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Do mito à razão

O nascimento da filosofia
Introdução
Em sentido lato, a filosofia é
propriedade de toda humanidade. No
oriente, por exemplo, temos a
presença de vários sábios: Confúcio
na China; Buda na Índia; Zaratustra na
Pérsia etc.
No entanto, o pensamento
desses sábios está
fortemente atrelado ao
pensamento religioso e, por
isso, difere-se da
consciência filosófica.
Como aconteceu a
passagem da
consciência mítica
para o pensamento
filosófico
Quais são as diferenças entre
Filosofia e mito

Podemos apontar três como


as mais importantes
1- O mito pretendia narrar como as coisas eram
ou tinham sido no passado imemorial,
longínquo e fabuloso, voltando-se para o que
era antes que tudo existisse tal como existe
hoje no presente

1- A Filosofia ao contrário, procura se


preocupa em explicar como e por que, no
passado, no presente e no futuro, isto é na
totalidade do tempo, as coisas são como são
2- o mito narrava a origem através de
genealogias e rivalidades ou alianças
entre forças divinas sobrenaturais e
personalizadas.

2- a Filosofia ao contrário explica a


produção natural das coisas por
elementos e causas naturais e impessoais
3- O mito não se importava com
contradições, com o fabuloso e o
incompreensível, não só porque estes
eram traços próprios da narrativa
mítica, como também porque a
confiança e a crença no mito vinham
da autoridade religiosa do narrador.
3- A Filosofia, ao contrário, não admite
contradições, fabulações e coisas
incompreensíveis, mas exige que a
explicação seja coerente, lógica e
racional: além disso, a autoridade da
explicação não vem da pessoa do
Filósofo, mas da razão, que é a
mesma em todos os seres humanos
Condições Históricas para o
surgimento da Filosofia

As viagens
marítimas:
produziram o
desencantamento
ou a
desmistificação
do mundo
A invenção do calendário:
percepção do tempo como algo
natural e não como poder divino
e incompreensível
O surgimento da
vida urbana:
novas classes
patrocinavam e
estimulavam as
artes,
conhecimento,
técnicas,
favorecendo um
ambiente onde a
filosofia poderia
surgir.
A escrita alfabética

No antigo Egito, o termo Hieróglifo significava sinal divino. Na


Grécia, tratando de assuntos do Estado, a escrita passa a ser
divulgada na praça pública, libertando-se da religião.
Invenção da primeiras moedas utilizadas na
Grécia

A moeda é sobretudo um artifício racional e abstrato. Seu


advento impulsionou a atividade mercantil e é um precursor do
pensamento filosófico.
A invenção da política

Grandes
legisladores
marcaram a
história do
mundo grego
SOLON

Fato importante é mutabilidade das leis. As normas que regem a sociedade


podem sofrer transformações. Assim também é o pensamento filosófico: um
pensamento sujeito à mudança.
O mito na Grécia

Os principais poetas autores e


compiladores dos mitos foram
Homero e Hesíodo. Em seus poemas,
a temática dominante é encontrada no
surgimento do mundo (cosmogonias)
e dos deuses (teogonias).
Homero: principal autor da tradição mítica
grega

O poeta épico Homero,


busto de mármore,
cópia romana de
original grego em
bronze. Paris, Musée
du Louvre.
Moiras divindades que regem o destino
humano

As Moiras gregas eram três irmãs (Cloto, Láquesis e


Átropos), que determinavam os destinos humanos,
especialmente a duração da vida de uma pessoa.
Uma nova ordem humana

Na perspectiva adotada por nós, o pensamento


filosófico é fruto de transformações históricas
acontecidas no período arcaico (sécs. VII a VI a.C.).
As principais transformações sociais foram:

A invenção da escrita.
O surgimento da moeda.
A lei escrita e o aparecimento do cidadão.
A escrita como expressão do sagrado

Para a maior parte das civilizações antigas, a escrita era uma


forma de comunhão com o mundo divino. A tradição hebraica
conta que Moisés codifica os dez mandamentos, após a
revelação divina.
Grécia berço da democracia
Péricles foi o
grande líder da
Democracia
ateniense. Com a
democracia surge
o conceito de
isonomia: igual
participação de
todos cidadãos no
exercício do
poder.
A importância da polis enquanto espaço de
discussão

A originalidade das cidades gregas se dá pelo


surgimento da ágora: praça pública onde os
problemas de interesse coletivo são debatidos.
Mito e filosofia continuidade e ruptura

Mitologia e filosofia estabelecem


relações de continuidade e ruptura.
De certa forma, a filosofia é herdeira
do pensamento mítico, porém o
retoma a partir de uma nova
abordagem.
Uma das principais característica
do pensamento mítico é o caráter
repetitivo de suas narrativas.
A filosofia enfrenta, num
primeiro momento, questões
semelhantes às investigadas pela
mitologia.
No entanto, a filosofia é um
pensamento original por dois
motivos principais: valoriza a
razão (pensamento crítico) e
considera uma pluralidade de
respostas para um mesmo
problema.
Conclusões
No mito há pouco espaço para o
questionamento. A filosofia questiona
o mundo, valorizando a
problematização das questões
encontradas.
Enquanto no mito a inteligibilidade é
dada, na filosofia é procurada.
O mito recorre ao sobrenatural para
explicar os fenômenos. A filosofia se
volta para o natural.
A filosofia é um pensamento coerente,
rigoroso, reflexivo e abstrato.
A filosofia herda vários problemas que
têm sua origem no mito. No entanto, a
investigação filosófica elege a razão e a
reflexão como guia.

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