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Noções básicas de história e cronologia

O que é história?
Primeiramente história é a ciência que estuda o passado. Ela é uma ciência da área de
humanas e como a maioria ou todas, acaba que por estudar fenômenos sociais, políticos
e religiosos e suas transformações no decorrer do tempo.

Mas de maneira simples podemos definir história como "uma representação do passado,


ou seja, não é o passado em si, mas sim um relato que busca torna-
lo compreensível." Assim podemos dizer que dentro dessa ciência é possível ter várias
possibilidades. Como?

Ressaltando que não existiu, não existe e não existirá uma única definição de história,
haja vista o tipo de pesquisa e que as opiniões mudam de acordo com o tempo. Esse é o
motivo de haver diferentes pontos de vista sobre um mesmo tema ou período histórico.

Quais são os instrumentos para estudar história?

Antes de qualquer avaliação sobre o assunto pense sempre da seguinte maneira! Para


representar o passado, é preciso de dois instrumentos: o tempo (nos indica quando um
fato aconteceu) e o espaço nos determina onde ele ocorreu.

O que é cronologia?
A palavra cronologia é formada por dois vocábulos gregos: chronos (tempo)
e logos(tratado, estudo). Assim, a cronologia pode ser entendida como a ciência que
estuda as várias formas  de contar o tempo. Pode ser vista também como ordem pela
qual certos acontecimentos se sucedem no tempo. Assim, quando ordenamos fatos de
acordo com a época em que aconteceram, dizemos qe foi estabelecida uma "ordem
cronológica", ou seja, colocamos primeiro aquilo que ocorreu antes, depois o que
aconteceu a seguir e assim por diante.

Conceito de História 
 
História é uma ciência humana que estuda o desenvolvimento do homem no tempo. A
História analisa os processos históricos, personagens e fatos para poder compreender
um determinado período histórico, cultura ou civilização.
 
Principais objetivos 
 
Um dos principais objetivos da História é resgatar os aspectos culturais de um
determinado povo ou região para o entendimento do processo de desenvolvimento.
Entender o passado também é importante para a compreensão do presente.
 
Fontes principais
 
O estudo da História foi dividido em dois períodos: a Pré-História (antes do surgimento
da escrita) e a História (após o surgimento da escrita, por volta de 4.000 a.C).
 
Para analisar a Pré-História, os historiadores e arqueólogos analisam fontes materiais
(ossos, ferramentas, vasos de cerâmica, objetos de pedra e fósseis) e artísticas (arte
rupestre, esculturas, adornos).
 
Já o estudo da História conta com um conjunto maior de fontes para serem analisadas
pelo historiador. Estas podem ser: livros, roupas, imagens, objetos materiais, registros
orais, documentos, moedas, jornais, gravações, etc.
 
Ciências auxiliares da História 
 
A História conta com ciências que auxiliam seu estudo. Entre estas ciências auxiliares,
podemos citar: Antropologia (estuda o fator humano e suas
relações), Paleontologia(estudo dos fósseis), Heráldica (estudo de brasões e
emblemas), Numismática (estudo das moedas e medalhas), Psicologia (estudo do
comportamento humano), Arqueologia (estudo da cultura material de povos
antigos), Paleografia (estudo das escritas antigas) entre outras.
 
Periodização da História
 
Para facilitar o estudo da História ela foi dividida em períodos:
 
- Pré-História: antes do surgimento da escrita, ou seja, até 4.000 a.C.
 
- Idade Antiga (Antiguidade): de 4.000 a.C. até 476 (invasão do Império Romano).
 
- Idade Média (História Medieval): de 476 a 1453 (conquista de Constantinopla pelos
turcos otomanos).
 
- Idade Moderna: de 1453 a 1789 (Revolução Francesa).
 
- Idade Contemporânea: de 1789 até os dias de hoje.
 
Outras informações:
 
- O grego Heródoto, que viveu no século V a.C é considerado o “pai da História” e
primeiro historiador, pois foi o pioneiro na investigação do passado para obter o
conhecido histórico.
 
- A historiografia é o estudo do registro da História.
 
- O historiador é o profissional, com bacharelado em curso de História, que atua no
estudo desta ciência, analisando e produzindo conhecimentos históricos.

As civilizações clássicas –
A civilização grega Grécia Antiga é o termo geralmente usado para descrever, em seu
período clássico antigo, o mundo grego e áreas próximas (como Chipre, Anatólia, sul da
Itália, da França e costa do mar Egeu, além de assentamentos gregos no litoral de outras
regiões, como no Egito). A História da Grécia tradicionalmente compreende o estudo
não apenas da Grécia em si, mas também das áreas por eles governadas. O âmbito da
habitação e governo do povo grego sofreu várias mudanças através dos anos e, como
consequência, a história da Grécia reflete essa elasticidade. Cada era, cada período de
sua História antiga, tem suas próprias características.
Os primeiros gregos chegaram na Europa pouco antes de 1,5 mil a.C. A civilização
grega estabeleceu tradições de justiça e liberdade individual, que viriam a se estabelecer
como as bases da democracia contemporânea. A sua arte, seu pensamento filosófico e
sua Ciência tornaram-se fundamentos do pensamento e da cultura ocidentais. Os gregos
da antiguidade chamavam a si próprios de helenos (todos que falavam grego, mesmo
que não vivessem na Grécia), e davam o nome de “Hélade” à sua terra, sendo
considerado bárbaro todo povo que não fosse considerado grego e não falasse a língua
grega. Ainda assim, os gregos nunca chegaram a formar um governo nacional, ainda
que estivessem unidos pela mesma cultura, religião e língua; exatamente por isso o que
temos é um conjunto de cidades-Estado que possuem entre si traços culturais em
comum que as reúnem sob uma mesma designação: Grécia. Em outras palavras, não
existiu um Estado politicamente unificado entre os gregos antigos. Situada na porção sul
da Península Balcânica, o território da Grécia continental caracteriza-se pelo seu relevo
montanhoso. Mas também faz parte do território grego uma região insular. Os gregos
originaram-se de povos que migraram para a península balcânica em diversas ondas
migratórias, com início no terceiro milênio a.C.; entre os invasores, merecem destaque
os pioneiros: os aqueus, os jônicos, os dóricos e os eólios (todos indo-arianos
provenientes da Europa Oriental). A História da Grécia antiga, para efeito didático,
divide-se em cinco períodos, a saber:
- Pré-Homérico (1900–1100 a.C.): período anterior à formação do homem grego; nessa
época, estavam se desenvolvendo as civilizações cretense ou minoica (na ilha de Creta)
e a micênica (na parte continental).
- Homérico (1100–700 a.C.): período em que ocorre a chegada de Homero, que foi
considerado marco na história por suas epopeias, a Ilíada e a Odisseia; há, também, o
início da ruralização e da formação da comunidade gentílica (comunidade na qual um
ajuda o outro na produção e colheita); plantavam apenas o que iriam consumir.
- Arcaico (800–500 a.C.): formação da polis; colonização grega; aparecimento do
alfabeto fonético, da Arte e da Literatura, além de progresso econômico com a expansão
da divisão do trabalho, do comércio e processo de urbanização; é neste período em que
os vários modelos das polis vão se constituindo, definindo assim a estrutura interna de
cada cidade-Estado.
- Clássico (500–338 a.C.): período de esplendor da civilização grega, ainda que
discutível; as duas cidades consideradas mais importantes desse período foram Esparta e
Atenas; além delas, outras cidades muito importantes foram Tebas, Corinto e Siracusa;
nesse momento a História da Grécia é marcada por uma série de conflitos externos
(Guerras Médicas) e internos (Guerra do Peloponeso).
Helenístico (338–146 a.C.): crise da civilização grega, invasão macedônica, expansão
militar e cultural helenística, a civilização grega se espalha pelo Mediterrâneo e se funde
a outras culturas.
O legado cultural da Grécia antiga
A cultura da Grécia antiga é considerada a base da cultura da civilização ocidental. Isso
não ocorreu por acaso: a cultura grega exerceu poderosa influência sobre os romanos,
que se encarregaram de repassá-la a diversas partes da Europa. A civilização grega
antiga teve influência na Política, na linguagem, na Filosofia, no sistema educacional,
na Arte, na Ciência, na tecnologia, na Arquitetura etc. Tem papel especial nesse fato o
Renascimento europeu — a ser estudado mais adiante —, período durante o qual houve
um esforço para reavivar, reafirmar o legado cultural grego. Conceitos como
“democracia” e “cidadania”, tão caros à humanidade atual, são conceitos gregos — ou
ao menos de pleno desenvolvimento pelos gregos —, importantes para a constituição do
que hoje temos como civilização ocidental. É importante salientar, sobretudo, o papel
dos gregos no que se refere ao estudo da História. Se hoje estudamos a História grega de
modo mais objetivo e imparcial, isso se deve à consciência grega de se realizar um
estudo melhor elaborado das fontes históricas, dando-lhes um tratamento mais científico
e metódico, e menos “poético”. Qual seria, pois, a importância do passado para uma
determinada cultura? Mesmo simples, essa é uma questão que atinge a compreensão dos
interesses e hábitos que permeiam uma determinada sociedade. Atualmente,
compreendida como uma ciência, a História se tornou um campo do saber que, por meio
de questões oriundas do presente, busca uma resposta que seja perceptível nos
depoimentos, fontes e demais signos que nos falam sobre “aquilo que aconteceu”.
Sendo uma preocupação instigante, devemos saber que o interesse sobre o tempo
incomodou as civilizações humanas desde as mais remotas épocas. Segundo muitos
antropólogos, a necessidade de se falar sobre as nossas experiências já se via claramente
manifestada nas pinturas rupestres que tomavam as paredes das cavernas. Com isso,
podemos enxergar que o desenvolvimento da História se confunde com a própria
existência do homem. Entre os gregos, a História foi desenvolvida por meio de relatos
que diziam sobre eventos considerados importantes ou que explicariam a origem das
coisas; não sendo prontamente sistematizada como um campo do conhecimento, vemos
que esse interesse dos gregos sobre a recuperação do passado se confundia com a poesia
e a mitologia — as obras Ilíada e Odisseia, por exemplo, reportam a episódios do
passado grego, mas não trazem algum tipo de respaldo que lhe conceda a ideia de
verdade. A primeira tentativa de promover essa separação da História das outras
narrativas existentes na cultura grega aconteceu graças à ação de Heródoto de
Halicarnasso. Popularmente conhecido como o “pai da História”, Heródoto buscou
empreender um método de pesquisa bastante particular: acreditava que primeiramente
teria de conhecer profundamente cada um dos povos e locais em que determinando
evento a ser estudado aconteceu. Entretanto, ainda influenciado por sua cultura, a grega,
esse estudioso interpretava os fatos ocorridos como uma manifestação da vontade dos
deuses. Tucídides, por outro lado, foi o primeiro historiador grego a tentar promover
essa dissociação entre a vontade dos deuses e o sentido daquilo que aconteceu no
passado. Segundo ele, os eventos históricos seriam fruto dos interesses políticos dos
homens, procurando, portanto, narrar objetivamente os acontecimentos ligados a
determinado objeto de estudo, apesar de ter evidenciado traços de tendenciosidade em
favor de sua cidade-Estado, Atenas. Por sua vez, e demonstrando o lugar que esse
campo do saber ocupava na cultura grega, o filósofo Aristóteles teceu alguns
comentários que tratavam sobre a diferença entre história e poesia. Para ele, a forma de
escrita utilizada por um autor tinha pouca importância para compreender o que era a
História. Na verdade, o que definiria a História seria o interesse em se falar sobre coisas
de natureza particular. Em contrapartida, a poesia utilizaria de seus personagens para
debater coisas que seriam comuns a todos os homens. Como se nota, os gregos legaram
às civilizações posteriores uma noção melhor fundamentada sobre o estudo da História.

AS CIVILIZAÇÕES CLÁSSICAS
Grécia:

Grécia Antiga - excelente site sobre a história da civilização grega. Muito bem
organizado retracta de forma interessante diversos temas dos antigos gregos: pré-
história da Grécia, formação da sociedade, arte grega, teatro, mitologia, literatura,
filosofia, guerras, período helenístico e o cotidiano na Grécia Antiga. Vale a pena
conhecer.

Grécia Antiga - Discovery Channel - site completo sobre a Grécia Antiga, retratando
diversos temas interessantes: filosofia, olimpíadas, arte, arquitetura, expansão grega,
guerras, ciências, deuses, heróis gregos e política. Apresenta uma completa linha do
tempo sobre o tema.

A Arte na Grécia Antiga - site que analisa o desenvolvimento artístico dos gregos
antigos. Aborda a arte pré helênica, os deuses nas representações artísticas, arquitetura
(templos) e escultura.

Mitologia Grega - apresenta uma lista com as características físicas e comportamentais


de alguns deuses gregos e romanos. Com poucas ilustrações é interessante apenas para
quem busca mais informações sobre mitos da Grécia.

Arte Grega - este site aborda as inspirações e principais características da arte grega,
arquitetura segundo os modelos da ordem dórica, jônica e coríntia, principais
monumentos da arquitetura grega, pintura em cerâmica, escultura, principais mestres da
escultura clássica grega, etc.

Roma:

História de Roma Antiga - site do Wikipedia que aborda os principais temas da história
de Roma. O mito de origem de Roma, cultura romana, mitologia romana, pão e circo, os
imperadores romanos, república romana, o latim, os gladiadores e muito mais.

Roma: o Alto Império - o site explica a formação do Império Romano, o império de


Otávio, o exército romano, os imperadores da dinastia júlio-claudiana (Tibério,
Calígula, Cláudio e Nero).

Arte Romana - site que aborda as principais características da pintura romana,


arquitetura e escultura. Ótima referência para quem procura entender um pouco mais
sobre as representações artísticas dos romanos.

Mitologia Romana - site recheado de explicações sobre os principais aspectos


mitológicos da cultura romana. Conheça mais sobre os deuses romanos e mitos
importantes como, por exemplo A Guerra de Tróia, Os trabalhos de Hércules, Jasão
Medéia entre outros.

Coliseu de Roma - o site apresenta várias fotos sobre esta importante obra da arquitetura
romana. Conheça as características principais, os materiais utilizados na construção e as
relações arquitetônicas com os aspectos históricos.

África subsariana

A África subsariana ou subsaariana , antes impropriamente chamada África


negra, corresponde à parte do continente africano situada ao sul do Deserto do Saara.
Chamada de subsaariana por estar ao sul (sub-) do Saara (-saariana). É constituída de
quarenta e oito Estados, cujas fronteiras resultaram da descolonização.
Com cerca de 9 milhões de quilômetros quadrados, o Deserto do Saara forma uma
espécie de barreira natural que divide o continente africano em duas partes muito
distintas quanto ao quadro humano e econômico. A norte do Saara, encontramos uma
organização socioeconómica muito semelhante à do Oriente Médio, formando um
mundo islamizado. Ao sul está a África subsariana, antigamente chamada 'África
Negra', por europeus e árabes, em razão da predominância, nessa região, de povos
de pele mais escura; porém, tal terminologia é considerada essencialmente ideológica

Diversidade étnica
A diversidade étnica desta região da África é patente nas diferentes formas de cultura,
incluindo as línguas, a música, a arquitetura, a religião, a culinária e a indumentária dos
diferentes povos do continente.
A maioria da população pertence a etnias anteriormente classificadas na "raça negra".

Línguas
A África é provavelmente a região do mundo onde a situação linguística é a mais
diversificada (com mais de 1000 línguas) e a menos conhecida. A classificação
estabelecida por Joseph Harold Greenberg, um famoso linguista norte-americano, em
1955, distingue quatro grandes conjuntos:

 A família Línguas khoisan ao sul, constituída essencialmente pelas línguas


de cliques dos bosquímanos;
 A família camito-semítica (dita também afro-asiática) ao norte, constituída
pelo semítico (árabe, hebraico, etíope e outras), o berbere, o egípcio, o cuchítico e
o chadiano (haúça),
 A família nilo-saariana, que se estende sobre uma zona descontínua
do Chade ao Sudão e ao Zaire, e compreende o songai, o maban, o koma, o fur e
o nilo-chadiano, este dividido em sudanês central (sara, mangbetu) e sudanês
oriental (línguas núbias);
 A família nígero-congolesa, que ocupa a maior parte da África Negra, é dividida em
seis grupos: o oeste-atlântico (peul, uolofe, diola),
o mandé ou mandinga (bambara, malinquê, mende), o voltaico ou gur(mossi),
o kwa (iorubá, iba, akan, ewe, kru), o grupo de Adamawa oriental e o grupo benuê-
congolês, essencialmente constituído pelas línguas bantas, que ocupam todo
o sul do continente. Para fazer face a essa diversidade linguística, foram
desenvolvidas línguas de relação, faladas como segundas línguas nos conjuntos
geográficos mais vastos: o árabe, a língua mais falada do continente; o suaíle (leste
da África), primeira língua banta a utilizar a forma escrita; o lingala (oeste
da República Democrática do Congo); o bambara (Mali, Guiné, Costa do Marfim);
o haúça (norte da Nigéria) e outras. Finalmente, as línguas europeias herdadas
da colonização (inglês, francês, português) são faladas pelas classes cultas e
continuam a ser o alicerce linguístico de numerosos países. Essa imensa diversidade
cultural é, em parte, explicada pela preservação, até tempos recentes, de uma
organização social tribal. A tribo é uma das mais antigas e elementares formas de
organização social, sendo caracterizada pela presença de um território comunitário e
pela unidade da língua e das tradições. Dessa maneira, cada tribo é um verdadeiro
universo cultural, com suas particularidades bem definidas, que se mantêm
enquanto não são expostas a culturas externas.

População
O continente africano tem hoje cerca de 889 milhões de habitantes, dos quais 500
milhões vivem na África subsariana. Essa população tem um crescimento populacional
na ordem dos 2,5% ao ano.
Esse crescimento elevado da população tem criado duas preocupações muito sérias:

1. a predominância de jovens na população determina a necessidade de elevados


investimentos sociais em escolas, alimentação e tratamento médico;
2. a pressão demográfica, aliada ao baixo nível técnico da produção agropecuária, à
introdução de culturas de rendimento para exportação e à urbanização no século
XX, tem gerado graves desequilíbrios económicos e sociais.
De forma geral, a população da África subsaariana apresenta os piores indicadores
socioeconómicos do mundo. Enquanto nos países desenvolvidos a população morre, em
média, com uma idade superior a 70 anos, nessa parte do mundo raramente a média
ultrapassa os 45 anos. Essa expectativa média de vida tão baixa é explicada por
inúmeros fatores, tais como a má nutrição, falta de assistência médica e ausência
de saneamento básico nos meios rurais.

História
A teoria mais aceita entre os antropólogos e arqueólogos diz que "a África é o berço da
humanidade". Na Antiguidade, a Núbia e a Abissínia foram as primeiras regiões a
receber influências externas, principalmente a partir do III milênio a.C.. O território a
oeste do Chade permaneceu mal conhecido, e passou lentamente do Neolítico à Idade
do Ferro. Existiram grandes impérios: Gana, Mali, Songai, Canem. A partir do século
VIII, os Estados sudaneses sofreram a influência dos muçulmanos e tornaram-se
fortemente islamizados. O Império do Gana, entre o Senegal e o Níger, desenvolveu-se
a partir do século IX e foi destruído em 1076-1077 pelos almorávidas. Seu território
controlado no início do século XIII pelo Reino de Sosso, passou em 1240 à dominação
do Império do Mali, que, herdeiro de sua riqueza, se estendeu por uma zona bastante
extensa no Sudão Ocidental. Esse império entrou em lento declínio a partir do século
XV e foi perdendo terreno para o Império Songai, que cresceu às suas custas a partir de
então. O golpe final que desencadeou a extinção do Império do Mali foi dado
pelo Reino de Segu, por volta de 1670.
O islamismo, introduzido pelos almorávidas, durante muito tempo atingiu somente as
classes dirigentes. Ao redor do Chade, sucederam-se ou coexistiram diferentes
reinos: Baguirmi, Uadai e Bornu, islamizados superficialmente. O Islamismo deu
origem também à reinos teocráticos, no vale do Senegal e no Futa Jalom, onde
ocorreram conversões massa no século XIX. Na costa do golfo do Benim formaram-se
reinos animistas, menores, porém, muito centralizados, como Império Axânti e Reino
do Daomé. A leste do deserto da Líbia, o reino cristão da Núbia passou, pouco a pouco
ao controle do Islamismo, o da Etiópia, refugiado nas montanhas após a ruína
de Axum por volta do século VI, sobreviveu - apesar de uma história tumultuada - até a
sua reorganização, na segunda metade do século XIX, sob uma dinastia igualmente
abissínia. Na costa oriental surgiu uma série de sultanatos fundados pelos árabes, que
prosperaram até a chegada dos portugueses, no século XVI. Madagascar povoou-se de
indonésios desde uma data desconhecida até perto do século XIII.
A chegada dos portugueses no século XV trouxe grandes mudanças, pois o comércio
português, em breve seguido pelo de outras nações europeias como os Países
Baixos, Dinamarca, Grã-Bretanha e França, por intermédio de companhias autorizadas,
baseava-se essencialmente no tráfego de escravos. Do século VII ao XX, cerca de 14
milhões de escravos foram levados para o mundo árabe pelo Saara e pelos portos da
costa oriental. A eles se devem somar os que, do século XV ao XIX, foram para
a América: de 15 a 20 milhões, mais os que morreram durante a viagem. Os chefes das
regiões costeiras, foram, no decorrer do século XIX, substituindo a "mercadoria
humana" por produtos tropicais (óleo de coco), que eram trocados por tecidos e armas.
A partir de 1815, a França tentou lentamente extrair recursos do Senegal, que ocupou
em 1658. A Grã-Bretanha se instalou na Costa do Ouro a partir de 1875 e
na Nigéria desde 1880, ano em que a França desencadeou a "corrida do ouro", com a
Marcha do Níger. A Conferência de Berlim (novembro de 1884 - fevereiro de 1885) não
decidiu a partilha da África, mas acelerou a instalação territorial das potências europeias
e a constituição de grandes impérios
coloniais: inglês, neerlandês, italiano, belga e alemão, junto aos restos do
império espanhol e português. Até à Segunda Guerra Mundial, a África subsaariana
evoluiu em ritmos diversos, em função do meio e dos recursos, da precariedade das vias
de comunicação, da densidade das populações e da urbanização. Por toda parte a massa
camponesa (90% da população) sofreu com o domínio colonial. Entretanto a
urbanização, acentuada após a Segunda Guerra Mundial, e a formação de
de elites letradas desenvolveram a consciência da identidade africana.
Após a Segunda Guerra Mundial o prestígio da etnia branca diminuiu (derrota de 1940,
lutas intestinas entre franceses, rivalidade franco-inglesa), fato acentuado com a
propaganda dos movimentos pan-africanistas, que já existiam desde antes da guerra.
Essa evolução foi geralmente pacífica, salvo a rebelião malgaxe de 1947, as
sublevações quicuios (mau-mau) do Quênia, de 1952 a 1956, e a revolta da União das
populações de Camarões (1955–1958), O processo de descolonização iniciado em 1944
(Conferência de Brazzaville), acelerou-se após 1960, ano em que muitos países
africanos conquistaram a independência. Apesar disso continuaram com graves
problemas econômicos e políticos, a despeito do apoio das antigas metrópoles. A África
tornou-se, por outro lado, território de disputa entre os dois blocos então dominantes na
política mundial, acentuada pela assistência militar que a União
Soviética, China, Cuba, Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e outras potências
forneciam a governos africanos sob sua influência.
A fragilidade econômica de muitos países africanos levou-os a buscar ajuda nas antigas
metrópoles, das potências que apoiaram os novos governos pós-independência, ou sob
forma multilateral, dos organismos internacionais como a ONU ou a Comunidade
Econômica Europeia. Para superar suas fraquezas os países africanos formaram
a Organização da Unidade Africana (OUA), criada em 1963 em Adis Abeba. A África
negra hoje atravessa uma crise política e econômica que se caracteriza pela rejeição
aos partidos únicos, pelo aumento das tensões tribais e por um desastre econômico sem
precedentes. Desde o início dos anos 80 a recessão vem se ampliando, com a queda das
matérias-primas e o aumento da dívida externa e do desemprego num continente onde a
população cresce num ritmo inédito na história. Tais dados demográficos, no entanto,
podem transformar-se profundamente com a evolução da Aids: em 1991, metade dos 5 a
8 milhões de indivíduos portadores do vírus eram africanos.
Até o final da década de 1980, a maioria dos dirigentes se manteve no poder graças a
partidos únicos que garantiam os privilégios de uma minoria, apoiada
na corrupção generalizada. A crescente pressão dos direitos humanos, no entanto, tem
obrigado vários países a se justificarem perante a comunidade internacional. Nesse
contexto, em 1990 a África negra passou por mudanças políticas fundamentais,
caracterizadas pela implosão dos sistemas
vigentes: pluripartidarismo e democracia tornaram-se as palavras de ordem.
O Benim renunciou ao marxismo-leninismo, a Costa do Marfim legalizou os partidos de
oposição após 3 anos
de autoritarismo e Gabão, Zaire, Tanzânia, Camarões, Zâmbia e Congo por sua vez, se
abriram ao pluripartidarismo. Na África do Sul as leis que regiam o apartheid foram
abolidas em 1991, e a maioria dos países da África austral caminha para a
democratização, adotando o pluripartidarismo, novas constituições e eleições livres, na
esperança de atingir a estabilidade política indispensável ao desenvolvimento
econômico.

Doenças da região
*Doença do Sono : A doença do sono ameaça mais de 60 milhões de pessoas em 36
países da África subsaariana. Menos de quatro milhões destas pessoas têm acesso a um
centro de saúde.
Na República dos Camarões, nos anos 20, um médico chamado Jamot implementou
uma estratégia de controle eficaz, enviando equipes móveis às aldeias para diagnosticar
e tratar o máximo de pacientes possível. O programa do Dr. Jamot obteve sucesso no
bloqueio da transmissão da doença do sono, esvaziando a reserva humana de
tripanossomas. Mas, recentemente, as guerras civis desestruturaram sistemas de saúde e
forçaram pessoas a migrar, permitindo que tais reservas fossem reconstruídas.
*Malária: A malária está presente em mais de 100 países e ameaça 40% da população
mundial. A cada ano, 500 milhões de pessoas são infectadas, a maioria delas na África
subsaariana (Estima-se que 90% dos casos mundiais e 90% de toda a mortalidade por
malária ocorram na África subsaariana. A doença também ocorre nas Américas Central
e do Sul, sobretudo na região amazônica, e em países da Ásia), e 2 milhões de pessoas
morrem dessa doença. As vítimas são principalmente crianças de áreas rurais. A malária
é a primeira causa de morte de crianças menores de 5 anos na África, e mata uma
criança a cada 30 segundos no mundo.
*AIDS: Desde que os primeiros casos da síndrome de imunodeficiência adquirida
(AIDS ou SIDA) foram detectados, em 1981, a África é o continente que mais sofre
com a doença, especialmente a região subsaariana, segundo o último relatório publicado
pelo Programa das Nações Unidas contra esta doença (Unaids) em maio de 2006.
Embora os dados sobre a incidência do vírus estejam sofrendo uma "desaceleração",
segundo o relatório, as proporções epidêmicas ainda são graves na África subsaariana.
As taxas de infecção per capita de alguns países da região continuam subindo. Com
pouco mais de 10% da população mundial, a África subsaariana abriga cerca de 24,5
milhões de infectados, quase dois terços dos portadores de HIV em todo o mundo.
Cerca de três quartos dos 25 milhões de pessoas que morreram em decorrência do HIV
desde o início da epidemia, nos anos 80, eram do continente africano.

Caracterização política
Esta região da África é marcada, em geral, por governos autoritários e corruptos que não
se preocupam em melhorar as condições econômicas dos seus países. Nos últimos anos,
no entanto, verifica-se uma tendência democratizadora em toda a região, com eleições
multipartidárias realizadas regularmente.

