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O honesto é pobre,

o ocioso triunfa,
o incompetente manda.

Gregório de Matos

Barroco é o termo que serve para designar a arte que surgiu já no fim do século XVI na
Itália e que teve seu auge no século XVIII, espalhando-se posteriormente para outros
países da Europa.

Usualmente, considera-se que termo "barroco" originalmente significaria


"pérola irregular ou imperfeita".

O Barroco foi um período marcado pela crise dos valores Renascentistas,


gerando uma nova visão de mundo através de lutas religiosas e dualismos
entre espírito e razão.

O Barroco também é conhecido também como seiscentismo.


No barroco o homem se vê colocado entre o céu e a terra, consciente de sua
grandeza, mas atormentado pela ideia de pecado e, nesse dilema, busca a
salvação de forma angustiada.
Os sentimentos se exaltam, as paixões não são mais controladas pela razão, e
o desejo de exprimir esses estados de alma vai se realizar por meio de antíteses,
paradoxos e interrogações.
Essa oscilação que leva o homem do céu ao inferno, que mostra sua dimensão
carnal e espiritual, é uma das principais características da literatura barroca.
Como movimento cultural e artístico, o Barroco se estende do final do
século XVI até o início do século XVIII, iniciando-se na Itália e alcançando os
vários países europeus e algumas de suas colônias, como é o caso do Brasil.
Os contrastes que marcam o período Barroco traduzem a tentativa de fundir uma
perspectiva antropocêntrica, herdada do Renascimento, à perspectiva
teocêntrica, recuperada pela Contra Reforma. Dentre os traços
característicos da nova estética, merecem destaque:

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• O fusionismo - Fusão das antagônicas visões medieval e
renascentista, na literatura, pela associação entre o racional e o
irracional, entre a razão e a fé.
• O culto do contraste - Como consequência dessa
dualidade na maneira de ver o mundo e interpretar as coisas, o
Barroco tende a aproximar os opostos, destacando o contraste,
ao mesmo tempo em que tenta conciliar extremos como
carne/espírito, pecado/perdão, juventude/velhice, céu/terra,
erotismo/espiritualidade.
• O pessimismo - Como decorrência de uma existência
conflituosa, observa-se o traço pessimista como marca
fundamental em muitos textos e manifestações artísticas do
Barroco. A consciência da fugacidade da vida terrena, mesmo com
aspectos ainda do "carpe diem", confere às obras traços que
revelam tristeza, por oposição à glorificação da vida celestial.
• O feísmo - Decorrência da perspectiva pessimista enfatizada por
muitos autores e do espírito de contraste; é frequente na obra dos
artistas barrocos a preferência por aspectos cruéis, dolorosos e
muitas vezes repugnantes, numa tentativa de mostrar a miséria do
ser humano.
• O rebuscamento linguístico - Uma linguagem trabalhada, cheia
de recursos imagéticos e de figuras de linguagem. Dentre as
figuras, destacam-se as antíteses, como expressão de um mundo
contraditório, e os hipérbatos, inversões linguísticas que valorizam
o torneado frasal.
Temas frequentes na Literatura Barroca

- Fugacidade da vida e instabilidade das coisas.


- Morte, expressão máxima da efemeridade das coisas.
- Concepção do tempo como agente da morte e da dissolução das coisas.
- Castigo, como decorrência do pecado.
- Arrependimento.
- Narração de cenas trágicas.
- Erotismo.
- Misticismo.

O Homem dividido

Teocentrismo - ideais Antropocentrismo -


perspectiva de valorização das
espirituais da Idade Média,
ancorados na imagem de um
Deus soberano e centralizador.
X capacidades humanas
resgatada da Antiguidade greco-
romana.

*Anjos músicos, detalhe da Assunção de Nossa Senhora, Igreja de São Francisco, Ouro Preto

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Reformas
• Reforma Protestante - Martinho Lutero (1517 – Alemanha).
• Calvinismo - João Calvino (1532 – França).
• Anglicana - Henrique VIII (1534 – Inglaterra).

A Reforma e a Contrarreforma

No campo religioso, a Reforma (1517), realizada por Martinho Lutero,


contestou as práticas da Igreja Católica e propôs uma nova relação entre
Deus e os homens.

• Uma das propostas desse movimento foi a tradução da Bíblia


para os idiomas nacionais, abrindo caminho para novas
interpretações das Escrituras, deixando a Igreja dividida e
enfraquecida.

