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Nelson Aníbal Paulino

História de Moçambique do século XIX a 1ª Metade do Sec. XX

Actividade 2

Tema: A instalação da administração colonial e institucionalização da


legislação laboral

Docente: Dr. José Sumburane

UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA DE MAPUTO

Faculdade das Ciências Sociais e Filosóficas

Departamento de História

Maputo,10 de Março de 2023


FICHA DE LEITURA

UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA DE MAPUTO

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E FILOSOFIA

CURSO: Licenciatura Em Ensino De História Com Habilitações para ensino de


Geografia

Disciplina: História de Moçambique do século XIX a 1ª Metade do Sec. XX

Estudante: Nelson Aníbal Paulino

1- DADOS GERAIS DA OBRA

Nome do autor: Malyn Newitt

Titulo completo da obra: História de Moçambique

Data da 1ª Edição:

Número de Páginas: Leitura realizada nas páginas: (338 a 341)

2- SÍNTESE DO TEXTO LIDO

A reorganização da administração após 1890

Até à década de 1880, a política colonial baseara-se em vários pressupostos, sendo o


mais importante uma espécie de doutrina liberal assimilacionista: na medida do
possível, as colónias deveriam ser tratadas como membros da metrópole, seriam
aplicadas as leis metropolitanas, alargados os direitos cívicos; prosseguidas as políticas
económicas liberais e liberalizado o regime laboral.

A geração de funcionários coloniais que seguiu Enes até Moçambique pretendia uma
reapreciação radical. A sua abordagem foi condensada por Enes e Mouzinho de
Albuquerque.

Mouzinho pretendia uma muito maior independência para as colónias; os governadores


deveriam ter mais autoridade para agir e controlar todos os agentes governamentais dali;
o governador colonial deveria possuir uma maior independência financeira de Lisboa e
controlar o seu orçamento; a mania de assimilação devia terminar e as colónias
conseguirem introduzirem uma legislação adequada as necessidades locais. Mouzinho
admirava muito os Ingleses e não escondia a sua vontade de imitar o desenvolvimento
das colónias britânicas em África. Mas reconheceu que para alcançar estes objectivos,
seria necessário fortalecer as finanças coloniais e isso veio a constituir a sua principal
prioridade. Foram tomadas medidas para modernizar e fortalecer a administração
colonial. Em 1891-2.

António Enes responsável pela nova lei dos prazos de 1890, foi enviado a Moçambique
a fim de recomendar mudanças administrativas uma missão que o levou a publicar, em
1893, o seu estudo altamente influente intitulado Moçambique. Em 1894, foi criado o
cargo de alto-comissário, equiparado a categoria de ministro, para chefiar o governo e
resolver a emergência criada pela insurreição no Sul. Foram nomeados dois destes
dignitários, o próprio Enes o próprio (1894-5) e Mouzinho de Albuquerque (1896-7), e
juntos iniciaram uma politica seguida pelos seus sucessores, de política, fortalecimento
do governo colonial. Em face dos Tratados com a Grã-Bretanha, a jurisdição dos vários
presídios teve de ser reorganizada.

Moçambique passou a ter duas províncias separadas pelo Zambeze e chamadas


Moçambique e Lourenço Marques, segundo as principais cidades portuguesas. Cada
província estava dividida em distritos. Na província de Moçambique, os distritos eram Cabo
Delgado (que coincidia com a concessão da Companhia do Niassa), Moçambique (passou a
abranger o distrito de Angoche em 1893) e Zambézia (incluindo os dois antigos distritos de
Tete e Zumbo); na província de Lourenço Marques. Inhambane, Gaza (transformado em
distrito militar em Dezembro de 1895) e Manica e Sofala. que coincidiam com o território da

Companhia de Moçambique." Em 1902, na sequência da reconquista do Barué e da sua


transferência do controlo da Companhia de Moçambique para o do estado, a Zambézia foi
dividida e criou-se um novo distrito de Tete." Como vimos, as concessões atribuídas às
companhias obrigavam à pacificação, ao desenvolvimento económico e à administração
dentro da área das suas concessões. Cada distrito possuía o seu próprio governador e conselho
administrativo.

Um decreto de 20 de Fevereiro de 1894 criou sete distritos judiciais (comarcas),


correspondentes às divisões administrativas, à excepção das duas comarcas, sediadas na Beira
e em Masekesa, que foram criadas para o território da Companhia de Moçambique. Foram
também publicadas as estruturas legais para a saúde e a educação.
As duas operações militares melhores sucedidas foram a conquista e incorporação de Gaza em
1895-7 e do Barué em 1902. introduziu-se um imposto por palhota (ou na Zambézia o mussoco
mais tradicional, imposto per capita), que subiu gradualmente, até atingir os 1200 réis em
1894, e por fim para 4500 réis (o equivalente, na época, a l libra esterlina) em 1906. por Freire
de Andrade.

Em Dezembro de 1895, Enes dividira o território do Distrito de Lourenço Marques em cinco


circunscrições, cada uma com o seu administrador.

Outra mudança significativa foi a designação de Lourenço Marques como capital em 1902 com
o desenvolvimento das ligações económicas com a África do Sul, a Ilha de Moçambique
perdera a sua relevância económica, geograficamente, encontrava-se demasia afastada de
todas as regiões meridionais mais importantes.

Legislação laboral: um epitáfio para António Enes

Entre 1897e 1899, foi colocada uma outra pedra no novo estado colonial. Em 1897, a
República da África do Sul e Moçambique formalizaram acordos para o recrutamento e
circulação de operários para as minas de ouro, e em 1899 Enes, agora de regresso a Lisboa,
introduziu a sua nova lei laboral colonial, que foi vista como um marco de mudança
fundamental no rumo da política colonial.

Mouzinho demitira-se de comissário-régio ao serem-lhe recusados os plenos poderes que


ambicionava. Contudo, com alei laboral de 1899, enterraram-se definitivamente os velhos
princípios liberais de integração colonial. A partir deste momento, a lei reconhecia duas classes
de cidadão os, indígenas e não-indígenas. Os não-indígenas teriam todos os direitos de
cidadania dos Portugueses viveriam ao abrigo da lei metropolitana, enquanto que os indígenas
seriam administrados formal mente pelo direito africano e pelas leis específicas de cada
colónia. Em nenhum campo se revelou tão importante quanto no do trabalho e da
obrigatoriedade fiscal.

Entre 1850e 1888, verificou-se uma liberalização progressiva das leis laborais coloniais.

Em I858, decretou-se a abolição da escravatura para dali a vinte anos, em 1878. Em 1869,
decidiu-se formalmente a abolição da escravatura, sendo substituída pelo estatuto intermédio
de liberto, em que o ex-escravo era contratado para trabalhar para o seu antigo dono até
1878.
Depois, em 1875, como parte dos esforços de Andrade Corvo para promover o comércio livre
com desenvolvimento comercial, o estatuto de liberto acabou também, mas o liberto iria
manter contratado pelo seu antigo empregador até 1878.

O que modificou esta atitude liberal foi a percepção de que a agricultura em regime de
plantação constituía a única forma realista de atrair capital para África, e sem mão-de-obra
barata não haveria motivo para investir em Moçambique. A comissão dos prazos considerou,
em 1888, que os Africanos teriam de pagar com trabalho a sua parte nos impostos, e esta
proposta foi inserida na lei dos prazos de 1890. Em 1894, pela primeira vez, foi introduzido

o trabalho correccional, através do qual os Africanos que infringissem qualquer lei seriam
obrigados ao cumprimento da pena com trabalho.

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