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MARQUES,
Danusa. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Ciência (ABCP). 2018-2020. Disponível
em: <https://qualitativedatarepository.github.io/dataverse-
previewers/previewers/PDFPreview.html?
fileid=3910617&siteUrl=https://dataverse.harvard.edu&datasetid=3910614&datasetversion=
10> Acesso em: dezoito de Março de dois mil de vinte.
A entrevistada, Marilde Loiola de Menezes começou a graduação pela área de
administração, atualmente é doutora em Sociologia pela École des Hautes Études en Sciences
Sociales, Paris, França. Pós-doutorado em Teoria e Filosofia da História, Centre Louis-
Gernet de Recherches Comparées sur les Sociétés Anciennes (CLG RCSA), EHESS, Paris,
França. Pesquisadora Convidada pelo CERI-Sciences-Po, Paris. Professora Associada do
Instituto de Ciência Política, Universidade de Brasília, tendo interesse na área de teoria
política com ênfase nos seguintes temas: justiça e cidadania; ética e política. Sua linha de
pesquisa: Justiça e Cidadania, que tem como objetivo em estudos das relações entre justiça e
cidadania a nível da leitura nacional e internacional tendo como estudo de caso do Brasil
contemporâneo. No ano de 2007 foi eleita para a direção do Instituto de Ciência Política
(UNB) e permaneceu no cargo até o ano de 2015. Também tem projetos de pesquisas
voltadas: Os usos e apropriações do conceito de cidadania no campo político brasileiro
(2012); Programa Centros Associados para o Fortalecimento da Pós-Graduação Brasil-
Argentina (CAFP-BA) (2011-2015); Dimensões Históricas do conceito de cidadania (2011);
O Ministério Público na Democracia Brasileira (2008-2010) e Ética e Política nos antigos e
modernos (2007-2008).
No período de sua gestão no comando do instituto de ciência política, foi
implementado o Programa Reuni (Reestruturação e expansão das Universidades Federais)
criado na época do governo de Luis Inácio, que permitiu que fossem contratados mais
professores de ciência política na Ipol. No início de seu mandato, houve a primeira seleção de
turma de doutorado em ciência política, lógico que através vinham várias dificuldades como
os recursos financeiros que eram destinados a área de pesquisa, mas ao final tudo deu certo.
Depois de terminar o seu doutorado na França voltou para Brasília, onde foi inserida no Ipol,
lecionou a matéria de Teoria Política Clássica. Foi exatamente a partir desse período que ela
intensificou suas pesquisas na área dos clássicos da antiguidade. A partir daí, dedicou-se à
formação, confortando cursos de leitura sobre a filosofia política de Hannah Arendt.
Posteriormente, foi para a área de pesquisa sobre cidadania, do ponto de vista da filosofia
política, seguindo os pensamentos políticos de Maquiavel. Hodiernamente, Menezes está
desenvolvendo pesquisas em relação ao Judiciário, mapeando a produção científica sobre
Judiciário na área específica da Ciência Política. Ademais, o Judiciário era pesquisado de
forma mais expressiva na área do Direito. Atualmente, a ciência política tenta dar mais
êxtase ao Judiciário assim como no Legislativo, e no Executivo. No decorrer desse processo
Menezes voltou à literatura do judiciário através do pensamento clássico de Stuart Mill. Foi
através desses estudos que Menezes concebeu que Mill foi um dos precursores nos estudos
voltados sobre a sujeição das mulheres, o que de fato coloca o autor como um dos pioneiros a
apresentar um corte de gênero em suas discussões.
Outrossim, o que chama a atenção na trajetória profissional de Menezes, em que ela
se divide entre os estudos e os deveres domésticos. Verdadeiramente, ela seguiu um caminho
bastante convencional que era habitual em relação às mulheres daquele período, onde ela teve
uma grande sorte de poder fazer suas escolhas profissionais. Ela declara na entrevista que no
período em que ela e sua família viviam em Paris, dividiam-se nos estudos do doutorado e
nas educações dos filhos. Em um certo momento na entrevista Menezes cita:
Somente quando voltamos para o Brasil, em 1995, é que tive condições de
dar início à minha vida profissional acadêmica. Durante todo esse tempo,
vamos dizer assim, “eu não trabalhava”. Pois é. Infelizmente era dessa
forma que as pessoas viam o meu trabalho enquanto morava no exterior. E,
também, para não dar muitas explicações, já estava me acostumando a dizer
“sim, eu não trabalho”. (MENEZES; MARQUES, 2018-2019, p.12)
Nesse sentido, uma avantajada parte da sociedade compreende que um trabalho é
meramente aquilo que concebe renda, benefícios para o corpo social e cobranças de impostos.
Outros trabalhos são entendidos como uma opção, ou meramente como uma forma de
passatempo, como é o caso de mulheres que exercem a atividade de dona de casa, a que
estuda, cuidar dos filhos... Mas essa é uma assimilação bastante restringida, e um tanto
injusta com as mulheres que proporcionam suas vidas ao lar e à família. Esse tema abordado
é, essencialmente, cultural. Lamentavelmente esse raciocínio arcaico ainda faz se presente em
uma grande parte da sociedade na qual estamos inseridos, aceitava-se que a mulher era
forçada a cuidar de todas as funções do lar. Assim dizendo, a mulher não fazia por profissão,
por passatempo ou por prazer; fazia porque o corpo social compreendia que esse era o papel
da mulher no mundo. E mesmo posteriormente que a mulher conseguiu os seus direitos de ter
sua liberdade fora daquilo que a sociedade concebia a ela, as obrigações domésticas seguiram
sobre seu comprometimento, caracterizando em sua caminhada dupla de funções.
Quando as mulheres que não são meros estudantes de outra filosofia
das pessoas definir escrevê-lo, não podemos conceber que seja o
mesmo em ponto de vista ou tenor como que composto do ponto de
vista de diferentes masculinos experiência de coisas. . (John Dewey,
1919)