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As PRIMEIRAS CIVILIZAÇÕES

IMPÉRIO ANTIGO E O PRIMEIRO


E -- O FIM DO

dinastia sucedenl aos da 5.0


Quandoos reis da ,o
apogeu, c, no entanto, bastarão quatro Império
está no seu reinados A
para

bnpério Antigo
l. 6.adinastia e o /ñn do
os minados. corno acontece com ficquência, não há um
0 Trinadode Unás, últinno rei da 5.a dinastia, e 0 de Teti,
da 6.8dinastia. Os Inesmos funcionários passam do serviço de Unás
o de Teti e uma das Inulheres deste último, Iput, mãe do futuro PepiIpara e
sem dúvida filha de Unás. A mudança de dinastia ter-se-á devido,talvez,
ao facto de Unás não ter tido herdeiro masculino directo e de o direito
poder ter sido transmitido pela filha mais velha a seu marido, ao
quereste
tenha sido ou não ele próprio aparentado ao seu predecessor.
A 6.a dinastia conta seis, talvez sete reinados e mantém-senopoder
durante cerca de dois séculos e meio, de 2460 a 2190 a.C. aprox.,maso
reinado de Pepi II, só por si, ocupa mais de um terço deste período:

1. Teti (Seheteptauy)
2. Userkaré
3. Pepi 1
4. Merenré I
5. Pepi 11
6. Merenré II (Antyemsaf)
7. (?), Nitocris (rainha).

(l) OBRASA CONSULTAR.- H. Brunner, Die Aniagen der Âgyptischen


grãber bis zum Mittleren Reich, Glückstadt, 1936; A.H. Gardiner, Admonitions
Ofan

Egyptian Sage, Leipzig, 1909; H. Goedicke, The Protocol ofNeferyt (TheProphe0'


ofNeferti), Baltimore, 1977; F. Gomaa, Aegypten wührend der Ersten Zwischenzeit'
Wiesbaden,1980;W.C. Hayes, in Cambridge Ancient History, vol. I, cap. XX,
1-1V'

Cambridge, 1961; W. Schenkel, Memphis, Herakleopolis, Theben, Die


epigraphischen

weltanschaulicheReformbewegungen 1950; H' stock'


im alten Àgypten, Heidelberg,
Die erste Zwischenzeit E. Drioton'
Ãgyptens, Roma, 1949; J. Vandier, cap. VI, em
J, Vandier(cf. Bibliografia
geral); A. Volten, Zwei altagyptische politische
(Analectaaegyptiaca, IV), East
Copenhaga, 1945; w.A. ward, Egypt and
ranean World2200-1900 duringtheFibl
B. C., Studies in Egyptian Foreign Relations
Period, Beirute, 1971; H. E. Winlock, The Rise and Fail ofthe
Kingdomin Thebes,Nova
Iorque, 1947.

126
O EGIPTO ATÉ AO FIM DO IMPÉRIONovo

teria reinado durante cerca de doze anos. Máneton afirma que teria
Teti pela sua guarda pessoal. O seu nome foi encontradoem
ido assassinado
que tenha chefiado uma expedição à Núbia.
Biblos e é possível
ases docutncntos contemporâneos chegados até nós é um decreto
dos raros
concede isenções dc taxas ao templo dc Abido.
lie reinado efémero. Só as Listas reais no-lo dão a co-
l.Jserkaréteve sc não
se perguntasse tinha simplesmenteajudado a
I louve
Iput a exercer a regência no reinado dc Pepi I, já que este era ainda
ainha
novo na altura da morte dc seu pai, Teti.
nuito pelo menos quarenta anos, talvez mesmo cinquenta e
pepi I reinou
(Máneton). Retomando a política activa dos seus antecessores, enviou
vês à Núbia. Celebrou uma festa Sed.
e O facto essencial do
xpediçõcs à Ásia
reinado é o casamento com as duas filhas de um nobre da província,
seu
as mães dos dois faraós seguintes. Esta união mostra a
Khui, que serão
pelas famílias nobres da província.
importânciajá ganha
Pepi I, reinou pouco tempo. Parece ter
Merenré I, o filho mais velho de
província à qual sua mãe pertence. Assim, nomeia
favorecido a nobreza da
materno, governador do 12.0 nomo do Alto Egipto. É o início
Ibi, um primo
grandes feudais cujos túmulos, escavados na falésia
de uma linhagem de
numerosos documentos para a história do
de Deir-el-Gebrawi,fornecem
fim do Império Antigo.
Pepi II teve o mais longo reinado da história egípcia e talvez de toda a
história universal. Com efeito, segundo Máneton, tinha seis anos por altura
da morte de seu pai e teria morrido centenário após um reinado de noventa
e quatro anos. A data mais alta atestada por um documento é a do ano 65,
mas ele reinou durante muito mais tempo pois que o Papiro de Turim lhe
atribui um reinado de pelo menos noventa anos, confirmando assim os da-
dos de Máneton.
Durante a sua menoridade, a regência foi exercida pela mãe secundada
pelo irmão desta última, o monarca de Tinis. Este último manteve-se em
seguida como vizir. Durante a sua longa existência, Pepi II teve pelo menos
quatro rainhas, mas parece ter sobrevivido à maioria dos seus filhos.
A lista de Abido informa-nos que o sucessor de Pepi II foi MerenréII-
-Antvemsaf,que, segundo o Papiro de Turim, teria reinado apenas um ano.
Efectivamente, com o desaparecimento de Pepi II começajá um período da
históriaegípcia particularmente obscuro que os egiptólogosdenominaram
«Primeiro Período Intermédio». No entanto, as fontes literárias conhecem
ainda um reinado após o
de Merenré II, o da irmã deste último, Nitocris.
Contudo, nenhum
monumento veio confirmar a existência desta última.

