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08/10:
O que é o Ocidente?
Discussão sobre o conceito: coordenadas geográficas, espaço
geopolítico, sistema de valores, referências e modo de estar constituído
por um contínuo histórico de acumulação de experiências e de
conhecimentos, receção e transformação criativa de um legado.
Definir “O que é o Ocidente” implica estabelecermos fronteiras e limites, sendo,
portanto difícil conjugar estas ideias a um tão vasto conceito, visto que se aplica a
tantas culturas diferentes entre si, mas com elementos em comum, que esses sim
valem a pena ressaltar.
A ideia de continuidade, de algo contínuo que perdura acumulando e transmitindo a
experiência, enriquecendo-se, complexificando-se e adaptando. Esta aprendizagem,
fruto das tradições (tradição de traditio, “o que vem de trás”) que o Homem cultiva, ele
próprio uma experiência artificial, de identidade fabricada, um ganho fabricado,
opondo-se à natureza.
A terra dos Ocidentais, é onde o sol se põe. A terra dos Orientais, é onde o sol nasce.
No entanto, esta ideia depende da nossa localização, sendo relativa. Esteve presente
nas conceções representativas do planeta Terra, onde o mundo é plano tendo apenas
três continentes: Ásia, Europa e África. Apenas assim é concebível.
No início, não havia uma admiração pelos orientais, não havia uma oposição. Mas
com o passar do tempo, no segundo milénio a.C., começou a gerar-se uma
progressiva idolatração pelo Oriente, terra das coisas boas, terra das sociedades
complexas, das grandes invenções, do nascimento das primeiras leis, da
domesticação, da agricultura. Nasceu o Ocidente então 3000 anos depois do Oriente,
nasceu o Mundo Cretense/Minoico, antecessor do Mundo Grego. Inspirados pelo
Oriente, pelo Mundo Egípcio, copiando algumas das suas invenções como a moeda, a
escrita.
Os pontos cardeais são pontos de referência para os Ocidentais, o Oriente o Norte são
referências significativas, que perduram até na linguística como desnorteados
(“perdemos o Norte”, como “estamos perdidos”).
12/10:
Leitura e comentário da Introdução de Ph. Nemo O que é o Ocidente?.
Os fundamentos gregos e romanos no "produto" que é o Ocidente: a
invenção da cidade, o primado da lei, da ciência e da escola para os
Gregos, a invenção do Direito, da propriedade privada, da noção de
pessoa, para os romanos, a revolução ética e escatológica do judeu-
cristianismo, nascida no mundo antigo.
Segundo Philippe Nemo, a morfogénese cultural do Ocidente define-se por cinco
acontecimentos essenciais distintos.
Estes são: a invenção da cidade, da liberdade graças ao primado da lei, da ciência, e
da escola pelos Gregos; a invenção do direito, da propriedade privada, da “pessoa” e
do humanismo por Roma; a revolução escatológica da Bíblia, a caridade que
ultrapassa a justiça e a instauração de um tempo linear, o tempo da História e da
escatologia; a “Revolução Papal” dos séculos XI a XIII, que escolheu utilizar a razão
humana nas duas formas da ciência grega e do direito romano, para integrar a ética e
a escatologia bíblicas na história, realizando-se pela primeira vez a primeira verdadeira
síntese entre “Atenas”, “Roma” e “Jerusalém”; e por último, a promoção da democracia
liberal, realizada pelo que se convencionou chamar as grandes revoluções
democráticas (na Holanda, na Inglaterra, nos Estados Unidos e em França, e, depois,
sob uma forma ou outra, em todos os outros países da Europa Ocidental). Sendo o
pluralismo mais eficiente, nos três domínios da ciência, da política e da economia, do
que qualquer ordem natural ou artificial, este último acontecimento deu ao Ocidente
uma capacidade de desenvolvimento sem precedentes, que lhe permitiu gerar a
modernidade.
Estes são momentos de progressão histórica, mas sobretudo cultural, saltos evolutivos
que transformados através de diversos povos no que hoje identificamos como
Ocidente.
O primeiro acontecimento, o “Milagre Grego”, pode ser dividido em três invenções
fundamentais: a invenção da cidade, a invenção da escola e da ciência.
A invenção da cidade, decorre de sucessivos eventos que promovem um progresso
civilizacional, após a queda da civilização micénica (por volta do século XIII a.C.).
