Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Em suma: A cidade grega surgiu após a destruição de Troia, em cerca de 1200 A.C.
Verificou-se uma passagem do Rei para Instituições e a criação da Pólis
(descentralização do poder, divisão deste). O poder público torna-se coletivo. Todas
as cidades passam a deter de um espaço público: no caso dos Gregos tratava-se da
Ágora e no dos romanos do Fórum (ex: Aeminium). Verificou-se a valorização da
palavra e da razão, o que excluiu a imposição das leis, preferindo a negociação. A
religião grega assume uma função de agregado social: arte, monumentos, rituais,
procissões (espaços de reunião pública para o culto) – Liberdade Religiosa.
Sophrosyne (moderado) Hybris (excesso)
Minoicos (Cretenses)
1. Estudados por Arthur Evans (1936);
2. Mulher era considerada um ídolo, centralizavam a sua figura;
3. Surgiram em meados do séc 2000 a.C;
4. Administração centrada em Palácios;
5. Exímios navegantes e comerciantes (mantinham uma boa relação com a
vida marinha devido à diversidade de espécies na sua região, vendiam e
descobriam metais preciosos);
6. Desenvolveram uma forma de escrita chamada Linear A;
7. Faziam pinturas históricas nas paredes dos palácios (Afrescos);
8. Entraram em decadência a partir de 1700 a.C devido a vários desastres
naturais da ilha de Creta.
9. Foram conquistados pelos micénicos por volta de 1600 a.C
Micénicos (Aqeus)
1. Estudados por Heinrich Schliemann (1822-1890);
2. Admiradores dos cavalos;
3. Estabeleceu-se na Grécia em meados de 1600 a.C;
4. Construíram grandes cidades nas regiões, dotadas de um comércio intenso;
5. Falavam em Grego Arcaico e a sua escrita era conhecida por Linear B
(encontrada em tábuas);
6. Entraram em decadência por volta de 1200 a.C. com a chegada dos Dóricos
à região.
Melhoraram as suas técnicas agrícolas, artesanais e desenvolveram a
construção de navios quando se instalaram na Grécia, também utilizavam
e compravam materiais precisos. Aprenderam inúmeras coisas com os
MINOICOS: arquitetura, também eram governados por um Rei, eram
avançados em artilharia e armamento; desenvolviam a arte sobre animais
terrestres; o artesanato em terracota e ouro, trabalhavam o ouro e a prata;
tinham uma cultura fúnebre rica; adoravam os cavalos. A sua cultura
assentava na HONRA e no destaque da figura do chefe.
POEMAS HOMÉRICOS
Entre o século 12 e 19, o mundo grego viveu e ultrapassou uma época sombria,
a sociedade deixa de escrever, devido ao novo modo de vida – A sobrevivência.
No entanto, no século 8, volta a surgir a necessidade da escrita, com base no
alfabeto grego “Alfabeta”. Introduzindo no Ocidente uma forma de escrita
muito fácil, que fazia corresponder um som a um sinal (forma de escrita
prática, fácil, representada por sinais).
ODISSEIA – HOMERO
Da humanidade sofredora e desejosa de regressar a casa de Ulisses à fúria do guerreiro
vingativo (OD, XXIV vv. 472 ss)
Assunto: História de um homem versátil (Ulisses), lutador na guerra de Tróia. A obra
relata então os 10 anos que Ulisses demora a regressar a casa (O afrontamento de
perigos na terra e no mar que enfrenta pelo caminho). Ulisses é dito como um homem
inteligente (aretê), o seu reconhecimento é ganho ao longo dos dez anos, o auge desse
acontece em ÍTICA (sua terra natal) quando este finalmente regressa ao fim de dez
anos de luta e outros tantos de regresso a casa.
Começamos com uma imagem de Ulisses como alguém sujeito aos fados (vítima dos
acontecimentos), no entanto, no final (canto XXIV) consegue recuperar a sua ilha, a sua
família e o seu estatuto. Manifesta-se como um guerreiro, um indivíduo DE e COM
muita força, um vingador.
Verificamos a presença de muita MITOLOGIA (enquanto na Ilíada os deuses são
também guerreiros, na Odisseia são personagens mais difusas, disfarçando-se de
animais e meros mortais para ajudar/intervir com os humanos e com as suas vidas).
Esta é uma particularidade dos poemas homéricos, um exemplo: Atena, que se
disfarça de mentor, surgindo no espaço humano, para acompanhar o filho de Ulisses, o
príncipe Telémaco, que possui o direito ao trono e vive, por isso, ameaçado por
possíveis opositores que desejam o título.
Os outros cantos da Odisseia contam a demanda do príncipe Telémaco à procura do
seu pai, abandonado o palácio para levar a cabo a busca e também por questões de
segurança, o que se revela como um momento de crescimento para o príncipe.