Ambiente
Os principais aspectos do relevo são, na região do Magrebe, a cordilheira do Atlas, cujo
pico mais alto é o Jebel Tubkhal (4165 m); o grande planalto desértico do Saara, com as
depressões de Catara (Egito) e Bodelê (Chade); a bacia do rio Níger e as cadeias
vulcânicas de Hoggar (Argélia) e de Tibesti (Chade); a sul do planalto do Sudão,
destacam-se a bacia do Congo, o monte Cristal e o planalto dos Grandes Lagos
Africanos, com os pontos culminantes do continente, os montes Quilimanjaro (5895
m), Quênia (5199 m), Ruwenzori (5119 m) e Elgon (4321 m); no nordeste do Vale do
Rift, o maciço da Abissínia.
Hidrografia
A maior bacia hidrográfica da África e segunda do mundo, apenas superada pela do rio
Amazonas, é a do rio Congo, com 3680000 km2. O rio Nilo, com 6690 km, é o segundo
mais longo do mundo. O Zambeze e o Limpopo correm para o oceano Índico.
O Orange, o Níger, o Gâmbia e o Senegal desembocam no Atlântico.
Os principais lagos africanos são o Vitória, segundo do mundo em superfície, com
69485 km², o Tanganica, o Rodolfo, o Alberto, o Eduardo e o Niassa.
Clima
O clima tropical predomina na maior parte da África, tanto na zona tropical, úmida
no verão e seca no inverno, quanto na zona equatorial, com temperaturas elevadas
e chuvas abundantes.
Nos grandes desertos, como o Saara e o Kalahari, as temperaturas são altas de dia e
baixas à noite. Nos extremos norte e no sul do continente encontram-se estreitas regiões
de clima ameno, de tipo mediterrâneo.
Fauna e flora
A distribuição climática do continente africano determina diretamente a configuração de
suas zonas de vegetação e fauna. A selva equatorial, frondosa e exuberante, abriga
numerosas espécies de aves, símios - chimpanzés e gorilas -, répteis, anfíbios e insetos.
Nas zonas tropicais estende-se a savana, paisagem de vegetação herbácea, com árvores
de folhas caducas (baobá, sicômoro) isoladas ou em bosques; nas savanas abundam os
grandes mamíferos herbívoros (elefantes, rinocerontes, hipopótamos, girafas, búfalos,
antílopes, gazelas) e os carnívoros (leões, leopardos, hienas, chacais).
As grandes zonas desérticas do Saara e do Kalahari apresentam vegetação muito
escassa, de plantas espinhosas, exceto nos oásis, onde crescem formações de palmeiras;
insetos, répteis, roedores e alguns mamíferos de grande porte, como os chacais,
constituem a fauna adaptada a essas regiões. Nas zonas mediterrâneas cresce o típico
bosque baixo, combinado com maquis, garrigue e bosques de pinheiros e carvalhos,
onde habitam numerosas espécies de animais de clima temperado: lebres, cabras,
raposas, aves de rapina, pombas, perdizes, répteis etc.

Reinos Africanos
Império do Gana

O Antigo Império Gana teve seu apogeu entre os anos 700 e 1200 d.C. Acredita-se que
o florescimento desse império remonte ao século IV. Fundado por povos berberes,
segundo uns, e por outros, por negros mandeus, mandês ou mandingas, do grupo
soninkê. O antigo nome desse império era Uagadu, que ocupava uma área tão vasta
quanto à da moderna Nigéria e, incluía os territórios que hoje constituem o Mali
ocidental e o sudeste da Mauritânia. Kumbi Saleh foi uma das suas últimas capitais.
Segundo relatos históricos, o Antigo Império de Gana era tão rico em ouro, que seu
imperador, adepto da religião tradicional africana, tal como seus súditos, eram
denominados “o senhor de ouro”. Com a concorrência de outras potências no comércio
do ouro, o Antigo Império Gana começou a declinar. Até que, por volta de 1076 d.C.,
em nome de uma fé islâmica ortodoxa, os berberes da dinastia dos almorávidas, vindos
do Magrebe, atacam e conquista Kumbi Saleh, capital do Império de Gana.

O atual Gana, que antigamente se chamava Costa de Ouro, deve o seu nome moderno
ao de um antigo imperío que dominava a África Ocidental durante a Idade Média. O
velho Gana ficava a muitos quilómetros mais para norte do actual, entre o deserto do
Saara e os rios Níger e Senegal.O Gana foi provavelmente fundado durante os anos 300.
Desde essa data até 770 os seus governantes constituíram a dinastia dos Magas, uma
família berbere, apesar do povo ser constituído por negros das tribos Soninque. Em 770
os Magas foram derrubados pelos Soninques, e o império expandiu-se grandemente sob
o domínio de Kaya Maghan Sisse, que foi rei cerca de 790.Nessa altura o Gana
começou a adquirir uma reputação de ser uma terra de ouro. Atingiu o máximo da sua
glória durante os anos 900 e atraiu a atenção dos Árabes. Depois de muitos anos de luta,
a dinastia dos Almorávidas berberes subiu ao poder, embora não o tenha conservado
durante muito tempo. O império entrou em declínio e em 1240 foi destruído pelo povo
de Mali.Os soninkés habitavam a região ao sul do deserto do Saara. Este povo estava
organizado em tribos que constituíam um grande império. Este império era comandado
por reis conhecidos como caia-maga. Viviam da criação de animais, da agricultura e da
pesca. Habitavam uma região com grandes reservas de ouro. Extraíam o ouro para
trocar por outros produtos com os povos do deserto (bérberes). A região de Gana,
tornou-se com o tempo, uma área de intenso comércio. Os habitantes do império deviam
pagar impostos para a nobreza, que era formada pelo caia-maga, seus parentes e amigos.
Um exército poderoso fazia a proteção das terras e do comércio que era praticado na
região. Além de pagar impostos, as aldeias deviam contribuir com soldados e
lavradores, que trabalhavam nas terras da nobreza.

O Império do Mali

Os fundados do Antigo Mali teriam sido caçadores reunidos em confrarias ligadas pelos
mesmos ritos e celebrações da religião tradicional. O fervor com que praticavam a
religião de seus ancestrais veio até bem depois do advento do Islã. Conquistando o que
restara do Antigo Gana, em 1240, Sundiata Keita, expandiu seu império, que já era
oficialmente muçulmano desde o século anterior. E, o Mali se torna legendário,
principalmente sob o mansa (rei) Kanku Mussá, que, em 1324, empreendeu a
peregrinação a Meca com a intenção evidente de maravilhar os soberanos árabes.

O Antigo Império Gana teve seu apogeu entre os anos 700 e 1200 d.C. Acredita-se que
o florescimento desse império remonte ao século IV. Fundado por povos berberes,
segundo uns, e por outros, por negros mandeus, mandês ou mandingas, do grupo
soninkê. O antigo nome desse império era Uagadu, que ocupava uma área tão vasta
quanto à da moderna Nigéria e, incluía os territórios que hoje constituem o Mali
ocidental e o sudeste da Mauritânia. Kumbi Saleh foi uma das suas últimas capitais.
Segundo relatos históricos, o Antigo Império de Gana era tão rico em ouro, que seu
imperador, adepto da religião tradicional africana, tal como seus súditos, eram
denominados “o senhor de ouro”. Com a concorrência de outras potências no comércio
do ouro, o Antigo Império Gana começou a declinar. Até que, por volta de 1076 d.C.,
em nome de uma fé islâmica ortodoxa, os berberes da dinastia dos almorávidas, vindos
do Magrebe, atacam e conquista Kumbi Saleh, capital do Império de Gana.

No século XVI chegou a ser o mais importante entreposto comercial do império, mas os
mesmos factores que causaram a decadência da «cidade irmã» – o comércio marítimo
dos portugueses, a ocupação marroquina e, depois, francesa – acabaram por torná-la
num insignificante centro agrícola dotado de magníficos exemplares de arquitectura
islâmica.
Djenné foi igualmente um importante centro de peregrinação e cultura, atraindo
peregrinos e estudantes de toda a África ocidental. Durante muito tempo foi uma
verdadeira escola de juristas. Os seus monumentos, entre os quais se destaca uma
Grande Mesquita que remonta ao século XIII, recorrem ao mesmo tipo de material e
técnicas construtivas que os de Tombuctu. O que dá origem a problemas de conservação
muito semelhantes.
Império Songai

A organização do Songai era mais elaborada ainda que a do Mali. O Império Songai
teria suas origens num antepassado lendário, o gigante comilão Faran Makan Botê, do
clã dos pescadores sorkôs. Por volta de 500 d.C., diz ainda a tradição, que guerreiros
berberes, chefiados por Diá Aliamen teriam chegado à curva norte do Níger, tomando o
poder dos sorkôs. A partir daí, a dinastia dos Diá reina em Kukya, uma ilha perto do
Níger, até 1009, quando o reino se converte oficialmente ao islamismo e transfere a
capital para Goa, onde a dinastia reina até 1335. Nesse ano, o povo songai se liberta do
Antigo Mali, de quem se tornara vassalo em 1275 e, começa a conquistar as regiões
vizinhas.
O Império Songhai, também conhecido como o Império Songhay foi um estado pré-
colonial africano e grande civilização oriental, em Mali. Do início dos século XV até o
final do século 16, Songhai foi um dos maiores impérios africanos da história. Este
império tinha o mesmo nome de seu grupo étnico líder, os Songhai. Sua capital era a
cidade de Gao, onde uma pequeno estado Songhai já existia desde o século XI. Sua base
de poder era sobre a volta do rio Níger nos dias atuais Níger e Burkina Faso. Antes do
Império Songhai, a região tinha sido dominada pelo Império Mali, uma das civilizações
mais ricas da história do mundo. Mali tornou-se famoso devido à sua imensa riqueza
obtida através do comércio com o mundo árabe, e os lendários hajj de Mansa Musa. No
início do século XV, o Império do Mali começou a declinar. As disputas pela sucessão
enfraqueceram a coroa e muitos afastaram-se. Os Songhai foram um deles, fazendo a
cidade proeminente de Gao a sua nova capital.

A cidade do Songhai originou-se na região de Dendi, do noroeste de Nigéria e o rio


expandido chega gradualmente de Níger, no século VIII. No ano 800, estabeleram uma
cidade do mercado florescendo em Gao. Aceitaram o Islão em torno do ano 1000. Por
diversos séculos, dominaram os estados adjacentes pequenos, quando foram controlados
ao mesmo tempo pelo império poderoso de Mali ao oeste.

Império Kanem-Bornu

Outro grande Estado da África Negra, florescido por essa época, no norte da atual
Nigéria, foi Kanem-Bornu, em torno do ano 800 d.C. As cidades-estados haussás,
situadas entre o Níger e o Chade que se encontram em uma grande encruzilhada.
Constituíram-se por volta do século XII, em redor das vias comerciais que ligavam
Trípolis e o Egito à floresta tropical, por um lado, e, por outro lado, o Níger ao alto vale
do Nilo pelo Darfur. Os haussás ou a classe dirigente são negros que habitavam muito
mais ao norte e a leste do que hoje. Junto com o Mali e o Songai, um dos mais vastos
impérios dos grandes séculos africanos foi o Kanem-Bornu. A sua influência, no seu
período de maior esplendor, estendia-se da Tripolitânia e do Egito até ao Norte dos
Camarões atuais e do Níger ao Nilo. Nas origens do Kanem encontra-se a conjunção
dos nômades e dos sedentários.

A Reforma Religiosa
Os movimentos religiosos que culminaram na grande reforma religiosa do século XVI
tiveram início desde a Idade Média, através dos teólogos John Wycliffe e Jan Huss.
Esses movimentos foram reprimidos, mas, na Inglaterra e na Boêmia (hoje República
Tcheca), os ideais reformistas perseveraram em circunstâncias ocultas às tendências que
fizeram romper a revolta religiosa na Alemanha.
No começo do século XVI, a Igreja passava por um período delicado. A venda de
cargos eclesiásticos e de indulgências e o enfraquecimento das influências papais pelo
prestígio crescente dos soberanos europeus, que muitas vezes influenciavam
diretamente nas decisões da Igreja, proporcionaram um ambiente oportuno a um
movimento reformista.
No final da Idade Média surgiu um forte espírito nacionalista que se desenvolveu em
vários países onde a figura da Igreja, ou seja, do Papa, já estava em descrédito. Esse
espírito nacionalista foi estrategicamente explorado pelos príncipes e monarcas,
empenhados em aumentar os poderes monárquicos, colocando a Igreja em situação de
subordinação.
Nesse período, os olhos se voltaram para o grande patrimônio da Igreja, que despertou a
ambição de monarcas e nobres ávidos em anexar às suas terras as grandes e ricas
propriedades da Igreja, que perfaziam um terço do território da Alemanha e um quinto
do território da França. Sem contar na isenção de impostos sobre esse território
eclesiástico, que aumentava o interesse dos mais abastados.
Observa-se nessa fase o surgimento de uma nova classe social, que na Itália era formada
por banqueiros e comerciantes poderosos. Mas essa classe social não era tão religiosa
quanto à da Alemanha, para a qual a religião tinha um significado muito mais pungente.
O espírito crítico do Humanismo e o aperfeiçoamento da imprensa, por Gutemberg,
contribuíram para a difusão das obras escritas, entre elas a Bíblia. Ao traduzir a Bíblia
para outras línguas, vislumbrou-se a possibilidade de cristãos e não cristãos interpretá-la
sem mediação, recebendo conhecimento imediato sobre o cristianismo e suas
verdadeiras práticas.
O ponto de partida da reforma religiosa foi o ataque de Martinho Lutero, em 1517, à
prática da Igreja de vender indulgências. Martinho Lutero era um monge da ordem
católica dos agostinianos, nascido em Eisleben, em 1483, na Alemanha. Após os
primeiros estudos, Lutero matriculou-se na Universidade de Erfurt, em 1501, onde se
graduou em Artes. Após ter passado alguns anos no mosteiro, estudando o pensamento
de Santo Agostinho, foi nomeado professor de teologia da Universidade de Wittenberg.
Lutero admirava os escritos e as ideias de Jan Huss sobre a liberdade cristã e a
necessidade de reconduzir o mundo cristão à simplicidade da vida dos primeiros
apóstolos. Através de exaustivo estudo, Lutero encontrou respostas para suas dúvidas e,
a partir desse momento, começou a defender A doutrina da salvação pela fé. Ele
elaborou 95 teses que criticavam duramente a compra de indulgências. Eis algumas
delas:
 Tese 21 - Estão errados os que pregam as indulgências e afirmam ao próximo que ele
será liberto e salvo de todo castigo dos pecados cometidos mediante indulgência do
papa.
 Tese 36 - Todo cristão que se arrepende verdadeiramente dos seus pecados e sente
pesar por ter pecado tem total perdão dos pecados e consequentemente de suas dívidas,
mesmo sem a carta de indulgência.
 Tese 43 - Deve-se ensinar aos cristãos que aquele que dá aos pobres ou empresta a
quem necessita age melhor do que se comprasse indulgências.
Esses princípios foram considerados uma afronta à Igreja Católica. Em 1521, o monge
agostiniano, já declarado herege, foi definitivamente excomungado pela Igreja Católica,
refugiando-se na Saxônia. Lutero não tinha a pretensão de dividir o povo cristão, mas a
repercussão de suas teses foi amplamente difundida; e suas ideias, passadas adiante.
Através da tradução da Bíblia para o idioma alemão, o número de adeptos às ideias de
Lutero aumentou largamente; e, por outro lado, o poder da Igreja diminuiu
consideravelmente.
Seus ideais reformistas religiosos desencadearam revoltas e assumiram dimensões
politicas e socioeconômicas que fugiram do seu controle. A revolta social instalou-se e
o descontentamento foi geral. Os príncipes tomaram as terras pertencentes à Igreja
Católica e os camponeses revoltaram-se, em 1524, contra a exploração da Igreja e dos
príncipes. Lutero, que era protegido pelos príncipes, condenou a revolta dos camponeses
e do líder protestante radical, Thomaz Munzer. Munzer foi decapitado e um grande
número de camponeses revoltados foi massacrado pelos exércitos organizados pelos
príncipes locais apoiados por Lutero, que dizia “não há nada mais daninho que um
homem revoltado...”.
A preocupação de Lutero em defender as aspirações feudais fez com que sua doutrina
fosse considerada uma religião, a religião dos nobres. Esses nobres assumiram cargos
importantes na Igreja, que foi chamada de Igreja Luterana. A reforma religiosa de
Lutero chegou a outros países, como a Dinamarca, Suécia, Noruega, os quais foram
rompendo os laços com a Igreja Católica, fomentando a reorganização das novas
doutrinas religiosas.

O ANTIGO REGIME EUROPEU: REGRA E EXCEPÇÃO


Conceito de Antigo Regime
Antigo Regime
 expressão usada para designar o regime que vigorava entre os séculos XVII e XVIII
Características do Antigo Regime
Características
 poder absoluto do rei (o rei concentrava em si todos os poderes)
 sociedade de ordens tripartida (nobreza, clero e terceiro estado)
 economia essencialmente agrícola, mas dinamizada pelas actividades comerciais
Características Políticas
 o rei concentra em si todos os poderes
 só ele definia qual era o interesse do estado
 tinha poder de origem divina
 o rei de França Luís XIV foi o maior exemplo do poder absoluto e os outros Reis
tentavam imitar o seu modo de vida (luxo e ostentação)
 instrumentos do poder:
 exercito forte
 vasto aparelho administrativo e fiscal
 imagem de grandeza e esplendor
Características Sociais
 sociedade estratificada e hierarquizada, ou seja encontrava-se dividida em grupos
sociais, cada um com o seu nível de importância
 Clero
 grupo privilegiado
 não pagava impostos
 recebia a dizima
 tinham tribunais próprios
 Nobreza
 grupo privilegiado
 não pagava impostos
 ocupavam os principais cargos de corte, do exercito e da igreja
 a maior parte vivia das rendas das suas terras ou das tenças que os Reis lhes davam por
serviços prestados
 Terceiro Estado
 grupo não privilegiado
 burgueses (comerciantes), camponeses, artesãos, serviçais, etc.
 pagavam impostos ao rei, ao clero e à nobreza
 os artesãos e os camponeses viviam na miséria
 alguns burgueses conseguiram enriquecer e ganharam prestigio e passaram a integrar a
nobreza de toga (passaram a ter acesso a cargos administrativos e judiciais)
Características Económicas
 Agricultura
 principal actividade económica
 regime senhorial
 os camponeses tinham de entregar grande parte da colheita ao senhor da terra e de
cumprir várias obrigações que ele lhes impunha
 pouco produtiva
 técnicas de cultivo tradicionais
 Comércio Internacional
 actividade económica mais rentável
 todas as potencias coloniais traziam produtos da Ásia, da África e das Américas
beneficiando do exclusivo colonial (cada colónia só podia comerciar com o país a que
pertencia)
 contribuiu para o desenvolvimento urbano e para a ascensão da burguesia
Política Mercantilista
 Mercantilismo
 o poder do Estado depende das suas reservas monetárias (quantidade de metais
preciosos) e para obter maior riqueza deve-se exportar mais do que se importa.
 Nacionalismo Económico
 intervenção do Estado na economia protegendo a industria e o comercio nacionais
contra a concorrência de outras nações.
 Balança Comercial
 saldo entre o valor das exportações e o das importações
 Politica Económica de Colbert (França)
 fundou e protegeu manufacturas
 concedeu ás novas manufacturas o monopólio de certos produtos e isenções de impostos
 contratou técnicos estrangeiros
 aumentou as taxas alfandegárias sobre a importação de produtos estrangeiros
 criou companhias de comércio
 Alto de Navegação Inglês de 1660
 Estabelecia que todas as mercadorias importadas pela Inglaterra deveriam ser
transportadas por navios ingleses e que os produtos das colónias inglesas só podiam ser
exportadas para Inglaterra.
 Arte Barroca
 Características Gerais
 movimento
 dramatismo
 exuberância

Antigo Regime
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A Bastilha, considerada um símbolo do Antigo Regime na França


O Antigo Regime refere-se originalmente ao sistema social e político aristocrático que
foi estabelecido na França. Trata-se principalmente de um regime
centralizado e absolutista, em que o poder era concentrado nas mãos do rei.
Também se atribui o termo ao modo de viver característico das populações europeias
durante os séculos XV, XVI, XVII, e XVIII, isto é, desde as descobertas marítimas até
às revoluções liberais. Coincidiu politicamente com as monarquias absolutas,
economicamente com o capitalismo social, e socialmente com a sociedade de ordens.
As estruturas sociais e administrativas do Antigo Regime foram resultado de anos de
"construção" estatal, actos legislativos, conflitos e guerras internas, mas, tais
circunstâncias permaneceram como uma mistura confusa de privilégios locais e
disparidades históricas, até que a Revolução Francesa põe fim ao regime.
Embora a sua utilização seja contemporânea à Revolução Francesa, o maior responsável
pela fixação da expressão Ancien Régime na literatura foi Alexis de Tocqueville, autor
do ensaio O Antigo Regime e a Revolução.[1] Esse texto indica precisamente que "a
Revolução Francesa batizou aquilo que aboliu" (la Révolution française a baptisé ce
qu'elle a aboli).
Desde o ponto de vista dos inimigos da revolução, o termo Antigo Regime carregava
uma certa nostalgia, de paraíso perdido. Talleyrand chegou a dizer que "os que não
conheceram o Antigo Regime nunca poderão saber o que era a doçura de viver" (ceux
qui n'ont pas connu l'Ancien Régime ne pourront jamais savoir ce qu'était la douceur
de vivre).

Formação
Durante a Baixa Idade Média, com o advento do Renascimento Comercial e Urbano,
surge na Europa uma tendência de enfraquecimento do poder dos nobres e
fortalecimento do poder dos reis, que durante o período medieval tinham autoridade
quase nula. Em alguns países, os soberanos contaram com o importante apoio
da burguesia nascente, que tinha forte interesse na centralização política, pois a
padronização de pesos, medidas e moedas e a unificação da justiça e
da tributação favoreciam o desenvolvimento do comércio. A nobreza, sem forças para
se impor, acabou por aceitar a dominação real (em alguns casos, após sangrentos
conflitos). Parte dela foi cooptada por meio da formação das cortes, constituídas por
nobres luxuosamente sustentados pelo Estado. Os reis puderam assim obter para si todo
o controle político, econômico e militar dos países. No auge desse processo de
centralização, estabeleceu-se o absolutismo.
Durante o século XVII, o Antigo Regime entrou em declínio devido, principalmente,
ao iluminismo. Essa corrente de pensamento defendia ideais do liberalismo, como a
instituição de um gestor subordinado a uma carta magna (constituição); fim
do intervencionismo, tanto político quanto econômico; voto universal e a democracia;
valores completamente antagônicos ao absolutismo. Além disso, com a Revolução
Industrial a burguesia assumiu uma posição social extremamente elevada e desejava ter
um representante de seus interesses à frente do governo, o que enfraqueceu ainda mais o
sistema absolutista. Aos poucos, os monarcas foram caindo, com destaque para a
Inglaterra, que foi pioneira graças aos avanços político-sociais gerados pela primeira
revolução industrial.

Contexto
Durante o Antigo Regime a sociedade francesa encontrava-se dividida em três ordens,
classes, estamentos ou estados:

 O Primeiro Estado, representado pelo clero (bispos, abades, padres, frades e


monges), representava 1% da população;
 O Segundo Estado, representado pela nobreza e família real representava 2% da
população;
 O Terceiro Estado, que representava a burguesia, os camponeses - ou seja, o
restante da população e os trabalhadores urbanos, representava o resto da
população.
Muito da centralização política medieval da França se perdeu na Guerra dos Cem Anos,
e a dinastia Valois se esforçava para restabelecer o controle sobre os “centros” políticos
dispersos do país que estava prejudicado pelas Guerras Religiosas, que devastaram a
França no século XVI e que opôs os católicos e protestantes. Muitos dos reinos
de Henrique IV, Luís XIII e os primeiros anos de Luís XIV foram focados na
centralização do poder administrativo. Cada estado, que compunha a sociedade francesa
da época, tinha direito a um voto nas decisões das assembleias (Estados Gerais). Essa
divisão era considerada injusta, pois a nobreza e o clero, que nesse sistema tinham
direito a um voto cada, compunham na verdade um só grupo, já que, na época,
o Estado era vinculado à Igreja Católica.
Apesar de, contudo, a noção de “Monarquia Absoluta” (tipificada pelo direito dos reis
de emitir cartas que continham uma ordem expressa representando o desejo do
monarca) e os esforços dos reis a fim de criar um Estado centralizado, o Antigo Regime
francês permaneceu como um campo cheio de irregularidades: administrativas
(incluindo a arrecadação de impostos), legais, judiciais, e com relação às divisões
eclesiásticas, que frequentemente eram sobrepostas às outras esferas sociais, visto que
naquela época a Igreja exercia um papel fundamental no âmbito da manutenção do
poder absoluto e da manipulação social. Diante de tais repressões e abusos por parte do
monarca, a nobreza francesa lutava para manter seus próprios direitos no que dizia
respeito ao governo local e a justiça, ao passo que, fortes conflitos internos estavam
sendo gerados contra a centralização.
A necessidade de centralização no referido período está diretamente ligada à questão do
tesouro real e à realização de guerras. Os conflitos internos e a crises das dinastias
dos séculos XVI e XVII, juntamente com a expansão territorial francesa durante
o século XVII demandavam uma grande quantidade de verba a fim de bancar tais
feituras, com isso, tem-se uma necessidade da cobrança de altos impostos, como o taille
(imposto cobrado do campesinato francês com referência à quantidade de terras
mantidas por cada casa no campo) e o gabelle (imposto referente ao sal), além de
contribuições diretas de nobres de serviços vindos da mesma classe.
Um aspecto fundamental que contribuiu para a centralização do poder na França foi a
substituição da “clientela” pessoal do rei (sistema organizado em volta do rei composto
principalmente por nobres) pelos institutos estatais em volta do Estado. A criação dos
Intendências – representações do poder real em cada província – possibilitou um
eficiente enfraquecimento dos controles locais nas mãos dos nobres de cada província.
A criação dos parlamentos regionais teve no início o mesmo objetivo de facilitar a
introdução do poder real nas províncias recém incorporadas ao reino, mas como os
parlamentos começaram a ganhar "auto confiança", passaram a ser o começo da
desunião.
Esse estilo de governo marcou a Europa na Idade Moderna. Na esfera política, era
caracterizado pelo absolutismo, ou seja, uma monarquia absolutista, na qual o soberano
concentrava em suas mãos os modernos poderes executivos, legislativo e judicial;
na economia, vigorava o mercantilismo, marcado pelo acúmulo de capital realizado
pelas nações. Outros "antigos regimes" em outros países europeus tiveram origens
semelhantes, mas nem todos terminaram do mesmo modo: alguns evoluíram
para monarquias constitucionais, enquanto outros foram derrubados
por guerras e revoluções.

Características
O Antigo Regime tem como características básicas:

 1º sistema econômico: transição do feudalismo ao capitalismo comercial;


a propriedade da terra, principal fator de produção à época, já não mais estava nas
mãos da nobreza. Com efeito, como observado por Tocqueville, ecoando Necker e
outros homens do Ancien Régime, o domínio sobre a terra na França do século
XVIII já pertencia aos camponeses. Turgot, por exemplo, nota que o fracionamento
dos campos, decorrente da divisão das heranças camponesas entre seus herdeiros,
era uma questão problemática, pois diminuía a área cultivável no país. Da velha
ordem feudal restavam apenas os impostos e obrigações. A nobreza ainda recolhia a
talha, obrigava os servos a se utilizarem de seus fornos e moinhos e detinha o poder
de puni-los por infrações de ordem moral.[2] A propriedade sobre a terra, contudo,
não mais lhes pertencia. No período pré-revolucionário, das instituições feudais
restava muito pouco, o que, por contraditório que pareça, aumentou o ressentimento
do povo em relação a elas.
 2º relações sociais: determinadas pela oposição entre a sociedade estamental e
uma burguesia que não pode assumir o papel da classe dominante, reservado aos
estamentos privilegiados.
 3º sistema político: monarquia absolutista ou, pelo menos, autoritária.

Extensão

Recriação atual das efetivas divisões políticas depois do Tratado de Westfália(1648),


que encerrou a Guerra dos Trinta Anos com um novo equilíbrio europeu sobre o
nascente conceito de relações internacionais em pé de igualdade.
O conceito de Antigo Regime pode aplicar-se com propriedade aos reinos da Europa
Ocidental que tendiam a se tornar estados-nações desde o final da Idade Média. No final
do século XV, só França, Inglaterra e a Espanha puderam se formar. A Inglaterra pode
superar o conceito ao longo dos séculos XVIe XVII. Os demais, durante a Crise do
Antigo Regime (1751 - 1848). Para o resto da Europa o conceito é de uso problemático.
Nas Américas, mesmo durante o período de colonização europeia, poder-se-ia
considerar (forçando muito o conceito) que houvesse algo semelhante ao modelo
vigente em suas metrópoles. A Independência americana coincide com o final do
Antigo Regime, para o que contribuiu decisivamente. Os outros continentes foram
colonizados posteriormente, já na época industrial e do Novo Regime.
A duração temporal do Antigo Regime coincide com a Idade Moderna: do século
XV ao século XVIII. Isso é válido tanto para França (desde o final da Guerra dos Cem
Anos até a Revolução Francesa) como para a Espanha (de 1492 a 1808). Mas, segundo
alguns historiadores, como Arno J. Mayer, traços próprios do Antigo Regime ainda
persistiam na Europa, entre o final do século XIX e a Primeira Guerra Mundial.
Na Suíça também é chamado de Antigo Regime o período que vai de 1648 até a invasão
da Suíça pela França em 1798.
Em Portugal
Na Idade Contemporânea, em Portugal, a expressão "Antigo Regime" é usada algumas
vezes com referência ao Estado Novo.