127
As PRIMEIRAS CIVILIZAÇÕES

descentralização do poder. —Da 3.a à 5.a dinastia,


A a ce
de aunnentar. Com a 6.0 dinastia n
poder não parou inverte-se otralizaqo
descentraliza-se pouco a pouco até se precipitar
poder processo
na anarquia
parece.
parecem estar na base deste
Duas causas simples fenómeno.
aos tennplos e aos particulares, começada
das doações sob
5.0e ainda mais sob a 6.a, de
acentuou-sesob a tal modo
que
deixa de ser todo-poderoso. Ao lado dele, os grandes

Pareceque foi a nobreza da província a primeira beneficiária


da
nerosidadereal. Com efeito, para assegurar a boa administração do
o rei é obrigado a ter um representante munido de poderes alargados
cadanomo. Por outro lado, os Egípcios, profundamente religiosos,
ram conseguir a transmissão das suas funções para o filho maisvelho
pode assim prover ao culto funerário. A herança das funções, queapresenta
já inconvenientespara os postos subalternos, torna-se perigosa quandoe
concedidaao nomarca, que possui quase todos os poderes dentroda sua

província:comando das tropas, direcção das obras públicas,


celeiros reais, exercício da justiça, talvez mesmo o controlo dostemplosdo
nomo e dos seus domínios. Para evitar que os nomarcas ganhassem
siado poder, teria sido necessário mudá-los com frequência; aomanterem
habitualmenteno mesmo posto os governadores, posto que emseguida
eles transmitem ao seu filho mais velho, os reis da 6.a dinastia contnbufram
largamente para a perda da sua autoridade.
O poder real mantém-se bastante forte até cerca de 2260 e conservaa
unidade do país. Os numerosos templos e monumentos deixados porTetie
Pepi I colocam-nos ainda entre os grandes faraós do Egipto. Parecemesmo
que, nos seus primórdios, o papel da nobreza provincial terá sidobenéfico,
Djau, tio materno de Pepi II e nomarca de Tínis, velou pela estabilida•
de do país durante a menoridade do rei, e os governadores de Elefantint
desempenhamum papel preponderante na política externa do Egipto•
da
duranteo longuíssimoreinadode Pepi II o enfraquecimento
parece acelerar-se.

A expansão egípcia. —O acontecimento mais importante da


tia é a expansãoegípcia na Núbia e na Ásia. O Egipto estabelece,
contactos directos ou indirectos com a Asia, a Arábia (Punt), a Áfrical(
atra
gínqua e talvez mesmo com Creta. conhecida
Esta actividade é-nos que
de numerosos textos,
principalmente narrativas autobiográficas 0'
dos reinadosde Pepi I,
Merenré e Pepi II. Os mais importantes

128
ATÉ AO FIM DO IMPÉRIO
O EGIPTO Novo

sob Tcti, Pepi I e Merenré, de Hirkhuf,


Uni,
viveu
c por fim dc Pepinakht, funcionário dccontemporâneode
11, Pepi 11,Estes
c pepi primeiro cm Abido,
cncontt•ados,o os outros dois
cm
tex-
dc Uni fornece informações sob a administraçãoAssuão,
tos narrativa
funcionário sob Teti, Uni torna-se uma grande da di-
pequeno
graças à protecção de Pepi 1. Teve, então, de personali-
Estado fazer frente
especial ao exército a caminho da Asia,
enviado sem dúvidada
meridional.O exército era, então, constituído por
palestina nos nomos e por mercenários núbios e contingentes
formados líbios. Uni, ao
cUípcios estaria encarregado de assegurar o bom
entendimentoentre
queparece, sentido de que elas
tropas e de velar no não cometessemabusos.
Esta
as mais do que conquista, portanto
-- suflida os Egípcios regressam
expedição
território após a destruição de algumas praças-fortes—foi
ao seu seguida
mesmo género. Admite-se geralmente que estas
decincooutrasdo surtidas
chegaram até ao monte Carmelo, na Palestina,
Apósa morte de Pepi I, Uni passou para o serviço de Merenréque o
nomeougovernador do Sul, da primeira catarata até Faium. Nesta altura,
já o reirecebiaapenas uma parte dos recursos provinciais, porquanto Uni
é encarregado do controlo das <<taxasdestinadas à corte». Tinha, além dis-
so,de organizaras expedições que iam procurar, nas pedreiras, as pedras
necessárias para o sarcófago real e para as outras construções.Foi assim
quechegouaté Assuão e ao deserto oriental, em Hatnub. Para facilitar o
transporte da madeira importada do Sul do Egipto, Uni mandoupreparar
cincopassagensnos rápidos da primeira catarata.

