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Origem do Pensamento Ocidental

 Philipe Nemo: “O que é o Ocidente?”

A civilização ocidental pode definir -se pelo Estado de Direito, Democracia,


Liberdades intelectuais, racionalidade crítica, pela ciência e uma economia de
liberdade fundada na propriedade privada (fruto de uma construção histórica).
O Ocidente possui uma cultura liderada por diversos povos.

 Morfogénese (origem morfológica) cultural do Ocidente assenta em 5


acontecimentos essenciais:
1. Invenção da cidade (pólis), da liberdade graças ao primado da lei, ciência e
da escola dos gregos.
2. Invenção do direito da propriedade privada, da pessoa e do humanismo
por Roma: Sendo o direito responsável por regular as relações humanas
(criação de Roma), aplicar ordens que impõem o equilíbrio entre vontades e
pretensões humanas, substituindo a violência. Contudo é importante ter a
noção que quando se adquire JUSTIÇA nem sempre tal se traduz na
capacidade de PROGRESSO ou FELICIDADE, a justiça FRIA poderá originar
profundo sofrimento.
3. A revolução ética e escatológica da Bíblia: caridade que ultrapassa a justiça
e a instauração de um TEMPO LINEAR, o tempo da história e da escatologia.
4. A “revolução papal”: primazia da razão humana, a ciência grega e o direito
romano. Fusão entre a filosofia de Atenas, o direito de Roma e a
espiritualidade de Jerusalém.
5. A promoção da DEMOCRACIA (nascida e formada em Atenas) LIBERAL,
devido a grandes revoluções democráticas (na Holanda, Inglaterra, EUA e
França).

Todos estes pontos encontram os seus fundamentos no mundo grego e


romano. São soluções de continuidade, evolução e não de rutura ou
exclusão. A cultura Ocidental resulta de uma PROGRESSÃO CONTÍNUA.

Grécia evolução através de: - A crise de soberania (Magistrados


substituem o Rei, descentralização do poder, tratou-se de uma adaptação das
pessoas aos recursos ainda existentes);
- O aparecimento de um espaço público (ágora);
- A valorização da palavra e da razão (estrutura social mais
igualitária, implementa/defende o diálogo para o solucionamento dos
problemas. Surge a Negociação, uma particularidade da lei do mundo
Ocidental, necessidade de consenso ((resulta da maioria)) entre as
regras que disciplinam o convívio);
- A igualdade perante a lei (surge um novo homem, o
“cidadão”. Mas o que são os cidadãos? Têm de nascer livres ou não ter
perdido a condição de liberdade, nascer homem. A outra metade da
humanidade ainda não teria “existência);
- A metamorfose da religião (a religiosidade do mundo grego é
contida e submetida às regras da cidade, politeísta, assente na liberdade
religiosa. Encontra-se no espaço privado de cada um, é a sua escolha.)
- A distinção entre PHYSIS (natureza), aquilo com que
nascemos e não podemos mudar, o ser humano e o mundo como facto
natural, as leis que a regulam são estudadas pelas ciências exatas,
assume uma posição neutra e NOMOS, a cultura/construções
ARTIFICIAIS do homem, a NORMA. Ex: Lei, convenção e fundação da
política pelo homem. Esta separação é fundamental.
-
Roma evolução através: - Invenção de um direito universal;

- O direito privado Romano, fonte do


Humanismo Ocidental. Desenvolvimento da pessoa individual;
- O personalismo da literatura e das esculturas
latinas. Artes romanas humanísticas.

Ética e Escatologia Bíblicas - O Judeo – Cristianismo introduziu no mundo


Ocidental a compaixão e o amor pelo sofrimento do outro;
- A ética bíblica – a Misericórdia deve ir mais além do
que a justiça.
- A escatologia bíblica – adaptação da misericórdia à
mudança e evolução.
- O messianismo, milenarismo, utopismo – influências
no mundo ocidental.

Em suma: A cidade grega surgiu após a destruição de Troia, em cerca de 1200 A.C.
Verificou-se uma passagem do Rei para Instituições e a criação da Pólis
(descentralização do poder, divisão deste). O poder público torna-se coletivo. Todas
as cidades passam a deter de um espaço público: no caso dos Gregos tratava-se da
Ágora e no dos romanos do Fórum (ex: Aeminium). Verificou-se a valorização da
palavra e da razão, o que excluiu a imposição das leis, preferindo a negociação. A
religião grega assume uma função de agregado social: arte, monumentos, rituais,
procissões (espaços de reunião pública para o culto) – Liberdade Religiosa.
Sophrosyne (moderado) Hybris (excesso)

Milenarismo: marcas do tempo, fins dos tempos.


Agage: educar, conduzir para fora.

 Alexandre Magno: conquistou grande parte do Ocidente em 333 a.C. O Império


Alexandrino foi criado em 323 a.C e após a sua morte, verificou-se a divisão
desses mesmo territórios conquistados.
 O segundo milénio a.C foi marcado pelo MUNDO MINÓICO, a 1ª grande
sociedade complexa no mundo europeu, também reconhecidos como a
civilização de Palácios.

 Mundo dos Micénicos (1500 a.C)

Povo indo-europeu que rivalizou contra o povo minóico, confronto do qual


acabou por se revelar vitorioso. Adotaram todos os aspetos positivos da cultura
minóica, desde a sua linguagem aos costumes, capacidade arquitetónica, etc.
Contudo, após a explosão do Vulcão Era, que devastou atual santorini (Arrotiri),
incluindo o assentamento minoico em áreas próximas da costa de Creta,
verificou-se o início do colapso desse mesmo povo.

Os micénicos são os antepassados dos gregos. A sua cultura, mais


concretamente, quanto ao tipo de sociedade, organizações políticas, costumes,
está representada nos poemas homéricos, que por sua vez, são considerados
as primeiras obras da literatura ocidental. A historicidade de tais poemas,
“completa” mitologicamente factos históricos desconhecidos.

Schliemann atribuiu o nome de micénicos ao povo micénico quando realizou


escavações em Micenas-Peloporeso. Agaménnan é uma personagem lírica da
“Ilíada” que representa o rei micénico. Mantinham contacto com o comércio
Egípcio, possuíam uma estrutura social muito estratificada/hierarquizada.
Desenvolveram a escrita silábica, na qual cada sílaba era representada por um
símbolo/letra.

 Cronologia Resumida da Grécia Antiga

- 4º/3º e 2º MILÉNIO A.C: idade do Bronze no Mediterrâneo;


- 776 a.C: data tradicional da fundação dos Jogos Olímpicos;
- Época Arcaica: de 776 a 480 a.C (Batalha de Salamina, vitória dos gregos
contra os persas);
- Época Clássica: de 480 a 323 a.C (séculos V e IV a.C) esplendor e declínio de
Atenas, morte de Alexandre, o Grande.
- Época Helenística: de 323 a.C a 31 ou 27 a.C. Difusão do Helenismo, da
cultura grega por todo o mediterrâneo, em 146 a Grécia torna-se província de
Roma.
- Época Romana: Batalha de Ácio (31 a.C). Octávio César Augusto torna-se
imperador.
(nota: os gregos autointitulavam-se de Helades)

 Minoicos (Cretenses)
1. Estudados por Arthur Evans (1936);
2. Mulher era considerada um ídolo, centralizavam a sua figura;
3. Surgiram em meados do séc 2000 a.C;
4. Administração centrada em Palácios;
5. Exímios navegantes e comerciantes (mantinham uma boa relação com a
vida marinha devido à diversidade de espécies na sua região, vendiam e
descobriam metais preciosos);
6. Desenvolveram uma forma de escrita chamada Linear A;
7. Faziam pinturas históricas nas paredes dos palácios (Afrescos);
8. Entraram em decadência a partir de 1700 a.C devido a vários desastres
naturais da ilha de Creta.
9. Foram conquistados pelos micénicos por volta de 1600 a.C

As suas pinturas eram em maioria de acontecimentos atléticos e festivos.


