Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
o ocioso triunfa,
o incompetente manda.
Gregório de Matos
Barroco é o termo que serve para designar a arte que surgiu já no fim do século XVI na
Itália e que teve seu auge no século XVIII, espalhando-se posteriormente para outros
países da Europa.
1
• O fusionismo - Fusão das antagônicas visões medieval e
renascentista, na literatura, pela associação entre o racional e o
irracional, entre a razão e a fé.
• O culto do contraste - Como consequência dessa
dualidade na maneira de ver o mundo e interpretar as coisas, o
Barroco tende a aproximar os opostos, destacando o contraste,
ao mesmo tempo em que tenta conciliar extremos como
carne/espírito, pecado/perdão, juventude/velhice, céu/terra,
erotismo/espiritualidade.
• O pessimismo - Como decorrência de uma existência
conflituosa, observa-se o traço pessimista como marca
fundamental em muitos textos e manifestações artísticas do
Barroco. A consciência da fugacidade da vida terrena, mesmo com
aspectos ainda do "carpe diem", confere às obras traços que
revelam tristeza, por oposição à glorificação da vida celestial.
• O feísmo - Decorrência da perspectiva pessimista enfatizada por
muitos autores e do espírito de contraste; é frequente na obra dos
artistas barrocos a preferência por aspectos cruéis, dolorosos e
muitas vezes repugnantes, numa tentativa de mostrar a miséria do
ser humano.
• O rebuscamento linguístico - Uma linguagem trabalhada, cheia
de recursos imagéticos e de figuras de linguagem. Dentre as
figuras, destacam-se as antíteses, como expressão de um mundo
contraditório, e os hipérbatos, inversões linguísticas que valorizam
o torneado frasal.
Temas frequentes na Literatura Barroca
O Homem dividido
*Anjos músicos, detalhe da Assunção de Nossa Senhora, Igreja de São Francisco, Ouro Preto
2
Reformas
• Reforma Protestante - Martinho Lutero (1517 – Alemanha).
• Calvinismo - João Calvino (1532 – França).
• Anglicana - Henrique VIII (1534 – Inglaterra).
A Reforma e a Contrarreforma
Deste encontro, interrompido diversas vezes por causa das guerras na Europa
e por isso só terminado em 1563.
3
Concílio de Trento foi convocado pelo Papa Paulo III, a fim de estreitar a união
da Igreja e reprimir os abusos, isso em 1545, na cidade de Trento, no Tirol
italiano.
4
• As escolas e universidades jesuítas criaram um estilo próprio de arte
e arquitetura: ricamente ornamentadas por querubins e virgens
celestiais, parecem tentar comover o coração da mesma forma que o
pregador buscava seduzir o intelecto.
A ARTE surge, assim, como uma das armas desta renovação, assumindo-a nas
suas características temáticas e formais.
A Igreja Católica quis marcar o contraponto à sobriedade e à iconoclastia do
Protestantismo, levando os artistas a criar obras que se destinavam a emocionar
e a incrementar a devoção mais através das sensações do que da razão.
Além disso, cenas de nus, temas pagãos ou cenas escandalosas foram
proibidas, chegando-se ao ponto de sobrepor discretos panos sobre as
“vergonhas” das figuras nuas pintadas nas paredes da Capela Sistina, no
Vaticano, por mestres como Miguel Ângelo a mando dos papas que antecederam
estes novos tempos.
Nos Estados protestantes, onde as condições sociais foram mais favoráveis à
liberdade de pensamento, o racionalismo e a curiosidade científica do
Renascimento continuaram a se desenvolver.
Já nos Estados católicos, sobretudo na Península Ibérica, desenvolveu-se o
movimento chamado Contrarreforma, que procurou reprimir todas as tentativas
de manifestações culturais ou religiosas contrárias às determinações da Igreja
Católica.
O Barroco em Portugal
5
do território que estava sob domínio português. Esses fatores foram essenciais
para o surgimento de uma grande crise econômica, política e social no país.
Assim, Portugal estava sob o domínio espanhol e lutava pela independência, que
somente conquista em 1640.
Características do Barroco
• Exagero e minúcia nos detalhes;
• Temática religiosa e profana;
• Dualidade e complexidade;
• Uso de figuras de linguagem;
• Contrastes e conflitos;
• Teocentrismo versus antropocentrismo;
• Cultismo e conceptismo.
Autores e obras
Os principais autores do barroco português foram:
▪ Padre Antônio Vieira (1608-1697): Sermão de Santo António
aos Peixes (1654), Sermão da Sexagésima (1655), Sermão do
Bom Ladrão (1655).
▪ Padre Manuel Bernardes (1644-1710): Pão Partido em
Pequeninos (1694), Luz e Calor (1696), Nova Floresta (1706).
▪ Francisco Manuel de Melo (1608-1666): Carta de Guia de
Casados (1651), Obras Métricas (1665), Apólogos Dialogais
(1721).
▪ Francisco Rodrigues Lobo (1580-1622): O Pastor Peregrino
(1608), Condestabre (1609), A Corte na Aldeia (1619).
▪ Soror Mariana Alcoforado (1640-1723): Cartas Portuguesas
(1669).
▪ Antônio José da Silva (1705-1739): Vida do grande D. Quixote
de la Mancha e do gordo Sancho Pança (1733), Labirinto de
Creta (1736), Guerras do Alecrim e da Manjerona (1737)
▪
6
O Barroco no Brasil
7
O cultismo e o conceptismo.