Hirkhuf,príncipe de Elefantin'a, pertence à geração seguinte. A maior


parteda sua carreira decorreu sob Pepi II. Ele foi um dos agentes da políti-
caexternada dinastia no Sul. Participara, já com seu pai, numa expedição
a sulda segundacatarata
em território núbio. Depois, retoma sozinhoos
caminhos
do deserto.No decurso de uma terceira e de uma quartaexpe-
dição,penetra
profundamente em África passando pelo deserto sudoestee
pelooásisde
Dakhleh. Regressa pelo Nilo carregado de incenso, de ébano,
depelesde
panteras, de marfim. Traz também um anão, o que enche de
alegriao rei
Africa, no fim
doreinadoainda muito jovem. Esta penetração egípcia em
de Merenré
e no início de Pepi II, é pacífica.
Aolongo
do reinado política evolve em Áfricae,
desdea sua de Pepi II, a situação
guerra:mas-
sacraas primeira expedição, Pepinakht tem de promover a
populaçõesda segunda, regressa
Baixa Núbia e, na sequência da

129
As PRIMEIRAS CIVILIZAÇÕES

rebanhos. As dificuldades no Sul encontram-se


com reféns e do sul, tem de fazer uma incursão no L
regresso
Pepinakht,de vários dos seus bandos. contra
um ou
nos, destruindo um quarto funcionário, governador
do reinado,
No fim
Assuão, de nome sebni, tem de avançar do sul tal
em
Uni, colocado morto na Alta Núbia no
para
decurso de
de seu pai
cura do

com a oferta de terras. E desta forma que os grandes


pensado domínio real: Ibi,
à custa do governador de
privadoscrescem ao seu serviço nomo
recebidos, afectar funerário
graçasaos dons os

tudo estava concentrado à volta


Sob as 4.a e 5.a dinastias da
de além-túmulo: os unicos cemitérios
real, mesmo a vida
do rei que provê às ofertas funerárias.
os que rodeiam a pirâmide sob
dinastia,pelo contrário, as províncias ganham tanta importância
capital. Os títulos da administração central multiplicam-se, o quedenota
um enfraquecimentodo poder, que é ainda agravado pela herança
gos que assegura a independência dos funcionários e
governadoresde províncias. Por isso, quando sobrevém uma crise
tica por morte de Pepi II, a administração de Mênfis já não temosmeios
para superá-la. Acaba por desaparecer, ao que parece, sob o efeitodeuma
revolução social.

2. O Primeiro Período Intermédio


O primeiro Período Intermédio é essa época confusa que separaolm.
pério Antigo do Médio. Estende-se aproximadamente de 2200 a 2040a.C.,
e compreende as dinastias 7.a-10.a, assim como uma parte da II.a. Pan
tomar o seu estudo um pouco mais claro, podemos dividi-lo em trêsfases
a primeira, época de rápida decomposição do regime do ImpérioAntigcl
é marcada por perturbações sociais e invasões estrangeiras. Cobreas
8.adinastias, e dura apenas cerca de quarenta anos. A capitalmantém•se
em Mênfis.
No decurso da segunda fase (9.a-10.a dinastias), os príncipes deHefr
cleópolis conseguem apoderar-se do poder. Segue-se um curto período&

parte do Egipto é ocupada por


estrangeiros; os nomos que permanecerag
independentesbatem-se entre si: uns reconhecem a autoridadede
outros a de Heracleópolis.
Na terceira e última fase
assiste-se ao estabelecimento de uma
dinastiaem Tebas,a II.a,
que depois de ter reinado unicamentesobre)

130
O EGIPTO ATÉ AO FIM DO IMPÉRIO
Novo

do Egipto consegue eliminar a I dinastia


nictadcsul país dc Heracleópolis
0 conjunto do Tebas como e
capital,
a decotnposiçâ() sob as 7.a e 8.
p,fincirafase: dinastiasmenfitas.
das 7 e 9." dinastias é das mais
história obscuras. Trata-se
anarquia dinástica, de um
período de
inclui ainda, ao que parccc,reis aparentados
A 7.adinastia com a di.
con10 Netu•karé II, que talvez fossc filho da quarta
nastiaanterior, história da dinastia e última
dc Pepi II. A é tão confusaque
reis que terialll reinado... setenta dias! Julgou-se Mánetonlhe
atfibui70 durantemuito
inteiramente imaginária;
tempoque era actualmente tem-se a
tendência
nove reis que teriam conservado o
paraatribuir-lhe poder apenasdurante
oito anos.
Os acontecimentos desta época só são conhecidos através de um úni-
co textomas de uma importância capital. Esse texto (as Admonições),só
noschegouatravés de uma cópia tardia, e com falhas,da 19.adinastia.As
informaçõesque fornece, sem ordem lógica aparente, dizem respeito quer
aosacontecimentosexternos quer à situação interna do Egipto.
Do ponto de vista externo, as informações são vagas: dizem-nos, no en-
tanto,que nómadas se infiltraram no Egipto e ocuparam o Delta. A política
de intervençãoegípcia na Asia e na Africa foi abandonadae o poder cen-
traljá não está em condições de enviar expedições ao estrangeiro, as quais,
no entanto,seriam indispensáveis para a prosperidade geral do país.
Perturbaçõessociais parecem ter estado na origem deste enfraqueci-
mentodo poder central. O texto descreve-as com abundânciade pormeno-
res:«ASala do Julgamento, os seus arquivos são açambarcados. As repar-
tiçõespúblicassão violadas e as listas de recenseamentosão arrancadas
[ osfuncionários são assassinados e os seus papéisfurtados.»
Estasviolências antigovernamentais são acompanhadaspor uma com-
pletasubversãosocial: «O porteiro diz: vamos embora e pilhemos [...] os
pobrestornaram-seproprietários das coisas boas l. Portas, colunatas
eparedesestão em chamas [,. .]. O ouro e o lápis-lazúli, aprata e a turque-
sa, a cornalina e
o bronze, ornamentam o pescoço das criadas, ao passo
queas donas de coisa
casa (dizem): Ah!, se ao menos tivéssemosalguma
para comer!»
O texto é, no revolução ou às
entanto, contraditório quanto às causas da pela
suasconsequências foi raptado
políticas. Umas vezes afirma: «O rei país
Populaça • Umpunhado de homens sem lei conseguiu despojar o
da realeza instante.» Outras,
A residência real foi desbaratada num
Pelocontrário, reinasse e interpela-o:
exprime-se como se 0 soberano ainda

