Você está na página 1de 6

Professor: Adriano Carlos de Moura

Aluno(a):______________________________________________________ Turma: ___________________________

O HUMANISMO

O Humanismo é um movimento literário de transição entre o Trovadorismo e o Classicismo que marcou o


fim da Idade Média e início da Idade Moderna na Europa. Com foco na valorização do homem, ele se destacou
com as produções em prosa (crônicas históricas e o teatro) e poética (poesia palaciana) durantes os séculos XV
e XVI.

As características do humanismo
As principais características do humanismo nas artes e na filosofia são:

Antropocentrismo: conceito filosófico que ressalta a importância do homem como um ser agente dotado de
inteligência e de capacidade crítica. Avesso ao teocentrismo (deus como centro do mundo), esse conceito permitiu
descentralizar o conhecimento que antes era propriedade da Igreja.

Racionalismo: corrente filosófica associada à razão humana que foca na produção de conhecimentos sobre o ser
humano e o mundo, contestando o espiritualismo.

Cientificismo: associado ao racionalismo, esse conceito coloca a ciência em um lugar de destaque. Através do
método científico, ele fomenta as descobertas desse campo a fim de entender os fenômenos naturais.

Antiguidade clássica: os artistas humanistas foram inspirados pelos estudos realizados anteriormente por
pensadores clássicos gregos e romanos, sobretudo pela literatura e mitologia greco-romana.

Valorização do homem: inspirado nos modelos clássicos greco-romanos, houve a valorização do corpo humano
e das emoções do homem. Assim, as artes humanistas focavam nos detalhes que revelassem as expressões e
desejos.

Ideal de beleza e perfeição: aliado ao conceito de valorização dos modelos clássicos, nesse período buscou-se
atingir a perfeição das formas humanas por meio das proporções equilibradas e da beleza perfeita.

O Humanismo em Portugal

O marco inicial do humanismo literário português foi a nomeação de Fernão Lopes como cronista mor do
reino, em 1434. Esse movimento vai até 1527 com a chegada do poeta Sá de Miranda da Itália, quando começa
o Classicismo.
O teatro popular, a poesia palaciana e a crônica histórica foram os gêneros mais explorados durante
o período do humanismo em Portugal.
Dentre os principais autores do humanismo português estão: Gil Vicente, Fernão Lopes e Garcia de
Resende.
Gil Vicente (1465-1536) foi considerado o “pai do teatro português” e sua obra aborda temas religiosos e
humanos. Apesar de possuir uma visão religiosa cristã e moralista, seus textos também apresentam críticas
sociais. Esse autor escreveu diversas peças teatrais chamadas de Autos e Farsas. Os Autos focavam em temas
humanos e divinos, e as Farsas estavam relacionadas com os costumes da sociedade portuguesa da época.

Dentre sua obra de dramaturgia, destacam-se:


Auto da Visitação (1502)
O Velho da Horta (1512)
Auto da Barca do Inferno (1516)
Farsa de Inês Pereira (1523)

Trecho do Auto da Barca do inferno de Gil Vicente


Diabo
— Cavaleiros, vós passais
e nom perguntais onde is?
1.º Cavaleiro
— Vós, Satanás, presumis?
Atentai com quem falais!
2.º Cavaleiro
— Vós que nos demandais?
Sequer conhecermos bem:
morremos nas Partes d'Além,
e não queirais saber mais.
Diabo
— Entrai cá! Que cousa é essa?
Eu nom posso entender isto!
Cavaleiros
— Quem morre por Jesus Cristo
não vai em tal barca como essa!
Tornaram a prosseguir, cantando, seu caminho direito à barca da Glória, e, tanto que chegam, diz o Anjo:
Anjo
— Ó cavaleiros de Deus,
a vós estou esperando,
que morrestes pelejando
por Cristo, Senhor dos Céus!
Sois livres de todo mal,
mártires da Santa Igreja,
que quem morre em tal peleja
merece paz eternal.
E assim embarcam.

