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LICENCIATURA EM HISTÓRIA
Pouso Alegre
2021
BRUNA RIBEIRO
Pouso Alegre
2021
Introdução:
O objetivo das presentes linhas é trazer uma reflexão entre problemas sociais e como a
educação é capaz de mudar esta triste perspectiva, trazendo possibilidades de
emancipação humana, para uma sociedade com cidadãos livres e conscientes, com
maiores possibilidades e horizontes expandidos para superar seus condicionantes,
como o pedagogo Paulo Freire disse. O referencial teórico é baseado nos dizeres do
patrono nacional da educação, sobretudo em seu brilhante livro Pedagogia da
autonomia.
Um dos grandes entraves enfrentados por educadores nos dias de hoje é a falta de
atualização. Sendo assim, enquanto outras áreas da sociedade avançam a passos
largos, professores ainda usam como base para educar os ensinamentos de seus
tempos de educação básica, que por sua vez, também foram replicados da mesma
etapa de quem o educou. Portanto urge sempre um questionamento e uma ruptura com
esse modelo, já que os alunos da atualidade são cada vez mais informatizados,
buscando novas demandas.
Apesar de estas e outras dificuldades serem parte da vivência de muitos, ele defende
que o ser humano tem sempre a capacidade de ir além dos seus condicionantes. É aí
que se vê a importância da atuação cidadã do professor, fazer que um aluno oprimido,
acuado e sofrido não se cale diante da negligência Estatal, mas sim possa falar,
escrever, pintar, cantar e expressar todo essa dor, a ponto de balançar um alicerce, e
mostrar que todos que estão em igual e infeliz condição podem e devem revolucionar.
Ainda falando de revolução, a primeira imagem que costuma vir a cabeça neste âmbito
são as revoluções sangrentas (nem por isso desnecessárias) que a História relata. Mas
isso não quer dizer que toda revolução deve adotar este caráter. Nos dias de hoje elas
vêm em formato de arte, debate, atitudes cotidianas, e o que baseia tudo isso: a
educação. Todos devem ter ciência que este último é resistência ao poder, já que uma
população sem consciência de suas raízes históricas, de erros de seus governantes, e
levada (por que não dizer controlada) por fake news, é facilmente manipulada por
políticos dentre outras pequenas elites ardilosas, que querem explorar as demais
camadas da sociedade, muitas vezes com apoio das próprias, devido à falta de
criticidade e conhecimento das mesmas.
É difícil tratar de emancipação humana no país que mais mata transexuais no mundo,
dados da UFRGS trazem que, em 2020, acontecia um estupro a cada 8 minutos, como
falar de emancipação em um país que exterminou 70% da sua população nativa (dados
do observatório 3 setor) e promove o genocídio negro em periferias? O mais próximo
que todos nesta nação podem chegar perto da emancipação é a consciência e oposição
as barbáries que estão sujeitos dia após dia, e tendo esta, protestar (muito antes de
panelaços ou passeatas) em pequenos atos de gentileza, cidadania e na
responsabilidade social de seus atos ao eleger governantes. Todos esses provêm de
uma educação solidária, empática e humana.
Visto tamanho compromisso que cada licenciado tem em suas mãos ao pisar em uma
sala de aula, é importante que cada um entenda o quanto sua tarefa é mais que uma
mera transmissão de conteúdo, mas sim a formação de um cidadão consciente da sua
força em sociedade. Mais que ensinar a encontrar o x em uma equação ou quando usar
corretamente uma crase, cada educador tem em mãos o futuro de todo um país.
Seria loucura resumir educandos a simples conteúdos, sem os mostrar o gosto pelo
estudo, pela curiosidade, pela criticidade. E isso só pode ser feito na
interdisciplinaridade, trazendo temas transversais da vida cotidiana, desde a creche ao
pós-doutorado. Cabe aí a importância do profissionalismo de saber se unir com
docentes de outros conteúdos quando preciso, e até mesmo de pessoas que estão ao
além dos muros da escola. Por que não trazer um gari para falar das questões da
limpeza de ruas, ou um presidente de ONG para falar de seus animais resgatados?
O psicanalista Carl Jung tem um dizer que exemplifica muito bem o que tem sido dito
no presente texto, diz ele: “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao
tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.” A matemática, a física e a
química são extremamente importantes, mas valores como ética, empatia e respeito são
trazidos, mesmo que de forma implícita, pelas ciências sociais. Sem elas, o homem
seria apenas um cérebro sem sentimentos, já que a leveza, a vontade de viver, a beleza
e a poesia, são pontos cardiais da ciência humana, os quais jamais devem ser
negligenciados, pois são o que tornam o homem um ser, de fato, humano.
Deve ser ressaltado que estes ensinamentos são sempre feitos minunciosamente,
respeitando a idade e o perfil da turma, e que não é uma aula adulta sobre como
proceder no momento íntimos de cada um, mas sim trata dos tópicos acima citados.
Diversas vezes, uma aula sobre o tema traz relatos, denúncias e pedidos de socorro
dos alunos, pois veem nestes momentos um local seguro para trazer suas vivências em
pauta, o que em grande parte dos casos, não é visto em sua própria casa.
As estatísticas não contrariam o que foi dito, como é possível enxergar neste gráfico
que está disponibilizado no site da UFRGS:
Enquanto isso, Fabiana Maranhão afirma no site Nova Escola que menos de 20% das
escolas brasileiras têm educação sexual. Não relacionar estes dados seria uma utopia,
não só é necessário falar sobre sexo, mas também do consentimento, das questões de
gênero, do respeito a diversidade sexual, das denúncias, da culpalidade da vítima, entre
outros assuntos relacionados a sexualidade humana.
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Conclusão
Consoante ao que foi dito, deve-se ter ciência de como a educação é a base da
sociedade, portanto é necessário que cada educador estimule em seus discentes a
capacidade de pensar além do que algumas elites os impõem, sendo ousados e até
mesmo rebeldes, questionadores e jamais conformistas. Os saberes de Freire seguem
atuais, e concordando ou não com suas linhas, é importante que todos docentes o leiam,
criando assim argumentações, sejam elas pró ou contra. É imprescindível que
educadores sejam pessoas de argumentação, eternos estudiosos e leitores, não sendo
omissos e indiferentes a dura realidade de seus alunos, mas sim pessoas que, além de
ter opiniões, tragam estes valores aos seus alunos, cumprindo assim o caráter
transformador da educação.