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Introdução

Este Trabalho cujo o tema é as fontes escritas anteriores, no final do século XV falara de uma
forma resumida que diz respeito ao tema, e princípio do século XVI, ocorreram
transformações no carácter, proveniência e volume das fontes escritas para a história da
África. Observa-se, em relação ao período precedente, um certo número de novas tendências
na produção desse material.
Devido a essa distribuição irregular dos materiais em relação tanto a espaço, tempo e carácter,
quanto a sua origem e língua, é preferível examiná-los sob diferentes critérios ao invés de
adoptar um único procedimento. Nós os apresentaremos, em alguns casos, de acordo com as
regiões geográficas, em outros, de acordo com suas origens e carácter.

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As Fontes Escritas Anteriores ao Século XV
Para H. Djait (2010) afirma que:

A noção de fonte escrita é tão ampla que chega a se tornar ambígua. Se entendemos como escrito tudo
o que serve para registar a voz e o som, seremos forçados então a incluir no testemunho escrito as
inscrições gravadas na pedra, disco, moeda… em suma, toda mensagem que fixa a linguagem e o
pensamento, independentemente de seu suporte, Portanto, restringiremos nossa investigação ao que é
traçado ou impresso em signos convencionais sobre qualquer tipo de suporte: papiro, pergaminho,
osso, papel. Trata-se, já, de um imenso campo de pesquisas e de reflexões: primeiramente, porque
cobre um período que começa com a invenção da escrita e termina no limiar dos Tempos Modernos
(século XV); depois, porque abrange um continente inteiro, com diversas civilizações justapostas e
sucessivas; e, por fim, porque as fontes são de línguas, tradições culturais e tipos diferentes (p. 76).

Neste contexto, percebe-se que até no século XV as fontes escritas da nossa história só era
possível encontrar em papiros, percaminhos ou mesmo gravados em pedras das montanhas e
nos ossos que os antepassados deixavam para trás. No entanto, a análise feita acerca das
fontes escritas antes do século XV, pode-se sustentar que essas fontes na verdade eram
deixadas por antepassados sem algum propósito científico, simplesmente faziam esses
desenhos em forma de escrita, que hoje considera-se fontes históricas.

Problemas gerais

Segundo, H. Djait (2010) afirma que:

Não existe até o momento, nenhum estudo do conjunto das fontes escritas da história da África. Por
razões de especialização cronológica ou regional, os raros estudos realizados têm sido associados a
campos específicos da pesquisa científica. Assim, o Egipto faraónico é domínio do egiptólogo, o
Egipto ptolomaico e romano, do classicista, o Egipto muçulmano do islamista: três períodos, três
especialidades, das quais apenas uma se origina do que é especificamente egípcio; as outras duas
navegam em órbitas mais vastas (o mundo clássico, o Islã). O mesmo acontece com o Magreb, ainda
que o especialista em civilização púnica seja ao mesmo tempo um orientalista e um classicista, e que o
estudioso da civilização berbere seja marginal e inclassificável. O domínio da África negra, também
variado, abrange diferentes línguas e especialidades: há fontes clássicas, árabes e fontes propriamente
africanas. Mas, embora encontremos a mesma trilogia do norte do Saara, aqui ela não tem nem a
mesma amplidão nem significação análoga. Existe uma imensa área onde, antes do século XV,
inexiste fonte escrita; ocorre também que determinada fonte árabe, de segunda ordem para o Magreb,
por exemplo, adquire importância capital para a bacia do Níger, (p. 78).

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Portanto, essas limitações e interferências acima referidas pelo autor se traduzem a estrutura
objectiva da história da África, pois tem uma estrutura tão frágil e fragmentada, por outro
lado, constitui a orientação da ciência histórica moderna desde o século XIX. Desta forma,
pode ser considerado um facto que o Egipto foi integrado ao mundo helenístico, ao Império
Romano, a Bizâncio e que, convertido ao Islã, se tornou um foco radiante, para a história
africana e para as fontes escritas surgidas antes do século XV. De acordo com o mesmo autor
pode se perceber que no que concerne a áfrica negra há vestígios de fontes clássicas, árabes e
fontes propriamente africanas, que são por um certo ponto, utensílios domésticos, ossos e pedras com
gravações de símbolos que descrevem os factos vividos. Os europeu em suas descrições históricas
consideram que a história africana é uma ilustração da história Romana, por isso, pode se dizer que a
história africana não existe, mas todos sabem que isso não é verdade, a áfrica é um continente único,
com traços históricos únicos. Diz-se também que o negro ou seja a raça negra é de origem africana,
então esse é um dos factos que a africana única e que deixa seus traços em todo o mundo.