Fernão Lopes (1390-1460) foi o maior representante da prosa historiográfica humanista, além de
fundador da historiografia portuguesa. Antes dele, a historiografia de Portugal se resumia aos nobiliários, ou seja,
os livros de linhagem que reuniam as árvores genealógicas dos nobres medievais.
Assim, ele ampliou esse conceito ao escrever obras de grande valor artístico e histórico sobre a história
dos reis de Portugal, das quais merecem destaque:
 Crônica de El-Rei D. Pedro I
 Crônica de El-Rei D. Fernando
 Crônica de El-Rei D. João I

Trecho da crônica El-Rei D. Pedro I de Fernão Lopes


E porquanto el−rei Dom Pedro, cujo reinado se segue, usou da justiça, de que a Deus mais praz que cousa boa
que o rei possa fazer, segundo os santos escrevem, e alguns desejam saber que virtude é esta, e pois é
necessaria ao rei, se o é assim ao povo: vós, n'aquelle estilo que o simplesmente apanhámos, o podeis lêr por
esta maneira.
Justiça é uma virtude, que é chamada toda virtude; assim que qualquer que é justo, este cumpre toda virtude;
porque a justiça, assim como lei de Deus, defende que não forniques nem sejas gargantão, e isto guardando, se
cumpre a virtude da castidade e da temperança, e assim podeis entender dos outros vicios e virtudes.
Esta virtude é mui necessaria ao rei, e isso mesmo aos seus sujeitos, porque, havendo no rei virtude de justiça,
fará leis por que todos vivam direitamente e em paz, e os seus sujeitos sendo justos, cumprirão as leis que elle
puzer, e cumprindo−as não farão cousa injusta contra nenhum. E tal virtude, como esta, póde cada um ganhar
por obra de bom entendimento, e ás vezes nascem alguns assim naturalmente a ella dispostos, que com grande
zelo a executam, posto que a alguns vicios sejam inclinados.

Garcia de Resende (1470-1536) foi o maior representante da poesia palaciana humanista. O escritor publicou em
1516 a obra Cancioneiro Geral, que reúne mais de mil poemas da literatura medieval, de 300 autores diferentes.
A poesia palaciana recebe esse nome, pois era geralmente produzida nos palácios e tinha o intuito de
entreter os nobres. Os temas mais explorados eram religiosos, amorosos e satíricos.
No período literário anterior (trovadorismo), a poesia tinha uma relação forte com a música, no
entanto, com o humanismo, ela se dissocia desse aspecto musical.
Além disso, a poesia palaciana do humanismo inovou nos aspectos formais da produção poética, com o
uso da redondilha maior (versos com sete sílabas poéticas), que conferia maior ritmo e memorização, em
detrimento da redondilha menor (versos com 5 sílabas poéticas).

Trecho da poesia Trova de Inês de Garcia Resende


Qual será o coraçam ó príncepe, meu senhor,
tam cru e sem piadade, me mataram cruamente!
que lhe nam cause paixam
úa tam gram crueldade A minha desaventura
e morte tam sem rezam? nam contente d'acabar-me,
Triste de mim, inocente, por me dar maior tristura
que, por ter muito fervente me foi pôr em tant'altura,
lealdade, fé, amor para d'alto derribar-me;
que, se me matara alguém,
antes de ter tanto bem, pai, filhos nam conhecera,
em tais chamas nam ardera, nem me chorara ninguém.

Os humanistas: autores e obras do humanismo


Os humanistas eram os estudiosos da cultura antiga que se dedicavam, sobretudo, aos estudos dos textos da
antiguidade clássica greco-romana. Todos eles foram influenciados por características do período como o culto às
línguas e às literaturas greco-latinas (modelo clássico).

Dentre os grandes representantes da literatura humanista estão:

Francesco Petrarca (1304-1374) - poeta italiano fundador do humanismo e autor das obras: Cancioneiro e o
Triunfo; Meu livro secreto; Itinerário para a Terra Santa.

Dante Alighieri (1265-1321) - poeta e político italiano, autor das obras: A Divina Comédia; Sobre a Língua
Vulgar; Vida Nova.

Giovanni Boccaccio (1313-1375) - poeta italiano e autor das obras: Decamerão; A canção bucólica; Mulheres
famosas.

Erasmo de Roterdã (1466-1536) - teólogo e filósofo neerlandês, autor das obras: Elogio da Loucura; Manual do
Cavaleiro Cristão; Colóquios.

Thomas More (1478-1535) - escritor e filósofo inglês, autor das obras: Utopia; Tratado sobre a Paixão de
Cristo; Súplica das Almas.

