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TESTE 3

NOME: TURMA: N.O:

Narrativa 2

GRUPO I
PARTE A
Lê o texto. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado.

Sem limites

A geóloga1 Daniela Teixeira subiu duas mon-


tanhas na Índia: Ekdant, por um itinerário2 novo, e
Kartik, nunca antes escalada. Aventura em perfeita
comunhão com a natureza, que a fez questionar tudo
5 aquilo de supérfluo que a rodeia.

Daniela Teixeira escapou a avalanches, tempestades elétricas e outros


fenómenos da natureza. Mas conseguiu. Em maio e junho deste ano, esta
geóloga de 35 anos abriu duas vias de alpinismo na grande cordilheira dos
Himalaias na Índia, por itinerários absolutamente inovadores – zonas de
10 montanha virgem que, ao que se pensa, nunca foram pisadas por algum
humano. Fê-lo na companhia de Paulo Roxo, seu parceiro também de vida, e
de uma «estrela da sorte» que a protegeu até chegar aos cumes de Ekdant (6
100 m) e Kartik (5 115 m).
O que é que mais a emocionou durante as cinco semanas de expedição?
15 «A consciência de que ambas as ascensões dependeram integralmente da
nossa imaginação, do nosso sentido tanto de planeamento como de improviso,
do nosso esforço físico e mental, e, especialmente, do nosso
companheirismo», diz Daniela. «Ultrapassámos os nossos próprios limites e
capacidades».
20 Logo nas primeiras noites, por exemplo, foi apanhada por uma
tempestade elétrica e teve de regressar ao campo base. Andou perdida com
o companheiro durante mais de hora e meia em plena noite, mas não podia
arriscar dormir numa tenda montada junto a uma aresta – zonas perigosas
por onde os raios passam frequentemente. Mais tarde, nessa expedição,
25 também se deparou com neve. Recuou. E por pouco não foi apanhada por
uma avalanche, que Paulo Roxo, na altura um pouco mais atrás, viu passar
literalmente ao lado. A adrenalina faz parte do jogo, assim como o bom
senso, «embora por vezes arrisquemos demais», admite. Mas, sobretudo,
algo maior: o estado de perfeita comunhão com a natureza. «A beleza
30 envolvente supera-nos».

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Daniela não voltou uma pessoa diferente, mas sim mais rica e humilde.
«Aprendi um pouco mais acerca de mim própria e também acerca do Paulo,
e, sobretudo, que a natureza é muito mais forte do que nós. Pode tratar-se do
melhor alpinista do mundo, mas se as condições não o permitirem ele nunca
35 conseguirá escalá-la». Sobretudo, retirou destes dias um grande
ensinamento: em sociedade vivemos com mais de 90% além do que
realmente necessitamos. «Hoje estou bem com o que tenho, mesmo que seja
pouco. Lá em cima vivi feliz com muito menos».
Daniela pensa em desbravar, nos próximos tempos, outras montanhas
40 virgens, na Índia. Onde o seu sorriso brotará não da compra do último modelo
de telemóvel, mas do sentimento de confiança e companheirismo que partilha
com Paulo Roxo e da beleza esmagadora da paisagem.
Sara Raquel Silva, Gingko, n.o 23, setembro de 2010 (texto adaptado)

VOCABULÁRIO
1
geóloga – especialista que estuda a origem e a constituição da Terra.
2
itenerário – percurso, caminho.

Responde aos itens que se seguem.

1. Ordena as frases de (1) a (7), de acordo com a sequência pela qual as (8 pontos)
informações são apresentadas no texto da revista. Repara que a última frase
da sequência já está numerada.
______ Nas primeiras noites de caminhada, a protagonista foi surpreendida
por uma tempestade elétrica.
______ Ao regressar a Portugal, Daniela Teixeira afirmou ter voltado uma
pessoa mais rica e humilde.
___7__ A montanhista pensa escalar, proximamente, outras montanhas virgens
na Índia.
______ Em maio e junho de 2010, a geóloga subiu a duas montanhas da
cordilheira dos Himalaias.
______ Na sociedade atual, vive-se com mais de 90% dos bens indispensáveis.
______ Daniela Teixeira e Paulo Roxo estiveram perdidos em plena noite.
______ Durante a expedição, a geóloga enfrentou neve, tendo de recuar.

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2. Relê a frase. (3 pontos)
«Fê-lo na companhia de Paulo Roxo, seu parceiro também de vida, e de uma
"estrela da sorte" que a protegeu até chegar aos cumes de Ekdant...» (linhas 11-13)
Indica a que se refere o pronome «que».