O movimento iniciado na Alemanha por Lutero, teólogo alemão, contestava


ferozmente o papado mas, na verdade, as críticas ao comportamento corrupto e
abusivo do clero tinham começado nos finais da Idade Média. Aos olhos dos
fiéis, estes homens que se diziam de Deus viviam no vício e no luxo, como
qualquer outro mortal abastado.

Os seguidores de Lutero desviaram-se do catolicismo e fizeram a sua


reforma.

Queriam renovar a Igreja:

• fazer uma reinterpretação das Escrituras com rituais simplificados,


• sem imagens de santos ou indulgências para alcançar a salvação
da alma.

O movimento protestante provocara a primeira grande divisão do


cristianismo ocidental.

O poder central da Igreja teve que reagir rapidamente.

Era urgente uma reforma profunda e o Papa convocou um Concílio que


duraria 18 anos.

À chamada de Paulo III compareceram cardeais, arcebispos, bispos, gerais de


ordens e teólogos que no dia 13 de dezembro de 1545 iniciaram o décimo
nono concílio ecuménico.

Deste encontro, interrompido diversas vezes por causa das guerras na Europa
e por isso só terminado em 1563.

Em 1563 tem início a Contrarreforma, que tinha como objetivo combater a


expansão do protestantismo e recuperar os domínios perdidos.

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Concílio de Trento foi convocado pelo Papa Paulo III, a fim de estreitar a união
da Igreja e reprimir os abusos, isso em 1545, na cidade de Trento, no Tirol
italiano.

Decisões do Concílio de Trento:


Algumas das decisões ali tomadas ainda hoje se mantêm

• mais disciplina e uma redefinição dos dogmas da fé.


• como texto bíblico autêntico, a tradução de São Jerônimo, denominada
"Vulgata",
• Aos fiéis, a mensagem de Trento chegaria de uma forma mais direta,
sensorial e sedutora.
• As Igrejas vestiram-se de talha dourada, cheias de altares e retábulos
cobertos de santos e outros símbolos religiosos que prendiam o olhar e
convidavam à veneração de novos e velhos crentes.
• A oficialização do Tomismo (de São Tomás de Aquino)
• e da Vulgata (versão latina da Bíblia),
• a condenação de livros apócrifos ou deuterocanônicos, a divulgação de
uma lista de livros proibidos – o Index Librorum Prohibitorum (de 1559)
• Condenar a venda de indulgências, conforme Lutero já as combatera e a
igreja romana admitiu seu erro;
• Condenou a intervenção de príncipes nos negócios da Igreja;
• Condenou a doutrina protestante de justificação apenas pela fé e
reafirmou que a salvação é pela fé e também pelas obras;
• Que a missa deve ser ressaltada em sua importância na liturgia;
• Ainda confirmou cultos aos santos, à virgem Maria e relíquias;
• Reativou o Tribunal do Santo Ofício (Inquisição);
• Reafirmou a doutrina da infalibilidade papal,
• do pecado original,
• da existência do purgatório
• e dos sete sacramentos (batismo, confirmação ou crisma, confissão,
eucaristia ou comunhão, matrimônio, ordem e extrema unção);
• Confirmou a indissolubilidade do casamento,
• proibiu o casamento para membros do clero (celibato clerical)
• Criou seminários para formar seus sacerdotes.
Outro produto da Reforma Católica foi a fundação da Companhia de Jesus (os
jesuítas) uma ordem religiosa fundada em 1534 por um grupo de estudantes da
Universidade de Paris, liderados por Santo Inácio de Loyola.
As “armas” desta nova ordem seriam:
• a pregação e o ensino como formas de levar a cabo a missionação nos
velhos e novos territórios.
• A Companhia de Jesus passa a dominar quase que inteiramente o ensino,
exercendo papel importantíssimo na difusão do pensamento aprovado
pelo Concílio de Trento.
• Os padres jesuítas assumiram posição de destaque na defesa e difusão
do catolicismo, como forma de combate ao protestantismo ameaçador.

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• As escolas e universidades jesuítas criaram um estilo próprio de arte
e arquitetura: ricamente ornamentadas por querubins e virgens
celestiais, parecem tentar comover o coração da mesma forma que o
pregador buscava seduzir o intelecto.

