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Aconselhamento psicológico

comportamento, construtos pessoais,


“A eficiência de um
capacidade para ser bem-sucedido nas
aconselhamento depende de nossa
situações da vida ou conhecimento e
capacidade de compreender o que os seres
habilidade para a tomada de decisão.
humanos realmente são!”
Rollo May (psicanalista). ● Aconselhar: não significa fazer ou
pensar pelo outro, mas fazer e
pensar com o outro.
O campo do Aconselhamento
Psicológico (AP), foi uma das áreas de
atuação que, juntamente ao diagnóstico Senso comum X Psicologia
psicológico e à Orientação Profissional científica:
(OP), garantiu a prática profissional do
psicólogo. Senso comum: sujeito compartilha
Desde o seu início, compreendido alguma dificuldade e aguarda algum
com prática psicológica restrita à indicativo. Falar de aconselhamento não é
solução de problemas de ajustamento, o dar conselhos, respostas ou qualquer tipo
AP é uma forma de intervenção de direcionamento.
terapêutica baseada em princípios e teorias Psicologia científica: auxiliar na
psicológicas, com o objetivo de ajudar os questão reflexiva, possibilitando um
indivíduos a lidar com problemas espaço para o indivíduo pensar em
emocionais, comportamentais ou possibilidades, identificar meios, instigar
psicológicos. É um processo colaborativo reflexões, considerar outras questões.
entre o terapeuta e o cliente, no qual se - Quem decide (pontua) é o sujeito.
exploram questões pessoais, se identificam O papel do psicólogo, durante o
áreas problemáticas e se trabalha para processo, é possibilitar que o
alcançar mudanças positivas na vida do sujeito olhe outras frentes.
indivíduo. Esse processo clínico pode ser
realizado por psicólogos, terapeutas, Aconselhamento psicológico X
conselheiros, orientadores ou profissionais
Psicoterapia:
de saúde mental treinados.
- Aconselhamento Psicológico: O aconselhamento originou-se com
costuma ser mais breve que a Frank Parsons, em 1909, com o objetivo
psicoterapia; não é dar de promover ajuda a jovens em processo
conselhos!!!! de escolha de carreira e em face à
emergência de novas profissões e
É compreendido por Patterson e ocupações devido à Revolução Industrial.
Eisenberg (1988, p.20) como um Com o tempo, o campo do
“processo interativo, caracterizado por aconselhamento psicológico se ampliou,
uma relação única entre conselheiro e passando a designar uma relação de ajuda
cliente, que leva este último a mudanças na qual o cliente buscava alívio para suas
em uma ou mais das seguintes áreas:” tensões, esclarecimentos para suas dúvidas
ou acompanhamento terapêutico em face ampliação da capacidade de tomar
de problemáticas enfrentadas em diversos consciência e das possibilidades de
domínios da vida, como o educacional, o escolha. Seria indicado quando não
profissional e o emocional, não houvesse o diagnóstico de algum
envolvendo a aplicação de testes transtorno psicológico ou em situações que
psicológicos e a orientação considerada envolvessem o atendimento mais pontual,
diretiva. com o fornecimento de informações e de
● Ponto de aproximação das acompanhamento para a tomada de uma
intervenções: Teoria de Carl decisão importante.
Rogers (1942). As demandas estão relacionadas,
geralmente, a conflitos ambientais e
Elementos comuns a todos os situacionais, a conflitos conscientes e
acompanhados de uma ansiedade
aportes teóricos:
considerada normal. Busca assistir a
Em termos dos elementos comuns pessoa na remoção de bloqueios ao seu
a todos os aportes teóricos relacionados ao crescimento.
aconselhamento psicológico, Hackney e É nesse sentido que o
Nye (1977) destacam seis: aconselhamento psicológico é empregado
- Trata-se de um processo que em modalidades como a do plantão
envolve respostas aos sentimentos psicológico, que prevê o cuidado na
e pensamentos do cliente; urgência, em situações de atenção pontual
- Envolve uma aceitação básica das que requerem técnicas breves e que
percepções e sentimentos do possam conduzir um alívio psicológico
cliente, independentemente da sem a utilização de rebuscadas técnicas de
avaliação externa do aconselhador; investigação da personalidade (Perches e
- Caráter confidencial e existência de Cury, 2013).