Iluminismo
O iluminismo, também conhecido como século das luzes[1] e ilustração,[2][3][4][5] foi um
movimento intelectual e filosófico que dominou o mundo das ideias na Europa durante
o século XVIII, "O Século da Filosofia".[6]
O Iluminismo incluiu uma série de ideias centradas na razão como a principal fonte de
autoridade e legitimidade e defendia ideais
como liberdade, progresso, tolerância, fraternidade, governo constitucional e separação
Igreja-Estado.[7][8] Na França, as doutrinas centrais dos filósofos do Iluminismo eram
a liberdade individual e a tolerância religiosaem oposição a uma monarquia absoluta e
aos dogmas fixos da Igreja Católica Romana. O Iluminismo foi marcado por uma ênfase
no método científico e no reducionismo, juntamente com o crescente questionamento da
ortodoxia religiosa - uma atitude capturada pela frase Sapere
aude (em português: "Atreva-se a conhecer" . [9]

Os historiadores franceses tradicionalmente colocam o período do Iluminismo entre


1715 (o ano em que Luís XIV morreu) e 1789 (o início da Revolução Francesa). Alguns
historiadores recentes, no entanto, defendem o período da década de 1620, com o início
da Revolução Científica. Les philosophes (francês para "os filósofos") do período
circularam amplamente suas ideias através de encontros em academias científicas, lojas
maçônicas, salões literários, cafés e em livros impressos e panfletos. As idéias do
Iluminismo minaram a autoridade da monarquia e da Igreja e prepararam o caminho
para as revoluções políticas dos séculos XVIII e XIX. Uma variedade de movimentos
do século XIX, incluindo o liberalismo e o neoclassicismo, rastreiam a sua herança
intelectual ao Iluminismo.[10]
A Era da Iluminação foi precedida e estreitamente associada à Revolução Científica.
[11]
 Filósofos anteriores cujo trabalho influenciaram o Iluminismo incluíram Francis
Bacon, René Descartes, John Locke e Baruch Spinoza.[12] As principais figuras do
Iluminismo incluíram Cesare Beccaria, Voltaire, Denis Diderot, Jean-Jacques
Rousseau, David Hume, Adam Smith e Immanuel Kant. Alguns governantes europeus,
incluindo Catarina II da Rússia, José II da Áustria e Frederico II da Prússia, tentaram
aplicar o pensamento iluminista sobre a tolerância religiosa e a política, o que se tornou
conhecido como "absolutismo esclarecido".[13] Benjamin Franklin visitou
a Europa repetidamente e contribuiu ativamente para os debates científicos e políticos e
trouxe as novas ideias de volta à Filadélfia. Thomas Jefferson seguiu de perto as ideias
europeias e depois incorporou alguns dos ideais do Iluminismo na Declaração da
Independência dos Estados Unidos (1776). Um de seus pares, James Madison,
incorporou esses ideais na Constituição dos Estados Unidos durante a sua concepção em
1787.[14]
A publicação mais influente do Iluminismo foi Encyclopédie (Enciclopédia). Publicado
entre 1751 e 1772 em 35 volumes, foi compilado por Denis Diderot, Jean le Rond
d'Alembert(até 1759) e um grupo de 150 cientistas e filósofos. Isto ajudou a espalhar as
ideias do Iluminismo em toda a Europa e além.[15] Outras publicações de referência
foram o Dictionnaire philosophique de Voltaire (Dicionário filosófico, 1764) e Cartas
Filósoficas (1733); Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre
os Homens de Rousseau (1754) e Do Contrato Social (1762); A Riqueza das Nações de
Adam Smith (1776); e o O Espírito das Leis de Montesquieu (1748). As ideias do
Iluminismo desempenharam um papel importante na inspiração da Revolução Francesa,
que começou em 1789. Após a Revolução, o Iluminismo foi seguido pelo movimento
intelectual conhecido como romantismo.

Definição

Immanuel Kant.
Ainda que importantes contemporâneos venham ressaltando as origens do iluminismo
no século XVII tardio,[16] não há consenso abrangente quanto à datação do início da era
do iluminismo. Boa parte dos acadêmicos simplesmente utiliza o início do século XVIII
como marco de referência, aproveitando a já consolidada denominação Século das
Luzes .[17]O término do período é, por sua vez, habitualmente assinalado em
coincidência com o início das Guerras Napoleônicas (1804-1815).[18]
Iluminismo é um conceito que sintetiza diversas tradições filosóficas, sociais,
políticas, correntes intelectuais e atitudes religiosas. Pode-se falar mesmo em diversos
"microiluminismos", diferenciando especificidades temporais, regionais e de matiz
religioso, como nos casos de "iluminismo tardio", "iluminismo escocês" e
"iluminismo católico".
O iluminismo é, para sintetizar, uma atitude geral de pensamento e de ação. Os
iluministas admitiam que os seres humanos estão em condição de tornar este mundo um
lugar melhor mediante introspecção, livre exercício das capacidades humanas e
engajamento político-social.[19] Immanuel Kant, como resposta à questão "O que é o
iluminismo?", descreveu, de maneira lapidar, a mencionada atitude:
“ O iluminismo representa a saída dos seres humanos de uma tutelagem que
estes mesmos se impuseram a si. Tutelados são aqueles que se encontram
incapazes de fazer uso da própria razão independentemente da direção de
outrem. É-se culpado da própria tutelagem quando esta resulta não de uma
deficiência do entendimento mas da falta de resolução e coragem para se ”
fazer uso do entendimento independentemente da direção de outrem. Sapere
aude! Tem coragem para fazer uso da tua própria razão! - esse é o lema do
iluminismo.[20]

Fases do iluminismo
a verdade – rodeada por luz intensa (o símbolo central do iluminismo). Duas outras
figuras à direita, a razão e a filosofia, estão a retirar o manto sobre a verdade.
Os pensadores iluministas tinham, como ideal, a extensão dos princípios do
conhecimento crítico a todos os campos do mundo humano.[21] Supunham poder
contribuir para o progresso da humanidade e para a superação dos resíduos
de tirania e superstição que creditavam ao legado da Idade Média. A maior parte dos
iluministas associava ainda o ideal de conhecimento crítico à tarefa do melhoramento
do estado e da sociedade.
O uso do termo "iluminismo" na forma singular justifica-se, contudo, dadas certas
tendências gerais comuns a todos os iluminismos, nomeadamente, a ênfase nas ideias de
progresso e perfectibilidade humana, assim como a defesa do conhecimento racional
como meio para a superação de preconceitos e ideologias tradicionais.
Entre o final do século XVII e a primeira metade do século XVIII, a principal influência
sobre a filosofia do iluminismo proveio das concepções mecanicistas da natureza que
haviam surgido na sequência da chamada revolução científica do século XVII. Neste
contexto, o mais influente dos cientistas e filósofos da natureza foi, então, o
físico inglêsIsaac Newton. Em geral, pode-se afirmar que a primeira fase do iluminismo
foi marcada por tentativas de importação do modelo de estudo dos fenômenos físicos
para a compreensão dos fenômenos humanos e culturais.
No entanto, a partir da segunda metade do século XVIII, muitos pensadores iluministas
passaram a afastar-se das premissas mecanicistas legadas pelas teorias físicas do século
XVII, aproximando-se então das teorias vitalistas que eram desenvolvidas pelas
nascentes ciências da vida.[22] Boa parte das teorias sociais e das filosofias da
históriadesenvolvidas na segunda metade do século XVIII, por autores como Denis
Diderot e Johann Gottfried von Herder, entre muitos outros, foram fortemente
inspiradas pela obra de naturalistas tais como Buffon e Johann Friedrich Blumenbach.

Os iluminismos regionais
Alemanha
No espaço cultural alemão, um dos traços distintivos do iluminismo (Aufklärung) é a
inexistência do sentimento anticlerical que, por exemplo, deu a tônica ao iluminismo
francês. Os iluministas alemães possuíam, quase todos, profundo interesse e
sensibilidade religiosas, e almejavam uma reformulação das formas de religiosidade. O
nome mais conhecido da Aufklärung foi Immanuel Kant.[23] Outros importantes
expoentes do iluminismo alemão foram: Johann Gottfried von Herder, Gotthold
Ephraim Lessing, Moses Mendelssohn, entre outros.[24]
Escócia
A Escócia, curiosamente um dos países mais pobres e remotos da Europa ocidental
no século XVIII, foi um dos mais importantes espaços de produção de ideias associadas
ao iluminismo. Empirismo e pragmatismo foram as tendências mais marcantes
do iluminismo escocês.[25] Dentre os seus mais importantes expoentes, destacam-se,
entre outros: Adam Ferguson, David Hume, Francis Hutcheson, Thomas Reid e Adam
Smith.[26]
Estados Unidos
Nas colônias britânicas que formariam os futuros Estados Unidos da América, os ideais
iluministas chegaram por importação da metrópole, mas tenderam a ser redesenhados
com contornos religiosos e politicamente mais radicais. Ideias iluministas exerceram
uma enorme influência sobre o pensamento e prática política dos chamados founding
fathers(pais fundadores) dos Estados Unidos, entre eles: John Adams, Samuel
Adams, Benjamin Franklin, Thomas Jefferson, Alexander Hamilton e James Madison.
[27]

A fermentação política nas colônias norte-americanas ocorria no contexto do


iluminismo, o movimento de transformação intelectual que se espalhou por toda a
Europa e pelo Novo Mundo. A Declaração de Independência foi inspirada nas ideias
Iluministas - e também serviu para lhes dar forma. Jefferson e Franklin são considerados
os principais expoentes desse pensamento, e a Declaração é um de seus
textos canônicos.[28] Os iluministas americanos ficaram famosos por criticarem
a concentração de renda e o voto censitário.[29][30] Um dos pilares do iluminismo
americano foi o pacifismo.[31][32][33]
França
Voltaire,por Nicolas de Largillière, 1718, no Museu Carnavalet
A França é considerada, por muitos, o país que liderou intelectualmente o iluminismo
europeu. Durante o século XVIII, os intelectuais franceses foram os primeiros a
promover os valores iluministas. Eles eram conhecidos como Philosophes (filósofos),
dentre os quais os mais famosos foram Voltaire, Diderot e Montesquieu. Tiveram papel
fundamental pois, vivendo numa época em que a França ainda era um Estado católico
sob autoridade religiosa de Roma, transformaram-se em mártires do iluminismo devido
à sua luta contra a censura e intolerância.[34] Os Philosophes eram, por toda parte,
inimigos do cristianismo. Mesmo assim, suas ideias e crenças traziam a marca indelével
da religião perseguida.[35]
Na França, país de tradição católica, mas onde as correntes protestantes, nomeadamente
os huguenotes, também desempenharam um papel dinamizador, havia uma tensão
crescente entre as estruturas políticas conservadoras e os pensadores
iluministas. Rousseau, por exemplo, originário de uma família huguenote e colaborador
da Encyclopédie, foi perseguido e obrigado a exilar-se na Inglaterra. O conflito entre
uma sociedade feudal e católica e as novas forças de pendor protestante e mercantil, irá
culminar na Revolução Francesa. Madame de Staël, com o seu salão literário, onde
avultam grandes nomes da vida cultural e política francesa, será uma grande
referência. Voltaire é retratado como um dos maiores filósofos iluministas da história.
Inglaterra
Na Inglaterra, a influência católica havia sido definitivamente afastada do poder político
em 1688, com a Revolução Gloriosa. A partir de então, nenhum católico voltaria a subir
ao trono - embora a Igreja da Inglaterra tenha permanecido bastante próxima do
catolicismo em termos doutrinários e de organização interna. Sem o controle que
a Igreja Católicaexercia em outras sociedades, a exemplo da espanhola ou a portuguesa,
foi no Reino Unido que figuras como John Locke e Edward Gibbon dispuseram
da liberdade de expressão necessária ao desenvolvimento de suas ideias.
Portugal
Em Portugal, uma figura marcante desta época foi o Marquês de Pombal. Tendo
sido embaixador em Londres durante 7 anos (1738-1745), o primeiro-ministro de
Portugal ali teria recolhido as referências que marcaram a sua orientação como primeiro
responsável político em Portugal. O Marquês de Pombal foi um marco na história
portuguesa, contrariando o legado histórico feudal e tentando por todos os meios
aproximar Portugal do modelo da sociedade inglesa. Entretanto, Portugal mostrara-se
por vezes hostil à influência daqueles que em Portugal eram chamados pejorativamente
de estrangeirados - fato pretensamente relacionado à influência Católica.

As Colónias Americanas e o Império Português


Nas colônias americanas do Império Português, foi notável a influência de ideais
iluministas sobre os escritos econômicos tanto de José de Azeredo Coutinho quanto
de José da Silva Lisboa. Também se podem considerar como "iluministas" diversos dos
intelectuais que participaram de revoltas anticoloniais no final do século XVIII, tais
como Cláudio Manoel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga.

Crítica ao mercantilismo
Toda a estrutura política e social do absolutismo foi violentamente atacada pela
revolução intelectual do iluminismo. O mercantilismo, doutrina econômica típica da
época, também foi condenado e novas propostas, mais condizentes com a nova
realidade do capitalismo, foram teorizadas.
Os primeiros contestadores do mercantilismo foram os fisiocratas. Para os fisiocratas,
a riqueza viria da natureza, ou seja, da agricultura, da mineração e da pecuária.
O comércio era considerado uma atividade estéril, já que não passava de uma troca de
riquezas. Outro aspecto da fisiocracia contrariava o mercantilismo: os fisiocratas eram
contrários à intervenção do Estado na economia. Esta seria regida por leis naturais, que
deveriam agir livremente. A frase que melhor define o pensamento fisiocrata é: Laissez
faire, laissez passer (Deixai fazer, deixai passar).
A fisiocracia influenciou pensadores como Adam Smith, pai da economia clássica.
A economia política como ciência autônoma não existia naquela época. O pensamento
econômico era fruto do trabalho assistemático de intelectuais que, ocasionalmente, se
interessavam pelo problema: um dos principais teóricos da escola fisiocrata era um
médico, François Quesnay.
Impacto

A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, elaborada na França em 1789, foi


um dos muitos documentos políticos produzidos no século XVIII sob a inspiração do
ideário iluminista.
O iluminismo exerceu vasta influência sobre a vida política e intelectual da maior parte
dos países ocidentais. A época do iluminismo foi marcada por transformações políticas
tais como a criação e consolidação de estados-nação, a expansão de direitos civis e a
redução da influência de instituições hierárquicas como a nobreza e a Igreja.
O iluminismo forneceu boa parte do fermento intelectual de eventos políticos que se
revelariam de extrema importância para a constituição do mundo moderno, tais como
a Revolução Francesa, a Constituição polaca de 1791, a Revolução Dezembrista na
Rússia em 1825, o movimento de independência na Grécia e nos Balcãs, bem como,
naturalmente, os diversos movimentos de emancipação nacional ocorridos no continente
americano a partir de 1776.
Muitos autores associam, ao ideário iluminista, o surgimento das principais correntes de
pensamento que caracterizariam o século XIX, a saber, liberalismo, socialismo, e social-
democracia.

Iluministas notáveis (ordenados por ano de nascimento)

 Bento de Espinosa (1632–1677), filósofo holandês, com ascendência judaica


portuguesa. É considerado o precursor das correntes mais radicais do pensamento
iluminista. Escrito mais importante: Ética (1677).
 John Locke (1632 - 1704), filósofo inglês. Ele negava a ideia de que Deus determinava
o destino dos homens e afirmava que era a sociedade que os moldava para o bem ou
para o mal.[36] Escritos mais importantes: Ensaio sobre o entendimento
humano (1689); Dois tratados sobre governo (1689).
 Montesquieu (Charles-Louis de Secondat, barão de La Brède e de Montesquieu) (1689-
1755), filósofo francês. Defendia a ideia de que o governo deveria ser exercido por três
poderes independentes (Legislativo, Executivo e Judiciário), a qual exerceu importante
influência sobre diversos textos constitucionais modernos e contemporâneos.[36] Escrito
mais importante: Do Espírito das Leis (1748).
 Voltaire (pseudónimo de François-Marie Arouet) (1694-1778), defendia a existência de
um monarca absoluto, desde que cultuasse a ciência e estivesse aberto às reformas
propostas pelos filósofos iluministas. Filósofo francês, era anticlericalista (acreditava
que, para chegar a Deus, não era preciso a igreja, e sim a razão). Notabilizou-se pela sua
oposição ao pensamento religioso e pela defesa da liberdade intelectual. Escritos mais
importantes: Ensaio sobre os costumes (1756); Dicionário Filosófico (1764) e Cartas
Inglesas (1734).[36]
 Benjamin Franklin (1706-1790), político, cientista e filósofo estadunidense. Participou
ativamente dos eventos que levaram à independência dos Estados Unidos e da
elaboração da constituição de 1787.
 Buffon (Georges-Louis Leclerc, conde de Buffon) (1707-1788), naturalista francês. A
sua principal obra, A história natural, geral e particular (1749–1778; 36 volumes),
exerceu capital influência sobre as concepções de natureza e história dos autores do
iluminismo tardio.
 David Hume (1711-1776), filósofo e historiador escocês.
 Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), filósofo suíço. Era favorável à participação do
povo na vida pública, por meio da [[eleição de seus representantes políticos. Defendia a
necessidade de reformas sociais, e criticava a nobreza e a burguesia. Escrito mais
importante: Do Contrato Social.[36]

 Denis Diderot (1713-1784), filósofo francês. Elaborou, juntamente com D'Alembert, a


"Enciclopédia ou Dicionário racional das ciências, das artes e dos ofícios", composta de
33 volumes, com o propósito de sintetizar os principais conhecimentos acumulados pela
humanidade, nas diversas áreas do saber. Essa obra foi publicada pela primeira vez na
França (1751 e 1772) e tornou-se o principal veículo de divulgação de suas ideias na
época.[36] Também se dedicou à teoria da literatura e à ética trabalhista.
 Adam Smith (1723-1790), economista e filósofo escocês. O seu escrito mais famoso
é A Riqueza das Nações, em que ele propunha o fim dos monopólios e da política
mercantilista.[36]
 Immanuel Kant (1724-1804), filósofo alemão. Fundamentou sistematicamente a
filosofia crítica, tendo realizado investigações também no campo da física teórica e
da filosofia moral.
 Gotthold Ephraim Lessing (1729–1781), dramaturgo e filósofo alemão. É um dos
principais nomes do teatro alemão na época moderna. Nos seus escritos sobre filosofia e
religião, defendeu que os fiéis cristãos deveriam ter o direito à liberdade de pensamento.
 Edward Gibbon (1737–1794), historiador inglês.
 Benjamin Constant (1767–1830), político, filósofo e escritor de nacionalidade franco-
suíça. Um dos pioneiros do liberalismo, amigo pessoal de Madame de Staël e aluno
de Adam Smith e David Hume na Escócia. Constant foi imensamente influenciado
pelo iluminismo escocês, tanto em seu trabalho sobre religião, quanto em seus ideais de
liberdade individual.
Europa - O Iluminismo

Voltaire (1694-1778), 

símbolo do Iluminismo
Em meados do século XVIII, a Europa passou por uma importante transformação
cultural, marcando a decadência do pensamento barroco. A burguesia inglesa e francesa,
impulsionada pelo controle do comércio ultramarino, cresceu, dominando a economia
do Estado. Em contrapartida, a nobreza e o clero, com seus ideais retrógrados, caíram
em descrédito.
A ideologia burguesa culta, sustentada na crítica à velha nobreza e aos religiosos,
propagou-se por toda Europa, sobretudo na França, onde foram publicados O Espírito
das Leis (1748), de Montesquieu, e o primeiro volume da Enciclopédia (1751), que tem
à frente Diderot, Montesquieu e Voltaire. As idéias desses enciclopedistas, defensores
de um governo burguês e do ideal do "bom selvagem", de Rousseau - "o homem nasce
bom, mas a sociedade o corrompe, devendo, portanto, retornar para a natureza"-,
impulsionaram o desenvolvimento das ciências, valorizando a razão como agente
propulsor do progresso social e cultural. A burguesia, em oposição ao exagero cultista
barroco, voltou-se para as questões mundanas e simples, relegando a religião a um
segundo plano. Sua arte emergente caracterizou-se pela volta à simplicidade clássica.
Esse movimento, chamado Iluminismo, espalhou-se pela Europa, influenciando
Portugal. Marquês de Pombal, ministro de D. José I, com o propósito de colocar o país
em dia com o progresso Europeu, executou a tarefa de renovação cultural, expulsando
os jesuítas, em 1759. O ensino, monopólio do clero, tornou-se então leigo. Fundaram-se
escolas e academias, e Portugal passou a respirar um clima de novidade e de mudanças
na arte, ciência e filosofia.
No século XVIII, o Brasil passou por mudanças importantes: a cultura jesuítica
começou a dar lugar ao Neoclassicismo; Rio de Janeiro e Minas Gerais destacaram-se
como centros de relevância política, econômica, social e cultural; foi crescente o
número de estudantes brasileiros, que se expuseram às influências dos novos ideais e
tendências, em universidades da Europa.
Conseqüentemente, o Iluminismo e os acontecimentos que abalaram a ordem política e
social do Ocidente - Independência Norte Americana e Revolução Francesa - tiveram
ampla repercussão no crescente sentimento nativista brasileiro e no descontentamento
reinante, provindo da área de mineração. Vila Rica, em Minas, foi berço dos principais
acontecimentos setecentistas, surgindo os poetas do Arcadismo e a Inconfidência.

Revoluções Liberais
Revolução Americana
A Guerra da Independência dos Estados Unidos, também conhecida como Guerra
da Revolução Americana ou ainda Revolução Americana de 1776, teve suas raízes
na assinatura do Tratado de Paris, que, em 1763, finalizou a Guerra dos Sete Anos. Ao
final do conflito, o território do Canadá foi incorporado pela Inglaterra. Neste contexto,
as treze colônias representadas por Massachusetts, Rhode Island, Connecticut, Nova
Hampshire, Nova Jersey, Nova Iorque, Pensilvânia, Delaware, Virgínia,
Maryland, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia começaram a ter seguidos e
crescentes conflitos com a metrópole inglesa, pois, devido aos enormes gastos com a
guerra, a metrópole aumentou a exploração sobre essas áreas. Constituiu-se em batalhas
desfechadas contra o domínio inglês. Movimento de ampla base popular teve como
principal motor a burguesia colonial e levou à proclamação, no dia 4 de julho de 1776,
da independência das Treze Colônias - os Estados Unidos, primeiro país dotado de
uma constituição política escrita.
As ações militares entre ingleses e os colonos americanos começam em março de 1775.
No decorrer do conflito (Lexington, Concord e batalha de Bunker Hill), os
representantes das colônias reuniram-se no segundo Congresso de Filadélfia (1775)
e Thomas Jefferson, democrata de ideias avançadas, redigiu a Declaração da
Independência dos Estados Unidos, promulgada em 4 de julho de 1776, dando um passo
irreversível. Procede-se também à constituição de um exército, cujo comando é
confiado ao fazendeiro George Washington.
Os britânicos, lutando a 5500 km de casa, enfrentaram problemas de carência de
provisões, comando desunido, comunicação lenta, população hostil e falta de
experiência em combater táticas de guerrilha. A Aliança Francesa (1778) mudou a
natureza da guerra, apesar de ter dado uma ajuda apenas modesta; a Inglaterra, a partir
de então, passou a se concentrar nas disputas por territórios na Europa e nas Índias
Ocidentais e Orientais.[1]
Os colonos tinham força de vontade, mas interesses divergentes e falta de organização.
Das colônias do sul, só a Virgínia agia com decisão. Os britânicos
do Canadápermaneceram fiéis ao Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda. Os
voluntários do exército, alistados por um ano, volta e meia abandonavam a luta para
cuidar de seus afazeres. Os oficiais, geralmente estrangeiros, não estavam envolvidos no
conflito[2].
O curso da guerra pode ser dividido em duas fases a partir de 1778. A primeira fase, ao
norte, assistiu à captura de Nova York pelos ingleses (1776), além da campanha
no vale do rio Hudson para isolar a Nova Inglaterra, que culminou na derrota
em Saratoga (1777), e a captura de Filadélfia (1777), depois da vitória na batalha de
Brandywine.
A segunda fase desviou as atenções britânicas para o sul, onde grande número de
legalistas podiam ser recrutados. Filadélfia foi abandonada (1778) e Washington
acampou em West Point a fim de ameaçar os quartéis-generais britânicos em Nova
York. Após a captura de Charleston (1780) por Clinton, Cornwallis perseguiu em vão o
exército do sul, sob a liderança do general Greene, antes de seu próprio exército,
exaurido, render-se em Yorktown, Virgínia (outubro de 1781), terminando efetivamente
com as hostilidades. A paz e a independência do novo país (constituído pelas treze
colónias da costa atlântica) foi reconhecida pelo Tratado de Paris de 1783.
Apesar das frequentes vitórias, os britânicos não destruíram os exércitos de Washington
ou de Green e não conseguiram quebrar a resistência norte-americana.
Mais tarde, em 1812 e 1815, ocorreu uma nova guerra entre os Estados Unidos e a
Inglaterra. Essa guerra consolidou a independência norte-americana.

Atritos

"Washington atravessando o Rio Delaware", retratado em 1851 por Emanuel Leutze do


General George Washington durante a Guerra da Independência dos Estados Unidos.
A Guerra dos sete anos, terminada com vitória da Inglaterra sobre a França (Tratado de
Paris, 1763), deixou a nação vencedora na posse de ricos territórios no continente
americano, já colonizados, sendo reconhecido o seu direito de expandir o seu domínio
em direção ao interior do continente. Esta possibilidade agradou aos colonos, que
prontamente se prepararam para explorar e aproveitar novas terras, mas, para sua grande
surpresa, o governo de Londres, por recear desencadear guerras com as nações índias,
determinou que nenhuma nova exploração ou colonização de territórios pudesse ser
feita sem a assinatura de tratados com os índios. Foi esta a primeira fonte de conflito
entre os colonos e a Coroa inglesa. Os colonos também acusavam os ingleses de manter
exércitos permanentes em território americano e manter um judiciário forjado com
julgamentos simulados, o uso de mercenários para ocupar o território americano.[3]
Mas, pouco depois, surgiram novos atritos. Procurando restaurar o equilíbrio financeiro,
a metrópole apertava as malhas do pacto colonial com vários atos. Em 1750 fora
proibida a fundição de ferro nas colônias; em 1754 proibiram-se a fabricação de tecido e
o contrabando. Apesar de vencer a Guerra dos Sete Anos, a Inglaterra impôs novas
medidas restritivas às treze colônias. Em 1765 foi aprovado um decreto regulamentando
a obrigação de abrigar e sustentar tropas inglesas em solo americano (prática que pesava
muito sobre as finanças coloniais). Foram ainda criadas a Lei do Selo que acrescentou
um imposto de selo sobre jornais, documentos legais e oficiais etc., e os Atos de
Townshend, que procuravam limitar e mesmo impedir que os americanos continuassem
suas relações comerciais com outras regiões que não a Inglaterra.
Em 1773, o Parlamento inglês concedeu o monopólio do comércio do chá à Companhia
das Índias Orientais, da qual muitas personalidades inglesas possuíam ações. Os
comerciantes rebeldes norte-americanos que se sentiram prejudicados disfarçaram-se
de índios peles-vermelhas, assaltaram os navios da companhia que estavam no porto
de Boston e lançaram o carregamento de chá no mar (Festa do Chá de Boston). A
Inglaterra reagiu de imediato com um conjunto de leis que os americanos chamaram de
"Leis Intoleráveis" (1774): fechamento do porto de Boston; indenização à companhia
prejudicada e o julgamento dos envolvidos, na Inglaterra.
As reações dos colonos foram, de início, exaltadas, mas pacíficas: exigiram o direito de
eleger representantes para o Parlamento de Londres (para poderem discutir e votar as
leis que lhes diziam respeito), passando depois a atos de boicote às mercadorias
inglesas. Esta guerra econômica desencadearia motins e forçou o governo inglês a
alguns recuos, que contudo não satisfizeram os colonos. O conflito agravou-se com a
presença de tropas enviadas para conter os protestos. Como resposta, em 1774 os
representantes das colônias americanas, exceto Geórgia, enviaram seus delegados
a Filadélfia, num primeiro Congresso Continental que, a partir daí, embora com
divergências no seu seio, foi a voz política dos colonos.
Em 1774, houve o 1º Congresso Continental de Filadélfia, onde se resolveu acabar com
o comércio com a Inglaterra enquanto não se restabelecessem os direitos anteriores a
1763. O mesmo Congresso também redigiu e divulgou uma Declaração de Direitos.
Houve logo depois, um 2º Congresso em que foi reunido em Filadélfia onde se decidiu a
criação de um exército que seria comandado por George Washington, fazendeiro e
chefe da milícia da Virgínia.
Nesse Congresso, apesar de se manterem leais ao rei, os colonos pediram a suspensão
das "Leis Intoleráveis" e firmaram uma Declaração dos Direitos dos Colonos, no qual
pediram a supressão das limitações ao comércio e à indústria, bem como dos impostos
abusivos. O rei reagiu, pedindo aos colonos que se submetessem; estes, porém, não se
curvaram diante da coroa inglesa. O extremar das posições levou à criação de milícias, à
constituição de depósitos de munições e a um aumento contínuo de tensão que iria
irromper em guerra.

