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DIDÁTICA
DIDÁTICA
ISBN 978-85-68075-35-7
9 788568 075357
Didática
Didática
Edilaine Vagula
Ana Clarisse Alencar Barbosa
Mônica Maria Baruffi
Rosely Cardoso Montagnini
© 2014 by Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e
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e Distribuidora Educacional S.A.
Vagula, Edilaine
V126d Didática / Edilaine Vagula, Ana Clarisse Alencar Barbosa,
Mônica Maria Baruffi, Rosely Cardoso Montagnini. – Londrina:
Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2014.
p. 184
ISBN 978-85-68075-35-7
CDD 370.1
Sumário
Objetivos de aprendizagem:
Compreender o papel da Didática em diversos períodos da his-
tória, relacionando com as Tendências Pedagógicas.
Classificar as Tendências Pedagógicas, identificando pressupostos
teóricos que embasam o trabalho docente.
Identificar as Tendências Pedagógicas e seus pressupostos peda-
gógicos, diante do fenômeno educacional.
Introdução ao estudo
Querido(a) aluno(a), é com alegria que escrevi esta unidade para você. Meu
objetivo é dar o suporte teórico para que possa dar aulas mais interessantes e
sentir-se realizado(a). Você já pensou como seria sua atuação em sala de aula
se não houvesse a organização do trabalho pedagógico?
É muito bom iniciar o trabalho sabendo que você venceu mais uma etapa.
Um abraço e boa caminhada! Dedicação e esforço nos conduzem aos objetivos
que tanto esperamos! A unidade contribui com a formação de professores possi-
bilitando o aprofundamento das Tendências Pedagógicas que subsidiaram a evo-
lução da Didática, possibilitando o encaminhamento para a profissionalização.
As Tendências Pedagógicas orientam o trabalho cotidiano do professor,
seus conhecimentos estão baseados em um saber científico e prático, um saber
especializado, pois caracteriza os conhecimentos necessários para o exercício
de uma profissão em diversos período da educação brasileira.
Sou uma professora plenamente realizada, tenho prazer em ensinar e tenho
a certeza de ter escolhido a profissão certa, contudo, não deixo de enfrentar
desafios, mas é no cotidiano da sala de aula que encontro alternativas e pos-
sibilidades para construir a formação de um profissional competente, que
possa mobilizar ações que possibilitem a busca do novo e a transformação
dos espaços educativos.
Espero que você aproveite ao máximo e se dedique ao estudo desta
unidade, na qual realizamos uma breve retrospectiva histórica da Didática,
acompanhando sua evolução, a partir das Tendências Pedagógicas Liberais e
Progressistas.
Quero que você, colocando-se diante dos modelos de educação apresen-
tados nas pedagogias liberais e progressistas, possa se situar teoricamente e
entender melhor sua postura em sala de aula, ou mesmo refletir sobre os di-
versos professores que você conheceu na sua trajetória acadêmica. A Didática
compreende a articulação entre ensino e sociedade, buscando a compreensão
de qual concepção de homem e sociedade fundamenta determinada forma
de organizar os objetivos, os conteúdos, os procedimentos, os recursos e a
avaliação da aprendizagem.
Te n d ê n c i a s p e d a g ó g i c a s e e d u c a ç ã o 3
Para a vertente religiosa, tem sido o homem feito por Deus à sua imagem e
semelhança, a essência humana é considerada, pois criação divina. Em conse-
quência, o homem “[...] deve empenhar-se em atingir a perfeição humana na
vida natural, para fazer por merecer a dádiva da vida sobrenatural” (SAVIANI,
2010, p. 58).
O período jesuítico foi marcado por “[...] formas dogmáticas de pensa-
mento, [onde] privilegiavam e exercício da memória e o desenvolvimento do
raciocínio” (VEIGA, 2010, p. 26).
Em 1759, ocorre a expulsão dos jesuítas do Brasil pelo marquês de Pombal,
que defendeu uma educação laica influenciada pelo Iluminismo, incorporando
o ideário iluminista. Este segundo período (1759-1932) foi marcado pela pe-
Te n d ê n c i a s p e d a g ó g i c a s e e d u c a ç ã o 5
A pedagogia crítica implica, de acordo com Saviani (2008), ver com trans-
parência os determinantes sociais da educação, posicionamento do professor
em relação às contradições para direcionar-se de forma adequada em relação
as questões educacionais.
Atividades de aprendizagem
1. Compare as tendências liberais e progressistas e sintetize suas prin-
cipais ideias.
2. Leia o texto abaixo de Paulo Freire e elabore uma frase que expresse
sua concepção sobre a escola.
A escola
Escola é... o lugar onde se faz amigos, não se trata só de prédios, salas,
quadros, programas, horários, conceitos... Escola é, sobretudo, gente,
gente que trabalha, que estuda, que se alegra, se conhece, se estima.
O diretor é gente, o coordenador é gente, o professor é gente, cada
funcionário é gente. E a escola será cada vez melhor na medida em
que cada um se compromete como colega, amigo, irmão. Nada de
ilha cercada de gente por todos os lados.
20 didÁTiCA
A escola tecnicista, que reflete uma nova política educacional, faz com
que a instrumentalização do ensino se torne mais evidente, com ênfase no
planejamento de ensino, nas questões metodológicas, nos objetivos de ensino,
na seleção de conteúdos e nas técnicas mais eficazes.
O professor passa ser um executor do planejamento de ensino, que foi idea-
lizado e construído por especialistas. No final da década de 1970, a dimensão
tecnicista atinge seu período de maior influência, enfatizando a tecnologia edu-
cacional. Posteriormente, com a influência das teorias crítico-reprodutivista da
educação, as condições econômicas e sociais do país e o modelo de educação
passam a ser questionados.
Surgem novos ideários pedagógicos, e Freire se destaca com sua Pedagogia
Libertadora, com uma educação com fins políticos, e sua proposta assentada
no diálogo, tendo o professor como orientador e o aluno como agente de
mudanças.
A Didática na visão da Pedagogia Histórica-Crítica, assentada em uma
concepção dialética de educação, salienta a necessidade de ir além dos méto-
dos e técnicas e possibilitar a reflexão sistemática sobre o processo de ensino-
-aprendizagem e a prática educativa.
Passou a assumir um papel importante na formação de professores, não se
limitando ao ensino de meios e mecanismos pelos quais desenvolve o processo
26 didÁTiCA
Atividades de aprendizagem
1. Defina o que é Didática e relate sobre sua importância na formação
de professores, analisando a relação teoria e prática.
2. Aponte 5 características do bom professor e 5 características do bom
aluno, enumere por grau de importância, sendo 1 para a mais impor-
tante e 5 para a menos importante, depois, justifique sua classificação.
Fique ligado!
A unidade situou a Didática no processo de formação de professores,
discutindo sua relação com as Tendências Pedagógicas, no sentido de
compreender seu objeto de estudo, ou seja, o ensinar e o aprender, a partir
de sua trajetória histórica. Discutindo o processo ensino e aprendizagem,
a Didática elabora diretrizes que possibilitam a mediação escolar.