O seu final é marcado pela VIOLÊNCIA. O conflito sangrento (massacre dos
pretendentes de Penélope, sua mulher) continuaria se não ocorresse a intervenção de
um Deus, que lhe coloca fim. Athena ordena a Ulisses que termine as hostilidades,
uma vez que, os inimigos abandonaram armas e fugiram, contudo, este ainda não terá
saciado a sua vigência e lança-se sobre eles. A única coisa que termina a violência de
Ulisses é a intervenção de outro Deus, Zeus. Apesar de não ter dado ouvidos a Athena,
o raio lançado por Zeus captura a sua atenção e faz com quem este pare e repense as
palavras de Athena.
Ponto de vista formal: É um poema NOSTOS – “nostalgia”; nostos alge (dor do
regresso). Assume uma característica formal epopeia: in media res, a narrativa começa
a meio. A epopeia comporta um aspeto coletivo que visa transmitir um conjunto de
narrativas tradicionais relacionadas com a ordem do mundo e da comunidade, ordem
cuja existência e estabilidade são frutos de proezas divinas de heróis excecionais.
Descreve-se então por longas narrativas poéticas de aventuras heroicas. Cultura
aristocrática.
Canto IX – Ulisses irá narrar as suas aventuras e horrores na corte do Rei Alcinvo (A
partir do canto VI), até ao canto VI é narrada a aventura de seu filho à procura do pai.
Espaço: praia da ilha dos ciclopes, aventura dentro do espaço fantástico (surreal). Paço
dos ciclopes: Ulisses tenta ser generoso com o gigante, mas sendo o gigante selvagem,
não aceita a hospitalidade dos Aqueus, afirmando não acreditar em Zeus e nos
restantes deuses, fazendo Ulisses perceber que não vai ser ajudado. O ciclope mata e
alimenta-se dos companheiros de Ulisses. De forma a conseguir fugir e libertar-se,
monta uma armadilha na qual tem sucesso.
Canto XII – Ulisses confronta-se com sereias (cujas são metade mulher, metade ave),
tidas como monstros já que utilizam a sua voz e cantoria para encantar homens,
levando-os ao suicídio. Tem o saber do passado e presente.
IÍADA – HOMERO
Poema épico composto por 24 cantos escritos em versos, cujo tema é um episódio da
guerra de Tróia.
1ª parte: Inicia-se com um “estrondo” e termina com a fragilidade humana. Começa
depois da guerra de Tróia já estar bastante desenvolvida. O estrondo corresponde à
cólera de Aquiles e aos desastres por esta causada no exército em que este combatia:
este abandona o combato devido a uma ofensa, o que gera consequências tremendas.
2ª parte: O Príncipe Heitor, maior guerreiro troiano, enfrente quem ele pensa ser
Aquiles, mas na realidade é o seu primo Pátroclo usando a armadura de Aquiles,
matando-o. É precisamente este episódio que renova a fúria de Aquiles, agora contra
Heitor, agindo como um “animal ferido” face ao assassinato do seu familiar, alguém
que este amava.
Eventualmente, Aquiles acaba por matar Heitor num combate organizado entre os
dois, mas não fica suficientemente satisfeito com o sangue nas suas mãos, demonstra
ainda sede de vingança. Desta forma, despe Heitor das suas armas e faz algo raro
entre os gregos: profana o corpo do morto, atando-o e arrastando-o com o seu
cavalo. Observamos aqui um Aquiles cego pela dor e uma família (a de Heitor) que
quer por fim à dor.
Na cena final, Aquiles mostra a sua humanidade. O próprio Rei troiano, Príamo, vai ao
encontro de Aquiles para recuperar o corpo do seu filho (conduzido por Hermes, Deus
mensageiro). Príamo beija as mãos assassinas de Aquiles, suplicando ao arqui-inimigo
de Tróia que se recordo do seu próprio pai (comparação entre os dois). Aquiles
assume uma atitude empática, colocando-se no lugar do ancião e recorda-se do seu
pai, como este lhe pediu. Gera-se uma conversa entre os dois, trocando-se razões e
eventualmente, Aquiles acaba por ceder a entrega do corpo de Heitor à sua família
para que esta lhe possa prestar os rituais fúnebres típicos, demonstrando a
humanização da sua pessoa.
Do ponto de vista formal: 1. utilização de momentos descritivos, utilizados para
ganhar suspense; a interrupção permite ao criador repousar/recorrer a um elemento
ou momento de memória, permite ao recetor variar a sua mente. Suspensão
narrativa. Ex: descrição da tenda.