Consequências

Declaração da Independência dos Estados Unidos.


Pela primeira vez na história da expansão europeia, uma colônia tornava-se
independente dos países por meio de um ato revolucionário. E fazia-o não só
proclamando ao mundo, no documento histórico aprovado no dia 4 de Julho, o direito à
independência e à livre escolha de cada povo e de cada pessoa ("o direito à vida,
à liberdade e à procura da felicidade" são definidos como inalienáveis e de origem
divina), mas ainda construindo uma federação de estados dotados de uma grande
autonomia e aprovando uma constituição política (a primeira da História mundial) onde
se consignavam os direitos individuais dos cidadãos, se definiam os limites dos poderes
dos diversos estados e do governo federal, e se estabelecia um sistema de equilíbrio
entre os poderes legislativo, judiciário e executivo de modo a impedir a supremacia de
qualquer deles, além de outras disposições inovadoras. O sucesso norte-americano foi
descrito como tendo influenciado a Revolução Francesa (1789) e as subsequentes
revoluções na Europa e América do Sul.
Os pensamentos iluministas influenciaram no novo governo americano.
A Revolução Americana de 1776 teve suas raízes com a assinatura do Tratado de
Paris que em 1763 acabou por finalizar a Guerra dos sete anos.
Ao final do começo do conflito, o território do Canadá foi incorporado pela Inglaterra.
Neste contexto, as treze colônias representadas por Massachusetts, Rhode
Island, Connecticut, New Hampshire, Nova Jersey, Nova
York, Pensilvânia, Delaware, Virgínia, Maryland, Carolina do Norte, Carolina do
Sul e Geórgia começaram a ter seguidos e crescentes conflitos com a metrópole, pois
devido aos enormes gastos com a guerra, a Metrópole inicia uma maior exploração
sobre essas áreas. As colônias finalmente desencadeariam o desejo e a declaração de
independência, em 4 de julho de 1776, e a Guerra de independência dos Estados
Unidos. A guerra teria fim em 1783, quando a independência dos Estados Unidos foi
reconhecida pelo Reino Unido no Tratado de Paris de 1783. Apesar da estrutura social
ter permanecido inalterada (o norte continuou capitalista e no sul a escravidão foi
mantida), a Guerra da Independência dos Estados Unidos é chamada de revolução por
ter instituído, na Constituição de 1787, vigente até hoje, uma república federal, a
soberania da nação, e divisão tripartida dos poderes. Além disso, influenciou as
revoluções liberais que aconteceriam na Europa, como a Revolução Francesa.

Cronologia
Ver artigo principal: Guerra da Independência dos Estados Unidos
Além dos conflitos políticos, iniciou-se um movimento contra a carga tributária
exercida pelos ingleses sobre a produção de açúcar (Sugar Act), e sobre a produção
gráfica (Stamp Act).
Além da cobrança excessiva de impostos, os ingleses em 1765 proibiram a abertura de
estabelecimentos fabris nas colônias. Isto gerou uma onda de descontentamento dos
colonizadores que para a América do Norte foram fazer fortuna. Iniciou-se então um
sentimento de independência e de nacionalidade dos habitantes da região.
Os ingleses vendo que a economia da colônia mostrava sinais de enriquecimento e
vigor, resolveram forçá-la para baixo com a adição de novos impostos e sobre-taxas de
produção sobre a fabricação de tintas, vidro, papel e principalmente chá.
Em 1773, devido à alta dos impostos, ocorreu em Boston a revolta do chá. Samuel
Adams e John Dickinson fundaram a Sociedade dos Filhos da Liberdade.
Na Filadélfia em 5 de Setembro de 1774, se reuniram os representantes das treze
colônias no chamado então primeiro congresso continental. Neste encontro foi redigida
uma declaração de direitos e exigido o retorno à situação anterior.
O Parlamento britânico não aceitou as reivindicações da colônia, aumentando desta
forma os atritos entre as treze colônias e o governo central, culminando com a eclosão
da guerra em 1775 em Lexington e Concord.
Ainda em 1775 ocorreu o segundo congresso continental, simultaneamente houve
a batalha de Ticonderoga, com a vitória dos anticolonialistas. Com o moral elevado dos
combatentes houve a criação do exército continental.
Em 4 de Julho de 1776, representantes das 13 colónias reunidos em Congresso
declararam a independência das 13 colônias inglesas do continente americano.
No dia 17 de Outubro de 1777, os norte-americanos venceram a batalha de Saratoga.
Os franceses, poloneses, espanhóis e prussianos, países antagonistas da Inglaterra,
vieram em auxílio aos rebeldes enviando soldados para ajudar na guerra da
independência.
Em 1780, os ingleses foram derrotados na batalha naval de Chesapeake. Em 19 de
outubro de 1781, o exército inglês, sob o comando de Lord Cornwallis, rendeu-
se em Yorktown.
Em 17 de abril de 1783, o capitão britânico, James Colbert, com um grupo de 82
partidários britânicos lançaram um ataque surpresa sobre o Forte Carlos
(atualmente Gillett na comarca de Desha), Arkansas, à beira do rio Arkansas. A invasão
de Colbert fora a única ação da Guerra Revolucionária americana no estado de
Arkansas. Colbert atacou o forte controlado por espanhóis em resposta a decisão da
Espanha em tomar lado junto aos americanos durante a Revolução.
Finalmente, no dia 3 de setembro de 1783, em Paris, foi assinado o tratado em que
os Estados Unidos, representados por John Adams, Benjamin Franklin e John Jay,
tiveram sua independência reconhecida, formalmente, pelo Reino da Grã-Bretanha.

Cronologia
Além dos conflitos políticos, iniciou-se um movimento contra a carga tributária
exercida pelos ingleses sobre a produção de açúcar (Sugar Act), e sobre a produção
gráfica (Stamp Act).
Além da cobrança excessiva de impostos, os ingleses em 1765 proibiram a abertura de
estabelecimentos fabris nas colônias. Isto gerou uma onda de descontentamento dos
colonizadores que para a América do Norte foram fazer fortuna. Iniciou-se então um
sentimento de independência e de nacionalidade dos habitantes da região.
Os ingleses vendo que a economia da colônia mostrava sinais de enriquecimento e
vigor, resolveram forçá-la para baixo com a adição de novos impostos e sobre-taxas de
produção sobre a fabricação de tintas, vidro, papel e principalmente chá.
Em 1773, devido à alta dos impostos, ocorreu em Boston a revolta do chá. Samuel
Adams e John Dickinson fundaram a Sociedade dos Filhos da Liberdade.
Na Filadélfia em 5 de Setembro de 1774, se reuniram os representantes das treze
colônias no chamado então primeiro congresso continental. Neste encontro foi redigida
uma declaração de direitos e exigido o retorno à situação anterior.
O Parlamento britânico não aceitou as reivindicações da colônia, aumentando desta
forma os atritos entre as treze colônias e o governo central, culminando com a eclosão
da guerra em 1775 em Lexington e Concord.
Ainda em 1775 ocorreu o segundo congresso continental, simultaneamente houve
a batalha de Ticonderoga, com a vitória dos anticolonialistas. Com o moral elevado dos
combatentes houve a criação do exército continental.
Em 4 de Julho de 1776, representantes das 13 colónias reunidos em Congresso
declararam a independência das 13 colônias inglesas do continente americano.
No dia 17 de Outubro de 1777, os norte-americanos venceram a batalha de Saratoga.
Os franceses, poloneses, espanhóis e prussianos, países antagonistas da Inglaterra,
vieram em auxílio aos rebeldes enviando soldados para ajudar na guerra da
independência.
Em 1780, os ingleses foram derrotados na batalha naval de Chesapeake. Em 19 de
outubro de 1781, o exército inglês, sob o comando de Lord Cornwallis, rendeu-
se em Yorktown.
Em 17 de abril de 1783, o capitão britânico, James Colbert, com um grupo de 82
partidários britânicos lançaram um ataque surpresa sobre o Forte Carlos
(atualmente Gillett na comarca de Desha), Arkansas, à beira do rio Arkansas. A invasão
de Colbert fora a única ação da Guerra Revolucionária americana no estado de
Arkansas. Colbert atacou o forte controlado por espanhóis em resposta a decisão da
Espanha em tomar lado junto aos americanos durante a Revolução.
Finalmente, no dia 3 de setembro de 1783, em Paris, foi assinado o tratado em que
os Estados Unidos, representados por John Adams, Benjamin Franklin e John Jay,
tiveram sua independência reconhecida, formalmente, pelo Reino da Grã-Bretanha.

Revolução Francesa
Revolução Francesa (em francês: Révolution française , 1789-1799) foi um período de
intensa agitação política e social na França, que teve um impacto duradouro na história
do país e, mais amplamente, em todo o continente europeu. A monarquia
absolutista que tinha governado a nação durante séculos entrou em colapso em apenas
três anos. A sociedade francesa passou por uma transformação épica, quando
privilégios feudais, aristocráticos e religiosos evaporaram-se sobre um ataque
sustentado de grupos políticos radicais, das massas nas ruas e de camponeses na região
rural do país.[1] Antigos ideais da tradição e da hierarquia de monarcas, aristocratas e
da Igreja Católica foram abruptamente derrubados pelos novos princípios de Liberté,
Égalité, Fraternité (em português:liberdade, igualdade e fraternidade ). As casas
reais da Europa ficaram aterrorizadas com a revolução e iniciaram um movimento
contrário que, até 1814, tinha restaurado a antiga monarquia, mas muitas reformas
importantes tornaram-se permanentes. O mesmo aconteceu com os antagonismos entre
os partidários e inimigos da revolução, que lutaram politicamente ao longo dos
próximos dois séculos.
Em meio a uma crise fiscal, o povo francês estava cada vez mais irritado com a
incompetência do rei Luís XVI e com a indiferença contínua e a decadência
da aristocracia do país. Esse ressentimento, aliado aos cada vez mais
populares ideais iluministas, alimentaram sentimentos radicais e a revolução começou
em 1789, com a convocação dos Estados Gerais em maio. O primeiro ano da revolução
foi marcado pela proclamação, por membros do Terceiro Estado, do Juramento do Jogo
da Péla em junho, pela Tomada da Bastilha em julho, pela aprovação da Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão em agosto e por uma épica marcha sobre Versalhes,
que obrigou a corte real a voltar para Paris em outubro. Os anos seguintes foram
dominados por lutas entre várias assembleias liberais e de direita feitas por apoiantes da
monarquia no sentido de travar grandes reformas no país.
A Primeira República Francesa foi proclamada em setembro de 1792 e o rei
Luís XVI foi executado no ano seguinte. As ameaças externas moldaram o curso da
revolução. As guerras revolucionárias francesas começaram em 1792 e, finalmente,
apresentaram espetaculares vitórias que facilitaram a conquista da Península Itálica,
dos Países Baixos e da maioria dos territórios a oeste do Reno pela França, feitos que os
governos franceses anteriores nunca conseguiram realizar ao longo de séculos.
Internamente, os sentimentos populares radicalizaram a revolução significativamente,
culminando com a ascensão de Maximilien Robespierre, dos jacobinos e de
uma ditadura virtual imposta pelo Comitê de Salvação Pública, que estabeleceu o
chamado Reino de Terror entre 1793 e 1794, período no qual entre 16 mil e 40 mil
pessoas foram mortas.[2] Após a queda dos jacobinos e a execução de Robespierre,
o Diretório assumiu o controle do Estado francês em 1795 e manteve o poder até 1799,
quando foi substituído pelo Consulado, sob o comando de Napoleão Bonaparte.
A era moderna tem-se desdobrado na sombra dos ideais conquistados pela Revolução
Francesa. O crescimento das repúblicas e das democracias liberais ao redor do mundo, a
difusão do secularismo, o desenvolvimento das ideologias modernas e a invenção
da guerra total[3] tiveram o seu nascimento durante a revolução. Eventos subsequentes
que podem ser rastreados com a revolução incluem as Guerras Napoleônicas, duas
restaurações separadas da monarquia (a primeira em 1814 e a segunda, a Restauração
Bourbon, em 1815), e duas revoluções adicionais (1830 e 1848) ajudaram a moldar
a França moderna.

Causas
Os historiadores apontaram muitos eventos e fatores no Antigo Regime que levaram à
Revolução. O aumento da desigualdade social e econômica,[4][5] as novas ideias políticas
emergentes do iluminismo,[6] a má gestão econômica, os fatores ambientais que levaram
ao fracasso agrícola, a dívida nacional incontrolável[7] e a má gestão política por parte
do rei Luís XVI foram citados como fatores que formaram as bases para a Revolução. [8]
[9][10][11]

Ao longo do século XVIII, emergiu o que o filósofo Jürgen Habermas chamou de


"esfera pública" na França e em outros lugares da Europa. [12] Habermas argumentou que
o modelo cultural dominante na França do século XVII era uma cultura
"representativa", baseada em uma necessidade unilateral de "representar" o poder com
um lado ativo e o outro passivo. [12] Um exemplo perfeito seria o Palácio de Versalhes,
que deveria abalar os sentidos do visitante e convencer a grandeza do estado francês e
Luís XIV.[12] A partir do início do século XVIII, se viu a aparição da "esfera pública",
que era "crítica" na medida em que ambos os lados estavam ativos. [13] Exemplos da
"esfera pública" incluíam jornais, lojas maçônicas, cafés e clubes de leitura onde as
pessoas, pessoalmente ou virtualmente, através da palavra impressa, debatiam e
discutiam questões.[14] Na França, o surgimento da "esfera pública" fora do controle
do Estado viu a mudança de Versalhes para Paris como a capital cultural da França.
[14]
 Da mesma forma, no século XVII, era o tribunal que decidia o que era culturalmente
bom e o que não era; no século XVIII, a opinião do tribunal importava menos e eram os
consumidores que se tornaram os árbitros do gosto cultural. [15] Na década de 1750,
durante a "Querelle des Bouffons" sobre a questão da qualidade da música italiana
versus a francesa, os partidários de ambos os lados apelaram para o público francês
"porque ele tem o direito de decidir se um trabalho será preservado para posteridade ou
será usado por mercearias como papel de embrulho". [16] Em 1782, Louis-Sébastien
Mercier escreveu: "A palavra tribunal já não inspira repulsa entre nós como na época de
Luís XIV. As opiniões reinantes já não são recebidas do tribunal, já não decide sobre
reputações de qualquer tipo ... os julgamentos da corte são contraordenados, diz-se
abertamente que não entende nada, não tem ideias sobre o assunto e não pode ter
nenhum."[17] Inevitavelmente, a crença de que a opinião pública tinha o direito de
decidir sobre questões culturais em vez de apelar ao tribunal fez com que o público
também passasse a ter uma opinião sobre questões políticas.[18]
A economia do Antigo Regime durante os anos anteriores à Revolução sofria de
instabilidade; pequenas colheitas que duraram vários anos e um sistema de transporte
inadequado contribuíram para tornar os alimentos mais caros.[19][20] A sequência de
eventos que levaram à Revolução incluiu os problemas fiscais do governo nacional
causados por um sistema tributário ineficiente e os custos de várias grandes guerras.[7] A
tentativa de desafiar o poder comercial e naval britânico na Guerra dos Sete Anos foi
um desastre caro, com a perda das possessões coloniais da França na América do Norte
continental e a destruição da Marinha Francesa.[21] As forças francesas foram
reconstruídas e, por se sentir amargo por ter perdido muitas das colônias ultramarinas da
França para o Império Britânico durante a Guerra dos Sete Anos, Luís XVI estava
ansioso para dar, aos rebeldes americanos, apoio financeiro e militar. Após a rendição
britânica na Batalha de Saratoga, os franceses enviaram 10 000 soldados e milhões de
dólares aos rebeldes. Apesar de ter conseguido independência para as Treze Colônias, a
França estava severamente endividada pela Guerra Revolucionária Americana. O
sistema financeiro ineficaz e antiquado da França não poderia financiar essa dívida.
[22]
 Diante de uma crise financeira, o rei chamou um Estado Geral, recomendado
pela Assembleia dos Notáveis em 1787 pela primeira vez em mais de um século.[23]
A França sofreu uma depressão econômica tão grave que não havia comida suficiente
para a população. Tal como acontece com a maioria das monarquias, a classe alta
sempre estava segura de uma vida estável e, enquanto os ricos permaneciam muito
ricos, a maioria da população francesa estava morrendo de fome. Muitos estavam tão
indignados por não poder alimentar suas famílias que recorreram ao roubo ou à
prostituição para se manterem vivos. Enquanto isso, a corte real em Versalhes estava
isolada e indiferente à crise crescente na nação. Embora, em teoria, o rei Luís XVI fosse
um monarca absoluto, na prática, ele era frequentemente indecente e conhecido por
recuar quando confrontado com forte oposição. Embora ele tenha reduzido as despesas
do governo, os opositores nos parlamentos frustraram suas tentativas de implementar
reformas muito necessárias. O Iluminismo produziu muitos escritores, panfletos e
editores que poderiam informar ou inflamar a opinião pública. A oposição usou esse
recurso para mobilizar a opinião pública contra a monarquia, que por sua vez tentou
reprimir a literatura subterrânea.[22]
Muitos outros fatores envolveram ressentimentos e aspirações pelo surgimento dos
ideais do Iluminismo. Isto incluiu ressentimento com o absolutismo real; o
ressentimento dos camponeses, dos trabalhadores e da burguesia em relação aos
privilégios senhoriais tradicionais possuídos pela nobreza; ressentimento da influência
da Igreja Católica sobre políticas e instituições públicas; aspirações à liberdade de
religião; ressentimento dos bispos aristocráticos pelo clero rural mais pobre; aspirações
para a igualdade social, política e econômica e (especialmente à medida que a
Revolução progrediu) o republicanismo; oódio à rainha Maria Antonieta, que foi
falsamente acusada de ser gastadora e de ser uma espiã austríaca; e a raiva em relação
ao rei por demitir ministros, incluindo o ministro das Finanças, Jacques Necker, que
eram vistos popularmente como representantes do povo.[24]
A maçonaria desempenhou um papel importante na Revolução. Originalmente em
grande parte apolítica, a Maçonaria foi radicalizada no final do século XVIII pela
introdução de princípios que enfatizavam temas de liberdade, igualdade e fraternidade.
Praticamente todos os principais participantes da Revolução eram maçons e esses temas
se tornaram o slogan amplamente reconhecido da Revolução.

Antigo Regime
Crise financeira
A causa mais forte de Revolução foi a econômica, já que as causas sociais, como de
costume, não conseguem ser ouvidas por si sós. Os historiadores sugerem o ano de 1789
como o início da Revolução Francesa. Mas esta, por uma das "ironias" da história,
começou dois anos antes, com uma reação dos notáveis franceses - clérigos e nobres -
contra o absolutismo, tendo sido inspirada em ideias iluministas, e se pretendia reformar
e para isso buscava limitar seus privilégios. Luís XVI convocou a nobreza e o clero para
contribuírem no pagamento de impostos, na altamente aristocrática Assembleia dos
Notáveis (1787).[26]
No meio do caos econômico e do descontentamento geral, Luís XVI não conseguiu
promover reformas tributárias, impedido pela nobreza e pelo clero, que não "queriam
dar os anéis para salvar os dedos". Não percebendo que seus privilégios dependiam
do Absolutismo, os notáveis pediram ajuda à burguesia para lutar contra o poder real -
era a Revolta da Aristocracia ou dos Notáveis (1787–1789). Eles iniciaram a revolta ao
exigir a convocação dos Estados Gerais para votar o projeto de reformas.[27]
Por sugestão do Ministro dos assuntos econômicos à época, Jacques Necker, o rei
Luís XVI convocou a Assembleia dos Estados Gerais, instituição que não era reunida
desde 1614. Os Estados Gerais reuniram-se em maio de 1789 no Palácio de Versalhes,
com o objetivo de acalmar uma revolução de que já falava a burguesia. As causas
econômicas também eram estruturais. As riquezas eram mal distribuídas, há um
endividamento forte do Estado;[28] a crise produtiva manufatureira estava ligada ao
sistema corporativo, que fixava quantidade e condições de produtividade. Isso
descontentou a burguesia.[29]
Outro fator econômico foi a crise agrícola, que ocorreu graças ao aumento populacional.
Entre 1715 e 1789, a população francesa cresceu consideravelmente, entre 8 e 9 milhões
de habitantes. Como a quantidade de alimentos produzida era insuficiente e as geadas
abatiam a produção alimentícia, o fantasma da fome pairou sobre os franceses.[30]
Assembleia dos Estados Gerais de 1789
A sociedade francesa da segunda metade do século XVIII possuía dois grupos muito
privilegiados: o Clero ou Primeiro Estado, composto pelo Alto Clero, que representava
0,5% da população francesa, era identificado com a nobreza e negava reformas, e pelo
Baixo Clero, identificado com o povo, e que as reclamava; a Nobreza, ou Segundo
Estado, composta por uma camada palaciana ou cortesã, que sobrevivia à custa do
Estado, por uma camada provincial, que se mantinha com as rendas dos feudos, e uma
camada chamada Nobreza Togada, em que alguns juízes e altos funcionários burgueses
adquiriram os seus títulos e cargos, transmissíveis aos herdeiros. Aproximava-se de
1,5% dos habitantes. Esses dois grupos (ou Estados) oprimiam e exploravam o Terceiro
Estado, constituído por burgueses, camponeses sem terra e os "sans-culottes", uma
camada heterogênea composta por artesãos, aprendizes e proletários, que tinham este
nome graças às calças simples que usavam, diferentes dos tecidos caros utilizados pelos
nobres. Os impostos e contribuições para o Estado, o clero e a nobreza incidiam sobre o
Terceiro Estado, uma vez que os dois últimos não só tinham isenção tributária como
ainda usufruíam do tesouro real por meio de pensões e cargos públicos.
A França ainda tinha grandes características feudais: 80% de sua economia era agrícola.
Quando uma grande escassez de alimentos ocorreu devido a uma onda de frio na região,
a população foi obrigada a mudar-se para as cidades e lá, nas fábricas, era
constantemente explorada e a cada ano tornava-se mais miserável. Vivia à base
de pãopreto e em casas de péssimas condições, sem saneamento básico e vulneráveis a
muitas doenças. A reavaliação das bases jurídicas do Antigo Regime foi montada à luz
do pensamento Iluminista, representado por Voltaire, Diderot, Montesquieu, John
Locke, Immanuel Kant etc. Eles forneceram pensamentos para criticar as
estruturas políticas e sociais absolutistas e sugeriram a ideia de uma maneira de
conduzir liberal burguesa. A situação social era tão grave e o nível de insatisfação
popular tão grande que o povo foi às ruas com o objetivo de tomar o poder e arrancar do
governo a monarquia comandada pelo rei Luís XVI. O primeiro alvo dos
revolucionários foi a Bastilha. A Queda da Bastilha em 14 de Julho de 1789 marca o
início do processo revolucionário, pois a prisão política era o símbolo da monarquia
francesa.[31]
Em fevereiro de 1787, o ministro das finanças, Loménie de Brienne, submeteu a uma
Assembleia de Notáveis, escolhidos de entre a nobreza, clero, burguesia e burocracia,
um projeto que incluía o lançamento de um novo imposto sobre a propriedade da
nobreza e do clero. Esta Assembleia não aprovou o novo imposto, pedindo que o
rei Luís XVI convocasse os Estados-Gerais. Em 8 de agosto, o rei concordou,
convocando os Estados Gerais para maio de 1789. Fazendo parte dos trabalhos
preparatórios da reunião dos Estados Gerais, começaram a ser escritos os
tradicionais cahiers de doléances, onde se registraram as queixas das três ordens. O
Parlamento de Paris proclama então que os Estados Gerais deveriam se reunir de acordo
com as regras observadas na sua última reunião, em 1614. Aproveitando a lembrança,
o Clube dos Trinta começa imediatamente a lançar panfletos defendendo o voto
individual inorgânico - "um homem, um voto" - e a duplicação dos representantes do
Terceiro Estado. Várias reuniões de Assembleias provinciais, como em Grenoble, já o
haviam feito. Jacques Necker, de novo ministro das finanças, manifesta a sua
concordância com a duplicação dos representantes do Terceiro Estado, deixando para as
reuniões dos Estados a decisão quanto ao modo de votação – orgânico (pelas ordens) ou
inorgânico (por cabeça). Serão eleitos 291 deputados para a reunião do Primeiro Estado
(Clero), 270 para a do Segundo Estado (Nobreza), e 578 deputados para a reunião do
Terceiro Estado (burguesia e pequenos proprietários). Entretanto, multiplicam-se os
panfletos, surgindo nobres como o conde d'Antraigues, e clérigos como o bispo Sieyès,
a defender que o Terceiro estado era todo o Estado. Escrevia o bispo Sieyès, em janeiro
de 1779: “O que é o terceiro estado? Tudo. O que é que tem sido até agora na ordem
política? Nada. O que é que pede? Tornar-se alguma coisa”.[32]
Assembleia Nacional (1789)

Juramento do Jogo da Péla


A classe média foi a única que abriu as chamas da revolução. Eles estabeleceram a
Assembleia Nacional e tentaram pressionar a aristocracia a espalhar seu dinheiro
uniformemente entre as classes superior, média e baixa. Em 10 de junho de
1789, Emmanuel Joseph Sieyès disse que o Terceiro Estado, agora reunido como
comunas, deveria verificar seus próprios poderes e convidar os outros dois estados a
participar, mas não esperar por eles. Eles passaram a fazê-lo dois dias depois,
completando o processo em 17 de junho.[33] Então eles votaram uma medida muito mais
radical, declarando-se a Assembleia Nacional, uma assembleia não dos Estados, mas
"do povo". Eles convidaram as outras ordens para se juntarem a eles, mas deixaram
claro que pretendiam conduzir os assuntos da nação com ou sem elas.[34]
Na tentativa de manter o controle do processo e evitar a convocação da Assembleia,
Luís XVI ordenou o encerramento da Salle des États, onde a Assembleia se reunia, ao
alegar que os carpinteiros precisavam preparar o salão para um discurso real em dois
dias. O tempo não permitiu uma reunião ao ar livre e temendo um ataque ordenado por
Luís XVI, eles se encontraram em um campo de tênis ao lado de Versalhes, onde eles
juravam o Juramento do Jogo da Péla (20 de junho de 1789) sob o qual eles
concordaram em não se separar até que a França tivesse uma constituição. A maioria
dos representantes do clero logo se juntou a eles, assim como 47 membros da nobreza.
Até 27 de junho, a festa real havia entrado abertamente, embora os militares
começassem a chegar em grande número em torno de Paris e Versalhes. Mensagens de
apoio à Assembleia vieram de Paris e de outras cidades francesas.