O problema da periodização

A periodização é um problema que se notou nas fontes escritas antes do século XV, pois que
se via são apenas alguns símbolos mas nenhuma data consta naquelas gravações encontradas.
Estas fontes simplesmente sustentam a existência do homem e as actividade que realizava
durante as suas aventuras. Todavia, as fontes antigas e medievais caracterizam-se por sua
escrita literária; são testemunhos conscientes em sua maioria, e eram caracterizados por anais,
crónicas, viagens ou geografias. Mas só no século XV, tornam-se abundantes as fontes
arquivísticas, que são testemunhos inconscientes. Por outro lado, se até então a predominância
era de textos “clássicos” e árabes, a partir do século XV as fontes árabes esgotam-se, e
passamos a encontrar evidências de diferentes origens: o documento europeu (italiano,
português, etc.) e, para a África negra, o documento autóctone. Mas essa mudança de natureza
e de procedência das fontes traduz também uma mutação no destino histórico real da África.
Antes do século XV não havia textos taxativamente escritos.

O século XV é o século da expansão europeia, os portugueses chegam às costas da África


negra em 1434; vinte anos antes (1415), já haviam se estabelecido em Sebta (Ceuta). No que
diz respeito à orla mediterrânica e islâmica da África (Magreb, Egito), entretanto, a ruptura
entre duas idades históricas já aparece no século XIV, quando essa região sentia os efeitos da
lenta expansão do Ocidente assim como a acção de forças internas de decomposição. Mas o

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século XV foi decisivo porque esgotou as fontes extremo-orientais do comércio muçulmano,
determinando, assim, o fim de seu papel intercontinental.

Áreas etnoculturais e tipos de fontes

A classificação das fontes por períodos históricos não basta por si só. Convém levarmos em
conta a articulação da África em áreas etnoculturais, cuja caracterização resulta de uma
conjugação de factores, e a própria tipologia das fontes disponíveis, que se coloca além dos
períodos históricos e das diferenciações espaciais.

Áreas etnoculturais

Ao examinar o primeiro ponto, seríamos tentados desde logo a fazer uma distinção elementar
entre a África ao norte do Saara – África branca, arabeizada e islamizada, profundamente
tocada pelas civilizações mediterrânicas e por isso mesmo desafricanizada – e a África ao sul
do Saara, negra, plenamente africana, dotada de uma irredutível especificidade etno-histórica.
O Sudão senegalês e nigeriano, por exemplo, viveu em simbiose com o Magreb árabe -
berbere e, do ponto de vista das fontes, está muito mais próximo do Magreb que do mundo
bantu. Acontece o mesmo com o Sudão nilótico em relação ao Egipto, e com o chifre oriental
da África em relação ao sul da Arábia. Assim somos tentados a opor uma África
mediterrânica, desértica e de savana, incluindo o Magreb, o Egipto, os dois Sudões, a Etiópia,
o chifre da África e a costa oriental até Zanzibar, a uma outra África “animista”, tropical e
equatorial – bacia do Congo, costa guineense, área do Zambeze -Limpopo, região
interlacustre e, finalmente, a África do Sul.

Esse fato de civilização é confirmado pelo estado das fontes escritas, que opõem uma África
bem servida de documentos – com gradações norte-sul – a uma África completamente
desprovida deles, ao menos no período em estudo. Mas a dupla consideração da abertura para
o exterior e do estado das fontes escritas corre o risco de permitir julgamentos de valor e de
ocultar sob o véu da obscuridade quase metade da África (central e meridional). Muitos
historiadores já chamaram a atenção para o risco do “recurso às fontes árabes”, que poderia
fazer crer, pela ênfase dada à zona sudanesa, que tenha sido esta região o único centro de uma
civilização e de um Estado organizados. Voltaremos a esse ponto mais tarde. Contudo,
reconheçamos desde já que, se há relação entre o estado de uma civilização e o estado das
fontes, essa relação jamais poderia explicar completamente o movimento da história real. O

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historiador objectivo não tem o direito de fazer julgamentos de valor com base nos
documentos de que dispõe, mas também não deve negligenciar seu potencial informativo sob
pretexto de que podem induzi-lo a erro.

