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PERIODO HOMERICO
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perodo, bascavase no gèné cmantinha certa independncia em
várias
clação o palácio. No cntanto, o pagamento de tributos de
a morte,
Chpécien c obrigatório, O chele do gèné tornava-se, após
NCu protctor; o culto dos mortos c dos antepassados é uma religião
da lamili, vinculado ao tunulo c necessita dos descendentes para
continuá lo. Além da rcligiäo vinculada aos mortos, existia a religião
vinculada aos deusCs.
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dstivas, a melhoria dos instrumentos de trabalho agrícola c o
do artesanato.
desen volvimento
Esses fatores Jevaram a formação de um novo período na Gré
cia. que se caracterizou pela substituição da realeza (presente na
civilização micenca) pcla aristocracia, Em ugar de um rei todo
noderoso, desenvol veu-se durante esse período uma aristocracia que
passou a tomar as decisóes políticas e cconómicas. A organização
política, que antes girava em torno do palácio, passou a girar em
torno de ágora, sendo as decisõcs baseadas em discussõcs públicas,
ainda que delas participasse apenas uma parccla da população-
os cidadãos.
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considerava-se dos der.
descendente
seu proprictário.' A aristocracía
ses e conservava cuidadosanente sua genealogia como torma de ga-
entanto, já começava a sET mpor
tantir condição privilegiada. No
tante também a riqueza, e as propriedades passaram a ser vistas
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cimento da escrita, por volta do sculo IX a.C., com uma função
completamente diferente da que tinha durante a civilização mic
ao aparclho
nica, quando restrita aos cscribas c vinculada
estava
a função de divulgar
administrativo. A escrita reaparecia, agora, com
muito mais
tornando-se assim
aspectos da vida social c política, comum e no
Era pública sentido de atender ao interesse
pública. no
em opo
sentido de garantir processos abertos a
toda a comunidade,
atendia
aos interesses
palaciana a quc
exclusivos da estrutura
SIçao refere-se a espe
no período anterior. A segunda
dessas alterações
ao rei
cabia mais
sociais. Não
Cialização de determinadas funções elas
comando absoluto na tomada de todas as decisões-fossem
o
econômicas ou militares.
As decisões passaram
politicas, religiosas, mas
maneira absolutamente individual,
a ser tomadas não mais de
até da assem
da discussão e do apoio dos conselhos e
dependiam e econðmicas pas-
bléia. Dessa forma, as decisões militares, políticas
de dis-
de decisões humanas, resultado
saram a ser vistas como fruto
único rei divino.
dos homens e não de um
cussões e deliberações da tomada
já, dois aspectos
Essas características expressavam,
relacionados conceito de cidadania, que
ao
de decisão intimamente e o carater
grego: o
caráter humano
fundamental no mundo
foi tão o controle
dos destinos
isso, ampliou-se
público das decisões. Com de todos ao mundo espi-
homens e o acesso
humanos pelos próprios às formas de
raciocínio,
aos valores e
ritual e ao conhecimento, debate.
sujeitos à crítica e ao
se tornassem
permitindo que todos desenvolveriam plenamente, no en-
Essas características só se
o fato de
compreender
E assim que se pode exercidas
tanto, bem mais tarde. promulgadas e
momento, as
leis eram
serem
que,
ainda neste
e os mitos e que (por
conheciam a tradição deliberavam
por aqueles que interpretavam o presente e
com os deuses) ilustrativa a
aparentados A esse respeito é
essa interpretação. aos deu
de acordo com
"Mediador dos homens junto
(1980): Ao
afirmação de Glotz dos deuses entre
os homens.
representante essas
ses, o rei é ainda conhecimento das thémistes,
o cetro,
recebeu também o remover
todas as
receber
sobrenatural que permitem de
inspiraçoes de
origem a paz
interior por meio
especialmente,estabelecer intransferí-
e
dificuldades e,
uma relação pessoal
justas." (p. 35) Assim, exercício da justiça,
palavras fosse no
os deuses,
homens e atividades huma-
vel entre alguns fortemente as
As obras de
constituírem
além de
dias e Teogonia),
trabalhos e os
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nportantes para o entendimento histórico desse período, permitem
descortinar características do pensamento ento produzido.
Homero, que possivclmente viveu na Jônia no século IX a.C,
retrata em seus poemas liadac Odisséia momentos diferentes. A
liada mostra um periodo de guerra (guerra de Tróia 1280-1180
a.C.) descrevendo o comportamento de heróis em luta. A Odisséia
retrata uma época de paz (a vida doméstica, relaçõcs familiares).
