BARROCO/SEISCENTISMO 1. Datas a) Portugal: 1580: anexação de Portugal à Espanha; morte de Camões; início do Barroco em Portugal 1756 : fundação da Arcádia Lusitana - início do Arcadismo em Portugal b) Brasil: 1601: Prosopopeia, de Bento Teixeira Pinto - início do Barroco no Brasil. 1768: Obras, de Cláudio Manuel da Costa - início do Arcadismo no Brasil. 2. Contexto histórico O século XVII assiste, na Europa, à reação da Igreja Católica ao expansionismo protestante: cria-se a Companhia de Jesus e ativa-se o tribunal do Santo Ofício - Inquisição -, num movimento católico que se tornou conhecido como Contrarreforma. Contrariamente ao século anterior, Portugal vive um terrível período de decadência política e econômica. A morte do rei D. Sebastião, último rei da Dinastia de Avis, na Batalha de Alcácer-Quibir, em 1578, deixara o país falido e sem herdeiro para o trono. Em 1580, a Espanha anexa Portugal aos seus domínios e começa para os portugueses uma longa fase de cativeiro, até 1640. Desenvolve-se nessa época o "mito sebastianista", na crença no retorno de D. Sebastião para redimir a pátria lusa. De 1612 a 1640, Portugal luta bravamente contra a Espanha, tentando recuperar sua autonomia, o que finalmente acontece com a coroação do Duque de Bragança como D. João IV, iniciando a restauração da monarquia portuguesa e a Dinastia de Bragança. Durante os sessenta anos de domínio espanhol, o Brasil, como "colônia da colônia", sofre a expansão do território para o interior; a conquista do litoral norte e nordeste, com a expulsão dos franceses; a ocupação de novas terras, com a expansão da criação de gado; e a formação de uma colônia holandesa no Nordeste. Com a restauração portuguesa, ocorre a expulsão dos holandeses; a Bahia torna-se o maior centro produtor de açúcar; a centralização administrativa e econômica possibilita o aumento do controle da Coroa Portuguesa e o monopólio econômico, com severas restrições ao comércio na Colônia. Iniciam-se as bandeiras, em busca de metais preciosos. 3. Características gerais do Barroco O movimento barroco iniciou-se na Espanha e foi introduzido em Portugal durante o domínio espanhol. É a arte do conflito, a arte da Contrarreforma e, como tal, reflete as contradições, os conflitos e incoerências contra-reformistas. Ao mesmo tempo, atende aos objetivos da Igreja e é absorvido por ela; é por isso que muitas manifestações barrocas estão estreitamente vinculadas à religiosidade católica. Entre suas principais características, encontram-se: dualismo, fusionismo: tentativa de conciliar o teocentrismo medieval com o antropocentrismo renascentista e, consequentemente, valores opostos como: o alma X corpo o carne X espírito o virtude X prazer o fé X razão o céu X terra rebuscamento nas artes plásticas e na expressão literária: o contornos, relevos, delírio cromático; o excesso de figuras de linguagem: antíteses, paradoxos, metáforas, hipérboles, hipérbatos, paranomásias, anáforas, anadiploses etc. o pessimismo: em relação à transitoriedade da vida e dos valores; violento confronto de temas opostos; descontentamento humano em face da existência. o feísmo: preferência pelos aspectos hediondos da realidade; ênfase na dor e na vergonha; temática da penitência, com destaque para o martírio da dor. o CULTISMO E CONCEPTISMO: cultismo: valorização da forma, dos aspectos sensoriais; estilo trabalhado, repleto de figuras e trocadilhos; também chamado gongorismo, porque foi desenvolvido pelo poeta espanhol Gôngora. conceptismo: valorização do conteúdo, das ideias; organização do pensamento segundo uma lógica rigorosa, com vistas à persuasão