As tendências progressistas apontam para a necessidade da construção
de espaço escolar de forma dialógica, na qual o confronto enriquece a
ação por meio de uma prática pedagógica que compreenda e construa um
sujeito histórico, inserido numa realidade dinâmica, articulado à dimensão
sociocultural. Conhecer as tendências pedagógicas possibilita ao professor
compreender os pressupostos teóricos sobre o ensino e a aprendizagem
que permearam o pensamento pedagógico brasileiro ao longo da história.
D) 3 – 5 – 6 – 2 – 1 – 4
E) 5 – 6 – 4 – 3 – 2 – 1
4. Sobre o percurso histórico da Didática enquanto campo de conheci-
mento, é CORRETO afirmar que:
a) O campo de conhecimento da Didática surge sob a influência das
ideias de Comênio, centradas na importância de desconsiderar os
métodos de ensino e considerar as necessidades de aprendizagem
da criança, concepções próprias do Tecnicismo.
b) O surgimento do campo de estudos da Didática situa-se no sé-
culo XVII, sob a influência das ideias de Ratíquio, no contexto do
protestantismo emergente na Europa.
c) A trajetória histórica da Didática até a atualidade indica um per-
curso bastante constante, sem grandes mudanças.
d) É importante o papel de Rousseau na constituição histórica da
Didática, pois esse pensador tinha ideias muito semelhantes às
de Gasparin.
e) A Escola Nova teve relações com o desenvolvimento histórico da
Didática, pois essa tendência considera metodologias centradas
no aluno.
5. O conteúdo sistematizado é posto à disposição dos alunos, onde com-
param os conhecimentos prévios com os conhecimentos científicos,
construindo novos saberes, mediado pelo auxílio do professor na função
de unificador de saberes, adquirindo um saber socialmente produzido.
O texto se refere a:
a) Prática Social Inicial do Conteúdo.
b) Instrumentalização.
c) Problematização.
d) Teorização.
e) Prática Social Final do Conteúdo do conteúdo.
38 didÁTiCA
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Te n d ê n c i a s p e d a g ó g i c a s e e d u c a ç ã o 43
Objetivos de aprendizagem:
Compreender o conceito de planejamento dentro da perspectiva
educacional e diversas concepções.
Reconhecer a história do planejamento e suas implicações eco-
nômicas e educacionais.
Identificar a importância do planejamento na área educacional.
Conhecer as fases do Planejamento de Ensino e sua aplicabilidade.
Introdução ao estudo
Nesta unidade, vamos estudar as questões relativas ao planejamento da edu-
cação, que deve ser considerado como instância de decisões políticas capazes
de consolidar ações que possam ser de interesse de uma coletividade (equipe,
parceria, grupos, comunidade). Planejar é preciso, é uma ação intencional que
deve intervir na realidade, estabelecendo: o que; para quê; como; por que; e
quais os resultados que irão possibilitar ao aluno alavancar o que já sabe e
transformar este conhecimento em algo mais amplo, complexo, cientifico, indo
além dos livros didáticos.
Dessa forma, verificamos que o professor, na atualidade, não pode ficar
preso a conteúdos historicamente produzidos, e sim, buscar, a partir da reali-
dade de sua comunidade escolar, os objetivos, os conteúdos e os métodos de
ensino conforme as necessidades apresentadas por sua comunidade.
Na primeira seção, apresentaremos as principais concepções (conceitos)
de planejamento, sua história e implicações econômicas e educacionais. Na
segunda seção, compreenderemos a importância e aplicabilidade na área
educacional das fases do Planejamento de Ensino.
E então, vamos aos estudos? Ótima caminhada!
Nesse sentido, reforçamos que a História precisa ser revista a partir de seus
desdobramentos para que não nos precipitemos nos mesmos erros e possamos
compreender o porquê da utilização de uma ferramenta fundamental chamada
planejamento.
Para os profissionais da educação, o planejamento passou a ser utilizado
recentemente como a principal ferramenta pedagógica ao pensamento estra-
tégico destes profissionais, um recurso da ação educativa que será colocado
em prática na sala de aula.
Conforme Castro, Tucunduva e Arns (2008, p. 51): “Este fato acontece porque
o planejamento só passou a ser bem definido a partir do século passado, com
a revolução comunista que construiu a União Soviética”.
Após a Segunda Guerra Mundial (1941-1945), os governos capitalistas pas-
saram a utilizar-se do planejamento para solucionar problemas existentes em
seus países, ou seja, muitos governantes utilizaram-se desta ferramenta para
reconstruir seus países após as guerras, pois aos seus olhos o planejamento vi-
nha ao encontro com a reordenação econômica e social de seus países. Dentre
eles, encontra-se o Brasil.
Segundo Gandin apud (CASTRO; TUCUNDUVA; ARNS, 2008, p. 52):
A adoção do planejamento pelo governo (Brasil) teve uma
adesão tão grande que as outras instituições sentiram-se
motivadas e passaram a se preocupar com a importân-
48 didÁTiCA
Por meio desse texto, firmamos ainda mais a ideia de que planejar é tornar-
-se curioso junto à determinada situação que podemos enfrentar.
Para Piletti (2010, p. 59): “Planejar é estudar”, ou seja, diante de um pro-
blema procuro refletir para decidir quais as melhores alternativas de ação pos-
síveis para alcançar determinados objetivos a partir de certa realidade.
Pedro e Antônio buscaram através de suas análises, solução para seu pro-
blema. Pensaram, analisaram e encontraram a solução.
Conforme Piletti (2010, p. 61) “O planejamento é, hoje, uma necessidade
em todos os campos da atividade humana. Aliás, sempre foi”.
Podemos entender por meio das citações e do texto anteriormente
apresentado que o planejar pode ser alcançado por uma pessoa ou por
um grupo, sempre acompanhado de um plano que nos leve a alcançar os
objetivos.
Esse plano pode ser determinado mentalmente ou registrado em
forma de escrita, onde estarão delineadas as diretrizes, as quais servirão
Planejamento da educação: concepções e encaminhamentos 55
Atividades de aprendizagem
Descreva como deve ser o planejamento que deixa de lado a ideia de
obrigação ou repetição de conteúdos.
ler muito, enquanto profissional da educação, ou seja, não acreditar que depois
de formado não necessite mais manter-se em formação.
Conforme Lopes (2004, p. 57): “[...] o planejamento na vida do professor é
a organização da ação pedagógica intencional, de forma responsável e com-
prometida com a formação dos alunos [...]”.
Por que fazer? Para construirmos em nossas escolas um ambiente que se
encontre em constante transformação. Um ambiente onde cada pessoa que
ali trabalhe, visite ou estude sinta-se imbuído deste espírito de construção do
conhecimento. E por entender que neste espaço escolar “[...] prevalece o ele-
mento humano” (LIBÂNEO, 2012, p. 412).