Monarquia Constitucional
Após a Assembleia Nacional, o rei demitiu do ministro Jacques Necker, conhecido por
suas posições reformistas. Em razão disso, a população de Paris se mobilizou e tomou
as ruas da cidade. Os ânimos mais exaltados conclamavam todos a tomar as armas. O
rei decidiu reagir fechando a Assembleia, mas foi impedido por uma sublevação popular
em Paris, reproduzida a seguir em outras cidades e no campo. O Conde de
Artois (futuro Carlos X) e outros dirigentes reacionários, defrontados a tais ameaças,
fugiram do país, transformando-se no grupo dos émigrés. A burguesia parisiense,
temendo que a população da cidade aproveitasse a queda do antigo sistema de governo
para recorrer à ação direta, apressou-se a estabelecer um governo provisório local,
a Comuna. Este governo popular, em 13 de julho, organizou a Guarda Nacional, uma
milícia burguesa para resistir tanto a um possível retorno do rei, quanto a uma eventual
mais violenta da população civil, cujo comando coube ao deputado da Assembleia e
herói da independência dos Estados Unidos, Marie Joseph Motier, o Marquês de La
Fayette. A bandeira dos Bourbons foi substituída por uma de cores vermelha, azul e
branca, que passou a ser a bandeira nacional. E, em toda a França, foram constituídas
unidades da milícia e governos provisórios.[36]
Enquanto isso, os acontecimentos precipitaram-se e a agitação tomou conta das ruas: em
13 de julho constituíram-se as Milícias de Paris, organizações militares-populares. No
dia 14 de julho, populares armados invadiram o Arsenal dos Inválidos, à procura
de munições e, em seguida, invadiram a Bastilha, uma fortaleza que fora transformada
em prisão política, mas que já não era a terrível prisão de outros tempos. Dentro da
prisão, estavam apenas sete condenados: quatro por roubo, dois nobres por
comportamento imoral, e um por assassinato. A intenção inicial dos rebeldes ao tomar a
Bastilha era se apoderar da pólvora lá armazenada. Caiu assim um dos símbolos do
Absolutismo. A Queda da Bastilha causou profunda emoção nas províncias e acelerou a
queda dos intendentes. Organizaram-se novas municipalidades e guardas nacionais.[36]
A partir de então, a revolução estendeu-se ao campo, com maior violência: os
camponeses saquearam as propriedades feudais, invadiram e queimaram os castelos e
cartórios, para destruir os títulos de propriedade das terras (fase do Grande Medo).
Temendo o radicalismo, na noite de 4 de agosto, a Assembleia Nacional Constituinte
aprovou a abolição dos direitos feudais, gradualmente e mediante amortização, além de
as terras da Igreja haverem sido confiscadas. Daí por diante, a igualdade jurídica seria a
regra.[36]
Assembleia Nacional Constituinte
O período da Assembleia Constituinte decorre de 9 de julho de 1789 a 30 de setembro
de 1791. As primeiras ações dos revolucionários deram-se quando, em 17 de junho, a
reunião do Terceiro Estado se proclamou "Assembleia Nacional" e, pouco depois,
"Assembleia Nacional Constituinte". Em 12 de julho, começam os motins em Paris,
culminando em 14 de julho com a tomada da prisão da Bastilha, símbolo do poder real e
depósito de armas. Sob proposta de dois aristocratas, o visconde de Noailles e do duque
de Aiguillon, a Assembleia suprime todos os privilégios das comunidades e das pessoas,
as imunidades provinciais e municipais, as banalidades, e os direitos feudais. Pouco
depois, aprovava-se a solene "Declaração dos direitos do Homem e do Cidadão",
contudo a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, não foi aprovada pela mesma
Assembleia e a idealizadora, Olympe de Gouges, foi executada.[37]
Fim do feudalismo e ascensão do secularismo
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
A Assembleia Nacional Constituinte aprovou a legislação, pela qual era abolido
o regime feudal e senhorial e suprimido o dízimo. Outras leis proibiram a venda de
cargos públicos e a isenção tributária das camadas privilegiadas. E, para dar
continuidade ao trabalho, decidiu pela elaboração de uma Constituição. Na introdução,
que seria denominada Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (Déclaration
des Droits de l'Homme et du Citoyen), os delegados formularam os ideais da Revolução,
sintetizados em três princípios: "Liberdade, Igualdade, Fraternidade"
(Liberté, Egalité, Fraternité). Inspirada na Declaração de Independência dos Estados
Unidos e divulgada em 26 de agosto, a primeira Declaração dos Direitos do Homem e
do Cidadão (a que não terá sido estranha a ação do então embaixador dos Estados
Unidos em Paris, Thomas Jefferson) foi a síntese do pensamento iluminista liberal e
burguês. Nesse documento, em que se pode ver claramente a influência da Revolução
Americana, defendia-se o direito de todos à liberdade, à propriedade, à igualdade -
igualdade jurídica, e não social nem econômica - e de resistência à opressão. A
desigualdade social e de riqueza continuavam existindo. O nascimento, a tradição e o
sangue já não podiam continuar a ser os únicos critérios utilizados para distinguir
socialmente os homens. Na prática, tais critérios foram substituídos pelo dinheiro e pela
propriedade, que, a partir daí, passam a garantir, a seus detentores, prestígio social.[36]
Pressionado pela opinião pública, Luís XVI deixou Versalhes, estabelecendo-se
no Palácio das Tulherias, em Paris (outubro de 1789). Ali, o monarca era mais acessível
às massas parisienses. Fervilhavam os clubes: a imprensa tinha papel cada vez maior
nos acontecimentos políticos. Jean-Paul Marat e Hébert escreviam artigos incendiários.
A nobreza conservadora e o alto clero abandonaram a França, refugiando-se nos países
ainda absolutistas, de onde conspiravam contra a revolução. Numa reação contra os
privilégios do clero e buscando recursos para sanar o déficit público, o governo
desapropriou os bens da Igreja, colocou-os à venda e, com o produto, emitiu bônus do
tesouro, os assignats, que valeram como papel-moeda, logo depreciado. As
propriedades da Igreja passaram majoritariamente às mãos da burguesia, restando, aos
camponeses, as propriedades menores, que puderam ser adquiridas mediante
facilitações.[36]
Proclamação da Constituição francesa de 1791
Em agosto de 1790, foi votada a Constituição Civil do Clero,
separando Igreja e Estado e transformando os clérigos em assalariados do governo, a
quem deviam obediência. Determinava também que
os bispos e padres de paróquia seriam eleitos por todos os eleitores, independentemente
de filiação religiosa. O papa opôs-se a isso. Os clérigos deveriam jurar a nova
Constituição. Os que o fizeram ficaram conhecidos como juramentados; os que se
recusaram passaram a ser chamados de refratários e engrossaram o campo da
contrarrevolução. Procurando frear o movimento popular, a Assembleia Nacional
Constituinte, pela Lei de Le Chapelier, proibiu associações e coalizões profissionais
(sindicatos), sob pena de morte.[36]
No palácio real, conspirava-se abertamente. O rei, a rainha, seus conselheiros,
os embaixadores da Áustria e da Prússia eram os principais nomes de tal conspiração. A
Áustria e a Prússia, países absolutistas, invadiram a França, que foi derrotada porque
oficiais ligados à nobreza permitiram o malogro do exército francês. Denunciou-se a
traição na Assembleia. Em junho de 1791, a família real tentou fugir para a Áustria. O
rei foi descoberto na fronteira, em Varennes, e obrigado a voltar. A Assembleia
Nacional, contudo, acabou por absolver Luís XVI, mantendo a monarquia. Para
justificar essa decisão, alegou que o rei, ao invés de fugir, fora sequestrado. A Guarda
Nacional, comandada por La Fayette, reprimiu violentamente a multidão que queria a
deposição do rei.[36]
Em setembro de 1791, foi promulgada a primeira Constituição da França que resumia as
realizações da Revolução. Foi implantada uma monarquia constitucional, isto é, o rei
perdeu seus poderes absolutos e criou-se uma efetiva separação entre os poderes
Legislativo, Executivo e Judiciário. Além disso, foram concedidos direitos
civis completos aos cidadãos. A população foi dividida em cidadãos ativos e passivos.
Somente os cidadãos ativos, que pagavam impostos e possuíam dinheiro ou
propriedades, participavam da vida política. Era o voto censitário. Os passivos eram os
não votantes, como mulheres, trabalhadores desempregados e outros. Apesar de ter
limitado os poderes do rei, este tinha ainda o direito de designar seus ministros. De
mais, a constituição aboliu o feudalismo, nacionalizava os bens eclesiásticos e
reconhecia a igualdade civil e jurídica entre os cidadãos. Em síntese, a Constituição de
1791 estabeleceu, na França, as linhas gerais para o surgimento de uma sociedade
burguesa e capitalista em lugar da anterior, feudal e aristocrática.[36]
Apesar disso, este projeto não teve muita sustentação. Alguns setores urbanos queriam
continuar com o processo revolucionário, enquanto nobres fugiam e se refugiavam no
exterior, planejando, à distância, organizar violentamente uma vingança armada. Os
emigrados tinham apoio de Estados Absolutistas como Áustria e Prússia, que viam o
resultado do movimento revolucionário francês como perigoso para os seus domínios.
Em agosto de 1791, após a tentativa frustrada de fuga da família real para a Áustria, os
países que até então apoiavam a França lançaram a Declaração de Pillnitz, que afirmava
(e apoiava) a restauração da monarquia francesa como um projeto de interesse comum a
todos os Estados europeus. A população francesa ficou enfurecida, pois enxergava esta
ação como uma intromissão direta aos assuntos do país.[36]
Assembleia Legislativa
Em 1791, iniciou-se a fase denominada Monarquia Constitucional. Nas eleições de
outubro de 1791, as cadeiras da Assembleia Legislativa foram ocupadas
predominantemente por elementos da burguesia. A Assembleia Legislativa, que iniciou
suas sessões em 1 de outubro, era formada por 750 membros, sem experiência política.
Embora a burguesia tivesse de enfrentar, dentro da Assembleia, a oposição da
aristocracia, cujos deputados ocupavam o lado direito de quem entrava no recinto de
reuniões, e também dos democratas, que ocupavam o lado esquerdo, as maiores
dificuldades estavam fora da Assembleia. À extrema-direita, o rei e a aristocracia se
recusavam a aceitar qualquer compromisso.[38]
Os radicais, a pequena e média burguesia sentiam-se lesadas e enganadas. Os
camponeses, desesperados, porque tinham de pagar pela extinção dos direitos feudais,
retomaram a violência. O confisco dos bens da Igreja e a Constituição do Clero, que
faziam com que os religiosos rompessem com o papado, levaram a maior parte do clero
para o campo da contrarrevolução. Apesar de todas as dificuldades, a alta burguesia se
mantinha no poder.[38]
O lema dos revolucionários era "Liberdade, Igualdade e Fraternidade", mas logo em 14
de junho de 1791, se aprovou a Lei de Le Chapelier que proibia os sindicatos de
trabalhadores e as greves, com penas que podiam ir até à pena de morte. Em 19 de abril
de 1791, o Estado nacionaliza e passa a administrar todos os bens da Igreja Católica,
sendo aprovada em julho a Constituição Civil do Clero, por intermédio da qual os
padres católicos passam a ser funcionários públicos.[38]
Queda da Monarquia
O assalto ao Palácio das Tulherias, em 10 agosto de 1792
Os emigrados buscavam apoio externo para restaurar o Estado absoluto. As vizinhas
potências absolutistas apoiavam esses movimentos, pois temiam a irradiação das ideias
revolucionárias francesas para seus países. Os emigrados e as monarquias absolutistas
formaram uma aliança destinada a restaurar, na França, os poderes absolutos de
Luís XVI. Alegando a necessidade de se restaurar a dignidade real da França,
na Declaração de Pillnitz (1791) esses países ameaçaram a França de uma intervenção.
[36]

Em 1792, a Assembleia Legislativa aprovou uma declaração de guerra contra a Áustria.


É interessante salientar que a burguesia e a aristocracia queriam a guerra por motivos
diferentes. Enquanto para a burguesia a guerra seria breve e vitoriosa, para o rei e a
aristocracia seria a esperança de retorno ao velho regime. Palavras de Luís XVI: "Em
lugar de uma guerra civil, esta será uma guerra política" e da rainha Maria Antonieta:
"Os imbecis [referia-se a burguesia]! Não veem que nos servem". Portanto, o rei e a
aristocracia não vacilaram em trair a França revolucionária. Diante da aproximação dos
exércitos coligados estrangeiros, formaram-se por toda a França batalhões de
voluntários. Luís XVI e Maria Antonieta foram presos, acusados de traição ao país por
colaborarem com os invasores.[36]
Verdun, última defesa de Paris, foi sitiada pelos prussianos. O povo, chamado a
defender a revolução, saiu às ruas e massacrou muitos partidários do Antigo Regime.
Sob o comando de Danton, Robespierre e Marat, foram distribuídas armas ao povo e foi
organizada a Comuna Insurrecional de Paris. As palavras de Danton ressoaram de forma
marcante nos corações dos revolucionários. Disse ele: "Para vencer os inimigos,
necessitamos de audácia, cada vez mais audácia, e então a França estará salva".[36]
O povo, entre o pânico e o rancor, responsabiliza os inimigos internos pela situação.
Entre 2 e 6 de setembro de 1792, são massacrados os padres refratários, os suspeitos de
atividades contra-revolucionárias e os presos de delito comum das prisões de Paris. A
matança dura vários dias sem que as autoridades administrativas ousem intervir. Os
chamados “massacres de Setembro”, que chocam a opinião pública, marcam uma
página importante da Revolução. Em 20 de setembro aconteceu aquilo que parecia
impossível: as tropas revolucionárias, famintas, mal vestidas, mas alimentadas por seus
ideais, derrotaram, ao som da Marselhesa(o hino da revolução), a coligação anti-
francesa na Batalha de Valmy.[36]

Primeira República
Convenção (1792–1795)
Sala do Manège das Tulherias, local de reunião da Convenção Nacional até 9 de maio
de 1793
Após o término das deliberações da Assembleia Constituinte em 1791, a burguesia
passou a uma posição conservadora, por entender que as principais mudanças já haviam
sido implementadas na sociedade francesa. A situação do povo mais pobre, porém,
pouco tinha mudado. Os camponeses continuavam sem terra e nas cidades a situação
tornava-se cada vez mais desesperadora. Em agosto de 1792, uma intensa mobilização
popular destronou o rei, e depois de elaborar a Carta Magna francesa, a Assembleia
Nacional Constituinte dissolveu-se. A Assembleia Legislativa substituiu a Constituinte.
Havia ameaça de intervenção externa, crise econômica e inflação. Em abril de 1792, há
a declaração de guerra à Áustria e à Prússia; exércitos inimigos chegam a ameaçar a
cidade de Paris; a ala radical proclama a "pátria em perigo" e distribui armas à
população parisiense. A Comuna de Paris assume o poder e exige, da Assembleia, o
afastamento do rei. Em 10 de agosto de 1792, parisienses atacam o palácio real, detêm o
soberano e exigem que o Legislativo suspenda-o de suas funções. Esvaziada de seu
poder, a Assembleia convoca a eleição de uma Convenção Nacional. A revolução
entrou numa fase radical. As primeiras medidas tomadas pela Convenção foram a
Proclamação da República e a promulgação de uma nova Constituição (21 de setembro
de 1792). Eleita sem a divisão dos eleitores em passivos e ativos, a alta burguesia
monarquista foi derrotada. A Convenção contava com o predomínio dos representantes
da burguesia.[39]
Entre os revolucionários de 1789, houve divisão. A grande burguesia não queria
aprofundar a revolução, temendo o radicalismo popular. Aliada aos setores da nobreza
liberal e do baixo clero, formou o Clube dos Girondinos. O nome "girondino"
(do francês girondin) deve-se ao fato de Brissot, principal líder dessa fação, representar
o departamento da Gironda e de seus principais líderes serem provenientes de lá. Eles
ocupavam os bancos inferiores no salão das sessões. Os jacobinos (do francês jacobin)
— assim chamados porque se reuniam no convento de Saint Jacques — queriam
aprofundar a revolução, aumentando os direitos do povo; eram liderados pela pequena
burguesia e apoiados pelos sans-culottes, as massas populares de Paris. Ocupavam os
assentos superiores no salão das sessões, recebendo o nome de montanha. Seus
principais líderes foram Danton, Marat e Robespierre. Sua facção mais radical era
representada pelos raivosos, liderados por Jacques Hébert, que queriam o povo no
poder. Havia ainda um grupo de deputados sem opiniões muito firmes, que votavam na
proposta que tinha mais chances de vencer. Eram chamados de planície ou pântano.
Havia ainda os cordeliers (camadas mais baixas) e os feuillants (a burguesia financeira).
[39]

O interrogatório de "Luís, o Último" pela Convenção


As modernas designações políticas de direita, centro e esquerda surgem neste
momento: com relação à mesa da presidência, identificavam-se, à direita, os girondinos,
que desejavam consolidar as conquistas burguesas, estancar a revolução e evitar a
radicalização; ao centro, a Planície ou Pântano, grupo de burgueses sem posição política
definida; e, à esquerda, a Montanha, composta pela pequena burguesia jacobina que
liderava os sans-culottes, e que defendia o aprofundamento da revolução. Dirigida
inicialmente pelos girondinos, a convenção realizava uma política contraditória: era
revolucionária na política externa — ao combater os países absolutistas — mas
conservadora na interna — ao procurar se acomodar com a nobreza, tentar salvar a vida
do rei e combater os revolucionários mais radicais. Nesse primeiro período, foram
descobertos documentos secretos de Luís XVI, no Palácio das Tulherias, que provaram
o seu comprometimento com o rei da Áustria. O fato acelerou as pressões para que o rei
fosse julgado como traidor. Na Convenção, a Gironda dividiu-se: alguns optaram por
um indulto, outros pela pena de morte. Os jacobinos, reforçados pelas manifestações
populares, exigiam a execução do rei, indicando o fim da supremacia girondina na
Revolução.[40]
República Jacobina
Tribunal Revolucionário
Os jacobinos, com apoio dos sans-culottes e da Comuna de Paris (designação que foi
dada ao novo governo local da cidade), assumiram o poder no momento crítico da
Revolução. A Convenção reconheceu a existência do Ser Supremo e da imortalidade
da alma. A virtude seria o elemento essencial da República. Em 21 de janeiro de 1793,
Luís XVI foi executado na guilhotina na praça da Revolução. Vários países europeus,
como a Áustria, Prússia, Holanda, Espanha e Inglaterra, indignados e temendo que o
exemplo francês se refletisse em seus territórios, formaram a Primeira Coligação contra
a França. Encabeçando a Coligação, a Inglaterra financiava os grandes exércitos
continentais para conter a ascensão burguesa da França, seu potencial concorrente nos
negócios europeus.[41]
No departamento de Vendeia, no oeste da França, camponeses contrarrevolucionários,
instigados pela Igreja, pela nobreza e pelos ingleses, tomaram o poder. Os girondinos
tentaram frear a proposta de mobilização geral do povo francês, temendo a perda do
poder e a radicalização da revolução, que ameaçaria suas propriedades e bens. Em
resposta, em 2 de junho de 1793, a população de Paris, agitada pelos partidários de
Hébert, cercou o prédio da convenção, pedindo a prisão dos deputados girondinos. Os
membros da Gironda foram expulsos da convenção deixando uma triste
herança: inflação, carestia e avanço da contrarrevolução, tudo isso agravado pela guerra
no plano externo. Marat, Hébert, Danton, Saint-Just e Robespierre assumiram o poder,
dando início ao período da Convenção Montanhesa. A contrarrevolução camponesa da
Vendeiae a ameaça externa colocavam a revolução à beira do abismo. Para combater
essa situação, os jacobinos organizaram os comitês, cujos objetivos eram controlar o
governo, combater os contrarrevolucionários e mobilizar a França para uma guerra total
em defesa da revolução.[41]
Devido ao predomínio da atuação popular, esse período caracterizou-se por ser o mais
radical de toda a Revolução. O governo jacobino dirigia o país por meio do Comitê de
Salvação Pública, responsável pela administração e defesa externa do país, de início
comandado por Danton, seu criador. Abaixo, vinha o Comitê de Segurança Geral, que
cuidava da segurança interna, e a seguir o Tribunal Revolucionário, que julgava os
opositores da revolução em julgamentos sumários. Decretada a mobilização geral,
criou-se uma economia de guerra, com o racionamento das mercadorias e o combate aos
especuladores, que, aproveitando-se da situação, escondiam os produtos para aumentar
os preços. Os jornais populares utilizavam-se de linguagem grosseira para caracterizar
os aristocratas e inimigos da revolução. Ao mesmo tempo em que pediam que fossem
punidos, pregavam as virtudes revolucionárias, o patriotismo e a defesa intransigente da
revolução. O mais importante desses jornais era O amigo do povo (L'Ami du Peuple),
dirigido pelo jacobino Marat.[41]
Reino do Terror
Execução de Maximilien Robespierre durante o Terror
Quando, em julho, Marat foi assassinado pela jovem Charlotte Corday, os ânimos se
exaltaram. Considerado excessivamente moderado, Danton foi substituído por
Robespierre e expulso do partido. O Comitê de Salvação Pública, liderado por
Robespierre, assumiu plenos poderes. Tinha início o Grande Terror, Terror Jacobino ou,
simplesmente, Terror. Milhares de pessoas — a ex-rainha Maria Antonieta, o
químico Antoine Lavoisier (considerado o criador da Química moderna), aristocratas,
clérigos, girondinos, especuladores, inimigos reais ou presumidos da revolução —
foram detidas, julgadas sumariamente e guilhotinadas. Os direitos individuais foram
suspensos e, diariamente, realizavam-se, sob aplausos populares, execuções públicas e
em massa. O líder jacobino Robespierre, sancionando as execuções sumárias, anunciara
que a França não necessitava de juízes, mas de mais guilhotinas. O resultado foi a
condenação à morte de 35 mil a 40 mil pessoas. A revolta camponesa da Vendeia foi
esmagada. O exército francês começou a ganhar terreno nos campos de batalha em 1794
e a coalizão anti-francesa foi derrotada.[42]
Cansada do terror, execuções, congelamento de preços e dos excessos revolucionários, a
burguesia queria paz para seus negócios. Essa posição era defendida pelos jacobinos
liderados por Danton. Os sans-culottes — que eram a plebe urbana — pretendiam
radicalizar mais a revolução, posição defendida pelos raivosos. A falta de habilidade
política de Robespierre ficou evidente quando, declarando a "pátria em perigo", tomou
uma série de medidas impopulares para evitar as radicalizações — os partidários e
políticos mais radicais, como a ala esquerda, dos partidários de Hébert, e da ala direita,
que tinha como líder Danton, foram executados. A facção de centro, liderada por
Robespierre e Saint-Just, triunfou, porém ficou isolada.[42]
Muitos girondinos que sobreviveram ao Terror, aliados aos deputados da planície,
articularam um golpe. Em 27 de julho (9 Termidor, de acordo com o calendário
revolucionário francês) a Convenção, numa rápida manobra, derrubou Robespierre e
seus partidários. Robespierre apelou para que as massas populares saíssem em sua
defesa. Mas os que podiam mobilizá-las — como os raivosos — estavam mortos, e
os sans-culottes não atenderam ao chamado. Robespierre e os dirigentes jacobinos
foram guilhotinados sumariamente. A Comuna de Paris e o partido jacobino deixaram
de existir. Era o golpe de 9 Termidor, que marcou a queda da pequena burguesia
jacobina e a volta da grande burguesia girondina ao poder. O movimento popular entrou
em franca decadência.[42]
A Convenção Termidoriana (1794–1795) foi curta, mas permitiu a reativação do projeto
político burguês com a anulação de várias decisões montanhesas, como a Lei do Preço
Máximo (congelamento da economia) e o encerramento da supremacia da Junta de
Salvação Pública. Foram extintas as prisões arbitrárias e os julgamentos sumários.
Todos os clubes políticos foram dissolvidos e os jacobinos passaram a ser perseguidos.
Em 1795, a Convenção elaborou uma nova constituição - a Constituição do Ano III -,
suprimindo o sufrágio universal e resgatando o voto censitário para as eleições
legislativas, marginalizando, assim, grande parcela da população. A carta reservava o
poder à burguesia. No final de 1795, de acordo com a nova Constituição, a Convenção
cedeu lugar ao Diretório, formado por cinco membros eleitos pelos deputados. Iniciou-
se, assim, a República do Diretório.[42]
Diretório (1795–1799)
Representação da Conspiração dos Iguais
O Diretório (1794–1799) foi uma fase conservadora, marcada pelo retorno da Alta
Burguesia ao poder e pelo aumento do prestígio do Exército apoiado nas vitórias obtidas
nas Campanhas externas. Uma nova constituição entregou o Poder Executivo ao
Diretório, uma comissão constituída de cinco diretores eleitos por cinco anos. Esta carta
previa o direito de voto masculino aos alfabetizados. O poder legislativo era exercido
por duas câmaras, o Conselho dos Anciãos e o Conselho dos Quinhentos.[43]
Era a república dos proprietários, que enfrentavam uma grave crise financeira. Registra-
se uma oposição interna ao governo devido à crise econômica e à anulação das
conquistas sociais jacobinas. Tentativas de golpe à direita (monarquistas ou realistas) e
à esquerda (jacobinos) ocorreram neste período. As ações contra o novo governo se
sucediam. Em 1795, um golpe realista foi abortado em Paris. Aproveitando o
descontentamento dos sans-culottes, os remanescentes jacobinos tentaram organizar em
1796 a chamada Conjuração ou Conspiração dos Iguais, liderada por François Noël
Babeuf (mais conhecido como Graco Babeuf).[43]
Os seguidores desse movimento popular, com algumas pinceladas socialistas,
desejavam não apenas igualdades de direitos (igualdade perante a lei), mas também
igualdade nas condições de vida. Babeuf achava que a única maneira de alcançar a
igualdade era com a abolição da propriedade privada. A insurreição foi denunciada
antes mesmo de se iniciar e seus líderes, Graco Babeuf e Buonarroti, foram condenados
à guilhotina. As ideias de Babeuf, entretanto, serviram de base para a luta da classe
operária no século XIX. Externamente, entretanto, o exército acumulava vitórias contra
as forças absolutistas de Espanha, Holanda, Prússia e reinos da Itália, que, em 1799,
formaram a Segunda Coligação contra a França revolucionária.[43]
Golpe de Estado
General Napoleão e suas tropas cruzam a ponte de Arcole em 1796
O governo não era respeitado pelas outras camadas sociais. Os burgueses mais lúcidos e
influentes perceberam que, com o Diretório, não teriam condição de resistir aos
inimigos externos e internos e manter o poder. Eles acreditavam na necessidade de uma
ditadura militar, uma espada salvadora, para manter a ordem, a paz, o poder e os lucros.
[44]