131
As PRIMEIRAS CIVIIOZAÇÔES

está contigo, tnas o que tu espalhas através do país,


«Ajustiça
da revolta, é a confusão [.. l, pois, que te
mido esta supondo que 0
rei
substituído por um rei refonnador,
e, depois, idealista,
procurado vão restaurar a ordenl. O rei destrona
co, que teria débil um faraó do
II e 0 seu sucessor da 8
sido inexistente ou corresponderia
seria, pois, apenasao
A 7.adinastia anarquia que se teria seguido à
cotnpleta
curto período de se apoia, infelizmente,
quedado
sedutora não em nenhumarei
Esta
e tem contra ela 0 facto de a 7.a dinastia ter, sem dúvida,
fonte, existido
realmente.
sobre estes acontecimentos é, ao que
O texto que nos informa parece
pensa-se, actualmente, que as perturbações
de origem menfita e
seus arredores, sem atingirem o restodoEgipto
se limitaramà capital e
esperar a descoberta quer de novasfontes
Para clarificar a situação há que
que acabamos de utilizar.
quer de uma melhor cópia do texto

A 8.adinastia, que sucede à 7.a, mantém-se ainda em Mênfis.Apirâmi.


de de um dos seus reis foi encontrada perto da de Pepi II. Gravadosnaspa.
redes do templo de Coptos, decretos promulgados pelos seusúltimosreis
mostram claramente o enfraquecimento da monarquia menfita, quetende
sujeitar-se então a procurar a aliança dos governadores do Alto Egiptopara
poder manter-se no poder: o Império Antigo já está bem longe!
Sob os últimos reis da 8.a dinastia, o Delta está ocupadoporestran.
geiros; o nomo tinita com Abido, tal como o nomo de Elefantina,
portada

Núbia,são independentes;a autoridade real, com a ajuda dos


príncipesde

Coptos,já quase só controla a região menfita e seus arredores.

Segunda fase: As 9. a e IO. a dinastias heracleopo/itanas e as lutaspela


hegemonia.É então que, por volta de 2160, o príncipe de
Heracleópolisse
0
revolta contra o último rei de Mênfis e atribui a si próprio abertamente

título real do Alto e do Baixo Egipto. Esse príncipe é Meribré-Khetir


nhecidopelos antigos como Aktoés e pelos autores modernos como
Com ele começa a 9. adinastia dita heracleopolitana (2160-2130 a.C)'
Menesut—a Heracleópolis dos Gregos, hoje Ahnas-el-Medineh
pital do novo faraó, era já um centro importante no Pré-dinástic0•
bém, desde a Época Tinita, um grande centro religioso onde se
um deus-carneiro,Horquefi. Por fim, a sua situação geográficatal
centro
política contribuíapara assegurar o poder do seu chefe. Está no
uma das mais ricas províncias agrícolas do Médio Egipto,

132
ATÉ AO FIM DO IMPÉRIO Novo
O EGIPTO

do Delta quer dos príncipes


dos asiáticos belicosos
protegida
Vlcfantina. nnonutncntos c as fontes
c dc deixou poucos principaisda sua
dinastia Máneton c o papiro dc Turim. Dos treze
a chegaram reis que
até nós; é bem provável
só cinco que
de Nefcrkaré c Nebkauré
indica que a
monárquica
ligar-se à tmdiçào mcnfita. De resto,
se He-
do faraó, o centro administrativo
é a residência parece ter per-
cni Mênfis.
Illanecidosaibamospoucas coisas dele, Kheti I, o fundador da dinastia,
mal conhecido. Todo o Egipto livre, de Assuão até ao
menos nor-
aindaé o reconhecer a sua autoridade. As fontes não permitem
parece
tcdeMênfis,passava no Delta.
se
sabero que querelas entre nomos, fomes e guerras vêm pertur-
Muito rapidamente
unidade restabelecida por Kheti I e a dinastia desaparece na obscuri-
bara
apóssomente trinta anos de reinado (2160-2130 a. C.).
dade
IO.a dinastia, que se mantém no poder durante perto
Coma chegada da
cerca de 2130 a 2040, conhecemos pelo menos os nomes
deumséculo,de
Heracleopolitana tal como a 9.a,a 10.adinastia
dosprotagonistasdo drama.
primeiroa reinar sobre o conjunto do Egipto não ocupadopelos
continua
mas logo desde o início da sua vigência as nuvens acumulam-
estrangeiros,
-seno Sul, onde príncipes de Tebas com o nome de Antefconsolidaram o
seupoder.Por volta de 2133 recusaram a obediência ao poder heracleopo-
litanoe assumiram o título de reis do Alto e do Baixo Egipto; a dinastia que
elesassimfundam, a 11.a, vai reinar paralelamente, no Sul, à de Heracleó-
polis,noNorte,o que dá o seguinte quadro:

IO.adinastia (2130-2040) II. dinastia (2133-2040)


Meryt-Hathor Sehertauy-Antef I
Nefekaré (2130-2120) (2133-2118)
Wahkaré-Kheti 111 Wahankh-Antef II
(2120-2070) (2117-2068)
Merikaré(2070-2040
aprox.) Anteflll (2068-2060)
X... (alguns
meses) Seankh tawy-Mentuhotep
(2060-2040)

A seguira
2040 a 11.a dinastia fica sozinha no poder.