Quais os resultados? Os resultados que buscamos enquanto educadores
são de possibilitar, aos alunos uma transformação em sua maneira de ver e
sentir o conhecimento. E, de acordo com Lopes (2004, p. 57), “[...] nestes
termos, precisam ser conduzidos (o conhecimento) para que, ao mesmo
tempo em que transmitam a cultura acumulada, contribuam para a produção
de novos conhecimentos”.
Nessa perspectiva, o aluno vem para a escola com vontade e curiosidade
de construir, transformar e elaborar novos conceitos a partir do que já sabe
e do que virá a apreender. Nesse movimento, transforma-se em um cidadão,
consciente de seus direitos e deveres, além de construtor e reconstrutor da
sociedade em que vive.
Aos professores, seu resultado será avaliar durante todo o seu processo
de ensino-aprendizagem o que foi positivo ou não. Dialogando com seus
colaboradores, buscando a análise dos movimentos ocorridos durante este
processo.
Produzir conhecimento dentro dessa percepção significa para Lopes (2004,
p. 57-58):
Um processo de reflexão permanente sobre os conteúdos
aprendidos, buscando analisá-los de diferentes pontos de
vista. Significa desenvolver uma atitude de curiosidade
científica de investigação atenta da realidade, não acei-
tando os conteúdos curriculares como conhecimentos
perfeitos e acabados.
O que vamos fazer; Como vamos fazer; O que e como devemos analisar a
situação, a fim de verificar o que pretendemos foi atingido”.
Exatamente o que procuramos responder anteriormente por meio de per-
guntas, está lembrado(a)? Todo professor norteia sua caminhada educacional a
partir destas perguntas, e acreditamos que você, acadêmico(a), também lançará
mão destes questionamentos, quando for construir seu planejamento já que ele
é a peça-chave para um trabalho de qualidade, não é mesmo?
Atividades de aprendizagem
Prezado(a) acadêmico(a), lemos que o planejamento é importante em
nossa vida. Descreva como o planejamento influencia sua vida diária.
Enquanto professores, precisamos nos informar, conhecer das leis que nos
amparam e compreender que o planejamento para ser eficaz precisa levar em
conta a realidade da comunidade onde trabalhamos. Esse fato parece simplista,
mas é de suma importância, pois, a partir do reconhecimento de nossa clientela,
é que construiremos uma nova imagem da escola junto à comunidade onde
essa instituição se encontra inserida, possibilitando a construção e reconstrução
do processo educacional que será a linha mestra desta instituição.
Dessa forma, é imprescindível que os professores busquem nos conteúdos
alavancar o que o aluno já sabe e transformar este conteúdo já conhecido em
algo mais aprimorado, e que possa ser utilizado em seu cotidiano.
O que esperamos de fato é que possamos construir uma atitude curiosa so-
bre a pesquisa científica, ir além do que nos é apresentado em livros didáticos,
bem como manter uma postura crítica, dinâmica e clara da realidade em que
nos encontramos, na condição de professores.
Planejamento da educação: concepções e encaminhamentos 61
Se você pensou nos espaços no entorno da escola, acertou! Esses espaços são
compostos pela clientela que será recebida, a formação familiar das crianças,
a estrutura econômica que se apresenta nas imediações da escola, a própria
estrutura física, seus profissionais e os objetivos que formarão a filosofia do
planejamento de ensino.
Para isso, a equipe formadora da escola, composta pelos gestores, profes-
sores, auxiliares de serviços gerais e demais funcionários necessita conhecer o
contexto em que se encontra a instituição e sua comunidade, pois reconhecer
a importância dos movimentos que ocorrem neste local auxilia no desenvol-
vimento e aprimoramento do planejamento de ensino.
Conforme Imbernón (2011, p. 14):
A especificidade dos contextos em que se educa adquire cada
vez mais importância: a capacidade de se adequar a eles me-
todologicamente, a visão de um ensino não tão técnico, como
62 didÁTiCA
Observamos com isso que o professor hoje já não é mais o que se mantém
preso aos conteúdos historicamente produzidos. Sua identidade é modificada
como a sociedade, a qual se apresenta, com sua complexidade, com suas
dúvidas. E para isso é importante o trabalho em equipe, buscando sempre a
reflexão sobre os caminhos do ensino.
De acordo com Imbernón (2011, p. 15),
A formação assume um papel que transcende o ensino
que pretende uma mera atualização científica, pedagó-
gica e didática e se transforma na possibilidade de criar
espaços de participação, reflexão e formação para que
as pessoas aprendam e se adaptem para poder conviver
com a mudança e a incerteza.
Para que ocorra essa mudança é necessária a ruptura com muitos ranços
pedagógicos (condições de trabalho, estrutura hierárquica) com pessoas que
não participam das ações profissionais.
Acadêmico(a), você sabe que pessoas são essas que fazem parte das ações
profissionais? Vamos ajudá-lo(a):
Planejamento da educação: concepções e encaminhamentos 63
Escolher.
Criticar. Para saber mais
Verbalizar.
Vocês sabiam que alguns autores
Distinguir. utilizam a palavra Taxionomia (do
Construir. grego táxis = ordem e nómos = lei)
Selecionar. para indicar a classificação dos três
domínios citada anteriormente?
Localizar.
Atividades de aprendizagem
Os objetivos educacionais podem ser divididos em:
( ) Gerais e específicos.
( ) Específicos e permanentes.
( ) Gerais e determinados.
( ) Escolares e didáticos.
Essa realidade ainda nos cerca nos dias de hoje na educação, demonstrando
que este método continua vivo em nossas escolas. Portanto, é necessário ficar
claro que os conteúdos não se limitam somente às matérias de ensino, mas
estes devem englobar as capacidades cognoscitivas dos alunos.
Para Libâneo (2011, p. 128), os conteúdos de ensino são o conjunto de co-
nhecimentos, habilidades, hábitos, modos valorativos e atitudinais de atuação
social, organizados pedagógica e didaticamente.
Conforme a definição de Libâneo (2011, p. 131), os conteúdos de ensino
se compõem de quatro elementos: conhecimentos sistematizados; habilidades
e hábitos; atitudes; convicções.
Os conhecimentos sistematizados são o alicerce da instrução e do ensino,
os objetos de assimilação e meio indispensável para o desenvolvimento global
da personalidade. Os conhecimentos sistematizados correspondem a conceitos
e termos fundamentais das ciências, fatos e fenômenos e da atividade cotidiana,
leis que explicam as propriedades e as relações entre objetos e fenômenos da
realidade, métodos de estudo da ciência, problemas existentes no âmbito da
prática social como questões econômicas, políticas, sociais e culturais, asso-
ciados com a matéria.
As habilidades são qualidades intelectuais necessárias para a atividade
mental no processo de assimilação de conhecimentos. Os hábitos são maneiras
de agir. Estes são consolidados no decorrer das atividades e exercícios. Assim,
algumas habilidades e hábitos serão comuns a todas as matérias, outros, serão
específicos de cada matéria.
