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Uma economia submetida aos imperativos políticos (pág.

161)
O autoritarismo do Estado Novo e a conjuntura depressiva convergiam no abandono
das políticas económicas liberais. O país enveredou por um modelo económico
fortemente intervencionista e autárcico.
*independente em termos económicos.
Para Salazar, o fomento económico devia ser orientado e dinamizado pelo Estado,
sujeitando-se todas as atividades aos interesses da Nação. Este dirigismo económico
ficou patente nas políticas financeira, agrícola, de obras públicas, industrial e colonial
adotadas. O mesmo pendor intervencionista ressalta da organização da economia em
moldes corporativos.

A estabilidade financeira (pág. 164-165)


No que respeitou a gastos públicos, os diversos ministérios foram submetidos a um
apertado controlo por parte de Salazar.
Salazar conseguiu, o tão desejado equilíbrio orçamental. Administraram-se melhor os
dinheiros públicos, criaram-se novos impostos: o imposto complementar sobre o
rendimento; o imposto profissional sobre os salários e os rendimentos das profissões
liberais; o imposto de salvação pública sobre os funcionários públicos; a taxa de
salvação nacional sobre o consumo de açúcar, gasolina e óleos minerais leves.
Aumentaram-se, também, as tarifas alfandegárias sobre as importações, o que se
relacionou com a redução das dependências externas, ditada pelo regime de autarcia.
A neutralidade adotada pelo país na Segunda Guerra Mundial mostrou-se favorável.
Poupou-se nas despesas com armamento e defesa do território. Criaram-se mais
receitas com as exportações, como foi o caso do volfrâmio. As reservas de ouro
atingiram um nível significativo, permitindo a estabilidade monetária.
*ajudamos a Alemanha; fascismo.
Apelidada de “milagre”, a estabilização financeira granjeou ao Estado Novo uma
imagem de credibilidade e de competência governativa.
Embora a propaganda se esforçasse por enaltecer a obra meritória de Salazar, não
faltaram as críticas nem os detratores da sua política de austeridade. Censuraram-lhe
os extremos sacrifícios pedidos, a elevada carga de impostos, a supressão das
liberdades e até o critério duvidoso de incluir nas receitas extraordinárias os
empréstimos contraídos.

Defesa da ruralidade (pág. 165-166)


O Portugal dos anos 30 viveu um exacerbado ruralismo. Privilegiava o mundo rural,
porque nele se preservava o que de melhor tinha o bom povo português.
Destinaram-se verbas para a construção de numerosas barragens, de que resultou
uma melhor irrigação dos solos. Fixou-se população em algumas áreas do interior
(solos melhores). A política de arborização mereceu atenção do Estado e permitiu que
terrenos áridos se convertessem em terras verdes. Fomentou-se a cultura da vida,
responsável pelo crescimento da produção vinícola. Alargaram-se, igualmente, a
produção de arroz, batata, azeite, cortiça e frutas.
A Campanha do Trigo, procurou alargar a área da cultura daquele cereal,
nomeadamente no Alentejo. O Estado concedeu grande proteção aos proprietários,
adquirindo-lhes as produções e estabelecendo o protecionismo alfandegário.
A produção cerealífera conseguiu a autossuficiência do país, forneceu grãos à indústria
da moagem, favoreceu a produção de adubos e de maquinaria agrícola e deu emprego
a milhares de portugueses. A Campanha do Trigo representou um momento alto da
propaganda do Estado Novo, contribuindo para a sua consolidação.

Obras públicas (pág. 166-167)


A política de obras públicas, para além de combater o desemprego originado pela
depressão, procurou-se dotar o país das infraestruturas necessárias ao
desenvolvimento económico.
A rede de caminhos de ferro, não sofreu transformações de vulto, a não ser no
material circulante e numa melhoria do serviço prestado, já a construção e a
reparação de estradas mobilizaram grandes esforços ao regime. Favoreceu a
unificação do mercado nacional e proporcionou uma maior acessibilidade
relativamente ao mercados externos (construção de autoestradas). A construção de
autoestradas foi acompanhada pela edificação de pontes.
As redes telegráfica e telefónica conheceram uma apreciável expansão.
Efetuaram-se obras de alargamento e de beneficiação de portos. Os aeroportos,
embora em menor escala, também mereceram a atenção do regime.
Construíram-se barragens e expandiu-se a eletrificação.
A política de obras públicas, que se tornou um dos símbolos orgulhosos da
administração salazarista, incluiu ainda a construção de hospitais, escolas e edifícios
universitários, de bairros operários, estádios, tribunais e prisões, de repartições
públicas, quartéis, estaleiros e pousadas, bem como o restauro de monumentos
históricos.