Neste contexto, durante a “Idade das Trevas Grega” (desde c. século XIII a.C. até ao
séc. VIII a.C.) surgiram um conjunto de mudanças e de progressos que moldaram a
cidade grega para o futuro do Mundo Grego. Primeiro, houve a perda do poder do rei e
da perda da importância dos palácios como sociedades estruturadas. O poder
transgride para uma base coletiva, deixando de estar somente num rei. Em segundo
lugar, aparece a ágora e a palavra e a razão passam a ser valorizados neste clima
público.
A segunda invenção, a isonomia. Os membros da sociedade, passam a ser visto como
iguais, perante a lei. Ao mesmo tempo, “inventam a religião”, apartir da desvinculação
da religião com a ordem da sociedade, passando a ser um motivo de identidade do
Estado (como a deusa Atenas, que é símbolo da cidade Atena, sendo objeto de culto).
Aparece a noção de nomos, a lei artificial como fonte de ordem social, embora
submetida à mudança e à crítica em prol da melhoria (em detrimento da physis).
A terceira invenção, a ciência surge após a racionalidade crítica e a criação do
conceito de isonomia. A génese desta “pré-ciência” grega poderá estar na aplicação
das mesmas leis aplicadas na sociedade a processos da physis. Físicos como Tales,
Anaximandro e Anaxímenes, provavelmente o fizeram em prol de por em hipótese leis
naturais universais, a que todos os elementos obedeciam.
A quarta invenção, a escola, estabelecida nos tempos de Alexandre “O Grande” e
Aristóteles, com o intuito de ensinar alguma ciência, dedicada a transmitir algo a uma
juventude (o espírito científico).
19/10:
A Geografia do berço da cultura ocidental.
A Grécia geograficamente fica situada na Península Balcânica, no extremo oeste do
continente europeu, ligando-se à Península Asiática pelo estreito de Istambul.
É definida por duas massas terrestres, a Grécia Continental, Grécia Insular e Jónica
(Grécia Oriental, na atual Turquia)
Espaços e Povos.
Os Minoicos.
Arthur Evans.
Arthur Evans, descobriu a civilização minoica, após a descoberta do palácio de
Cnossos na Ilha de Creta. É sobretudo aclamado pela descoberta dos minoicos, a
“mãe civilização europeia”.
Os Micénicos.
H. Schliemman e a historicidade dos Aqueus e de Tróia.
No século XIX, Heinrich Schliemman, um comerciante alemão, vai-se inspirar nos
poemas homéricos para procurar vestígios da cidade de Troia. É um dos pioneiros na
área do estudo aos poemas homéricos, uma vez que na sua época, consideravam-se
fantasiosos, aos mesmo tempo que neste período, está a decorrer a formação da
nacionalidade e da pátria grega (após a independência em 1821).
História.
Por volta do século XVI a.C. provenientes da europa continental (não eram indo-
europeus) ocupam a Grécia continental estabelecendo-se em Micenas, Pilos, Esparta,
entre outras, mas na sua maioria no sul da Grécia. Nos próximos séculos expandem-
se, incorporando os territórios minoicos, dominando e absorvendo as suas técnicas e
algumas das suas características.
No entanto, por volta do século XII a.C. desaparecem, iniciando o período da “Idade
das Trevas Grego”. As causas não são muito claras.
Caraterísticas.
Absorveram o modo de vida dos minoicos, vivam à sua semelhança em palácios. É
uma cultura megalitista (“tudo grande”, desde cidades até muralhas, tudo era em
gigantes proporções) Igualmente absorveram as características da pintura de frescos,
desaparecendo alguns temas (como os marítimos). Eram uma cultura guerreira, mais
continental, e com a principal arte, a ourivesaria e a manipulação do ouro e de metais,
sendo característica da arte funerária (que por sua vez, caracteriza uma sociedade
estratificada, em ordem vertical).
É uma civilização utilizadora de uma forma de escrita mais avançada, o Linear B.
Vestígios.
Existem alguns vestígios da presença micénica, especialmente na parte sul da Grécia,
onde terão tido maior presença.
22/10:
Homero, educador da Grécia e da Europa.
Homero é o primeiro autor da literatura europeia, sendo também uma das fontes da
identidade cultural ocidental, relatando organização política, costumes, valores,
hábitos, que constroem a sociedade micénica. No entanto, este não se identifica nos
poemas que escreve.
