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ENSAIO

Mente cósmica
Somos parte do universo; tentamos conhecê-lo;
logo, o universo tenta conhecer a si mesmo

O
universo que nos cerca sem- concepção de Ferdinand de Saussure [lin-
pre foi extraordinariamente guista, 1857-1913]”. Na visão peirciana, o
complexo e povoado de sig- signo não é concebido como um elemento
nos e significados, que são isolado e casual, mas como o elemento que
os elementos constitutivos da cognição; emerge de um processo semiótico chamado
ou, ainda, as representações, completas ou de semiose, que faz crescer o conhecimento
incompletas, que concebemos nos diálo- porque estende as cognições passadas via a
Alexandre Quaresma gos que travamos com a nossa realidade cognição presente até as cognições futuras.
é escritor ensaísta, circundante – e isso se dá desde os tempos Semiótica é a disciplina teórica que estuda
filósofo, pesquisador mais longínquos e imemoriais até os velo- os signos e significados, que são os elemen-
de tecnologias zes e fugazes dias atuais. Tentar compreen- tos mais fundamentais na compreensão do
e consequências
dê-los sempre foi o maior e mais impor- real cognoscível e constituição do que ele é
socioambientais, com
tante desafio de nossa existência – já que para nós, a chamada realidade.
especial interesse na
crítica da tecnologia. necessitamos inexoravelmente dialogar Da sua vertente peirciana, extraímos
E-mail: a-quaresma@ semioticamente com esse ambiente como as três categorias fenomenológicas – pri-
hotmail.com condição para que a nossa vida se torne meiridade, secundidade e terceiridade –,
viável, ou não. Referimo-nos a essa longa aplicando-as à nossa própria história hu-
jornada tecnológica que incansavelmente mana. Se as ideias peircianas são úteis para
empreendemos, da pedra lascada e domí- entender a dimensão do vivo, da biologia,
nio do fogo às inteligências artificiais, que da fisiologia – como consta na literatura
engloba as cognições, os saberes e fazeres especializada –, nossa pergunta é: por que
do mundo. não estendê-las aos demais fenômenos no
Aliás, no contexto teórico proposto por cosmos? Aos materiais inanimados da físi-
Charles Sanders Peirce (1839-1914), fun- ca? Aos planetas e galáxias? Averiguemos
dador da semiótica moderna, inclusive o então a hipótese de a semiótica estar em
ser humano é um signo – mais um dentre tudo como uma lógica fundamental orde-
os infindáveis que existem, assim como um nadora do real – é o que o próprio Peirce
riacho, um passarinho, uma flor, incluindo nos indica e seus comentadores confir-
as ideias e os pensamentos que emergem mam; e a das três categorias fenomenológi-
e trafegam em nossas mentes. É justo por cas se aplicarem também ao mundo do não
isso que o linguista e semioticista Winfried vivo, à organização sistêmica do universo,
Nöth (2017, p. 36) nos explica: “Ideias e sua estruturação e permanência.
pensamentos são, portanto, também sig- Acreditamos que, caso nossa hipótese
nos, signos internos, e não meramente os se confirme, abrir-se-ia um novo horizonte
significados de signos externos, como na de compreensão a partir do qual questões

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importantes podem ganhar em es- E nós, os Homo sapiens – à revelia
clarecimento. Isso se justifica, posto
que, além de serem muito originais, da imagem que hoje temos de nós
extremamente gerais, aplicáveis às mesmos –, éramos somente mais um
mais diversas situações, as ideias se-
mióticas de Peirce possuem simpli- ramo na “árvore da vida”, que poderia
cidade, adaptabilidade e elegância. ou não lograr êxito biológico
Mitos: prelúdios cia nas cadeias tróficas em contínua de superioridade que hoje temos
da cognição interação. Permanecer, levar adiante de nós mesmos –, éramos somente
Os seres humanos – como sabe- a mensagem genética, perpetuar o mais um ramo na incomensurável
mos, assim como os demais seres da próprio filo no tempo-espaço – eis a “árvore da vida”, que poderia ou
natureza que surgiram na biosfera missão seminal de todo e qualquer não lograr êxito biológico. Foi um
gradativamente e aos montões, prin- ser desde então. Centenas de mi- tempo longo – é verdade –, todavia
cipalmente a partir da estabilização lhares de espécies – como consta na de suma importância para nós, du-
do ambiente fisioquímico – precisa- literatura especializada – foram su- rante o qual, passo a passo, emergia
imagens: shutterstock e arquivo pessoal

ram inexoravelmente dialogar e se mariamente extintas, simplesmente esse novo, versátil e arguto animal
manterem adaptados a ela, sob pena por não superarem esse desafio bá- humano. Ele precisava desenvolver
de serem devorados, ultrapassados sico e primordial que é, de alguma sagacidade, conhecimento e sabe-
e até extintos por seus mais tena- forma, “compreender” o meio cir- doria, pois forças muito adversas
zes e sórdidos predadores ou rivais. cundante e estabelecer com ele um em ambientes muito desiguais esta-
Brutal era a aurora da Terra nesse diálogo minimamente eficaz. Em vam em ação; e nós não estávamos
período ora distante, e visceralmente outros termos, semiotizar. E nós, os fisicamente especializados para ne-
ferrenha era a luta pela sobrevivên- Homo sapiens – à revelia da imagem nhum em específico. Não sem as

