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Contextualização da Filosofia Grega

A filosofia grega

Parafraseando o dito de Kant, poderíamos dizer que a intuição mítica, sem o


elemento formador do Logos, é ainda “cega”, e que a conceptualização lógica sem o
núcleo vivo “intuição mítica” originária, permanece “vazia”. A partir deste ponto de
vista devemos encarar a história da filosofia grega como o processo de progressiva
racionalização da concepção religiosa do mundo implícita nos mitos. Se o
representarmos por uma serie de círculos concêntricos, a partir da exterioridade da
periferia para a interioridade doo centro, veremos que o processo pelo qual o
pensamento racional toma posse do mundo se realiza na forma de uma progressiva
penetração que vai das esferas exteriores para as profundas e interiores, até chegar, com
Sócrates e Platão, ao centro, quer dizer à alma. (WILLIAM, p.117-118).

A filosofia grega antiga surgiu no século VI a.C. e continuou durante todo o período
helenístico e no período em que a Grécia e a maioria das terras habitadas
por gregos faziam parte do Império Romano. A filosofia foi usada para extrair sentido
do mundo de uma maneira não religiosa. Tratava-se de uma ampla variedade de
assuntos,
incluindo astronomia, matemática, filosofiapolítica, ética, metafísica, ontologia, lógica,
biologia, retórica e estética.

A filosofia grega influenciou muito a cultura ocidental desde a sua criação. Alfred North
Whitehead observou certa vez: "A caracterização geral mais segura da tradição
filosófica europeia é que ela consiste em uma série de notas de rodapé
para Platão". Linhas de influência claras e ininterruptas levam desde os antigos filósofos
gregos e helenistas até a filosofia islâmica primitiva, o escolasticismo medieval,
o renascimento europeu e a era do Iluminismo.

A filosofia grega foi influenciada até certo ponto pela literatura de sabedoria mais
antiga e pelas cosmogonias mitológicas do antigo Oriente Próximo, embora a extensão
dessa influência seja debatida. O classicista Martin Litchfield West afirma que "o
contato com a cosmologia oriental e a teologia ajudaram a libertar a imaginação
dos primeiros filósofos gregos; certamente lhes deu muitas ideias sugestivas. Mas eles
se ensinaram a raciocinar. A filosofia como entendemos é uma criação grega". [4] O
filósofo lituano Algis Uždavinys critica essa afirmação, comparando de forma
acadêmica que a filosofia teria se originado da religião e cosmologia do Antigo Egito,
evidenciada em suas inscrições antigas, e que teria sido transmitida aos pré-socráticos e
a Platão.

As doutrinas de mistério, como o orfismo, os mistérios dionisíacos e eleusinianos,


adotavam elementos derivados de tribos dos períodos homéricos ou de povos
semíticos (como os cananeus e fenícios),[6] devido ao intercâmbio comercial e cultural
do Oriente Próximo com a Grécia, e influenciaram a mitologia grega, a qual, por sua
vez, serviu de base para todo o pensamento filosófico e religioso da Grécia Antiga.[7][8][5]

A tradição filosófica subsequente foi tão influenciada por Sócrates como apresentada
por Platão que é convencional referir-se à filosofia desenvolvida antes de Sócrates
como filosofia pré-socrática. Os períodos seguintes, até e após as guerras de Alexandre,
o Grande, são os da filosofia "grega clássica" e "helenística". (Sócrates (469-399))

Perido ou época da historia da Grecia Antiga

A história da Grécia Antiga está dividida em quatro períodos ou epoca:

1. Homérico (séculos XII - VIII a.C.)


2. Arcaico (séculos VIII - VI a.C.)
3. Clássico (séculos V - IV a.C.)
4. Helenístico (séculos IV - I a.C.)

Período Homérico (séculos XII - VIII a.C.)

As invasões dóricas provocaram um retrocesso das relações sociais e comerciais entre


os gregos.

Em algumas regiões surgiram o genos – comunidade formada por numerosas famílias,


descendentes de um mesmo ancestral. Nessas comunidades, os bens eram comuns a
todos, o trabalho era coletivo, criavam gado e cultivavam a terra.

Tudo era dividido entre eles, que dependiam das ordens do chefe comunitário,
chamado Pater, que exercia funções religiosas, administrativas e jurídicas.
Com o aumento da população e o desequilíbrio entre a população e o consumo,
os genos começaram a desagregar.

Muitos começaram a deixar o genos e procurar melhores condições de sobrevivência,


iniciando o movimento colonizador por boa parte do Mediterrâneo. Esse movimento
que marca a desintegração do sistema gentílico é chamado de 2ª diáspora grega.

O processo resultou na fundação de diversas colônias, entre elas:

 Bizâncio, mais tarde Constantinopla, e atual Istambul;


 Marselha e Nice, hoje na França;
 Nápoles, Tarento, Síbaris, Crotona e Siracusa, conhecidas em conjunto como
Magna Grécia, no sul da atual Itália e na Sicília. (Grécia: cadinho da Civilização
(Documentário p. pessoal) )

Período Arcaico (séculos VIII - VI a.C.)

