer numa entrevista uma relação
racional de resolução de problemas.
UMA TENTATIVA DE INTEGRAÇÃO
• A complexidade do processo e a importância do interesse, consideração e
compreensão do terapeuta têm uma implicação fundamental.
• O processo não pode ser mecanizado, simplificado ou controlado em termos de
planejamento ou de objetivos, manipulação forjada de recompensas para expressar
interesse, consideração,
• Isto porque o comportamento do terapeuta só pode ser efetivo quando é sincero e
espontâneo, não quando é uma técnica planejada.
• O terapeuta é mais efetivo quando age como pessoa – quando ele é, como diz a
abordagem centrada no cliente, “autêntico” no relacionamento.
• Enquanto os terapeutas do comportamento esforçam-se para ser efetivos tentando
reduzir o tratamento às bases da técnica, parece que para ser o mais efetivo possível o
terapeuta deve ser uma pessoa humana real.
• A influência mais efetiva é aquela em que uma outra pessoa oferece um
relacionamento humano genuíno.
UMA TENTATIVA DE INTEGRAÇÃO
• Acredito que estamos prestes a descobrir que quando um terapeuta experiente
abre mão da técnica e é apenas ele mesmo na presença do seu paciente:
• 1. Ele está, na verdade, criando condições que provoquem um ‘ser si mesmo’
verdadeiro, ou seja, uma auto-descoberta espontânea e não forjada em seu
paciente.
• 2. Ele está oferecendo um reforço poderoso para o ‘ser si mesmo’ verdadeiro em
seu paciente. ‘Ser si mesmo’ gera ‘ser si mesmo’.
• 3. Ao responder espontaneamente ao paciente, o terapeuta não apenas evoca o
‘ser si mesmo’ verdadeiro, mas também extingue muitas das respostas que
evocam a doença emitidas pelo paciente.
• 4. Ele está evitando os tão prejudiciais comportamentos forjados e a manipulação
impessoal, sua e de seu paciente. De forma mais apropriada, ele está oferecendo
ao paciente um modelo real de comportamento honesto e saudável.
UMA TENTATIVA DE INTEGRAÇÃO
• As evidências parecem atribuir a uma forma particular de relacionamento o papel de
elemento crucial no aconselhamento e na psicoterapia.
• Uma relação não tanto caracterizada pelas técnicas que o terapeuta usa, mas por
quem ele é; não tanto por aquilo que ele faz, mas pela forma como faz.
• Rogers diz que “alguns dos estudos realizados recentemente sugerem que um
terapeuta autêntico e calorosamente humano, interessado apenas em compreender
a cada momento os sentimentos desta pessoa que comparece para a relação com ele
é o terapeuta mais efetivo. Claramente, nada indica que o terapeuta friamente
intelectual, analítico e fatual seja efetivo”.
• Muito do que fazem os terapeutas é supérfluo ou não tem relação com a sua
efetividade; na verdade, é provável que boa parte do seu êxito não esteja ligado
àquilo que eles fazem, ou mesmo ocorra apesar do que fazem, desde que ofereçam
esta relação que tantos terapeutas das mais diversas abordagens parecem oferecer.
• Pelo menos em algum nível, mesmo os behavioristas mais radicais estabelecem um
relacionamento desse tipo.
DUAS QUESTÕES
• A conclusão de que a essência do aconselhamento ou psicoterapia consiste
num relacionamento humano autêntico caracterizado por interesse,
consideração, compreensão empática e congruência por parte do terapeuta
conduz a duas questões.
• 1. O que há de único neste relacionamento? Em que ele difere dos outros bons
relacionamentos humanos?
• 2. Se a resposta for, como parece óbvio, que nada existe de único ou diferente,
então o que há de especial na prática de aconselhamento ou psicoterapia?
• Fiedler concluiu a partir de seus estudos que “uma boa relação terapêutica é
muito semelhante a qualquer outro bom relacionamento interpessoal”
Seria desclassificar ou des-classificar?
• Esta visão pode sofrer oposição daqueles que a sentem privar conselheiros ou
terapeutas de seus poderes únicos, aqueles que temem que esta situação “deixe
aquele que os pratica sem especialidade”.
• Não deve nos causar surpresa, porém, o fato de que as características da
psicoterapia sejam iguais às de todas as boas relações humanas.
• E isto também não significa, por não estarem estas características limitadas ao
aconselhamento ou à psicoterapia, que estes não sejam relevantes ou
específicos.
• A essência da perturbação emocional são relações humanas perturbadas.
• O indivíduo foi alienado, separado da comunidade dos homens. Suas relações
com outros sofreram uma ruptura ou foram construídas sobre uma base
insegura, falsa ou por demais frágil. Ele precisa restabelecer boas relações com
outros.
Seria desclassificar ou des-classificar?
• No entanto, muitas vezes ele não consegue fazer isso sozinho, por diversas
razões.
• Ele pode não estar apto a modificar o comportamento que contribui para a
manutenção destes relacionamentos empobrecidos.
• Ele pode não saber quais comportamentos estão envolvidos.
• Outros podem não dar a ele a chance de mudar, ou mesmo que ele mude,
podem não reconhecer, aceitar ou acreditar na permanência da mudança.
• O comportamento destes ‘outros’, pelo menos em parte estimulado pelo próprio
comportamento do sujeito em questão, contribui para o círculo vicioso de
relações empobrecidas.
• Tal situação não contribui em nada com a mudança; o indivíduo está ou sente-
se acuado pelos outros e reage, por sua vez, acuando-os.
QUALIFICANDO
• Assim, é preciso alguém que possa aceitar, em todo seu comportamento perturbado, irritante e
ameaçador, o indivíduo que tem um problema, e possa mostrar a ele um relacionamento não