Homero é uma “bússola cultural” para os gregos, constrói apartir dos poemas
homéricos ideais e valores ético-morais, e ensina ao seu povo a escrita e a leitura,
sendo a fonte de uma cultura literária por gerações. Os poemas homéricos são os
educadores socioculturais da Grécia Arcaica.
As fórmulas.
Os poemas homéricos contêm igualmente versos em que se evidenciam
fórmulas na forma de rimas. Através da repetição de rimas iguais, que já se sabe que
rimam de certa forma, por exemplo “coração” com “mão”.
Nos poemas homéricos existem igualmente recursos que demonstram a génese
destes na oralidade com o inciso descritivo. É um recurso usado para o poeta
recuperar (o fôlego, a respiração, as ideias, entre outros) divagando, descrevendo um
momento.
Outro recurso é o símile (de parecido/semelhante), começa normalmente com “tal
como…” e acaba com “assim é…”, servindo para comparar uma cena compósita com
outra cena compósita.
Os epítetos.
Outro recurso é um epíteto, uma espécie de intitulação com atributos
distintivos/significativos, com conjuntos adjetivais, que no fundo, servem para o poeta
ir fazendo rimas (usando em conjunto as fórmulas, de modo a acrescentar um
elemento que ajude a rimar).
Por exemplo: “(…) Zeus, senhor da égide.” (Ilíada, Canto XV, v.175)
A métrica e a musicalidade.
Os poemas homéricos são constituídos por hexâmetros dactílicos, 6 pés métricos
(dáctilos, como sequências de uma silaba longa e duas silabas curtas, sendo
sequências deliberadas de silabas breves e longas; como por exemplo: um espondeu
é uma sílaba longa, uma curta e uma longa).
26/10:
Leitura dos versos iniciais do canto I da Ilíada e da Odisseia.
O canto I da Ilíada é uma introdução ao assunto da epopeia. Homero, começa por
pedir a uma Deusa ajuda a cantar a cólera de Aquiles, “Canta, ó deusa, a cólera de
Aquiles,(…)” (v.1). A cólera de Aquiles, advém primeiramente do conflito provocado
pelo rei/comandante dos Aqueus “o Pelida” Agamémnon, que enfurece o Deus Apolo
que lança uma peste sobre o exército aqueu, após este desrespeitar o sacerdote
Crises, “Enfurecera-se o deus/ contra o rei e por isso espalhara entre o exército/ uma
doença terrível de que morriam as hostes,/ porque o Atrida desconsidera Crises, seu
sacerdote.” (vv.9-12). Este desrespeito vem depois de Agamémnon recusar entregar a
filha de Crises (que foi capturada como espólio de guerra), mesmo com um resgate,
“Mas libertai a minha filha e recebei o resgate (…)” (v.20). Este desacordo gerou
atritos entre os exércitos Aqueus e o seu chefe Agamémnon “Então todos os outros
Aqueus aprovaram estas palavras:/ que se venerasse o sacerdote se recebesse o
glorioso resgate./ Mas tal não agradou ao coração do Atrida Agamémnon;/ (…)”
(vv.22-24). O sacerdote retorna, mas na mesma hora ora a Apolo para que solte uma
peste em forma de flechas contra os Aqueus “Assim, foi a sua oração, e ouviu-o Febo
Apolo./ Desceu dos cumes do Olimpo, de coração irado, trazendo aos ombros o arco e
a aljava toda fechada; à medida que ele avançava, as flechas retiniam/ no ombro do
deus enfurecido”(v.43-46). E durante nove dias este lançou flechas “Durante nove
dias, os dardos divinos correram o exército.” (v.53), sendo que no dia seguinte Aquiles
convocou um reunião “Ao décimo, Aquiles convocou o povo para uma reunião:” (v.54).
Nesta reunião, falou-se sobre as causas desta peste lançada, adivinhada por Calcas
Testória, um áugure “(…) mas por causa do sacerdote, que Agamémnon desonrou,/
pois não libertou a sua filha nem recebeu o resgate./ Por isso o deus que acerta o alvo
vos deu e dará ainda sofrimentos,/ e não afastará dos Dânaos o flagelo afrontoso,/
antes que ao pai querido se dê a donzela de olhos negros, sem paga e sem resgate, e
se leve uma hecatombe sagrada/ a Crise: sé então poderemos torná-lo propício e
convencê-lo.”” (vv.94-100). Seguido deste discurso, Agamémnon recusa-se a entregar
Criseida (filha de Crises), “Tenciono, não obstante, entregá-la, se for melhor assim.”
