Este documento descreve a transição de Portugal do autoritarismo para a democracia entre o pós-guerra e 1974. Discute o imobilismo político e o crescimento económico lento deste período, com foco na agricultura subdesenvolvida e na emigração maciça. Também aborda a tentativa de industrialização iniciada nos anos 1960 através dos Planos de Fomento, que gradualmente levaram Portugal a se integrar mais na economia mundial.
Este documento descreve a transição de Portugal do autoritarismo para a democracia entre o pós-guerra e 1974. Discute o imobilismo político e o crescimento económico lento deste período, com foco na agricultura subdesenvolvida e na emigração maciça. Também aborda a tentativa de industrialização iniciada nos anos 1960 através dos Planos de Fomento, que gradualmente levaram Portugal a se integrar mais na economia mundial.
Este documento descreve a transição de Portugal do autoritarismo para a democracia entre o pós-guerra e 1974. Discute o imobilismo político e o crescimento económico lento deste período, com foco na agricultura subdesenvolvida e na emigração maciça. Também aborda a tentativa de industrialização iniciada nos anos 1960 através dos Planos de Fomento, que gradualmente levaram Portugal a se integrar mais na economia mundial.
2.1. IMOBILISMO POLÍTICO E CRESCIMENTO ECONÓMICO DO PÓS-GUERRA A 1974
A neutralidade permitiu ao regime sobreviver após a Segunda Guerra Mundial. Porém, Portugal não acompanhou o crescimento económico da Europa e no início dos anos 70 era um país pobre e atrasado. 2.1.1. COORDENADAS ECONÓMICAS E DEMOGRÁFICAS Apesar das várias campanhas para aumentar a produção agrícola desencadeadas pelo Estado Novo, nos anos 40 e 50, a agricultura portuguesa era muito pobre e os índices de produtividade não atingiam metade da média europeia. A propriedade agrícola em Portugal apresentava uma grande assimetria: Norte de minifúndio não possibilitava a mecanização e no Sul grandes latifúndios subaproveitados. O Estado Novo procurou modernizar a agricultura e no II Plano de Fomento (1959-1964) propôs algumas alterações às estruturas fundiárias. Mas este plano contou com a forte oposição dos grandes latifundiários do Sul, pelo que a alteração das estruturas latifundiárias nunca foi feita. A política agrária do Estado Novo acabou por resumir-se à concessão de subsídios que favoreciam sobretudo os grandes latifundiários. Os preços dos produtos agrícolas mantinham-se baixos, desincentivando os investimentos. Nos anos 60, o país inicia a sua industrialização e a agricultura é relegada para segundo plano. Nos finais da década, há um grande decréscimo na taxa de crescimento do Produto Agrícola Nacional. Como consequência temos um êxodo rural maciço que esvaziou as aldeias do interior e o crescimento da disparidade entre a produção e o consumo alimentar, o que elevou o défice agrícola. A EMIGRAÇÃO A emigração em Portugal reduz nos anos 30 e 40, primeiro devido à Grande Depressão, e depois, por causa da Segunda Guerra Mundial. Foram duas décadas de um crescimento demográfico intenso, gerando um excesso de mão de obra. Esta pressão demográfica resultou numa elevada taxa de emigração. Os portugueses partiam do Norte, Madeira e Açores em direção aos países ricos da Europa e às Américas do Norte e do Sul, motivados pelas questões salariais, pelo clima de repressão política e pela rejeição face ao recrutamento para a Guerra Colonial. Grande parte desta emigração fez-se clandestinamente, uma vez que a legislação subordinava o direito de emigrar, colocando-lhe várias restrições. O Estado procurou salvaguardar os interesses dos emigrantes, celebrando acordos com os países de acolhimento, obtendo algumas regalias e livre transferência de dinheiro para Portugal. Assim, o governo despenalizou a emigração clandestina, uma vez que as remessas dos emigrantes contribuíam para o equilíbrio da balança de pagamentos do país. A emigração era um sinal de pobreza e subdesenvolvimento de Portugal (falta de trabalhadores, desagregação de famílias, despovoamento do interior, envelhecimento da população). O SURTO INDUSTRIAL A tentativa de autarcia do Estado Novo não surtiu efeito e Portugal continuou dependente do estrangeiro em matérias-primas, energia, equipamentos, adubos e alimentos. Com o eclodir da Segunda Guerra Mundial, o abastecimento de produtos começou a escassear. Neste contexto, ganha força a ideia de apostar no desenvolvimento industrial português. Em 1945 é publicada a Lei do Fomento e Reorganização Industrial que estabelece os princípios da política industrializadora portuguesa. O objetivo principal é diminuir as importações e continuar a apostar na autarcia. Contraditoriamente, Portugal adere em abril de 1948 à Organização Europeia de Cooperação económica (OECE), integrando-se nas estruturas do Plano Marshall. Portugal pouco beneficiou da ajuda americana, decidindo implementar Planos de Fomento. O I Plano de Fomento (1953-1958) continua a defender a vocação agrícola de Portugal, apostando na construção de infraestruturas; o II Plano de Fomento (1959-1964) prioriza a indústria transformadora de base (siderurgia, refinação de petróleo, etc.) e secundariza a agricultura. Este plano surtiu mais efeitos e Portugal passa a integrar a economia mundial. Em 1960 integra a EFTA, assina acordos com o BIRD e o FMI. Em 1962 assina o protocolo do GATT. A adesão a estas organizações marca a inversão da política de autarcia do Estado Novo e o grande ciclo salazarista aproximava-se do fim. É com Marcello Caetano como Presidente do Conselho que se inicia o III Plano de Fomento (1968- 1973). Este plano muda a orientação política e económica e coloca como objetivos: o normal funcionament