Consideravam-se acrobáticos e comparavam os seus corpos ao de um
touro. Depois da destruição da ilha de Creta por tsunamis e terramotos, as
pinturas começaram a demonstrar animais e acontecimentos que teriam
visto. Formou-se a lenda do Minotauro, na qual a esposa do rei dos
minóicos teve um filho meio humano, meio touro: o minotauro,
extremamente representada na arte.

 Micénicos (Aqeus)
1. Estudados por Heinrich Schliemann (1822-1890);
2. Admiradores dos cavalos;
3. Estabeleceu-se na Grécia em meados de 1600 a.C;
4. Construíram grandes cidades nas regiões, dotadas de um comércio intenso;
5. Falavam em Grego Arcaico e a sua escrita era conhecida por Linear B
(encontrada em tábuas);
6. Entraram em decadência por volta de 1200 a.C. com a chegada dos Dóricos
à região.
Melhoraram as suas técnicas agrícolas, artesanais e desenvolveram a
construção de navios quando se instalaram na Grécia, também utilizavam
e compravam materiais precisos. Aprenderam inúmeras coisas com os
MINOICOS: arquitetura, também eram governados por um Rei, eram
avançados em artilharia e armamento; desenvolviam a arte sobre animais
terrestres; o artesanato em terracota e ouro, trabalhavam o ouro e a prata;
tinham uma cultura fúnebre rica; adoravam os cavalos. A sua cultura
assentava na HONRA e no destaque da figura do chefe.

 Micenas vs. Tróia:


Micenas – Rica em ouro / cultura guerreira com grandes muralhas;
Troia – Criadores de cavalos e de grandes muralhas. Também designada como
Planície de Ílion, daí o título da obra de Homero, ser Ilíada. Na Ilíada os
micénicos são identificados como Aqueus.

 POEMAS HOMÉRICOS
Entre o século 12 e 19, o mundo grego viveu e ultrapassou uma época sombria,
a sociedade deixa de escrever, devido ao novo modo de vida – A sobrevivência.
No entanto, no século 8, volta a surgir a necessidade da escrita, com base no
alfabeto grego “Alfabeta”. Introduzindo no Ocidente uma forma de escrita
muito fácil, que fazia corresponder um som a um sinal (forma de escrita
prática, fácil, representada por sinais).

A cultura literária coletiva torna-se, assim, como no dia-a-dia. As obras da


época enalteciam guerreiros (reais ou literários); demonstravam padrões de
valor e comportamentos. Os poemas homéricos são uma espécie de Bússola
Ética para os gregos arcaicos. Características internas: criação oral (contos
populares) e memória (para depois escrever).

 Milman Pany – Etólogo e Antropólogo descobriu a existência de


cantores que iam de terra em terra cantar histórias. Conseguiu provar
que nos poemas homéricos estão integradas tradições líricas orais.

 Ilíada – Herói principal é Aquiles. Local onde decorre é Tróia. Conta a


história de um episódio final da guerra de Tróia, narra a “birra” cólera
de Aquiles.

 Odisseia – Herói principal é Ulisses. É o relato de Ulisses perdido


durante dez anos à procura da sua terra, com várias aventuras.
Características das duas:
Aretê = Valor – Importante para os gregos terem valores e serem reconhecidos pela
sociedade.
Valores dos aristos – valor aristocrata (Mais importante).
Timê – Honra.
O guerreiro homérico é INDIVIDUALISTA.

ODISSEIA – HOMERO
Da humanidade sofredora e desejosa de regressar a casa de Ulisses à fúria do guerreiro
vingativo (OD, XXIV vv. 472 ss)
Assunto: História de um homem versátil (Ulisses), lutador na guerra de Tróia. A obra
relata então os 10 anos que Ulisses demora a regressar a casa (O afrontamento de
perigos na terra e no mar que enfrenta pelo caminho). Ulisses é dito como um homem
inteligente (aretê), o seu reconhecimento é ganho ao longo dos dez anos, o auge desse
acontece em ÍTICA (sua terra natal) quando este finalmente regressa ao fim de dez
anos de luta e outros tantos de regresso a casa.
Começamos com uma imagem de Ulisses como alguém sujeito aos fados (vítima dos
acontecimentos), no entanto, no final (canto XXIV) consegue recuperar a sua ilha, a sua
família e o seu estatuto. Manifesta-se como um guerreiro, um indivíduo DE e COM
muita força, um vingador.
Verificamos a presença de muita MITOLOGIA (enquanto na Ilíada os deuses são
também guerreiros, na Odisseia são personagens mais difusas, disfarçando-se de
animais e meros mortais para ajudar/intervir com os humanos e com as suas vidas).
Esta é uma particularidade dos poemas homéricos, um exemplo: Atena, que se
disfarça de mentor, surgindo no espaço humano, para acompanhar o filho de Ulisses, o
príncipe Telémaco, que possui o direito ao trono e vive, por isso, ameaçado por
possíveis opositores que desejam o título.
Os outros cantos da Odisseia contam a demanda do príncipe Telémaco à procura do
seu pai, abandonado o palácio para levar a cabo a busca e também por questões de
segurança, o que se revela como um momento de crescimento para o príncipe.
O seu final é marcado pela VIOLÊNCIA. O conflito sangrento (massacre dos
pretendentes de Penélope, sua mulher) continuaria se não ocorresse a intervenção de
um Deus, que lhe coloca fim. Athena ordena a Ulisses que termine as hostilidades,
uma vez que, os inimigos abandonaram armas e fugiram, contudo, este ainda não terá
saciado a sua vigência e lança-se sobre eles. A única coisa que termina a violência de
Ulisses é a intervenção de outro Deus, Zeus. Apesar de não ter dado ouvidos a Athena,
o raio lançado por Zeus captura a sua atenção e faz com quem este pare e repense as
palavras de Athena.
Ponto de vista formal: É um poema NOSTOS – “nostalgia”; nostos alge (dor do
regresso). Assume uma característica formal epopeia: in media res, a narrativa começa
a meio. A epopeia comporta um aspeto coletivo que visa transmitir um conjunto de
narrativas tradicionais relacionadas com a ordem do mundo e da comunidade, ordem
cuja existência e estabilidade são frutos de proezas divinas de heróis excecionais.
Descreve-se então por longas narrativas poéticas de aventuras heroicas. Cultura
aristocrática.
Canto IX – Ulisses irá narrar as suas aventuras e horrores na corte do Rei Alcinvo (A
partir do canto VI), até ao canto VI é narrada a aventura de seu filho à procura do pai.
Espaço: praia da ilha dos ciclopes, aventura dentro do espaço fantástico (surreal). Paço
dos ciclopes: Ulisses tenta ser generoso com o gigante, mas sendo o gigante selvagem,
não aceita a hospitalidade dos Aqueus, afirmando não acreditar em Zeus e nos
restantes deuses, fazendo Ulisses perceber que não vai ser ajudado. O ciclope mata e
alimenta-se dos companheiros de Ulisses. De forma a conseguir fugir e libertar-se,
monta uma armadilha na qual tem sucesso.
Canto XII – Ulisses confronta-se com sereias (cujas são metade mulher, metade ave),
tidas como monstros já que utilizam a sua voz e cantoria para encantar homens,
levando-os ao suicídio. Tem o saber do passado e presente.