Michel de Montaigne (1533-1592) - filósofo e escritor francês, autor de uma única obra reunida em 3
volumes: Ensaios.

Contexto histórico do humanismo

O humanismo surgiu no século XV na Itália, mais precisamente na cidade de Florença durante o período
do Renascimento Cultural. Por isso, ele também é chamado de Humanismo Renascentista. Esse movimento
intelectual de valorização do homem, influenciou diversos campos de conhecimento (filosofia, ciências,
literatura, escultura, artes plásticas) e rapidamente se espalhou por outros países da Europa.

Homem Vitruviano (1590) de Leonardo da Vinci: símbolo do antropocentrismo humanista

A época renascentista foi um momento de importantes transformações na mentalidade europeia. Alguns fatores
que permitiram surgir uma nova visão no ser humano foram:
 a invenção da imprensa de Johannes Gutenberg, que proporcionou a expansão do conhecimento, antes
controlado pela igreja.
 as grandes navegações e a expansão marítima europeia, que permitiram ampliar os horizontes do
homem europeu.
 a crise do sistema feudal, pois diversas atividades comerciais despontavam, dando início ao
mercantilismo e o uso de moedas de troca (dinheiro).
 o surgimento da burguesia como uma nova classe social, que se consolida com a expansão do comércio
e o desenvolvimento das cidades medievais.

Todas essas mudanças foram necessárias para questionar os velhos valores num impasse desenvolvido
entre a fé a razão. Diante disso, o teocentrismo (Deus como centro do mundo) e a estrutura hierárquica medieval
(nobreza-clero-povo) sai de cena, dando lugar ao antropocentrismo (homem como centro do mundo). Esse
último, foi o ideal central do humanismo renascentista.
Professor: Adriano Carlos de Moura

Aluno(a):______________________________________________________ Turma: ___________________________

O CLASSICISMO
O Renascimento foi movimento intelectual e filosófico que se desenvolveu durante o período entre os
séculos XV e XVI. O antropocentrismo, que significa literalmente “o homem no centro do mundo”, foi o conceito
pelo qual se apoiava este o pensamento filosófico. Na verdade, o pensamento antropocêntrico simboliza uma visão
de mundo que busca uma explicação científica para as coisas e, por isso se contrapõe ao pensamento teocêntrico,
que interpreta tudo como vontade divina.
Esta nova visão de mundo surge quando o sistema feudal começa a entrar em declínio, logo, a posse de
terras passa a perder valor e o comércio será a atividade mais lucrativa. Com o crescimento comercial, surge uma
nova classe social, a burguesia, e o Renascimento reflete essas mudanças.
Em 1527, quando Francisco Sá de Miranda retorna a Portugal, vindo da Itália, trazendo o doce estilo
novo (soneto + medida nova).

Contexto Histórico e Social

• Expansão marítima (caminho marítimo para as Índias; Descobrimento do Brasil etc.)


• Mercantilismo: desenvolvimento do comércio nas grandes cidades a partir do contato comercial com a
Ásia.
• Diversificação dos produtos de consumo na Europa a partir do século XV.
• Migração da população da zona rural para os centros urbanos.
• Crescimento da burguesia.
• Essa nova classe social começa a investir em conhecimento: estudos, ciência e cultura.
• Mecenato: Investimento na produção artística de escultores, pintores, músicos, arquitetos, escritores, etc.
• Reforma Protestante: Martinho Lutero.
• Copérnico: heliocentrismo
• Galileu Galilei: sistema astronômico
• Nicolau Maquiavel: Absolutismo monárquico

CARACTERÍSTICAS DO CLASSICISMO PORTUGUÊS

1- Imitação dos autores clássicos gregos e romanos da antiguidade: Homero, Virgílio, Ovídio, etc.

2- Uso da mitologia: Os deuses e as musas, inspiradoras dos clássicos gregos e latinos aparecem também nos
clássicos renascentistas: Os Lusíadas: Vênus (a deusa do amor) e Marte (o deus da guerra) protegem os
portugueses em suas conquistas marítimas.

3- Predomínio da razão sobre os sentimentos: A linguagem clássica não é subjetiva nem impregnada de
sentimentalismos e de figuras, porque procura coar, através da razão, todas os dados fornecidos pela natureza e,
desta forma expressou verdades universais.

