A estagnação do mundo rural
-»Apesar das campanhas de produção
dos anos 30 e 40, o mundo agrário
continuava superpovoado e pobre, com
índices de produtividade muito inferiores à
média europeia.
A situação da agricultura portuguesa
apresentava uma grande assimetria entre
o norte e o sul: no norte predominam os
minifúndios onde não era possível a
utilização de máquinas; a sul eram
extensos terrenos que se encontram
subaproveitados.
-»Face a esta situação elaboram-se
planos de reforma consistentes e
ousados, que tomaram como referência a
exploração agrícola média, fortemente
mecanizada, capaz de assegurar um
rendimento confortável aos seus
proprietários e assim contribuir para a
elevação do consumo.
-»Na década de 60, quando o país
começou a ficar mais industrializado, a
agricultura ficou em segundo plano e
parecia um caso sem solução. A década
saldou-se por um decréscimo bruto da
taxa de crescimento do produto agrícola
nacional e por um êxodo rural maciço.
Cresceu a disparidade entre a produção e
o consumo, o que elevou o déficie
agrícola.
A emigração
-»A emigração reduziu-se drasticamente
nas décadas de 30 e 40 , devido à
Grande Depressão e á Segunda Guerra
Mundial. Houve um crescimento
demográfico intenso, que sem
escoamento sobre povoou o país,
originando um excesso de mão de obra
que a economia não foi capaz de
absorver.
-»Os campos foram abandonados, e as
populações instalaram-se no litoral e no
estrangeiro- 2 milhões de portugueses
emigraram para França atraídos pelos
salários e pelo bom estilo de vida. Grande
parte desta emigração fez-se
clandestinamente.
-»Com o deflagrar da guerra colonial,
juntou-se estes requisitos a exigência do
serviço militar cumprido, obrigação a que
muitos pretendiam eximir.O estado para o
coração Vou guardar os impressos dos
nossos imigrantes celebrando acordos
com os principais países de acolhimento.
Permitiram a obtenção das regalias
sociais e a livre transferência.
O surto industrial
-»Portugal continua dependente do
fornecimento estrangeiro de
matérias-primas, energia, bens de
equipamento e outros produtos industriais
como adubos e alimentos.Com a guerra
os abastecimentos tornaram-se precários
e em 1945 com a lei do Fomento e
Reorganização Industrial
estabelecem-se as linhas mestres da
política industrializadora 200 seguintes,
Considerando que o seu objetivo final é a
substituição das importações.
Em 1948 o nosso país assinou um pacto
fundador da OECE integrando-se nas
estruturas de recuperação previstas do
Plano Marshall.A participação na OECE
reforçou a necessidade de um
planeamento económico, conduzindo à
elaboração dos Planos de Fomento que a
partir de 1953 caracterizaram a política de
desenvolvimento do Estado Novo.
I Plano (19531958)- Reconhece a
importância da industrialização para o
progresso do país, dando prioridade à
criação de (infraestruturas eletricidade
transportes e comunicações)
II Plano (1959-1964)- Alarga-se o
montante investido considerando-se que
as condições prévias para o arranque já
estavam estabelecidas, elege-se a
indústria transformadora de base como
setor a privilegiar (siderurgia, refinação de
petróleos, adubos, químicos, celulose).
Pela primeira vez a política
industrializadora é assumida sem medo.
III Plano (1968-1979)- And you send
Marcelo Caetano por o carro do
presidente do conselho e na altura o
terceiro plano com uma orientação
completamente nova. Põe se a tónica
normal funcionamento da concorrência do
mercado, na concentração empresarial,
numa política agressiva de exportações e
na captação de investimentos
estrangeiros sobretudo portadores de
novas tecnologias.
Esta política conduziu à consolidação dos
grandes grupos económicos financeiros e
ao acelerar do crescimento nacional, que
atingiu o seu pico
A urbanização
-»Nos anos 5o e 60 o processo de
urbanização acelerou-se: crescem as
cidades do litoral Oeste, entre Braga e
Setúbal, onde se concentram as
indústrias e os serviços. Em Lisboa e no
Porto os subúrbios aumentam onde ficam
os que não podem pagar os custos
crescentes das habilitações no centro.