Essa diferença de conteúdos c
situações ocorridas com
diferenças de
um século explica-se, possivelmente, pelo fato de os poemas homé
ricos terem sido compilados ou redigidos após cxistirem como tra
dição oral. A redação, após vários séculos dos acontecimentos que
os poemas retratam, possivelmente determina alterações nos fatos
históricos apresentados e a dificuldade na delimitação precisa da
época a que se referem: a liada apresenta características e fatos
que se desenrolaram durante a civilização micénica sendo, entretan-
to, dificil isolar os fatos que seriam de épocas posteriores; e a Odis-
séia, possivelmente, retrata o período posterior: relata, por exem-
plo. decisões tomadas não mais por um rei, mas por assembléia de
nobres.
Hesíodo nasceu em Ascra, na Beócia, e viveu entre o final do
século XIII a.C. e início do século VIl a.C.. No poema Os traba-
Ihos e os dias descreve a vida campestre, a vida vinculada ao tra-
balho, e na Teogonia propõe uma genealogia dos deuses e do mundo.
W. Jaeger (1986) faz uma análise de tais obras a partir da qual
se pode depreender sua importância. Homero e Hesíodo escreveram
a partir de locais sociais diferentes; enquanto Homero tem sua obra
marcada pela descrição da vida e do mundo do ponto de vista de, e
dirigida à aristocracia e a nobreza, Hesíodo coloca-se sempre numa
perspectiva que é própria das camadas populares especialmente
os camponeses. Essa diferença marca as distintas concepçoes desen
volvidas por eles.
Homero associava a noção de homem à noção de virtude que,
de alguma forma, definia o próprio homem. No entanto, as virtudes
eram sempre, para Homero, virtudes que só podiam ser encontra-
das entre os aristocratas, seja porque eram em si típicas dessa cama
da social, seja porque só podiam ser desenvolvidas por aqueles que
de nascimento as possuíam. A força, a destreza e o heroísmo eram
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virtudes a serem buscadas
desenvolvidas por homens que já as
e
possuiam em germe, por nascimento. A elas associava-se a altivez.
o direito
que alguns possuíam (os nobres, os virtuosos) à honra e
a serem reconhecidos lado dessas qualidades que
como tal; ao
per
mitiam ao homem atuar, deviam ainda desenvolver seu espirito, e
assim, adquirir as capacidades da refkxão. O reconhecimento,. por
parte da comunidade, das virtudes e honradez de um homem. e mais.
o reconhecimento público disso, era fundamental como medida desse
homem homem era tão mais virtuoso quanto mais pudesse
demonstrar e encontrar reconhecimento disso entre seus pares.
J á Hesíodo associava à concepção de homem a noção de que
apenas pelo trabalho se atingia a virtude. O trabalho-apesar de
árduo e dificil não devia ser visto como uma carga. mas com
a torma propriamente humana absolutamente necessäria de se atin-
gir a virtude. Assim, ao invés de pensar o homem como um guer
reiro, pensava-o como um trabalhador. Não associava trabalho à
acumulação desenfreada de riquezas e não o associava com a mise
ria do trabalho mal pago, mas apenas com a dignidade da produgão
de uma existência virtuosa. Outra noção central à sua concepcão d
homem era a de justiça. Enquanto entre os animais imperava o direito
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e racionalidade para a vida humana."
dos mitos estabelecia-se uma
deuses e na qual atri-
A hierarquia que Homero estabelecia entre os
nessa direção. Citando
buia um poder maior a Zeus parece apontar
um pensamento religioso
aeger (1936): "Assim, vemos na Iliada
o problema de pôr em
emorai já bastante avançado debater-se com
e local da maioria dos
concordäncia o caráter originásrio, particular
do mundo." (p. 56).
deuses com a exigência de um comando unitário
encontrava
tendo o trabalho como
A causa que Hesíodo para
de determinado momento,
sido instituído pelos deuses, a partir um
a classe camponesa e os
nascente habitantes da cidade sentiram
que
a exigência da proteção do direito." (p. 68)
Essa racionalidade mítica envolve ambigüidade: (.. .)
uma
o mesmo fenô-
"operando sobre dois planos, o pensamento apreendesimultaneamente
da terra das águas,
meno, por exemplo, a separaçao
como fato natural no mundo visível e como geração divina no tempo
à elaboração do pensamento.
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