condições ambientais (setting) para Psicoterapia: Tratamento de
que se estabeleça a relação de perturbações da personalidade ou da
ajuda; conduta por meio de métodos e técnicas
- A demanda pelo aconselhamento psicológicas, isto é, é indicada em casos
deve partir da pessoa que busca nos quais a orientação e o aconselhamento
ajuda; não seriam suficientes para conduzir os
- O foco está na vida daquele que processos de mudanças e de crescimento
busca ajuda, não na figura do necessários.
aconselhador; A psicoterapia seria, nesse sentido,
- Foco nos processos comunicativos a autocompreensão intensiva da dinâmica
entre aconselhador e cliente. que explica as crises existenciais
particulares.
Pontos de distanciamento:
- tempo da intervenção, sendo o
Aconselhamento: processo por
aconselhamento considerado mais
meio do qual se dá oportunidade aos
breve, de curto prazo;
clientes de explorarem preocupações
aprofundamento do caso e
pessoais, esta exploração conduz a uma
intensidade do atendimento, o que
decorre da primeira característica, do indivíduo, ao invés de resolver
já que a psicoterapia permite uma problemas específicos, ou seja, o
investigação mais minuciosa e a conselheiro seria um facilitador desse
longo prazo; crescimento e da busca por maior
demanda apresentada, sendo o autonomia e liberdade por parte daquele
aconselhamento mais voltado para que busca ajuda.
situações contextuais e mais A importância de Rogers para a
pontuais, com foco no presente, psicoterapia e o aconselhamento
que envolvem sofrimento psicológico reside principalmente em sua
emergencial e necessidade de alívio ênfase no papel central do cliente no
de tensões e acolhimento; processo terapêutico; sua abordagem se
- as intervenções em aconselhamento concentra em criar um ambiente
focam a ação, mais do que a terapêutico seguro, não julgador e
reflexão, e são mais centradas na empático, no qual os clientes possam
prevenção do que no tratamento; explorar seus pensamento, sentimentos e
- o aconselhamento é mais focado na experiências sem medo de crítica e
resolução de problemas. rejeição.
Assim, pode-se dizer que as
Pontos de aproximação: contribuições de Rogers tornaram o
aconselhamento um processo menos
Ambos processos visam ajudar os mecânico e diretivo, que se apropria de
indivíduos e obter um melhor conhecimentos discutidos no campo da
desenvolvimento, estabelecendo um psicoterapia para promover mudanças,
continuum no qual o aconselhamento aprendizagem significativa e bem-estar
educacional e profissional estaria em uma nos clientes.
posição inicial, realizado quando há maior
diretividade, brevidade e menor grau de
sofrimento. A psicoterapia seria um Marcadores históricos:
processo derivado do aconselhamento, Os marcadores históricos do
representando, um atendimento mais aconselhamento psicológico remontam aos
intenso e aprofundado, embora com os primórdios da psicologia como uma
mesmos objetivos. disciplina científica. No final do século
XIX e início do século XX, pioneiros
Carl Rogers (1902-1987): como Sigmund Freud, Carl Rogers e
Alfred Adler desenvolveram abordagens
Foi um psicólogo americano que
terapêuticas que influenciaram
desenvolveu uma abordagem terapêutica
significativamente o campo do
humanista conhecida como Terapia
aconselhamento psicológico.
Centrada no Cliente, essa abordagem
revolucionou a maneira como entendemos
● Rever anotações sobre a história da
e praticamos a psicoterapia e o
psicologia, suas demandas e
aconselhamento psicológico.
marcadores históricos (ex: duas
Para esse autor, o objetivo do
grandes guerras).
aconselhamento é facilitar o crescimento
Antes da década de 40: ● Frank Parsons: campo da
Orientação Vocacional
- duas grandes guerras;
(profissional).
- situação educacional;
- contexto de trabalho;
3 eixo: Grandes Guerras.