A figura que sobressai no fim do período é a de Napoleão Bonaparte. Ele era o general
francês mais popular e famoso da época. Quando estourou a revolução, era apenas um
simples tenente e, como os oficiais oriundos da nobreza abandonaram o exército
revolucionário ou dele foram demitidos, fez uma carreira rápida. Aos 24 anos já
era general de brigada. Após um breve período de entusiasmo pelos jacobinos,
chegando até mesmo a ser amigo dos familiares de Robespierre, afastou-se deles
quando estavam sendo depostos. Lutou na Revolução contra os países absolutistas que
invadiram a França e foi responsável pelo sufocamento do golpe de 1795.[44]
Enviado ao Egito para tentar interferir nos negócios do império inglês, o exército de
Napoleão foi cercado pela marinha britânica nesse país, então sob tutela inglesa.
Napoleão abandonou seus soldados e, com alguns generais fiéis, retornou à França,
onde, com apoio de dois diretores e de toda a grande burguesia, suprimiu o Diretório e
instaurou o Consulado, dando início ao período napoleônico em 18 de brumário (9 de
novembro de 1799). O Consulado era representado por três elementos: Napoleão,
o abade Sieyès e Roger Ducos. Na realidade, o poder concentrou-se nas mãos de
Napoleão, que ajudou a consolidar as conquistas burguesas da Revolução.[44]
Impacto
O sociólogo do século XX Raymond Aron (1905–1983) escreve, em O ópio dos
intelectuais, o seguinte, a propósito da revolução francesa, comparando-a com a
evolução da Inglaterra:
A passagem do Ancien Régime para a sociedade moderna é consumada na França com
uma ruptura e uma brutalidade únicas. Do outro lado do Canal da Mancha,
na Inglaterra, o regime constitucional foi instaurado progressivamente, as instituições
representativas advêm do parlamento, cujas origens remontam aos costumes medievais.
No século XVIII e XIX, a legitimidade democrática se substitui à legitimidade
monárquica sem a eliminar totalmente, a igualdade dos cidadãos apagou pouco a pouco
a distinção dos "Estados" (Nobreza, clero e povo). As ideias que a revolução francesa
lança em tempestade através da Europa: soberania do povo, exercício da autoridade
conforme a regras, assembleias eleitas e soberanas, supressão de diferenças de estatutos
pessoais, foram realizadas em Inglaterra, por vezes mais cedo do que em França, sem
que o povo, em sobressalto de Prometeu, sacudisse as suas correntes. A
"democratização" foi ali (em Inglaterra) a obra de partidos rivais. (...) O Ancien
Régime desmoronou-se (na França) a um só golpe, quase sem defesa. E a França
precisou de um século para encontrar outro regime que fosse aceito pela grande maioria
da nação.
— Raymond Aron[45]
Reino Unido
Ver artigo principal: Controvérsia da Revolução
Entre os britânicos que acolheram (inicialmente) a Revolução Francesa como um
acontecimento positivo conta-se Dugald Stewart. Stewart seguiu os acontecimentos
em Paris nesse verão dramático de 1789. Ele acreditava nos princípios pelos quais a
revolução se batia. Sentiu-se repelido quando leu os comentários de Edmund Burke no
seu "Reflections on the Revolution in France". Burke previu acertadamente que a
Revolução Francesa acabaria na perdição, terror, morte e ditadura. Um aluno de
Stewart, James Mackintosh, escreveu em resposta uma apaixonada defesa da causa
francesa. Nos anos seguintes, Stewart defendeu ainda a Revolução, apesar de o terror e
o caos serem evidentes. Em novembro de 1791, Dugald Stewart escreve a um amigo:
"As pequenas desordens que podem ocorrer num país onde as coisas em geral correm
tão bem são de menor importância".[46]
Já no ano seguinte ver-se-ia que Burke tinha razão. Edmund Burke faleceu em 1797,
convicto de que a Revolução Francesa acabaria por terminar na ditadura. Napoleão veio
dar-lhe razão. Burke ganhou na sociedade britânica uma reputação de um homem
clarividente e perspicaz. Em forte contraste, Dugald Stewart perdeu o respeito dos seus
concidadãos e foi ostracizado em Edimburgo, onde vivia. James Mackintosh pediu
desculpas publicamente por criticar Burke e tornou-se um forte crítico do regime
francês e das revoluções em geral.[46]
Guerras Revolucionárias e Napoleônicas
Revolução Haitiana
De 1793 a 1815, a França se dedicou quase que continuamente (com duas breves
pausas) em guerras com a Grã-Bretanha e uma mudança de coalizão de outras grandes
potências. Os muitos sucessos franceses levaram à disseminação dos ideais
revolucionários franceses para países vizinhos e em grande parte da Europa. No entanto,
a derrota final de Napoleão em 1814 (e 1815) trouxe uma reação que reverteu algumas,
mas não todas, as conquistas revolucionárias na França e na Europa. Os Bourbonsforam
restaurados ao trono, com o irmão do rei Luís XVI executado se tornando o rei Luís
XVIII.[47][48]
A política do período inevitavelmente levou a França a uma guerra com a Áustria e seus
aliados. O rei, muitos feuillants e girondinos queriam fazer guerra. O rei (e muitos
feuillants) esperava que a guerra aumentasse sua popularidade pessoal; ele também
previu uma oportunidade de explorar qualquer derrota: qualquer resultado o tornaria
mais forte. Os girondinos queria exportar a revolução em toda a Europa e, por extensão,
defender a revolução na França. As forças que se opuseram à guerra eram muito mais
fracas. Barnave e seus apoiantes entre os feuillants temiam uma guerra que achavam
que a França tinha poucas chances de vencer e que eles temiam que poderia levar a uma
maior radicalização da revolução. No outro lado do espectro político, Robespierre opôs-
se a uma guerra por dois motivos, temendo que fortalecesse a monarquia e as forças
armadas às custas da revolução e que incorreria na ira das pessoas comuns na Áustria e
em outros lugares. O imperador austríaco Leopoldo II, irmão de Maria Antonieta,
desejava evitar a guerra, mas morreu em 1 de março de 1792. [49] A França declarou a
guerra de preferência à Áustria (20 de abril de 1792) e a Prússia juntou-se no lado
austríaco algumas semanas depois. O exército prussiano invasor enfrentou pouca
resistência até a Batalha de Valmy, em 20 de setembro de 1792, quando foi forçado a
recuar.[50]
A recém-nascida Primeira República Francesa acompanhou esse sucesso com uma série
de vitórias na Bélgica e na Renânia no outono de 1792. Os exércitos franceses
derrotaram os austríacos na Batalha de Jemappes em 6 de novembro e logo assumiram a
maioria dos Países Baixos Austríacos.[51] Isso os levou a entrar em conflito com a Grã-
Bretanha e a República Holandesa, que desejava preservar a independência do sul da
Holanda da França. Após a execução do rei em janeiro de 1793, essas potências,
juntamente com a Espanha e a maioria dos outros Estados europeus, juntaram-se à
guerra contra a França. Quase imediatamente, as forças francesas enfrentaram derrotas
em muitas frentes de batalha e foram expulsas de seus territórios recentemente
conquistados na primavera de 1793. Ao mesmo tempo, o regime republicano foi forçado
a lidar com rebeliões contra sua autoridade em grande parte do oeste e sul da França.
Mas os aliados não conseguiram aproveitar a desunião francesa e, no outono de 1793, o
regime republicano havia derrotado a maioria das rebeliões internas e impedido o
avanço aliado na própria França.[47][48]
O impasse foi quebrado no verão de 1794 com dramáticas conquistas francesas, que
derrotaram o exército aliado na Batalha de Fleurus, o que levou a uma retirada aliada
completa dos Países Baixos Austríacos. Eles seguiram por uma campanha que varreu os
aliados para a margem leste do rio Reno e permitiu que os franceses, no início de 1795,
conquistassem a República Holandesa. A Casa de Orange foi expulso e substituído
pela República Batava, um Estado satélite francês. Essas vitórias levaram ao colapso da
coalizão contra a França. A Prússia, tendo efetivamente abandonado a coalizão no
outono de 1794, fez um acordo de paz com a França revolucionária em Basileia, em
abril de 1795, e logo depois a Espanha também fez paz com a França. Das grandes
potências, apenas a Grã-Bretanha e a Áustria permaneceram em guerra com a França. [47]
[48]
Revoltas coloniais
Embora a Revolução Francesa tenha tido um impacto dramático em várias áreas da
Europa, as colônias francesas sentiram uma influência particular. Como disse o
autor Aimé Césaire, "havia em cada colônia francesa uma revolução específica, que
ocorreu por ocasião da Revolução Francesa, em sintonia com ela". [52] A Revolução
Haitiana tornou-se um exemplo central das revoltas dos escravos nas colônias francesas.
[53]

Revolução Industrial
Revolução Industrial foi a transição para novos processos de manufatura no período
entre 1760 a algum momento entre 1820 e 1840. Esta transformação incluiu a transição
de métodos de produção artesanais para a produção por máquinas, a fabricação de novos
produtos químicos, novos processos de produção de ferro, maior eficiência da energia
da água, o uso crescente da energia a vapor e o desenvolvimento das máquinas-
ferramentas, além da substituição da madeira e de outros biocombustíveis pelo carvão.
A revolução teve início na Inglaterra e em poucas décadas se espalhou para a Europa
Ocidental e os Estados Unidos.
A Revolução Industrial é um divisor de águas na história e quase todos os aspectos da
vida cotidiana da época foram influenciados de alguma forma por esse processo. A
população começou a experimentar um crescimento sustentado sem precedentes
históricos, com uma boa renda média. Nas palavras de Robert E. Lucas Jr., ganhador
do Prêmio Nobel: "Pela primeira vez na história o padrão de vida das pessoas comuns
começou a se submeter a um crescimento sustentado ... Nada remotamente parecido
com este comportamento econômico é mencionado por economistas clássicos, até
mesmo como uma possibilidade teórica."[1]
O início e a duração da Revolução Industrial variam de acordo com diferentes
historiadores. Eric Hobsbawm considera que a revolução "explodiu" na Grã-
Bretanha na década de 1780 e não foi totalmente percebida até a década de 1830 ou de
1840,[2] enquanto T. S. Ashton considera que ela ocorreu aproximadamente entre 1760 e
1830.[3] Alguns historiadores do século XX, como John Clapham e Nicholas Crafts, têm
argumentado que o processo de mudança econômica e social ocorreu de forma gradual e
que o termo "revolução" é equivocado. Este ainda é um assunto que está em debate
entre os historiadores.[4][5]
O PIB per capita manteve-se praticamente estável antes da Revolução Industrial e do
surgimento da economia capitalista moderna.[6] A revolução impulsionou uma era de
forte crescimento econômico nas economias capitalistas[7] e existe um consenso entre
historiadores econômicos de que o início da Revolução Industrial é o evento mais
importante na história da humanidade desde a domesticação de animais e a agricultura.
[8]
 A Primeira Revolução Industrial evoluiu para a Segunda Revolução Industrial, nos
anos de transição entre 1840 e 1870, quando o progresso tecnológico e econômico
ganhou força com a adoção crescente de barcos a vapor, navios, ferrovias, fabricação
em larga escala de máquinas e o aumento do uso de fábricas que utilizavam a energia a
vapor.

Contexto histórico
Ver também: Segunda Revolução Industrial  e  Terceira Revolução Industrial
Antes da Revolução Industrial, a atividade produtiva era artesanal e manual (daí o
termo manufatura),[11] no máximo com o emprego de algumas máquinas simples.
Dependendo da escala, grupos de artesãos podiam se organizar e dividir algumas etapas
do processo, mas muitas vezes um mesmo artesão cuidava de todo o processo, desde a
obtenção da matéria-prima até à comercialização do produto final. Esses trabalhos eram
realizados em oficinas nas casas dos próprios artesãos e os profissionais da época
dominavam muitas (se não todas) etapas do processo produtivo.
Com a Revolução Industrial os trabalhadores perderam o controle do processo
produtivo, uma vez que passaram a trabalhar para um patrão (na qualidade de
empregados ou operários),[12] perdendo a posse da matéria-prima, do produto final e
do lucro. Esses trabalhadores passaram a controlar máquinas que pertenciam aos donos
dos meios de produção os quais passaram a receber todos os lucros. O trabalho
realizado com as máquinas ficou conhecido por maquinofatura.[13]
Esse momento de passagem marca o ponto culminante de uma evolução tecnológica,
econômica e social que vinha se processando na Europa desde a Baixa Idade Média,
com ênfase nos países onde a Reforma Protestante tinha conseguido destronar a
influência da Igreja Católica: Inglaterra, Escócia, Países Baixos, Suécia. Nos países fiéis
ao catolicismo, a Revolução Industrial eclodiu, em geral, mais tarde, e num esforço
declarado de copiar aquilo que se fazia nos países mais avançados tecnologicamente: os
países protestantes.
De acordo com a teoria de Karl Marx, a Revolução Industrial, iniciada na Grã-Bretanha,
integrou o conjunto das chamadas Revoluções Burguesas do século XVIII, responsáveis
pela crise do Antigo Regime,[14] na passagem do capitalismo comercial para o industrial.
Os outros dois movimentos que a acompanham são a Independência dos Estados
Unidos e a Revolução Francesa que, sob influência dos princípios iluministas, assinalam
a transição da Idade Moderna para a Idade Contemporânea. Para Marx, o capitalismo
seria um produto da Revolução Industrial e não sua causa.
Com a evolução do processo, no plano das Relações Internacionais, o século XIX foi
marcado pela hegemonia mundial britânica, um período de acelerado progresso
econômico-tecnológico, de expansão colonialista e das primeiras lutas e conquistas dos
trabalhadores. Durante a maior parte do período, o trono britânico foi ocupado pela
rainha Vitória (1837-1901), razão pela qual é denominado como Era Vitoriana. Ao final
do período, a busca por novas áreas para colonizar e descarregar os produtos
maciçamente produzidos pela Europa produziu uma acirrada disputa entre as potências
industrializadas, causando diversos conflitos e um crescente espírito armamentista que
culminou, mais tarde, na eclosão, da Primeira Guerra Mundial (1914).
A Revolução Industrial ocorreu primeiramente na Europa devido a três fatores: 1) os
comerciantes e os mercadores europeus eram vistos como os principais manufaturadores
e comerciantes do mundo, detendo ainda a confiança e reciprocidade dos governantes
quanto à manutenção da economia em seus estados; 2) a existência de um mercado em
expansão para seus produtos, tendo a Índia, a África, a América do Nortee a América do
Sul sido integradas ao esquema da expansão econômica européia; e 3) o contínuo
crescimento de sua população, que oferecia um mercado sempre crescente de bens
manufaturados, além de uma reserva adequada (e posteriormente excedente) de mão-de-
obra.[15]
O pioneirismo britânico
O Reino Unido foi pioneiro no processo da Revolução Industrial por diversos fatores:

 Pela aplicação de uma política econômica liberal desde meados do século XVIII.


Antes da liberalização econômica, as atividades industriais e comerciais estavam
cartelizadas pelo rígido sistema de guildas, razão pela qual a entrada de novos
competidores e a inovação tecnológica eram muito limitados. Com a liberação da
indústria e do comércio ocorreu um enorme progresso tecnológico e um grande
aumento da produtividade em um curto espaço de tempo.
 O processo de enriquecimento britânico adquiriu maior impulso após a Revolução
Inglesa, que forneceu ao seu capitalismo a estabilidade que faltava para expandir os
investimentos e ampliar os lucros.
 A Grã-Bretanha firmou vários acordos comerciais vantajosos com outros países.
Um desses acordos foi o Tratado de Methuen, celebrado com a decadência
da monarquiaabsoluta portuguesa, em 1703, por meio do qual conseguiu taxas
preferenciais para os seus produtos no mercado português.
 A Grã-Bretanha possuía grandes reservas de ferro e de carvão mineral em seu
subsolo, principais matérias-primas utilizadas neste período. Dispunham de mão-de-
obraem abundância desde a Lei dos Cercamentos de Terras, que provocou o êxodo
rural. Os trabalhadores dirigiram-se para os centros urbanos em busca de trabalho
nas manufaturas.
 A burguesia inglesa tinha capital suficiente para financiar as fábricas, adquirir
matérias-primas e máquinas e contratar empregados.
Para ilustrar a relativa abundância do capital que existia na Inglaterra, pode se constatar
que a taxa de juros no final do século XVIII era de cerca de 5% ao ano; já na China,
onde praticamente não existia progresso econômico, a taxa de juros era de cerca de 30%
ao ano.
O liberalismo de Adam Smith
As novidades da Revolução Industrial trouxeram muitas dúvidas. O pensador
escocês Adam Smith procurou responder racionalmente às perguntas da época. Seu
livro A Riqueza das Nações (1776) é considerado uma das obras fundadoras da ciência
econômica. Ele dizia que o individualismo é útil para a sociedade. Seu raciocínio era
este: quando uma pessoa busca o melhor para si, toda a sociedade é beneficiada.
Exemplo: quando uma cozinheira prepara uma deliciosa carne assada, você saberia
explicar quais os motivos dela? Será porque ama o seu patrão e quer vê-lo feliz ou
porque está pensando, em primeiro lugar, nela mesma ou no pagamento que receberá no
final do mês? De qualquer maneira, se a cozinheira pensa no salário dela, seu
individualismo será benéfico para ela e para seu patrão. E por que um açougueiro vende
uma carne muito boa para uma pessoa que nunca viu antes? Porque deseja que ela se
alimente bem ou porque está olhando para o lucro que terá com futuras vendas? Graças
ao individualismo dele o freguês pode comprar boa carne. Do mesmo jeito, os
trabalhadores pensam neles mesmos. Trabalham bem para poder garantir seu salário
e emprego.
Nesta perspectiva, portanto, é correto afirmar que os capitalistas só pensam em seus
lucros. No entanto, como para lucrar precisariam vender produtos bons e baratos, no
fim, acabaria contribuindo com a sociedade.Como o individualismo seria bom para toda
a sociedade, as pessoas deveriam viver de modo que pudessem atender livremente a
seus interesses individuais.
Para Adam Smith, o Estado é quem atrapalhava a liberdade dos indivíduos. Para o autor
escocês, "o Estado deveria intervir o mínimo possível sobre a economia". Se as forças
do mercado agissem livremente, a economia poderia crescer com vigor. Desse modo,
cada empresário faria o que bem entendesse com seu capital, sem ter de obedecer a
nenhum regulamento criado pelo governo. Os investimentos e o comércio seriam
totalmente liberados. Sem a intervenção do Estado, o mercado funcionaria
automaticamente, como se houvesse uma "mão invisível" ajeitando tudo. Ou seja, o
capitalismo e a liberdade individual promoveriam o progresso de forma harmoniosa.

Avanços tecnológicos

Um modelo da máquina de fiar hidráulica no Museu do Início da Industrialização,


em Wuppertal, Alemanha.
O início da Revolução Industrial está intimamente ligado a um pequeno número de
inovações,[16] a partir da segunda metade do século XVIII. Na década de 1830, os
seguintes ganhos foram obtidos em tecnologias importantes:

 Têxteis - a fiação mecanizada de algodão alimentada por vapor ou água aumentou a


produção de um trabalhador por um fator de cerca de 500. O tear elétrico aumentou
a produção de um trabalhador em um fator de mais de 40. [17] O descaroçador de
algodão aumentou a produtividade de remover sementes de algodão por um fator de
50.[18][19] Grandes ganhos de produtividade também ocorreram na fiação e tecelagem
de lã e linho, mas não eram tão grandes quanto no algodão.[20]
 Máquina a vapor - a eficiência dos motores a vapor aumentou, de modo que eles
usaram entre um quinto e um décimo do combustível. A adaptação de motores a
vapor estacionários ao movimento rotativo os tornou adequados para usos
industriais.[20]:82 O motor de alta pressão tinha uma alta relação potência / peso,
tornando-o adequado para o transporte.[21] A energia do vapor sofreu uma rápida
expansão após 1800.
 Fabricação de ferro - a substituição de coque por carvão reduziu bastante o custo
de combustível da produção de ferro gusa e ferro forjado.[20]:89–93 O uso de coque
também permitiu a produção de altos fornos,[22][23] resultando em economias de
escala. O motor a vapor começou a ser usado para bombear água e para
propulsionar o ar de combustão em meados da década de 1750, permitindo um
grande aumento na produção de ferro, superando a limitação da potência da água.
[24]
 O cilindro de sopro de ferro fundido foi usado pela primeira vez em 1760. Mais
tarde foi aprimorado, tornando-o de dupla ação, o que permitiu temperaturas mais
altas do alto-forno. O processo de formação de poças produziu um ferro de
qualidade estrutural a um custo menor do que a forno de fundição.[25] O laminador
era quinze vezes mais rápido que martelar ferro forjado. O sopro quente (1828)
aumentou consideravelmente a eficiência de combustível na produção de ferro nas
décadas seguintes.
 Invenção de máquinas-ferramentas - As primeiras máquinas-ferramentas foram
inventadas. Estas incluíam o torno de corte de parafuso, a máquina de perfuração de
cilindros e a máquina de fresagem. As máquinas-ferramentas possibilitaram a
fabricação econômica de peças metálicas de precisão, embora tenham sido
necessárias várias décadas para desenvolver técnicas eficazes.[26]
Motor a vapor
O motor a vapor de James Watt, alimentado principalmente com carvão, impulsionou a
Revolução Industrial no Reino Unido e no resto mundo.
As primeiras máquinas a vapor foram construídas na Inglaterra durante o século XVIII.
Retiravam a água acumulada nas minas de ferro e de carvão e fabricavam tecidos.
Graças a essas máquinas, a produção de mercadorias aumentou muito. E os lucros dos
burgueses donos de fábricas cresceram na mesma proporção. Por isso, os empresários
ingleses começaram a investir na instalação de indústrias.[27]
As fábricas se espalharam rapidamente pela Inglaterra e provocaram mudanças tão
profundas que os historiadores atuais chamam aquele período de Revolução Industrial.
O modo de vida e a mentalidade de milhões de pessoas se transformaram, numa
velocidade espantosa. O mundo novo do capitalismo, da cidade, da tecnologia e da
mudança incessante triunfou. As máquinas a vapor bombeavam a água para fora das
minas de carvão. Eram tão importantes quanto as máquinas que produziam tecidos.
As carruagens viajavam a 12 km/h e os cavalos, quando se cansavam, tinham de ser
trocados durante o percurso. Um trem da época alcançava 45 km/h e podia seguir
centenas de quilômetros. Assim, a Revolução Industrial tornou o mundo mais veloz.
Como essas máquinas substituíam a força dos cavalos, convencionou-se em medir a
potência desses motores em HP (do inglês horse power ou cavalo-força).

Expansão pelo mundo


Até 1850, a Inglaterra continuou dominando o primeiro lugar entre os países
industrializados. Estima-se que o país, enquanto pioneiro, chegou a produzir 75% da
energia produzida por máquinas a vapor a nível mundial. [28] Embora outros países já
contassem com fábricas e equipamentos modernos, esses eram considerados uma
"miniatura de Inglaterra", como por exemplo os vales de Ruhr e Wupper na Alemanha,
que eram bem desenvolvidos, porém não possuíam a tecnologia das fábricas inglesas.
Europa continental
Na Europa, os maiores centros de desenvolvimento industrial, na época, eram as regiões
mineradoras de carvão; lugares como o norte da França, nos vales do Rio Sambre e
Meuse, na Alemanha, no vale de Ruhr, e também em algumas regiões da Bélgica. A
Alemanha nessa época ainda não havia sido unificada. Eram 39 pequenos reinos e
dentre esses a Prússia, que liderava a Revolução Industrial. A Alemanha se unificou em
1871, quando a Prússia venceu a Guerra Franco-Prussiana.
As fábricas químicas da BASF em Ludwigshafen, Alemanha (1881).
Fora estes lugares, a industrialização ficou presa às principais cidades,
como Paris e Berlim; aos centro de interligação viária, como Lyon, Colônia, Frankfurt
am Main, Cracóviae Varsóvia; aos principais portos,
como Hamburgo, Bremen, Roterdã, Le Havre, Marselha; a polos têxteis,
como Lille, Região do Ruhr, Roubaix, Barmen-
Elberfeld (Wuppertal), Chemmitz, Lodz e Moscou; e a distritos siderúrgicos e indústria
pesada, na bacia do rio Loire, do Sarre, e da Silésia.
Após 1830, a produção industrial se descentralizou da Inglaterra e se expandiu
rapidamente pelo mundo, principalmente para o noroeste europeu, e para o leste
dos Estados Unidos. Porém, cada país se desenvolveu em um ritmo diferente baseado
nas condições econômicas, sociais e culturais de cada lugar.
Na Alemanha com o resultado da Guerra Franco-prussiana em 1870, houve
a Unificação Alemã que, liderada por Bismarck, impulsionou a Revolução Industrial no
país que já estava ocorrendo desde 1815. Foi a partir dessa época que a produção de
ferro fundido começou a aumentar de forma exponencial. Na Itália a unificação política
realizada em 1870, à semelhança do que ocorreu na Alemanha, impulsionou, mesmo
que atrasada, a industrialização do país. Essa só atingiu ao norte da Itália, pois o sul
continuou basicamente agrário. Muito mais tarde, começou a industrialização na Rússia,
nas últimas décadas do século XIX. Os principais fatores para que ela acontecesse
foram a grande disponibilidade de mão-de-obra, intervenção governamental na
economia através de subsídios e investimentos estrangeiros à indústria.
Japão e Estados Unidos
A Bethlehem Steel, fundada em 1857 em Bethlehem, Pensilvânia, nos Estados Unidos,
chegou a ser a segunda maior siderúrgica do mundo.
A modernização do Japão data do início da era Meiji, em 1867, quando a superação
do feudalismo unificou o país. A propriedade privada foi estabelecida. A autoridade
política foi centralizada possibilitando a intervenção estatal do governo central na
economia, o que resultou no subsidio a indústria. E como a mão-de-obra ficou livre dos
senhores feudais, ocorreu assimilação da tecnologia ocidental e o Japão passou de um
dos países mais atrasados do mundo a um país industrializado.
Nos Estados Unidos a industrialização começou no final do século XVIII, e foi somente
após a Guerra da Secessão que todo o país se tornou industrializado. A industrialização
relativamente tardia dos Estados Unidos em relação à Inglaterra pode ser explicada pelo
fato de que nos EUA existia muita terra per capita, já na Inglaterra existia pouca terra
per capita, assim os EUA tinham uma vantagem comparativa na agricultura em relação
à Inglaterra e consequentemente demorou bastante tempo para que a indústria ficasse
mais importante que a agricultura. Outro fator é que os Estados do sul eram
escravagistas o que retardava a acumulação de capital, como tinham muita terra eram
essencialmente agrários, impedindo a total industrialização do país que até a segunda
metade do século XIX era constituído só pelos Estados da faixa leste do atual Estados
Unidos. O término do conflito resultou na abolição da escravatura o que elevou a
produtividade da mão de obra. aumentando assim a velocidade de acumulação de
capital, e também muitas riquezas naturais foram encontradas no período incentivando a
industrialização.
Lusofonia
Em Portugal, as reformas de Mouzinho da Silveira liquidam os resquícios das estruturas
feudais e consolidam a burguesia no poder, modernizando o país. Na segunda metade
do século XIX, implanta-se a malha ferroviária no país em paralelo a um
desenvolvimento industrial e do comércio, à dinâmica do colonialismo, e a uma grande
emigração, principalmente em direção ao Brasil e aos Estados Unidos.[carece  de fontes]
A industrialização no Brasil pode ser dividida em quatro períodos principais: o primeiro
período, de 1500 a 1808, chamado de "Proibição"; o segundo período, de 1808 a 1930,
chamado de "Implantação"; o terceiro período, de 1930 a 1956, conhecido como fase da
Revolução Industrial Brasileira, e o quarto período, após 1956, chamado de fase da
internacionalização da economia brasileira. Ao final da Segunda Guerra Mundial o
Brasil dispunha de grandes reservas de moeda estrangeira, divisas, fruto de ter
exportado mais do que importado e houve um crescimento de 8,9% de 1946 a 1978.
Enquanto nas décadas anteriores houve predominância da indústria de bens de consumo,
na década de 40 outros tipos de atividade industrial começam a se desenvolver como no
setor de minerais, metalurgia, siderurgia, ou seja setores mais sofisticados
tecnologicamente. Em 1946 teve início a produção de aço da Companhia Siderúrgica
Nacional (CSN), Volta Redonda, que abriu perspectivas para o desenvolvimento
industrial do pais, já que o aço constitui a base ou a "matriz" para vários ramos ou tipos
de indústria.[29]

