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Antecedentes
Portugal embora não tenha participado na IIª. Guerra Mundial (1939-1945), não
deixou de estar envolvido nos movimentos que lhe sucederam no sentido de se
criarem na Europa organizações de cooperação entre os vários Estados.
Foi por isso que o fim do "Império Colonial" (1974/75) só por si implicou uma
verdadeira revolução:
Economia.
Estava dependente das colónias, o seu fim implicava uma completa reorganização da
economia. Muitas das grandes empresas do país encerraram, sectores económicos
inteiros entraram em rutura. O desemprego não tardou a subir.
População.
O fim das colónias implicou o regresso de cerca de um milhão de pessoas. As guerras
civis que depois se desencadearam em Angola, Moçambique, Timor e Guiné-Bissau
trouxeram para Portugal até aos anos 90, centenas de milhares de refugiados. A
população tornou-se mais heterogénea, contribuindo para agravar os problemas
sociais já existentes.
Estado.
O aparelho de Estado, com uma vasta organização para dirigir o Império Colonial,
entrou em colapso. Não tardou em ser assaltado vários grupos profissionais que se
apropriaram das suas estruturas para manterem privilégios ou criarem outros. A
cultura parasitária, típica do Estado colonial, persistiu embora sob novas formas.
Finanças Públicas.
A inflação neste período chegou a atingir valores superiores a 29%. O escudo foi
desvalorizado várias vezes. As finanças públicas estiveram à beira da bancarrota. Por
duas vezes Portugal foi obrigado a negociar um acordo com o FMI (1977 e 1983).
A conflitualidade social neste período foi sempre muito intensa. É neste quadro que
surge a opção Europeia e em particular o pedido de adesão à CEE (1977). Tinha em
vista atingir três objetivos:
a) Evitar o isolamento do país;
b) Obter apoios externos para consolidar o regime democrático;
c) Conseguir ajudas económicas para relançar a economia e fazer as reformas
necessárias no país.
União Europeia
A CEE, em 1992, dá origem à União Europeia. No horizonte está agora a criação de
uma moeda única, uma política externa comum, e a longo prazo a união política
(federação de estados). Portugal acompanha todo o processo.
Portugal adere ao Euro que, em 2002, substituiu a moeda nacional - o escudo. Este
facto que só por si implicava no curto prazo uma revolução na economia portuguesa.
O país:
a) Passava a ter uma moeda forte, mas deixava de a poder desvalorizar para
tornar competitivos os seus produtos;
b) O simples fabrico de artigos de baixo valor acrescentado, como os têxteis ou
o calçado, deixou de ser competitivo;
c) O crédito tornou-se mais barato, provocando desde logo o aumentando do
consumo interno, fazendo subir o endividamento das famílias; As poupanças
das famílias desceram a pique.
d) As importações começaram a crescer mais do que as exportações.
Os resultados não se fizeram esperar. Entre 1986 e 1998, o PIB português crescia a
uma média de 5% ao ano, depois baixou para zero. O desemprego, em 1998, estava
nos 5% subiu para 8% em 2005.
A divida pública era 55% do PIB subiu para 64%. O rendimento "per capita", em 1998,
era 71% da média europeia desceu para 66% em 2005. Apenas a inflação estabilizou
entre 1998 e 2005 (2,2 e 2,3, respetivamente).
Deceção
O alargamento da União Europeia (UE) fez disparar em Portugal a concorrência
interna, agravada com o impacto da globalização. A moeda forte, adotada em 2002,
implicava e implica uma revolução completa na economia portuguesa, mas tal não
aconteceu.
Algo semelhante ocorreu em outros países europeus, como a Grécia, Espanha, Itália e
a Irlanda. O crédito fácil fez disparar os níveis de endividamento dos estados, famílias
e empresas. As estruturas produtivas foram abandonadas, em favor de uma economia
de serviços e de especulação imobiliária.
A crise que se instalou na economia mundial após 2009 teve efeitos devastadores
nestes países, que se traduziu no aumento brutal dos seus custos de financiamento
externo. Os juros subiram, obrigando os estados a cortarem nas despesas,
nomeadamente nos apoios sociais.
A UE, e em especial os países da zona Euro, dividiram-se. Os que haviam sido menos
afetados pela crise financeira, acusaram os restantes de ser perdulários, pouco
empreendedores e de se terem habituado a viver à custa de dinheiro barato, pensando
que se podiam endividar indefinidamente.
A insatisfação em relação à UE, comum à maioria dos outros estados membros, está
ligada aos problemas económicos que Portugal atravessa, mas também em relação à
falta de democraticidade no funcionamento da UE e a enorme incerteza quanto ao seu
futuro.
Apesar disto é um facto que a União Europeia (UE), tal como a CEE trouxe para
Portugal enormes benefícios, permitindo melhorar as condições de vida da maior parte
da população.