- Parsons: orientação profissional
(antiga orientação vocacional); - Perda de familiares, traumas de
- avaliação de perfil; guerras → necessidade de
- primeira organização do acolhimento.
aconselhamento psicológico - - Necessidade de pensar a Clínica
questão avaliativa = adequação do além da Psiquiatria.
sujeito em determinados contextos; - Surge interesse de Carl Rogers,
- foco → problema pontual; divisor de águas.
- instrumental → avaliação (testes) e
resultados. Antes da década de 1940, vários
marcos históricos contribuíram para o
1 eixo: Mundo do trabalho. desenvolvimento do aconselhamento
psicológico como uma disciplina
- Necessidade de delimitação de
reconhecida. Um desses marcos
perfil; adequação do sujeito ao
significativos foi a obra de Frank Parsons
cargo.
nos Estados Unidos em 1909.
- Recursos da Psicometria- testes. -
Frank Parsons, um advogado e
papel fundamental pro
reformador social, é considerado o pai da
reconhecimento da psicologia.
orientação vocacional e profissional.
- Abordagem analítico fatorial dos
Parsons acreditava que a orientação
traços, por Cattel - testes de
vocacional era essencial para a realização
personalidade.
pessoal e o sucesso profissional.
Seu trabalho foi influente tanto no
2 eixo: Contexto educacional.
campo educacional quanto no
Historicamente a educação é organizacional. Na área educacional, o
restrita a poucas camadas sociais. A objetivo era ajudar os estudantes a
Instituição escolar surge após a Era explorar suas habilidades, interesses e
Moderna. valores para tomar decisões informadas
- Educação como agente de sobre suas futuras carreiras. No campo
transformação → melhoria no organizacional, o foco era auxiliar os
campo do trabalho. adultos a encontrar empregos adequados às
- No final do século XIX e XX a suas habilidades e preferências.
educação começa o processo de Parsons também foi influenciado
acessibilidade → Psicologia entra pela teoria dos traços, que sugere que as
para auxiliar os jovens na escolha características pessoais de um indivíduo
de carreira; ajustamento dos alunos podem influenciar suas escolhas de
ao contexto educacional, entender carreira. Ele acreditava que os
habilidades de cada um. conselheiros deveriam ajudar os clientes a
identificar seus traços e usá-los como base
para tomar decisões profissionais. Uso dos testes
Ênfase maior no aspecto intelectual
Depois da década de 40: do que no emocional;
Experiências vivenciais do sujeito
- foco → pessoa/sujeito são menos importantes que o histórico do
- humanismo: olhar holístico caso;
(totalidade) Técnica também chamada de
- ênfase na relação terapêutica → aconselhamento clínico.
importância da construção do
vínculo
- questão principal = cliente
Aconselhamento não diretivo:
- Ao profissional, não é
recomendado oferecer conselhos,
Aconselhamento diretivo e não
direcionar caminhos ou orientar em
diretivo: direção a determinadas escolhas.
- O trabalho é de facilitar que o
Aconselhamento diretivo: cliente possa, por ele mesmo,
direcionar-se em relação a alguma
- Elementos diretivos: visam
decisão, que possa buscar em si os
orientar e direcionar o indivíduo
recursos que necessita para o
para um dado lugar ou uma dada
crescimento pessoal, ou seja, que o
decisão.
cliente seja autônomo ao longo do
- “Conselhos”, “palpites” e “dicas”
processo terapêutico.
são manifestações diretivas → há
Origem – Otto Rank;
manifestação aberta, pautada em
fundamentação – Carl Rogers.
experiências pessoais do
Objetivo: auxiliar o sujeito a
conselheiro, sobre a situação.
alcançar a independência, amadurecimento
Primeiras definições – cunho
e integração para que consiga resolver
autoritário – ideia de impor sugestões,
problemas no decorrer de sua vida.
ações do conselheiro em detrimento das
O cliente deve ser percebido como
ideias do sujeito.
uma pessoa, um indivíduo em detrimento
Objetivo: retirada de obstáculos
de seus problemas.
que possam dificultar a aprendizagem do
Princípio básico: todo ser humano
sujeito no que se refere ao ajustamento
tem potencial e capacidade para resolver
atual (pessoal e social) e remoto do
suas próprias dificuldades.
indivíduo ao seu meio.