Impacto
Social

Representação de um mineiro em Middleton, um subúrbio da cidade de Leeds, em


1814.
Na esfera social, o principal desdobramento da Revolução Industrial foi a transformação
nas condições de vida nos países industriais em relação aos outros países da época,
havendo uma mudança progressiva das necessidades de consumo da população, à
medida que novas mercadorias foram sendo produzidas. A Revolução Industrial alterou
profundamente as condições de vida do trabalhador, provocando inicialmente um
intenso deslocamento da população rural para as cidades, criando enormes
concentrações urbanas.[30] A população de Londres passou de 800.000 habitantes em
1780 para mais de 5 milhões em 1880, por exemplo. No início da Revolução Industrial,
os operáriosviviam em péssimas condições de vida e trabalho. O ambiente das fábricas
era insalubre, assim como os cortiços onde muitos trabalhadores viviam. A jornadas de
trabalhochegava a 80 horas semanais, e os salários variavam em torno de 2,5 vezes o
nível de subsistência. Para mulheres e crianças, submetidos ao mesmo número de horas
e às mesmas condições de trabalho, os salários eram ainda mais baixos.[carece  de fontes]
A produção em larga escala e dividida em etapas iria distanciar cada vez mais o
trabalhador do produto final, já que cada grupo de trabalhadores passava a dominar
apenas uma etapa da produção, mas sua produtividade ficava maior. Como a
produtividade do trabalho aumentava os salários reais dos trabalhadores ingleses
aumentaram em mais de 300% entre 1800 até 1870.[carece  de fontes] Devido ao progresso
ocorrido nos primeiros 90 anos de industrialização, em 1860 a jornada de trabalho
na Inglaterra já se reduzia para cerca de 50 horas semanais (10 horas diárias em cinco
dias de trabalho por semana). Segundo a teoria marxista, o salário corresponde ao custo
de reprodução da força de trabalho, ou seja, ao valor mínimo necessário para que o
trabalhador sobreviva. Esse nível mínimo de subsistência varia historicamente. Os
trabalhadores, notadamente a partir do século XIX, passaram a pressionar os seus
patrões, reivindicando melhores condições de trabalho, maiores salários e crescentes
reduções da jornada de trabalho. Com maiores salários, o conjunto dos trabalhadores
pôde também elevar o seu nível de consumo, tornando possível a produção em
massa de bens de consumo.[carece  de fontes]
Sindicalismo
Os primeiros sindicatos nasceram na Inglaterra, após a Revolução Industrial, no século
XVIII e se expandiram pelo século XIX. O capitalismo se consolidou e se tornou o
modo de produção predominante. As mudanças tecnológicas causaram impacto no
processo produtivo pela substituição da mão-de-obra. Para aumentar e manter o lucro
máximo, a chamada mais-valia, os donos do capital, ou seja, a classe
da burguesia impunha um ritmo de trabalho de 16 horas diárias, o trabalho infantil e das
mulheres, sem direitos e péssimas condições nos locais. Para combater essa exploração,
a classe operária criou os sindicatos, que atuaram de forma clandestina – Trade-
unions (uniões de ofícios).[31]Os empregados das fábricas formaram associações
e sindicatos, a princípio proibidos e duramente reprimidos, durante a Primeira
Revolução Industrial. Na segunda metade do século XIX, a organização dos
trabalhadores assume um considerável nível de ideologização. O sindicalismo na virada
do século XX é caracterizado por veleidades revolucionárias e de independência em
relação aos partidos políticos.[carece  de fontes]
Em 1837, os operários reivindicaram pelo direito a liberdade de atuação, inclusive pelo
direito de voto para todos. Em 1864 é criada em Londres a Associação Internacional de
Trabalhadores, a Internacional, primeira central sindical mundial da classe trabalhadora.
No mesmo ano, na França, é reconhecido o direito de greve. As mobilizações
continuaram e, em 1871, os trabalhadores conquistaram o poder político na França, por
alguns dias, a ação ficou conhecida como a Comuna de Paris. Após a Primeira Guerra
Mundial, uma parte dos sindicatos se alinha ao ideário socialista e comunista, enquanto
outra parte se inclina para o reformismo ou para a tradição cristã. Em 1919 é criada a
Organização Internacional do Trabalho, um dos mais antigos organismos internacionais,
com direção tripartite, composta por representantes dos governos, dos trabalhadores e
dos empregadores.[carece  de fontes]
Ludismo e Cartismo
Gravura da época, mostrando dois luddistas destruindo uma máquina de fiar.
Reclamações contra as máquinas inventadas após a revolução para poupar a mão-de-
obra já eram normais. Mas foi em 1811 que o estopim estourou e surgiu o movimento
ludista, "uma forma mais radical de protesto". O nome deriva de Ned Ludd, um dos
líderes do movimento. Os luditas chamaram muita atenção pelos seus atos. Invadiram
fábricas e destruíram máquinas, que, segundo os luditas, por serem mais eficientes que
os homens, tiravam seus trabalhos, requerendo, contudo, duras horas de jornada de
trabalho. Os manifestantes sofreram uma violenta repressão, foram condenados à prisão,
à deportação e até à forca. Os luditas ficaram lembrados como "os quebradores de
máquinas".[32][33] Anos depois os operários ingleses mais experientes adotaram métodos
mais eficientes de luta, como a greve e o movimento sindical.
O movimento cartista foi organizado pela Associação dos Operários, exigindo
melhores condições de trabalho, incluindo: a limitação de oito horas para a jornada de
trabalho; a regulamentação do trabalho feminino; a extinção do trabalho infantil; a folga
semanal e o salário mínimo.[34] Este movimento lutou ainda pela instituição de
novos direitos políticos, como o estabelecimento do sufrágio universal (nesta época, o
voto era um direito dos homens, apenas), a extinção da exigência de ter propriedades
para que se pudesse ser eleito para o parlamento e o fim do voto censitário. Esse
movimento se destacou por sua organização e por sua forma de atuação, chegando a
conquistar diversos direitos políticos para os trabalhadores.[34]
Econômico
O PIB per capita mudou muito pouco durante a parte da história da humanidade anterior
a Revolução Industrial.
A partir da Revolução Industrial, o volume de produção aumentou extraordinariamente:
a produção de bens deixou de ser artesanal e passou a ser maquinofaturada; as
populações passaram a ter acesso a bens industrializados e deslocaram-se para os
centros urbanos em busca de trabalho. As fábricaspassaram a concentrar centenas
de trabalhadores, que vendiam a sua força de trabalho em troca de um salário. Outra das
consequências da Revolução Industrial foi o rápido crescimento econômico. Antes dela,
o progresso econômico era sempre lento (levavam séculos para que a renda per
capita aumentasse sensivelmente), e após, a renda per capita e a população começaram
a crescer de forma acelerada nunca antes vista na história. Por exemplo, entre 1500 e
1780 a população da Inglaterra aumentou de 3,5 milhões para 8,5, já entre 1780 e 1880
ela saltou para 36 milhões, devido à drástica redução da mortalidade infantil.[carece  de fontes]
Para E. P. Thompson, o incremento da população nesse período se sustentou
principalmente por uma longa série de boas colheitas e numa melhora do padrão de vida
desenvolvido nos primeiros momentos da Revolução Industrial; com o avanço da
industrialização na primeira metade do século, no entanto, a saúde da população urbana
começou a deteriorar, principalmente devido à imensa concentração populacional nas
cidades que sofreria com as epidemias, péssimas condições de habitação, deformações e
estafa causadas pelo trabalho e a alimentação insuficiente e inadequada. A medicina,
nesse momento, parece ter sido pouco eficaz no combate a esses problemas.[35]
A Revolução Industrial alterou completamente a maneira de viver das populações dos
países que se industrializaram. As cidades atraíram os camponeses e artesãos, e se
tornaram cada vez maiores e mais importantes.Na Inglaterra, por volta de 1850, pela
primeira vez em um grande país, havia mais pessoas vivendo em cidades do que no
campo. Nas cidades, as pessoas mais pobres se aglomeravam
em subúrbios de casas velhas e desconfortáveis, com condições horríveis de higiene e
salubridade. Conviviam com a falta de água encanada, com os ratos, o esgoto formando
riachos nas ruas esburacadas. Engels realizou um relato impressionantemente detalhado
de cada região da Inglaterra em seu "A Situação da Classe Trabalhadora na
Inglaterra". Apesar das especificidades de cada cidade, é possível encontrar diversos
aspectos em comum. Em geral, os operários moravam em cortiços de um ou dois
andares dispostos em fila, e quase sempre construídos irregularmente. As casas mais
sofisticadas, ascottages, pertenciam aos setores superiores do operariado, e possuíam até
quatro cômodos e cozinha. No entanto, os locais, geralmente, eram extremamente sujos,
com ruas não pavimentadas, sem esgotos ou calçadas, repletos de detritos humanos e
animais e poças lamacentas, que às vezes chegam a cobrir até os joelhos. As habitações
quase sempre não possuíam ventilação, e a falta de espaços livres fazia com que a
secagem das roupas fosse feita no meio das próprias ruas. O mau cheiro era
praticamente insuportável; os muros dos bairros estavam destruídos, os vidros,
inexistentes, as portas das casas eram feitas com pedaços de plantas. As casas não
possuíam móveis: as mesas e cadeiras, quando existiam, eram feitas com caixas; aquelas
se constituem, assim como as fábricas, como domicílios escuros, úmidos e apertados
(algumas delas chegam a ser subterrâneas, em condições muito piores do que as
similares encontradas no campo).[36]
À medida que a Revolução Industrial se desenvolveu, a produção manufatureira
britânica saltou à frente da de outras grandes economias.
O trabalho do operário era muito diferente do trabalho do camponês: tarefas monótonas
e repetitivas. A vida na cidade moderna significava mudanças incessantes. A cada
instante, surgiam novas máquinas, novos produtos, novos gostos, novas modas. Estudos
sobre as variações na altura média dos homens no norte da Europa, sugerem que o
progresso econômico gerado pela industrialização demorou varias décadas até
beneficiar a população como um todo. Eles indicam que, em média, os homens do norte
europeu durante o início da Revolução Industrial eram 7,6 centímetros mais baixos que
os que viveram 700 anos antes, na Alta Idade Média. É estranho que a altura média dos
ingleses tenha caído continuamente durante os anos de 1100 até o início da revolução
industrial em 1780, quando a altura média começou a subir. Foi apenas no início
do século XX que essas populações voltaram a ter altura semelhante às registradas entre
os séculos IX e XI.[37] A variação da altura média de uma população ao longo do tempo
é considerada um indicador de saúde e bem-estar econômico. Apesar destes dados à
longo prazo, a afirmação de que a condição de vida dos trabalhadores melhorara é
polêmica, principalmente se considerarmos as condições de moradia e trabalho, que
inclusive incluía o trabalho infantil. Do mesmo modo,não se pode dizer que essa
possível melhora da saúde e do bem-estar sejam frutos diretos da Revolução Industrial,
também envolvendo a consolidação do Estado e dos serviços públicos prestados à
população, como o saneamento básico, bem como a melhora das condições de
alimentação.
Apesar do evidente desenvolvimento tecnológico e da relativa melhora de condições de
vida, muitas críticas são realizadas ao tipo de produção que passou a ser desenvolvida a
partir da Revolução Industrial -- àquela da produção em massa e em benefício do
enriquecimento individual.[38] Alguns desses críticos defendem uma modificação da
produção e do consumo de forma a se conquistar um desenvolvimento sustentável,
afirmando que essa forma de produção é danosa ao meio ambiente. [39] Outros,
questionam a associação entre a vida urbana e industrializada com uma vida mais
saudável e superior a do campo, denunciando os altos índices de depressão e suicídio na
sociedade contemporânea. É o caso do filósofo Serge Latouche, que busca romper com
a ideologia do "crescimento pelo crescimento" e do desenvolvimento tecnológico sem
reflexão.[40]

A Europa e o mundo no limiar do séc XX

Hegemonia e declínio da influência europeia


O Apogeu da Europa

No começo do séc XX, a Europa tinha uma capacidade económica superior ao


conjunto dos outros continentes. Essa superioridade devia-se sobretudo ao
enriquecimento gerado pela industrialização e ao domínio colonial sobre extensas
zonas do globo. Nesta altura a Europa tinha-se tornado a fábrica do mundo, já que
assegurava mais de metade da produção industrial mundial, a banqueira do mundo,
já que mais de metade dos capitais investidos mundialmente eram europeus e a
comerciante do mundo já possuía quase todas as grandes companhias de transportes,
através das quais controlava o comércio.
Embora a Europa fosse o continente mais desenvolvido havia países mais
industrializados como a Alemanha, a França e a Inglaterra e países pouco
industrializados como a Itália, a Espanha, Portugal e a Rússia.
A hegemonia europeia não era, porém, tão forte como parecia e os USA tinham
começado a tornar-se a partir da segunda metade do séc XIX, um grande rival da
Europa passando a dominar alguns mercados anteriormente europeus e deixando de
importar tantos produtos da Europa.
O Japão era também um rival já que os salários baixos pagos aos trabalhadores
permitiam vender os produtos a preços competitivos.

O Imperialismo e o Colonialismo Europeu


 

Entre os séculos XV e XVIII, vários países europeus, nomeadamente Portugal,


Espanha, Holanda, Inglaterra e França tornaram-se grandes potências coloniais, foi a
1ºfase do colonialismo europeu no mundo. Porém, nos finais do séc. XVII, o
colonialismo europeu parecia começar a recuar com a independência dos EUA e
depois com a independência das colónias da América Central e do Sul.
Todavia, no séc XIX, o rápido crescimento do capitalismo industrial e financeiro fez
com que os países mais industrializados, procurassem continuar a deter a hegemonia
mundial, facto que originou um novo movimento expansionista de alargamento dos
territórios coloniais já existentes, bem como reforçar o domínio sobre os países
menos desenvolvidos (imperialismo). Foram várias as razões que levaram a esse
movimento:
. Económicas, uma vez que a Expansão da Revolução Industrial provocou a
necessidade de obter matérias-primas e mão-de-obra baratas, de fazer
investimentos rentáveis e de criar novos mercados para escoar os produtos
industriais e assim desenvolver a própria indústria. Por outro lado os países
europeus tinham de arranjar destinos para a população europeia em crescimento.
. Políticos e Estratégicos, as principais potências coloniais em rivalidade umas com
as outras, precisavam de afirmar o seu poderio e força militar.
. Ideológicos e Culturais, numa espécie de “missão civilizadora”, ai procurarem
expandir a sua religião, língua, estilo de vida e instituições, por considerarem que
havia uma superioridade da civilização europeia em relação aos povos não
brancos (racismo).

A Partilha do Mundo
 

Nos finais do séc. XIX, o alargamento territorial das potências europeias em África e
na Ásia tinha como principal objectivo a exploração económica, desenvolvendo-se
novamente o colonialismo. Isto provocou a disputa de algumas regiões por várias
potências europeias que enviaram expedições para explorar essas áreas. Para se
resolver pacificamente a partilha de África, organizou-se a Conferência de Berlim
1884-85. Decidiu-se que a partilha de África assentava no princípio de ocupação
efectiva, isto é, os territórios africanos deviam pertencer aos países que tivessem
meios para os ocupar de facto. Assim, o princípio do direito histórico, baseado na
descoberta foi desvalorizado. Isto veio a favorecer as nações mais poderosas da
Europa. Tudo estava preparado para a formação de grandes impérios coloniais. A
Inglaterra detinha o maior império colonial que se extensiva em África do Cairo ao
Cabo, seguindo-se a França que detinha a maior parte dos seus territórios na África
Oriental. Portugal possui em África, a Guiné, Angola, Moçambique, S. Tomé e
Príncipe, Cabo Verde. Neste processo de corrida às áreas de influência, Portugal
declarou através do mapa cor-de-rosa, a sua intenção de ocupar os territórios entre
Angola e Moçambique. A Conferência de Berlim determinou o princípio da
ocupação efectiva e Portugal e não tinha qualquer presença em muitos dos espaços
que reivindicava no interior do continente africano e, por isso, foram enviadas várias
expedições militares entre Angola e Moçambique pretendendo-se ocupar mesmo a
zona entre as duas colónias. Este projecto acabou por chocar com o plano inglês de
ligar o Cairo, No Egipto ao Cabo, na África do Sul. Como retaliação em 1890, os
Ingleses obrigaram Portugal a abandonar o Chire (zona entre Angola e Moçambique)
sobre a ameaça de um ultimato.
A 1ª Guerra Mundial

A Europa antes da Guerra

A Europa do início do séc. XX era um continente profundamente dividido, com


contrastes a diferentes níveis:
. Contrastes políticos e económicos: na Europa ocidental predominavam as
democracias liberais enquanto que na Europa central e oriental predominavam os
regimes autoritários (Império Alemão, Russo, Turco e Austro-Húngaro). A
Inglaterra, a França e a Alemanha eram grandes potências industrializadas, ao
contrário da lenta modernização do Império Russo, do Império Austro-húngaro e
dos países mediterrâneos.
. Rivalidade económica: a Inglaterra sendo a principal potência industrial era a
principal rival da Alemanha. O enorme crescimento económico da Alemanha
desencadeou uma cerrada competição imperialista deste país com a França e com
a Inglaterra que se rivalizavam pelo domínio dos melhores mercados e pelo
domínio de áreas ricas em matérias-primas.
. Tensões nacionalistas: com a exaltação dos valores e do passado nacional o que
provocou o ódio contra as potências rivais. As condutas da Alemanha e da Rússia
são exemplos de nacionalismos exagerados a lado, ao proclamarem a
superioridade das suas raças (pangermanismo, no caso alemão e pan-eslavismo no
caso russo). Por outro lado houve reivindicações nacionalistas: a França exigiu à
Alemanha a devolução da Alsácia e da Lorena, a Polónia dividida entre os três
impérios queria voltar a ser de novo independente, as minorias do Império
Austro-húngaro queriam ser autónomas, o Império Austro-húngaro queria
conquistar a Sérvia, a Rússia queria ter acesso directo ao mar mediterrâneo e por
isso apoiou os povos dos Balcãs contra o Império Austro-húngaro.

A Guerra Inevitável

As permanentes rivalidades internacionais conduziram a uma corrida aos


armamentos por parte das grandes potências políticas sentindo-se na Europa um
clima quase de guerra, a paz armada. Tal situação originou a formação de alianças
entre essas potências:
. A Tríplice Aliança, entre o Impérios Alemão e Austro-húngaro e a Itália
. A Tríplice Entente, ente o Império Russo, a França e a Inglaterra.
Face a este clima de tensão, qualquer incidente podia desencadear o sistema de
alianças europeias e por consequência um grave conflito internacional.
Em 28 de Junho de 1914, o arquiduque Francisco Fernando, herdeiro do trono
austríaco, foi assassinado por um estudante nacionalista sérvio, aquando da sua visita
a Sarajevo, na Bósnia.
O Império Austro-húngaro responsabilizou a Sérvia por este atentado e, com o apoio
da Alemanha declarou guerra à Sérvia a 28 de Julho de 1914. Sendo a Sérvia aliada
da Rússia, este acontecimento fez desencadear o sistema de alianças europeias e, em
pouco mais de duas semanas, a crise balcânica tornou-se numa guerra generalizada
opondo a Tríplice Aliança (sem a Itália que abandonou as Potências Centrais e se
juntou aos aliados) à Tríplice Entente.
Tinha-se iniciado a 1ªGuerra Mundial que só iria acabar a 11 de Novembro de 1918.
A guerra começou por ser travada nos Balcãs e depois na Europa, mas rapidamente,
o conflito mundializou-se pondo em confronto os Aliados e as Potências Centrais.
Os interesses coloniais levaram também os combates ao Oriente e à África.
Entretanto vários países foram entrando dos dois lados. Do lado dos Aliados
destacam-se a entrada da Itália, de Portugal, do Brasil, da China e dos EUA. Do lado
das Potências Centrais entraram o Império Turco - Otomano e a Bulgária. Era,
verdadeiramente, uma guerra mundial e não apenas um conflito europeu.
De inícios os países intervenientes na guerra achavam que esta seria breve.
As forças aliadas e os Potências Centrais defrontaram-se sobretudo na frente
ocidental que ia da Flandres à Suíça e da Suíça ao Mar Adriático mas também na
frente Balcânica do mar Adriático ao Mar Egeu e na frente oriental do mar báltico ao
mar negro. A 1ªGuerra Mundial distinguiu-se dos conflitos anteriores pelas
inovações no armamento com o uso de aviões, de submarino, tanques,
metralhadoras, canhões de longo alcance, gases asfixiante, pelas estratégias militares
usadas e pela economia de guerra. A 1ªGuerra Mundial dividiu-se em três etapas
guerra de movimentos de 1914 a 15, guerra de trincheiras de 1915 a 1917 e
novamente guerra de movimentos de 1917 a 1918. Em 1917 com a saída da Rússia e
a entrada dos USA deu-se uma viragem na guerra ficando os Aliados como o lado
mais forte na guerra à qual saíram vitoriosos a 11 de Novembro de 1918.

Uma Paz Precária, o Tratado de Versalhes

Após o fim da guerra, os países vencedores reuniram-se em Paris, na Conferência da


Paz em 1919, para determinar as sanções a aplicar aos países derrotados. Nesta
conferência foram assinados vários tratados dos quais se destacava o Tratado de
Versalhes onde ficaram aprovadas várias imposições para com os países vencedores:
. Os Império Austro-húngaro, Alemão, Turco e Russo foram desmembrados dando
origem a novos países nomeadamente a Hungria, a Checoslováquia, a Jugoslávia,
a Polónia, a Finlândia, a Estónia, a Letónia e a Lituânia;
. A Alemanha teve de restituir à França a Alsácia e a Lorena, entregou territórios à
Dinamarca e à Bélgica, teve de ceder acesso ao mar à Polónia e perdeu todas as
suas colónias;
. A Alemanha foi considerada a responsável pela guerra e por isso teve de proceder
à desmilitarização da região fronteiriça com a França e pagar pesadas
indemnizações aos estados vencedores.
 
Os regimes autoritários foram substituídos por democracias parlamentares. A dureza
das condições imposta à Alemanha revelar-se-ia fatal e iria lançar as sementes da
2ªGuerra Mundial.
Na Conferência de Paz, o presidente americano Wilson propôs a criação da
Sociedade das Nações. A SDN foi criada em 1919 após o Tratado de Versalhes. A
SDN tinha como principais objectivos:
. Respeitar a integridade territorial e a independência política de cada país
. Desenvolver a cooperação económica, social e cultural de cada país
. Proteger as minorias
. Organizar o desarmamento geral, começando pelo da Alemanha
 
A SDN acabou por fracassar porque os USA não faziam parte deste organismo e
porque falharam as iniciativas para o desarmamento.

Declínio da Europa e ascensão dos USA

A guerra provocou grandes transformações que originaram o fim da supremacia


europeia:
. A guerra provocou 8 milhões de mortos, 20 milhões de inválidos e arrasou cidades
completas o que levou à diminuição da mão-de-obra que provocou a diminuição
da produção industrial e agrícola deixando a Europa de poder exportar para o
resto do mundo perdendo os seus mercados para os Estados Unidos para o Japão.
. Desvalorização da moeda europeia face ao dólar.
. Aumento da inflação, ou seja o aumento dos preços não era proporcional ao
aumento dos salários.
. Endividamento em relação aos EUA, a Europa passou de credora a devedora.
 
Como os EUA não foram atingidos pela guerra no seu território, tornaram-se os
principais fornecedores da Europa exportando para esta matérias-primas, alimentos e
armas e tornaram-se nos principais fornecedores do mundo acabando com a
supremacia europeia. Para o pagamento das dívidas contraídas, parte do ouro
europeu foi sendo transferido para os EUA e a Europa passou em relação aos EUA,
de credora a devedora. O Crescimento económico ficou a dever-se ao grande
aumento da produção, impulsionada pelo desenvolvimento técnico, pelo
aparecimento de novas fontes de energia, pela concentração das empresas ou
monopólios os quais controlavam a produção, o preço e os mercados e pelos novos
métodos de produção e organização do trabalho com a racionalização do trabalho
defendida por Taylor em que cada operário desempenhava apenas uma simples tarefa
(Taylorismo), originando, assim, o trabalho em cadeia. Henry Ford aplicou este
modelo de organização do trabalho na sua fábrica de produção automóvel (fordismo)
pondo em prática a produção em série através da uniformização de modelos
(estandardização).
A nova organização do trabalho baixou o tempo de fabrico e, por isso, o custo de
produção.
O crescimento ficou também a dever-se ao grande aumento do consumo
impulsionado pelo aumento dos mercados interno e externo, pelo aumento dos
salários, às compras por prestações e à publicidade. O crescimento ficou ainda a
dever-se a um aumento das operações bolsistas.

Portugal da 1ªRepública à Ditadura militar

Crise e queda da Monarquia


 
Nos finais do séc. XIX fez-se sentir a descrença no regime monárquico em Portugal.
Esta situação ficou a dever-se a vários factores:
Em 1890-1892, uma grande crise económico-financeira que assolou a Europa
atingindo também Portugal. Portugal era nesta altura um país predominantemente
agrícola com fraca industrialização. A balança comercial era deficitária e Portugal
tinha um grande défice externo. Os sinais desta crise foram a falência de bancos e de
empresas, o aumento da divida pública, a desvalorização da moeda e o consequente
aumento da inflação. Tudo isto acabou por conduzir a um aumento dos impostos,
facto que agravou as condições de vida das populações, sobretudo das classes média
e do operariado. Para além do aumento dos impostos, registou-se ainda um aumento
do desemprego que conduziu a um clima de descontentamento social através de
greves e manifestações e de instabilidade política. Tendo em conta este
descontentamento que então se vivia foram fundados dois novos partidos políticos: o
Partido Republicano e o Partido Socialista. O Partido Republicano fundado em 1870
que aproveitando a liberdade de imprensa passou a desenvolver uma intensa
campanha contra a Monarquia. Simultaneamente, realizava manifestações e comícios
muito concorridos nas principais cidades do país. O seu crescimento foi rápido,
tendo mesmo conseguido eleger deputados para o Parlamento. A base social de apoio
do republicanismo era composta por elementos da baixa e média burguesia
descontentes com a difícil situação económica e política do país e por sectores
importantes do operariado que acreditava que com a instauração da república podiam
ver melhoradas as suas condições de vida e ainda com o apoio de actividades
revolucionários de sociedades secretas como a Maçonaria e a Carbonária. O Partido
Socialista fundado em 1875 não teve grande número de apoiantes. Este partido
criticava a sociedade capitalista e não aceita a propriedade privada de meios de
produção.
. O facto de Portugal ter cedido às condições do Ultimato Inglês foi considerado
uma humilhação. Isto veio a contribuir para a primeira revolta republicana de 31
de Janeiro de 1891, no Porto que acabou por falhar, mas que constituiu um
importante momento de afirmação da vontade de mudança dos destinos políticos
do país.
. Descrédito da Monarquia, o povo achava exagerado os gastos da família real e
achava um escândalo o facto de o rei ir à caça em vez de se preocupar com a
governação do país.
. A Ditadura de João Franco: o Rei D. Carlos para por termo às revoltas, em 1907,
dissolveu o Parlamento e entregou a chefia do governo a João Franco, que passou
a governar em ditadura tendo sido estabelecida a censura à imprensa e tendo sido
condenados alguns presos políticos a penas de degredo para as colónias. Ao ter
tomado esta decisão, o Rei assinou a sua sentença de morte.
. O Regicídio (1908): a oposição do regime agravou-se e quando regressaram de
Vila Viçosa e foram andar de coche, o rei D. Carlos e o príncipe herdeiro D. Luís
Filipe foram mortos por extremistas republicanos no Terreiro do Paço, em Lisboa.
Caminhávamos a largos passos para a queda da monarquia.

A Implantação da República

A propaganda republicana cresceu e a crise política e o descontentamento geral


foram agravados com o Governo de ditadura de João Franco (1907). O rei era
acusado de passar mais tempo a distrair-se do que à frente da governação do país.
Em 1908 deu-se o regicídio onde o rei D. Carlos e o príncipe herdeiro D. Luís Filipe
foram mortos em Lisboa. Caminhávamos a passos largos para a queda da
Monarquia. D. Manuel II sucedeu ao trono e, apesar de mais liberal, não conseguiu
impedir o crescimento do republicanismo.
Assim, no dia 4 de Outubro de 1910, a revolução republicana saiu à rua com um
pequeno contingente de militares de baixa patente apoiados pelos populares,
essenciais nesta revolução.
Os revoltosos não encontraram grande resistência e em 5 de Outubro de 2010 a
revolução acabou por triunfar e foi feita uma cerimónia na varanda da Câmara
Municipal de Lisboa onde foi implantada a República. A república propagou-se por
todo o país sem qualquer resistência.

O Regime Instaurado, a República


 

Os dirigentes do Partido Republicano tomaram conta do governo do país, através da


formação de um Governo Provisório, liderado por Teófilo Braga. Este Governo
preparou as eleições para a Assembleia Constituinte que elaborou a Constituição de
1911. O Governo Provisório através da Constituição estabeleceu uma democracia
parlamentar e instituiu uma nova bandeira, um novo hino (a Portuguesa) e uma nova
moeda.
A Constituição institucionalizou o sistema de democracia parlamentar, onde há uma
preponderância do poder legislativo (Senado e Câmara dos Deputados) sobre o poder
executivo (Presidente da República). Tanto o governo como o presidente da
República eram responsáveis politicamente perante o Parlamente, tendo este o poder
de nomear e de destituir o Presidente da República. Este, por sua vez tem a função de
nomear o governo que só se podia manter em funções de dispusesse de uma maioria
dos deputados no Parlamento.

A acção da 1ªRepública

Os primeiros governos republicanos aprovaram uma série de leis e medidas


inovadoras para a época destacando-se as seguintes:
. Lei da Separação da Igreja do Estado: tornaram o estado laico proibindo o ensino
religioso nas escolas, expulsando as ordens religiosas como os Jesuítas e
nacionalizando os seus bens e tornando obrigatório o registo civil.
. Leis da Família: o casamento civil era o único válido, igualdade de direito entre
homem e mulher no casamento e legalização do divórcio.
. Legislação Social: autorização e regulamentação da greve, institucionalização do
descanso semanal obrigatório e a limitação dos horários de trabalho.
. Legislação no campo do ensino com o estabelecimento da instrução obrigatória e
gratuita entre os 7 e os 12 anos com vista a combater o analfabetismo, com a
fundação das Universidades de Lisboa e Porto e o desenvolvimento do ensino
técnico.
. Leis para o desenvolvimento económico-financeiro, mas a economia permaneceu
atrasada…
 
Portugal entrou na guerra com vista a quebrar o isolamento de Portugal mas
principalmente com o objectivo de garantir a posse das colónias africanas, face às
ambições quer da Alemanha quer da Inglaterra. A guerra levou ao agravamento das
dificuldades económicas internas que levaram ao aumento dos impostos que
agravaram o custo de vida, baixaram o poder de compra e o que levou ao progressivo
aumento do descontentamento.

O fim da 1ª República e a Ditadura Militar

Apesar das grandes expectativas de evolução do país com a 1ªRepública, esta não
conseguiu alcançar a esperada estabilidade e progresso. Isto ficou a dever-se a vários
factores:
. Instabilidade política, durante os 16 anos da 1ªRepública, Portugal passou por 45
governos, 8 presidentes e passou pelo recurso à ditadura, à guerra civil e à
violência. O Partido Republicano dividiu-se em vários partidos e o com o
parlamentarismo os governos caíam constantemente o que levou ao descrédito da
democracia parlamentar.
. A participação de Portugal na Grande Guerra que gerou uma inflação galopante e
um descontentamento generalizado da população em relação ao governo.
. Após a Guerra, os republicanos viram o seu nível de apoiantes a ser reduzido
progressivamente devido à sua incapacidade em resolver os problemas
económicos do país.
. O governo contou ainda com uma forte oposição por parte da Igreja católica, dos
Monárquicos, das Classes Médias e do Operariado que conspiravam contra o
regime.
Depois de várias tentativas falhada um golpe militar liderado pelo general Gomes da
Costa pôs fim à República Democrática Parlamentar a 28 de Maio de 1926 e
instaurou a Ditadura Militar que iria durar até 1933. Com vista a solucionar o
problema do descontentamento os militares impuseram a dissolução do Parlamento,
a suspensão das liberdades individuais e a censura à imprensa. O movimento militar
foi apoiado pelas classes médias e baixas da população que acreditavam que com um
governo forte podiam ver resolvidos os problemas económico-financeiros e políticos
do país. Com vista a solucionar os problemas económico-financeiros do país como a
baixa do poder de compra e a desvalorização da moeda, os militares convidaram em
1928 para ministro das Finanças o professor António de Oliveira Salazar conhecido
pela sua técnica e pelas suas ideias conservadoras com vista a solucionar os
problemas económico-financeiros do país. Tendo este comprido a sua missão, foi
convidado para chefiar o Governo em, 1932.