As atitudes e convicções se referem aos modos de agir, de sentir e de se
posicionar mediante as tarefas da vida social. Por exemplo, “[...] os alunos de-
senvolvem valores e atitudes em relação ao estudo e ao trabalho, à convivência
social, à responsabilidade pelos seus atos” (LIBÂNEO, 2011, p. 131).
Para Piletti (2010, p. 90), o conteúdo é visto de duas formas: como um
dos meios de favorecer o desenvolvimento integral do aluno e como conheci-
mento de dados, fatos e conceitos, que conduzam à compreensão e retenção
de informações.
Assim, para a construção dos conteúdos e sua seleção, é necessário que os
professores observem o espaço escolar que forma a comunidade, suas carências
e como este conteúdo poderá auxiliar na construção de mudanças no aluno
e na comunidade.
Planejamento da educação: concepções e encaminhamentos 71
Para Haydt (2010, p. 136), “[...] a mesma afirma que é através do conteúdo
e das experiências de aprendizagem que a escola transmite de forma sistemati-
zada o conhecimento, e também trabalha, na prática cotidiana de sala de aula,
os valores tidos como desejáveis na formação das novas gerações”.
Os conteúdos apresentados pelos professores precisam possuir uma carga
de informações que auxiliem no desenvolvimento cognitivo dos mesmos, não
somente na preocupação dos conteúdos em si, mas suas possibilidades de
auxiliar no processo de ensino aprendizagem.
Ao professor cabe ressaltar que os conteúdos são um meio pelo qual os alu-
nos e o próprio professor consigam construir seus conhecimentos, ressaltando
sua importância dentro de seu espaço cotidiano.
Por meio dessas definições, podemos formular nossos próprios conceitos de
conteúdo e verificar que é por eles que alcançaremos os objetivos propostos
pelos professores, não é mesmo?
Atividades de aprendizagem
Libâneo (2011) aponta pelo menos três níveis de abrangência dos objetivos
gerais, são eles:
I — Pelo sistema escolar
II — Pela escola
III — Pelo professor
Agora, faça a correspondência:
( ) Estabelece princípios e diretrizes de orientação do trabalho escolar
com base num plano pedagógico-didático que representa o consenso
do corpo docente em relação à filosofia da educação e à prática
escolar.
( ) Expressa as finalidades educativas de acordo com ideias e valores
dominantes na sociedade.
( ) Concretiza no ensino da matéria a sua própria visão de educação e
de sociedade.
72 didÁTiCA
Dentro dos critérios propostos pela autora Haydt (2010), podemos também
informar que cabe aos professores a utilização correta e objetiva dos procedi-
mentos de ensino.
Frente ao exposto, cabe a cada professor refletir sobre sua prática diária,
dando ênfase ao que o aluno necessita saber, ao que ele já sabe e ao que ele
ainda não assimilou neste processo. A busca incessante de informações que
auxiliem na sua formação (como professor) e no crescimento intelectual de
seus alunos, fará de nós, profissionais agentes transformadores e os alunos,
conhecedores e admiradores do conhecimento.
É importante ressaltar que o método de ensino vem seguido da avaliação,
outra etapa importante dentro deste processo. Em breve, abordaremos esta
temática, aguarde!
É importante ressaltar que para o professor realizar este trabalho com su-
cesso, ele precisa:
Possuir conhecimento.
Capacitar-se.
Buscar meios para transformar as aulas em momentos de construção do
conhecimento.
Não ser meramente recreativo, com perigo de recair na indisciplina le-
vando seu trabalho ao insucesso.
O professor deve ter formação e competência para utilizar os
recursos didáticos que estão a seu alcance e muita criativi-
dade, ou até mesmo construir juntamente com seus alunos,
pois, ao manipular esses objetos a criança tem a possibilidade
de assimilar melhor o conteúdo (SOUZA, 2007, p. 111).
Fique ligado!
Nesta unidade você aprendeu que:
Para os profissionais da educação o planejamento passou a ser utilizado
como ferramenta pedagógica somente a partir do século passado.
O planejamento era visto em determinado período da história como
um delimitador, sendo os planos escolares supervisionados ou elabo-
rados por técnicos, demarcando o que os professores deveriam ensinar,
valorizando o que o regime político da época desejava.
O planejamento encontra-se presente em todas as tendências pedagó-
gicas, seja na Pedagogia Liberal ou Progressista.
O planejamento educacional passa a ser analisado com o surgimento
do Manifesto dos Pioneiros (1932), que precedeu outros documentos
e reformas, chegando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que se
desdobra até hoje com novas resoluções e propostas.
Planejamento da educação: concepções e encaminhamentos 81
Referências
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Paulo : Loyola, 2002. (Magistério em ação, 1).
Planejamento da educação: concepções e encaminhamentos 85
Objetivos de aprendizagem:
Reconhecer os níveis de Planejamento e seu desdobramento
dentro do sistema educacional brasileiro.
Identificar o conceito e a necessidade do Projeto Político-Peda-
gógico nas Unidades Escolares.
Conhecer a importância do plano de curso, de unidade e de aula.
Compreender como se desenvolvem os projetos de ensino.
Identificar a função do planejamento setorial.
Introdução ao estudo
Nesta unidade, vamos estudar a organização do trabalho pedagógico no
que tange às políticas públicas educacionais. Políticas estas que materializam
por meio de documentos o planejamento nacional da educação. Na escola, o
nosso trabalho, além de ser permeado por estes documentos, exigem o plane-
jamento do professor e sua intencionalidade pedagógica.
Os níveis de planejamento que serão identificados e estudados nesta unidade
são: Planejamento em nível Educacional; Curricular: Projeto Político-Pedagógico,
Plano de Curso; Unidade e Aula; Projetos de Ensino e Planejamento Setorial.
Assim, na primeira seção, conheceremos o planejamento educacional que
possui as suas ações a nível macro, identificado na legislação educacional.
O planejamento curricular que se aproxima das orientações de documentos
oficiais como os PCN. Conheceremos também os componentes indispensáveis
para a construção do Projeto Político-Pedagógico da escola, do plano de curso,
plano de unidade e de aula. E a importância dos Projetos de ensino, pesquisa
e aprendizagem para a organização de situações vivas dentro da escola.
Na segunda seção você conhecerá o planejamento setorial, um planeja-
mento organizado em redes de ensino, que envolve as esferas federal, estadual
e municipal.
E então, vamos aos estudos?
Este planejamento ocorre, conforme Haydt (2010, p. 95), “[...] à nível sis-
têmico, isto é, a nível nacional, estadual e municipal. Consiste no processo de
análise e reflexão das várias facetas de um sistema educacional, para delimitar
suas dificuldades e prever alternativas de solução”.
Observe, caro(a) acadêmico(a), que historicamente a educação no Brasil
passou por vários momentos, os quais tentaremos apresentá-los de maneira
objetiva e clara através deste quadro fundamentado junto aos autores Libâneo,
Oliveira e Toschi (2012):
continuação
Este documento dava sustentação ao
aos estudos de todos os níveis (graus
e especializações), em todo o país,
A Constituição Federal utiliza-se de
sendo a fiscalização e coordenação de
parte do documento do manifesto,
responsabilidade da União.