Início – técnica mecânica na qual
Relação estruturada e permissiva
se priorizava o fornecimento simples de
Orientador – postura de confiança,
informações ao sujeito. Depois passa a ter
aceitação e respeito para com o
um método dinâmico concebido por uma
aconselhando. Capacidade de organizar as
relação entre dois sujeitos
informações a serem passadas para o
Orientador: deve ser ativo evitando
orientando, procurando compreender e
uma postura passiva.
antecipar as possíveis reações deste. 2. Processo organísmico de
Atuação informativa e não avaliativa valoração: experiência interna que
Pouco se utiliza de testes. é produtora de crescimento →
avalia a experiência por seu
Para Rogers – aconselhamento é potencial de crescimento -
uma técnica de assistência psicológica que direciona escolhas
objetiva restituir as condições de atuação e
crescimento do sujeito. É uma técnica Criança X adulto
não-diretiva que visa orientar o cliente a Criança: facilidade maior em se
conhecer as suas dificuldades e as suas expressar sem desconforto (experiência
possibilidades. É uma técnica que se aplica mais genuína)
a todos os casos em que o sujeito se depara Adulto: substitui as experiências
com dificuldades emocionais. Tensão internas pelas regras sociais.
proveniente de necessidades ou desejos Sinais de saúde mental:
incompatíveis, ou ainda, por conflitos com - Abertura para a experiência:
as demandas do ambiente em relação às receptiva para acontecimentos,
suas necessidades. capacidade de tolerar
Confiar e respeitar a capacidade do ambiguidades;
aconselhando de resolver seus próprios - Viver existencial: viver
problemas. plenamente cada momento, cada
experiência → muda o eu;
** Tabela comparativa na apostila de - Liberdade de experiência: poder
estudos. de escolha;
- Confiança organísmica: em si
mesmo → o indivíduo passar a se
Abordagem Humanista - perceber sem distorções;
Rogers: - Potencial criativo (criatividade):
novas formas de viver o momento
Principais conceitos: → adaptação/expandir
pensamentos.
1. Tendência para a realização: ser
humano 3. Eu: crescimento psíquico - unidade
- tendência ampla e geral para o de organização da personalidade.
desenvolvimento: Dois - eu ideal (sociedade) e eu real
- tendência formativa; (indivíduo).
- tendência à realização; Eu ideal: O que a sociedade espera
- pautada nas motivações; do papel perpetuado pelo indivíduo.
- necessidade de expandir, Muitas vezes a pessoa é reconhecida pelo
desenvolver, ampliar, amadurecer, o que apresenta e não pelo o que é.
expressar e ativar todas as Eu real: Genuíno com todas as
capacidades do organismo ou do suas questões, positivas e negativas,
eu; essência com todos seus elementos.
- diferenciação, independência e → conflito entre esses dois “eus” -
responsabilidade social. incongruência → eu real é ameaçador.
● Por que ocorre a incongruência? - Cliente - incongruência;
Pressões. - Terapeuta - congruente,
Processo de socialização: especialmente compreensão empática;
na infância. - Comunicação.
a) Socialização de consideração
positiva condicionada - impõe Elementos básicos:
condições de mérito. Enfatiza - Consideração positiva
apenas o adequado. incondicional: Ver o outro pleno
Ex: eu ideal - obediente; sem condições de troca. Há
eu real - questiona. existência de limites mas o ser
b) Socialização de consideração pode ultrapassá-los com
positiva incondicional - não impõe consequências, e não haverá
condições de mérito. Amar a julgamentos. Sentir-se aceito.
criança seja qual for seu - Congruência (coerente, ser
comportamento. Pais devem transparente);
orientar, mas devem amar - Compreensão empática;
incondicionalmente. ● Terapeuta - compreende a situação
do cliente de forma completa.
Terapia Centrada no Cliente: Reformulação da fala do cliente -
sou uma pessoa triste; você se
Pioneira na investigação da
sente triste.
eficácia da psicoterapia.