IÍADA – HOMERO
Poema épico composto por 24 cantos escritos em versos, cujo tema é um episódio da
guerra de Tróia.
1ª parte: Inicia-se com um “estrondo” e termina com a fragilidade humana. Começa
depois da guerra de Tróia já estar bastante desenvolvida. O estrondo corresponde à
cólera de Aquiles e aos desastres por esta causada no exército em que este combatia:
este abandona o combato devido a uma ofensa, o que gera consequências tremendas.
2ª parte: O Príncipe Heitor, maior guerreiro troiano, enfrente quem ele pensa ser
Aquiles, mas na realidade é o seu primo Pátroclo usando a armadura de Aquiles,
matando-o. É precisamente este episódio que renova a fúria de Aquiles, agora contra
Heitor, agindo como um “animal ferido” face ao assassinato do seu familiar, alguém
que este amava.
Eventualmente, Aquiles acaba por matar Heitor num combate organizado entre os
dois, mas não fica suficientemente satisfeito com o sangue nas suas mãos, demonstra
ainda sede de vingança. Desta forma, despe Heitor das suas armas e faz algo raro
entre os gregos: profana o corpo do morto, atando-o e arrastando-o com o seu
cavalo. Observamos aqui um Aquiles cego pela dor e uma família (a de Heitor) que
quer por fim à dor.
Na cena final, Aquiles mostra a sua humanidade. O próprio Rei troiano, Príamo, vai ao
encontro de Aquiles para recuperar o corpo do seu filho (conduzido por Hermes, Deus
mensageiro). Príamo beija as mãos assassinas de Aquiles, suplicando ao arqui-inimigo
de Tróia que se recordo do seu próprio pai (comparação entre os dois). Aquiles
assume uma atitude empática, colocando-se no lugar do ancião e recorda-se do seu
pai, como este lhe pediu. Gera-se uma conversa entre os dois, trocando-se razões e
eventualmente, Aquiles acaba por ceder a entrega do corpo de Heitor à sua família
para que esta lhe possa prestar os rituais fúnebres típicos, demonstrando a
humanização da sua pessoa.
Do ponto de vista formal: 1. utilização de momentos descritivos, utilizados para
ganhar suspense; a interrupção permite ao criador repousar/recorrer a um elemento
ou momento de memória, permite ao recetor variar a sua mente. Suspensão
narrativa. Ex: descrição da tenda.
2. Discurso paratático: a maneira como a informação se organiza em termos de
discurso é fundamentalmente paratax – frases ligadas umas às outras por conjugações
copulativas, frases coordenadas seguidas umas às outras.
3. Símile – “tal como”, “assim é, assim estava”, “…” – comparação de uma cena
compósita (complexa) com outra cena compósita.
4. Epítetos – atributos distintivos, significativos, servem para qualificar um herói,
paisagem, etc.
Comparação entre ambos: Enquanto a Ilíada começa com a brutalidade e vingança, a
Odisseia começa pela por experiências tristes, más, calmas. Contudo, enquanto a Ilíada
termina com calma (certa paz interior), o oposto ocorre com a Odisseia, que termina
com a vingança de Ulisses.

HOMERO – EDUCADOR DA GRÉCIA E DO OCIDENTE

A sociedade homérica é distinta da sociedade da guerra de Tróia, são tempos


diferentes, no entanto, apesar da obra “Ilíada” se referir à dita guerra, é possível
observar nela características da sociedade do tempo de Homero.
Canto XVIII: ceifas, vinhos. Na época micénica existiam leões na Europa, estes estão
representados em refrescos. Os casamentos eram negócios, os noivos eram
comprados e vendidos por gado (bois, vacas, etc).
O escudo de Aquiles representa aqui o conhecimento, ou seja, é uma antítese ao que
se estaria a procurar naquele momento (da guerra de Tróia), pois o escudo representa
a paz e conhecimento (utopia) mas, no entanto, é uma arma de guerra.
Representação da vida que o poeta conhece e não do povo micénico. Observamos dois
contrastes: a guerra e a vida normal quotidiana. O poeta tem como objetivo
representar a totalidade da natureza humana através do escudo, o resumo da
experiência humana. Ex: Aquiles, escolhe uma vida grandiosa, em vez de uma vida
modesta e normal.

DESPERTAR DA RAZÃO - Hesíodo


- Individualismo;
- Consciência autoral; HESÍODO escreveu Teogonia “Gerações de
Deuses”, “Trabalhos e Dias”)
- Deleite;
- Conhecimento;

Encara-se a poesia como um veículo de acontecimentos entre homens. Hesíodo foi


educado com Homero, seguindo os valores da sua poesia, mas com alguns
desenvolvimentos. Era um pastor que terá recebido inspiração divina. As deusas
reprovam a falta de interesse do Homem, para além do estômago. A sua obra é a 1ª
que contém informação quanto ao autor.
Verosimilhança: suspensão da verdade.
- Após um hino às musas, relata como estas inspiraram o seu canto ao cuidar de
ovelhas perto do Monte Hélicon. Deram-lhe um conhecimento sobrenatural, capaz de
conhecer as coisas presentes, passadas e futuras, ensinaram-no a cantar para que ele
(missão) celebrasse os deuses imortais, os feitos dos homens antigos e elas próprias.
As musas assumem-se como vozes de ficção;
- O Poeta recebe inspiração divina acima referida.
- Recebeu o nome de Louro em flor;
- Hesíodo recebe a missão de contar a história dos Deuses;
- Este inicia a obra com uma cosmogonia – nascimento dos cosmos. (Cosmogonia –
Nascimento // Cosmologia – Descrição). Descreve a criação do mundo e a seguir,
relaciona, cronologicamente, cada uma das gerações divinas.
A Terra como mãe de tudo, o céu como filho e esposo – a vida nasce de uma relação
entre o céu e a terra. Enquanto do caos, nasce a noite. Os Deuses que controlam o ser
humano são seres celestes. Os Homens reproduzem o que observam na vida humana,
para explicar os elementos cósmicos. Hesíodo vai cantar os Deuses, mas antes vai
cantar o que está por trás da origem dos mesmos, que é nada mais nada menos do
que a Natureza.

DISTINÇÃO DA CRIAÇÃO SEDUNGO HESÍODO VS CRIAÇÃO SEGUNDO GENESIS


Hesíodo: Elementos são a noite, céu, terra. A Natureza é a responsável pela criação
dos Deuses. Mito da Pandora (origem de todos os males da terra, como também o
porquê de o homem ter de trabalhar para sobreviver) - visão negativa do elemento
feminino VS Genesis: Elementos são a noite, céu e terra, MAS (diferença) nesta
perspetiva, DEUS criou a Natureza. Define Eva como a origem do mal (ao comer a
maçã, visão negativa do elemento feminino).
A partir do mito da Pandora e o Mito das 5 Idades, chegámos à segunda obra de
Hesíodo, “Trabalho e Dias”, obra destinada a Apetes, irmão de Hesíodo.
Apetes era um homem preguiçoso, que não queria trabalhar e após a morte do seu
pai, disputou a herança com o seu irmão. O Mito da Pandora explica a origem dos
males da Terram como também o porquê de o homem ter de trabalhar para
sobreviver, enquanto o Mito das 5 Idades explica o porquê dos tempos de Hesíodo
serem caracterizados pelo pessimismo existencial, devido à integração da razão num
período mítico.
Nota: a civilização micénica praticava a guerra e o saque, não cultivavam produtos
agrícolas.
Idade do Ouro – ocorreu durante o tempo em que os homens viviam entre os Deuses
e morriam durante o sono; de forma indolor e pacífica (Tempo de Cronos).
Idade da Prata – Esta tomou lugar quando Zeus se tornou Deus do Olimpo. Aqui, os
humanos viviam sob a forma de crianças durante 100 anos, depois envelheciam e
morriam depressa. Esta era uma geração impiedosa que se atrevia a desrespeitar os
deuses, sendo a razão pela qual Zeus os extinguiu (ideia da imperfeição, da qual resulta
a culpa e tem como consequência, castigo)
Idade do Bronze – Zeus criou uma casta, que se dedicava à guerra (maioritariamente),
utilizando armas de Bronze. Povo temível e forte.
Idade dos Heróis – Esta foi a altura em que heróis e semideuses viveram. Foi uma
idade de grandeza e de grandes feitos, onde os humanos foram equiparados aos
deuses. É explicada por Hesíodo como não sendo uma época tão decadente como é
descrita no mito, graças à sua consistência histórica.
Idade do Ferro – Após um período de prosperidade, a humanidade conheceu um
período degradação e declínio. Os deuses passaram a ser temidos. Hesíodo nacionaliza
o Mito.
Notas Importantes: - Os homens da idade dos heróis eram os ídolos de Hesíodo, sendo
perfeitos e excelentes.
- Os heróis da idade dos heróis foram aqueles capazes de escapar a morte dos outros
da idade do Bronze.
- Hesíodo tenta encaixar os homens da idade dos heróis numa reflexão histórica no
contexto mítico.
- Hesíodo desabafa ao introduzir o período da idade do ferro, como quem deseja e fez
parte dessa geração.
- Estes homens são descritos como alguém que quebra as ligações familiares e
amizades, sem justiça e com violência.