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Pedra lascada e domínio do fogo são


os primeiros sinais da transformação
extraordinária e libertadora que esse macaco
nu empreendeu ao deter certos instrumentos
técnicas e tecnologias. Acerca disso, fuga e dar-lhe a vantagem de espio- igualmente fundamental foi sua ca-
o arqueólogo Gordon Childe (1892- nar e localizar a vítima. Faltam-lhe pacidade de raciocínio abstrato que,
1957), em seu livro A evolução cul- o bico e as garras do gavião e sua segundo Childe (ibid. , p. 46, 90), de-
tural do homem (1978, p. 39-40), acuidade de visão. Para agarrar sua pende em grande parte da linguagem
afirma que: desde seu aparecimento presa e para defender-se, sua força verbal: “A linguagem [verbal] é, por-
no Pleistoceno até hoje, o ser huma- muscular, seus dentes e unhas são tanto, uma forma de comportamento
no é “inadequadamente adaptado incomparavelmente inferiores aos aprendido e transmitido; e o indi-
à sobrevivência em qualquer meio do tigre”. víduo precisa adquiri-la da mesma
particular (...). Não tem, e provavel- Pedra lascada e domínio do fogo maneira pela qual adquire qualquer
mente nunca teve, um couro peludo são os primeiros sinais da transfor- outro item da cultura que lhe coube
como o urso polar, para manter o mação extraordinária e libertadora como herança. Mas é sempre um dos
calor do corpo num ambiente frio. que esse macaco nu empreendeu ao primeiros itens a apreender-se e, uma
Seu corpo não é particularmente deter certos instrumentos e subju- vez adquirida, torna-se a chave que
bem adaptado à fuga, defesa própria gar os elementos, enfrentando seu abre ao indivíduo o resto (...)”.
ou caça. Não é, por exemplo, excep- meio. Estavam em jogo instinto e Linguagem verbal que, como
cionalmente veloz, e ficaria para trás criatividade, engenho e capacidade destaca Santaella, depende de nos-
numa corrida com uma lebre ou um cognitiva. Para o antropólogo Claude so “aparelho fonador” – pois, se os
avestruz. Não tem uma coloração Lévi-Strauss (1908-2009), em seu li- outros animais também são capazes
protetora, como o tigre ou o leopar- vro Antropologia estrutural (2003, p. de vocalizações, apenas os humanos
do da neve, nem uma armadura cor- 265): “O progresso (...) não teria tido possuem linguagem desse tipo. No
poral, como a tartaruga e a lagosta. a consciência por palco, mas o mun- livro Cultura e artes do pós-huma-
Não tem asas para lhe proporcionar do, onde uma humanidade dotada no, a autora escreve (2003, p. 13):
de faculdades constantes ter-se-ia “Os meios de comunicação, desde
encontrado, no decorrer de sua lon- o aparelho fonador até as redes di-
ga história, continuamente às voltas gitais atuais, embora, efetivamente,
com novos objetos”. não passem de meros canais para a
A semioticista Lucia Santaella transmissão de informação, os tipos
(2004, p. 105) nos lembra: “Em todos de signos que por eles circulam, os
os reinos e em todos os níveis em que tipos de mensagens que engendram,
o instinto se manifesta, quer seja nas os tipos de comunicação que possi-
plantas, nos animais inferiores, quer bilitam são capazes não só de mol-
seja no homem como um agente prá- dar o pensamento e a sensibilidade
tico ou como um cientista, trata-se dos seres humanos, mas também
sempre aí de atividades voltadas para de propiciar o surgimento de novos
a proteção e sobrevivência da espécie, ambientes socioculturais”.
através da capacitação de seus mem- Por outro lado, o que não era
bros para reagir adequadamente às passível de significação satisfa-
condições ambientais”. As primeiras tória, o que era puro mistério
técnicas foram determinantes para incompreensível, o que ultrapassava
o êxito do Homo sapiens. Todavia, a nossa compreensão imediata ou