- Terapia não-diretiva;
- Insights são do cliente. Aconselhamento psicológico e
diferenças de outras práticas:
Características:
- Cliente encontra-se em uma Psicoterapia
situação de incongruência;
Investigação mais minuciosa e intensa
- Foco: experiência do cliente;
- Avaliação inicial envolve de 3 a 4
- Objetivo: indivíduo reconectar
sessões
com o processo organísmico de
- Frequência: 1 a 2 vezes na semana
valoração; ajudar o indivíduo a
- Psicoterapia Breve – um ano
crescer - potencial; trabalhar a
- Indicada quando a orientação e o
criatividade; impacto na
aconselhamento não são suficientes
personalidade;
para gerar processo de mudança e
- Processo terapêutico - ênfase na
crescimento
situação imediata - trabalhar mais
- Voltada para os conflitos de
elementos emocionais;
personalidade – crises existenciais
- Terapeuta: facilitador, espelho.
- Mudança na personalidade
- Autocompreensão mais intensa
Processo e progresso terapêutico:
- Caráter remediativo e reconstrutivo
- Envolve duas pessoas que estão em
contato psíquico - encontro;
- Trabalha com problemas de caráter processo científico de tempo limitado que
permanente – psicopatologias, “utiliza técnicas e testes para entender
desconforto emocional problemas à luz de pressupostos teóricos,
identificar e avaliar aspectos específicos
Orientação profissional (…), comunicando os resultados com base
nos quais são propostas soluções” (p. 26).
Escolha ou redefinição da
(Cunha, J. A. e col.
profissão; adolescentes e adultos; envolve
(2000). Psicodiagnóstico V. Porto Alegre:
reflexão e autoconhecimento.
Artmed.)
● Objetivo: possibilitar uma escolha
Dados obtidos através da bateria de testes
lúcida, madura, ajustada e de
e técnicas – são analisados, interpretados e
acordo com as habilidades do
integrados com as informações da
sujeito
observação, da história clínica e pessoal,
Uso de instrumentos de avaliação
chegando ao diagnóstico e prognóstico do
de interesses e outras ferramentas.
caso. Os resultados são comunicados.

Orientação educacional
Plantão Psicológico:
Processo intencional e metódico
Um tipo de atendimento
para acompanhar, por técnicas específicas,
psicológico voltado à questão da
o desenvolvimento intelectual e da
emergência (lugar da instabilidade);
personalidade dos estudantes.
compromisso com o momento de crise; é
um fazer clínico-investigativo que resgata,
Psicodiagnóstico junto ao cliente, dimensões da sua
Método de diagnóstico - considerar condição humana fazer do plantonista;
as verdadeiras razões que motivaram o ancora-se na linguagem; envolve uma
encaminhamento abertura para o outro da maneira como este
● Objetivo: descrever e compreender se apresentar; não busca informações
a personalidade total do paciente, pré-estabelecidas; não tem compromisso
os aspectos do passado, presente e com o encaminhamento (possibilidade,
futuro. mas não obrigatoriedade); não pretende
É um processo limitado no tempo resolver os problemas do cliente
que enfatiza a investigação dos sintomas e ● Características essenciais:
as características da indicação, através de acolhimento, escuta atenta,
técnicas como: entrevista semidirigida, interessada e compreensiva (estar
técnicas projetivas e entrevista de aberto e disponível para receber e
devolução. escutar o outro) e esclarecimento
Cunha (2000, p. 23) considera que da demanda para descobrir
o “psicodiagnóstico é uma avaliação possibilidades de cuidado;
psicológica feita com propósitos clínicos encontros únicos; atendimento
(…) que visa identificar as forças e regular de curta duração (tempo é
fraquezas no funcionamento psicológico, variável de acordo com a
com o foco na existência ou não de necessidade do cliente e
psicopatologia”. Ela o define como um
disponibilidade do terapeuta); - Deve-se levantar a maior
individual ou em grupo. quantidade possível de informações
sobre o sujeito (queixa, se foi
Qualidade do plantão: ouvir a encaminhado, outros tratamentos,
queixa e o pedido do cliente; privilegiar a duração dos sintomas, processos
melhor forma de cuidado que o cliente anteriores, saúde, medicação)
pode encontrar e não aquela que o - Alguns autores colocam triagem e
profissional define como mais adequada; psicodiagnóstico como sinônimos
há uma implicação direta da pessoa na em função de apresentarem os
escolha e no trilhar do caminho a ser mesmos objetivos – conhecer a
seguido a partir do encontro com o pessoa que procura ajuda, avaliar a
plantonista. situação e sugerir
Fechamento da sessão: ocorre encaminhamento.