133
As PRIMARASCIVIIIZAÇÔFS

no SIII por Schertay-Antcf I


A totnada do poder consagra
constituída por duas aldeias na
rio Antigo,Tebas é direita
egípcio lun-tcsyt, onde se levanta 0
templo
deus do Foi na sequência de lutas internas que Tebas
no Sul, se
primeiro plano,
da 8.adinastia, da 7.a, os príncipes,
A
de havialll assunlido a sua independência e já governa d
só norninalh_
te 0 poder dc Mênfis. Tinham 0 seu exército,
0
Entre os mais poderosos desses nomarcas há que mencionar os de
C
durante muito tempo aliados aos reis menfitas, os de Assiut, que
os reis heracleopolitanos, os de Khunu (a Hermópolis grega, act,
nein), sepultados em Sheikh-Said e El-Bersheh, e por fim os
do
Oryx cujos túmulos se encontram em Beni-Hasan. Estes nomos
do
Egipto participarão com frequência, ora de um lado, ora de outro,
nas
que põem em confronto Heracleopolitanos e Tebanos.
A mesma situação se verifica entre os nomos do Sul. Tebas
só setornou
capital do quarto nomo durante a 9.a dinastia e Erment, a
antigacapital,
permaneceu-lhe hostil. O nomo de Heracômpolis (Edfu) devia
à
portância religiosa o facto de desempenhar um papel considerável
nosul,
O mesmo acontecia com o nomo Tínis, com Abido, na fronteira
entreo
Médio e o Alto Egipto, onde o culto de Osíris ganha cada vez
maisimpor.
tância. Estes dois nomos, entre outros, viam com preocupação os
tebanos estenderem a sua autoridade. Tebas foi, pois, obrigada a
lutarcon.
tra um certo número de nomos do Sul que se tinham aliado
entresisoba
autoridade de Hieracômpolis.
Precisamente ainda antes do reinado de Sehertauy-AntefI, Hieracôm.
polis, com a ajuda de Elefantina, vai em socorro de Erment cercada
bas e o território tebano é invadido pelos confederados,
fiéis de resto,sem
dúvida por razões políticas, a Hieracleópolis. Tebas
conseguiu, no entan,
to

vencer a coligação e tornar-se, sob Antef


I, a senhora incontestada doSul
Por volta de 2120, a situação apresenta-se,
portanto, assim: osnomos
do Sul, submetidos desde
Elefantina até Tínis, obedecem a Tebas.Os do

Médio Egipto reconhecem mais


ou menos a suserania de HeracleóP011S'
A Norte de Mênfis, a situação
é confusa e pouco se sabe das relações
Egípcios e nómadas asiáticos
que ocupam o Delta.
Os reinados dos
primeiros reis da 10.a dinastia tal como os da
ocupados na luta pela
hegemonia. Abido constitui mais ou menosa frol'
teira entre as duas
confederações. Kheti III consegue apoderar-se delaIV

134
AO IMPÍPtO Novo
( ) EGIPTO

a
Inas é obrigado abandoná-la, Heraclcópolis,
após este
aceitar a divisio do Egipto em dois reinos
conhecida através de um texto independentes.
à dc testamento pol contemporâneo:
I espécie os
a dc Khcti III
conselhos nulito gerais, o texto contém a
lado dc actualidade: «Manté,n boas alusões claras
aos
da relações com o
de » Sul
os Estes conselhosno sentido
de
Nofle: Kheti restabeleceu aí a autoridade
relaçãoao centralaté
expulsou os nómadas e construiu
braço de Pelusa, cidades fortes onde
ao de impedir o regresso dos invasores. Ele
colonos a fim implora a
instalou mesma política e se mantenha,
filho que siga a portanto, em paz com
seu
Tebas.
fontes de que dispomos não nos permitem saber se Merikaré seguiu
As
conselhosdo pai. Mesmo que tenha havido então um acordo entre o Sul
os
este
Nofte, foi de curta duração. Por morte de Merikaré,os Tebanos
eo O último rei heracleopolitano, cujo nome ignoramos
retomama ofensiva.
Não deve ter reinado senão por alguns meses.
mesmo,é vencido.
Sehertauy-Montuhotep marca o fim do Primeiro Período
A vitóriade
Intermédio.Tal como os primeiros reis tinitas tinham conseguidounificar
tebana restabeleceu uma autoridade única para o
o país, assim a dinastia
do Egipto.A data de 2040 fixa, portanto, o início de uma nova
conjunto
épocada história egípcia.

