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Modo dramático: Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente

1. A partir do que aprendeste sobre Gil Vicente, o seu tempo e a sua obra, completa o texto com as palavras apre-
sentadas abaixo.

dramaturgo cavaleiros Bem Inquisição moralizador 1517 barcas

sociedade cais compilação dramático autos festividades alegóricas

censurados filho D. Manuel Anjo Mal Inferno 1562

O Auto da Barca do Inferno é um texto a) ________________, escrito por Gil Vicente em b) ______________ .
O c) _______________________ foi responsável por animar várias d) ___________________ nas cortes dos reis
e) _______________ e D. João III.
Gil Vicente escreveu diversos f) _______________ em que elaborou um retrato da g) _______________ da
época, utilizando um tom crítico, irónico e h) _______________. Após a sua morte, o i) _______________ publi-
cou uma j) _______________ das suas obras, em k) _______________. Alguns dos textos incluídos nesta obra
não são fiéis às produções originais, pois foram l) _______________ pela m) _______________.
No Auto da Barca do Inferno, as personagens chegam a um n) _______________ , onde se encontram duas
o) _______________. Uma é comandada pelo Diabo e leva para o p) _______________ todos os que pecaram
em vida, a outra é dirigida por um q) _______________ e destina-se apenas aos r) _______________ que luta-
ram por Jesus Cristo e a um pobre de espírito, que não errou por maldade.
O Diabo e o Anjo são personagens s) ____________________________ , que representam, respetivamente,
o t) _______________ e o u) _______________.

2. Identifica os processos de cómico utilizados nas passagens seguintes do Auto da Barca do Inferno.

a) Joane Hou daquesta!


Diabo Quem é?
Joane Eu sô.

b) Joane Ò Inferno? Eramá!


Hiu! Hiu! Barca do cornudo.
Pero Vinagre, beiçudo,
rachador d’Alverca, huhá!

Sapateiro da Candosa!
Antrecosto do carrapato!

c) Frade Tai-rai-rai-ra-rã, ta-ri-ri-rá;


ta-rai-rai-rai-rã; tai-ri-ri-rã;
tã-tã; ta-ri-rim-rim-rã. Huha!
Diabo Que é isso, padre? Que vai lá?
Frade Deo gratias! Som cortesão.
Diabo Sabês também o tordião?
Frade Porque não? Como ora sei!
Diabo Pois, entrai! Eu tangerei e faremos um serão.

Teatro de Gil Vicente, apresentação e Leitura de António José Saraiva, Lisboa, Portugália, s.d.

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3. Tendo em conta o que aprendeste sobre o Auto da Barca do Inferno, completa a tabela seguinte com as infor-
mações em falta, de acordo com o exemplo.

Símbolo(s) Significado do(s) Percurso Grupo que


Personagem Caracterização
cénico(s) símbolo(s) cénico representa

Fidalgo Pajem, rabo (cauda Símbolos de tirania, Diabo Nobreza Tirano, vaidoso, altivo,
do manto), cadeira riqueza, luxo, Anjo infiel, exuberante
de espaldas ostentação Diabo
e falsidade

Onzeneiro

Parvo

Sapateiro

Frade

Alcoviteira

Judeu

Corregedor

Procurador

Enforcado

Quatro
Cavaleiros

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4. Sintetiza agora os argumentos utilizados em cada «cena», como no exemplo.

Cenas Argumentos de defesa Argumentos de acusação Sentença

Fidalgo

Onzeneiro Afirma que a bolsa está vazia Satanás sempre o ajudou; Inferno
e quer voltar à terra para ir o bolsão, mesmo vazio, ocupará o
buscar dinheiro para navio com o seu pecado – a avareza.
a passagem.