O condicionamento industrial (pág. 168-169)


A indústria não constituiu a prioridade do Estado.
O débil crescimento verificado poder-se-á explicar pela política de condicionamento
industrial. Salazar lembrava ao empresários que as suas iniciativas se deviam
enquadrar num modelo cujas linhas de força competia ao Estado definir. Esse modelo
determinava que qualquer indústria necessitava da prévia autorização do Estado para
se instalar, reabrir, efetuar ampliações, mudar de local, ser vendida a estrangeiros ou
até para comprar máquinas.
O condicionamento industrial, que reflete o dirigismo económico do Estado Novo,
começou por revestir um carácter transitório. Procurava-se evitar a sobreprodução, a
queda dos preços, o desemprego e agitação social.
*com o tempo tornou-se definitivo.

A corporativização dos sindicatos (pág. 169-170)


As iniciativas empresariais dependiam de um conjunto de condições, como a da
organização dos trabalhadores, que viria a merecer da parte do Estado Novo um
enquadramento corporativo.
O Estatuto do Trabalho Nacional estipulava que, nas várias profissões da indústria, do
comércio e dos serviços, os trabalhadores se deveriam reunir em sindicatos nacionais
e os patrões em grémios.
*todos os que exercessem atividades económicas.
*proibia-se os sindicatos livres, eram controlados pelo Estado.
Devido às resistências oferecidas e às manifestações, o Estado Novo prosseguiu com a
corporativização dos sindicatos.

A política colonial (pág. 171)


No Ato Colonial, afirmava-se a missão histórica civilizadora dos Portugueses nos
territórios ultramarinos.
Reforçou-se a tutela metropolitana sobre as colónias, insistiu-se na fiscalização da
metrópole sobre os governadores coloniais e no estabelecimento de um regime
económico de tipo “pacto colonial”, segundo o qual caberia às colónias ser um mero
fornecedor de matérias-primas para a indústria metropolitana que obtinha
escoamento garantido nos mercados coloniais.
Quanto às populações nativas, permaneceram segregadas. O número de “assimilados”
sempre foi diminuto. Proclamando com veemência a sua vocação colonial, o Estado
Novo esforçava-se por incutir no povo português uma mística imperial, que uma série
de congressos, conferências e exposições ajudaria a propagandear.
*fornecedora de matéria-prima; tinha mercados para vender produtos; mostrava
grandeza do Estado português.

O projeto cultural do regime (pág. 172-173)


Artistas, escritores, jornalistas, cineastas, ensaístas sentiram as malhas apertadas da
censura, que, sob o pretexto da subversão, atingiram de forma discricionária pedaços
de criação cultural portuguesa.
*para verem muitas vezes as suas obras expostas tinham de sair do país.
O projeto totalizante fez de artistas e escritores instrumentos privilegiados da
inculcação e da propaganda do seu ideário. Este projeto cultural foi chamado de
“política do espírito”, pois pretendia elevar a mente dos portugueses e alimentar a sua
alma, António Ferro dirigiu este mesmo projeto com mestria.
António Ferro convenceu o ditador português da importância das manifestações
culturais para o regime se revelar às massas, as impregnar e cultivar. Ferro servia-se,
assim, da “política do espírito” para mediatizar o regime. As artes e as letras deveriam
propiciar uma “atmosfera saudável”, inculcando no povo o amor a pátria, o culto doa
heróis, as virtudes familiares, a confiança no progresso, o ideário do Estado Novo.
No domínio literário, a ação do Secretariado da Propaganda Nacional revelar-se-ia um
fracasso. Já nas artes plásticas e decorativas, na arquitetura, no bailado, no cinema e
até no teatro, a colaboração tornou-se mais fecunda. O Estado assumia-se como
grande entidade empregadora.
Patrocinaram-se artistas e produções que divulgassem, sobretudo, as tradições
nacionais e populares e que enaltecessem a grandeza histórica do país e a dimensão
civilizadora dos Portugueses.
Todo o investimento do Estado Novo e todo o empenho entusiástico de António Ferro
sofreriam um duro golpe com a derrota dos fascismos em 1945. Perante a dificuldade
de enquadrar as novas gerações de modernos na ideologia do regime e agastado com
as críticas à sua ação no SPN, Ferro abandonou aquele organismo em 1949.

