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a AULA 02 - LITERATURA

Prof. Leticia Godoi

HUMANISMO:

O que foi?

→ O humanismo é a nova forma de pensar que dominou o mundo na transição entre a Idade Média
e a Idade Moderna. O controle religioso e a desinformação entram em decadência, cedendo lugar
para a racionalidade humana.

Contexto histórico:

O feudalismo estava em decadência, ao passo que cedia espaço para o desenvolvimento do


capitalismo. Diante disso, havia uma nova classe social muito influente, os burgueses. A burguesia
era emergente de um sistema feudal rígido e estabeleceu suas bases em torno do comércio,
navegação e outras atividades.
Com isso, gradualmente, a mentalidade social foi se transformando. O estereótipo do servo
feudal, que também era submisso às ordens da igreja, passa a se quebrar. Aos poucos,
questionamentos são levantados e novas teorias são formuladas.
O rompimento com a igreja, a partir das Reformas Religiosas são um exemplo do
predomínio da razão humana. Além disso, as grandes navegações e o conhecimento de novos
territórios, domínio de tecnologias mais avançadas e o surgimento do absolutismo reformaram todas
as bases sociais existentes até aquele momento.
A busca pela racionalização e maior responsabilidade do humano pelos seus próprios atos,
levou a valorização da cultura greco-romana. Uma vez que, nessa época, os questionamentos
filosóficos e o poder da razão foram imensamente apreciados.

Características da escola literária:

1. Cientificismo, que é a valorização da ciência, a partir de métodos padronizados e informação


de qualidade;
2. Racionalidade, que é a busca por respostas a partir da razão humana;
3. Antropocentrismo, filosofia em que o homem torna-se o centro de sua própria vida, o que
exclui o papel hegemônico do domínio religioso. Além disso, o corpo humano e as emoções
tornam-se pauta, uma novidade para a época.;
4. Renascimento, também conhecido como busca pelos ideais clássicos, quando a cultura da
Grécia e Roma são retomadas na história. Em textos, essa característica aparece com o nome
de deuses e deusas, por exemplo; e
5. A perfeição e beleza passam a ser um objetivo, nas obras de arte, textos e etc.
Movimentos textuais:

Poesia Palaciana

→ A poesia palaciana era um texto com estrutura elaborada e rebuscamento formal — para isso,
eram exploradas diferentes figuras de linguagem e muitos recursos de sonoridade. Ela tinha grandes
semelhanças com as canções dos trovadores, mas era recitada sem melodias em torno dos palácios
medievais, para a nobreza.

Senhora, partem tão tristes

Senhora, partem tão tristes


meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.

tão tristes, tão saudosos,


tão doentes da partida,
tão cansados, tão chorosos,
da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.

partem tão tristes os tristes,


tão fora de esperar bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.

(João Ruiz de Castelo Branco)

Prosa

→ A prosa no humanismo, é baseada nas novelas de cavalaria, encontradas no trovadorismo. Aqui,


eram escritas crônicas reais ou ficcionais. Esses textos partiam do estudo da vida dos nobres,
principalmente os reis portugueses.

- As crônicas historiográficas eram mais comprometidas com a realidade, com informações


mais objetivas, mesmo que os reis fossem sutilmente exaltados por todas as conquistas do
reino.
O principal cronista da época foi Fernão Lopes, que ficou conhecido por descrever obras de vários
reis, como D. Fernando, D. Pedro I e D. João I.

Teatro

→ O teatro é o gênero textual mais conhecido do humanismo, com seu principal autor: Gil Vicente. O
escritor retrata temas religiosos e humanos, com foco nas dualidades entre as duas formas de
pensamento. Nos Autos, ele tratava sobre temas divinos, nos textos conhecidos como Farsas,
abordava a sociedade portuguesa e seus costumes.

- A obra mais conhecida de Gil Vicente é o Auto da Barca do Inferno, em que são consideradas
duas embarcações: uma que vai em direção ao céu e outra que vai para o inferno. Com
toques de comédia, são questionados costumes dos padres, abordados costumes
inadequados nos membros da Igreja e muito mais.

→ A forma de escrever foi tão famosa e interessante, que existe um tipo teatral com o nome do
autor: o teatro vicentino.

Auto da Barca do Inferno.

DIABO À barca, à barca, houlá!


que temos gentil maré!
- Ora venha o carro a ré!
COMPANHEIRO Feito, feito!
Bem está!
Vai tu muitieramá,
e atesa aquele palanco
e despeja aquele banco,
pera a gente que virá.
À barca, à barca, hu-u!
Asinha, que se quer ir!
Oh, que tempo de partir,
louvores a Berzebu!
- Ora, sus! que fazes tu?
Despeja todo esse leito!
COMPANHEIRO Em boa hora! Feito, feito!
EXERCÍCIOS 02 - Literatura

01. PUC-SP 2008 Gil Vicente, criador do teatro português, realizou uma obra eminentemente
popular. Seu Auto da Barca do Inferno, encenado em 1517, apresenta, entre outras
características, a de pertencer ao teatro religioso alegórico. Tal classificação justifica-se por

a) Ser um teatro de louvor e litúrgico em que o sagrado é plenamente respeitado.


b) Não se identificar com a postura anticlerical, já que considera a igreja uma instituição modelar e
virtuosa.
c) Apresentar estrutura baseada no maniqueísmo cristão, que divide o mundo entre o Bem e o Mal, e
na correlação entre a recompensa e o castigo.
d) Apresentar temas profanos e sagrados e revelar-se radicalmente contra o catolicismo e a
instituição religiosa.
e) Aceitar a hipocrisia do clero e, criticamente, justificá-la em nome da fé cristã.

02. A postura dos humanistas valorizava o que de divino havia em cada homem, induzindo-o a
expandir suas forças, a criar e a produzir, agindo sobre o mundo para transformá-lo de
acordo com sua vontade e interesse.”

→O autor destaca no texto especificamente a característica do humanismo renascentista


denominada

a) Cientificismo
b) Antropocentrismo
c) Igualitarismo
d) Materialismo
e) Messianismo

03. É característica fundamental do Humanismo a valorização do corpo humano. Isso pode ser
observado, no contexto dos séculos XV e XVI, nas:

a) Estruturas das catedrais góticas.


b) Obras dos artesãos das corporações de ofício.
c) Seitas sincréticas, como a maçonaria.
d) Obras dos pintores e escultores renascentistas.

04. Sobre o Humanismo, identifique a alternativa falsa:

a) Em sentido amplo, designa a atitude de valorização do homem, de seus atributos e realizações.


b) Configura-se na máxima de Protágoras: “O homem é a medida de todas as coisas”.
c) Rejeita a noção de que o homem não pode governar seu próprio destino.
d) Fundamenta-se na noção bíblica de que o homem é pó e ao pó retornará, e de que só a
transcendência liberta o homem de sua insignificância terrena.
p
GABARITO

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