Terceirafase: A reunificação sob a II. a dinastia tebana. —Graças aos


textosbiográficos,numerosos nesta época, pode fazer-se uma ideia do
modocomose operou a reunificação do Egipto. As lutas internas entre
provínciastransformaram-se, pouco a pouco, em lutas entre confederações
denomos.Alguns nomos do Sul, com medo de Tebas, não hesitaram em
aliar-sea Heracleópolis.Outros, mais prudentes, não tomaram partido;
foramrecompensadospor isso com o reconhecimento dos seus direitos,
quandoTebasassumiu o poder. Os textos reflectem essa instabilidadepo-
lítica.Um dos príncipes de Hermópolis escreve: «Armei as minhas tropas
de recrutase fui ao combate acompanhado da minha cidade Não
haviamais ninguém comigo para além das minhas próprias tropas, ao
passoque
Núbios e Asiáticos, Alto e Baixo Egipto, estavam unidos
contramim.»Com
efeito, os adversários empregavam mercenários, desig-
nadamenteos indígenas da Baixa Núbia. Os «modelos» de Assiut, muitas
vezesreproduzidos, archeirosnúbios,
mostram-nos um desses corpos de
queparticiparam confederações
nas lutas entre nomos. Pouco a pouco, as

135
As PRIMEIRASCIVItv.AÇÔliS

e
estabilizaram-se reduzidasa duas: a do
sul dirigida
, que
até à vitória final de Tebas. lutaratn
Os textos do Pritneiro Período Intermédio fazei
à fome e penúria que resultam da guerra civil. É, porcontinuamente
exemplo ahi
de Hieracômpolis que descreve a tetTíveI fome que deva ,o
Egipto, uma fome tal que houve mesmo, diz ele, casos então stou nothar

d
Outros textos assinalam fomes semelhantes. O mau es
tado
assim como a anarquia política que durava desde 2130 daeconomi(
nos beligerantes, , Conseguiu
tuna certa lassidão que ajudou os
príncipes Cri
apoderarem-se do poder. tebanos!
Os reis heracleopolitanos tinham já dado início, por
seu ladoà
nificação do Egipto recuperando os nomos do Delta. É o
que afirmreli.
Ensinamentosa Merikaré onde Kheti III declara: «No L
este
[...] tudo ia mal [...] e a autoridade que deveria estar num [doDelta]

mãos de dezenas. Agora essas mesmas regiões trazem os seus
impostos,

tributo épago e tu recebes os produtos do Delta. Nafronteira o


cidades
foram implantadas e povoadas com habitantes provenientes das
zonas de todo o país, afim de poderem rechaçar os Asiáticos [...]Fizque
o Delta os castigasse, capturei o seu povo, pilhei o seu gado. Já nãotens
de preocupar-te com o Asiático. »
Assim, quando Sehertauy-Mentuhotep se apodera do reino
litano, graças aos esforços dos reis da IO.a dinastia, o seu poderestende-se
de imediato até às margens do Mediterrâneo.
Para o Sul, a situação é pior conhecida. Pouco antes da quedadeHe.
racleópolis, Tebas controlava a Baixa Núbia pois um dos seuschefes mi.
litares afirma tê-la submetido e os Tebanos serviam-se de tropasnubianas
Consequentemente, em 2040 a.C. o Egipto estende-se da BaixaNúbiaao
Mediterrâneo.Líbio, Núbiosa e Asiáticos são mantidos em respeito eo
país pode levantar-se de novo após o longo período de perturbações
ediy

sensões em que esteve mergulhado.

3. Artes e literatura do fim do Império Antigo e do Primei/()


Período

Intermédio
Conservaas
A civilização egípcia é ainda brilhante sob a 6.a dinastia. ascondi'
Contudo,
qualidades que fizeram a grandeza do Império Antigo.
evolução•
ções políticas novas vão, pouco a pouco, provocar uma
a capital
artísticl

A provincialização da arte. Mênfis continua a ser &

a panir do reinado
do país durante a primeira metade da dinastia, mas,

136
AO IMPÉRIONovo
()

ptávados tornanvsc tão irnportantcs como


os monu-
vea1S.
de Mênfis perde 0 primadoartístico.
Ilicntos
(lotavantc, as suas necrópoles As
cujostúmulos
dc
idades decotados. O estilo destas obras não iguala
a perfeição
nvas ganhatll pitoresco o que perdem em
s a dinastia, requinte,
da dinastia
6.0 citemos uma estatueta em alabastro de Pepi
II
grande estátua de cobre de Pepi I, Esta, encontradaem
Hiera-
criançac a Inafielada sobre um núcleo de madeira. Estava ornada
com
cónipolis,foi tanga em ouro, peruca em lápis-lazúli.
embutidos:
elementos da arte, começada sob Merenré, acentua-se du-
A «provincialização»
Primeiro Período Intermédio. Cada nomo, poderia dizer-se, tem a
ranteo Os artífices destas pequenas cortes de províncianão
artística.
suaescola dos grandes artistas menfistas, mas as suas obras, sobre-
virtuosismo
têmo
pinturas murais, têm, apesar da sua imperícia, uma espontaneidade
tudo
falta,por vezes, às obras do Império Antigo.
que
Período Intermédio forneceu, é claro, poucos monumen-
O Primeiro
a um novo costume funerário, legou-nos muitas estatue-
tosreais. Graças
animais, cheias de vida. As cenas pintadas ou gravadas
tas,humanasou
facto, substituídas por um grande número de figu-
dostúmulossão, de
fim do Império Antigo e generaliza-se
rinhas.Este costume aparece no
De pedra (alabastro ou calcário), ou,
sobo Primeiro Período Intermédio.
na maioria das vezes, de madeira estucada e pintada, estas figurinhas são
destinadasa assegurar ao morto a posse dos bens necessários à vida de
além-túmulo; por isso, incluem um grande número de servas ocupadasa
moero grão, a fabricar cerveja, ou trazendo ofertas, mas também se en-
contrammagarefes abatendo as reses, pescadores, tecelões, marceneiros,
etc.A situaçãopolítica da época traduz-se pela presença de modelosde
soldadosde infantaria armados de lança e escudo,archeiros
soldados:
brandindoos seus arcos e as suas flechas. Estas estatuetassão muitas
vezesde notar apenas pela justeza da postura, mas por vezes são também
verdadeirasobras de arte.
Quandoos Egípcios não podiam assegurar a posse de modelosdeste
género,mandavam pintar no interior do seu sarcófago os objectos indis-
pensáveisà vida do
Além.
Finalmente,vinda do Sul, uma nova categoria de objectos multiplica-
se sobo Período encarregadas
Intermédio: as estelas pintadas ou gravadas,
de assegurar
o que é indispensável ao defunto, que é representado sentado,
sozinhoou pesadamente
acompanhado da sua mulher, diante de uma mesa
carregadade
oferendas tão variadas quanto possível.