A ARTE surge, assim, como uma das armas desta renovação, assumindo-a nas
suas características temáticas e formais.
A Igreja Católica quis marcar o contraponto à sobriedade e à iconoclastia do
Protestantismo, levando os artistas a criar obras que se destinavam a emocionar
e a incrementar a devoção mais através das sensações do que da razão.
Além disso, cenas de nus, temas pagãos ou cenas escandalosas foram
proibidas, chegando-se ao ponto de sobrepor discretos panos sobre as
“vergonhas” das figuras nuas pintadas nas paredes da Capela Sistina, no
Vaticano, por mestres como Miguel Ângelo a mando dos papas que antecederam
estes novos tempos.
Nos Estados protestantes, onde as condições sociais foram mais favoráveis à
liberdade de pensamento, o racionalismo e a curiosidade científica do
Renascimento continuaram a se desenvolver.
Já nos Estados católicos, sobretudo na Península Ibérica, desenvolveu-se o
movimento chamado Contrarreforma, que procurou reprimir todas as tentativas
de manifestações culturais ou religiosas contrárias às determinações da Igreja
Católica.

O Barroco em Portugal

O Barroco em Portugal teve início em 1580, e até 1756, com a fundação da


Arcádia Lusitânia e o surgimento de um novo estilo.
Lembre-se que o Barroco (ou Seiscentismo) é uma escola literária posterior ao
Classicismo e anterior ao Arcadismo (Setecentismo).
O Barroco em Portugal inicia-se durante o período de colonização do Brasil
e de diversos conflitos com os holandeses. Eles tentavam conquistar parte

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do território que estava sob domínio português. Esses fatores foram essenciais
para o surgimento de uma grande crise econômica, política e social no país.
Assim, Portugal estava sob o domínio espanhol e lutava pela independência, que
somente conquista em 1640.
Características do Barroco
• Exagero e minúcia nos detalhes;
• Temática religiosa e profana;
• Dualidade e complexidade;
• Uso de figuras de linguagem;
• Contrastes e conflitos;
• Teocentrismo versus antropocentrismo;
• Cultismo e conceptismo.

Autores e obras
Os principais autores do barroco português foram:
▪ Padre Antônio Vieira (1608-1697): Sermão de Santo António
aos Peixes (1654), Sermão da Sexagésima (1655), Sermão do
Bom Ladrão (1655).
▪ Padre Manuel Bernardes (1644-1710): Pão Partido em
Pequeninos (1694), Luz e Calor (1696), Nova Floresta (1706).
▪ Francisco Manuel de Melo (1608-1666): Carta de Guia de
Casados (1651), Obras Métricas (1665), Apólogos Dialogais
(1721).
▪ Francisco Rodrigues Lobo (1580-1622): O Pastor Peregrino
(1608), Condestabre (1609), A Corte na Aldeia (1619).
▪ Soror Mariana Alcoforado (1640-1723): Cartas Portuguesas
(1669).
▪ Antônio José da Silva (1705-1739): Vida do grande D. Quixote
de la Mancha e do gordo Sancho Pança (1733), Labirinto de
Creta (1736), Guerras do Alecrim e da Manjerona (1737)

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O Barroco no Brasil

Foi o primeiro movimento artístico com expressão no país, ainda no período


colonial, a partir da influência dos jesuítas portugueses. Ou seja, o barroco
brasileiro está diretamente relacionado com o português.
• Inicialmente, a arte barroca no Brasil era usada pelos jesuítas como
uma ferramenta no processo de catequização.
• Posteriormente, no entanto, passou a ser vista como um "lembrete"
do poder e importância da palavra de Deus.
A produção artística do barroco brasileiro tem suas primeiras representações no
século XVII, com a descoberta das minas de ouro e pedras preciosas, e o rápido
enriquecimento de algumas camadas da população.
Desenvolveu-se na capitania de Minas Gerais, com a descoberta das jazidas
de ouro e diamantes, e também no Nordeste, que acumulava riquezas do
período de exploração da cana-de-açúcar.
Nestas regiões estão as maiores obras da arte barroca brasileira, como as
igrejas de Salvador, ou em Ouro Preto e Mariana.
Nos séculos XVII e XVIII não havia ainda condições para a formação de uma
consciência literária brasileira.
A vida social no país era organizada em função de pequenos núcleos
econômicos, não existindo efetivamente um público leitor para as obras literárias,
o que só viria a ocorrer no século XIX.
Por esse motivo, fala-se apenas em autores brasileiros com características
barrocas, influenciados por fontes estrangeiras (portuguesa e espanhola),
mas que não chegaram a constituir um movimento propriamente dito.
• Didaticamente, o Barroco brasileiro tem seu marco inicial em 1601,
com a publicação do poema épico Prosopopeia, de Bento Teixeira.