A irradiação do fascismo no mundo


Na Europa (pág. 184-185)
As ditaduras fascistas espalharam-se pelo continente europeu, alimentadas pelos
efeitos da Grande Depressão e pela descrença na capacidade de a democracia
(liberalismo) parlamentar solucionar os problemas.
*motivo da ascensão do fascismo.
Na Áustria, ascendeu um partido nazi que preparou o terreno para a anexação do país
pela Alemanha. A Checoslováquia, onde o parlamentarismo se parecia manter, caiu
também na órbita da Alemanha nazi, que, após os acordos de Munique com a França e
Inglaterra, anexou a região dos Sudetas e, depois, ocupou o que restava do país. Em
Espanha, o general Franco instalou uma ditadura fascista após uma guerra civil de três
anos, tendo obtido o apoio da Itália e da Alemanha.
Até nas insuspeitas França, Inglaterra, Holanda, Bélgica, Noruega e Suíça, onde a
democracia acabou por resistir, as simpatias fascistas despontaram.

Noutros continentes (pág. 185)


Mas a vaga autoritária não se limitou a Europa. Na América Latina e no Extremo-
Oriente, duramente atingidos pela retração do comércio internacional, disseminaram-
se regimes autoritários, influenciados por tradições locais e/ou decalcados dos
modelos fascistas da Europa.
No Brasil, na Argentina e no Chile.
No Extremo-Oriente, no Japão e na China.
A irradiação do fascismo no Mundo beneficiou de uma perfeita concertação entre os
governos de ditadura.