(v.116). Este, ainda tenciona receber um prémio pela sua perda “Mas preparem-me já
um prémio, sem detença, a fim de que não seja eu, /sozinho entre os Argivos
destituído de presente, (…)” (vv.118-119). Aquiles desconsidera o que Agamémnon
disse, dizendo que os prémios já foram divididos igualmente, sendo pago depois da
entrega de Criseida a Crises, “De quantas cidades arrasámos, tudo se repartiu,/ e não
parece bem ir reclamar ao povo o que lhe demos./ Por agora, entrega essa mulher ao
deus; e logo nós, os Aqueus, te pagaremos o triplo e o quádruplo, se algum dia Zeus
nos conceder/ tomarmos a cidade de Troia, de fortes muralhas.” (vv.125-129).
Agamémnon discorda de Aquiles e promete vingar-se de Aquiles, reclamando o seu
prémio, Briseida, “Mas eis do que te ameaço:/ como Febo Apolo me arrebata
Criseida,/ e eu a mando no meu navio com os meus homens, assim eu irei em pessoa
à tua tenda buscar Briseida de rosto formoso,/ o teu prémio, para que saibas bem
quanto mais valho do que tu,/ (…)” (vv.181-185). Agamémnon capturou assim
Briseida, “Assim falou.” (v.188), no entanto, Aquiles munido de raiva acaba por pensar
duas vezes antes de matar Agamémnon pela sua raiva (devido à influência da Deusa
Atena, fazendo-o restringir a sua ira),e em vez disso chama-o à atenção, “Doeu-se o
filho de Peleu, e no seu peito/ viril o coração oscilava-lhe entre duas decisões:/ ou
desembainhava ao longo da coxa a espada aguçada,/ e faria levantar os outros,
enquanto matava o Atrida, (…)” (vv.188-191) “Enquanto deliberava assim no seu
espírito e no seu ânimo,/ e tirava da bainha a enorme espada, desce Atena do céu;
(…)” (vv.193-194), “Vamos! Cessa a tua fúria, não desembainhes a espada com tua
mão./ Ultraja-o com palavras, anuncia-lhe o futuro que o espera./ O que eu te vou
dizer é o que há-de cumprir-se./ Terás um dia três vezes mais presentes esplêndidos,/
por causa desta insolência. Domina-te e obedece-nos.”/ Em resposta, declarou-lhe
Aquiles de pés velozes:/ Força é, o deusa, observar as vossas ordens, por muito irado/
que este esteja o nosso ânimo. (…) logo enfiou a grande espada na bainha, e não
desobedeceu às palavras de Atena; (…)”(vv.210-221). Continua…
O Canto I da Odisseia retrata o assunto da epopeia. Pretende historiar Ulisses, “(…)
do homem fértil em expedientes, que muito vagueou, depois que destruiu a cidadela
sagrada de Troia., / (…)” (vv.1-2). Narra o regresso/retorno de Ulisses à sua terra,
sendo o único herói que não regressou da Guerra de Troia “já então todos os outros,
que haviam escapado à morte ruinosa/ se encontravam em casa, livres da guerra e do
mar. /Só ele, que desejava o regresso e a sua mulher”(v.11-13), Ítaca, e de expulsar
os pretendentes a tomar o seu lugar como rei, como marido e todos os seus bens. No
entanto, o Odisseu estava encarcerado nas grutas da ilha de Ogídia, pela Ninfa
Calipso por esta se ter apaixonado por esta “(…) estava cativo de Calipso, a ninfa
venerável, divina entre as deusas,/ no recôncavo das suas grutas, pois almejava tê-lo
por esposo.” (vv.14-15).
Caraterização de Ulisses: poluthlas "o que muito sofreu"; polumetis "o de mil
astúcias"; polumechanos, polutropos (o de muitas habilidades).
29/10:
Leitura e comentário de: "A beleza de Helena" (Canto III, ll.146-
160); "Noturno" Canto VIII, ll.553-565); "A Taça de Nestor", (Canto XI, ll.632-637);
"Receção a um suplicante" (Odisseia Canto VIII, ll.73-96); "O dever de
hospitalidade" (Odisseia Canto IV, ll.20-64).