2. Discurso paratático: a maneira como a informação se organiza em termos de
discurso é fundamentalmente paratax – frases ligadas umas às outras por conjugações
copulativas, frases coordenadas seguidas umas às outras.
3. Símile – “tal como”, “assim é, assim estava”, “…” – comparação de uma cena
compósita (complexa) com outra cena compósita.
4. Epítetos – atributos distintivos, significativos, servem para qualificar um herói,
paisagem, etc.
Comparação entre ambos: Enquanto a Ilíada começa com a brutalidade e vingança, a
Odisseia começa pela por experiências tristes, más, calmas. Contudo, enquanto a Ilíada
termina com calma (certa paz interior), o oposto ocorre com a Odisseia, que termina
com a vingança de Ulisses.
A Pólis perfeita deveria ter um determinado tamanho/escala – não pode ser muito
grande nem demasiado pequena, tem de haver coerência. A pólis com pouca gente
não é suficientemente autoritária, e tem de o ser, enquanto com demasiada gente, é
uma confusão sem constituição. A pólis existe quando o nº de cidadãos é tal que
permita bastar-se, a fim de viver feliz em uma comunidade política, existe para
suprimir as necessidades dos cidadãos. A Democracia ateniense não consegue
representatividade. A natureza não é justa, é implacável, procura caminhos para o
equilíbrio, mas não o atinge. Assente na lei da selva, ou seja, lei do mais forte, que a
pólis virá a contrariar e tentar beneficiar o mais fraco.
As cidades vão crescendo exponencialmente até atingir o número ideal de habitantes.
O governante não é o autor das leis, é responsável pela sua administração apenas, a
sua função é então, administrar a justiça. As leis seguem de um Concelho de Cidadãos.
Para que se julgue, se administre, e se crie leis, é necessário que os cidadãos se
conheçam uns aos outros, ora se houver um nº excessivo de cidadãos esses critérios e
leis são improvisados (não atingem o equilíbrio, perfeição). Além disso, “estrangeiros e
metecos” (habitantes da pólis, mas não tem direitos nem deveres) podem entrar na
pólis e usurpar os direitos dos seus cidadãos (residem na pólis usufruindo direitos e
deveres). Contudo de forma a passarem despercebidos têm de assumir semelhanças
com os cidadãos, como a mesma língua e aspetos físicos.
- Élade: conjunto de pólis gregas, onde a diversidade cultural não existe. A “união”
assenta na unidade civilizacional e na diversidade POLÍTICA. Só são reconhecidos
direito aos HABITANTES, porque partilham: a mesma língua, mesmos costumes,
mesma religião e cultura (partilha a mesma memória e tradição literária). No que toca
à cultura, observamos ainda a partilha dos mesmos lugares e celebrações, Ex: jogos
olímpicos de 4 em 4 anos, e outros jogos típicos que visavam demonstrar a robusteza e
agilidade dos seus membros (jogos típicos em Deltos, jogos ístmicos em Coríntio em
honra de Poseidon, jogos nemeus em Nemeia em honra de Hércules, de 2 em 2 anos.)
Portanto, a celebração em honra dos Deuses era feita a partir de jogos, concursos,
festas, cultos em determinados santuários. No que toca aos concursos, cada cidade
apresentava os seus melhores representantes e no final, a cidade vencedora tinha
completo direito à vaidade. Estes funcionavam desde a Grécia Arcaica até ao séc. IV
a.C. com os Romanos.
O respeito aos mortos e culto funerário era uma lei acima de qualquer outra lei
humana, não se podiam deixar os mortos insepultos. É neste âmbito que podemos
avaliar o conflito entre a LEGALIDADE E LEGITIMIDADE das leis, será que a lei emitida
pelo rei é legítima? Estará em sentido com os valores e tradições consagradas na
cidade, ou seja, as leis divinas, que assumem o papel de princípios orientadores?
Vejamos o exemplo do Rei Creonte: Hémon, seu filho, anuncia-lhe que não aprova a
sua decisão de deixar Polinice insepulto e de condenar Antígona, por sepultar o corpo
do irmão. Verifica-se a utilização de argumentos políticos por parte de Hémon, que
tenta salvar a vida da sua noiva, de forma razoável e racional, por outro lado, seu pai
(Creonte) perde progressivamente a calma e a sua legitimidade como rei, uma vez
que, a partir das suas respostas chegámos à conclusão de que este não atua como um
verdadeiro rei, mas como um TIRANO, recusando-se a ouvir o filho e a pólis, “E é a
pólis que me vai dizer o que devo ordenar?”