-»Nestes arredores concentra-se a maior
parte da população ativa.
Esta expansão urbana não foi
acompanhada da construção das
infraestruturas necessárias. Faltam as
habitações sociais, as estruturas
sanitárias e uma rede de transportes
eficiente. Proliferaram os bairros de lata e
degradam-se as condições de vida.
-»O crescimento urbano também teve
efeitos positivos, contribuindo para a
expansão do setor dos serviços e para o
maior acesso ao ensino e aos meios de
comunicação. Pouco a pouco o
conservadorismo que o regime tanto
estimava foi cedendo lugar a uma
mentalidade mais cosmopolita e arrojada
que dentro de certo limite aproximava
Portugal dos padrões de comportamento
dos europeus.
O Fomento económico nas colónias
-»As décadas seguintes seriam marcadas
por um reforço da colonização branca,
pela escalada dos investimentos públicos
e privados e pela maior abertura ao
capital estrangeiro. Angola e
Moçambique, por serem os territórios
mais extensos e de maiores recursos
naturais, receberam uma atenção
privilegiada.
-» Os investimentos do estado nas
colônias a partir de 1953 foram incluídos
nos planos de Fomento. O estado
procedeu primeiro à criação de
infraestruturas: caminhos de ferro,
estradas, portos, aeroportos, portos e
centrais hidroelétricas. Desenvolveram os
setores agrícolas e o extrativo. No setor
industrial as duas colônias conhecem nos
anos 50 e 60 um acentuado crescimento
propiciado pela possível liberalização da
iniciativa privada,pela expansão do
mercado interno e pelo reforço dos
investimentos nacionais e estrangeiros.
-»O fomento económico das colónias
recebeu um forte impulso após o início da
guerra colonial. O deflagrar do conflito
não só coincidiu com a época de maior
dinamismo da economia portuguesa como
vai reforçar a necessidade de uma
presença nacional mais forte que
legitimasse, aos olhos do mundo, a posse
dos territórios do Ultramar.
Radicalização das oposições e o
sobressalto político de 1958
-»Nos dias 7 e 8 maio de 1945
manifestações celebraram, nas ruas da
capital, a derrota da Alemanha. Salazar
tira o deste facto as devidas liç
ões: o seu regime devia pelo menos (na
aparência) democratizar-se ou corria o
risco de cair.
-»O governo toma a iniciativa de
antecipar a revisão constitucional,
dissolver à Assembleia Nacional e
convocar eleições antecipadas que
Salazar anuncia “tão livres como na livre
Inglaterra”. Um clima de otimismo
instala-se entre os opositores ao novo
estado. A 8 de outubro de uma reunião no
Centro Republicano Almirante Reis nasce
o MUD- movimento da União
democrática- que congrega as forças até
aí clandestinas da oposição. O impacto
deste movimento dá início à oposição
democrática, ultrapassou todas as
previsões e em pouco tempo reuniram
50.000 assinaturas e as adesões
alastraram por todo o país
-»O MUD formulou algumas exigências
que considera fundamentais, entre elas o
adiantamento das eleições por 6 meses, a
reformulação dos cadernos eleitorais,
além da imprescindível liberdade de
opinião, de reunião e de informação.
Nenhuma das reivindicações do
movimento foi satisfeita e este desistiu.
-»Em 1949 nosso país tornou-se membro
fundador da NATO o que equivale a uma
aceitação clara do regime pelos parceiros
desta organização.Nesse mesmo ano as
forças ao oposicionistas voltaram a ter
uma oportunidade de mobilização em
torno da candidatura de Norton de Matos
às eleições presidenciais. Norton de
Matos apresentou também a sua
desistência antes das eleições. O governo
pensou ter controlado a situação até que
em 1958 a candidatura de Humberto
Delgado a novas eleições presidenciais
desencadeou um autêntico terremoto
político. A sua intenção de demitir Salazar
fez da sua campanha um acontecimento
ímpar no que respeita à mobilização
popular. O resultado oficial das eleições
foi a vitória por esmagadora maioria ao
candidato da situação, o contra-almirante
Américo Tomás.