Parvo

Sapateiro

Frade

Alcoviteira

Judeu

Corregedor

Procurador

Enforcado

Quatro
Cavaleiros

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Texto épico: Os Lusíadas, de Luís de Camões
1. Relembra as informações sobre a vida de Luís de Camões e o contexto histórico-cultural da época em que viveu.
Assinala as afirmações como verdadeiras (V) ou falsas (F).
V F

a) Humanismo, Classicismo e Renascimento são três conceitos unidos, entre outros aspetos, pelo culto
da Antiguidade.

b) O Renascimento em Portugal não possui uma identidade própria, acompanhando sim as tendências
europeias.

c) O Renascimento é indissociável do aparecimento de um espírito crítico muito apurado e da crença nas


capacidades do Homem.

d) O desejo de realizar uma epopeia portuguesa é anterior aos Descobrimentos.

e) De entre as epopeias greco-latinas, a que mais profundamente influenciou Camões foi a Odisseia, de
Homero.

f) Sabe-se que Luís de Camões nasceu em 1524.

g) A passagem de Camões por Coimbra, onde terá realizado os seus estudos, é atestada por documentos
diversos.

h) A ação central de Os Lusíadas é maioritariamente histórica.

i) A ação central de Os Lusíadas é a viagem marítima de Vasco da Gama.

j) Os deuses da Antiguidade em Os Lusíadas manifestam-se por vezes sob a forma de fenómenos meteo-
rológicos.

k) A união simbólica entre deuses e homens acontece logo no Canto I de Os Lusíadas.

1.1 Transforma as afirmações falsas em afirmações verdadeiras.


____________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________

2. Completa o texto sobre a epopeia com as palavras ou expressões abaixo apresentadas.

unidade in medias res heroicos

Homero Eneida elevado

maravilhoso grego verso

A epopeia é uma narrativa escrita em a) _________________ em que são narrados feitos b) _________________
num estilo c) _________________. Tal como foi definida pelo filósofo d) _______________ Aristóteles, deve pos-
suir e) _________________ de ação, intervenção do f) _________________ (intervenção dos deuses) e o início
da narração dá-se g) _________________ (a meio da ação).
Os primeiros exemplos do género épico são: Ilíada e Odisseia, do escritor grego, h) _________________ (séc. XI a
VII a.C ?), e i) _________________ , do escritor romano Virgílio (séc. I a.C.).

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Cenários de resposta

LEITURA E ESCRITA 2. a) verso; b) heroicos; c) elevado; d) grego; e) unidade; f)