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Vivemos incessantemente às
voltas com a necessidade de
compreensão da realidade,
à qual a semiótica
peirciana denomina objeto
dinâmico, já que ela
muda o tempo todo
mesmo refletida, tinha de ser mitificado, que é a forma
mais primitiva de dialogar com o objeto dinâmico1 e me-
tabolizar significamente os eventos, para sobre eles exer-
cermos algum controle e poder transformarmos o real
em realidade. Childe (ibid., p. 226-227) escreve: “A partir
do início de sua existência, o homem, ao que parece, usou
suas faculdades caracteristicamente humanas não apenas Nos mitos existe a ciência, o conhecimento”. Em suma,
para fazer ferramentas (...) para uso no mundo real, mas a representação imaginária do real sempre fez parte de
também para imaginar forças sobrenaturais que pudes- nosso ferramental básico para o enfrentamento intelecti-
sem empregar também nesse mundo real. Ou seja, esta- vo dos ambientes.
va simultaneamente tentando compreender, e com isso
utilizar os processos naturais e povoar o mundo real de Poderia o universo pensar?
seres imaginários, concebidos à sua própria imagem, que Acreditamos que sim. Estamos em coerência com
esperava coagir e cativar com agrados”. os físicos Lev Vertchenko e Henrique Pedroso (2004, p.
Perfazendo a história do nosso evoluir, o filósofo 113), quando argumentam: “Somos parte do universo;
Jürgen Habermas (1975, p. 314) afirma: “Essas imagens tentamos conhecê-lo; logo, o universo tenta conhecer a
míticas, religiosas e metafísicas do mundo obedecem si mesmo”. Vivemos incessantemente às voltas com a ne-
à lógica da contextura da interação. Elas dão respostas cessidade de compreensão da realidade que nos circunda,
aos problemas centrais da humanidade, relativos à vida à qual a semiótica peirciana denomina objeto dinâmico,
em comum e à história da vida individual. Seus temas já que ela muda o tempo todo e não pode ser totalmen-
são justiça e liberdade, violência e opressão, felicidade e te prevista nem controlada por ninguém. Na linguagem
satisfação, miséria e morte. Suas categorias são vitória e de quem estuda o assunto, trata-se do real, a instância de
derrota, amor e ódio, salvação e danação. Sua lógica se tudo que é para si mesmo, completamente independente
mede pela gramática de uma comunicação desfigurada de nosso querer, vontade, intenção.
e pela causalidade do destino, determinada por símbolos Também segundo a semiótica, o hábito – como prá-
cindidos e motivos recalcados”. Concluindo com o filóso- tica e conceito – serve ao propósito extremamente útil
fo Umberto Galimberti (apud Quaresma, 2015, p. 8): “Os de liberar a mente dos sujeitos cognoscentes para pensar
mitos precisam ser analisados com muita atenção, porque tudo aquilo que é diverso dele mesmo (hábito); ou seja,
não são contos, fábulas, puras invenções da imaginação. do que não é trivial, operacional e rotineiro, enfim, daqui-
lo que ainda não está autonomizado; e, principalmente,
Objeto dinâmico (conceito): Entendemos que objeto dinâmico é a totalidade que está fora de tudo aquilo que ainda não foi compreendido e que ex-
1

do signo e da qual o signo é uma parte porque a ela está conectado representativamente.
trapola a contingência da mera sobrevivência. Sim, pois o
imagens: shutterstock

Essa relação parte-representa-todo pode se dar em três níveis de conexão: (1) se o signo-
-parte repete, de modo igual ou semelhante, uma ou mais qualidades do objeto-dinâmico- novo, parcial ou completamente desconhecido, ainda não
-todo, então este signo é um ícone do objeto-dinâmico; (2) se o signo-parte apresenta
uma ou mais conexões no tempo-espaço, pretéritas (história) ou presentes (atual), com o se plasmou em hábito ou conhecimento em nossa mente
objeto-dinâmico-todo, então esse signo é um índice dele; (3) e se o signo-parte apresenta – e, por esse motivo, demanda enorme atenção e energia,
uma relação de necessidade condicional com o objeto-dinâmico-todo, seja essa necessidade
natural ou arbitrária, seja ela pretérita, presente e/ou futura, então esse signo é um símbolo. disponibilizando menos capacidade cognitiva para outras

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Signos e abstrações e experienciações. Trazendo o gando e atualizando a própria realidade.