-»Mas a credibilidade dos resultados e do
próprio regime saíram realmente
abalados. Salazar anulou o sistema de
sufrágio direto passando o chefe de
estado a ser eleito por um colégio eleitoral
restrito. Os anos de 1959 a 1962 foram
marcados por um forte recrutamento da
oposição que passou a contar com
elementos que até então lhe tinham sido
alheios.
-»Enquanto a estabilidade crescia ao
ponto de se tentarem dois golpes de força
para derrubar o regime, a ditadura
portuguesa mostrava bem o seu caráter
repressivo ao fazerem em apenas 2 anos
mais de 1200 presos políticos e ao
reprimir com mortes e feridos as
manifestações do 31 de Janeiro, do 5 de
outubro e do 1º de Maio.
A questão colonial
-»Em 1951, revogou-se o Ato Colonial ou
seja Portugal deixou legalmente de ter
colónias. Estas eram designadas por
províncias ultramarinas, que ganharam a
equivalência jurídica a qualquer província
do Continente: o país estendia-se sem
qualquer quebra de unidade que não
fosse a geográfica do Minho a Timor. O
império português desaparecera
substituído pelo Ultramar português
Com estas alterações formais esperavam
o Estado Novo resistir à dinâmica histórica
e manter intacto o Ultramar português.
-»Confrontaram-se então duas Teses
divergentes: a integracionista e a
federalista.
A primeira defendia política até aí
seguida, pugnando por um Ultramar
plenamente integrado no estado
português; a segunda considerava não
ser possível, face à pressão internacional
e aos custos de uma guerra em África.
Advogava por isso a progressiva
autonomia das colónias e a constituição
de uma Federação de estado que
salvaguardassem os interesses
portugueses.
A aposta no federalismo que foi partilhada
por muitos elementos da oposição não
conseguira demover Salazar do seu
propósito manter invocável o império
português.
 A luta armada
-»A recusa do governo português em
encarar a possibilidade de autonomia das
colónias africanas, fez a extremer as
oposições dos movimentos de libertação
nos anos 50 e 60 que se formaram na
África portuguesa:
- Angola em 1955 surgiu o UPA (União
das populações de Angola),a FNLA
(frente nacional de libertação de Angola),
o MPLA (movimento Popular de libertação
de Angola) dirigido por Agostinho Neto em
1956 e a UNITA (União para a
independência total da Angola) em 1966.
-Moçambique a luta é encabeçada pela
FRELIMO (frente de libertação de
Moçambique) em 1962 e na
-Guiné distingue-se o PAIGC (partido
para a independência da Guiné e Cabo
Verde)fundado em 1956.
-»O confronto armada iniciou-se no norte
de Angola e março 1961 com ataques da
UPA, a guerra alastrou-se pelo território
obrigando à mobilização de milhares de
portugueses. Em 1963 o conflito
estendeu-se à Guiné e no ano seguinte
Moçambique.O País mobilizou 7% da sua
população ativa e dependeu na defesa
40% do orçamento geral do estado.
O isolamento internacional
-»internacionalmente a questão das
colónias ganhou dimensão aquando da
entrada do nosso país na ONU em 1955.
Por pressão dos países de terceiro
mundo o debate sobre as Colónias
portuguesas rapidamente se abriu, tendo
a assembleia geral concluído que os
territórios sob administração portuguesa
eram de facto colónias e não como se
pretendia fazer querer, extensões de um
mesmo país. Portugal em 1961 esteve
particularmente no foco das Nações
Unidas acabando esta organização por
condenar o nosso país devido ao
persistente não cumprimento dos
princípios da carta das resoluções
aprovadas. Portugal foi excluído de
muitos organismos das nações unidas.
-»Os americanos não só financiaram
alguns grupos nacionalistas como o UPA
em Angola, como propuseram sucessivos
planos de descolonização, procurando
vencer as resistências de Salazar com
algumas propostas de auxílio económico
Primavera marcelista
Reformismo político não sustentado
-»Em setembro de 1968 faço as doenças
graves de Salazar, o presidente da
república vê-se obrigado a encetar os
procedimentos institucionais para a sua
substituição. A escolha recaiu sobre
Marcello Caetano que se permitira
discordar, em mais do que uma ocasião,
da política salazarista.É um político mais
liberal e capaz de alargar os casos de
apoio do regime.