1934 apresentando o Conselho Nacional de
Educação como responsável na elabo-
“Este plano de ação chegou a ser im-
ração do Plano Nacional de Educação.
plantado devido o golpe de 1937, que
manteve Vargas no poder até 1945”
(LIBÂNEO, 2012, p. 177).
Neste período, ocorre (1961) a
aprovação da Primeira LDB, Lei nº A preocupação estava voltada no envio
4.024/1961, o Plano Nacional de Edu- de recursos financeiros para os Estados,
1945 a 1964
cação era “[...] instrumento de distribui- objetivando a organização dos espaços
ção de recursos para os diferentes níveis físicos das escolas.
de ensino” (AZANHA, 1998, p. 106).
Conforme Cruz (2011 apud SAVIANI, Este plano tinha por objetivo organizar
1998), “Com os militares no poder, a a estrutura educacional do país através
concepção tecnicista de educação tor- do Plano de Educação para Todos.
1964 a 1985 nou a ideia de um plano educacional em
instrumento de racionalidade tecnocrá- O plano foi eliminado por observar-se
tica, uma vez que o Ministério da Educa- a presença de regalias nos repasses de
ção se subordinava ao Planejamento”. recursos.
Promulgação da Constituição que Até 1988, foram fracassadas as tentati-
determina a instituição do Plano vas de efetivação dos planos de educa-
Nacional de Educação por lei, sendo, ção, pois não ocorria diálogo entre os
1988
portanto autônomo em relação ao que órgãos ministeriais e a educação não
estabelece a nova LDB (LIBÂNEO, era visto como prioridade pelos gover-
2012, p. 178) nantes.
Os nove países são: Brasil, Índia,
Início do governo Collor. Bangladesh, Indonésia, Tailândia, Egito,
México, Nigéria, Paquistão.
“Ocorreram discussões em nível inter-
1990
nacional para a elaboração de um plano Este Plano foi apoiado por vários órgãos
decenal para os nove países do Terceiro internacionais, dentre eles estavam:
Mundo” (LIBÂNEO, 2012, p. 179). Unesco, Unicef, Banco Mundial. Este
plano não foi posto em prática.
continua
Níveis do planejamento de ensino 91
continuação
Apresenta seu Plano Nacional da Edu- A LDB, em seu artigo 9º, expressa que
cação. Este Plano foi elaborado pelo é de responsabilidade da União reali-
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas zar a elaboração do PNE em colabo-
educacionais (INEP), com a participação ração com os estados, Distrito federal
do Conselho Nacional de Educação e e os municípios. Mas este plano foi
os presidentes do Conselho Nacional realizado por um foro privilegiado.
de Secretários de Educação (CONSED)
e da União Nacional dos Dirigentes
Municipais de Educação (UNDIME). Este Este documentos foi construído após o
1995 a 2002 documento deu entrada na Câmara de encerramento do Congresso Nacional
Deputados em 12 de fevereiro de 1998. da Educação (CONED II), ocorrido em
(LIBANEO, 2012, p. 180). Belo Horizonte em novembro de 1997.
Em 10 de fevereiro de 1998, é protoco- Participaram deste movimento entida-
lado na Câmara de Deputados o Plano des científicas, acadêmicas, sindicais e
Nacional de Educação da sociedade estudantis, de âmbito nacional e local.
brasileira, construído pela sociedade Este plano pretendia, aos olhos da
civil. sociedade participante, resgatar o mé-
todo democrático de participação da
Os debates foram acalorados, pois per- sociedade na criação de leis no país,
duraram até janeiro de 2001, quando em colaboração com seus representan-
foi aprovado. tes parlamentares.
Fonte: Adaptado de Libâneo (2012).
Diante do quadro apresentado, percebemos que não foi nada fácil o desen-
rolar dos movimentos para a efetivação de um Plano Nacional de Educação que
viesse a extinguir ou amenizar as carências educacionais existentes em nosso país.
Os governos buscavam estabelecer mudanças junto ao Plano Nacional de
Educação conforme sua visão política. Com isso, ocorreram muitas perdas para
a sociedade civil, acadêmica, sindical e estudantil engessando a possibilidade
de mudanças no sistema educacional brasileiro.
Essas mudanças estavam abarcadas em políticas públicas que se adequassem
a realidade de nosso país.
As políticas públicas são ações que determinado governo assume perante
a sociedade, pois, não se pode imaginar a construção de ações sociais sem
a participação da sociedade. A troca de experiências ocorre a partir de atos
democráticos com a participação da sociedade civil organizada.
Diante disso, tanto governo como sociedade civil necessitam de leis que
amparem todo este processo. Na educação não é diferente, conforme a apresen-
tação do quadro anterior. No sistema educacional ocorre o mesmo movimento
de construção de possibilidades para mudanças significativas no que tange
organizar o sistema educacional brasileiro.
92 didÁTiCA
3. Proposta curricular
a) Objetivos.
b) Matriz curricular.
c) Conteúdos curriculares e sua adequação às diretrizes curriculares e
padrões de qualidade.
d) Metodologia de ensino.
e) Sistema de avaliação ensino-aprendizagem relação alunos/docente;
relação disciplina/docente.
f) Projetos pedagógicos.
4. Dimensão administrativa
Descrever:
a) Aspectos gerais da organização escolar.
b) Formação acadêmica e profissional do corpo docente e diretivo.
c) Condições de trabalho, inclusive o plano de valorização dos profissionais
da educação (cursos, seminários, capacitação interna, etc.).
d) Forma de atendimento aos alunos.
e) Proposta de Avaliação Institucional.
f) Aprovação em Assembleia Geral da Comunidade com aporte de
assinaturas.
5. Dimensão financeira
8. Consolidação do PPP
Atividades de aprendizagem
Descreva as principais finalidades do PPP.
Conteúdo
- o conteúdo se relaciona com outra disciplina ou área do conhecimento?
relacionado:
(este tópico visa a auxiliar-nos em possíveis trabalhos interdisciplinares)
continua
102 didÁTiCA
continuação
Objetivos Gerais: - O que o aluno deverá ser capaz de fazer ao final da unidade?
SEMANA 01 – N
AULAS
Objetivos Específi-
- Quais são os objetivos específicos?
cos:
Atividades de aprendizagem
Descreva a importância do Plano de Unidade para o desenvolvimento
das aulas de um professor.
Níveis do planejamento de ensino 103
Conforme Haydt (2010, p. 101), o plano de unidade “[...] reúne várias aulas
sobre assuntos correlatos, constituindo uma porção significativa da matéria,
que dever ser dominada em suas inter-relações”.