significados conceito de hábito para exemplos do coti- Ou seja, o meio que contém todo e qual-
Conforme Lucia diano, se você tem o hábito de abrir seus quer ser vivo precisa ser compreendido e
Santaella (2005, e-mails todos os dias pela manhã, e um dia, atualizado constantemente pelas mentes
p. 66), “uma coisa ao tentar ligar o computador, algo não fun- que com ele interagem.
singular funciona ciona, lá se vai o conforto do fazer sem pre- Uma plantinha – por exemplo – que vi-
como signo cisar pensar, e imediatamente a sua atenção via muito bem na chácara, e é trazida para a
porque indica o tem que se voltar para a solução da quebra área de serviço de um apartamento na cida-
universo do qual desse hábito, demandando esforço cogni- de, precisará fazer uma semiose complexa
faz parte. Daí que tivo. É por isso que, uma vez constituído o para se adequar às novas condições de luz,
todo existente seja hábito, nossa atenção pode se voltar para temperatura, espaço e nutrientes; se conse-
um índice, pois, outros horizontes; daí a nossa capacidade guir se manter saudável, ela levará adiante
como existente, de fazer várias coisas simultaneamente. seu filo. O mesmo vale para aves e ninhos,
apresenta uma No que se refere à semiótica, o pen- abelhas e colmeias, mamíferos e filhotes,
conexão de fato
samento de Peirce tem se mostrado só- peixes e cardumes, fungos e bactérias.
com o todo do
lido e resistente a possíveis refutações, Segundo esse entendimento, ampla-
conjunto de que
além de se aplicar com perfeição à com- mente aceito por teóricos de diversas áreas
é parte. Tudo que
preensão das diversas formas de vida da do conhecimento, a pergunta que emerge
existe, portanto,
é índice ou pode natureza que, para se manterem e se per- nesse artigo é a seguinte: seria essa lógi-
funcionar como petuarem no tempo-espaço, não podem ca – semiótica, fenomenológica e triádica
índice”. “abrir mão” de algum nível de semiose. – extensiva e aplicável também a todo o
E esse aspecto é central: tudo, de alguma cosmos? Ou seja: aos mares, terras, gelei-
maneira, precisa estar em constante pro- ras, vulcões, incluindo planetas e galáxias?
cesso de semiose com seu meio, dialo- Seriam eles subordinados a essas mesmas
leis? Nosso palpite teórico é que sim.

Outros modelos de
realidade e Peirce
Pensadores de peso se sentiram tenta-
dos e arbitrariamente criaram muitas ca-
tegorias abstratas que pudessem, de uma
forma sintética, explicar a complexidade
do mundo, e ainda estabelecer uma repre-
sentação e um diálogo objetivo e funcional
com o real e suas infindáveis alteridades;
ou, na terminologia de Peirce, com o objeto
dinâmico que a própria realidade de fato é.
Mais bem-sucedida nessa empreita,
escolhemos a categorização triádica da te-
oria peirciana que – em sua sublime sim-
plicidade e eficácia – é muito econômica e,
por isso, muito universal. Primeiramente,
isso oferece incontáveis potencialidades
para a curiosidade e apetite de estudiosos
e entusiastas, como nós. Em segundo lugar,
converge com a proposição silogística sobre
sermos o mundo tentando conhecer a si

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Se estendêssemos o conceito peirciano de
mente da natureza ao próprio universo,
chegaríamos a uma hipótese que daria
conta de controvérsias irresolvíveis

mesmo. Isso tudo, inevitavelmente, cas e as dinâmicas que regem o uni- das suas formas: macroscópica e
nos remeteu às ideias arrojadas de verso, assim como o filósofo Rudolf microscópica, inorgânica, biológi-
semiose, sinequismo2 e abdução3 Carnap (1891-1970) um dia fez – ca, humana (...). Essa conversação
de Peirce, com as quais é possível poderíamos quem sabe prescindir começa na abdução” (ibid.).
compreender que todos os seres da ideia criacionista de um Deus Peirce não apenas inclui a abdu-
vivos, para assim permanecerem, ex-machina, mitos que nos perse- ção em seu quadro lógico-semiótico,
precisam manter uma relação mutu- guem e nos confundem há milênios. ao lado das clássicas dedução e in-
amente significativa com o seu meio. Santaella (2002, p. 105) corrobora dução, como lhe confere suma im-
Em termos peircianos, todos os se- o que abordamos aqui: “São as leis portância; pois é ela, e tão somente
res teriam que abduzir seu ambiente, gerais que tornam os fenômenos re- ela, que, com sua interpretação ima-
intuí-lo, adivinhá-lo. gulares e inteligíveis, sendo, por isso ginativa, consegue ser a primeira
Com efeito, e no extremo, se es- mesmo, os fenômenos mais com- das inferências lógicas a romper as
tendêssemos esse conceito peircia- pletamente reais do universo. É em barreiras intransponíveis do desco-
no de mente da natureza ao próprio razão disso que o pragmatismo não nhecido. O filósofo Ivo Ibri (2015, p.
universo, chegaríamos a uma hipó- pode fazer da ação, muito menos da 171) completa: “O argumento abdu-
tese interessante, que, sem muito ação individual, o summum bonum tivo, aquele ao qual justamente cabe
esforço, daria conta de controvér- da espécie humana. À medida que a a elaboração de hipóteses, cumpre a
sias irresolvíveis até então. Em ou- evolução progride, a inteligência hu- função de romper, de início, a força
tros termos – se concebermos que mana vai desempenhando um papel bruta do inexplicável, e sua impor-
nossa hipótese da aplicabilidade das cada vez maior no crescimento da tância, dentro do quadro lógico do
categorias semióticas de Peirce é razoabilidade por meio de sua carac- autor [Peirce], torna-se facilmente
minimamente promissora, compre- terística mais peculiar e inalienável, o perceptível, em face da radical recu-
endendo que elas se aplicam ao vivo autocontrole. No princípio, a mente sa peirciana do incognoscível”.
sem exceções; e se extrapolarmos humana nasceu como fruto dessa
essa mesma teoria para além do vivo, evolução, mas, uma vez tendo nasci- Determinação
abarcando também as matérias físi- do, ela passou a poder influenciar o filogênica:
2
Sinequismo (conceito): Palavra grega que significa
curso da evolução pela conduta deli- três momentos
“continuidade”, foi por isso mesmo escolhida por Peirce berada em resposta à escuta da natu- do sapiens
para designar a sua teoria metafísica da continuidade (CP
6.202 apud Santaella, 2002, p. 98). A continuidade é um
reza. Mesmo que a perversidade de Com o filósofo Peter Sloterdijk
estado disposicional que tende a se espalhar infinitamente gerações inteiras escolha caminhos (2000, p. 34), compreendemos que
porque possui, dentro de si, o seu oposto complementar:
a descontinuidade. Isso porque, mesmo sob o governo
contrários a essa direção, no longo “ao fracassar como animal, esse ser
estrito das leis, a conformidade dos eventos é violada pela curso do tempo, o homem será for- indeterminado tomba para fora de
originalidade do acaso, cujo sinônimo grego é “tiquismo”
– outra palavra original empregada por Peirce nessa sua
çado pela experiência a reconhecer seu ambiente e com isso ganha o
teoria do sinequismo (ibid.). a natureza e sua própria natureza mundo no sentido ontológico”. Se
3
Abdução (conceito): Grosso modo, abdução é o
como crescendo em razoabilidade, antes do período Neolítico (i) – ou
guiando-o na sua busca”. segundo nossa hipótese proposicio-
imagens: shutterstock