Marcello Caetano define as linhas
orientadoras do seu governo:
continuar a obra de Salazar, a qual o
presta homenagem, sem por isso
prescindir da necessária renovação
política. Pretendia-se, nas palavras do
novo presidente, evoluir na continuidade
concedendo aos portugueses a liberdade
possível.
-»Nos primeiros meses de mandato o
Novo governo dá sinais de abertura que
enche de esperança os opositores
políticos:
-faz regressar do exílio algumas
personalidades; modera a atuação da
polícia política que passa a chamar se
DGS; ordena no abrandamento da
censura e abre a União Nacional.
Foi neste clima de mudança, que ficou
conhecido como primavera marcelista,
que se prepararam as eleições legislativas
de 1969. Procurando legitimá las aos
olhos da opinião pública, o governo
alargou o sufrágio feminino a todas as
mulheres escolarizadas, permitiu maior
liberdade de campanha à oposição, bem
como a consulta dos cadernos eleitorais
e fiscalização das mesas de voto.
-»Frustadas as esperanças de uma real
democratização do regime, Marcello
Caetano vê-se sem apoio dos liberais que
condenavam a falta de força para
implementar as reformas necessárias.
Obrigado a reprimir um poderoso surto da
situação estudantil, greves operacionais e
até ações bombistas, Marcello Caetano
liga-se cada vez mais à direita e inflete a
sua política inicial. Associações de
estudantes mais ativas são encerradas, a
legislação sindical aperta-se, a polícia
política desencadeia uma nova vaga de
prisões, alguns opositores com Mário
Soares e outros são mandados para o
exílio.
O movimento das forças armadas e a
eclosão da revolução
-»Mas primeiro os anos da década de 70,
o impasse em que se encontrava a guerra
colonial começou também a pesar sobre o
exército. Foi este sentimento que induziu
o general Spínola a publicar Portugal e o
futuro e foi o aumento destes sentimentos
que transformou um movimento de
oficiais, iniciado por meras questões de
promoção na carreira, no movimento
revolucionário que derrubou o Estado
Novo.
O movimentos dos capitães nasceu em
julho de 1973, como forma de protesto
contra dois diplomas legais que
facilitavam o acesso dos oficiais milicianos
ao quadro permanente do exército. As
reivindicações adquiriram um cariz político
orientando-se para a democratização do
regime e para o fim da guerra em África.
O Movimento das capitais depositou a sua
confiança nos generais Costa Gomes e
Spínola. Este movimento ficou
denominado como Movimento das Forças
Armadas, MFA que acreditava na
urgência de um golpe militar que
restauraria as liberdades cívicas e que
permitisse a tão desejada solução para o
problema colonial.
-»O MFA preparou minuciosamente uma
operação militar que na madrugada do dia
25 de Abril de 1974 pôs fim ao Estado
Novo.
Operação fim-regime
-» A Operação do Movimento das Forças
Armadas decorreu sobre a Coordenação
do Major Otelo Saraiva de Carvalho.
Depois da transmissão pela rádio das
canções senha as unidades militares
saem dos cartões para cumprirem as
missões que lhe estavam destinadas:
- ocupação das estações de rádio e da
RTP, controlo do aeroporto e dos quartéis
das regiões militares de Lisboa e do
Norte, cerco dos ministérios militares e do
Terreiro do Paço.
No fim de dia o movimento dos capitães
agrava-se já vitorioso. Apesar dos
existentes pedidos para que a população
civil se recolhesse em casa, a multidão
correu às ruas em apoio dos militares a
quem distribuía cravos vermelhos.