JOGOS RELIGIOSOS E DESPORTIVOS


JOGOS OLÍMPICOS (celebração dos atletas)
Xenófanes revoluciona essa ideia, defendendo que não se devem celebrar os
atletas, mas sim as mentes brilhantes. A sabedoria (sofia) era responsável por
trazer a PAZ e PROSPERIDADE, constituindo o motor necessário ao
desenvolvimento.

Este é o primeiro a explicitar dúvidas relativamente a Deus, levando a cabo


uma crítica religiosa. Em primeiro lugar constata a realidade, que determina
que os Deuses têm tanto de bom como de obscuro, por exemplo, o caso de
Zeus: é capaz de proteger e guardar o povo (lado bom) mas é também
adúltero (lado obscuro).

Consagração do Antropomorfismo – Os deuses nascem, como já foi dito, e,


portanto, têm um princípio e um fim, não são eternos (fator de fragilidade).
Segundo a bíblia, Deus fez os homens à sua imagem e forma, assumindo por
isso semelhanças, que puderam ser as referidas anteriormente. Segundo os
romanos, as pessoas criaram os Deuses conforme a sua imagem e semelhança.

FILÓSOFOS PRÉ SOCRÁTICOS

Defesa da teoria assente na observação, contemplação – o ver. De acordo com


estes a ciência depende da capacidade de saber colocar questões, e só depois
dos resultados e das hipóteses – racionalidade, afastada da mitologia.
Enunciação da teoria dos elementos, na qual deixam os Deuses fora de origem
desses elementos (objetivo de formular uma explicação racional para o mundo
sem recorrer ao sobrenatural, indignados por todas a coisas estarem cheias de
Deuses) e portanto, tais elementos têm que se reformular.

HERÓDOTO – Pai da História e das ciências sociais. Autor da história da


invasão persa da Grécia, tornando-a no 1º conflito documentado da história do
Ocidente (Guerras Medio-Persas, Gregos e Persas, VI e V). Relatou o episódio
conflituoso destacando o papel dos reis e das táticas de guerra utilizadas pelos
dois lados, de forma imparcial.
ANAXÁGORAS – Filósofo grego do período pré-socrático. Relações entre os
elementos, entre os estados da matéria, “porque é que a matéria não é
estática.” Primórdio da teoria de Lavoisier que surge no futuro longínquo e
determina que na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.

CARACTERÍSTICAS DOS DEUSES

1. Identificação do deus supremo com a luz (Ex: Zeus, Júpiter, Ódin). Os


Deuses romanos partilham fraternalmente características dos deuses
gregos, tendo cada um, um correspondente com nome próprio latino.
2. Hierarquia – ascensão violenta da ordem divina (teomaquia primordial)
3. Antropomorfismo – os Deuses apresentam-se à imagem dos homens”;
Os Deuses partilham a imagem dos homens, mas mais evoluída
(melhor) e com maior robustez física, de forma a refletir o seu poder.
4. Iconismo – O culto dos deuses materializa-os, tornando-os reais
(simbolismo através da arte: estátuas, pinturas, etc.). Os Deuses
representam-se, ou seja, uma das faces do culto dos deuses implica a
fabricação de imagens em seu nome.
5. Imortalidade.
6. Politeísmo – “As famílias dos deuses”
7. Superlativação – Os deuses são maiores, mais fortes, mais luminosos,
mais poderosos que os homens. São um espelho das características e
qualidades dos seres humanos, mas AMPLIADAS, são por isso,
melhores e piores que os homens.
8. Patriarcalismo – o deus é um PATER (pai), líder da família dos deuses,
cada um terá uma função, um título. No caso do cristianismo observa-
se a necessidade de representação de uma função para cada santo,
incluindo Deus e Jesus, característica adquirida da religião grega.
9. Mitos – Fixação de narrativas acerca de realidades e entidades
transcendentes, uma realidade paralela. O mito significa
narrativa/discussão que relata os temas transcendentes (não reiais), é
uma resposta provisória às dúvidas humanas, criando explicações não
factuais que resultam e são credíveis (a tal realidade paralela).
10. Ritos – criação de “espaços do sagrado”: santuários, templos, lugares
de comunicação entre os deuses e o homem. Modo de interferência
com o mundo sagrado, que possibilita o acesso a um
conhecimento/ordem (precário; provisório) para além das
contingências físicas do tempo e espaço (adivinhação; oráculo)
11. Os Heróis – aquele que se encontra entre os Deuses e o homem (filho
de ambos). A sua maioria é filho de Zeus. Normalmente estão
destinados a lutar com a Deusa esposa de Zeus, devido aos ciúmes
destas (causados pelo adultério constante de Zeus). Ex: Héracles.
Quando morrem vão para o Olimpo, de forma a atingirem a
imortalidade.
12. Sacrifício – Troca de presentes, dádivas. Modo de “agradar” e de
“conviver” com os deuses (ideia de homens à mesma mesa).
13. Sistema Sacerdotal – ausente ou misturados com os cargos políticos.

ÀRVORE GENEALÓGICA DE HESÍODO, a partir da Teogonia – “o primeiro que existiu


foi o Caos; e logo a seguir a terra de seio fecundo, eterna e segura mansão de todos os
imortais que habitam os píncaros do Olimpo coberto de neve, “os ciclopes”; “os Titãs”
“Urano” “Cronos” – Hesíodo, Teogonia 116-119.
“Os Deuses bem-aventurados (…) pediram, por sugestão da terra, a Zeus Olímpico, que
vê ao longe, que fosse soberano e reinasse sobre os imortais. E ele fixou-lhe as
competências” – Hesíodo, Teogonia 883-885.

PÓLIS – MODO DE VIDA NA GRÉCIA

 Viviam em cidades-estados devido à quantidade de montanhas, que


originavam a divisão do território. Cada uma destas cidade-estado tinha a sua
própria cultura e independência;
 Os espartanos (Esparta) eram educados desde crianças como soldados, sendo
afastados das suas famílias e obrigados a lutar por comida. Já em idade
suficiente para combater, eram responsáveis por escravizar os povos que
invadiam e todos os anos declaravam guerra a uma (qualquer cidade);
 O Egito e a Pérsia eram inimigos fixos.
 O grego foi a língua utilizada no tempo micénico, contudo, no século III cria-se
o alfabeto, continuando a língua a ser o linear B, mas assume uma forma
escrita mais evoluída.
 A partir de cerca de 333 a.C. a Grécia iniciou um período de conquista de outros
impérios, graças ao papel de Alexandre Magno, “O Grande”. Após estas
conquistas (época helenista), a Grécia dividiu-se na Pólis. A Pólis era uma
unidade política, tendo uma organização semelhante de órgãos, que geriam a
vida pública: Conselho Assembleia e Magistrados. Estes assumiam títulos
diferentes em cada cidade, em Atenas, eram nomeados de Areópago, Eclésia e
Arcontes respetivamente. Aos Magistrados/Arcontes cabia a função de
governar; à Assembleia/Eclésia residia o poder legislativo e por fim, no
Areópago/Conselho o poder judicial. Em Esparta estes 3 órgãos eram
intitulados de: Gerúsia, Apela, Éferos respetivamente.
 Os gregos auto intitulavam-se de “Helenos”;

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA PÓLIS:


 A capacidade de sustentar-se a si mesma (Autarcia); consegue criar dentro de
si meios de sobrevivência;
 Variedade de recursos;
 União entre a cidade e campo;
 Ágora, centro do poder político, religioso e espaço de trocas comercias;
 Relações de horizontalidade, assentes na igualdade entre as cidades-estado;
 As pólis podiam ainda ser: Monárquicas, Aristocratas, Democratas ou Tiranas.
 Politeias: formas de governo.
 No séc. VI Atenas tornou-se numa democracia durante séculos.