Nesse tipo de projeto, o aluno fica como o responsável pela sua aprendiza-
gem. A curiosidade, o despertar para o novo, saindo de uma zona de conforto,
faz com que o aluno redescubra a importância do conhecimento. Assim, o
aluno passa a ser o protagonista do processo ensino aprendizagem, buscando
nas mais diversas fontes informações para a solução de problemas elencados
nas temáticas propostas pelo grupo.
Assim sendo conforme Hernández e Ventura (1998, p. 61):
Essa modalidade de articulação dos conhecimentos es-
colares é uma forma de organizar a atividade de ensino
e aprendizagem, que implica considerar que tais conhe-
cimentos não se ordenam para sua compreensão de uma
forma rígida, nem uma função de algumas referências
Níveis do planejamento de ensino 107
Assim, caberá aos professores seguir os seguintes passos para iniciar o pro-
jeto segundo Hernández e Ventura (1998, p. 69):
Buscar nos Parâmetros Curriculares o fio condutor do projeto: para
que não permaneça somente como um projeto informativo. Deverá ser
relevante e que dê margem a novas construções do conhecimento.
Buscar materiais: aqui, os professores verificarão os objetivos a alcançar,
classificarão quais os possíveis conteúdos, atividades e fontes informativas
para dar início ao projeto. Conforme Hernández e Ventura (1998), a per-
gunta que os professores tentarão responder a todo instante é: o que pre-
tendo que os diferentes componentes do grupo aprendam com o Projeto.
Estudar e preparar o tema: aqui, os professores buscam informações
para instigar os alunos, dando a possibilidade aos mesmos de criarem
novos conhecimentos a partir da desconstrução e reconstrução de suas
informações. O diálogo, a discussão dos assuntos é essencial tendo os
Níveis do planejamento de ensino 109
Atividades de aprendizagem
Caro(a) acadêmico(a), reflita sobre a seguinte questão: em seu ponto de
vista, os projetos desenvolvidos pelos professores junto aos alunos devem
seguir quais passos? Identifique-os.
112 didÁTiCA
Observa-se que cada esfera possui suas responsabilidades e cabe a elas dar
continuidade aos programas e projetos elaborados pela esfera superior. Con-
forme Gomes (2011, p. 5) “assim, a União aparece, em nível hierarquicamente
superior, na edição de normas gerais educacionais, em todos os níveis, tendo
atuação coordenadora, supletiva e redistributiva em todo o sistema nacional”.
Assim sendo, em Nível Federal temos: O MEC — Ministério da Educação
(órgão executivo) responsável pelo ensino de qualidade, através da elaboração
de planos nacionais com o amparo da Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
Além deste temos o CNE — Conselho Nacional de Educação: órgão deli-
berativo, normativo e fiscalizador.
Essa perspectiva o Sistema Educacional — nível federal — possui sua legis-
lação, sendo ela assim organizada:
LDB — Lei de Diretrizes e Bases da Educação / Lei 9.394/96. Criada para
regulamentar e organizar a educação brasileira. Esta é o documento maior na
esfera educacional nacional.
Além deste documento temos o PNE — Plano Nacional de Educação: propõe
metas a serem cumpridas para melhoria da educação no país.
A seguir encontramos o SNE — Sistema Nacional de Educação: integra e
articula todos os níveis e modalidades de educação com todos os recursos e
serviços que lhes correspondem, organizados e geridos, em regime de colabora-
ção, por todos os entes federativos sob coordenação da União (SAVIANI, 2010).
Para que essas metas sejam cumpridas, é dado aos estados da federação o
direito de desenvolver através dos planos e projetos educacionais a adaptação
à realidade de cada estado da federação. Assim sendo, os estados da federação
possuem esta organização:
Em nível estadual temos a SED — Secretaria Estadual de Educação: adminis-
trar de maneira democrática os programas federais e adequá-los às necessidades
da população de seu estado, buscando a Lei maior — LDB — como base.
Junto a essa secretaria, encontramos o CEE — Conselho Estadual de Edu-
cação: fixa normas para autorização de funcionamento e reconhecimento de
cursos, credenciamento de instituições, supervisão e avaliação de estabele-
cimentos de Educação Básica, integrantes do Sistema Estadual de Educação.
Esta mesma esfera estadual possui sua legislação que abarca todo o processo
educacional para sua efetivação. São elas: LDB — Lei de Diretrizes e Bases da
Educação — LEI 9.394/96.
Níveis do planejamento de ensino 115
Dessa forma, podemos perceber que não existe mais um modelo de sistema
educacional fracionado, mas sim, autônomo e que busca a dialogicidade dos
membros formadores deste sistema (governo e sociedade).
116 didÁTiCA
Devido à falta de recursos, que foram vetados, muitos dos objetivos previstos
não foram alcançados, ocasionando engessamento dos possíveis avanços para
a melhoria da educação em nosso país.
Mas, nesse mesmo período, conforme Libâneo (2012, p. 185), “[...] ao longo
dos anos de 2009 a 2010, foi constituída a Conferência Nacional de Educação
(CONAE), que, entre outras contribuições, foi a responsável pela mobilização
do campo da educação para a elaboração do PNE 2011-2020”.
comunidade, debates sobre os sete eixos que norteiam este documento. Logo
abaixo, encontram-se os eixos que foram debatidos e que receberam observações
e até modificação em sua redação. Os eixos norteadores desse documento são:
I. O Plano Nacional de Educação e o Sistema nacional
de Educação: organização e regulação.
II. Educação e Diversidade: Justiça Social, Inclusão e
Direitos Humanos.
III. Educação, Trabalho e Desenvolvimento Sustentável:
cultura, ciência, tecnologia, saúde, meio ambiente.
IV. Qualidade da Educação: democratização do acesso,
permanência, avaliação, condições de participação e
aprendizagem.
V. Gestão Democrática, Participação popular e Controle
Social.
VI. Valorização dos Profissionais da Educação: formação,
remuneração, carreira e condições de trabalho.
VII. Financiamento da Educação, Gestão, Transparência e
Controle Social dos Recursos (BRASIL, 2014a, p. 11).
Observe que os eixos norteadores desse documento estão voltados para os
anseios da comunidade educacional brasileira, em que, enquanto atores sociais
deste processo, podemos discutir e auxiliar na construção de novos programas
educacionais. Estes debates e contribuições que foram realizados através das
conferências municipais e estaduais, as quais você deve ter participado enquanto
profissional da educação ou ouvido falar através dos meios de comunicação.
Esses movimentos são essenciais para que as comunidades escolares possam
dar seus pareceres em relação ao que necessitam junto ao Sistema Nacional
de Educação.
As metas apresentadas para o Plano Nacional de Educação de 2011-2020,
segundo o projeto de lei, poderão ser encontradas no site: <http://portal.mec.gov.br/
index.php?option=com_content&id=16478&
Itemid=1107>.
Para que as metas elaboradas para 2011
Para saber mais
a 2020 sejam executadas, é preciso que O Planejamento Nacional de Edu-
ocorram maiores investimentos financeiros cação também possui outras deno-
para que exista a possibilidade de mudan- minações como Planejamento
Educacional, que envolve as esferas
ças em relação aos problemas existentes na
nacional, estadual ou municipal.
educação.