O desmantelamento das estruturas do
Estado Novo
-»No próprio dia da Revolução Portugal
viu-se sobre a autoridade de uma junta de
Salvação nutricional, constituída por
acordo entre o MFA e as Forças Armadas.
um conjunto de medidas tendentes à
libertação da política partidária e ao
desmembramento das estruturas do
regime deposto:
- o presidente da república Américo
Tomás e o presidente do conselho
Marcelo Caetano foram destituídos;
- a pide/dgs, a mocidade portuguesa e as
organizações de Juventude foram extintas
bem como a censura e a ação nacional
Popular;
- os presos políticos foram amnistiados e
libertados e as personalidades exiladas
puderam regressar a Portugal;
- Foi autorizada a formação de partidos
políticos e de sindicato livres
-» O MFA comprometeu-se igualmente a
passar o poder para as mãos dos civis,
definido o prazo máximo de 1 ano para a
realização de eleições constituintes. A
Junta de Salvação Nacional nomeou
como presidente da república o General
António Spínola.
O período Spínola
-»Poucos dias passados sobre o golpe
militar, os anseios de justiça social
longamente reprimidos tinham já
explodido numa onda de reivindicações
laborais,greves e manifestações
constantes. Carente de autoridade e
incapaz de assumir uma efetiva liderança
do país, o primeiro governo provisório
demitiu-se em menos de 2 meses após a
tomada de posse, deixando o presidente
Spínola Isolado na quase impossível
tarefa de conter as forças revolucionárias.
-»A agitação social creche aos olhos
vistos, orientando se por uma filosofia
igualitária e pela miragem do poder
popular:
- Nas empresas privadas, as comissões
de trabalhadores assumiram um
comando, impedindo proprietários de
entrar nas instalações e destituindo os
corpos gerentes; nas cidades e vilas
constituem-se comissões de moradores e
comités de ocupantes.
Este ambiente de opressão e medo nas
classes média e alta não impediu que
milhares de português abandonassem o
país.
As eleições de 1975
-»As eleições em que funcionou
verdadeiramente o sufrágio universal
realizaram-se no dia 25 de abril de 1975.
Apesar do apelo pela abstenção
ocorreram nas urnas 91,7% dos eleitores.
Os resultados da votação foram
determinantes para a inflexão da via
marxista-revolucionária. O PS sagrou-se
vencedor das eleições com 38% dos
sufrágios.
-» Neste verão de 1975 conhecido como
verão quente, a oposição entre as forças
políticas atinge o rubro, expressando-se
em gigantescas manifestações de rua,
assaltos a sedes partidárias e pela
prolifgeração de organizações armadas
revolucionárias de direita e esquerda.
Uma atuação hábil destas forças
moderadas leva à destituição do
primeiro-ministro Vasco Gonçalves e à
formação do novo governo.
-»Estas alterações são o rastilho para o
último golpe militar em 25 de novembro.
Este golpe por pouco não coloca o país
numa guerra civil, e acaba por se
malograr as tentativas da esquerda
revolucionária para tomar o poder.
Ficava aberto o caminho para a
implementação de uma democracia
liberal.
-» Logo no rescaldo do golpe aprova-se a
nacionalização de todas as instituições
financeiras e determina-se a
nacionalização das grandes empresas
ligadas aos setores económicos de base.
Com estas nacionalizações terminou o fim
dos grupos económicos monopolistas,
considerados o expoente do capitalismo,
e permitem ao estado o maior controle
sobre a economia. O processo de reforma
agrária mais uma vez sobre a pressão das
forças políticas de Esquerda, o governo
avança com a expropriação das grandes
herdades com vista a constituição de
unidades coletivas de produção.
-»Em complemento esta política
socializante, foi aprovada a legislação
com vista à proteção dos trabalhadores e
dos grupos economicamente
desfavorecidos. Destacavam-se novas
leis laborais que dificultavam um extremo
despedimento, a instituição do salário
mínimo nacional e ao aumento das
pensões sociais e de reforma. Foram
tabulados os artigos de primeira
necessidade, em conjugação com uma
forte subida dos salários que permitiu
elevar o nível de vida das sociedade dos
trabalhadores.
A opção Constitucional de 1976
-»A constituição define Portugal como o
estado democrático, reconhece o
pluralismo partidário e confere a todos os
cidadãos a mesma dignidade social. Esta
opção liberalizante vê se reforçada pela
adoção dos princípios da declaração
universal dos direitos do homem, pela
eleição direta mediante do sufrágio
universal, da Assembleia Legislativa e do
presidente da república, pela
Independência dos tribunais entre outras
disposições.