A Pólis perfeita deveria ter um determinado tamanho/escala – não pode ser muito
grande nem demasiado pequena, tem de haver coerência. A pólis com pouca gente
não é suficientemente autoritária, e tem de o ser, enquanto com demasiada gente, é
uma confusão sem constituição. A pólis existe quando o nº de cidadãos é tal que
permita bastar-se, a fim de viver feliz em uma comunidade política, existe para
suprimir as necessidades dos cidadãos. A Democracia ateniense não consegue
representatividade. A natureza não é justa, é implacável, procura caminhos para o
equilíbrio, mas não o atinge. Assente na lei da selva, ou seja, lei do mais forte, que a
pólis virá a contrariar e tentar beneficiar o mais fraco.
As cidades vão crescendo exponencialmente até atingir o número ideal de habitantes.
O governante não é o autor das leis, é responsável pela sua administração apenas, a
sua função é então, administrar a justiça. As leis seguem de um Concelho de Cidadãos.
Para que se julgue, se administre, e se crie leis, é necessário que os cidadãos se
conheçam uns aos outros, ora se houver um nº excessivo de cidadãos esses critérios e
leis são improvisados (não atingem o equilíbrio, perfeição). Além disso, “estrangeiros e
metecos” (habitantes da pólis, mas não tem direitos nem deveres) podem entrar na
pólis e usurpar os direitos dos seus cidadãos (residem na pólis usufruindo direitos e
deveres). Contudo de forma a passarem despercebidos têm de assumir semelhanças
com os cidadãos, como a mesma língua e aspetos físicos.
- Élade: conjunto de pólis gregas, onde a diversidade cultural não existe. A “união”
assenta na unidade civilizacional e na diversidade POLÍTICA. Só são reconhecidos
direito aos HABITANTES, porque partilham: a mesma língua, mesmos costumes,
mesma religião e cultura (partilha a mesma memória e tradição literária). No que toca
à cultura, observamos ainda a partilha dos mesmos lugares e celebrações, Ex: jogos
olímpicos de 4 em 4 anos, e outros jogos típicos que visavam demonstrar a robusteza e
agilidade dos seus membros (jogos típicos em Deltos, jogos ístmicos em Coríntio em
honra de Poseidon, jogos nemeus em Nemeia em honra de Hércules, de 2 em 2 anos.)
Portanto, a celebração em honra dos Deuses era feita a partir de jogos, concursos,
festas, cultos em determinados santuários. No que toca aos concursos, cada cidade
apresentava os seus melhores representantes e no final, a cidade vencedora tinha
completo direito à vaidade. Estes funcionavam desde a Grécia Arcaica até ao séc. IV
a.C. com os Romanos.
O respeito aos mortos e culto funerário era uma lei acima de qualquer outra lei
humana, não se podiam deixar os mortos insepultos. É neste âmbito que podemos
avaliar o conflito entre a LEGALIDADE E LEGITIMIDADE das leis, será que a lei emitida
pelo rei é legítima? Estará em sentido com os valores e tradições consagradas na
cidade, ou seja, as leis divinas, que assumem o papel de princípios orientadores?
Vejamos o exemplo do Rei Creonte: Hémon, seu filho, anuncia-lhe que não aprova a
sua decisão de deixar Polinice insepulto e de condenar Antígona, por sepultar o corpo
do irmão. Verifica-se a utilização de argumentos políticos por parte de Hémon, que
tenta salvar a vida da sua noiva, de forma razoável e racional, por outro lado, seu pai
(Creonte) perde progressivamente a calma e a sua legitimidade como rei, uma vez
que, a partir das suas respostas chegámos à conclusão de que este não atua como um
verdadeiro rei, mas como um TIRANO, recusando-se a ouvir o filho e a pólis, “E é a
pólis que me vai dizer o que devo ordenar?”
Em suma, a ordem de Creonte constitui a lei, mas não é legítima no sentido em que
não respeita os valores e tradições da cidade bem como a vontade dos homens. A lei
é uma convenção, não se produz a si mesma, que resulta da procura da melhor opção,
tem como finalidade promover as virtudes, o bom comportamento dos homens, a
justiça, equilíbrio social, procurando sempre o melhor para cada situação, o melhor
nível de existência para os homens, em nome do progresso. Obviamente não é isso
que observamos na posição do Rei, colocando assim em causa a sua habilidade como
monarca, já que não mostra qualquer consideração pela pólis e pelos seus interesses,
tradições.
Cabe à pólis vigiar, criticar e controlar os governantes: Nonos, a importância da lei.
Muitas vezes as nossas sociedades confrontam-se com lacunas, áreas sombrias, onde
ainda não existe legislação, na ausência desta barreira legal caímos na lei da selva, do
mais forte e a constante procura do equilíbrio. Mas é também daqui que surge a
possibilidade da sua revisão, o que ocorre sempre que necessário. As leis limitam a
ação do homem, daí a sua importância, aquilo que não se encontra expressamente
proibido nas leis é permitido. Na ausência de formas legislativas caímos na
marginalidade, na ilegalidade.

DEMOCRACIA ATENIENSE

 Sólon foi o político criador da democracia ateniense;


 A democracia ateniense deu-se entre 508 e 406 a.C;
 Atenas era a pólis mais rica e poderosa, com um maior nº de artistas e
filósofos;
 Nos finais do séc. V, Esparta ganha a guerra contra Atenas, e partir desse
momento as democracias das polis entraram em decadência;
 Filipe II da Macedónia influenciou politicamente outras cidades, no entanto, foi
seu filho Alexandre Magno que atingiu a união das cidades com base no
argumento de um “inimigo comum, os Persas. Alexandre Magno abole a
democracia grega e, consequentemente, as pólis, dividindo assim o Império
pelos seus generais;
 Império Alexandrino foi o oposto/afastado da ideologia de uma Pólis
democrata;
 Na democracia ateniense verificava-se a ausência de representatividade,
sendo esta conseguida através das assembleias (que incluíam todos os
cidadãos). A retórica (o saber argumentar) era essencial para a persuasão na
Assembleia;
 Solón promove a liberdade sobre a lei, colocando-a como princípio
fundamental de funcionalidade da pólis;
 A Grécia tinha um fundo comum a todas as cidades-estados de modo
possuírem uma capital, caso esta fosse atacada pelos persas;
 Na democracia ateniense não existia separação de poderes;
 Aeropago – Concelho de Cidadãos;
 Tribunais populares da Helieia: constituído por 6000 cidadãos;
 O princípio da igualdade perante a lei fazia parte da constituição ateniense não
democrática;
 Isocracia: princípio que estabelece a igualdade de acesso e de exercício das
pessoas aos cargos políticos;
 Isegoria: princípio de igualdade no uso da palavra, liberdade de expressão.
 Ostracismo: julgamento ou condenação por crimes públicos que bania
qualquer cidadão suspeito do cargo;
 A democracia ateniense era DIRETA (cada cidadão representava-se a si
mesmo); não existiam partidos, as pessoas não se uniam com as mesmas
ideologias, era simplesmente tirada à sorte para governar.
 As votações eram feitas através da escrita dos nomes nos cacos e pondo estes
num recipiente, quem tivesse o nome do recipiente teria de abandonar.
 Adoção do princípio de rotatividade, governar e ser governado à vez;
 Os magistrados eram responsáveis pela guerra alfândega (questões externas),
eram 10 (5x2) e funcionavam aos pares. Os magistrados mais antigos eram
responsáveis pela limpeza, pela regulação dos preços e pela ordem nas polis
(questões internas);
 O Tribunal era responsável pela justiça, por tornar a pólis mais justa e
igualitária, e aumentar a participação popular em todas as questões da pólis.
 Tribunal da Elieia era composto por 5000 cidadãos ao serviço dos tribunais que
asseguravam a administração diária dos processos existentes;
 Em meados do séc. V a justiça constituiu uma máquina de motor pública. Este
processo democrático implicava responsabilidade por parte do povo (direitos e
deveres, os cidadãos eram iguais perante a lei independentemente da sua
riqueza ou falta desta, contudo o processo não anulou as diferenças sociais);
 Mistufuria – um camponês quando condecorado com cargos democráticos,
manifestava felicidade por poder participar nas questões da pólis, porém
manifestaria igual infelicidade por ter de abandonar o seu meio de sustento e
os seus campos. Daí surgem os “mistos”, salários cuja função seria equilibrar
aqueles que abandonavam o campo para trabalhar na pólis. (Nota: Não
podemos comparar a democracia ateniense com a democracia dos dias de
hoje, cujo principal objetivo seria acabar com as diferenças económicas e
sociais). Imediatamente chegam à conclusão de que quanto mais dinamismo
judicial houver na pólis, maiores seriam os salários, o que que conduziu à
intervenção de causas para retirar dinheiro do mais ricos para dar aos mais
pobres, a que os democratas mais ricos abandonassem estas terras
procurando locais mais tranquilos, originando o empobrecimento de Atenas
(conflitualidade entre cidadãos, desnecessária).
 Surgimento do Imperialismo – surge para unir territórios onde não existem
regimes democráticos, tentando impor-se aqueles que os possuem, dando
origens a conflitos – 406, Guerras Polupunenses. Estas guerras foram
disputadas pela Liga dos Belos (defensores da Democracia) e pela Liga de
Poluponesio (Imperialismo/Tirania), e teve como resultado a vitória da Liga
Poluponesio, o que origina a QUEDA DA DEMOCRACIA. Não havendo igualdade,
não existindo liberdade, os pobres foram esmagados por dívidas e reduzidos à
escravatura.
 Seisachteia aboliu as dívidas dos escravos, através do perdão da dívida, de
forma a aliviar o fardo. Sálon, habituou os cidadãos a uma melhor posição e
preparou-os para o abandono da aristocracia.
 A REVOLUÇÃO ARISTOCRATA em Atenas foi fundamentalmente popular, o
povo expulsou os aristocratas e impõe Clístenes no poder. Este, por sua vez,
formou o funcionamento dos órgãos da cidade
 A MAIORIA DOS CIDADÃOS GREGOS, incluindo Aristóteles, Xenafontes e
Platão, eram contra a democracia. A democracia era considerada o regime dos
nºs, o maior nº de pessoas é pobre, e queriam, em primeiro lugar, satisfazer as
suas próprias necessidades, não dos outros. A democracia caminha já para a
sua contradição: é realmente o melhor processo?
Por muito que nos baseemos em um nº de votos, nada substitui o valor do
MÉRITO, existe um certo fundamentalismo na questão numérica. A
democracia, apesar das suas imperfeições é considerada a “melhor” dos 2
regimes. Ex: Quantas vezes o nº não elege um líder com um bom discurso e que
parece deter todas as qualidades para melhorar a situação e afinal, é a pessoa
incorreta para o trabalho? A nossa democracia não é muito diferente nesse
aspeto. As taxas de abstenção refletiam a posição do povo.
ENEIAS, HERÓI DE UMA ESTRANHA EPOPEIA – Eneida (Virgílio)