O excerto “A Beleza de Helena”, põe em causa a génese da Guerra de Troia. Num
conselho de anciãos “junto de Príamo, Pântoo e Timetes, de Lampo, de Clítio e
Hicetáon, vergôntea de Ares, (…)” (vv.147-149), que discutem se realmente o cativo
de Helena em Troia é uma boa opção e se não seria uma boa opção retorná-la a onde
desta veio (“(…) apesar da sua beleza, que embarque nos navios, que não deixem
aqui para castigo nosso e dos nossos filhos” (vv.159-160)), pondo em causa que era
mais fácil acabar a guerra e poupar o povo de Troia, do que continuá-la para mal
destes e de tanto outros.
O excerto “Noturno”, através do recurso a um símile, compara duas realidades
compósitas, de universos distintos. Compara as estrelas do céu, “(…) como no céu
cintilam (…)”(v.555), com a “(…) luz incandescente (…)” (v.563), das fogueiras acesas
na planície de Ílion.
O excerto “A Taça de Nestor”, confronta a realidade ficcional com provas
arqueológicas, através da descrição da Taça: “(…) ornada de áureos pregos; quatro
eram suas asas, e, à volta de cada uma, duas pombas douradas debicavam alimento;
por baixo, havia dois suportes.” (vv.633-635), diferenciando-se por ter a descrição
ligeiramente alterada, já que não são quatro asas, mas duas asas. Confronta
igualmente a ficção com a realidade através da descrição do esforço quase sobre-
humano de Nestor “Quando estava cheia, a qualquer outro custaria levantá-la da
mesa; o velho Nestor, porém, erguia-a sem esforço.” (vv.634-635).
O excerto “
02/11:
"O Escudo de Aquiles".
Inserido no Canto XVIII da Ilíada, representa um momento de mudança de paradigma
no comportamento de Aquiles. Até este momento, Aquiles está amuado por causa da
morte de seu primo Pátroclo e porque não tem armas para lutar, ficando enraivecido e
furioso.
Neste contexto, Tétis, mãe de Aquiles suplica a Hefesto que fabrique para Aquiles
armas para que possa lutar (“É por isso que estou perante os teus joelhos, na
esperança/ de que queiras dar a meu filho de rápido destino um escudo, um elmo,
belas cnémides bem ajustadas aos tornozelos/ e uma couraça. (…)” (vv.457-460).
Hefesto, aceita realizar esses trabalhos, discursando entre os versos 462 e 467.
Leitura, análise e comentário do excurso descritivo: o trabalho de Hefesto.
Apartir dos versos 467, começa a narração do fabrico da armadura para Aquiles,
através de uma suspensão da narração anterior através da inserção descritiva do
escudo. Começa por descrever os materiais que constituem o escudo, “Lançou para o
fogo bronze renitente e estanho/ e ouro precioso e prata.” (vv.474-475), que
contrastam com a fantasia da narração, atribuindo a esta uma dimensão real, sendo
um escudo parecido a escudos de outros guerreiros, mas feito por um deus.
A Odisseia.
Leitura e análise do episódio de Ulisses e o Ciclope (canto IX) e do
episódio de Ulisses e as Sereias (canto XII).
Ulisses e as Sereias.
05/11:
1.2 A escrita da razão: a prosa científica e historiográfica.
Hesíodo, o homem e a obra: Teogonia.
Hesíodo, um poeta da época de transição da época arcaica para a época clássica
(estando no encontro do “despertar da razão”). Foi educado pelos ensinamentos de
Homero (vai utilizar características formais dos poemas homéricos).
Escreveu os “Trabalhos e Dias” e a Teogonia (teo – deuses; gonia – génese; génese
dos deuses).
Trabalhos e Dias: breve descrição, tema, caraterísticas formais.
“Trabalhos e Dias” foi uma obra escrita por Hesíodo para o seu irmão Perses, para o
ajudar a trabalhar a terra. É uma “espécie” de almanaque para trabalhos agrícola,
provindo informações e conhecimentos sobre a agricultura.
Utiliza o hexâmetro dactílico, influenciado pelos ensinamentos de Homero. Utiliza os
recursos que Homero utiliza, como os epítetos.
09/11:
1.2 A escrita da razão: a prosa científica e historiográfica.
O mito enquanto forma provisória e pré-científica de organização do
conhecimento e de ordenação do mundo.
Antes da criação da ciência, a explicação dos processos incompreendidos pelo
Homem era tomada por mitos, por explicações mitológicas, que tinham como base
conceções religiosas ou mesmo fantasiosas (criativas, imaginativas).