É concedida a autonomia política às
regiões insulares dos Açores e da
Madeira e na instituição de um modelo de
poder local descentralizado e eleito por
via direta.
-» A nova Constituição entrou em vigor no
dia 25 de abril de 1976 e foi sem dúvida o
documento fundador da democracia
portuguesa.
O processo descolonizador
-»Ainda no rescaldo do golpe militar, as
pressõe internacionais começam a
fazer-se sentir. A 10 de maio a ONU
apela à Junta de Salvação Nacional que
consagre o princípio da Independência
das Colónias. O conselho de Estado
aprova a lei reconhecendo o direito das
Colónias à independência, decisão que o
presidente da república comunica aos
portugueses a 27 de julho numa
declaração considerada histórica.
Intensificam-se então as negociações com
o PAIGC, FRELIMO, MPLA, FNLA e a
UNITA.
A situação mais complexa era a de
Angola devido á existência de 3
movimentos de libertação, mas a 15 de
janeiro de 1975 assina-se o acordo que
mercava a independência de Angola.
-»Com exceção da Guiné cuja
independência foi efetivada logo a 10 de
Setembro de 1974, os acordos
institucionalizam um período transição
bastante curto em que se efetuaria a
transferência de poderes.
Como previsto não foi possível assegurar
os interesses dos portugueses residentes
no Ultramar.
Em Moçambique os confrontos que
rapidamente tomaram um caráter radical,
desencadearam a fuga precipitada da
população branca mas o caso mais grave
foi em Angola: os três movimentos
mostraram ser incapazes de ultrapassar
os seus antagonismos. Em março de
1975 a guerra civil em Angola era já um
facto e formou-se uma autêntica ponte
aérea que evacuava de Angola cidadãos
portugueses que pretendiam regressar ao
país.
A revisão Constitucional de 1982
-»Passados 4 anos definidos como
período transição, a Assembleia da
República procede à primeira revisão
constitucional. A revisão atenuou a
polémica em torno da lei fundamental,
apesar de em termos económicos não se
ter afastados significativamente da linha
ideológica inicialmente definida:
- manteve inalterados os artigos que
proibiam retrocessos na nacionalizações e
na reforma agrária e manteve os
princípios socializantes. limitaram-se
também os poderes do presidente e
aumentaram-se os das instituições
parlamentares:
- o presidente da república, eleito por
sufrágio direto e por maioria absoluta é
assistido por um conselho de estado cuja
consulta é obrigatória em todas as
decisões relevantes. O mandato
presidencial é de 5 anos. Compete ao
presidente o poder de veto e suspensão
de leis e de moderação do poder político,
tem poder para demitir o governo e
também dissolver a assembleia.
 - Assembleia da República, constituída
por Deputados eleitos por círculos
eleitorais correspondentes dos distritos e
às regiões autónomas.Cada legislatura
tem duração de 4 anos.
- O governo é o órgão executivo por
excelência, ou qual compete a condução
da política geral do país.
O primeiro-ministro é designado pelo
presidente da República de acordo com
os resultados das eleições legislativas
pelo que a escolha em regra geral recai
no chefe de partido mais votado.
- nos tribunais os juízes são nomeados
pelos conselhos superiores de
magistratura, a constituição tornou o
poder judicial verdadeiramente autónomo
proporcionando as condições para a sua
imparcialidade.
-» A constituição de 1976 implementou
também a autonomia nas regiões
autónomas dos Açores e da Madeira bem
como poder autárquico centralizado.
Quanto ao poder local, estruturou-se este
em municípios e Freguesia, dispondo
ambos de um órgão deliberativo
(Assembleia Municipal e assembleia de
freguesia) e de um órgão executivo
(Câmara Municipal e a Junta de
Freguesia). Eleitos diretamente pelas
respectivas populações, as autarquias
têm desempenhado um papel relevante
no desenvolvimento local e na resolução
de problemas específicos nas áreas em
que se inserem.