Reações ao totalitarismo fascistas


Das hesitações face ao imperialismo e à Guerra Civil de Espanha à aliança contra o
Eixo nazi-fascista (pág. 186-189)
Se as alianças entre as ditaduras fascistas favoreceram a sua expansão nos anos 30,
não menor ajuda lhes prestou a atitude adotada pela SDN e pelas nações
democráticas.
O Japão lançou-se numa política imperialista ao invadir a Manchúria. Não acatando as
observações da SDN, abandonou esta organização, garantindo assim a sua liberdade
de ação para futuras conquistas.
Mussolini, resolvido a fazer da Itália um império, conquistou a Etiópia (Abissínia).
Sendo a Etiópia um Estado reconhecido e membro da SDN, esta interveio de imediato,
mas sem a necessária firmeza. À Itália, potência agressora, aplicaram-se pequenas
sanções económicas, podendo, com isso, considerar-se ter ocorrido a primeira grande
capitulação das democracias face aos fascismos.
Quanto à Alemanha, lançada na conquista do espaço vital, acabou por beneficiar da
mesma impunidade e, da demissão por parte das democracias. Tendo abandonado a
SDN, Hitler conseguiu que o território de Sarre voltasse a pátria alemã através de um
plebiscito. Iniciou um acelerado processo de rearmamento à revelia das disposições de
Versalhes. Hitler remilitarizou a Renânia, zona realmente alemã, mas onde o Diktat
interditara a presença de tropas e a construção de fortificações. Anexou a Áustria e o
território dos Sudetas, na Checoslováquia, a que se seguiu a ocupação do restante
território checoslovaco.
A anexação da Áustria e dos Sudetas, zonas habitadas por populações de origem
germânica, satisfaziam a ambição de Hitler em criar uma Grande Alemanha, para o que
obteve o consentimento da comunidade internacional. Efetivamente, nos Acordos de
Munique, a França e a Inglaterra deram a sua aprovação à ocupação dos Sudetas,
crendo estarem saciadas as ambições territoriais com Hitler.
A SDN nunca contou com a participação dos EUA, que mantiveram uma atitude de
isolacionismo relativamente à política europeia. A própria URSS só entrou na SDN,
depois que o Japão e a Alemanha a abandonaram. Todas estas ausências debilitaram a
SDN, impedindo uma ação firme e concertada.
Entretanto, sumamente empenhadas em preservar a paz e receosas de uma guerra, a
França e a Grã-Bretanha iam cedendo perante Hitler, que apresentava cada
reivindicação como se fosse a última.
A política pacifista e de apaziguamento por parte das democracias, que teve o seu
auge nos Acordos de Munique, já se havia revelado, a propósito da Guerra Civil de
Espanha, quando um movimento militar nacionalista insurgiu contra o governo
republicano da Frente Popular, eleito no início do ano. Dirigidos pelo general Franco,
os nacionalistas representavam os grandes proprietários fundiários, os monárquicos e
os católicos, para quem a guerra configurava uma espécie de «cruzada» contra o
ateísmo e o comunismo da Frente Popular. Por isso, dispuseram do pronto apoio
militar e económico de Hitler e Mussolini que, para além dos motivos ideológicos, se
envolveram na guerra de Espanha por razões estratégicas. Os italianos esperavam
estender a sua influência ao Mediterrâneo Ocidental, enquanto os alemães testariam o
seu poderoso material bélico, preparando-se para o conflito que se avizinhava.
Quanto aos republicanos, apenas contaram com a ajuda da longínqua URSS e com a
colaboração de muitos intelectuais e simpatizantes que integraram as Brigadas
Internacionais. Invocando tratar-se a guerra de Espanha de uma luta de morte entre o
fascismo e o comunismo, as democráticas França e Grã-Bretanha respeitaram o
princípio de não intervenção da SDN, facilitando assim a vitória dos nacionalistas e,
com ela, o aparecimento de mais um regime totalitário na cena política europeia.
O expansionismo fascista parecia não encontrar entraves. Mussolini anexava a Albânia,
enquanto a Alemanha negociava com a URSS um pacto de não agressão que previa,
em caso de guerra, partilha da Polónia entre os dos países e a anexação dos Países
Bálticos e da Bessarábia pela URSS. Aliando-se ao inimigo bolchevista e tirando partido
da hostilidade entre democracias ocidentais e o regime soviético, Hitler pensava
garantir a devida cobertura para a expansão do “espaço vital” a leste, com o sacrifício
da independência polaca.
Dando-se conta, do logro em que tinham caído, a França e a Grã-Bretanha inverteram
a sua política externa. Proclamaram o seu apoio aos países ameaçados pelos
imperialismo do Eixo-fascista e declararam guerra à Alemanha a 3 de setembro, dois
dias depois de as tropas nazis violentarem a fronteira polaca. A Segunda Guerra
Mundial acabava de começar.
*SDN deixou o fascismo adiantar.

A mundialização do conflito (pág. 189-190)


A Segunda Guerra Mundial foi um conflito verdadeiramente mundial e total. De 1 de
setembro de 1939 a 1942.
Nos países ocupados, as forças do Eixo cometem as maiores atrocidades. Pilham
riquezas, constrangem as populações a trabalhar para benefício dos dominadores,
discriminam, torturam, massacram (caso dos eslavos) e remetem para campos de
concentração (caso dos judeus e ciganos).
*ocupam muitos territórios
A partir do verão de 1942, a contraofensiva aliada dá os seus frutos. Depois da batalha
de Midway, os Americanos recuperam o controlo do Pacífico, Os Britânicos derrotam
os Alemães na África do Norte. Os Soviéticos põem fim ao cerco de Estalinegrado, em
fevereiro de 1943. No fim do verão, os anglo-americanos desembarcam na Itália.
*reviravolta.
Nos dois últimos anos de guerra, a sorte das armas mostra-se desfavorável às
potências do Eixo. O avanço dos Soviéticos para ocidente libertam a Europa e
aniquilam a Alemanha. Na Ásia, o lançamento de duas bombas atómicas conduz o
Japão a destruição.
Os grandes vencedores: os EUA e a URSS, separados por profundas divergências
ideológicas e políticas, comandaram, nas décadas seguintes, os destinos de um mundo
bipolar.

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