Se uma história geral, que abrange a totalidade do período histórico, apoiando- -se em todos
os documentos disponíveis pode atribuir tanta importância à bacia do Zaire quanto à do Níger
ou ao Egipto, um estudo que se limite às fontes escritas até o século XV não poderia fazê-lo.
Considerando todas estas observações, podemos operar a seguinte estruturação regional:

a) Egipto, Cirenaica, Sudão nilótico;

b) Magreb, incluindo a franja norte do Saara, as zonas do extremo ocidente, a Tripolitânia e o


Fezzan;

c) Sudão ocidental, no sentido amplo, isto é, até o lago Chade em direcção a leste e incluindo
o sul do Saara;

d) Etiópia, Eritreia, chifre oriental e costa oriental;

e) O resto da África, ou seja, o golfo da Guiné, a África central e o sul da África.

Tipos de Fontes

Fontes narrativas

 Crónicas e anais;
 Obras de geografia, relatos de viagens, obras de naturalistas;
 Obras jurídicas e religiosas, como tratados de direito canónico, livros santos ou
hagiografias;
 Obras propriamente literárias.

Fontes arquivísticas

 Documentos particulares: cartas familiares, correspondência comercial, etc.


 Documentos oficiais oriundos do Estado ou de seus representantes: correspondência
oficial, decretos, cartas-patente, textos legislativos e fiscais;
 Documentos jurídico -religiosos.

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Devemos observar que as fontes narrativas começam no século VIII antes da Era Cristã, com
Homero, e compreendem um número considerável de obras -primas do espírito e do saber
humanos. Entre os autores, encontramos grandes nomes, que, embora, em sua maioria, não
tratem especificamente da África, concedem-lhe um lugar mais ou menos importante dentro
de uma perspectiva mais ampla. Entre esses nomes figuram: Heródoto, Políbio, Plínio, o
Velho, Ptolomeu, Procópio, Khwarizmi, Mas’udi, Jahiz, Ibn Khaldun. A documentação
arquivística é a mais antiga do mundo: se os papiros de Ravena são os mais antigos registros
arquivísticos conservados na Europa, datando do início do século VI da Era Cristã, os papiros
do Novo Império egípcio lhes são anteriores em vinte séculos. É verdade que, na primeira
Idade Islâmica, esse tipo de testemunho não ultrapassou os limites do Egipto, tendo conhecido
uma expansão relativamente pequena até o fim de nosso período, o que talvez se possa
explicar pelo fato de a civilização islâmica medieval ter praticamente ignorado o princípio da
conservação de documentos de Estado. Dos séculos XIV e XV, o período mais rico em peças
de arquivos, o que chega até nós são sobretudo obras enciclopédicas. É somente na época
moderna, otomana e europeia, que se constituem os depósitos de arquivos propriamente ditos.

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Conclusão

Não seria exacto pensar que o estado das fontes escritas do continente africano antes do
século XV seja de extrema pobreza, mas a verdade é que, no conjunto, a África é menos
provida que a Europa e a Ásia. Uma exploração rigorosa e atenta desses textos ainda pode
contribuir muito, embora não se possam esperar grandes descobertas. É preciso que nos
dediquemos com urgência a todo um trabalho de crítica textual, de reedição, de confrontação
e de tradução, já iniciado por alguns pioneiros e que deve ser continuado.
Por outro lado, ainda que nossas fontes tenham sido redigidas no quadro de culturas
“universais”, cujo ponto focal se situa fora da África – culturas “clássicas”, cultura islâmica –
têm a vantagem de ser em sua maioria comuns a todos podendo ser lidas numa perspectiva
africana. Essas fontes valorizam uma certa solidariedade de comunicação africana, à qual, até
agora, islamitas e africanistas nem sempre têm se mostrado sensíveis.

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Biblioteca

ADAMS, W. Y. 1964. “Post-Pharaonic Nubia in the light of archaeology”. JEA, 50 (28)1 .


AGUESSY, M. 1972. “Traditions orales et structu

DJAIT, H. As fontes escritas anteriores ao século XV. In: História geral da África, I:


Metodologia e pré-história da África. 2.ed – Brasília: UNESCO, 2010.

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