Em suma, a ordem de Creonte constitui a lei, mas não é legítima no sentido em que
não respeita os valores e tradições da cidade bem como a vontade dos homens. A lei
é uma convenção, não se produz a si mesma, que resulta da procura da melhor opção,
tem como finalidade promover as virtudes, o bom comportamento dos homens, a
justiça, equilíbrio social, procurando sempre o melhor para cada situação, o melhor
nível de existência para os homens, em nome do progresso. Obviamente não é isso
que observamos na posição do Rei, colocando assim em causa a sua habilidade como
monarca, já que não mostra qualquer consideração pela pólis e pelos seus interesses,
tradições.
Cabe à pólis vigiar, criticar e controlar os governantes: Nonos, a importância da lei.
Muitas vezes as nossas sociedades confrontam-se com lacunas, áreas sombrias, onde
ainda não existe legislação, na ausência desta barreira legal caímos na lei da selva, do
mais forte e a constante procura do equilíbrio. Mas é também daqui que surge a
possibilidade da sua revisão, o que ocorre sempre que necessário. As leis limitam a
ação do homem, daí a sua importância, aquilo que não se encontra expressamente
proibido nas leis é permitido. Na ausência de formas legislativas caímos na
marginalidade, na ilegalidade.
DEMOCRACIA ATENIENSE
Júpiter (Deus romano equivalente a Zeus grego), ordena a Juno (sua mulher,
que constitui a oposição de Eneias) que se retire e que deixa que o fado se
cumpra, contudo, esta faz uma última exigência – que Tróia esteja morta
O dever de Eneias segundo Anquises (seu pai) consistia em: Governar os povos
com autoridade; estabelecer normas para a paz; poupar os que se submetem e
abater os soberbos, contudo, por duas vezes, Eneias corrompe estes dois
últimos deveres. E a Eneida termina com uma nova traição a um destes ideais,
Eneias volta a matar a quem se submete, sem necessidade.
Em suma: a Eneida simboliza o poder do Império Romano, sob o comando de
Augusto.
- Heródoto não criou a história da Grécia porque esta nem existiria no seu
tempo, eram cidades estados conflituantes entre si, com gregos de origem
diferente, não existindo a consciência de pátria. Tito Lívio difere deste por essa
mesma consciência.
Diferença entre Aquiles e os Romanos; atitudes/ideias dos cidadãos
Romanos: os romanos eram homens capazes de sacrificar tudo em nome do
poder, um exemplo é o episódio do RAPTO DAS SABINAS: apesar do estado
romano ser forte, era demasiado focado no poder masculino e no seu
companheirismo, desta forma, surgiu uma instabilidade do reino devido à
FALTA DE MULHERES. De forma a resolver a situação, estes entram em
contacto com os sabinos (povo vizinho), pedindo a mão das suas jovens
mulheres em casamento, pedido este que foi recusado. Ora, descontentes com
a resposta obtida, montam uma armadilha que consistiu na realização de jogos
e o convite para os sabinos participarem, jogos estes que eram uma distração
que permitiu o rapto das mulheres, quebrando o pacto de hospitalidade.
Origina-se um conflito/guerra entre as partes (originou o ritual do casamento
romano, no qual os amigos do noivo capturarem a noiva de casa dela), Rómulo
explica às mulheres capturadas que o ato foi apenas causado pela tirania dos
seus pais e que com eles, teriam direitos na sociedade e sobre os seus filhos,
respeitando o seu papel como mulher. As sabinas, gostando do que lhes é
proposto, estabelecem a paz: enquanto os exércitos estão em luta, interferem
as mulheres já casadas e com filhos no ventre, apelando tanto aos pais como
aos maridos que não se matem uns aos outros, manifestando o PODER
FEMININO e o seu impacto, que permitiu que as pessoas pudessem tornar-se
romanas, mesmo que não nascessem romanas, fundindo-se na sociedade);
enquanto que Aquiles manteve uma cativa silenciada sem direito a saber o
porquê de ter sido desrespeitada. Outra manifestação do poder feminino da
época, é a lenda de Lucrécia: trata-se de um episódio associado ao fim da
monarquia. Senhora nobre, virtuosa, inocente, casada, que numa noite é
violada pelo filho do rei, seu conhecido e próximo familiar, Sexto Tarquínio.
Esta espera pelo marido e seus amigos chegados, aos quais conta o episódio e
exige a justiça pela profanação do seu corpo e de outras mulheres inocentes,
encorajando-os de forma indireta à luta contra a monarquia e ao poder total
do rei e seus protegidos. Após isto, comete o suicídio, manifestado a
capacidade de sacrifício, a sua coragem, colocando nos seus ombros uma
missão coletiva. O ato violento cometido contra o seu corpo e a sua trágica
morte foram os fatores decisivos no impulsionamento da vitória contra a
monarquia (permitiu que o papel da mulher assumisse um patamar relevante
nas decisões políticas e na sua universalidade) e a expulsão dos Tarquínios.