Os escritores barrocos abusam do jogo de palavras (cultismo) e do jogo de
ideias ou conceitos (conceptismo).
No interior da estética barroca, observam-se, pois, duas tendências distintas:
Nuno Marques Pereira (1652 – 1728) - Era padre e escritor. Sua única obra
registrada foi “Compêndio Narrativo do Peregrino da América”, que ficou
8
famosa durante o Período Colonial e rendeu outras edições. Sua escrita tinha
cunho moralista.
Frei Manuel da Santa Maria de Itaparica (1704-1768) - Frei Manuel ficou
conhecido por sua obra Eustáquidos, de 1769. Sua poesia tinha caráter de
inspiração e religiosidade, além da exaltação da terra e da expressão do
nativismo. Outras obras incluem:
• À Morte De Sua Majestade Fidelíssima;
• A Caça Da Baleia;
• Descrição Da Ilha de Itaparica.
Durante esses quase dois séculos, o estilo dominou as artes de maneira geral e,
na literatura em particular, celebrizou-se o padre Antônio Vieira, detentor da mais
poderosa oratória conceptista do período.
Desde cedo o jovem jesuíta destacou-se no conhecimento das escrituras e em
sua capacidade como orador.
O raciocínio extremamente lógico de Vieira via nos judeus convertidos uma fonte
de riquezas que, bem utilizadas, poderiam auxiliar no processo de Restauração.
9
Ocorre, porém, que a Santa Inquisição não pensava da mesma maneira, e
interpretava a atitude do jesuíta como uma desobediência aos desígnios da
Igreja.
Forçado a exilar-se no Maranhão (1652), Vieira logo engajou-se na defesa dos
índios escravizados pelos colonos portugueses.
Sua volta a Portugal deu-se em circunstâncias políticas desfavoráveis. D. João
IV havia morrido, e o jesuíta, acusado de heresia por profetizar o surgimento do
Quinto Império, foi preso pela Inquisição (1665), condenado a um confinamento
de oito anos e proibido de exercer sua pregação.
Em 1668, Vieira é anistiado e vai à Itália buscar perdão papal. Livre do processo
inquisitorial. Em 1681, decidiu regressar ao Brasil, onde faleceu, em 1697, no
Colégio da Bahia.
É bom lembrar!
Padre Antônio Vieira escreveu aproximadamente 200 sermões, que trata o
assunto de maneira racional, lógica e utiliza retórica aprimorada.
Um dos seus sermões mais conhecidos é o “Sermão da Sexagésima”, o qual é
metalinguístico, já que tem como tema a própria arte de pregar.
10
Gregório de Matos (1633-1696)
Mais alto representante do período, o Baiano Gregório de Matos Guerra.
No Brasil colonial Gregório de Matos foi o principal poeta satírico da literatura na
língua portuguesa. Seu apelido era Boca do Inferno devido às grandes sátiras
contra os costumes do povo baiano.
Sua poesia era ácida e pornográfica, embora algumas de suas obras também
apresentassem traços divinos.
Só depois de sua morte é que suas obras foram publicadas pela Academia
Brasileira de Letras. Algumas são:
• Senhora Dona Bahia;
• Ao Santíssimo Sacramento estando para comungar;
• Soneto – Carregado de mim ando no mundo;
• Triste Bahia.
11
Sua obra está dividida em:
Poemas líricos
• Temas moralizantes como a transitoriedade da vida e da beleza
• A fragilidade da matéria.
• Dirige-se a mulher realçando - lhe a beleza física.
•
Sacros
• Sobressai seu senso do pecado, mostrando a fragilidade humana e o temor
diante da morte e da condenação eterna.
• Essa faceta de pecador arrependido aparece na fase final de sua vida, quando o
poeta se encontrava mais próximo da morte.
Satíricos
• Garantiram notoriedade ao poeta, pois não perdoava a ninguém.
• Atacou autoridades, governadores, a sociedade baiana, padres, etc.
É bom conhecer
12
Como quis que aqui fosse a neve ardente,
Permitiu parecesse a chama fria.
Gregório de Mattos Do livro: "Livro dos Sonetos", LP&M Editores, 1996, RJ.
13
Para Curtir!
Filmes Barrocos
Música Barroca
https://tribunademinas.com.br/especiais/roteiros-jf/26-07-2019/5-compositores-para-conhecer-a-
musica-barroca.html
https://radios.ebc.com.br/caderno-de-musica/edicao/2016-02/conheca-os-principais-nomes-da-
musica-barroca-no-caderno-de-musica
14
Pintores Barrocos
Caravaggio (1571-1610)
15
Rembrandt (1606-1669)
Vermeer (1632-1675)
Mestre Ataíde
http://10informadosclita.blogspot.com/2017/06/os-principais-pintores-da-arte-barroca.html
16
https://arteref.com/arte/os-7-artistas-brasileiros-barroco/
http://arteclassicaeterna.blogspot.com/2015/09/mestre-ataide-maravilhoso-pintor.html
Bibliografia
AVILA, Affonso. Barroco, Teoria e Análise. São Paulo: Perspectiva. Belo Horizonte: CBBM,
1997.
BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. 2ª Edição. São Paulo: Editora Cultrix,
1978.
COUTINHO, Afrânio. Introdução à Literatura no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Perspectiva, 1969.
MOISÉS, Massaud. A Literatura Brasileira através dos textos. São Paulo: Cultrix, 1991.
17