 Uma das maiores obras da época Augustana.


 Natureza da Epopeia: Conto de GLÓRIA. Trata-se de uma narrativa, poesia, mas
narrativa, com o objetivo de glorificar algo. A personagem central terá de
possuir uma natureza divina, ou seja, um herói = semideus.
 Narrativa da Eneida: 1ª Parte (Parte Odisseia) – Eneias é filho da Deusa Vénus,
príncipe em Tróia, cidade que caiu à mão dos gregos. Após testemunhar a
destruição da sua terra natal, Eneias consegue escapar, sendo forçado a criar
um reino/terras do outro lado, na costa ocidental de Itália. Ou seja, a Eneida é
uma epopeia dos DERROTADOS, assente na nostalgia, é por isso, uma epopeia
estranha (incomum). Eneias é colhido por uma tempestade durante uma
caçada e pára apenas em África, a partir da qual volta ao mediterrâneo, mais
concretamente a Sicília, o ponto de onde teria partido antes da viagem, e
finalmente dá-se a sua chegada a Cumes – Peregrinação.
2º Parte (Parte Iliádica) – Eneias é Augusto, Augusto é Eneias (Eneias assenta
na inspiração do Imperador que liderou o poder do Império Romano) Canto de
Roma, Canto do Imperador. As personagens em destaque são: Latino, Rei do
Lácio; Amata (esposa); Lavínia (Filha); Turno (príncipe que ambicionava a mão
de Lavínia). Forma uma aliança com Evandro para derrotar Turno e obter
Lavínia, combate não só pela mão da rapariga, mas também, por Itália. Faz
tréguas e desfaz tréguas. Exigência de Juno. Combate final, que termina com a
vitória de Eneias e morte de Turno. Eneias funda uma colônia troiana no Lácio e
casa-se com Lavínia, conseguindo unir romanos e troianos durante o seu
governo. Cria então todas as condições necessárias para a criação de Roma e
para o renascimento do seu povo e da sua glória, porém como já era do seu
conhecimento desde cedo, Eneias não chega a ver o nascimento da cidade,
nem ele, nem o seu filho que lhe sucede no poder (figura de herói frustrado,
aquele que não vive o suficiente para ver o fruto/resultado do seu trabalho e
esforço).
 Sentido da Epopeia – Conto de Glória. Aquiles anuncia a Eneias que os seus
descendentes serão Romanos. No meio das almas que circulam destacam
Augusto (1º Imperador filho de um Deus).
 DIVINISAÇÃO DO IMPERADOR – No meio da epopeia. No centro do escudo de
Eneias está também Augusto, assente na inspiração por este. Eneias era um fiel
depositário da glória de Roma, não é apenas conhecedor do futuro dos seus,
mas carrega e leva a cabo esse mesmo futuro, não havendo maior
responsabilidade/orgulho do que essa. Deífobo (também troiano, irmão de
Páris e Heitor, filho de Príamo, terceiro marido de Helena) despede-se de
Eneias, ao sair do Inferno, “Vai, honra do nosso povo, vai” tratando-se esta da
viragem na história da Epopeia.
 Júpiter, é o administrador dos fados. Vénus dirige-se a ele em nome e defesa
do filho, contudo este acalma-a, afirmando que “…grandioso, hás-me elevar às
constelações do céu magnânimo Eneias”. O destino glorioso e TRINFUO do seu
filho como herói está marcado e assegurado.
 Mas será Eneias um herói de guerra ou um herói frustrado? Como referi
anteriormente Eneias não vê o nascer de Roma, não vê o resultado de todo o
seu esforço e trabalho, portanto, de certa forma, nunca atinge o sucesso e o
triunfo, chega apenas à ponta do icebergue deste, um cheirinho. Mas tem
perfeita noção do seu destino, sabe que nunca verá a cidade. Estaria fadado a
morrer na praia. O seu próprio filho, Ascánio, também não verá Roma apesar
de governar durante 300 anos. Só anos e anos mais tarde é que nasce Rómulo,
seu descendente.
 GLÓRIA DO POVO DE ENEIAS – Roma assume o título de Senhora da Grécia –
Estranha Epopeia – Um troiano, desloca-se de Tróia, pertencente ao reino dos
vencidos e vem para Itália, onde cria e reúne as condições necessárias para a
fundação de um reino 300 anos mais tarde, graças à celebração de uma aliança
com um homem grego, que permite mais tarde dominar a Grécia, a
responsável pela destruição de Tróia e do seu povo, manifestando-se a glória
troiana (Tróia, senhora da Guerra e da Paz).
 MAIS GRANDIOSA é a PARTE DA GUERRA do que a parte de viagem, uma vez
que, quem triunfa em todos estes conflitos armados é Eneias, mas será que ele
assim o queria ou a constante luta iria contra a sua vontade? HERÓI A
CONTRAGOSTO - Mercúrio fala com Eneias e manda-o abandonar as terras de
África para continuar a missão que aparentemente se tinha esquecido – ou
será que se fez de esquecido? Eneias nunca quis ser um herói, contudo, desde
a sua partida tornou-se num, logo na primeira noite de fogos em Tróia, na qual
o sacerdote porta-voz dos deuses o impingiu da salvação e glória do seu povo.
 Eneias queria morrer em Tróia, o que já não seria possível, e, portanto, surge a
figura do HERÓI EM LÁGRIMAS – Diante as tempestades, as do mar e dos
ventos, Eneias chora, não se atrevendo a enfrentar o mar uma vez que queria
morrer em Tróia e não no mar – figura do não herói, falta de coragem. Desta
forma, em vez de se destacar como filho de Vénus (descrita aqui como um
ninguém), Eneias destaca-se pela sua solidariedade para com os seus,
assumindo a figura do HERÓI DO SOFRIMENTO (este afirma-se pelo seu
sofrimento e pela dor que passou, não pelos seus feitos e pela glória, tal como
um verdadeiro herói se afirmaria).
 HERÓI FORA DE RUMO – relação física entre Dido (Rainha de Cartago) e Eneias
aconteceu de forma clandestina.
 HERÓI SEM VONTADE PRÓPRIA – Eneias não queria partir, vai a mando,
obrigado.
 Após Eneias abandonar a cidade, na sua ‘missão’, Dido comete o suicídio e
consagra uma profecia a Eneias (a dor da sua morte aprofunda a tristeza de
Eneias, que já teria sido originada pela obrigação de partir). Eneias chora
novamente quando morre um dos seus, falando coberto de lágrimas. Torna-se
um prisioneiro do passado, carrega o fardo da tristeza constante. No inferno
volta a encontrar Dido, onde chora novamente e lhe diz que partiu contra a sua
vontade.
 HERÓI que NÃO QUER VIDA NEM FUTURO, não compreende como é que
alguém que quer morrer continua a viver.
 Sombras de Negrume no Futuro de Roma (reflecção dos sentimentos/vontade
de Eneias) – A morte de Marcelo.
 Em determinado momento Eneias revela compaixão pelo inimigo e faz um
gesto de clemência e consideração não característicos de um herói, ações
entendidas por alguns como fraquezas. Mas Eneias não é um fraco!
Simplesmente não queria ser herói.