A ciência grega, uma “pré-ciência”, nasce da aplicação de princípios do nomos a
fenómenos naturais, da physis. Assim, dessa forma, os gregos põem hipóteses
(apesar de não serem teorias, por não terem as ferramentas necessárias pra provar as
suas hipóteses) como uma forma de organizar os acontecimentos naturais, como
forma de organizar o conhecimento do mundo e de tentar explicar os processos
naturais, até agora apenas explicados por mitos fantasiosos.
O presente de Hesíodo.
O mito das cinco idades serve como justificação para o presente difícil de Hesíodo, um
presente de condenação vitalícia ao trabalho e aflições diretas.
O Pessimismo existencial.
Hesíodo explicita o seu presente através de um pessimismo existencial,
através de um descrédito, de uma desconfiança, de um pessimismo associado ao
futuro progresso da humanidade.
Marcadores deste pessimismo: desordem das relações sociais e
familiares, inversão dos valores, violência, injustiça.
A Idade de Ferro, a idade de Hesíodo, é marcada pela disnomia. Os homens já
não são os mesmos de antigamente, não há amor entre irmãos, os pais são
abandonados pelos filhos, idosos deixados para morrer à fome. Já não há justiça
clara, já não há o bem como um valor vitalício, mas agora há a mentira, a justiça é a
violência, a vida marcada pela inveja e já não há a vergonha.
12/11:
A prosa filosófica e historiográfica: Xenófanes, Heródoto e Anaxágoras.
Xenófanes e "O elogio da sabedoria".
Xenófanes, é um autor do séc. IV-V a.C. é um autor que pensa por si, reflete
individualmente sobre os assuntos, discordo sobre o que lhe é mostrado, mostra
impiedade, critica conceitos e assim diferencia-se.
No excerto “Elogio da sabedoria”, Xenófanes, critica as conceções do seu tempo, que
considera serem erradamente concebidas. Para Xenófanes, “Pois melhor do que a
força de homens e corcéis é a nossa sabedoria.” (vv.12-13), é mais correto louvar a
sabedoria dos homens do que a força.
Prenúncios de um monoteísmo.
No excerto “Prenúncios de monoteísmo”, Xenófanes argumenta sobre um deus só,
uma espécie de “Deus-Ideia”, um deus sem corpo e espírito, acima de homens e
deuses, responsável por tudo o que acontece no espaço-tempo, seria a fonte de tudo.
Xenófanes, põe em causa o politeísmo grego, afastando da ideia de vários deuses,
propondo a ideia de um único deus.
Para que serve a ciência? "O eclipse previsto por Tales de Mileto e seu
distinto impacto entre Persas e Jónios.
No excerto “O eclipse predito por Tales”, Heródoto, conta a história da guerra entre
Jónicos e Persas que acabou ao fim de seis anos num tratado de paz, após a previsão
de um eclipse.
A ciência de acordo com Tales de Mileto, serve como
Homero e Hesíodo, "inventores" dos deuses, dos seus nomes e das suas
atribuições.
Segundo Heródoto no excerto “Homero e Hesíodo na religião grega”, considera que os
poetas Homero e Hesíodo inventaram os Deuses. Através da invenção da teogonia,
atribuíram aos deuses, nomes e os seus ofícios, e a sua forma.
16/11:
Mitos, Deuses e Heróis na Grécia antiga (conclusão).
Conceitos de iconismo, antropomorfismo e superlativização.
O iconismo é uma característica dos deuses helénicos. É uma prática religiosa que é
associada a dar uma representação física-material a uma entidade, como aos deuses
helénicos.
O antropomorfismo é uma característica dos deuses helénicos. É uma prática religiosa
que designa o ato de dar uma forma física a um deus, ou a deuses de acordo com as
conceções humanas, de acordo com a perceção humana, com características
humanas.
A superlativização é uma característica dos deuses helénicos. É uma característica
que constitui os deuses helénicos, que sobrepõem os deuses em relação ao ser
humano, os deuses são sempre superiores aos seres humanos em qualquer
característica, seja em força, inteligência, altura, entre outras.
Os deuses olímpicos.
Helena e Héracles.
Helena, é uma heroína filha de Zeus e da rainha Leda. A sua maior qualidade era
a sua beleza, sendo conhecido por ser a mulher mais bonita do mundo, durante o
tempo em que viveu.
Hércules, filho do Deus Zeus e de Alcmena. O seu maior atributo era a sua força,
sendo o que o distinguia dos humanos normais.