quando se conversa sobre o caminho que a
pessoa pretende trilhar a partir da sessão – Desafios da triagem:
voltar para mais uma conversa; encerrar e - Recolher dados críticos e ao
caminhar sozinha; sente-se esclarecida mesmo tempo acolher a pessoa
quanto a sua demanda e deseja atendida;
encaminhamento. - Estabelecer um vínculo que sirva
de suporte para o engajamento da
Triagem mesma no atendimento
Triagem bem sucedida: exerce
- Atendimento comum em
boa compreensão do cliente; resulta em
Serviço-Escola e em Saúde Pública
encaminhamento adequado.
- Porta entrada
- Triagem tradicional: focada no
- Visa o acolhimento e a
sintoma e no levantamento da
identificação da problemática
hipótese diagnóstica
apresentada; conscientização do
- Triagem interventiva: intervenção
paciente e da família sobre a
psicoterapêutica; foco na
dificuldade do mesmo
psicodinâmica do sujeito; contato
- Acolhimento – disposição afetiva
com o sofrimento; mais
do psicólogo; uma atitude de escuta
compreensiva
que visa aceitar a expressão do
● Frequência: uma vez por semana;
sofrimento – provoca alívio
4 a 5 sessões
- Possibilita: avaliação da queixa e
do sofrimento; respeito e
valorização do que é trazido; Entrevista clínica:
investigar conflitos e sintomas;
- Técnica de investigação científica
encaminhar; orientação psicológica
em Psicologia: instrumento
- Entrevista de triagem – roteiro.
fundamental do método clínico.
Visa: coleta de dados,
Está na base de todas as práticas;
encaminhamento e hipótese
- É um instrumento insubstituível e
diagnóstica
indispensável nas diferentes tarefas
que realiza o psicólogo;
- É uma relação com - Uma via de comunicação
características particulares: simbólica, oral;
psicólogo é um técnico com um - Tem objetivos pré-estabelecidos;
tipo específico de conhecimento e - Apresenta uma atribuição de
um objetivo; papéis;
- Primeira entrevista: alicerce para as - Não é uma conversa informal;
demais intervenções; - Funções da entrevista;
- Funciona como uma intervenção - Estabelecer uma relação positiva,
breve → cliente está se engajando compreensiva e de clarificação dos
com o atendimento. problemas do cliente;
- Função terapêutica;
- Levantamento de informações ● Ampla coleta de dados.
- Características:
- Roteiro → eixos Coleta de dados:
- Entrevista → processo, condução, - Na entrevista, normalmente, o
cuidados roteiro fica em mãos;
- Entender a demanda do sujeito - Avisar que em alguns momentos
- Qual idade? vai anotar para registro;
- Em que momento se encontra? - Anotar o tempo todo pode deixar o
- Como se vê em seus papéis paciente desconfortável e inibir a
(trabalhador, estudante, pai, etc); fala;
- Levantamento sobre atividades de - Anotar apenas dados concretos;
interesse → interessante para - O paciente pode pedir para ver, por
perceber investimentos → pratica isso não se deve escrever
esporte? sim, pq?; percepções individuais nesse
- Explorar elementos de acordo com momento.
a faixa etária;
- Avaliação infantil: marcadores de Possibilidades:
desenvolvimento (gestação, parto, - Registrar enquanto o entrevistado
andar, falar, alimentação, adaptação fala;
na escola, como cria vínculo, - Registrar imediatamente após a
saúde, antecedentes da gestação - entrevista;
foi planejado? Como foi o - Registrar alguns tópicos gerais e
recebimento da notícia?); roteiro complementar depois.
inicial feito com os responsáveis;
- Avaliar: sono e alimentação
Tipos de entrevista:
(questões cruciais - muitos quadros
alteram essas questões). 1. Diretiva ou fechada; livre;
semidirigida.