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O cultismo e o conceptismo.
Os escritores barrocos abusam do jogo de palavras (cultismo) e do jogo de
ideias ou conceitos (conceptismo).
No interior da estética barroca, observam-se, pois, duas tendências distintas:

O cultismo (também chamado gongorismo - Luís de Góngora).


Predominante na poesia, o cultismo caracteriza-se pelo grande investimento na
forma verbal, alcançado pelo uso frequente das figuras de linguagem e pela
construção de imagens que envolvem o leitor por meio de estímulos sensoriais
(com destaque para as camadas fônica e cromática do texto).

O conceptismo (Quevedismo - de Francisco Quevedo)


O estilo conceptista predomina nos textos em prosa. Em lugar de investir no
rebuscamento linguístico, o escritor que privilegia o estilo conceptista procura
seduzir seu leitor pela construção intelectual, formada por meio de analogias,
valorizando o conteúdo, a essência da significação, em um texto que deveria
ser construído com agudeza e engenho. A organização da frase obedece a uma
ordem rigorosa, com o intuito de convencer e ensinar.

Figuras de linguagens presentes na produção Barroca


• Metáfora: é uma comparação
• Antítese: reflete a contradição
• Paradoxo: corresponde à união de duas ideias contrárias num só
pensamento
• Hipérbole: traduz ideia de grandiosidade, pompa.
• Prosopopeia: personificação de seres inanimados para dinamizar a realidade.

Autores Barrocos Brasileiros


Bento Teixeira (1561-1618) - A única obra de Bento Teixeira foi justamente a
que deu o marco inicial do Barroco no Brasil, intitulada “Prosopopeia”.
Frei Vicente de Salvador (1564-1636) - Frei Vicente de Salvador era cronista e
historiador, nascido na Bahia. Foi o autor do livro “História do Brasil”, no século
XVII, primeira obra que relatava com riqueza de detalhes a história do país.

Nuno Marques Pereira (1652 – 1728) - Era padre e escritor. Sua única obra
registrada foi “Compêndio Narrativo do Peregrino da América”, que ficou

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famosa durante o Período Colonial e rendeu outras edições. Sua escrita tinha
cunho moralista.
Frei Manuel da Santa Maria de Itaparica (1704-1768) - Frei Manuel ficou
conhecido por sua obra Eustáquidos, de 1769. Sua poesia tinha caráter de
inspiração e religiosidade, além da exaltação da terra e da expressão do
nativismo. Outras obras incluem:
• À Morte De Sua Majestade Fidelíssima;
• A Caça Da Baleia;
• Descrição Da Ilha de Itaparica.

Manuel Botelho de Oliveira (1636 -1711): foi o primeiro brasileiro a publicar


versos no estilo barroco. De sua obra destaca-se: “Música do Parnaso” (1705).
Frei Vicente de Salvador (1564-1636): historiógrafo e o primeiro prosador do
país. De sua obra destacam-se: “História do Brasil” e “História da Custódia do
Brasil”.

Pe. Antônio Vieira (1608 -1697)


Natural de Lisboa, em Portugal, o Padre Antônio Vieira veio para o Brasil aos
sete anos de idade e aqui se destacou durante o Barroco por seus sermões
polêmicos e suas críticas contra a presença do protestantismo e o despotismo
do Governo Português.
Alguns de seus sermões são:
• Sermão da Sexagésima (1655);
• Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de
Holanda (1640);
• Sermão de Santo Antônio aos Peixes (1654);
• Sermão da Quinta Dominga da Quaresma (1654).

Durante esses quase dois séculos, o estilo dominou as artes de maneira geral e,
na literatura em particular, celebrizou-se o padre Antônio Vieira, detentor da mais
poderosa oratória conceptista do período.
Desde cedo o jovem jesuíta destacou-se no conhecimento das escrituras e em
sua capacidade como orador.
O raciocínio extremamente lógico de Vieira via nos judeus convertidos uma fonte
de riquezas que, bem utilizadas, poderiam auxiliar no processo de Restauração.