4- Uso de uma linguagem sóbria, simples, sem excesso de figuras de linguagens.

5- Idealismo (O HERÓI CLÁSSICO): O classicismo aborda o homem ideal, liberto de suas necessidades diárias,
comuns. Os personagens centrais das epopeias (grandes poemas sobre grandes feitos e heroicos) nos são
apresentados como seres superiores, verdadeiros semideuses, sem defeitos. Ex.: Vasco da Gama em os
Lusíadas: é um ser dotados de virtudes extraordinárias, incapaz de cometer qualquer erro.

6- Amor Platônico: Os poetas clássicos revivem a ideia de Platão de que o amor deve ser sublime, elevado,
espiritual, puro, não físico. O amor platônico é entendido como um amor idealizado, irreal e fantasioso, onde o
objeto amado é o ser perfeito, detentor de todas as boas qualidades e sem defeitos.

7- Busca da universalidade e impessoalidade: A obra clássica torna-se a expressão de verdades universais,


eternas e despreza o particular, o individual, aquilo que é relativo.

8- Medida nova: substituição da "medida velha" medieval (versos de 5 e 7 sílabas métricas - redondilha menor e
redondilha maior) pela "medida nova", proveniente da Itália (versos decassílabos - soneto).
LUÍS VAZ DE CAMÕES

Luís de Camões (1524-1580) foi um poeta e soldado português, considerado o maior escritor do período do
Classicismo. Além disso, ele é apontado como um dos maiores representantes da literatura mundial.

Autor do poema épico “Os Lusíadas”, revelou grande sensibilidade para escrever sobre os dramas humanos,
sejam amorosos ou existenciais. Pouco se sabe sua vida, portanto, o local e os anos de nascimento e morte ainda
são incertos.
Amor é fogo que arde sem se ver Transforma-se o amador na cousa amada Alma minha gentil
Amor é fogo que arde sem se ver; Transforma-se o amador na cousa amada, Alma minha gentil, que te partiste
É ferida que dói e não se sente; Por virtude do muito imaginar; Tão cedo desta vida, descontente,
É um contentamento descontente; Não tenho logo mais que desejar, Repousa lá no céu eternamente
É dor que desatina sem doer; Pois em mim tenho a parte desejada. E viva eu cá na terra sempre triste.

É um não querer mais que bem querer; Se nela está minha alma transformada, Se lá no assento etéreo, onde subiste,
É solitário andar por entre a gente; Que mais deseja o corpo de alcançar? Memória desta vida se consente,
É nunca contentar-se de contente; Em si somente pode descansar, Não te esqueças daquele amor ardente
É cuidar que se ganha em se perder; Pois consigo tal alma está liada. Que já nos olhos meus tão puro viste.

É querer estar preso por vontade; Mas esta linda e pura semideia, E se vires que pode merecer-te
É servir a quem vence, o vencedor; Que, como o acidente em seu sujeito, Alguma cousa a dor que me ficou
É ter com quem nos mata lealdade. Assim co'a alma minha se conforma, Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Mas como causar pode seu favor Está no pensamento como ideia; Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Nos corações humanos amizade, [E] o vivo e puro amor de que sou feito, Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor? Como matéria simples busca a forma. Quão cedo de meus olhos te levou.

OS LUSÍADAS

Portugal, como foi visto anteriormente, passava por um momento de grandiosidade diante das demais
nações europeias. Esse momento era ainda mais valorizado pelo espírito de nacionalismo que surgia nos séculos
XV e XVI. Motivados com a liderança nas grandes navegações, foram várias as tentativas de fazer uma epopeia
sobre o assunto e, com isso, registrar para a posteridade esse momento de glória.
Os Lusíadas é uma das obras mais importantes da literatura de língua portuguesa e foi escrita pelo poeta
português Luís Vaz de Camões e publicada em 1572. Ela foi inspirada nas obras clássicas a “Odisseia”, de
Homero, e a “Eneida”, de Virgílio. Ambas são epopeias que narram as conquistas do povo grego. No caso dos
Lusíadas, Camões narra as conquistas do povo português na época das grandes navegações.
Os Lusíadas é um poema épico do gênero narrativo, o qual está dividido em dez cantos. É composta de
8816 versos decassílabos (10 sílabas poéticas), 1102 estrofes de oito versos (oitavas). As rimas utilizadas são
cruzadas e emparelhadas.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 *
1. As – ar - mas – e os – ba – rões – a – ssi – na – la - dos A
2. Que da ocidental praia lusitana B
3. Por mares nunca dantes navegados, A
4. Passaram ainda muito além da Taprobana, B
5. E em perigos e guerras esforçados A
6. Mais do que prometia a força humana, B
7. E entre gente remota edificaram C
8. Novo reino, que tanto sublimaram; C

*A última sílaba é átona (fraca), por isso não é contada.

