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A Crise da Zona do Euro: Ausência de controle fiscal ou problemas estruturais de sua

concepção?

Kleciane Nunes Maciel & Maria Lucelia Felix Nunes 1


Nesse momento examinaremos se o surgimento da União Europeia-UE foi benéfica
para todos os países membros, tendo em vista que numa análise preliminar podemos constatar
estagnação econômica, crise fiscal, o endividamento público e o descontentamento popular,
que levou grande parte da população a apoiar a saída do Reino Unido da zona de moeda única
no ultimo plebiscito.
É bom lembrar que o pertencimento a união europeia não significava fazer parte da
zona do euro2. Esse é o caso da Grã Bretanha, todavia, grande parte dos países da UE usam o
euro. A união monetária entre dois países ou mais tem dois requisitos: adoção de política
cambial conjunta e integração de capitais 3 . Além disso, foram retiradas todas as barreiras
tarifarias e constituído a livre movimentação de população entre os países.

Segundo seus formuladores a adoção de uma única moeda levaria a estabilidade


cambial4 e a integração de capitais possibilitaria à livre movimentação de capitais produtivos
e financeiros entre os países membros. No entanto, o único órgão a responder pela politica
monetária do bloco seria o Banco Central Europeu.

Quanto as possíveis causas da crise da UE temos duas visões divergentes. De um lado


temos aqueles que consideram que o problema na união europeia é a ausência de instituições
que possam acompanhar a situação fiscal e controlar o balanço financeiro das 16 economias
nacionais, que formam a comunidade. Como resultado disso temos elevação da divida pública
que historicamente ultrapassou e muito o limite estabelecido de 60% e a demora em descobrir
os desacertos econômicos a tempo de minimizar os danos5.
A Revista do Senado Federal em 16 de julho de 2013 aponta que na Grécia, o pior
caso de descontrole das contas públicas na zona do euro, a dívida alcançou a marca de
148,6% do PIB em 2010, seguida pela Itália com dívida de 118,4% do PIB, Irlanda com
94,9%, Portugal, 93,3% e Espanha, 61,1%.

1
Alunas do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Alagoas da disciplina de Análise de
Conjuntura, sob orientação do Prof.Dr. Jose Menezes Gomes.
2
Refere-se aos países que utilizam o Euro como moeda comum.
3
Baumannet et al (2001, citado por Ribarczyk, 2012).
4
A estabilidade cambial elimina as oscilações das moedas entre os países membros da UE.
5
Texto da revista de audiência públicas do Senado Federal em 16 de julho de 2013.

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Por outo lado, temos os que consideram que o problema estaria na sua concepção, que
acabou favorecendo os países que possuíam maior competitividade industrial. Este foi o caso
da Alemanha, que passou a ter crescentes superávits no seu balanço de pagamentos, somando
a expansão do seu sistema bancário sobre os demais países membros.
Dessa forma, os critérios de participação da integração monetária estabeleciam regras
que os países-membros menos desenvolvidos não tinham condições de cumprir, já que suas
economias foram atingidas pela expansão industrial da Alemanha, e por não serem igualmente
competitivas. Esse quadro se tornou ainda mais grave com os efeitos da crise mundial de
2008, período de grande queda da atividade econômica, por todo o mundo.
Com a economia mundial em recessão após o estouro da crise imobiliária nos EUA em
2008, diminui a atividade econômica na Europa, elevando o número de desempregados em
todos os países do bloco. A Espanha lidera a lista com 26% da população sem trabalho. Logo
após, estão Grécia, Portugal, Irlanda e Itália6, principalmente dos mais jovens, entre 15 e 24
anos7.
Essa elevação resulta também da implementação de políticas de austeridade, que inclui
aumento de impostos, reduções de salários e corte de gastos públicos, medidas que têm
gerado insatisfação popular e protestos, como retrata o noticiário do portal R7 em 27 de maio
de 2010. Situações assim levaram alguns países como Atenas na Grécia à possibilidade de
deixar a zona de moeda única. 8 No Reino Unido, por exemplo, tal situação culminou
definitivamente a sua saída da UE, com 52% dos votos no reverendo realizado em 2016.
Esse fato inédito gerou uma onda de nervosismo nos mercados. Notícia do Portal
Veja em 24 de junho de 2016, fala da forte queda nas bolsas de valores dos mercados
internacionais, forte queda da libra esterlina (moeda do Reino Unido) em relação ao dólar,
tendo também impactos negativos nas bolsas de valores da Ásia.
Podemos contar ainda que, temos em muitos países da UE movimentos que tem
impulsionado candidatos de extrema direita na disputa pelo o poder com a proposta de saída da
zona do euro em caso de vitória. Apontando então, uma marcha de um processo semelhante ao
ocorrido na Grã-Bretanha, que pode sobre tudo levar a desestruturação da União Europeia.

6
Revista de audiência públicas do Senado Federal em 16 de julho de 2013.
7
Portal Terra seção economia em 19 de junho de 2015.
8
Redação do Portal Terra seção economia de 19 de junho de 2015.

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