Sociedade e cultura num mundo em mudança

As mudanças sociais e a emergência da cultura de massas

Na viragem do século XIX para o século XX, a sociedade sofreu alterações, em


resultado do crescimento da industrialização e da urbanização isto é o aumento das
cidades.
Apesar das tensões entre países verificava-se um clima de optimismo e de confiança.
O período antes da 1ªGuerra Mundial ficou conhecido por Belle Epóque, na qual o
domínio da burguesia reflectiu-se no estilo de vida e na moral que propunham
formas de diversão. O operariado melhorou as suas condições de vida e a classe
média viu aumentar a sua influência e a importância nos domínios políticos, sociais e
culturais. Tudo isto levou a que as desigualdades sociais diminuíssem com a
melhoria das condições de vida e do poder de compra.
A 1ªGuerra Mundial provocou também mudanças na sociedade desencadeando a
emancipação da mulher ao levar as mulheres a assumirem novos papéis e funções no
trabalho e na família, anteriormente exclusivas dos homens. Este novo papel da
mulher contribuiu para a emergência do feminino, ou seja, um movimento de defesa
da liberdade e igualdade de direitos da mulher em relação ao homem, pretendo
alcançar o mesmo estatuto económico, social e político. A mulher adquiriu uma nova
imagem na sociedade, reivindicando o direito ao voto, a igualdade na educação e no
trabalho bem como o direito ao divórcio.
A prosperidade do pós-guerra possibilitou a procura intensa do prazer e do
divertimento ficando a década de 20 recordada como os “loucos anos 20”.
A sociedade, no começo do séc. XX, com o crescimento populacional dos centros
urbanos tornou-se uma sociedade de massas. Assim se explica que tenha surgido um
novo tipo de cultura, a cultura de massas que era transmitida pelos mass media,
meios de comunicação como a imprensa, a rádio, o cinema e a televisão, os quais
possibilitavam uma difusão cultural acessível às mais amplas camadas da população.

Renovação científica

O século XX ficou marcado por extraordinários avanços científicos e técnicos.


. Avanços científicos nas áreas da Física, da Astronomia, da Medicina e das ciências
humanas e avanços técnicos com o aparecimento de novos utensílios tais como a
máquina de escrever, a máquina da costura, a máquina de lavar, o aspirador entre
outros. 
. Avanço nas chamadas Ciências Humanas, ciências que estudam o comportamento
do ser humano quer individualmente quer na sua relação com a sociedade tais
como a Sociologia, a Filosofia, a História, a Geografia, a Economia, a Psicologia
e a Antropologia

Renovação nas artes e na literatura

Ao longo da primeira metade do séc. XX foram surgindo múltiplas expectativas


artísticas decorrentes da instabilidade e das transformações morais e sociais da
1ºGuerra Mundial. Deu-se o nascimento do modernismo.
Modernismo: designação comum aos diversos movimentos da literatura, das artes
plásticas, da arquitectura e da música, surgidos nos finais do século XIX e que se
estenderam até à 2ª Guerra mundial. O movimento baseou-se na ideia de que as
formas "tradicionais" das artes plásticas, literatura, design, organização social e da
vida quotidiana tornaram-se ultrapassadas, e que se fazia fundamental deixá-las de
lado e criar no lugar uma nova cultura.
Vanguardas Artísticas na Pintura e da Escultura:
. O Expressionismo nasceu na Alemanha e caracteriza-se pelo uso de cores fortes e
pela deformação da realidade para representar emoções (muitas vezes angústia e
sofrimento), e insiste na escolha de temas de cariz psicológico e social: miséria,
solidão, vícios, injustiças… Os principais pintores deste estilo foram Edvard
Munch e Otto Dix.
. O Fauvismo desenvolveu-se na França e é uma corrente que defende a utilização
das cores primárias, fortes e contrastantes, a violência das linhas e a total negação
das regras. Os pintores que mais se destacaram nesta corrente foram Matisse e
Vlaminck.
. O Cubismo foi um movimento iniciado em 1907 por Picasso e Braque que
geometriza e simplifica as formas; ou seja, reduz as formas a volumes
geométricos, através da observação dos objectos e figuras de vários ângulos
sobrepostos, destruindo assim a lei da perspectiva. No cubismo existe uma total
visão dos objectos por isto mesmo.
. O Futurismo foi influenciado tanto pelo cubismo como pelo abstraccionismo, e
tentava ilustrar a civilização industrial do futuro, tentando representar o
movimento nos seus quadros. As imagens aparecem com formas e cores
dinamizadas pela repetição. Os principais pintores desta corrente foram Boccioni
e Balla.
. O Abstraccionismo teve início em 1910, foi o mais duradouro dos movimentos
artísticos: valoriza a interpretação subjectiva, através da combinação das cores e
das formas, sem representar os objectos concretos. Piet Mondrian e Kandinsky
foram os que mais se destacaram neste movimento.
. O Dadaísmo era a recusa de todos os modelos plásticos e da própria ideia de arte.
A anarquia na arte está bem presente com opção de total espontaneidade de
expressões que ridicularizam a razão. Duchamp é o artista que mais se destaca
nesta corrente.
. O Surrealismo foi um movimento surgido em 1924 e representou o culminar das
correntes anteriores. A imaginação, o sonho, a alucinação e o subconsciente
foram as principais inspirações deste movimento. Recorreram à representação de
um mundo imaginário absurdo e com associações de ideias que aparentemente
não têm significado. Os principais pintores foram Salvador Dalí, René Magritte e
Joan Miró.
 
Em finais do século XIX, a arquitectura evoluiu para novas tendências com o
movimento de Arte Nova, que privilegiava uma decoração ligada à Natureza, com
formas ondulantes. O modernismo arquitectónico desenvolveu novas técnicas de
construção com o uso do aço e do betão. Em 1919, surgiu a arte funcional que
privilegia a adaptação do edifício às funções a que se destina, primando pela
sobriedade sem qualquer função decorativa. Nesta arquitectura destaca-se Le
Corbusier. Outro tipo de arquitectura foi a corrente orgânica que se preocupou com o
enquadramento do edifício no meio natural. O seu principal representante foi Frank
Lloyd Wright.
A literatura também conheceu uma multiplicidade de estilo, que se integravam no
modernismo e que reflectiam as transformações sociais e revelam pessimismo
relativamente à Natureza e ao destino do Homem. Foram retratados temas de crítica
social, denuncias das injustiças sociais e expressão dos sentimentos humanos. Os
autores mais celebres foram John Steinbeck, Virginia Woolf e em Portugal,
Fernando Pessoa e Almada Negreiros.

Da Grande Depressão à 2ªGuerra Mundial

A Grande Crise do Capitalismo nos anos 30

Da prosperidade à crise

Até meados de 1929, os USA viviam um período de prosperidade económica A


produção industrial e agrícola tinha aumentado e na Bolsa de Nova Iorque, as acções
alcançavam as cotações mais altas de sempre. O crescimento económico possibilitou
a melhoria do nível de vida da população em geral. Este factor associado ao
desenvolvimento do crédito e à expansão da publicidade tornou possível o aumento
do consumo e levou a que muita gente investisse na bolsa, procurando lucros fáceis
através da compra e venda de acções e quantos mais investidores maior era o valor
das acções e o lucro. Mas esta prosperidade era um pouco ilusória pois as empresas
não estavam tão prósperas como o valor das acções fazia transparecer (especulação
bolsista) e a capacidade de produção agrícola e industrial crescia mais rapidamente
do que o consumo, o que fazia com que os stocks se acumulassem sem compradores
havendo até por vezes uma saturação do mercado, isto é o mercado deixava de
absorver a produção e assim os preços tiveram de baixar Era o início duma grave
crise de superprodução. Com a consequente baixa dos preços deu-se um período de
deflação que se traduziu numa quebra de lucro para as empresas.
Em Outubro de 1929, era já notória uma baixa nos lucros de muitas empresas
americanas, quer agrícolas, quer industriais. Assustados, os maiores possuidores de
acções tentaram vendê-las antes que o seu valor diminuísse. Todos procuraram, no
entanto, fazer o mesmo. Em 24 de Outubro, 12 milhões de acções foram colocadas à
venda sem que encontrassem comprador. Deu-se assim o crash da bolsa de Nova
Iorque. Milhares de accionistas ficaram arruinados, tendo o valor das acções, em
seguida, numa descida acentuada. Muitos bancos foram à falência, arrastando
consigo as empresas que dependiam do crédito bancário. Da crise bolsista, passou-
se, assim à crise financeira, que se transformou rapidamente na depressão
económica, que provocou a deflação e a falência de banco, arrastando consigo as
empresas que dependiam do crédito bancário. A par desta crise financeira agrava-se
a crise de superprodução, ou seja, apesar das descidas acentuadas dos preços os
produtos agrícolas e industriais não tinham compradores o que levou à acumulação
de stocks. Muitas empresas tiveram de fechar portas, o desemprego aumentou e
começou o “círculo vicioso” das crises, ou seja, mais desemprego menos consumo,
logo mais empresas vão à falência dando origem a mais desempregados e assim
sucessivamente.

A Mundialização da Crise

A crise económica não era, como inicialmente se tinha julgado uma crise passageira.
Transformou-se na Grande Depressão do sistema capitalista, não só pela gravidade
como pela duração e pela dimensão geográfica que iria atingir, atingiu todo o mundo
com excepção da URSS.
Iniciada, em 1929, com o crash da bolsa, só a partir de 1932 com o New Deal é que
se começaram a sentir os primeiros sinais de recuperação porém os efeitos da crise
fizeram-se sentir por vários anos. A crise mundializou-se por vários factores:
. A crise financeira levou os USA a retirarem os capitais que tinham cedido à
Europa desde o final da 1ºGuerra Mundial. Esta retirada de créditos e de capitais
americano a outros continentes levou a que muitos bancos falissem ou vivessem
dificuldade e as empresas que dependiam do seu crédito também falissem.
. Contracção do comércio mundial: com a crise, a maior parte dos países como os
USA, reduziram ao máximo as suas compras no estrangeiro, verificando-se assim
uma quebra acentuada da produção industrial por parte dos países que dependiam
das exportações dos seus produtos como os países da América Latina e os países
da Europa.
A intervenção do Estado na economia

Com a eleição de Roosevelt para presidente dos USA em 1932, este país
desenvolveu uma política económica intervencionista de New Deal. O New Deal
tinha como objectivo resolver o problema do desemprego e aumentar o poder de
compra da população, de forma a relançar o consumo e, consequentemente, a
produção.
As medidas do New Deal foram as seguintes:
. Apoiar a agricultura com indemnizações aos agricultores para reduzir a área
cultivada, com o objectivo de diminuir a produção e, assim, estabilizar os preços e
a concessão de créditos agrícolas para que os agricultores pagassem as dividas.
. Na indústria, limitar a concorrência, fixando preços mínimos e níveis de produção
e baixar as taxas de juro do crédito, para favorecer o investimento das empresas.
. Regulamentar as actividades da banca tornando a concessão de crédito mais difícil
para aqueles que não tinham grandes garantias e as actividades da bolsa para
evitar uma nova especulação bolsista.
. Desenvolveu uma política de criação de emprego com o fomento de obras
públicas.
. Delimitou o horário semanal de trabalho para 40 horas com vista a criar mais
postos de trabalho.
. Com vista a redistribuir os rendimentos, estabeleceu-se um salário mínimo,
procurou-se aumentar os salários e concederam-se subsídios de desemprego com
vista a aumentar o poder de compra e o consumo.
. Subsidiaram-se as empresas que admitissem novos trabalhadores.
                                                                                     
O New Deal possibilitou uma recuperação económica que se começou a sentir entre
1933 e 1936, com a diminuição do desemprego que apesar disso se manteve alto e a
subida da produção industrial, das exportações e dos preços.
Com a crise, em muitos países da Europa a democracia acabou por ceder, surgindo
regimes autoritários que seguiram uma política de autarcia e auto-suficiência,
reorganizando as empresas e protegendo-as da concorrência. A Inglaterra e a França
foram duas excepções. Na Inglaterra formaram-se governos de União Nacional e na
França os partidos (Comunista, Socialista e Radical) coligaram-se e formaram a
Frente Popular com vista a travar o avanço do fascismo.

Os Regimes Ditatoriais na Europa


A Crise das Democracias

Com o fim da 1ªGuerra Mundial, parecia que a democracia liberal se ia impor por
toda a Europa. Mas a realidade foi bem diferente. Por toda a parte, desenvolveram-se
os movimentos políticos de extrema-direita favoráveis à implantação de ditaduras.
Os regimes ditatoriais triunfaram na maior parte da Europa como podes ver no mapa.

O crescimento dos movimentos de extrema-direita explica-se pelas condições


económicas e sociais entre as duas guerras:
. As dificuldades económicas que, nalguns países se seguiram à 1ºGuerra Mundial e
a crise de 1929 provocaram na Europa um grande aumento do desemprego com
as falências de bancos e empresas, ao aumento da inflação e à baixa do poder de
compra. Muitas acusavam os governos democráticos de não conseguir resolver
estes problemas.
. O crescimento dos sindicatos e dos partidos da esquerda. Com o triunfo, em 1917,
da revolução soviética e as tentativas de revolução socialista noutros países
assustaram grandes sectores da burguesia, que com as crescentes ocupações de
fábrica apoiaram os movimentos da extrema-direita
 
Este rápido crescimento ficou a dever-se ao uso da violência e da propaganda.
A violência, sob a forma de ameaças, torturas ou destruições, era usada contra os
partidos da esquerda e contra os sindicatos. Os movimentos da direita detinham
ainda milícias armadas. A propaganda através da rádio, dos comícios e das
manifestações era outra perigosa arma para aliciar a população a votar nestes
movimentos com as promessas de segurança, melhoria das condições de vida e
emprego.

Os Regimes Ditatoriais:

O Fascismo na Itália

No inicio da década de 20, a Itália era agitada por diversos problemas:


. A Itália não viu alcançadas as compensações territoriais que reivindicava no
Tratado de Versalhes facto que levou a um grande descontentamento e
manifestações de nacionalismo.
. A grave crise económico-social do pós-1ª Guerra Mundial, manifestada no
desemprego e na inflação, favoreceu a agitação revolucionária com greves e
ocupações de fábricas.
 
Assustados com a vaga revolucionária, os industriais e os proprietários assim como
os desempregados a quem foi prometido emprego passaram a apoiar o PNF, liderado
por Benito Mussolini. Para combater o comunismo e se imporem no poder, os
fascistas recorreram à violência, pela acção das milícias armadas, os camisas negras
e à propaganda. Em 1922, Mussolini organizou uma Marcha sobre Roma com um
exército de 50 000 camisas negras, que levou o rei Victor Emanuel III a convidar
Mussolini a formar governo, iniciando-se assim o regime fascista em Itália. O regime
instaurado, o fascismo tinha as seguintes características:
. Partido Único – Só era permitido o Partido Nacional Fascista, todos os outros
partidos estavam proibidos.
. Totalitarismo - Primazia do Estado sobre o indivíduo, Negação dos direitos
individuais e dos direitos humanos, Desvalorização da democracia e do
parlamentarismo (que valoriza o indivíduo, Reforço do poder executivo (rejeição
do parlamentarismo e da separação dos poderes), Rejeição do socialismo e da luta
de classes, Teoria do partido único.
. Culto da personalidade – enaltecimento da autoridade do Chefe, o estado devia ser
forte e comandado por um Chefe, que era considerado o guia e o Salvador da
Nação a quem deviam obedecer cegamente. Deste cedo as crianças eram
educadas para obedecer ao Duce através da Juventude Fascista
. Nacionalismo – a Nação era considerada o valor mais importante.
. Imperialismo – criou um império através da guerra em prol dos direitos dos “povos
superiores”.
. Militarismo – demonstração de força militar, provocando a importância que era
dada ao culto da força e da violência contra aqueles que se opunham ao regime.
Através da OVRA, dos camisas negras e da censura.
. Corporativismo - através do corporativismo através do qual se dizia pretender
ultrapassar os conflitos entre as classes, unindo patrões e operários em
organismos comuns, as corporações.
. Slogan do regime “Crer, obedecer, combater”.

O Nazismo na Alemanha

Na sequência da derrota sofrida na 1ªGuerra Mundial, foi estabelecido na Alemanha


um regime democrático, a República de Weimar. Nas décadas de 20 e 30 a
Alemanha vivia um clima de descontentamento generalizado:
. Muitos alemães sentiam-se humilhados com as condições impostas pelo tratado de
Versalhes.
. A situação económica da Alemanha era gravíssima devido às destruições da
guerra, à desorganização da economia e ao pagamento das pesadas indemnizações
exigidas pelos vencedores.
. A inflação cresceu a um ritmo galopante e quando a situação alemã começava a
melhorar deu-se a Crise de 1929 que levou bancos e empresas à falência e lançou
milhares no desemprego.
. A população responsabilizava os partidos democráticos pela grave situação que se
vivia e começaram a apoiar partidos extremistas, sendo os partidos de mais
destaque o Partido Nazi e o Partido Comunista.
. Os desempregados acreditavam nas promessas de trabalho feitas pelo partido nazi
e os principais sectores da burguesia apoiavam o nazismo com receio do
comunismo.
 
O Partido Nazi teve um crescimento muito rápido, tanto no número de militantes
como de eleitores. Esse sucesso deveu-se sobretudo ao apoio dos grandes industriais
e a uma intensa propaganda através dos jornais e da rádio; à realização de comícios e
grandes manifestações de rua e às demonstrações de força das mais disciplinadas
milícias armadas, as SA e as SS, utilizadas contra os adversários do nazismo. Nas
eleições de 1932, o partido nazi foi o mais votado levando o regime democrático à
ruína o que levou a que o presidente da república Von Hindenburg a nomear Adolf
Hitler chanceler da Alemanha. Hitler tomou medidas antidemocráticas tornando o
PN, partido único e a partir de 1934, passou a acumular os poderes de presidente e de
chanceler com poderes quase ilimitados.
O Regime Nazi tinha as seguintes características:
. Repressivo e controlador (Gestapo; Censura; Juventude Hitleriana; milícias
armadas – SA e SS; campos de concentração e de extermínio)
. Dirigista e defensor da autarcia económica (“economia de guerra”)
. Partido Único – Só era permitido o Partido Nazi, todos os outros partidos estavam
proibidos.
. Totalitarismo - Primazia do Estado sobre o indivíduo, Negação dos direitos
individuais e dos direitos humanos, Desvalorização da democracia e do
parlamentarismo (que valoriza o indivíduo, Reforço do poder executivo (rejeição
do parlamentarismo e da separação dos poderes), Rejeição do socialismo e da luta
de classes, Teoria do partido único.
. Militarismo - demonstração de força militar, provocando a importância que era
dada ao culto da força e da violência contra aqueles que se opunham ao regime.
. Culto do chefe – Todos deviam obedecer cegamente ao Füher.
. Corporativismo - através do corporativismo através do qual se dizia pretender
ultrapassar os conflitos entre as classes, unindo patrões e operários em
organismos comuns, as corporações.
. Nacionalista, Racista e Imperialista – O regime nazi era um regime racista porque
considerava que havia raças superiores e raças inferiores. A raça superior, os
Arianos cujo representa era o povo alemão devia dominar o mundo. Entre as raças
inferiores a raça considerada a mais perigosa era a raça judaica. Este violento
anti-semitismo levou à tentativa de extermínio de extermínio do povo judaico. Os
judeus foram perseguidos e muitos sofreram genocídio. Como os Alemães se
consideravam um povo superior deviam dispor de um “espaço vital”, territórios
considerados necessários para o bem-estar e o crescimento do povo alemão e por
isso tinham o direito de conquistar territórios aos povos superiores. Esta teoria
racista levou à 2ªGuerra Mundial.

O Salazarismo em Portugal

O golpe desencadeado pelas Forças Armadas em 1926, instaurou em Portugal uma


ditadura militar. Contudo a instabilidade política, o défice orçamental e a dívida
externa persistiam. Foi neste contexto que, em 1928, o Presidente da República,
general Óscar Carmona, convidou António de Oliveira Salazar, professor da
universidade de Coimbra, para ministro das Finanças.
Salazar só aceitou o cargo com a condição de supervisionar os orçamentos de todos
os ministérios e de ter o direito de veto sobre os respectivos aumentos de despesas.
Recorrendo ao aumento dos impostos e à redução das despesas, conseguiu
reorganizar as finanças do País. O sucesso desta política financeira deu-lhe imenso
prestígio e converteu-o no “Salvador da Nação”.
Em 1930 foi instaurada a União Nacional, único partido político autorizado.
Em 1932, Salazar foi nomeado Presidente do Conselho e, em 1933, foi aprovada
uma nova Constituição que iniciou um novo período ditatorial que o próprio Salazar
intitulou de “Estado Novo”.
O Estado Novo tinha as seguintes características:
. Autoritarismo (Estado forte e de partido único – União Nacional - inscrição
obrigatória para admissão a certos empregos, O Estado controlava os cidadãos)
. Repressão (polícia política (PDVE/PIDE), censura, prisões e colónias penais,
Legião Portuguesa)
. Enquadramento da população em organizações afectas ao regime (Mocidade
Portuguesa, FNAT, Corporações…)
. Culto do chefe – através da propaganda que converteu Salazar no Salvador da
Pátria.
. Nacionalismo/Patriotismo – a pátria acima de tudo e exaltação do passado
glorioso.
. Tradicionalismo – Deus, Pátria, Família, com o fim de formar uma sociedade,
segundo essa trilogia, obediente.
. Corporativismo
. Criação da Mocidade Portuguesa para desenvolver a devoção à pátria.
. Dirigismo económico – defendia a autarcia económica
. Colonialismo – As colónias constituíam um elemento fundamental da política do
nacionalismo económico do salazarismo, uma vez que funcionavam como
mercado para escoamento das produções da metrópole e como fornecedoras de
matéria-prima.
 
Em 1930, foi aprovado a Acto Colonial que proclamava os direitos de Portugal sobre
o conjunto dos territórios ultramarinos que limitava a intervenção económica
estrangeira.

A Revolução Soviética

Nos inícios do séc XX, o Império Russo era um regime de monarquia absoluta, no
qual o czar tinha amplos poderes. O Império ia desde o Leste da Europa (Ucrânia,
Países Bálticos e Bielorrússia) até à Sibéria, na Ásia. A sua economia era atrasada e a
sociedade apresentava grandes desigualdades. Com a entrada da Rússia na 1ªGuerra
Mundial, a situação económico-financeira agravou-se. O descontentamento era geral
e a população exigia a retirada da Rússia da Guerra. Esta situação levou à difusão
dos ideais socialistas da nacionalização dos bens e de igualdade entre os cidadãos
que ganhou cada vez mais adeptos. Esta situação levou à primeira tentativa
revolucionária em 1905 que foi violentamente reprimida e às duas revoltas de 1917.
A primeira, a de Fevereiro, de carácter burguês, levou à abdicação do czar Nicolau II
e à formação de um governo provisório que instaurou um regime liberal
democrático. Logo após a revolução de Fevereiro, multiplicaram-se por toda a
Rússia, os sovietes, isto é Conselhos populares que intervinham activamente na vida
local. Sendo que o soviete mais activo era o de São Petersburgo onde se destacavam
os revolucionários bolcheviques, liderados por Lenine que se opunham à democracia
liberal e desejavam uma revolução mais radical. Os bolcheviques inspiravam-se no
marxismo e defendiam a tomada do poder pelos trabalhadores, para impor uma
sociedade socialista sem classes.
Em Outubro de 1917, deu-se a segunda revolução, desencadeada pelos bolcheviques
liderados por Lenine que acabaram com a democracia e implantaram a república
soviética.
Quando Lenine chegou ao poder pôs em prática as seguintes medidas:
. Assinatura do Tratado de Brest-Litovsk com a Alemanha em 1918, que retirou a
Rússia da guerra;
. Nacionalização da economia, com a abolição da propriedade privada, a qual
passou a ser do Estado, tendo este o papel de a distribuir pelo povo e nacionalizou
a banca e a indústria e reduziu o comércio livre;
. Instauração do partido único e da censura;
. Criação do Exército Vermelho e da polícia política.
 
Entretanto, a contra-revolução começou a organizar-se. Os descontentes contavam
com o apoio de algumas nações que temiam o avanço do comunismo. Esta situação
arrastou a Rússia para uma guerra civil que opôs Comunistas (Exército Vermelho) a
Anti-Comunistas (Exército Branco) da qual os comunistas saíram vitoriosos. Com a
guerra civil, o chamado Comunismo de Guerra vai piorar a situação económica da
Rússia pelo que Lenine adoptou a NEP (Nova Política Económica), que autorizou a
existência de iniciativas privadas e a liberalização da economia, mas o Estado
continuava a controlar os principais sectores da Economia. A NEP permitiu
recuperar a economia e aumentar a produção.
Devido à extensão e à diversidade cultural, em 1922, várias regiões do antigo
Império Russo uniram-se numa federação de estados denominada URSS (União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas) as quais dispunham de alguma autonomia e o
respeito pela identidade regional.

A Era Estalinista na URSS

Com a morte de Lenine, em 1924, Trotsky e Estaline disputaram a liderança da


URSS, no entanto foi Estaline que se tornou em 1928, o governante da URSS.
Chegado ao poder, Estaline pôs fim à NEP e adoptou as seguintes medidas:
. Colectivização dos meios de produção, isto é a nacionalização dos bens.
. Economia planificada que estipulava o nível de produção a alcançar nos diferentes
sectores da economia no prazo de cinco anos (planos quinquenais).
 
No primeiro plano quinquenal, Estaline deu prioridade à indústria de armamento. No
segundo privilegiou os sectores têxtil e alimentar e no terceiro a produção de energia.
No sector agrícola, a colectivização das terras em sovkhoses (quintas do Estado) e
kolkhoses (cooperativas) gerou resistência com os antigos proprietários, os kulaks.
Estaline aplicou meios repressivos nos quais alguns camponeses eram torturados,
deportados ou mesmo mortos. Em relação desta política económica, a URSS
transformou-se numa grande potência militar e industrial.
Para dominar os opositores e manter-se no poder Estaline pôs em prática uma
política repressiva e violenta perseguindo, prendendo, deportando ou assinando todos
aqueles que se opunham ao regime, com a criação de campos de concentração
(gulags) de forma a obter mão-de-obra gratuita para a construção de redes de
caminhos-de-ferro através do trabalho forçado; Estaline desenvolveu o culto da
personalidade, sendo Estaline considerado o pai do povo e controlou as artes e as
letras para glorificar a nação.
A política estalinista tornou-se na ditadura do Partido Comunista, que fez milhões de
vítimas e criou desigualdades na sociedade.

A Frente Popular na França

A crise económica dos anos 30, o descontentamento social e o receio que o fascismo
se apoderasse do poder, levaram os partidos de esquerda da França (Comunista,
Socialista, Radical), em 1935, a formarem uma coligação, a Frente Popular que em
1936 ganhou as eleições. A Frente Popular pôs em prática um conjunto de medidas:
. A nacionalização da banca, da indústria e dos caminhos-de-ferro;
. Publicação de leis sociais para a melhoria das condições de vida dos trabalhadores
como a delimitação do horário de trabalho e a concessão de férias;
. Criação de um programa de obras públicas para reduzir o desemprego.
 
As políticas da Frente Popular prejudicaram o clero e a burguesia que não apoiaram
as reformas sociais e económicas. Em 1937, deu-se a dissolução da Frente Popular
devido a conflitos entre os vários partidos da coligação.

Espanha: da república à ditadura

Entre 1923 e 1930, a Espanha foi governada por uma ditadura militar chefiada por
Primo de Rivera. A sua impopularidade acabou por conduzir à abdicação do rei, ao
exílio do general e à implantação da república em 1931. A república que teve de
tentar combater a crise económica e o descontentamento social. Nas eleições de
1936, os partidos de esquerda uniram-se na Frente Popular. Ainda nesse ano as
forças conservadoras apoiaram um levantamento militar, liderado pelo general
Francisco Franco. Foi o início de uma guerra civil que só terminou em 1939 com a
vitória dos nacionalistas (conservadores). Foi instaurado um regime ditatorial e
autoritário de tipo fascista, que teve como chefe de Governo, o general Franco. A
guerra civil espanhola foi um ensaio da 2ªGuerra Mundial já que as forças em
confronto contaram com o apoio de nações estrangeiras: os nacionalistas da Itália e
da Alemanha e os republicanos da URSS. A guerra civil provocou milhares de
mortos e de inválidos.

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