A obra está dividida em 5 partes, a saber:


1. Proposição: introdução da obra com apresentação do tema e dos personagens (Canto I).
2. Invocação: nessa parte o poeta invoca as ninfas do Tejo (Canto I) como inspiração.
3. Dedicatória: parte em que o poeta dedica a obra ao rei Dom Sebastião (Canto I).
4. Narração: o autor narra a viagem de Vasco da Gama e dos feitos realizados pelos personagens. (Cantos
II, III, IV, V, VI, VII, VIII e IX).
5. Epílogo: conclusão da obra (Canto X).

A Epopeia escrita em dez cantos, tem como tema as navegações ultramarinas do século XVI, as grandes
conquistas do povo português e a Viagem de Vasco da Gama às Índias. A mitologia greco-romana a o Cristianismo
são temas recorrentes na obra. No início ele narra sobre a frota de Vasco da Gama que vai em direção ao Cabo
da Boa Esperança. A epopeia termina com o encontro dos viajantes e as musas na Ilha dos Amores. Os principais
episódios da obra são:
 Inês de Castro (Canto III)
 Velho do Restelo (Conto IV)
 Gigante Adamastor (Canto V)
 Ilha dos Amores (Canto IX)

Resumo do Enredo de Os Lusíadas

"Os marinheiros portugueses estão em alto mar e são comandados pelo heroico Vasco da Gama. Eles querem
chegar até a Índia, mas, antes, chegam à ilha de Moçambique. Acabam travando uma batalha com os mouros.
Depois, navegam até a ilha de Mombaça, cujo rei parece amigo.

No entanto, Mercúrio, em sonho, adverte Gama sobre os planos do rei de Mombaça, que planeja uma cilada contra
os portugueses. O herói dá ordens aos marinheiros para içarem velas e fugirem. Em seguida, os heroicos
portugueses aportam no Reino Melinde, cujo rei os recebe cordialmente.

Vasco da Gama então conta para esse rei a história do povo lusitano, traça a genealogia dos monarcas
portugueses e aproveita para “louvar dos meus a glória”. Fala do casamento entre “Anrique” (Henrique), um conde
filho de um “Rei de Hungria”, com Teresa, filha do “Rei Castelhano” D. Afonso, casal que ganhou as terras hoje
conhecidas como Portugal.

O primeiro rei português teve um filho, o príncipe Afonso, que levava o nome do avô espanhol. Mais tarde, o jovem
se tornou rei e empreendeu uma guerra vitoriosa contra os mouros. Sancho I sucedeu ao pai. Depois Afonso II,
ambos reis gloriosos. Porém, o próximo rei, Sancho II, é descrito pelo narrador como “manso e descuidado”.

A dinastia vai sendo mencionada por Vasco da Gama, com detalhes e façanhas de cada reinado, como o dos reis
D. Dinis, Fernando e Manuel, por exemplo. Por fim, ele conta as próprias aventuras até desembarcar ali e receber
a hospitalidade do rei de Melinde. Terminada a narrativa, Gama continua viagem e atinge os “mares da Índia”.

Porém, ainda precisa enfrentar a fúria do mar. E chega finalmente ao destino sonhado: a Índia. Lá, são recebidos
com festa. No entanto, o narrador revela que o propósito dos mouros era “deter ali os descobridores/ Da Índia
tanto tempo que viessem/ De Meca as naus, que as suas desfizessem”.

Gama fica sabendo da intenção dos mouros e parte rumo a Portugal, levando pimenta, noz, cravo e uma rota para
a Índia. Antes de chegarem às terras lusitanas, os conquistadores param em uma ilha e são premiados pelos
deuses com o amor de belas e sedutoras ninfas."

Você também pode gostar