137
As PRIMEIRAS CIVILIZAÇÕES

As raras estátuas desta época que se conhecem são


dc
fez incidir todo o seu esforço sobre o rosto e o corpo madeira•
desajeitado. mantém.se

Upnaactividade literária intensa. —O fim do lm


pério
bretudo, 0 Primeiro Período Intermédio conhecem uma Antigo
grande
e
Ptahotep foram, pelo menos coligidas, senão mesmo Djedefhor
compostas, e
Império Antigo. As Ad,nonições, 0 Conto do Camponês
(ou do
0 ntermédio,
um outro texto célebre: 0 Misantropo ou Diálogo do
desesperado
O Conto do Camponês chegou-nos em vários manuscritos
e dá.
uma ideia dos gostos literários dos Egípcios das dinastias
nas. O tema é simples: um camponês do Uadi Natrun, no deserto
«desce» ao Egipto para vender os produtos do oásis.Nas
Heracleópolis, a sua pequena caravana excita a cobiça do
administrad0Q
um grande domínio que deles se apodera. O infeliz «oasiano»vai
a sua causa junto de vários funcionários chegando ao própriorei.0 tema
permite ao autor belos exercícios de estilo, e, de passagem,criticar
rupção e a injustiça que reinam então no Egipto.
Os Ensinamentos a Merikaré, precioso para a história política,
são menos do ponto de vista literário porque nos comunicam
egípcias da educação: «Sê hábil em palavras de modo apoderes dominar.
O poder de um homem é a linguagem. Um discurso é maispoderoso
qualquer combate.» O Misantropo tem um lugar à parte nestaliteratura
O tema é o de um homem desencorajado que é tentado a pôr fim a
que julga detestável. A sua alma insurge-se, primeiro, contrataldecisão,
mas depois dá o seu consentimento. Apesar das suas dificuldadesotexto
soube conservar muito do seu encanto melancólico: «A quemfalareihoje?
Ninguém se lembra do passado; ninguém hoje retribui o bema
quemf0i

bompara ele. A quemfalarei hoje? Já não há justos, a terra está


entregue

aos iníquos. A quemfalarei hoje? Estou submerso sob a miséria,jáÜ


tenhoum amigo a quempossa confiar-me l.
se sente IV
A Morte está hoje diante de mim, como quando um doente
uma«
lhor de repente, como quando vagueamos pelos caminhos após
incenso
doença. A Morte está hoje diante de mim como o odor do
um
Como uma aberta no céu após a tempestade. Como quando
aspira ao seu lar após anos de cativeiro.»

138
AO FIM DO IMPÉRIO Novo
O EGIPTO ATÉ

nova religião
uma teve também profundas repercussões
4 para do Império Antigo sobre
queda primeiro período Intermédio, os particulares
sob o apropriaram-
religião. e pouco, das prenogativas funerárias reais, tais como estão
a ouco Textosdas Pirá,nides. Tornam-se, no Além,
nos reis em po-
escrever esses textos nas paredes interiores dos seus sarcó-
fazendo do Império Menfita favoreceu
têncla outro lado, o desaparecimento o
por provinciais. Deuses obscuros ou pouco conhecidossob
aos cultos
ganham uma importância inesperada, tais como Upuaut
Império Antigo
Elefantina, e sobretudo Montu de Tebas, que, após a
Khnum de
deAssillt, se torna num dos grandes deuses do Egipto por assimilação
Sul,
vitóriado Além destas mudanças e daquilo a que pôde chamar-sea
o deus Rã.
«democratização» da religião funerária, é preciso notar também o desen-
da religião osiriana durante o Primeiro Período Intermédio.
volvimento
cultode Osíris é atestado desde a época arcaica. Dentro dos grandes
O
teológicos. Osíris figura juntamente com Isis entre os casais divi-
sistemas
estãona origem do mundo. Herói divinizado, a sua morte trágica
nosque
a sua ressurreição no mundo subterrâneo do Além fizeram dele o
e, depois,
excelência. A este título tem, de resto, um lugar impor-
deusdosmortospor
Pirâmides. Contudo, aos olhos dos teólogos menfitas
tantenosTextosdas
ouheliopolitanos a sua importância não poderia comparar-se à do deus-sol
heracleopolitana, Osíris torna-se, pouco a pouco,
Rã.Como fim da época
já não se fazem tanto a
o «grandedeus»,e doravante as peregrinações
como a Abido onde se supõe que Osíris tivesse o seu túmulo
Heliópolis
principal.Todoo Egípcio deseja ser enterrado perto do templo do deus, ou,
pelomenos,deixaruma marca da sua passagem em Abido. E essa a origem
denumerosíssimas estelas encontradas no recinto sagrado. Abido torna-se
o grandecentroreligioso do Egipto, o que explica a obstinação dos Hera-
e dos Tebanos em assegurar a sua posse.
cleopolitanos
O papelassumido por Osíris na religião, a partir do fim do Império An-
tigo,é acompanhadopor uma evolução da moral. As ideias de justiça e de
caridadeespalham-see particularmente a crença de que as nossas acçõesna
Terraserãojulgadas morto
após a morte. E verdade que o julgamento do rei
já existenos Textos o rei
das Pirâmides: para ser admitido no círculo de Rã,
temdeestar«puro», deve ser
isto é, ter passado pelos ritos de purificação,
«justo»,
emsentidojurídico mais do «comple-
que moral, enfim, deve estar
to»,
ou seja,o seu de
corpo tem de estar intacto. O «passador», encarregado
fazeratravessar por
0 lago que intercepta a enfrada do Além, certifica-se,
meiodeperguntas, em
O rei,
de que todas estas condições estão preenchidas.
princípio,
só podepassar
se as suas respostas forem satisfatórias.