ameaçador no qual ele consiga responder abertamente, também de forma não ameaçadora.
• A terapia oferece a oportunidade de aprender como se relacionar com os outros de maneira
diferente, com maior efetividade.
• Para isso, personifica os princípios do que seja um bom relacionamento humano, algo que pode
parecer simples, mas não é tão largamente praticado fora da situação de terapia.
• Se tal relação fosse vastamente aplicada, possivelmente não existiriam pessoas emocionalmente
perturbadas, exceto aquelas cuja perturbação tem origem orgânica.
• A dificuldade de se experimentar um relacionamento desta ordem dentro dos padrões em que
ocorre boa parte das inter-relações humanas talvez seja o fundamento da atitude do terapeuta de
evitar que ocorra entre ele e seu cliente qualquer relação fora da relação terapêutica.
• Ainda que haja algum mérito na análise de Schofield da psicoterapia como uma relação na qual se
compra amizade, a terapia, porém, é mais que amizade, pelo menos no sentido usual da palavra.
• Se numa visão de psicoterapia como algo obscuro e misterioso o terapeuta se assemelha a mágicos
e curandeiros, uma visão de compra e venda de amizade o coloca ao lado de garotos e garotas de
programa.*
PARA CONCLUIR
• As características de aconselhamento ou psicoterapia desenvolvidas acima são freqüentemente consideradas
elementos não específicos.
• Muitas vezes é dito que elas não têm relação com a perturbação específica de cada cliente e que, portanto, embora
possam ser consideradas condições necessárias, não são suficientes.
• Além disso, características como atenção, interesse, consideração, fé, confiança e expectativa são parte daquilo que
é chamado efeito placebo no tratamento de doenças físicas.
• Ainda que não se costume pedir a eliminação desse tipo de efeito no aconselhamento ou psicoterapia, é geralmente
aceito que, como fatores não específicos, eles não sejam suficientes e que outros métodos ou técnicas devam ser
incluídos para que se possa lidar com aspectos específicos da perturbação.
• Argumenta-se que qualquer método ou técnica só pode ser considerado útil se produzir efeitos maiores que os
obtidos por elementos placebo.
• O efeito placebo é um efeito psicológico. Quando o interesse e a consideração são elementos que ajudam a
determinar o efeito físico ou fisiológico de uma droga ou medicação administrada em uma doença ou perturbação
conhecida, é justificável considerar este efeito como externo e não específico. Mesmo aqui, porém, há interesse em
se reconhecer e estudar os efeitos de tais fatores psicológicos no funcionamento físico.
• Mas o conceito de externo no efeito placebo pode não ser aplicável ao aconselhamento ou psicoterapia. Aqui, a
desordem ou perturbação é psicológica. Não é lógico que o tratamento específico para uma condição psicológica seja
psicológico? Não parece razoável que o tratamento contra relações humanas perturbadas seja o oferecimento de
uma boa relação? Seria o efeito placebo, como afirmam Rosenthal & Frank, “uma forma não específica de
psicoterapia”?
PARA CONCLUIR
• Há muito sabe-se que qualquer nova forma de tratamento, do choque elétrico aos
tranqüilizantes, consegue grande êxito logo de início, quando é introduzida, mas que este
sucesso diminui com o tempo.
• Isto porque no começo todos esperam que o tratamento funcione – há esperança e
expectativa por parte do paciente e do terapeuta. Os pacientes tornam-se objeto de atenção
e interesse crescentes.
• Com o passar do tempo, porém, conforme o procedimento se torna rotina, conforme dúvidas
e questões aparecem (já que nem sempre há êxito), a efetividade cai.
• O sucesso inicial foi resultado, totalmente ou em parte, do efeito placebo.
• Novamente, é razoável que, na avaliação dos resultados de tratamentos experimentais, este
efeito seja considerado não específico.
• Mas nós também poderíamos olhar o aparente sucesso da terapia comportamental da
mesma forma.
• Quanto deste sucesso é na verdade intensificado pelo efeito placebo? Não seria necessário
que este efeito fosse eliminado para que se pudesse avaliar o efeito real do condicionamento?
PARA CONCLUIR
• É estranho que, mesmo com tanta evidência sobre a força do efeito
placebo, ele não tenha sido reconhecido como a abordagem mais
efetiva no tratamento de problemas psicológicos.
• Como colocam Krasner & Ullmann, “ainda que todo problema tenha
sido entendido anteriormente como a eliminação dos ‘efeitos placebo’,
parece razoável maximizar estes efeitos na situação de tratamento com
o intuito de aumentar a probabilidade do cliente modificar-se.
• Há um número cada vez maior de evidências segundo as quais o tal
‘efeito placebo’ é um eufemismo para as variáveis da influência do
examinador”.
PARA CONCLUIR
• O efeito placebo, enquanto efeito psicológico, inclui grande variedade de
elementos – todos os elementos de um relacionamento psicológico, na
verdade.
• Somados às variáveis do relacionamento enfatizadas acima, também inclui
comportamentos do terapeuta que façam crescer seu prestígio, status e
autoridade, bem como sugestão direta ou indireta – elementos que
aparecem de forma proeminente na terapia comportamental.
• Estes fatores mostraram-se efetivos em estudos sobre placebo envolvendo
medicamentos.
• A relação entre a efetividade da terapia comportamental e a presença
destes fatores ainda não foi avaliada.
UM CONTINUUM DE RELAÇÕES DE AJUDA