Componentes de uma entrevista: 2. Quanto aos objetivos: diagnóstico
(não emprega interpretação: coleta
- Uma relação direta entre duas ou de dados → diagnóstico);
mais pessoas; terapêutica (acompanhamento do
paciente, esclarecimentos das
dificuldades, interpretação); de - Não se centrar excessivamente no
aconselhamento – oferecer roteiro preparado de antemão;
informações, trabalhar com o - Criado o rapport, é bem mais eficaz
material, estabelecer a relação de desenvolver, num clima de
ajuda. comunicação, uma conversa, a
mais informal possível. Completar
Fases da entrevista: brevemente alguns detalhes
mediante perguntas concretas e
a) Preparação da Entrevista
concisas;
b) Fase inicial – rapport
- Utilizar-se de um léxico,
c) Corpo da entrevista
linguagem ou terminologia similar
- Fase inicial: perguntas
às usadas pelo entrevistado,
abertas/gerais;
permitindo, assim, uma correta
- Fase de especificação e
aproximação do seu mundo de
clarificação: perguntas mais
vivências;
diretas;
- Fase de confrontação e síntese;
No decorrer da entrevista fazer um
- !!! Importante: escuta, evitar ar de
breve resumo do que foi falado, com uma
superioridade, evitar a percepção
dupla finalidade:
seletiva (tentar enquadrá-lo em
- Para que o entrevistado perceba
algo), sincero afeto, respeito e
que é escutado com atenção;
interesse pelo entrevistado, atenção
- Para que possa complementar ou
aos elementos verbais e não
modificar seu relato, ou para que
verbais;
possa esclarecer alguns pontos mal
d) Finalização da entrevista.
compreendidos ou não
corretamente assimilados pelo
● Gravar? Exceção e com
entrevistador.
consentimento livre e esclarecido.

Erros frequentes durante a entrevista:

Normas práticas para a condução da - Efeito de primazia: primeira


entrevista: impressão (vestimenta, como
chegou) → não se pode tomar isso
- No início da entrevista, esclarecer
como verdade.
cuidadosamente a finalidade e
- Efeito de halo: julgar uma pessoa
objetivos desta;
com base em UMA única
- Não exigir do entrevistado, no
característica → acaba deixando
início, uma exposição ordenada e
outras informações de lado, por
sistemática dos fatos porque, de
focar nesse um elemento que
momento, não estará capacitado
chamou atenção.
para fazê-lo;
- Erro lógico: imaginar que algo
- Deixá-lo falar sem interrupção
acontece em consequência de uma
enquanto o fizer espontaneamente
característica (generalização) →
e, quando calar, estimulá-lo com
ex: se ele possui uma religião
alguma pergunta concreta e breve;
LOGO não faz outra coisa. Não
necessariamente uma situação de
causa e efeito. Há risco de perder
informações por pular perguntas
“lógicas” → “dito pelo não dito”.
- Erro de consenso: acontece mais
com crianças e adolescentes, pois
nesses casos há mais de um
informante (paciente, responsáveis,
escola). Toma como verdade o que
foi dito pelos “superiores” e trata o
paciente de forma tendenciosa as
informações recebidas.
- Erro de generosidade:
supervalorização de um
comportamento ou característica do
paciente (não deveria haver tal
valorização).
- Categorizar por estereótipos:
preconceitos.
- Atribuição por causa: tentar
explicar o porquê o sujeito fez
aquilo pautado em experiências e
referências que a gente tem →
justificativa do comportamento.
- Não conseguir dirigir a
entrevista: dificuldade em iniciar e
encerrar diálogos.
- Ser muito direto: acolhimento
rápido, falta de vínculo inicial.
- Utilizar expressões que
impliquem em julgamento de
valor: o cliente inibe a fala ao
perceber que está sendo julgado.
- Excessiva proximidade do
entrevistado: maior proximidade
faz com que você tenha
conhecimento de coisas não ditas
no processo de entrevista, fazendo
com que esse momento seja
tendencioso.

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