139
As PRIMEIRAS CIVILIZAÇÕES

Intermédio desenvolve
O Primeiro Período
Estas crenças desembocarão pouco ala
a todos os homens. a

Osíris, assistido dos deuses dc todos os nomos. Quando


por o
seu coração é colocado no prato de uma
parece, o balança,
plunna, (Ia deusa Mat, deusa da
no outro justiça e
I e Anúbis, prosélitos dc da
Thot, deus da escrita, Osíris,
peso de que os pratos da balança
de que equilibram
é «justificado», caso contrário, é
atinnativo 0 entregue
dc
de cabeça crocodilo c corpo de
funerários do Império Novo
as ilutninurasdos papiros representam
a intervir. O epíteto osiriano de
da balança, pronto «Justificado»a'Peno
aos notnes de 11101tos, só aparece no meio da 11.0 dinastia,
masé
que as ideias que estão na sua origem se desenvolveram entre o fimseguro
e o finl da 10.adinastia. Para ser «justo» o Egípcio devia, acimade
praticar a caridade, o que dá origem às afirmações expressasnas
«Dei pão ao que tinha fome, água ao que tinha sede, roupa a quem
estelas

nu. Protegi a viúva e o órfão.»


Esta atitude para com o próximo, que resulta talvez das condiçõeu
Egipto na época intermédia, encontra-se nos Ensinamentos a
«Não sejas maldoso, é bom ser benevolente. Procede de maneira
lembrança dure graças a amor que inspiras [.. .]. Faz ajustiça enquanto
estiveres sobre a Terra. Consola o aflito, não oprimas a viúva,nãopri}$
um homem dos bens de seu pai.» Estas fórmulas multiplicam-se,as
de justiça e de humanidade que elas exprimem estão presentesemtodo
o lado nos textos. Um nomarca glorifica-se, em tempos de fome,porte:
alimentado não apenas os habitantes do seu nomo, mas tambémos dos

nomos vizinhos.
Mais altruísta que a moral das civilizações vizinhas, a do Egiptodecor.
re directamente do espírito religioso que então reina: «Constróimonumelh
tos para os deuses. Eles asseguram a sobrevivência do nome daqueleque
constrói para eles. Um homem devefazer o que aproveita à Sitaalma[.,.l,
Frequenta os templos, celebra os mistérios, entra nos santuários[...].Sé
piedoso. Certifica-te de que as oferendas são feitas [...]. Deusconhece
aquele que age para ele.»

Se a reunificação do Egipto pelos Tebanos pode comparar-seà unifi•


cação do Vale pelos faraós tinitas, há, no entanto, diferenças. O Impéno
Antigo deixou nos espíritos a lembrança de uma época de ordeme degran•
deza à qual as pessoas gostarão de referir-se, e que servirá de

140
DO IMPÉRIO Novo
ATÉ AO FIM
O EGIPTO

Heracleópolis, os reis tebanos foram


vencer muita
os outros nomos; por isso, em
conciliar-secom muito
a dinastia triunfante o poder
conservam sob qu
0 fim da 6.a dinastia. Só em meados da 12.adinasti
desde
desempenhara até então apenas um papel bas
exército,
na c a Merikaré que dão uma ideia
apagado Ensinamentos deste
aindaos
dos teus jovens soldados, aconselha Kheti 111,e
numeroso l.. .1. Aumenta 0 número dos teus
campos, recompensa-os dando-lhes gado t.. .1.»
dá-lhes
, .l, bem treinadas no combate pelas lutas
suas «classes»
possuíaas se se juntarem ao exército
Intermédio. indígenaos
período
líbios, vê-se que força em potência estava à disposi-
núbiose
um Egipto de novo unificado.
de
do chegada de Nebhepet-Rá-Mentuhotep, o Egipto sai
Assim,com a sofridas sob o Primeiro Período Intermédio.
das provações
ffansformado mãos o poder militar e político que vai permitir-
têm nas
osfaraóstebanos seu controlo sobre o Egipto e, depois, estabelecer
primeiro, o
afirmar,
-lhes dos países vizinhos do Egipto.
uma parte
egípcia sobre
ahegemonia

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