• O reconhecimento das analogias básicas entre as diversas formas de


abordagem ao aconselhamento ou psicoterapia, enfatizando o
relacionamento, é importante.
• No entanto, as diferenças não podem ser ignoradas, e nos parece que
deve ser realizada alguma tentativa de se desenvolver um modelo ou
estrutura teórica que consiga acomodar estas diferenças.
• Tal modelo minimizaria a tendência de dicotomizar, de afirmar uma
posição do tipo ‘um ou outro’ tal como a representada por London
entre as terapias de “compreensão” e de “ação” ou entre o “modelo
médico” e o “modelo de aprendizagem”.
• Tais distinções, como aponta Lazarus, são supersimplificações.
UM CONTINUUM DE RELAÇÕES DE AJUDA

• Outros autores sugerem que, ao invés de um único modelo ou uma dicotomia,


exista uma multiplicidade de métodos e abordagens separados.
• A proliferação de teorias, métodos e técnicas propiciou o ressurgimento de uma
proposição recorrente segundo a qual as técnicas devem estar adaptadas aos
problemas e aos clientes.
• Ford & Urban, na retrospectiva que fizeram para a Annual Review of Psychology,
notaram uma ênfase crescente neste tratamento diferencial.
• Krumboltz afirmou desta forma: “O que precisamos saber é que procedimentos e
técnicas são, quando usados para conseguir que tipo de mudança de
comportamento, mais efetivos com quais tipos de clientes quando aplicados por
quais tipos de conselheiro”
UM CONTINUUM DE RELAÇÕES DE AJUDA
• De forma semelhante, Blocher escreve: “As velhas questões do tipo ‘O
aconselhamento é efetivo?’ ou ‘Qual teoria de aconselhamento está correta?’ são
extremamente retóricas.
• Elas deram lugar a perguntas como ‘Quais tratamentos nas mãos de quais
conselheiros podem oferecer quais benefícios para clientes específicos?’”
• Paul coloca: “Em toda sua complexidade, a questão para a qual todos os
resultados de pesquisa devem em última análise ser direcionados é a seguinte:
Qual tratamento, realizado por quem, é o mais efetivo para este indivíduo com
aquele problema específico, e sobre que conjunto de circunstâncias?”
• E Strupp & Bergin, depois de analisarem centenas de referências, afirmam: “O
problema da pesquisa em psicoterapia... deve sofrer uma reformulação... Que
intervenções específicas produzem mudanças específicas em pacientes
específicos sob condições específicas?
UM CONTINUUM DE RELAÇÕES DE AJUDA
• Esta abordagem parece bastante empírica.
• Contudo, como programa de pesquisa ela é praticamente impossível, pelo
menos atualmente.
• Sua realização exigiria (a) um sistema de classificação para os clientes e/ou
problemas dos clientes, (b) uma classificação dos tratamentos e abordagens em
aconselhamento e (c) um sistema de classificação para os conselheiros.
• Após algumas centenas de anos de esforços, a psiquiatria ainda não conseguiu
obter um sistema de diagnósticos aceitável (e podemos até mesmo questionar
se um dia conseguirá).
• Uma leitura dos slides anteriores torna claro que não temos um sistema para
realizar a classificação dos métodos de tratamento. A pesquisa sobre as
características dos conselheiros apenas começou.
UM CONTINUUM DE RELAÇÕES DE AJUDA
• É possível, porém, esboçar um começo em termos de grandes diferenças entre métodos de
tratamento e clientes.
• Parte da nossa dificuldade atual é que a palavra “aconselhamento”, particularmente, e cada