Os festivais.
4. Polis e Democracia.
Definição do conceito e caraterísticas da Polis.
A pólis é uma unidade política, social e económica, que vive da cooperação entre
aldeias (entretanto uma delas ganha mais relevância, ficando mais urbanizada,
representando as outras nos aspetos principais).
Origens.
As pólis começaram a surgir no século VIII a.C., após os finais da “Idade das Trevas
Grega”.
Organização.
As evidências materiais de urbanismo reveladora de um sistema de vida
organizado em polis: a ágora, um centro urbano.
Os templos.
Simbolizam o poder religiosos numa pólis.
Os lugares do exercício político.
Os espaços para trocas comerciais.
A Polis Ideal
O excerto “Pólis Ideal” refere a opinião de Aristóteles sobre as proporções ideais de
uma pólis, quanto à sua quantidade de grandeza. Se uma pólis for demasiado
pequena não conseguirá alcançar a autarcia, caso seja grande demais terá a
dificuldade de abastecer a sua população, e terá uma constituição representativa,
exercendo-se a democracia indireta e não direta, não sendo um forma ideal de
democracia. Aristóteles defende que há um limite demográfico pra esta forma de
governo. Defende ainda que caso a população seja em demasia, pode haver o risco
de ser usurpadas as leis, exemplificando com metecos e estrangeiros que poderão
passar despercebidos.
A Polis Perfeita
O excerto “Pólis Ideal” refere a opinião de Aristóteles sobre as proporções ideais de
uma pólis, quanto à sua quantidade de grandeza. Se uma pólis for demasiado
pequena não conseguirá alcançar a autarcia, caso seja grande demais terá a
dificuldade de abastecer a sua população, e terá uma constituição representativa,
exercendo-se a democracia indireta e não direta, não sendo uma forma ideal de
democracia, defende que os cidadãos devem ser os suficientes para se conhecerem,
visto que assim sabem quem vai governar. Aristóteles defende que há um limite
demográfico pra esta forma de governo. Defende ainda que caso a população seja em
demasia, pode haver o risco de ser usurpadas as leis, exemplificando com metecos e
estrangeiros que poderão passar despercebidos.
A Polis é o povo
A legitimidade do poder na polis
Contextualização do passo na obra de Sófocles: o dilema em causa: é legítimo
formular uma lei que proíba sepultar um morto?.
Oposição nomos/physis
O desacordo entre nomos (a lei do soberano- a legalidade) e thesmos (os princípios,
os valores, os costumes radicados no respeito aos deuses- a legitimidade).
O excerto “Oposição nomos/physis”, reflete um argumento de Antifonte sobre o
relativismo do Nomos, como lei passível de mudanças, e de crítica. Por esse motivo,
tudo o que não é lei é possível fazer, sendo lacunas possíveis de exercer. A lei para
Antifonte é algo que é possível de transgredir sem testemunhas dos nossos atos, é
apenas efetiva para mais do que uma pessoa. Contrariando, da lei natural, da physis é
impossível escapar ou criar lacunas, porque são necessidades universais, produzidas
sem ter controlo.
O primado da lei na pólis: a oposição nomos/physis (natureza): o conceito de nomos é
obra dos cidadãos, um contrato, uma convenção procurada entre cidadãos em função
do que é belo, justo e útil: a procura do bem comum.
Importância da lei
/11:
A pólis, comunidade perfeita para a Hélade.
A pólis é uma unidade harmoniosa, organicamente organizada, existem instituições
que gerem e governam a vida política.
23/11:
A democracia Ateniense: contextualização histórica: fatores internos - A
instabilidade na Pólis ateniense do séc. VII-VI.
Sólon, o legislador, e a instituição da liberdade sob a lei num regime político
de contornos aristocráticos.
Sólon, um legislador do séc.VI a.C, institui a
A procura de equilíbrios, a aplicação da justiça (eunomia) e o alívio das
condições de vida dos mais pobres entre os cidadãos.
As reformas políticas de Clístenes e a assunção da igualdade entre os
cidadãos.
Fatores externos: As Guerras Medo-Persas e a resposta dos Gregos à ameaça
Persa.
A vitória dos Atenienses em Maratona (490) e Salamina (480).
Democracia e sucesso militar: a orientação de Temístocles na preparação da
armada ateniense.
O aumento da base censitária dos cidadãos.