3. Seleciona, em cada item, a alternativa que permite obter a afirmação (7 pontos)


adequada ao sentido do texto.
3.1. A expressão «supérfluo» (linha 5) pode ser substituída por
a) desnecessário.
b) essencial.
c) importante.
d) inadequado.
3.2. A palavra destacada na frase: «A consciência de que ambas as ascensões
dependeram integralmente da nossa imaginação» deve ser entendida
como
a) em parte.
b) muitas vezes.
c) totalmente.
d) frequentemente.
3.3. Do ponto de vista de Daniela Teixeira, a aventura relatada no artigo foi
a) muito enriquecedora, mas a não repetir.
b) única mas dececionante.
c) inesquecível e uma entre várias a realizar no futuro.
d) diferente mas traumatizante.

PARTE B

Lê o excerto do Cavaleiro da Dinamarca de Sophia de Mello Breyner Andresen.

Todas as portas se abriram, e os homens da floresta reconheceram o


Cavaleiro que rodearam com grandes saudações.
Este penetrou na cabana maior e sentou-se ao pé do lume enquanto os
moradores lhe serviram pão com mel e leite quente.
5 – Já pensávamos que não voltasses mais – disse um velho de grandes
barbas –.
– Demorei mais do que queria – respondeu o peregrino –. Mas graças a
Deus cheguei a tempo. Hoje antes da meia-noite estarei em minha casa.
– É tarde - disse o velho – o dia já escureceu, vai nevar e de noite não
10 poderás caminhar.
– Nasci na floresta – respondeu o peregrino – conheço bem todos os seus
atalhos. Seguindo ao longo do rio não me posso perder.

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– A floresta é grande e na escuridão ninguém a conhece. Fica connosco e
dorme esta noite na minha cabana. Amanhã, ao romper do dia, seguirás o teu
15 caminho.
– Não posso – tornou o Cavaleiro – prometi que estaria hoje em minha
casa.
– A floresta está cheia de lobos esfomeados. Que farás tu, se uma matilha
te assaltar?
20 Mas o Cavaleiro sorriu e respondeu:
– Não sabes que na noite de Natal as feras não atacam o homem?
E tendo dito isto levantou-se, despediu-se dos lenhadores, montou a cavalo
e seguiu o seu caminho. Dirigiu-se para a esquerda procurando o curso gelado
do rio. Mas mal se afastou um pouco da aldeia a neve começou a cair tão
25 espessa e tão cerrada que o Cavaleiro mal via.
– Depressa – pensava ele –, tenho de chegar depressa ao pé do rio.
[…]
Mas o rio não aparecia, e a noite começou a avançar.
O homem parou e escutou.
30 – Era mais prudente voltar para trás – pensou ele –. Mas se eu não chegar
hoje, a minha mulher, os meus filhos e os meus criados pensarão que morri ou
me perdi nas terras estrangeiras. Passarão um Natal de tristeza e aflição. É
preciso que eu chegue hoje.
E continuou para a frente.
35 Agora nenhum ramo estalava e não se ouvia o menor rumor. Os esquilos,
as raposas e os veados já estavam recolhidos nas suas tocas. O cair da neve
parecia multiplicar o silêncio.
E o rio parecia ter-se sumido.
– Talvez me tenha enganado no caminho – pensou o Cavaleiro –, vou
40 mudar de direção. […]
Por mais que se enrolasse no seu capote, o ar arrefecia-o até aos ossos e as
suas mãos começavam a gelar. Já não sabia há quanto tempo caminhava, e a
floresta era como um labirinto sem fim onde os caminhos andavam à roda e se
cruzavam e desapareciam.
45 – Estou perdido – murmurou ele baixinho –.
Então a treva encheu-se de pequenos pontos brilhantes, avermelhados e
vivos.
Eram os olhos dos lobos.
O Cavaleiro ouvia-os moverem-se em leves passos sobre a neve, sentia a
50 sua respiração ardente e ansiosa, adivinhava o branco cruel dos seus dentes
agudos.
Em voz alta disse:
– Hoje é noite de trégua, noite de Natal. E ao som destas palavras os olhos
recuaram e desapareceram.

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55 Mais adiante ouviu-se o ronco dum urso. O Cavaleiro estacou a sua
montada e a fera aproximou-se. Vinha de pé e pousou as patas de frente no
pescoço do cavalo.
O homem ouviu-o respirar, sentiu o seu pelo tocar-lhe a mão e viu a um
palmo de si o brilho dos pequenos olhos ferozes.
60 E em voz alta disse:
– Hoje é noite de trégua, noite de Natal.
Então o bicho recuou pesadamente e grunhindo desapareceu.
E o Cavaleiro entre silêncio e treva continuou a caminhar para a frente.
Sophia de Mello Breyner Andresen, O Cavaleiro da Dinamarca, Figueirinhas, (texto com supressões)

Responde aos itens que se seguem.

4. O texto relata o regresso do Cavaleiro da Dinamarca ao seu país natal, após (5 pontos)
uma longa viagem. Caracteriza, através de um adjetivo, a forma como o
Cavaleiro foi recebido pelos lenhadores.