mesmo que “intuir”. Além dos tipos mais universais de


raciocínio, que são o indutivo e o dedutivo, é de Peirce
que provém, na história da lógica, a teoria da abdução
A autora segue explicando que nal – éramos apenas parte integran-
como o tipo de inferência criativa que pode levar às para Peirce pesquisas científicas te e insignificante do grande objeto
descobertas, inclusive científicas. Parte-se de um certo
efeito, e remete-se esse efeito a uma causa hipotética, ou
são, na verdade, conversas entre dinâmico que era (ainda é e sempre
seja: é o raciocínio de trás para a frente. cientistas e “a natureza em todas será) o real físico e biológico, a na-

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tureza bruta, em ferbulhante e con- o lugar das peles, garras, presas e


tínua evolução – no que, segundo a instintos na busca de alimentos e
teoria peirciana, pode ser chamado abrigos. Hábitos e proibições, re-
de primeiridade, em que os homi- presentando séculos de experiên-
nídeos que precederam o Homo cia acumulada pela tradição social,
sapiens eram apenas mais uma va- substituem os instintos hereditários,
riedade de filo, indistinguível dos para facilitar a sobrevivência de nos-
demais, evoluindo e disputando es- sa espécie”.
paço em meio aos incontáveis seres O que chamamos aqui de secun-
existentes no interior da biodi- didade é o longo período que
versidade; já num segundo mo- se estendeu desde o Neolítico,
mento (ii), em que os humanos com o domínio das técnicas
se destacaram das demais espécies mais rudimentares já menciona-
via engenho e criatividade, no qual exerciam mais impacto sobre seu das, que, por sua vez, propiciaram
as primeiras tecnologias desempe- ambiente que os gorilas, os pirilam- as condições ideais para o sapiens
nharam papel determinante, seria o pos ou as medusas”. ter a chance única e extraordiná-
princípio dessa nova etapa, a secun- Reversamente, nos dias atuais, ria de sobreviver e prevalecer. Essa
didade, período que se estenderia – o que se passa é justo o contrário: secundidade tecnológica inclui re-
segundo nossa percepção e avançan- impactamos drasticamente a bios- voluções estruturantes que defini-
do nessa hipótese – até o final da era fera, a ponto de comprometer seu ram os rumos da nossa espécie – a
industrial; e, finalmente (iii), culmi- equilíbrio. Retomando o primei- agrícola e a industrial. Já na veloz
nando no que experienciamos hoje, ro momento que, inspirados em terceiridade – essa época que expe-
no que poderíamos classificar como Peirce, chamamos de primeiridade rimentamos na Pós-modernidade,
terceiridade, esse momento atual – o ser humano só se diferencia da com o fenômeno do humano-pós-
que vivemos na Pós-modernidade, biodiversidade circundante quando -humano, a cibercultura, as inteli-
quando essas mesmas técnicas e tec- transforma seu primordial e limi- gências artificiais, com a exploração
nologias começam a retroagir sobre tado diálogo com o meio ambiente do espaço sideral, com naves e son-
nós mesmos e nossas sociedades através de suas técnicas. Não se trata das, e do infinitesimal, com as nano-
com muito mais força, e já come- apenas do que ele pode fazer com a tecnologias –, deparamo-nos com
çam – com as inteligências artificiais pedra lascada e o domínio do fogo, indagações novas e desafiadoras.
(IA), por exemplo – a emitir valores, mas do que ele deixa de fazer, como No que concerne a esta publi-
verdades e crenças, tornando-se fins simplesmente fugir de seus preda- cação, a pergunta é: poderia uma
em si mesmas, e não só meios atra- dores, do clima e contingências me- inteligência (ou mente) criar uma
vés dos quais podemos alcançar fins teorológicas, passando então a uma inteligência (ou mente) mais inte-
desejados por nós. nova condição ontológica, na qual ligente que ela mesma? Será que o
Como sintetiza o historiador suas extensões tecnológicas inver- Homo sapiens poderia – sendo ou
Yuval Harari (2016, p. 16), “o mais tem sua fragilidade fisiológica. não o cume da inteligência cósmi-
importante que há que se saber dos Childe (ibid. , p. 32-33) afirma: ca, como ele se autoproclama – dar
humanos pré-históricos é que eram “Na história humana, as roupas, fer- origem a uma nova casta de se-
animais insignificantes que não ramentas, armas e tradições tomam res, que – ficções à parte – seriam