Séc. V 508/7- 406 a.C. - o século do apogeu de Atenas, nos planos
económicos, culturais e artísticos.
O século V a.C. é o século de ouro de Atenas, é o século de Péricles, durante este
período, Atenas é a cidade mais rica, a cidade mais poderosa e a cidade com a maior
importância cultural-artística.
Bibliografia
*José Ribeiro Ferreira, Civilizações Clássicas I Grécia, Univ. Aberta, 1996: 135-160
*IDEM, A Grécia Antiga, Ed. 70, Lisboa, 1992: 85-125 “A democracia ateniense. A
busca da igualdade”
Links para o material vídeo exibido
Greek Direct Democracy: https://www.youtube.com/watch?v=dj5VZ0tUhOg
Ancient Greek Democracy - https://www.youtube.com/watch?v=D9xz2zLjfnk
Pede-se aos estudantes que vejam em casa: https://www.youtube.com/watch?
v=dj5VZ0tUhOg
26/11:
Alexandre e a oikoumene helenística.
A cultura helenística, um mundo global.
A universalização do Helenismo
2. O mundo romano: formação e caracterização do modelo imperial,
sociedade e valores.
Após a morte de Alexandre “O Grande” em 323 a.C., o seu império helenístico é
subdividido em reinos helenísticos. Roma vai se fundir num desses reinos.
Roma, referências sumárias sobre a história e o espaço da civilização
romana.
03/12:
O estado romano e as formas de organização política: a monarquia; a
república; o principado.
Panorâmica resumida sobre a cronologia e o espaço da civilização
romana. A era A.V. C. (Ab Urbe Condita - desde a fundação de Roma).
Periodização de acordo com os regimes políticos: 753-509 a.C.
Monarquia.
A Monarquia perdura entre 753-509 a.C., sendo Rómulo, o fundador de Roma, o
primeiro rei.
Não se sabe muito bem sobre os seguintes reis de Roma, não há vestígios suficientes
para poder provar as suas existências.
material de apoio: ver PBDias tpI: mapas e esquemas dos regimes políticos. Ver
Cronologia do mundo romano.
Bibliografia:
Pereira, M. H. "A Lei das XII tábuas", Estudos de História da Cultura Clássica, t. II
Roma, FCG.
TP1 "História del Alfabeto", em especial Alfabeto Grego- alfabeto etrusco e latino.
TP1 PBDias José Ribeiro Ferreira "A República em Roma"
Consultar JL Brandão, História de Roma, desde as Origens até à Morte de Júlio César
https://digitalis.uc.pt/en/livro/hist%C3%B3ria_de_roma_antiga_volume_i_das_origens_
%C3%A0_morte_de_c%C3%A9sar
10/12:
II Roma
Valores tradicionais romanos e helenização: experiências de simbiose
(Cícero, Virgílio, Horácio)
Autores do período final da República (à exceção de Políbio, que é do meio da
República)/ primeiros anos do Principado como Cícero, Virgílio Horácio são do período
augustano testemunhando
Cidades, administração e vida quotidiana no império romano:
a romanitas no Ocidente
15/12:
Conteúdo: Roma e a Helenização: experiências de simbiose.
Os testemunhos de Virgílio e Horácio.
Virgílio, Tito Lívio e Cícero viveram numa época de período final da
república/início do Império. Por esse motivo, beneficiam do contacto da cultura
romana com os reinos helenísticos, resultando numa experiência de assimilação
(“simbiose num mundo clássico” – ligação da cultura grega e romana, integrar
como um ganho).
Virgílio, foi um poeta da Corte de Augusto (séc.I d.C – 8 séculos após a fundação de
Roma) que compôs três obras com fonte de inspiração os modelos gregos.
Material de apoio: TP1 PBDias Virgílio Eneida Cortejo dos heróis romanos. O escudo
de Eneias.
"Cortejo dos Heróis romanos" Eneida, VI 760-798: Uma antevisão da
história romana proporcionada por Anquises: Eneias, Rómulo e Augusto César,
três homens e a partilha do mesmo destino enquanto líderes de um povo.
A vocação para reger uma cidade e para reger um império.
17/12:
Tito Lívio, Ab Urbe Condita.
Tito Lívio foi o Historiador de Roma, escreveu a História de Roma até ao seu tempo,
desde a fundação de Roma, centrada nos seus protagonistas.
O mesmo labor.
Horácio Cocles.
Múcio Cévola.
Heróis da revolta contra a monarquia.