O Período Arcaico se inicia com a decadência da comunidade gentílica. Nesse


momento, os aristocratas resolvem se unir criando as fratrias (irmandades formadas por
indivíduos de vários genos).

Estas se uniram formando tribos que construíram, em terrenos elevados, cidades


fortificadas denominadas acrópoles. Estavam nascendo as cidades – Estados (pólis)
gregas.

Atenas e Esparta serviram de modelo para as demais polis grega. Esparta era uma
cidade aristocrática, fechada às influências estrangeiras e uma cidade agrária.

Os espartanos valorizavam a autoridade, a ordem e a disciplina e assim, tornou-se um


Estado militarista, onde não houve espaço para a realização intelectual.

Por sua vez, Atenas dominou durante muito tempo o comércio entre gregos e, em sua
evolução política, conheceu várias formas de governo: monarquia, oligarquia, tirania
e democracia. Atenas simbolizou o esplendor cultural da Grécia Antiga. (Grécia:
cadinho da Civilização p. pessoal)

Período Clássico (séculos V - IV a.C.)


O início do Período Clássico foi marcado pelas Guerras Médicas, entre as cidades
gregas e os persas, que ameaçavam o comércio e a segurança das polis.

Após as guerras, Atenas tornou-se líder da Confederação de Delos, uma organização


composta por várias cidades-estado. Estas deviam contribuir com navios e dinheiro para
manter a resistência naval contra uma possível invasão estrangeira.

O período da hegemonia ateniense coincidiu com a prosperidade económica e o


esplendor cultural de Atenas. Nesta época, a filosofia, o teatro, a escultura e a
arquitectura atingiram sua maior grandeza.

Pretendendo impor também sua hegemonia no mundo grego, Esparta compôs com
outras cidades-estado a Liga do Peloponeso e declarou guerra a Atenas em 431 a.C.
Depois de 27 anos de lutas, Atenas foi derrotada. (Grécia: cadinho da Civilização
(Documentário p. pessoal)

Período Helenístico (séculos IV - I a.C.)

Anos mais tarde, Esparta perdeu a hegemonia para Tebas e durante esse período, a
Grécia foi conquistada pelos exércitos da Macedónia e foi incorporada ao Império
Macedónico. Esta época ficou conhecida como período helenístico.

No período helenístico, a cultura dos povos gregos passou a ter uma forte influência do
mundo oriental, por conta das dominações. A fusão da cultura grega com a oriental
recebeu o nome de Cultura Helenística.

A Grécia foi governada pelo imperador Felipe II e em seguida por seu filho Alexandre
Magno, que conquistou um grande império. (Grécia: cadinho da Civilização
(Documentário)

Período pré-socrático

(Tales de Mileto) o século VII ao século V a.C. Caracterizado pela investigação acerca
da physis e pelo início de uma forma de argumentar e expor as ideias;
Os pensadores considerados os primeiros que dão expressão filosófica ao problema
da existência de uma causa suprema de todas as coisas são os filósofos jónios: Tales,
Anaximandro, Anaxímenes, todos eles de Mileto, Ana Ásia menor, às margens do mar
Egeu. Todos eles viveram entre os séc. VII e V a. C. Ainda existem outros que se
preocuparam também com elemento primordial que origina todas as coisas, que são:

 Pitágoras (principio de todas as coisas é a mônada);


 Heraclito (o mundo as coisas estão em cessante transformação);
 Parménides (a única realidade é o ser);
 Empédocles (o ser é imutável porque se na fosse, o mundo já teria deixado de
existir);
 Demócrito (o elemento primordial é constituído pelos átomos);
 Anaxágoras (o ser é constituído de átomos que são corpúsculos
quantitativamente iguais ‒homeomerias).

O período pré-socrático compreende a escola jónica, pitagórica, eleática e pluralista.

A escola jónica recebe esse nome por se referir a filósofos nascidos na Jónia, colónia
grega da Ásia Menor. Caracteriza-se pela pergunta a respeito da origem da natureza,
para determinar o elemento que deu origem a todos os seres. Os principais filósofos
jónicos são Tales, Anaximandro, Anaxímenes e Heraclito.

A escola pitagórica tem seu nome derivado do nome de seu fundador e principal
representante: Pitágoras de Samos. Ele defendia que todas as coisas são números e o
princípio fundamental de tudo seria a estrutura numérica, ou seja, o mundo surgiu
quando precisou haver uma limitação para o ápeiron e essa limitação eram formas
numéricas sobre o espaço. Os pitagóricos faziam uma amálgama de concepções, como
era comum na época. Desse modo, embora racionais e matemáticos, os pitagóricos
também baseavam suas doutrinas em concepções místicas.