 Júpiter (Deus romano equivalente a Zeus grego), ordena a Juno (sua mulher,
que constitui a oposição de Eneias) que se retire e que deixa que o fado se
cumpra, contudo, esta faz uma última exigência – que Tróia esteja morta
 O dever de Eneias segundo Anquises (seu pai) consistia em: Governar os povos
com autoridade; estabelecer normas para a paz; poupar os que se submetem e
abater os soberbos, contudo, por duas vezes, Eneias corrompe estes dois
últimos deveres. E a Eneida termina com uma nova traição a um destes ideais,
Eneias volta a matar a quem se submete, sem necessidade.
 Em suma: a Eneida simboliza o poder do Império Romano, sob o comando de
Augusto.

ROMA, PERÍODO HELENÍSTICO, CRUZAMENTO ROMA-GRÉCIA.

776 – 1ºs Jogos Olímpicos – Era Grega;


753 – Fundação de Roma (cidade-estado) por Rómulo e Remo (direito de
ascender ao trono, mas escolhem fundar uma cidade no local onde teriam sido
salvos pela loba);
Séc. IV ou III – surge a escrita latina;
323 – Civilização Grega atinge um ponto de rutura, a pólis cai, Alexandre morre
e criam-se os reinos Helenísticos;
 Roma manifesta a vontade de crescer, possuindo uma força militar tremenda e
apta a tal – conquista assim os Reinos Helenísticos, e, portanto, dá-se a origem
do cruzamento entre Roma e Grécia, no interior de uma autoridade romana,
porém reconhece-se o crescimento de ambos os lados envolvidos, devido à
influência mútua;
 Eneias, personagem/herói escrito por Virgílio, considerado o fundador
ancestral da origem e fundação de Roma. Virgílio coincide a fundação de Roma
com a Grécia – a luta entre Eneias (troianos) e gregos, que provoca a
necessidade de fuga por parte de Eneias para outro local, onde mais tarde os
seus descendentes levam a cabo a fundação de Roma.
 As origens de Roma fundem uma grande CARGA MÍTICA disfarçada de
HISTÓRIA com uma leitura de antiguidade. A tradição literária liga a fundação
de Roma à destruição de Tróia – A Eneida consiste num mito já existente, uma
síntese entre a Odisseia (1ª parte, peregrinação de Eneias, semelhante a
Ulisses) e a Ilíada (2ª parte, Guerras em Itália). O objetivo de Eneias era deixar
ao seu filho, um património em Terra.
 O principal objetivo de Roma era fechar o Mar Mediterrâneo, controlando
tudo à sua volta. Mar este, que graças à sua crescente força militar tanto na
terra como na água, acabou por ficar reconhecido pelo título de Mar Romano.

Cronologia de Roma: Monarquia (773-509) – 753: Fundação de Roma, que


assenta na lenda de Rómulo e Remo (Eneias, juntamente com o filho Ascánio
desembarcam no Lácio e aí mesmo, desposa a filha do rei local, fundando a
cidade de Lavínio. Funda, ainda, mais tarde a cidade de Alba Longa e a ele lhe
sucedem doze reis. Da sua descendência surgem, três séculos mais tarde, os
irmãos Rómulo e Remo.
Ocorre uma crise dinástica gerada por Amúlio, usurpador do trono do seu
irmão Numitor, e que obriga a própria sobrinha, Reina Sílvia, a tornar-se em
vestal (sacerdotisa que presta culto à deusa romana Vesta durante um período
de trinta anos, sendo selecionadas entre os seis e dez anos), sendo o seu
principal objetivo, impedir a possibilidade da reivindicação do trono por um
descendente de Numitor, já que as servidoras de Deusa Vesta teriam de
permanecer virgens. Contudo, a filha do legítimo rei, Reina Sílvia, acaba por dar
à luz um par de gémeos, cujo nascimento não seria apenas uma polémica, mas
uma clara infração das regras impostas, o que permitiu facilitar a decisão de
Amúlio de mandar lançar as crianças ao Tibre, livrando-se do problema.
Desta forma, as crianças foram abandonadas junto à colina do Palatino, onde
mais tarde viria a nascer a própria cidade de Roma. A cesta em que as crianças
teriam sido colocadas acabou depositada num banco de areia perto da
margem, onde são descobertos e amamentados por uma loba. Mais tarde, são
resgatados por pastores e continuam a crescer sem ter qualquer noção da sua
verdadeira identidade, contudo as suas qualidades naturais de líderes acabam
por se manifestar, apesar no meio em que se inserem.
Após tomarem conhecimento da realidade, Rómulo e Remo atacam Alba Longa
e restituem o trono do seu avô Numitor. Em vez de permanecer na cidade,
escolhem fundar uma nova colónia de Alba Longa (como referi antes, no local
onde teriam sido salvos), acabando por dar o nome de Roma à nova urbe,
designação esta que deriva de Rómulo (epónimo) após este assassinar seu
irmão). A História de Rómulo e Remo insiste em 2 motivos de revolta popular; o
abandono de crianças/motivo da rejeição das crianças + o motivo da rivalidade
entre irmãos.
509 – Data Tradicional da expulsão dos Tarquínios, a dinastia Real etrusca e
Início da República. Os etruscos não eram um povo indo-europeu e, portanto,
a sua escrita não estaria decifrada, eram uma civilização organizada nas artes e
técnicas de construção extraordinárias. No séc. IV, V, documentos passam a ser
redigidos em latim, sendo os romanos responsáveis por transportar técnicas
etruscas.
494 – República (Roma rejeita formas de governo centradas numa só figura,
exige formas colegiais de poder; Respublica (coisa pública), forma de governo
COLEGIAL que valoriza coletividades; permite que Roma se torne num modelo
em termos de organização Política) – Sucessão da Plebe e instituições dos
tribunos (representação da plebe nas instituições romanas); a aristocracia
detém as terras enquanto a plebe as trabalha;
451 – Lei das XII Tábuas (direito civil e direito das coisas);
445 – LEX CANULEIA – permitiu o casamento entre plebeus e patrícios (lei do
matrimónio, herdeiros legais);
406-241 – Tomada de Sicília aos cartaginenses, 1ª Guerra Púnica;
240 – Lívio Andrónico, prisioneiro de Guerra da Magna Grécia, faz representar
tragédias de assunto grego, marcando o início da liberdade latina. Fundador da
poesia épica romana;
218-201 – Segunda Guerra Púnica, confronto entre as duas potências que
dominavam o Mediterrâneo Ocidental: Roma e Cartago. Termina com a
destruição de Cartago, por Roma;
216 – Batalha de Canas, às portas de Roma. Derrota de Aníbal;
200-190 - Carreira do comediógrafo Plauto;
202-148 - Intervenção de Roma a Oriente, com a submissão do reino da
Macedónia;
197 - Criação das duas províncias na Ibéria, Hispânia Citerior e Hispânia ulterior;
149-146 – 3ªGuerra Púnica. Eliminação da ameaça de Cartago;
146 - Submissão do Peloponeso. Corinto é dominada;
137-133 - Sujeição de Numância na Ibéria
129 - Organização da província da Ásia
122-117 - Organização da Província da Gália Cisalpina.
91-88 - Guerra Social
89 - Aprovação da Lex Plautia-Papiria, que concede a ciuitas aos aliados
107-100 - Consulados de Mário
106-43 - Vida de Cícero
88 - Consulado de Sula.
83-82 - Guerra Civil entre partidários de Mário e de Sula
82-79 - Ditadura de Sula.