vez mais a palavra “psicoterapia” estão sendo usadas de maneira tão ampla que cobrem uma
grande variedade de atividades.
• Seria interessante se pudéssemos de alguma forma delimitar estes termos ou obter consenso
sobre a existência de diferentes tipos de aconselhamento ou psicoterapia.
• Se isto não puder ser feito, talvez seja possível ao menos distinguir a terapia comportamental
daquilo que poderíamos chamar terapia de relação.
• Além disso, poderia ser útil pensar em termos de um continuum de relações de ajuda. Um
conceito ainda mais amplo é o de métodos de ajuda, que incluiria métodos outros que não
envolvem qualquer relação entre os participantes, tais como intervenção ambiental ou
manipulação social.
• No entanto, isto vai além do nosso interesse aqui, que é tentar introduzir alguma ordem na
variedade de relações de ajuda que envolvem contatos pessoais tais como no aconselhamento
ou na psicoterapia (pensados no sentido usual dos termos).
COMO COMPREENDER O CONTINUUM
• A figura seguinte apresenta esta tentativa. Muitas variáveis subjacentes ao continuum de relações de ajuda
estão indicadas. As primeiras três são variáveis contínuas, não dicotomizadas; a quarta e a quinta talvez
sejam dicotomias.
• Este modelo nos dá uma base para “diagnóstico” ou classificação dos problemas dos clientes e das avaliações
do tratamento num sentido amplo e geral. Então, o tratamento é específico.
• É interessante que, neste sentido, a relação é, como sugeriram Wolpe e outros, não específica na terapia
comportamental, mas o tratamento específico na terapia de relação. A terapia de relação é o tratamento
específico para os clientes cujo problema está na carência de relacionamentos interpessoais facilitadores.
Portanto, para este problema a relação é necessária e suficiente. E para outros problemas ela pode ser
necessária, mas não suficiente. Um cliente que carece de informação ou habilidades precisa de mais que uma
relação; precisa de informação e instrução. É claramente possível, e de fato provável, que muitos clientes
tenham um certo número de problemas diferentes que exigem vários métodos diferentes de tratamento. O
conselheiro ou psicoterapeuta – ou, para usar um termo genérico, o profissional de ajuda – deve decidir em
qual porção do continuum de relações de ajuda ele deseja ou é competente para se situar. Os profissionais
de ajuda parecem ter o direito de limitar seu trabalho se assim desejarem, encaminhando os clientes que
precisam de outros tipos de ajuda para problemas particulares.
• O conceito da multiplicidade de relações de ajuda, todas envolvendo as variáveis de um bom relacionamento
humano, ainda que em diferentes níveis, com algumas envolvendo outras variáveis, incluindo os métodos da
terapia comportamental, parece propiciar fundação ou estrutura para o desenvolvimento de um sistema
geral, uma teoria da ajuda ou do comportamento terapêutico.
COMO COMPREENDER
Entrevista informativa Instrução subjetiva (educação) Modificação de Terapia do Terapia de relação
comportamento comportamento
(educação) (reeducação)

Cognitiva   Afetiva
 
 

Impessoal Pessoal
 
 

Específica Geral
 
 

Aprendizagem       Performance
(resposta fora do repertório) (resposta no repertório)
 

Relação como meio       Relação como essência


 

Você também pode gostar