Acreditavam que o corpo aprisionava a alma, imortal, e o objectivo da existência seria o


de tornar a alma mais pura. A reencarnação era uma consequência desse pensamento,
pois a cada vida era possível elevar mais as virtudes da alma e reencarnar-se em uma
forma mais elevada. Tinham, portanto, uma visão espiritual da existência. Outros
pensadores importantes dessa escola: Filolau, Arquitas e Alcmeón.
A escola eleática tem o nome derivado da cidade de Eleia, ao sul da Itália, lugar onde se
situaram seus principais pensadores: Xenófanes, Parménides, Zenão e
Melisso. Caracteriza-se por não procurarem uma explicação da realidade baseada na
natureza. Suas preocupações eram mais abstractas e podemos ver nelas o primeiro sopro
de uma lógica e de uma metafísica. Defendiam a existência de uma realidade única, por
isso são conhecidos também como monistas em oposição ao mobilismo (de Heraclito,
principalmente, que acreditava na existência da pluralidade do real). A realidade para
eles é única, imóvel, eterna, imutável, sem princípio ou fim, contínua e indivisível.

A escola pluralista que inclui a escola atomista e os pensadores Anaxágoras e


Empédocles, tem esse nome porque seus pensadores não acreditam na existência de um
princípio único que seja a origem do universo e sim de vários princípios que se
misturam e formam tudo o que conhecemos. Para os atomistas, tudo o que existe é
composto de “átomo” e “vazio” que em um processo contínuo de atracão e repulsão
constituem a realidade existente.

Período antropológico

Os Sofistas: significa sábio, e precisamente sábio em cada um dos problemas que dizem
respeito ao homem e à sua posição na sociedade. O “homem é a medida de todas as
coisas”.

Estes inauguram o período chamado “humanista” da filosofia grega.

Os mestres: Protágoras, Górgias, Pródico.

Do final do século V e todo o século IV a. C., quando a filosofia investiga as questões


humanas, isto é, a ética, a politica e as técnicas (em grego antropos quer dizer homem;
por isso o período recebeu o nome de antropológico).

Sócrates e a fundação da filosofia moral ocidental (o homem é a sua alma; a moral


fundada sobre a alma, o intelectualismo ético; a liberdade, a felicidade; a não-violência;
a teologia, etc.)

Período sistemático
Do final do século IV ao final do século III a. C, quando a filosofia busca reunir e
sistematizar tudo quanto foi pensado sobre a cosmologia e a antropologia, interessando-
se sobretudo em mostrar que tudo pode ser objecto de conhecimento filosófico, desde
que as leis do pensamento e de suas demonstrações estejam firmemente estabelecidas
para oferecer os critérios da verdade e da ciência.

Platão (427 a. C.) discípulo de Sócrates (407- 399 a. C.) fundador e reitor da academia.

Aristóteles (384 a. C.), fundador da Escola peripatética. Foi o primeiro a fazer um


estudo sistemático dos conceitos (isto é, das ideias), procurando descobrir as
propriedades que eles têm enquanto produzidos pela nossa mente como podem ser
unidos e separados, divididos e definidos, e como é possível tirar conceitos novos de
conceitos conhecidos anteriormente

Período Helenístico ou greco-romano

a) Os estóicos e seus expoentes

O estoicismo é um movimento filosófico mais original do período helenístico e também


que teve a duração mais longa: fundado nos fins do século IV a. C, continuou a florescer
até depois do século III d. C.

Os grandes expoentes do estoicismo são:

 Zenão (336-274 a.C.), o fundador e mestre.


 Crisipo (281-208 a. C.), principal sistematizador do pensamento do mestre.
 Epicteto (50-138 d. C.)
 Séneca (4 a. C. -65 d. C.) o maior representante do estoicismo no mundo latino.
 Marco Aurélio (121-180 d. C.) um dos últimos epígonos da escola.

Os Epicuristas

O epicurismo, fundado por Epicuro de Samos (morreu por volta de 260 a. C.).

Como filosofia é essencialmente materialista, mecanicista e hedonista.


Os cépticos

O termo cepticismo vem do sképsis, que significa “investigação”, “procura”; ele quer
indicar mais precisamente que a sabedoria não consiste no conhecimento da verdade,
mas na sua procura.

Os principais expoentes do Cepticismo são: Pírron, Carnéades e Sexto Empírico.

Os Ecléticos

Entende-se por ecletismo a atitude filosófica para a qual a procura da verdade não se
esgota em apenas uma forma sistemática e dedica-se por isso a coordenar e harmonizar
entre si elementos de verdade escolhidos em diversos sistemas

Referências Bibliográficas

MONDIN, Baptista. Curso de Filosofia. 4ª Edição, são Paulo, Edições Paulina,


Vol. I, 1981.
MORA, J. Ferrater. Dicionário de Filosofia. Edições Publicações, Lisboa, 1991.
PADOVANI, Humberto. História de Filosofia, edições Melhoramento, São
Paulo, 1962.
REALE, Giovanni e ANTISERI, Dário. História da Filosofia Antiga Pagã, vol. I,
2004.
WILLIAM, Jaeger. Paideia: A formação do Homem Grego, Arter, Lisboa. S/d.

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