O ser humano só se diferencia da


biodiversidade circundante quando
transforma seu primordial e limitado diálogo
com o meio ambiente através de suas técnicas
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seus próprios sucessores bioevolutivos? Compreender a Charles
Tomando os conceitos peircianos de men- Sanders Peirce
te e sinequismo, é impossível olvidar certas razão, inteirar-se Filho de Benjamin
reflexões do filósofo Henri Bergson (1859- do sentido, Peirce (1809-1880),
1941), que concebeu – com a mesma con- o mais importante
cisão, pertinência e simplicidade de Peirce cognoscer, enfim, matemático de
– dois conceitos úteis à compreensão do essas são algumas Harvard da sua
vivo: movimento e duração. época, C. S. Peirce
Referindo-se ao método reducionista das forças motrizes foi filósofo, lógico e
da ciência convencional, às arbitrariedades da nossa relação cientista – químico,
do mecanicismo e às limitações das ma- matemático,
temáticas – que, ao contrário da Biologia,
com o ambiente que físico, astrônomo
– que em nenhum
trabalham com quantificações e não com nos circunscreve momento da sua
qualificações – em seu livro A evolução cria-
vida se restringiu
dora, ele afirma (1979, p. 52): “Representar sistemas rígidos para explicar a realidade
às ciências exatas,
o conjunto da vida não pode consistir em em toda a sua amplitude permanentemen-
naturais ou
combinar entre si as ideias simples, deposi- te multiforme. E, mesmo que a maioria das
culturais. Com
tadas em nós pela própria vida no curso de hipóteses, elaboradas por nossas mentes
importantes
sua evolução: como poderia a parte equiva- mais brilhantes, tenha se mostrado frágil contribuições
ler ao todo, o conteúdo ao continente, um e até inverossímil – devido à passagem em geodésia,
resíduo da operação vital à própria opera- inexorável do tempo, ou por força de no- metrologia,
ção?”. E Bergson prossegue (ibid., p. 290): vos saberes sempre emergentes –, por isso espectroscopia e
“A ciência considera sempre momentos, mesmo essa busca constante pelo saber é até psicologia, ele
sempre paradas virtuais, sempre, em resu- decisiva e nunca cessará. Se mitificamos também foi um
mo, imobilidades. O que vale dizer que o o que de saída não compreendemos, en- sério estudioso de
tempo real, considerado como um fluxo ou, tão o politeísmo foi o início, concebendo biologia, geologia,
em outras palavras, como a própria mobili- divindade em todos os elementos e forças linguística, filologia,
dade do ser, escapa no caso ao domínio do da natureza – cada rio, braço de mar, mon- história, arquitetura
conhecimento científico”. tanha e floresta. Como nos ensina Robert e literatura, entre
Flacelière (1904-1982), em seu clássico A outros. Como
A incessante vida cotidiana dos gregos (1937), no lingua- se não bastasse
busca pelo saber jar da época não se dizia “Está chovendo ”, tudo isso, ou justo
Buscar o motivo, compreender a razão, e sim “Zeus chove!”. provavelmente
inteirar-se do sentido, cognoscer, enfim, O rei Alexandre Magno (356-323 a.C.), por isso, Peirce
essas são, sem dúvida, algumas das forças durante suas campanhas, sacrificava ani- foi o fundador da
motrizes da nossa relação com o ambien- mais para agradar as divindades da paz, semiótica moderna,
te que nos circunscreve. Tais necessida- da guerra, da vida e da morte. Mas, depois que se baseia
des, aptidões e inclinações fazem parte de de meio milênio, adviria o monoteísmo especialmente em
nós – o que importa é esse ininterrupto e muitos passariam a acreditar em um
princípios lógicos,
querer saber: saber fazer, saber questionar, único Deus, transcendente, ex-machina,
fenomenológicos
e cognitivos
saber significar. Assim é o Homo sapiens, criador de um mundo segundo a sua von-
(Santaella, 2005,
ou Homem sábio. Perscrutar o mundo, o tade, própria e onipotente, mundo estru-
p. 15-22).
universo e principalmente nossas próprias turado pelo pecado, pela culpa e expiação.
imagens: shutterstock