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Ocorre, porém, que a Santa Inquisição não pensava da mesma maneira, e
interpretava a atitude do jesuíta como uma desobediência aos desígnios da
Igreja.
Forçado a exilar-se no Maranhão (1652), Vieira logo engajou-se na defesa dos
índios escravizados pelos colonos portugueses.
Sua volta a Portugal deu-se em circunstâncias políticas desfavoráveis. D. João
IV havia morrido, e o jesuíta, acusado de heresia por profetizar o surgimento do
Quinto Império, foi preso pela Inquisição (1665), condenado a um confinamento
de oito anos e proibido de exercer sua pregação.
Em 1668, Vieira é anistiado e vai à Itália buscar perdão papal. Livre do processo
inquisitorial. Em 1681, decidiu regressar ao Brasil, onde faleceu, em 1697, no
Colégio da Bahia.

É bom lembrar!
Padre Antônio Vieira escreveu aproximadamente 200 sermões, que trata o
assunto de maneira racional, lógica e utiliza retórica aprimorada.
Um dos seus sermões mais conhecidos é o “Sermão da Sexagésima”, o qual é
metalinguístico, já que tem como tema a própria arte de pregar.

Segundo a retórica clássica, o plano tradicional de um sermão envolvia cinco


partes:
• Tema - Evocação de uma passagem bíblica que sustente a intenção do
discurso. Uma boa escolha ajuda a despertar o interesse do ouvinte.
• Introito - Exposição do plano geral do sermão, para que o ouvinte possa
conhecer quais elementos serão desenvolvidos.
• Invocação - O orador pede inspiração (normalmente dirige-se a Nossa
Senhora).
• Argumentação - Corpo do texto; deve ser desenvolvido segundo a
estrutura previamente concebida. A sustentação, no caso, deve ser feita
com passagens da Bíblia. O orador pode, ainda, recorrer a encíclicas
papais e a doutores da Igreja.
• Peroração - Conclusão; momento em que o orador afirma as verdades
morais pregadas ao longo daquele sermão.

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Gregório de Matos (1633-1696)
Mais alto representante do período, o Baiano Gregório de Matos Guerra.
No Brasil colonial Gregório de Matos foi o principal poeta satírico da literatura na
língua portuguesa. Seu apelido era Boca do Inferno devido às grandes sátiras
contra os costumes do povo baiano.
Sua poesia era ácida e pornográfica, embora algumas de suas obras também
apresentassem traços divinos.
Só depois de sua morte é que suas obras foram publicadas pela Academia
Brasileira de Letras. Algumas são:
• Senhora Dona Bahia;
• Ao Santíssimo Sacramento estando para comungar;
• Soneto – Carregado de mim ando no mundo;
• Triste Bahia.

Uma obra marcada por versos críticos e mordazes direcionados a membros da


arquidiocese e a políticos valeram-lhe, além do apelido de "Boca do Inferno", o
desagrado do governador da Bahia, que o baniu para Angola, em 1694,
onde permaneceu apenas por um ano. Voltando ao Brasil, fixou residência
em Recife, lugar em que veio a falecer no ano de 1696.
Tudo o que se conhece da obra poética de Gregório de Matos foi reunido e
publicado pela Academia Brasileira de Letras, no século XX.
Dividida em 6 volumes, a edição da Academia está assim organizada:
• Obra sacra (volume I);
• Obra lírica (volume II);
• Obra graciosa (volume III);
• Obra satírica (volumes IV e V) Obra última (volume VI).

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Sua obra está dividida em:

Poemas líricos
• Temas moralizantes como a transitoriedade da vida e da beleza
• A fragilidade da matéria.
• Dirige-se a mulher realçando - lhe a beleza física.

Sacros
• Sobressai seu senso do pecado, mostrando a fragilidade humana e o temor
diante da morte e da condenação eterna.
• Essa faceta de pecador arrependido aparece na fase final de sua vida, quando o
poeta se encontrava mais próximo da morte.

Satíricos
• Garantiram notoriedade ao poeta, pois não perdoava a ninguém.
• Atacou autoridades, governadores, a sociedade baiana, padres, etc.

É bom conhecer

Aos afetos, e lágrimas derramadas na ausência da dama a quem queria bem

Ardor em firme coração nascido;


Pranto por belos olhos derramado;
Incêndio em mares de água disfarçado;
Rio de neve em fogo convertido.