A partir do séc. II a.C a República entra em declínio, devido às constantes e


crescentes disparidades/desequilíbrios sociais, que dão origem a crises que se
manifestam em forma de revoltas políticas por parte dos insatisfeitos. Roma
era uma República Civilista, assenta na separação do serviço militar e a ação
dos militares. Os Generais militares eram acarinhados tanto pelos seus como
pelo povo, apesar de não terem parte na política, assumem parte na Revolta
contra a Aristocracia.
A morte de Júlio César intensifica a situação de declínio e instabilidade, com o
início da Guerra Civil, combatida por um lado por Marco António Augusto e do
outro lado, Republicanos Tradicionais).
Em 31 a.C. trava-se a Batalha do Ácio, entre Marco António (apoiado pela
Cleópatra) e Otaviano (defensor da República Tradicional). Este episódio marca
o fim destes conflitos e o final dos reinos helenísticos (o último teria sido
egípcio).

Augusto vai progressivamente disfarçando/substituindo as instituições


republicanas. Otávio César Augusto, torna-se no 1º senador e 1º Tribuno da
Plebe, este era príncipe e não rei, imperador escolhido pelos aclamados órgãos
colegiais de Roma (era raro um filho suceder ao pai em roma, direito à sucessão
por mérito e não pelo princípio hereditário). Contudo, esta forma de governo
(Imperialismo) não põe fim às instituições romanas e em 476, Roma cai (várias
das suas nações) e o imperador é destituído.
Apesar disto, Roma oriental só cai em 1453, pelas mãos dos turcos (ocidental
cai em 476 à mão dos Bárbaros).

ROMA-GRÉCIA: A literatura nasce em Roma por impulso grego, sendo a


primeira obra romana, nada mais, nada menos do que a tradução da Odisseia.
Libiol (historiador grego) reflete sobre o impacto de Roma na Grécia,
determinado que se eram capazes de alcançar tanto em tão pouco tempo,
como reinos organizados e fortes, então deveriam ter sido dotados e
escolhidos para essa mesma missão, estando PREDESTINADOS À VITÓRIA.
Císere (escritor) afirma que a superioridade romana nasce da sua constituição
mista (influência grega) e da estabilidade do seu reino.
PODER DE ROMA: Olhando para o Império Romano facilmente se consegue
compreender e assimilar/admirar os métodos e requintes próprios da cultura
Helenística (fusão dos elementos da cultura helênica grega com a cultura
ocidental).
Como é que sendo tão modesta, Roma consegue mandar em reinos
organizados como a Grécia? Pelo facto de serem profundamente dedicados à
causa pública e à comunidade, sacrificando desejos e satisfações pessoais.
SIMBIOSE/HARMONIA ENTRE GREGOS E ROMANOS: Incorporação (adoção)
dos elementos Gregos por parte dos Romanos: Traductio (transferência), ex:
Lívio Andronico tradução dos livros gregos para o latim; Imitatio (imitação) ex:
Virgílio, imitação de modelos gregos literários); Aemutatio (emulação) ex:
Cícero (a constituição ideal é a romana / rivalidade-admiração, mas procurando
ultrapassar o modelo). Todos estes são modos distintos de adesão à cultura
que se adorava; a traductio era mais fácil que a imitatio, que por sua vez era
muito mais simples que Aemutatio. Horácio adaptou à literatura latina muitos
modelos romanos; adotou formas romanas à lírica grega. Portanto, de uma
certa forma, a Grécia CAPTURADA (pelos romanos), CAPTUROU os seus
FEROZES VENCEDORES, e no agreste/rural Lácio introduziu as artes, termo
genérico que envolve tudo o que resulta do trabalho e fabrico dos homens
(Graecia Capta, Horácio).
Romanos tem como modelo de ausência de conflito do poder e de recusa à
luxuria (recusa do luxo, viver com pouco, postura austera), seguindo os
mesmos ideais que o seu ditador (anteriormente imperador/ papel militar e
como homem rural/trabalhador) Cincinato, que mesmo assumindo este papel
de relevância militar e política, nunca abandonou as suas terras e o trabalho de
manufatura dos campos.

- Heródoto não criou a história da Grécia porque esta nem existiria no seu
tempo, eram cidades estados conflituantes entre si, com gregos de origem
diferente, não existindo a consciência de pátria. Tito Lívio difere deste por essa
mesma consciência.
Diferença entre Aquiles e os Romanos; atitudes/ideias dos cidadãos
Romanos: os romanos eram homens capazes de sacrificar tudo em nome do
poder, um exemplo é o episódio do RAPTO DAS SABINAS: apesar do estado
romano ser forte, era demasiado focado no poder masculino e no seu
companheirismo, desta forma, surgiu uma instabilidade do reino devido à
FALTA DE MULHERES. De forma a resolver a situação, estes entram em
contacto com os sabinos (povo vizinho), pedindo a mão das suas jovens
mulheres em casamento, pedido este que foi recusado. Ora, descontentes com
a resposta obtida, montam uma armadilha que consistiu na realização de jogos
e o convite para os sabinos participarem, jogos estes que eram uma distração
que permitiu o rapto das mulheres, quebrando o pacto de hospitalidade.
Origina-se um conflito/guerra entre as partes (originou o ritual do casamento
romano, no qual os amigos do noivo capturarem a noiva de casa dela), Rómulo
explica às mulheres capturadas que o ato foi apenas causado pela tirania dos
seus pais e que com eles, teriam direitos na sociedade e sobre os seus filhos,
respeitando o seu papel como mulher. As sabinas, gostando do que lhes é
proposto, estabelecem a paz: enquanto os exércitos estão em luta, interferem
as mulheres já casadas e com filhos no ventre, apelando tanto aos pais como
aos maridos que não se matem uns aos outros, manifestando o PODER
FEMININO e o seu impacto, que permitiu que as pessoas pudessem tornar-se
romanas, mesmo que não nascessem romanas, fundindo-se na sociedade);
enquanto que Aquiles manteve uma cativa silenciada sem direito a saber o
porquê de ter sido desrespeitada. Outra manifestação do poder feminino da
época, é a lenda de Lucrécia: trata-se de um episódio associado ao fim da
monarquia. Senhora nobre, virtuosa, inocente, casada, que numa noite é
violada pelo filho do rei, seu conhecido e próximo familiar, Sexto Tarquínio.
Esta espera pelo marido e seus amigos chegados, aos quais conta o episódio e
exige a justiça pela profanação do seu corpo e de outras mulheres inocentes,
encorajando-os de forma indireta à luta contra a monarquia e ao poder total
do rei e seus protegidos. Após isto, comete o suicídio, manifestado a
capacidade de sacrifício, a sua coragem, colocando nos seus ombros uma
missão coletiva. O ato violento cometido contra o seu corpo e a sua trágica
morte foram os fatores decisivos no impulsionamento da vitória contra a
monarquia (permitiu que o papel da mulher assumisse um patamar relevante
nas decisões políticas e na sua universalidade) e a expulsão dos Tarquínios.

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