maravilhoso; g) in medias res; h) Homero; i) Eneida.
Géneros jornalísticos (pág. 2)
3. a) cantos; b) estâncias; c) estâncias; d) oitavas; e) oito; f) dez;
1.
g) métricas; h) decassílabos; i) cruzada; j) emparelhada; k) aba-
a) 2;b) 1;c) 2;d) 1;e) 1.
babcc.
1.1
4. a) Proposição; b) assunto; c) herói; d) Invocação; e) inspira-
a) Notícia.
ção; f) D. Sebastião; g) Narração; h) in medias res; i) viagem
b) Reportagem.
marítima para a Índia; j) mitológico; k) deuses; l) Vasco da
c) Crónica, artigo de opinião.
Gama.
d) Crítica.
5.1 As «partes em porfia» são, de um lado, Vénus e Júpiter, os
2.1 Trata-se de um texto assinado pelo seu autor, publicado
apoiantes dos portugueses, e, do outro, o seu opositor, Baco.
numa revista com periodicidade semanal, inspirado num acon-
5.2 Marte apoia Vénus e os portugueses ou pela admiração que
tecimento pessoal.
sente por estes, ou pelo amor antigo que nutre por Vénus.
2.2 O facto de ser assinado pelo autor, estar escrito na primeira
5.3 A hipérbole: «O Céu tremeu, e Apolo, de torvado, / Um pou-
pessoa e abordar um acontecimento pessoal e não de interesse
co a luz perdeu, como enfiado.»
geral.
6.
a) Canto III, Inês de Castro.
Modo narrativo (pág. 3) b) Canto IV, Despedidas em Belém.
1. a) fechada; b) aberta; c) participante; d) não participante; e) c) Canto X, Despedida de Tétis e regresso a Portugal.
objetivo; f) subjetivo; g) direta; h) indireta. d) Canto I, Consílio dos deuses.
2. a) descrição; b) narração; c) descrição; d) diálogo; e) narra- e) Canto IX, Determinação de Vénus.
ção. f) Canto V, Adamastor.
3. Resposta livre. g) Canto IX, Leonardo e a Ninfa na Ilha dos Amores.
h) Canto IX, Trabalhos de Cupido.
Texto dramático: Auto da Barca do Inferno, i) Canto VI, Tempestade Marítima.
de Gil Vicente (pág. 6)
1. Modo lírico (pág. 12)
a) dramático; b) 1517; c) dramaturgo; d) festividades; e) D. 1. a) pereça; b) dar; c) tornar; d) padeça; e) escureça; f) acabar;
Manuel; f) autos; g) sociedade; h) moralizador; i) filho; j) compi- g) ar; h) conheça; i) ignorantes; j) perdida; k) destruiu; l) espan-
lação; k) 1562; l) censurados; m) Inquisição; n) cais; o) barcas; tes; m) vida; n) viu.
p) Inferno; q) Anjo; r) cavaleiros; s) alegóricas; t) Mal; u) Bem. 1.1 As/ pe/sso/as/ pas/ma/das/ de ig/no/ran/tes
2. as/ lá/gri/mas/ no/ ros/to, a/ cor/ per/di/da
a) Cómico de caráter. cui/dem/ que o/ mun/do/ já/ se/ des/tru/iu
b) Cómico de linguagem. 2. Trata-se de um soneto, pois é constituído por duas quadras
c) Cómico de situação. seguidas de dois tercetos. A rima é interpolada, de acordo com
3. Cenário de resposta apresentado na página 31. o seguinte esquema rimático: abba / abba / cde / cde.
4. Cenário de resposta apresentado na página 32. 3. Uma imagem muito negativa, já que amaldiçoa o dia em que
nasceu, ao qual associa catástrofes e calamidades.
Texto épico: Os Lusíadas, de Luís de Camões (pág. 9) 3.1 Por exemplo: « moura e pereça»; « eclipse»; « mostre o
1. Verdadeiras: a), c), h), i), j); Falsas: b), d), e), k), f), g). mundo sinais de se acabar»; « a vida / mais desgraçada que
1.1 b) Por causa dos Descobrimentos, o Renascimento em Por- jamais se viu».
tugal possui uma identidade própria que o distingue; d) O dese-
jo de realizar uma epopeia portuguesa nasce na sequência dos GRAMÁTICA – REVISÕES
Descobrimentos portugueses; e) A epopeia da Antiguidade que Processos fonológicos (pág. 13)
mais influenciou Camões foi a Eneida, de Virgílio; i) A união sim- 1. a) 3; b) 6; c) 10; d) 9; e) 2;f) 1; g) 4; h) 8;i) 5;j) 7.
bólica entre deuses e homens acontece na Ilha dos Amores, a
partir do Canto IX; j) Pensa-se que Camões nasceu em 1524 ou
Processos morfológicos de formação de palavras (pág. 13)
1525; k) Pensa-se que Camões estudou em Coimbra, mas não
1. a) 8, b) 4, c) 6, d) 1, e) 5, f) 6, g) 2, h) 5, i) 7, j) 1, k) 4, l) 8, m)
existem documentos que o atestem.
3, n) 7, o) 3, p) 2.

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Texto Dramático – Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente

3.
Auto da Barca do Inferno, sistematização

Símbolo(s) Significado do(s) Percurso Grupos que


Personagens Caracterização
cénico(s) símbolo(s) cénico representa

Fidalgo Pajem, rabo Símbolos de tirania, Diabo Nobreza Tirano, vaidoso, altivo, infiel,
(cauda do manto), riqueza, luxo, Anjo exuberante
cadeira de ostentação Diabo
espaldas e falsidade
Onzeneiro Bolsão Símbolo da sua Diabo Burguesia Avarento e ambicioso;
atividade e, por Anjo representa a prática de
isso, dos seus Diabo cobrar juros muito elevados
pecados – a (11%)
ambição e a avareza
Parvo Diabo Pobres de espírito Simples e inconsciente, usa
Anjo uma linguagem grosseira
Sapateiro Avental, formas Símbolos da sua Diabo Artesãos Falso católico, ladrão e
atividade e, por Anjo malcriado
isso, dos seus Diabo
pecados
Frade Broquel, espada, Símbolos de uma Diabo Clero Mundano, amante dos
capacete, moça e vida dissoluta e Anjo prazeres
hábito desregrada Diabo
Alcoviteira Virgos postiços, Símbolos de uma Diabo Alcoviteiras Mentirosa, hipócrita,
arcas, armários, vida de falsidade e Anjo bajuladora
cofres, joias, fingimento Diabo
guarda-roupa,
casa movediça,
estrado de
cortiça, coxins,
moças
Judeu Bode Símbolo da sua Diabo Judeus Fanático pela sua religião,
religião avarento
Corregedor Feitos Símbolo da justiça Diabo Funcionários Corrupto, falso católico,
(processos), vara humana, corrupta e Anjo judiciais/ justiça parcial
parcial Diabo
Procurador Livros Símbolo da justiça Diabo Funcionários Corrupto
humana, corrupta e Anjo judiciais/ justiça
imparcial Diabo
Enforcado Baraço (corda ao Símbolo da Diabo Povo Ingénuo, pois foi enganado
pescoço) morte por enfor- Anjo por Garcia
camento Diabo Moniz
Quatro Cruz de Cristo, Símbolos da luta Anjo Cavaleiros das Confiantes e corajosos
Cavaleiros espadas, escudos pela expansão da Cruzadas
religião católica

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4. Síntese dos argumentos

Personagens Argumentos de defesa Argumentos de acusação Sentença

Fidalgo É um fidalgo de solar; tem quem reze por Viveu uma vida de prazeres; deve seguir o Inferno
ele na terra. caminho do pai, que também entrou na
barca do Diabo; é tirano, vaidoso
e despreza os mais fracos.
Onzeneiro Afirma que a bolsa está vazia e quer voltar Satanás sempre o ajudou; o bolsão, mes- Inferno
à terra para ir buscar dinheiro para a mo vazio, ocupará o navio com o seu peca-
passagem. do – a avareza.

Parvo É o próprio Anjo quem destaca a sua sim- Paraíso


plicidade e afirma que não errou por malí-
cia.

Sapateiro Afirma que morreu confessado Morreu excomungado (confessou-se sem Inferno
e comungado; ouviu muitas missas; fez revelar os seus pecados); roubou o povo
donativos à igreja; rezou pelos mortos. durante trinta anos sem qualquer
problema de consciência; as formas que o
acompanham simbolizam o seu pecado.

Frade Julga que o hábito que traz vestido É mundano e folgazão, sabe cantar, dançar Inferno
o salvará; afirma que rezou muitos salmos; e esgrimir.
desculpa-se, afirmando que fez o mesmo
que os outros frades.

Alcoviteira Afirma que salvou as raparigas da pobreza As palavras de Brísida Vaz falam por si. Inferno
e as criou para os cónegos da Sé; é uma Todos os seus argumentos de defesa são,
mártir, pois já foi açoitada várias vezes; no fundo, acusações. O Diabo e o Anjo não
precisam de acrescentar mais nada.
suportou muitos tormentos; fez coisas
divinas.

Judeu O Judeu não chega a ir à barca do Anjo; é o Inferno


Parvo quem o acusa de vários sacrilégios: (a reboque)
profanar sepulturas e comer carne nos dias
de jejum.

Corregedor Afirma que era a mulher quem recebia os Não era justo; aceitou subornos; Inferno
subornos; diz que agiu sempre com justiça enriqueceu à custa dos lavradores.
e imparcialidade e que se confessou (mas
encobriu os pecados).
Procurador Foi corrupto e não se confessou antes de Inferno
morrer.
Enforcado Afirma já ter pago pelos seus pecados, na Não é diretamente acusado, a referência Inferno
prisão e na forca, e que Garcia Moniz lhe ao baraço revela que foi condenado à mor-
disse que ia para o Paraíso. te e acreditou numa falsa doutrina.
Quatro Afirmam ter morrido pela pátria, a Paraíso
Cavaleiros combater os mouros, em nome da fé
Cristã.

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