mentes, inquietas e criativas. Essa é a nossa Naqueles tempos dogmáticos e sombrios


história. Nisso se baseia a nossa natureza. da Idade Média, o centro do universo era
Dentro dessa epopeia ora narrada, mui- a Terra, crença que não podia ser desafia-
tos foram os que tentaram conceber e impor da impunemente. Foi o caso do astrofísi-

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Como na Antiguidade, o humano voltaria


ao centro, mas agora era definitivo: se ele
pensava, logo existia. Daí consumou-se
a cisão entre humano e ambiente
co Galileu Galilei (1564-1642), que mor e impagável personagem, ridi- criação da Psicanálise pelo neuro-
viveu seus últimos dias impedido culariza o também filósofo Leibniz logista Sigmund Freud (1856-1939)
de compartilhar publicamente suas (1646-1716), mostrando o quão seguida de ampliação inovado-
ideias heliocêntricas. Soberana e te- tolo seria crer que o mundo que ra pelo psiquiatra Jacques Lacan
mida por séculos, a Santa Inquisição nos cerca é o “melhor dos mundos” (1901-1981), os contrabandismos
assassinou brutalmente milhares de – e a nossa própria história prova transversalizantes dos saberes hu-
pessoas. Após esse período nefasto isso. Hoje, na Pós-modernidade, manos do sociólogo Edgar Morin
de dogmas e escuridão, nossa his- o que seria a onipotência de Deus e a própria semiótica proposta por
tória viveria um novo alvorecer – corporifica-se e renasce insólita nas Charles Sanders Peirce.
nascia o Iluminismo, as Ciências, o tecnociências. Harari (ibid. , p. 282)
Humanismo. dá sua anuência a esses argumentos Seriam os humanos
Como na Antiguidade, o huma- quando escreve: “Uma das coisas os deuses das IA?
no voltaria ao centro, mas agora era que fez possível que as ordens so- Estamos na Pós-modernidade e
definitivo: se ele pensava, logo exis- ciais modernas tenham se mantido encontramo-nos obnubiladamente
tia. Daí em diante consumou-se a ci- unidas é a expansão de uma crença deslumbrados com nossas próprias
são entre humano e ambiente; refor- quase religiosa na tecnologia e nos criações tecnicistas. Distraídos, pa-
çaram-se as dicotomias corpo-alma métodos da investigação científica, recemos não notar que uma nova
e matéria-espírito; e, cartesianamen- que, até certo ponto, têm substituído semiose informacional está a se edi-
te, instaurou-se o dualismo reducio- a crença em verdades absolutas”. ficar e consolidar. Uma cibersemiose
nista entre cérebro e mente. A razão Porém, também a ciência não é na qual não mais a natureza nem a
seria a senhora “toda-poderosa” da neutra – para ser criada e aplicada, humanidade, mas sistemas e próte-
vez. Mas a maioria das teorias, em ela precisa do capital, cujas metas e ses cibernético-informacionais (que
alguma medida, falhou em dialo- interesses tornam improvável sua massivamente criamos e utilizamos
gar e conceber a realidade como um defesa. Mas alto lá! Todos os hu- para nos comunicar e intensificar as
todo unificado. Todas se mostraram manos geniais que se dedicaram automações) inauguram um novo
limitadas ou insuficientes, ou fo- de alguma maneira à sabedoria e tipo de diálogo com o ambiente que
ram substituídas, no que o filósofo ao conhecimento tiveram seu va- construímos ao nosso redor, e entre
Thomas Kuhn (1922-1996) chamou lor registrado pela história. Suas si; e, como extensões de nossas men-
de contínuas mudanças de paradig- teorias inauguradoras, descobertas tes, desconcertantemente também
mas. O que não falhou, é imprová- ou invenções, de outrora e de hoje, nos determinam, gerando em nós
vel, como a própria ideia de Deus; e são os pilares da nossa milenar civi- novos hábitos, valores e paradigmas,
sobre Ele, Voltaire (1694-1778) disse lização. A lei da gravitação univer- já que dependemos delas cada vez
que não existe. Harari (ibid., p. 244) sal e os princípios matemáticos do mais diariamente para tudo.
acrescenta: “Sempre tem havido um físico Isaac Newton (1643-1727), a Então, uma pergunta assola aca-
abismo entre as teorias teológicas e teoria da relatividade e a equação dêmicos das ciências de fronteira:
as realidades históricas”. de massa-energia do físico Albert uma inteligência artificial faria parte
Por isso, compreendemos ple- Einstein (1879-1955), o antiméto- da bioevolução? Estamos criando
namente quando, no ontológico do rebelde e libertador do filóso- sistemas tão extraordinariamente
romance Cândido ou o otimismo, o fo Paul Feyerabend (1924-1994), sofisticados que, segundo experts,
filósofo francês, com finíssimo hu- a descoberta do inconsciente e a em pouco tempo nos superarão até