Tu, que em um peito abrasas escondido;


Tu, quem em um rosto corres desatado;
Quando fogo, em cristais aprisionado;
Quando cristal, em chamas derretido.

Se és fogo como passas brandamente,


Se és neve, como queimas com porfia?
Mas ai, que andou Amor em ti prudente!

Pois para temperar a tirania,

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Como quis que aqui fosse a neve ardente,
Permitiu parecesse a chama fria.

Gregório de Matos. In: SPINA, S. A poesia de Gregório de Matos. São Paulo:


Edusp, 1995

Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado

Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,


de vossa alta clemência me despido;
porque quanto mais tenho delinquido,
vos tenho a perdoar mais empenhado.

Se basta a vos irar tanto um pecado,


a abrandar-vos sobeja um só gemido:
que a mesma culpa, que vos há ofendido,
vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma orelha perdida e já cobrada,


glória tal e prazer tão repentino
vos deu, como afirmais na sacra história.

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,


cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
perder na vossa ovelha a vossa glória.

Gregório de Mattos Do livro: "Livro dos Sonetos", LP&M Editores, 1996, RJ.

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Para Curtir!

Filmes Barrocos

• Lutero, de Eric Till


• Caravaggio, de Derek Jarman
• Palavra e utopia – 2000 - Pe Antônio Vieira
• Sermões, a história de Antônio Vieira
• A Letra Escarlate (1995)
• Aleijadinho - Paixão Glória e Suplício – 2000.
http://literaturanocinema.blogspot.com/2008/08/barroco.html
https://www.lendo.org/filmes-literatura-sala-de-aula/
http://www.portugues.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=402
https://www.acrobatadasletras.com.br/2014/03/filmes-sobre-o-barroco.html

Música Barroca

Johann Sebastian Bach (1685-1750 - Alemanha).


Obras imprescindíveis são: “A paixão segundo São Mateus”, a “Missa em Si menor” e “A arte da fuga”.

Georg Friedrich Händel (1685-1759 - Alemanha).


Obras imprescindíveis são: “O oratório”, “O Messias”, a sua ópera “Giulio Cesare” e as suítes que compõem
a “Música aquática”
Ambos sintetizam em sua música todos os elementos do barroco italiano e francês com as características do
pensamento musical alemão, especialmente a riqueza do contraponto.

Antônio Vivaldi (1678-1741- Itália).


O grande nome do barroco tardio italiano. Seus concertos são fundamentais para os desdobramentos
posteriores, deste que é um dos principais gêneros da música ocidental. Dos seus mais de 500 concertos, o
destaque absoluto é para os quatro concertos que compõem “As quatro estações”.

https://tribunademinas.com.br/especiais/roteiros-jf/26-07-2019/5-compositores-para-conhecer-a-
musica-barroca.html
https://radios.ebc.com.br/caderno-de-musica/edicao/2016-02/conheca-os-principais-nomes-da-
musica-barroca-no-caderno-de-musica

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Pintores Barrocos

Caravaggio (1571-1610)

Judite e Holofernes - 1599

Andrea Pozzo (1642-1709)

Atos de Hércules e sua apoteose


1704-08

Diego Velázquez (1599-1660)

Uma velha cozinhando ovos - 1618

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Rembrandt (1606-1669)

A Lição de Anatomia do Dr. Tulp - 1632

Vermeer (1632-1675)

A menina com um brinco de pérola – 1665

Mestre Ataíde

http://10informadosclita.blogspot.com/2017/06/os-principais-pintores-da-arte-barroca.html

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https://arteref.com/arte/os-7-artistas-brasileiros-barroco/

http://arteclassicaeterna.blogspot.com/2015/09/mestre-ataide-maravilhoso-pintor.html

Bibliografia

AVILA, Affonso. Barroco, Teoria e Análise. São Paulo: Perspectiva. Belo Horizonte: CBBM,
1997.

BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. 2ª Edição. São Paulo: Editora Cultrix,
1978.

COUTINHO, Afrânio. Introdução à Literatura no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Perspectiva, 1969.

CANDIDO, Antonio e CASTELLO, José Aderaldo. Presença da Literatura Brasileira. I - Das


Origens ao Realismo. 8ª Edição. Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 1997.

MOISÉS, Massaud. A Literatura Brasileira através dos textos. São Paulo: Cultrix, 1991.

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