120 didÁTiCA
Nesse caminho, ocorrem também outras políticas públicas que estão alinha-
das ao Plano Nacional de Educação, sendo elas de assistência e infraestrutura.
Caro(a) acadêmico(a), é importante relembrar que, em determinado mo-
mento deste caderno, comentamos que para a efetivação dos planos e progra-
mas são necessários o aporte financeiro para sua execução.
Assim, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) pos-
sui a missão de: “[...] prestar assistência técnica e financeira e executar ações
que contribuam para uma educação de qualidade a todos” (BRASIL, 2014c). É
importante lembrar que o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
é ligado diretamente ao Ministério da Educação – MEC. Os programas desen-
volvidos pelo FNDE são:
PNAE — Programa Nacional de Alimentação Escolar: este programa teve
sua implantação no ano de 1955, avalizando através de transferência de recur-
sos financeiros, a alimentação escolar dos alunos de toda a educação básica
(educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e educação de jovens e
adultos) matriculados em escolas públicas e filantrópicas (BRASIL, 2014c). O
documento ainda apresenta como objetivo
Atender às necessidades nutricionais dos alunos durante sua
permanência em sala de aula, contribuindo para o cresci-
mento, o desenvolvimento, a aprendizagem e o rendimento
escolar dos estudantes, bem como promover a formação de
hábitos alimentares saudáveis (BRASIL, 2014c).
Para tanto, fica clara a participação dos municípios nestes programas, dando
a possibilidade de diminuir as desigualdades financeiras encontradas neste
imenso país. Conforme Manual do FUNDEB (BRASIL, 2014d).
O FUNDEB contribui para a redução das variadas formas
de desigualdades educacionais existentes, estabelecendo,
para a educação básica pública, equidade na distribuição
dos recursos disponíveis no âmbito dos estados, Distrito
Federal e municípios e maior participação federal no
aporte de recursos financeiros, contribuindo para eleva-
ção do patamar de investimentos no setor.
Portanto, a origem dos recursos para que o programa possa ser colocado
em prática vem dos impostos que pagamos e de:
Fundo de Participação dos Estados (FPE).
Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e sobre
prestação de Serviços (ICMS).
Níveis do planejamento de ensino 125
É importante perceber, caro(a) acadêmico(a), que essa lei foi criada para
amenizar um pouco os desmandos que ocorriam em muitos estados. A partir
dela, nenhum estado ou município poderá diminuir o salário de seus profissionais
da educação, dando assim, a estes profissionais a possibilidade de elevarem sua
condição econômica e de serem dignamente percebidos como núcleo de todo
o processo de organização e desenvolvimento do sistema educacional.
Nada mais justo do que o professor ser novamente visto como PROFESSOR!
Atividades de aprendizagem
1. Caro(a) acadêmico(a), reflita sobre o seguinte assunto: o Plano Na-
cional de Educação — PNE para a vigência de 2011-2020 possui dez
diretrizes. Uma delas está relacionada à Valorização dos Profissionais
da Educação. Nesse sentido, você acredita ser possível alcançar essa
diretriz? De que forma?
2. Dentre todos os programas desenvolvidos pelo Governo Federal, qual
a finalidade do PDDE?
Níveis do planejamento de ensino 127
Fique ligado!
Nesta unidade, você estudou:
O planejamento nacional surge no Brasil a partir do documento “Ma-
nifesto dos Pioneiros, marco inicial da preocupação com um Projeto
Nacional de Educação”.
O Plano Nacional de Educação possui como objetivo “estabelecer
políticas e metas para dez anos, o qual foi aprovado pelo Congresso
Nacional pela Lei nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001, tendo como
vigência encerrada ao fim do ano de 2010”.
As diretrizes do PNE — 2011/2020 são: erradicação do analfabetismo;
universalização do atendimento escolar; superação das desigualdades
educacionais; melhoria da qualidade do ensino; formação para o tra-
balho; promoção da sustentabilidade socioambiental; promoção hu-
manística, científica e tecnológica do País; estabelecimento de meta de
aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto
interno bruto; valorização dos profissionais da educação; e difusão dos
princípios da equidade, do respeito à diversidade e a gestão democrática
da educação.
O planejamento escolar é realizado no início do ano com todo o corpo
docente da escola, gestores, orientadores e demais atores do processo
educacional. Nesse momento, são organizadas todas as atividades que
serão realizadas no ano letivo.
No momento de elaboração do planejamento curricular os profissionais
da educação necessitam observar a base nacional e interligar com a
128 didÁTiCA
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132 didÁTiCA
Objetivos de aprendizagem:
Compreender concepções de avaliação na perspectiva de vários
autores e a abrangência da avaliação de larga escala no âmbito
nacional.
Associar as funções e modalidades da avaliação à ação didática
intencional do professor na busca pela aprendizagem dos alunos.
Perceber as diversas formas de elaboração de instrumentos ava-
liativos, limites e possibilidades nos resultados desse processo de
formação.
Introdução ao estudo
Nesta unidade, você conhecerá conceitos, funções, modalidades e instru-
mentos do processo de avaliação da aprendizagem escolar. Buscamos trazer
à reflexão o sentido emancipatório da avaliação, que se difere da avaliação
classificatória, a qual faz-se presente de forma paradigmática nas propostas
avaliativas da grande maioria das escolas públicas. Trazemos os autores Vas-
concellos (2002, 2008, 2013), Luckesi (1996, 2005), Libâneo (2008), Perrenoud
(1999), Depresbiteris (2009), Zabala (1998), entre outros, a fim de teorizar esse
conceito e fundamentar nosso estudo.
Nesse sentido, é importante que o professor que avalia tenha uma esti-
mativa da proporção da aprendizagem, do ensino e do alcance das metas
estabelecidas.
Alguns autores trazem diferentes contribuições sobre a avaliação, concep-
ções que necessitam de um contexto que favoreça ir para além do discurso e
alcançar o aluno alargando suas possibilidades de sucesso escolar. Afinal, nosso
esforço e empenho em compreender como se processa a avaliação no contexto
da escola deve estar totalmente voltada a um objetivo, o de proporcionar ao
aluno a aprendizagem, consolidando a educação de qualidade a que este tem
direito como sujeito social.
Alvarenga (1999, p. 46), traçando uma trajetória da avaliação educacional
no Brasil, traz a definição do conceito de avaliação da aprendizagem a partir
de quatro autores nacionais da década de 1990, sob a perspectiva qualitativa.
Na corrente histórica, Saul (1991, p. 61) afirma que a avaliação emancipa-
tória é um “[...] processo de descrição, análise e crítica de uma dada realidade,
visando transformá-la”. Nessa perspectiva, o autor reflete sobre a possibilidade
emancipatória do aluno, a partir do conhecimento que se adquire quando a
avaliação está focada na aprendizagem que parte da realidade social.