5. O Cavaleiro quer chegar a sua casa naquela mesma noite, contudo o velho (5 pontos)
lenhador aconselha-o a ficar. Apresenta dois argumentos utilizados pelo velho
de longas barbas para convencer o Cavaleiro.

6. Refere dois contra-argumentos apresentados pelo Cavaleiro para funda- (5 pontos)


mentar a necessidade de partir.

7. A partir do momento em que se afasta da aldeia dos lenhadores, o Cavaleiro (5 pontos)


enfrenta diversos obstáculos.
Indica dois desses obstáculos, mantendo a ordem pela qual aparecem no
texto.

8. A forma como o Cavaleiro vai agindo na sua caminhada pela floresta permite (4 pontos)
caracterizá-lo.
Indica dois traços de caráter do Cavaleiro, visíveis através das suas atitudes.

9. Transcreve uma expressão que permita localizar a ação no tempo. (2 pontos)

10. Uma editora está a organizar duas antologias de textos narrativos com os (6 pontos)
títulos seguintes:
(50 pontos)

Contos e lendas portuguesas Narrativas de autores portugueses

Diz em qual destas antologias incluirias o texto que acabaste de ler, justificando a
tua resposta.

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GRUPO II
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são
dadas.

1. Identifica os advérbios presentes no seguinte excerto. (2 pontos)


«– Hoje é noite de trégua, noite de Natal.
Então o bicho recuou pesadamente e grunhindo desapareceu.»

1.1. Identifica qual o valor semântico de cada um dos advérbios que (2 pontos)
identificaste em 1.

2. Expande as seguintes frases, acrescentando-lhes um advérbio à tua escolha. (2 pontos)

a) O Cavaleiro podia ficar na cabana do lenhador.


b) Um lobo estava à sua frente.

3. Observa as frases e indica a classe e a subclasse das palavras destacadas. (2 pontos)

a) O urso cujos olhos ferozes surpreenderam o Cavaleiro recuou.


b) O bicho que grunhia ruidosamente desapareceu.

4. Completa os espaços seguintes, usando as preposições e contrações presentes (3 pontos)


no quadro.

sem ͻ de ͻ até ͻ à ͻ para ͻ do

O Cavaleiro avançava e _____a)_____ sua frente a escuridão aumentava.


_____b)_____ parar _____c)_____ andar caminhava _____d)_____ junto
_____e)_____ rio e seguiria _____f)_____ encontrar a sua casa na floresta.

5. Estabelece a correspondência entre as duas colunas, de modo a identificar (4 pontos)


corretamente o tipo de sujeito presente nas frases.

a) Ouvia ruídos assustadores. 1) Sujeito simples.


b) Sentia-se a proximidade das feras. 2) Sujeito composto.
c) O Cavaleiro continuou a caminhada. 3) Sujeito nulo subentendido.
d) Os lobos e o urso surgiram no meio da noite. 4) Sujeito nulo indeterminado.

6. Observa os predicados destacados em cada frase e indica o item (de 1 a 5) (5 pontos)


que permite identificar a sua constituição.

1) Verbo + complemento oblíquo


a) O Cavaleiro avançava cautelosamente.
2) Verbo + complemento indireto + complemento
b) Todos gostavam do peregrino.
direto.
c) O lenhador ofereceu-lhe dormida.
3) Verbo
d) Naquela noite, a floresta gelava.
4) Verbo + modificador
e) O Cavaleiro procurava o rio.
5) Verbo + complemento direto
(20 pontos)

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GRUPO III
Escolhe apenas uma das alternativas apresentadas e realiza a atividade. (30 pontos)
Escreve um texto de 180 a 240 palavras.
(30 pontos)
a) O Cavaleiro prometeu voltar na noite de Natal, dois anos depois.
Durante a viagem, fez muitos amigos, conheceu deslumbrantes
cidades e ouviu histórias maravilhosas.
Este excerto do livro de Sophia de Mello Breyner não nos dá a
conhecer o desfecho da situação vivida pela personagem.

Escreve a conclusão desta história.


No teu texto deves:
– ordenar os acontecimentos logicamente;
– caracterizar os sentimentos do Cavaleiro à medida que vai avançando na
floresta;
– introduzir uma expressão conclusiva para finalizar a história.

Ou

b) O Cavaleiro encontra um velho amigo que veio à sua procura, na


tentativa de conduzi-lo à sua casa. No entanto, ao encontrarem-se,
ambos concluem que estão perdidos. Perante tal facto, o Cavaleiro
considera que deverão continuar o caminho naquela noite, mas o amigo
tenta convencê-lo de que será melhor dormirem na floresta e retomar o
percurso quando o dia nascer.

Escreve a continuação da história, incluindo um diálogo entre estas duas


personagens, onde cada uma apresente os argumentos utilizados para
defender os seus pontos de vista.

No teu texto deves:


– respeitar as regras do diálogo;
– introduzir as falas das personagens com verbos como dizer, afirmar, assegurar,
questionar, entre outros;
– usar o vocativo.

FIM

22

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