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para nós, e que se desenvolveu bem
além da nossa capacidade de acom-
panhá-lo. Isso levanta a hipótese das
IA simplesmente nos ultrapassarem
na corrida – ainda “bio”? – evolutiva,
na qual os próprios sistemas ciber-
nético-informacionais se autodese-
nharão, desenhando também outros
sistemas ainda melhores num tempo
extraordinariamente curto.
Parece unânime a possibilidade
do Homo sapiens ser deixado para
Não se trata do que pode fazer com a trás, “tomando poeira” nessa jorna-
da pelo saber e pelo conhecimento.
pedra lascada e o domínio do fogo, Futuro indesejável para a nossa es-
mas como inverter sua fragilidade, pécie, seríamos como deuses cria-
dores suplantados por suas próprias
fugir de predadores, do clima, com criaturas artificiais. Quem sabe, uma
extensões tecnológicas insólita forma da mente cósmica,
aqui analisada, dará continuação à
mesmo em cognição. Quais des- Deus, impenetráveis, deixam sem- extraordinária jornada da vida e da
dobramentos um evento inaudito pre lugar ao milagre, e onde nada, inteligência nesse nosso universo
como esse poderia trazer? Daniel jamais, é impossível”. Sim, nós não conhecido? Todavia, uma diferen-
Crevier (1996, p. 271, 374), em- somos mais a pequena parte de um ça determinante faria toda a dife-
preendedor canadense, responde: sistema muito maior e mais com- rença, diria o antropólogo Gregory
“Além desse nível de organização plexo no qual emergimos através Bateson (1904-1980), em seu livro
[barreira da complexidade], dizia da bioevolução. Mente e natureza: a unidade necessá-
Von Neumann, um ser pode cons- Agora somos parte desse outro ria (1986); mas essa mente seria en-
truir outro mais complexo que ele sistema, um sistema de sistemas tec- gendrada em meio inorgânico e não
mesmo”; e, “quando as máquinas nológicos que nós mesmos criamos biológico – diríamos nós.
adquirirem uma inteligência supe-
rior à nossa, será impossível contê- BATESON, Gregory. Mente e natureza. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1986.
referências

BERGSON, Henri. A evolução criadora. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.


-las”. O sapiens não parece perceber,
CHILDE, Gordon. A evolução cultural do homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
mas agora está só, diante de suas FLACELIÈRE, Robert. A vida quotidiana dos gregos no século de Péricles. Lisboa: Livros do Brasil, 1937.
próprias criações tecnicistas, sejam HARARI, Yuval Noah. De animales a dioses. 2. ed. Buenos Aires: Debate, 2016.
elas extraordinárias ou ignominio- IBRI, Ivo Assad. Kósmos nöetós. São Paulo: Paulus, 2015.
sas; por isso citamos o antropólogo LE BRETON, David. Antropologia do corpo e modernidade. Rio de Janeiro: Vozes,
David Le Breton (1990, p. 101): “O LÉVI-STRAUSS, Claude. Antropologia estrutural. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003.
homem não é mais o eco do mundo, NÖTH, Winfried; SANTAELLA, Lucia. Introdução à semiótica. São Paulo: Paulus, 2017.
QUARESMA, Alexandre. O humano na idade da técnica: Entrevista com Umberto Galimberti. Revista
nem o mundo o eco do homem en- Filosofia Ciência&Vida, n. 107. São Paulo: Escala, 2015.
tre o sujeito do conhecimento e seu SANTAELLA, Lucia. Os significados pragmáticos da mente e o sinequismo em Peirce. Revista de Filosofia,
objeto; as únicas correspondências n. 3, p. 97-106. São Paulo: Cognitio, 2002.
possíveis competem às matemáticas. . Culturas e artes do pós-humano. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2003.
imagens: shutterstock

. O método anticartesiano de C. S. Peirce. São Paulo: Ed. Unesco, 2004.


A natureza não é mais o si-
. O que é semiótica. 22. reimpr. São Paulo: Brasiliense, 2005.
nal propício no qual se inscreve SLOTERDIJK, Peter. Regras para o parque humano. São Paulo: Estação Liberdade, 2000.
a existência do homem, natureza VERTCHENKO, Lev; PEDROSO, Henrique K. Frankenstein e a inteligência artificial – Elucubrações
maternal, na qual os desígnios de envolvendo panpsiquismo e metafísica clínica. BH: Ed. PUC Minas

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