Formar a consciência crítica do aluno também deve ser uma ação didática
intencional do processo de avaliação. A escola é um espaço de contradição
por ser a materialização de uma legislação que atribui o direito da criança ao
ensino e, ao mesmo tempo, como aparelho ideológico do Estado*. Essa insti-
tuição, convencida de sua responsabilidade, responde pelo fracasso escolar,
em meio às tensões que se apresentam nesse ambiente, e também em meio às
Atividades de aprendizagem
A avaliação pode ter duas abrangências quanto ao tratamento con-
ceitual: a quantitativa e a qualitativa. De acordo com os autores
estudados até o momento, assinale a resposta correta:
a) A avaliação qualitativa valoriza a utilização de tecnologias e ins-
trumentos que mensuram o rendimento do aluno e quantificam
o conhecimento.
b) A avaliação quantitativa questiona o uso indiscriminado dos
testes padronizados e tem o foco no aluno como sujeito social e
histórico, nas diferenças individuais e no contexto em que está
inserido.
c) A avaliação qualitativa é emancipatória e está focada na apren-
dizagem que parte da realidade social. Formar a consciência
crítica do aluno também deve ser uma ação didática intencional
do processo de avaliação.
d) É quantitativa a avaliação que traça as metas, e que estas sejam
orientadas por uma avaliação que é diagnóstica, pois parte da ne-
cessidade que o aluno apresenta para se alcançar a compreensão
dos conteúdos.
e) A avaliação qualitativa não propõe uma ação provocativa. Deve
acontecer no momento da prova, nunca no processo ou nas ações
de mediação do conhecimento no dia a dia da sala de aula.
A avaliação deve ser feita na escola, não de forma isolada, mas a partir do
Projeto Político-Pedagógico que, por sua vez, orienta-se nas Diretrizes Curri-
culares Nacionais como documento oficial do Ministério da Educação (MEC),
amparado legalmente pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional —
LDB 9394/96 e Constituição Federal — CF/88.
É necessário que as reflexões sobre a avaliação atinjam tal compreensão
que nos levem a avançar para além do discurso e nos faça traduzir em ações
uma nova visão sobre o processo avaliativo, tendo como um fator de relevante
influência nos resultados o contexto social em que a escola está inserida (VAS-
CONCELOS, 2013).
Atividades de aprendizagem
Segundo Vianna (1999), avaliação é um “[...] conjunto de abordagens
teóricas sistematizadas que fornecem subsídios para julgamentos
valorativos”. Esse estudo sobre avaliação teve como introdutória a
Avaliação Educacional que acontece em larga escala na educação
básica. Escolha uma das avaliações, pesquise outros dados além
dos que já foram disponibilizados e escreva algumas considerações
críticas e reflexivas sobre esse processo avaliativo.
146 didÁTiCA
Assim, como seu próprio nome diz, a avaliação diagnóstica cumpre a função
de investigar e diagnosticar como está a aprendizagem do aluno, principalmente,
se ela está de acordo com o esperado para aquele ano e faixa etária de acordo
com o referencial teórico. Esse referencial fornece informações importantes a
Av a l i a ç ã o d a a p r e n d i z a g e m 153
* PCNs: Parâmetros Curriculares Nacionais. Documento oficial elaborado por professores especialistas
no assunto e publicado pelo MEC (Ministério da Educação), que orienta o professor quanto à Educa-
ção nas Séries Iniciais Ensino Fundamental no País.
156 didÁTiCA
Atividades de aprendizagem
1. Quando falamos de avaliação da aprendizagem, podemos citar três
modalidades: diagnóstica, formativa e somativa.
2. Qual é a principal característica de cada uma delas?
3. O que diferencia essas três modalidades de avaliação?
4. Como podemos dar à avaliação um sentido libertador?
Nesse sentido, Kramer (1992) descreve três estratégias para serem utilizadas
na avaliação do processo ensino-aprendizagem, ou seja, tanto alunos como
professores devem ser avaliados. São elas:
1. Análises e discussões periódicas sobre o trabalho pedagógico através
de reuniões com as crianças para reflexão do que foi realizado no dia
e também reuniões com os demais educadores e coordenador para
elaboração e aperfeiçoamento da prática educativa do dia a dia com
as crianças;
2. Observações e registros sistemáticos do desempenho individual dos alu-
nos, avanços, descobertas e aprendizagens que possam ser mensuradas
pelo educador, podendo ser entregues aos pais;
3. Arquivos contendo planos e materiais referentes aos temas, sendo ativi-
dades de escrita, desenho e registros diversos.
Atividades de aprendizagem
1. A avaliação da aprendizagem realizada na escola tem como finalidade
o acompanhamento do aluno. Assinale a alternativa correta sobre o
objetivo da avaliação, segundo Jussara Hoffmann:
a) Classificar os melhores alunos para indicá-los ao mercado de trabalho.
b) Definir os alunos que participarão da Prova Brasil para a elevação
do IDEB da escola.
c) Observar as manifestações de aprendizagem para proceder a uma
ação educativa que otimize os percursos individuais.
d) Diagnosticar as dificuldades dos alunos para comunicar aos pais
ou responsáveis a fim de que estes tomem as providências.
e) Diagnosticar as dificuldades da turma para efeito de controle
estatístico da escola.
2. Coloque F para Falso e V para Verdadeiro. Luckesi (1996) comenta
sobre a pedagogia do exame, definindo essa prática como:
( ) Inclusiva, pois não seleciona os alunos como melhores ou piores.
( ) Tendo como princípio que todos os alunos aprendam de forma
significativa.
( ) Os exames são centrados em provas, são pontuais, classificatórios,
seletivos, estáticos, fundamentados em uma prática autoritária.
( ) Voltada à promoção e classificação do aluno.
168 didÁTiCA
a) V, V, F, F.
b) V, V, F, V.
c) V, V, V, F.
d) F, V, V, V.
e) F, F, V, V.
Fique ligado!
Nesta unidade de estudo refletimos sobre os objetivos da avaliação
da aprendizagem, desde a avaliação educacional, que é realizada a nível
nacional em larga escala, e que possui como principal objetivo melhorar
a qualidade da educação no Brasil. Refletimos sobre os conceitos de
avaliação em vários autores, repensando os princípios éticos, políticos e
estéticos, implícitos no ato de avaliar. Definimos as modalidades de ava-
liação somativa, diagnóstica e formativa no conceito dos intelectuais que
trazem essa abordagem em suas pesquisas e para concluir, repensamos os
instrumentos avaliativos utilizados na educação e também orientamos sobre
como se processa a avaliação nas séries inicias e os dez passos para utili-
zação do portfólio de avaliação como sendo um instrumento que favorece
a avaliação formativa, que acontece de forma processual.
Referências
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aprendizagem. Londrina: Núcleo de Estudos e Pesquisas em Avaliação Educacional, 1999.
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Av a l i a ç ã o d a a p r e n d i z a g e m 173
DIDÁTICA
ISBN 978-85-68075-35-7
9 788568 075357